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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS ADM01110 – B (23/1) – PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO PROFESSORA ANGELA BEATRIZ BUSATO SCHEFFER ATIVIDADE AVALIATIVA 3 GABRIELLE DAL CONTE DOS SANTOS (00332966) PORTO ALEGRE, 28 DE AGOSTO DE 2023 O cenário do mundo do trabalho está em constante evolução, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças nas expectativas dos colaboradores e transformações na sociedade como um todo. Nesse contexto, a gestão das organizações enfrenta desafios complexos e oportunidades únicas que exigem uma abordagem cuidadosa e adaptativa. Três tópicos críticos merecem uma análise mais profunda: a cultura da performance, a busca pela felicidade dos funcionários e as mudanças nos padrões de consumo. A cultura da performance, caracterizada pela busca incessante por resultados tangíveis e metas mensuráveis, tem sido uma abordagem tradicionalmente valorizada no mundo empresarial. No entanto, essa cultura também traz consigo desafios significativos. O estresse e a pressão que acompanham essa busca constante por excelência podem levar a problemas de saúde mental e desgaste dos colaboradores. Além disso, a ênfase exclusiva na performance imediata pode sufocar a criatividade e inovação, já que os funcionários podem se sentir relutantes em correr riscos ou experimentar novas ideias. A busca incessante por números muitas vezes obscurece a importância da qualidade e do impacto duradouro. O texto “Cultura da Performance” detalha muito bem esse assunto, principalmente no seguinte trecho “os indivíduos devem se tornar integralmente responsáveis por suas próprias carreiras” (Bendassolli, 2004, p. 45). O texto aborda a transformação cultural em direção a um paradigma de individualismo e empreendedorismo. Ele explora como os valores tradicionais estão cedendo espaço para a ideia de que cada pessoa deve ser o "empreendedor de sua própria vida" (Bendassolli, 2004, p. 45). A cultura de negócios passa a ser uma influência central, com a empresa e o esporte substituindo a tradição como fontes de orientação. A empresa e seus líderes são agora vistos como modelos de realização, enfatizando qualidades como empreendedorismo e eficiência. Isso também é refletido no mundo esportivo, onde a competição é comparada a princípios de negócios. No Brasil, atletas empresários são admirados por seu sucesso, alimentando a ideia de que o esforço individual leva ao triunfo. Apesar dos benefícios a constante busca por autodesenvolvimento pode levar à dependência de terapia e coaching, enquanto a pressão por resultados pode resultar em estresse e problemas mentais. A tensão entre o individualismo e a necessidade de relações interpessoais pode causar conflitos. Usando os exemplos dos atletas, pode-se citar o texto “O Imaginário Da Derrota No Esporte Contemporâneo” no qual discute o papel do esporte contemporâneo na sociedade, abordando aspectos como a competição, a vitória, a derrota e suas representações sociais. A competição esportiva é vista como uma manifestação capaz de gerar emoções intensas, polarizando opiniões e ideologias. Atualmente o esporte é um “fenômeno de grande abrangência social tanto do ponto de vista do espetáculo quanto como atividade profissional e comercial” (Rubio, 2006, p. 86), ele se tornou uma maneira de superar seus limites. Ao longo do tempo, o significado e os valores atribuídos ao esporte evoluíram. No passado, o esporte estava mais ligado à busca pela superação dos próprios limites e à busca da perfeição física e moral. Entretanto, atualmente, seus valores foram sendo transformados, o esporte passou a ser uma atividade profissional. A busca pela vitória sobre o adversário se tornou predominante, e o reconhecimento social e financeiro passaram a estar intimamente ligados ao resultado esportivo. A lógica competitiva passou a valorizar a conquista do primeiro lugar e dos recordes, muitas vezes deixando de lado os demais competidores. A derrota passou a ser vista negativamente, pois a vitória está associada ao reconhecimento social, dinheiro e desejo de permanência, assim levando a desvalorização das medalhas de prata e de ouro. Analisando esse contexto, pode-se relacionar aos desafios e perspectivas da gestão diante das transformações emergentes no mundo do trabalho, uma vez que reflete sobre as mudanças nas atitudes em relação ao sucesso, fracasso e competição, que também podem ser aplicadas a outras áreas da vida