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WEB 3 - DOENÇAS RENAIS, ALERGIAS E INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES Patologia da nutrição e dietoterapia Camila Chagas Doutoranda em nutrição – UFPE Mestre em nutrição – UFPE Residência em nutrição clínica – UPE Preceptora da residência em nutrição clínica Nutricionista na área hospitalar Prof. Graduação e pós-graduação CASO CLÍNICO – AULA PASSADA • Paciente hipertensa, sexo feminino, 65 anos, interna apresentando picos de pressão (180x110 // 150x90 // 140x90). Refere que tem histórico familiar de HAS (pai e mãe). Atualmente não pratica atividade física, apresenta peso atual de 69kg e altura de 1,72, com circunferência abdominal de 75cm e circunferência do braço de 28cm. Refere hábito intestinal irregular, com dificuldade de mastigação para alimentos sólidos, sem alergia alimentar. • 1) Qual o estado nutricional da paciente? • 2) Quais as recomendações e orientações para a paciente? Questão ENADE A crescente incidência das doenças cardiovasculares (DCV) no último século incrementou a busca incessante para descobrir os fatores de risco (FR) relacionados ao seu desenvolvimento. Ainda que a genética e a idade tenham importância nesta evolução, há muitos outros fatores de risco que podem ser influenciados por modificações no estilo de vida, de forma a reduzir os problemas cardiovasculares e a aumentar a sobrevida de pacientes portadores ou em risco de coronariopatias. De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, os fatores de risco mais relevantes no panorama da saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus, obesidade e dislipidemias. O tratamento não medicamentoso para minimizar estes fatores está relacionado com a mudança comportamental e a adesão a um plano alimentar saudável. • Com base no texto e considerando um plano alimentar cujo objetivo é diminuir os fatores de risco que possam contribuir para o aumento de ocorrência das DCV, avalie as afirmações a seguir. I. O consumo de fibras alimentares insolúveis resulta em benefícios diretos para a redução das DCV, por diminuir as concentrações séricas da LDL-C, melhorar a tolerância à glicose e controlar o diabetes tipo 1. II.O consumo regular de ácidos graxos saturados, como o ômega 3, reduz os triglicerídeos séricos, melhora a função plaquetária e promove ligeira redução na pressão arterial de pacientes hipertensos. III.A carência de minerais - como potássio, cálcio e, possivelmente, o magnésio - associada ao excesso de sódio na alimentação, pode estar relacionada a níveis mais altos de pressão arterial. IV.O maior consumo de frutas e vegetais ricos em flavonoides pode reduzir o risco para DCV, por sua ação antioxidante na LDL-C e da modesta atividade antiplaquetária e anti-inflamatória. • É correto apenas o que se afirma em: • A. I e II. • B. I e III. • C. III e IV. • D. I, II e IV. • E. II, III e IV FISIOLOGIA e FUNÇÕES DO RIM DOENÇA RENAL CRÔNICA • Síndrome clínica caracterizada pela perda PROGRESSIVA e IRREVERSÍVEL das funções renais; • Afeta a estrutura e função dos rins; • Progride até que seja necessário o tratamento dialítico ou transplante. ▪ É portador de DRC qualquer indivíduo que, por um período maior ou igual a 3 meses, apresente TFG < 60mL/min/1,73m² ou TFG>60ml/min/1,73m² associada a alguma evidência