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1 INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL DIREITO PENAL CONCEITO É conjunto de normas jurídicas que define as infrações penais e suas respectivas penas, mas que serve de limite ao poder punitivo do Estado. FUNÇÃO DO DIREITO PENAL Segundo a doutrina, a principal função do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos. Por exemplo, ao tipificar o crime de homicídio, a intenção do legislador foi tutelar o bem jurídico “vida”. Bens jurídicos são valores ou interesses reconhecidos pelo Direito e imprescindíveis à satisfação do indivíduo ou da sociedade1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL INTRODUÇÃO Os princípios do Direito Penal são os alicerces da limitação do poder de punir do Estado e servem como parâmetro na elaboração de leis penais e na sua interpretação pelos julgadores. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE CONCEITO O princípio da legalidade é a exigência de lei, em sentido estrito, para a criação de infrações penais (crimes ou contravenções) e cominação de penas. Tal princípio está previsto expressamente no art. 5º, XXXIX, da Constituição (CF/88): Art. 5º, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; E no art. 1º do Código Penal (CP): Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 1 Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral – v. 1 / 14ª edição. Método, 2020, pág. 08 2 DÚVIDA: O que é lei em sentido estrito? A lei em sentido estrito é a espécie normativa que preencha, cumulativamente, o critério material e critério formal da lei. O critério material da lei está relacionado ao seu conteúdo, portanto, trata-se de uma norma abstrata que disciplina relações jurídicas. Por exemplo, um edital de abertura de concurso público é uma norma abstrata e, corriqueiramente, é chamada de “lei do concurso”. Por outro lado, o critério formal tem relação com o processo legislativo, assim, somente será considerado lei se for observado o procedimento estabelecido na Constituição para sua elaboração. Em regra, o processo legislativo segue o seguinte trâmite: Evidentemente, para a criação de infrações penais, não basta apenas o critério material, mas, também, o critério formal que lhe concede legitimidade democrática. DÚVIDA: Qual é o tipo de lei utilizada pelo legislador para a criação de tipos penais (crimes)? A resposta é LEI ORDINÁRIA. O princípio da legalidade não exige quórum especial para criação de tipos penais, dessa forma, basta que a lei seja aprovada por maioria simples (lei ordinária). DÚVIDA: A lei complementar pode criar tipos penais? A resposta é SIM. LEI EM SENTIDO ESTRITO Critério material Critério formal CÂMARA DOS DEPUTADOS SENADO FEDERAL PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 3 Inicialmente, é bom lembrar que a lei complementar é a espécie normativa que exige maioria absoluta para sua aprovação. Apesar de os tipos penais serem criados por meio de lei ordinária, nada impede que o legislador opte pelo processo legislativo mais exigente, previsto na lei complementar. Por exemplo, o art. 25 da Lei Complementar nº 64/90 prevê um crime eleitoral: Art. 25. Constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou a impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de manifesta má-fé: Pena: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa de 20 (vinte) a 50 (cinquenta) vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e, no caso de sua extinção, de título público que o substitua.