contemporânea. A crescente conscientização sobre o bem-estar dos colaboradores tem desafiado a preeminência da cultura da performance. A felicidade no ambiente de trabalho tornou-se um objetivo valioso em si mesmo, reconhecendo que colaboradores engajados e satisfeitos tendem a ser mais produtivos e leais. No entanto, promover a felicidade não é uma tarefa simples. A subjetividade desse conceito implica que diferentes indivíduos encontram satisfação de maneiras distintas. Com isso, a “identidade pessoal não é mais uma coisa que alguém adquire, mas sim constrói” (Bendassolli, 2004, p. 45). Além disso, equilibrar as aspirações de felicidade dos colaboradores com as metas comerciais pode ser uma tarefa delicada. A chave reside em criar um ambiente que não apenas promova o bem-estar, mas também ofereça um senso de propósito e significado. Usando como base o texto “A Civilização Do Mal-Estar Pela Não Felicidade” analisamos a felicidade e suas conexões com a cultura, a sociedade e as transformações emergentes no mundo do trabalho, ligando-o ao contexto de consumo atual. A busca da felicidade é inerente à natureza humana, embora haja “exigências pulsionais que levam o homem a almejar a felicidade, procurando sensações de prazer e, ao mesmo tempo, evitando dor e desprazer” (Filho, 2009, p. 184). A atual cultura do consumo e do hedonismo envergonhado, na qual valoriza a busca por prazer, mas muitas vezes desvinculada das consequências nocivas ou dos constrangimentos associados. Isso é relacionado ao contexto contemporâneo de excesso de informações, tecnologia e conforto material, que podem gerar uma busca insaciável por prazer sensorial. Deixo uma frase interessante do texto que nos faz refletir “a felicidade nunca chega a nos pertencer” (Filho, 2009, p. 184). A sociedade contemporânea tem evoluído de uma cultura de produção para uma cultura de consumo, redefinindo as relações humanas e os valores sociais. Estando evidente durante toda a leitura do texto “A Vida Para Consumo”. Durante a leitura, percebe-se como as pessoas começaram a se tornar “mercadorias” Antigamente, felicidade estava atrelada há autoconhecimento, entretanto, com o passar dos anos isso foi se modificando, e a felicidade passou a ser um direito, mas também deu origem a um paradigma hedonista, onde o consumismo e a busca incessante por prazer levaram à insatisfação e à "sociedade da decepção" na procura de aceitação social, visibilidade e felicidade, principalmente com o avanço das redes sociais, no qual as pessoas devem mostrar apenas as coisas boas. Assim, um dos principais desafios da atualidade é a forma como o consumismo tem moldado as nossas percepções de felicidade e de realização pessoal. O consumismo e as redes sociais criam cria a ilusão de que a satisfação das necessidades e desejos criados pelo sistema capitalista é o caminho para a felicidade. A busca incessante por bens materiais e pelo status social acaba sendo um ciclo vicioso, onde a insatisfação é constante e a felicidade nunca é alcançada de forma duradoura. Isso se relaciona diretamente com os desafios da gestão diante das transformações emergentes no mundo do trabalho, já que a pressão por um consumo cada vez maior pode impactar o equilíbrio entrevida pessoal e profissional, contribuindo para um ritmo de vida acelerado e exaustivo. Outro ponto de destaque é a noção de que as pessoas se tornam sujeitos de consumo, mas somente após se transformarem em mercadorias. Esse fenômeno evidencia a forma como as relações interpessoais estão sendo influenciadas pelo consumismo, favorecendo a superficialidade e a busca por relações que promovam uma autopromoção por meio do consumo. Esse contexto também se relaciona com a gestão nas organizações, onde a valorização da imagem e do branding pessoal pode influenciar a maneira como as pessoas se posicionam e interagem no ambiente de trabalho. A cultura consumista que permeia a sociedade contemporânea na qual as estratégias de consumo são internalizadas de maneira quase automática, moldando os comportamentos e as escolhas individuais. A sociedade de consumo favorece a individualização em detrimento do bem coletivo, enfraquecendo a capacidade de resistência, organização e luta social. Isso levanta preocupações relevantes para a gestão, pois os desafios das organizações e da sociedade como um todo muitas vezes exigem ações coletivas e colaborativas. Assim, surgem desafios da gestão, uma vez que a promoção de um ambiente de trabalho saudável e equitativo requer a atenção