de lesão da estrutura renal (exemplo: hematúria, proteinúria, exames de imagem alterados como cistos renais e história de transplante renal) Taxa de filtração glomerular (TFG) é o volume e concentração de água filtrada pelas paredes dos capilares glomerulares, por unidade de tempo. ESTADIAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA ESTÁGIO CLASSIFICAÇÃO TFG (ml/min/1,73m²) 1 Lesão renal com TFG normal ou aumentada ≥ 90 2 Lesão renal com diminuição leve da TFG 60 a 89 3ª Lesão renal com diminuição moderada da TFG 45 a 59 3b Lesão renal com diminuição moderada da TFG 30 a 44 4 Lesão renal com diminuição grave da TFG 15 a 29 5 Insuficiência terminal ou fase dialítica <15 OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NO TRATAMENTO CONSERVADOR ❑Reduzir o acúmulo de compostos nitrogenados tóxicos ❑Prevenir ou minimizar os distúrbios metabólicos: hipercalemia, hiperfosfatemia ❑Retardar o ritmo de progressão da DRC – Retardar a terapia renal substitutiva (Hemodiálise e diálise peritoneal) ❑Prevenir a desnutrição Nesta fase do tratamento, o objetivo é tratar as complicações decorrentes da redução da TFG! HEMODIÁLISE E DIÁLISE PERITONEAL Diálise peritoneal ambulatorial contínua (DPCA) → Líquido é trocado 4 a 5x/dia Diálise peritoneal cíclica contínua (DPCC)→ Realizado a noite É o processo de transferência de massa entre o líquido peritoneal e o líquido de diálise. A diálise peritoneal utiliza a membrana do peritônio que funciona como um filtro! INDICAÇÕES DE DP: - HD não tolerada - Crianças - Doença cardiovascular avançada - Acesso a circulação difícil ❖Um cateter é implantado cirurgicamente no abdômen. ❖O dialisado contem glicose; por difusão os produtos são levados através da membrana e a água movimenta-se por osmose. ❖O líquido é então retirado e uma nova solução é adicionada. Recomendações nutricionais no tratamento conservador Cuppari, 2019 DRC PTN (g/Kg/dia) Estágios 1 e 2 0,8 a 1,0 Estágio 3 a 5 0,6 a 0,75 Proteinúria 0,6 a 0,8 → se a perda de proteína for >3g/24h → acrescentar a dieta 1g de ptn para cada grama excretada Diabetes descompensado 0,8 Nefropatia diabética 0,6 PROTEÍNAS Outra opção: ▪ TFG < 30ml/min (estágio 4) é a dieta com restrição protéica mais acentuada ➔ 0,3gptn/kg/dia suplementada com uma mistura de cetoácidos e aminoácidos essenciais (1 comprimido para cada 5Kg de peso corporal) ESPEN, 2021 DRC PTN (g/Kg/dia) Estágio 3 a 5 0,55 a 0,6 OU 0,28 a 0,46 + cetoácidos ➔ totalizando 0,55 a 0,6 Estágio 3 a 5 associado ao diabetes 0,6 a 0,8 KDOQI, 2020 DRC PTN (g/Kg/dia) Hospitalizados com DRC sem doença aguda/crítica 0,6 a 0,8 Hospitalizados com DRC com doença aguda/crítica Iniciar com 1,0 e aumentar gradualmente até 1,3 Recomendações nutricionais no tratamento conservador PROTEÍNAS Recomendações nutricionais no tratamento conservador Cuppari, 2019 DRC Kcal/Kg/dia >60 anos 30 a 35 <60 anos 35 CALORIAS KDOQI, 2020 DRC Kcal/Kg/dia Estágios 1 a 5 25 a 35 ESPEN, 2021 DRC Kcal/Kg/dia Hospitalizados não criticamente enfermos 30 a 35 Em UTI 20 a 35 Recomendações hemodiálise e Diálise peritoneal PROTEÍNA (50% DE ALTO VALOR BIOLÓGICO) Hemodiálise 1,1 a 1,2g/kg/dia Diálise Peritoneal 1,2 a 1,3g/Kg/dia ENERGIA Hemodiálise e diálise peritoneal 30 a 35kcal/Kg/dia RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS FASE NÃO DIALÍTICA HEMODIÁLISE