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Terapêutica Medicamentosa Monitora: Isabelle Carla B. da S. Pereira Resumo referente à aula 08 - 10/08/2023 Endocardite Infecciosa Infecção microbiana no revestimento endotelial do coração podendo estar localizado em qualquer sítio do endotélio, mas frequentemente ocorre nas válvulas cardíacas e próteses valvulares (Por serem áreas de maior retenção de massas amorfas). Podendo ser causada por bactérias, fungos ou difteróides. • Endocardite Bacteriana Causada especificamente por bactérias. Origem: Bacteremias transitórias desencadeadas pela manipulação dos tecidos que rompam as barreiras mucosas ou cutâneas. Isso se dá pois, decorrente dessa manipulação dos tecidos, as bactérias podem passar para a corrente sanguínea e, dependendo da condição sistêmica do paciente, essas bactérias podem ser nocivas para o organismo. Na odontologia essas bacteremias ocorrem em maior escala durante atendimentos odontológicos mais invasivos, mas também podem ocorrer de forma espontânea através das gengivas ou dentes em mal estado. Porém, faz-se necessário entender que as bacteremias transitórias podem ser de maior ou de menor duração. Tal fato é relevante pois as bacteremias prolongadas tornam-se perigosas para os pacientes que se enquadram no risco de desenvolver endocardite bacteriana. Já as de menor duração ocorrem a todo momento em nosso organismo. E ambas podem ser provenientes do trato respiratório, trato gastrointestinal, trato genito-urinário, da pele e da boca. O InCor (Instituto do coração de São Paulo), que atende em média de 10 a 12 pacientes com endocardite infecciosa por mês, apontou que 40% desses casos tem origem bucal. Basicamente a patogênese ocorre em quatro etapas principais 1. Formação de trombo não bacteriano: Pode acontecer pelo fluxo sanguíneo turbulento produzido por certas doenças cardíacas congênitas ou adquiridas. Estas, traumatizam o endotélio cardíaco e com isso há a deposição de plaquetas e fibrinas na superfície do endotélio lesado propiciando o desenvolvimento de endocardite trombótica não bacteriana ou vegetação estéril. 2. Bacteriemia transitória: Entrada de bactérias na corrente sanguínea que ocorrem de maneira inevitável no organismo. Na odontologia ocorrem em maior escala durante procedimentos de manipulação tecidual na cavidade bucal. Obs: O Streptococcus do grupo Viridans é apontado como o principal agente etiológico da endocardite bacteriana. Por esse motivo o espectro das terapias de profilaxia antibiótica é voltado para que haja uma especificidade de ação para esse grupo. Imagem retirada da aula do Prof. Dr. Antônio Azoubel Terapêutica Medicamentosa Monitora: Isabelle Carla B. da S. Pereira Resumo referente à aula 08 - 10/08/2023 3. Adesão bacteriana – Adesão das bactérias circulantes na superfície do trombo não bacteriano. 4. Formação de vegetação –Massa amorfa de plaquetas e fibrina, na qual estão embebidos microrganismos causais em fase de proliferação (AHA, 2007). Colonização. compromete a parede do endocárdio -causadora do processo infeccioso do endocárdio. Imagem retirada da aula do Prof. Dr. Antônio Azoubel Principais sintomas: Febre, calafrio, sudorese, anorexia, mal estar, tosse, cefaléia, mialgia/artralgia. Principais sinais: Febre, sopro cardíaco, êmbolos sistêmicos, esplenomegalia, nódulos de Osler, lesões de Janeway, lesões retinianas (manchas de Roth), hemorragias subungueais. ❖ Lesões de Janeway: Pequenas hemorrágicas nas regiões palmares e plantares. ❖ Nódulos de Osler: Pequenos nódulos dolorosos nas polpas dos dedos das mãos e dos pés. ❖ Manchas de Roth: Manchas hemorrágicas na retina: sinal clássico de endocardite infecciosa. Para