não apenas aos aspectos produtivos, mas também ao bem-estar e à qualidade de vida dos colaboradores. Inicialmente, o trabalho era visto como um meio de alcançar autossatisfação e expressão individual. Já hoje em dia a busca pela felicidade muitas vezes está associada ao consumo, a pressão sobre o trabalho para proporcionar satisfação e felicidade também aumentou. A conexão entre trabalho e felicidade é discutida em termos da atividade em si e como ela se institucionaliza nas organizações. Além disso, a relação entre felicidade e organizações, indica que as organizações não são, necessariamente, locais para encontrar felicidade. Contudo, a busca pela felicidade é mais profunda e ligada ao desejo humano “Felicidade se tornou uma aspiração bastante mundana, entrelaçada a classe social, nível de renda, escolaridade, clima do país, drogas e emprego” (Bendassoli, 2007, p. 58). Enquanto as organizações lidam com a cultura da performance e buscam maximizar a felicidade dos colaboradores, também precisam navegar pelas mudanças nos padrões de consumo. Uma sociedade cada vez mais consciente de questões ambientais e sociais exige que as empresas abordem questões de sustentabilidade e ética em suas operações. Além disso, o movimento em direção ao consumo consciente afeta não apenas o que as organizações produzem, mas também como os colaboradores utilizam seu tempo. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal tornou-se crucial para atrair e reter talentos. Nos tempos atuais, há o desafio de equilibrar as expectativas crescentes em relação ao trabalho e à felicidade, assim, as organizações devem criar um ambiente que reconheça que a verdadeira felicidade vai além do consumo e do sucesso externo. Olhando para o futuro, a gestão enfrentará desafios e oportunidades ainda mais complexos. À medida que a tecnologia e a automação transformam a natureza do trabalho, a gestão desempenhará um papel fundamental em capacitar os colaboradores a se adaptarem e adquirirem novas habilidades. Além disso, a personalização da experiência do colaborador ganhará destaque, reconhecendo que cada indivíduo tem necessidades únicas. Para acrescentar o assunto, trago dois vídeos sobre os temas. O primeiro que será analisado é “O SEGREDO para encontrar FELICIDADE no TRABALHO” do canal PrimoCast. O podcast aborda o tema do propósito e sua relação intrínseca com a felicidade, levantando indagações fundamentais sobre o significado real dessa emocionalidade. Em uma sociedade onde a busca por momentos efêmeros de alegria e a minimização da dor parecem predominar, surge uma reflexão crucial: será que estamos realmente almejando momentos de alegria passageira ou ansiando por algo mais profundo que preencha nossas vidas? Relacionando com os assuntos abordados anteriormente, sobre o papel da cultura da performance e do consumo em nossa jornada em direção à felicidade, percebemos uma busca por sentido e significado que muitas vezes nos conduz, um anseio por encontrar um propósito que transcenda a superficialidade dos momentos fugazes. Contudo, essa busca muitas vezes esbarra na realidade de nossas agendas preenchidas e nas exigências incessantes do trabalho. O podcast também argumenta que o ato de empregar nossas habilidades e competências em prol da sociedade e de nosso próprio bem-estar pode ser uma forma tangível de encontrar significado. Ao enxergar o trabalho como um meio de contribuir para o bem comum, estamos inserindo um propósito maior em nossa existência diária. Porém, com base nos textos vistos em aula, sabe-se que a busca por felicidade é frequentemente obscurecida por equívocos. A ideia de que a felicidade está sempre ligada a sorrisos incessantes e gargalhadas contínuas é questionada. A cultura da performance, impulsionada pela sociedade de consumo, cria uma ilusão de que a aquisição de bens materiais e a projeção de uma vida perfeita nas redes sociais são indicativos inequívocos de felicidade. Essa perspectiva enganosa muitas vezes resulta em um ciclo de insatisfação constante, uma vez que o foco se desvia do autêntico sentido de contentamento e plenitude. Outro ponto que o podcast traz, é nos convidar a repensar o paradigma da felicidade e do propósito em um mundo moldado por valores distorcidos. Ele nos instiga a questionar a validade dessa cultura de consumo e a considerar a possibilidade de que o sentido que buscamos pode já estar presente em nossas atividades diárias, incluindo o trabalho. Ao redefinir a relação entre felicidade, consumo e cultura