fechar o diagnóstico o cardiologista utiliza os Critérios de Duke: Critérios principais: 1. Hemoculturas positivas: Streptococcus Viridans, Staphylococus, Enterococus, HACEK 2. Evidências de envolvimento endocárdico: Ecocardiograma positivo para EI; Regurgitação valvar recente. Critérios secundários: 1. Problema cardíaco preexistente ou usuário de drogas IV; 2. Febre ( > ou = 38ºC); 3. Fenômenos vasculares; 4. Fenômenos imunológicos; 5. Evidencias sorológicas de infecção ativa. OBS: Para fechar diagnóstico em EI é necessário que o paciente apresente, no mínimo, 2 dos critérios principais ou 1 dos critérios principais e 3 dos secundários. Antissepsia pré atendimento: Não evita a bacteremia, porém reduz o volume do inóculo e o número de espécies microbianas. É uma etapa fundamental para qualquer procedimento odontológico (Bochecho com clorexidina 0,12%). • Quando fazer a profilaxia antibiótica? Terapêutica Medicamentosa Monitora: Isabelle Carla B. da S. Pereira Resumo referente à aula 08 - 10/08/2023 Segundo o Guidelines 2021, é mandatório para pacientes que se enquadrem nas condições listadas abaixo: 1. Portadores de válvulas Cardíaca Protética ou qualquer material protético no coração. Ex: (Implante transcatéter de próteses valvares; Reparo de válvulas cardíacas com aparatos, incluindo anéis ou clips; Dispositivos de assistência de ventrículo esquerdo ou corações implantáveis.) 2. Pacientes que tenham histórico de endocardite prévia, recidivada ou recorrente. 3. Portadores de doenças cardíacas congênitas. (Doença cardíaca congênita não reparada ou cianótica; Defeitos cardíacos congênitos reparados com aparatos protéticos instalados por cirurgia ou transcatéter até 6 meses após o procedimento; Doença cardíaca congênita reparada com defeitos residuais junto aos aparatos protéticos instalados; Válvula de artéria pulmonar instalada cirurgicamente ou transcatéter.) 4. Transplantados do coração que desenvolvem valvulopatias. • Quando não fazer profilaxia antibiótica? 1. Portadores de: Marcapasso ou similares; Dispositivos para fechamento de defeitos septais; Enxertos vasculares periféricos e reparos; Desvios ventrículos atriais ou Filtros de veia cava. • Quais procedimentos odontológicos requerem profilaxia antibiótica? Todos procedimentos odontológicos que envolvam manipulação de tecido gengival, região periapical ou perfuração da mucosa bucal. (Guidelines, 2021) • Quais procedimentos não requerem profilaxia antibiótica? Injeções em tecidos não infectados; Tomadas radiográficas; instalação de próteses e aparatos ortodônticos; Colagem de brackets ortodônticos, Ajustes dos aparatos ortodônticos; Sangramento por trauma nos lábios e mucosa bucal. Regimes Profiláticos: Terapêutica Medicamentosa Monitora: Isabelle Carla B. da S. Pereira Resumo referente à aula 08 - 10/08/2023 Obs¹: Cefalexina – 25% dos pacientes alérgicos a penicilina também são alérgicos a cefalosporina e por esse motivo só deve ser utilizada caso o paciente já tenha feito uso prévio de alguma cefalosporina e não tenha apresentado reação alérgica. Obs²: Doxiciclina – Por ser uma tetraciclina, as mesmas contraindicações desta são aplicadas. Não deve ser utilizada por gestantes, lactantes, crianças ou adolescentes em fase de dentição mista ou decídua. • Exposição repetida a ATB A fim de evitar uma resistência antibiótica, em caso de tratamentos com várias sessões, é recomentado que aumente a duração das sessões com o objetivo de diminuir a quantidade necessária. Além disso, é recomendado que regimes terapêuticos profiláticos sejam alternados e não seja repetido o mesmo agente antimicrobiano em menos de 4 semanas.
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