da performance, somos desafiados a explorar a autenticidade do que realmente nos completa e nos satisfaz, para além das ilusões efêmeras que a sociedade muitas vezes nos apresenta. A nossa busca real não é por mais momentos felizes ou de menos dor, mas uma busca por sentido e significado, algo que vá nos preencher. Mas o grande dilema é como por esses momentos especiais pela busca por sentido se não há tempo. Um último ponto que é trazido no vídeo que pode ser associado com os temas comentados é que se enxergássemos que o seu trabalho é o lugar onde está esse sentido, de fazer o bem aos outros e a si, estamos colocando um sentido maior na nossa vida. Trabalhar não é trocar esforço por dinheiro, mas colocar suas habilidades em prática pelo bem da sociedade. Também trazem o ponto de que felicidade muitas vezes é confundida, muitas vezes os indivíduos acham que estão tristes pois acreditam que sempre devem estar sorrindo e dando gargalhadas, sendo a felicidade o que causa a tristeza, visto que, vivemos em uma sociedade de consumo, no qual a mídia nos faz acreditar que para ser felizes precisamos ganhar bem, ter tal produto, precisamos sempre “vender” a imagem de que nossa vida é maravilhosa. Assim, sendo algo irreal, e verdadeira felicidade nunca chega a nos pertencer, pois sempre estamos em busca de um novo propósito de vida. Explorando a felicidade em uma sociedade de consumo, o segundo vídeo analisado será um visto em aula, mas que traz muitas reflexões “Happiness” do canal do Steve Cutts. Refletindo sobre a natureza da felicidade dentro do contexto de uma sociedade movida pelo consumo, surge a questão de qual é a verdadeira trilha para a realização em meio à rotina de consumo que caracteriza nossa sociedade contemporânea? O vídeo de animação de Steve Cutts, no qual seres humanos são comparados a ratos, pois há um termo conhecido como corrida dos ratos. Esse termo é utilizado para descrever um ciclo interminável de atividades fúteis, autodestrutivas ou desprovidas de sentido. Basicamente, a nossa sociedade de consumo,que por mais que consumismo algum produto, sempre terá algo melhor e não estaremos satisfeitos e de fato felizes. A imagem evoca a visão de um rato de laboratório investindo esforços em vão, correndo incansavelmente em uma roda ou percorrendo um labirinto sem propósito. Inúmeros outros ratos compartilham o mesmo labirinto, estando em uma corrida sem direção, o que resulta em uma colcha de retalhos de esforços sem nenhum ganho coletivo ou individual. Embora o vídeo possa ser uma hipérbole, sua intenção de retratar um mundo onde a vida gira em torno do consumo é clara e inegável. Em nossa sociedade atual há filas intermináveis, frenéticas corridas, nunca há tempo para relaxar, pois é necessário se trabalhar para conseguir adquirir alguma coisa, seja uma viagem para postar nas redes sociais o quão feliz é sua vida ou a compra de um telefone de última geração. A busca pela "felicidade" é universal, porém, paradoxalmente, não se encontra em nenhum indivíduo. Em resumo, a evolução do mundo do trabalho traz desafios complexos e oportunidades únicas para a gestão das organizações. A cultura da performance, a busca pela felicidade dos funcionários e as mudanças nos padrões de consumo estão interligados, influenciando as relações interpessoais e a dinâmica corporativa. Refletir sobre a busca por sentido e significado além do consumo é crucial para uma gestão eficaz e para encontrar verdadeira felicidade em um cenário em constante mudança. REFERÊNCIAS: Happiness - YouTube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=e9dZQelULDk&ab_channel=SteveCutts>. O SEGREDO para encontrar FELICIDADE no TRABALHO | PrimoCast 238. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_aowVzLZTiM&ab_channel=PrimoCast>. Acesso em: 29 ago. 2023. BAUMAN, Zygmunt, Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, 190p. RUBIO, K. O imaginário da derrota no esporte contemporâneo. Psicologia & Sociedade, v. 18, n. 1, p. 86–91, abr. 2006. BENDASSOLLI, P. F. Cultura da performance. GV-executivo, v. 3, n. 4, p. 45, 3 out. 2005. BENDASSOLLI, P. F. Felicidade e trabalho. GV-executivo, v. 6, n. 4, p. 57, 3 out. 2007. FILHO, F.; ODILON DE MELLO. A civilização do mal-estar pela não- felicidade. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 43, n. 2, p. 183–192, 1 jun. 2009. Corrida dos ratos. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrida_dos_ratos>. ATIVIDADE AVALIATIVA 3
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