DIÁLISE PERITONEAL Potássio (mEq/dia) 50 a 70 50 a 70 70 a 100 Sódio (mg/dia) 2.000 a 2.300 2.000 a 2.300 2.000 a 2.300 Fósforo (mg) 700mg 800 a 1000 800 a 1000 Cálcio (mg/dia) 1.400 a 1.600 Máx. 2000 (dieta + quelante) Máx. 2000 (dieta + quelante) Líquidos (mL/dia) Sem restrição 500 a 1000mL/dia + diurese 24h Individualizada LESÃO RENAL AGUDA • Os rins podem apresentar redução ou perda total de sua capacidade funcional, de modo temporário ou permanente. • Diminuição abrupta da TFG • Afeta a estrutura e função renal • Manifestações → Podem variar entre pequenas elevações na creatinina sérica, oligúria ou fluxo urinário normal. • Desequilíbrio hidroeletrolítico • Acúmulo de produtos do catabolismo • Alterações hormonais Pré-renal Renal Pós-renal CAUSAS DA LESÃO RENAL AGUDA ➔ RECOMENDAÇÕES NA LESÃO RENAL AGUDA RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA LESÃO RENAL AGUDA Síndrome nefrótica Perda da seletividade da parede do glomérulo Distúrbio renal que faz com que o corpo excrete proteína em excesso na urina Quebra da barreira funcional e/ou funcional do glomérulo e perda da seletividade PROTEINÚRIA HIPOALBUMINEMIA EDEMA (ANASARCA) DISLIPIDEMIAS❑Proteinúria → >3,5g/1,73/24h ou 50mg/kg/dia Síndrome nefrítica Distúrbio na estrutura do glomérulo, causada por inflamação dos glomérulos renais (glomerulonefrite) → Diminuição do fluxo sanguíneo glomerular → Diminuição de urina (OLIGÚRIA) → A forma clássica da síndrome nefrítica é a glomerulonefrite pós-estreptocócica Dano ao glomérulo → hematúria Retenção dos produtos do metabolismo → Uremia Diminuição do fluxo sanguíneo renal → SRAA → Retenção de sódio e água → EDEMA + HAS EDEMA + HEMATÚRIA + HIPERTENSÃO Nefrolitíase A dieta rica em sódio, proteína animal e açúcar resulta em elevada excreção de cálcio, ácido úrico, oxalato e fósforo e em redução do citrato urinário e do pH, favorecendo, assim, a formação de cálculos renais. Oxalato ➔ 40 e 50mg/dia Proteína ➔ 0,8 a 1,2g/Kg/dia Sódio ➔ cerca de 2,4g/dia Cálcio ➔ 1000mg/dia homens e 1200mg/dia mulheres Líquidos ➔ 30ml/Kg/dia Transplante renal Quando o rim perde sua função decorrente progressão da doença renal crônica ➔ diálise ou receba um novo rim por meio de transplante. PRÉ-Tx PÓS-Tx IMEDIATO 4 a 6 semanas após Tx Restante da vida ou do enxertoEstágio 5 DRC PÓS-Tx TARDIO Estado nutricional (Desnutrição e Obesidade) interferem no processo cirúrgico do Tx Estresse metabólico da cirurgia + Altas doses dos imunossupressores Problemas devido uso crônico imunossupressores: obesidade, DM, HAS, dislipidemia, hipercalemia, Alterações metabólicas. REAÇÕES ADVERSAS AO ALIMENTO • Podem ser classificadas em imunológicas ou não- imunológicas. • As reações não imunológicas dependem principalmente da substância ingerida (por exemplo: toxinas bacterianas presentes em alimentos contaminados) ou das propriedades farmacológicas de substâncias presentes em alimentos (por exemplo: tiramina em queijos maturados). • As reações adversas não imunológicas podem ser desencadeadas também pela fermentação e efeito osmótico de carboidratos ingeridos e não absorvidos. O exemplo clássico é a intolerância por má absorção de lactose. Intolerância alimentar ● Reação adversa a um alimento ou aditivo alimentar que não envolve o sistema imune e resulta da incapacidade do corpo de digerir ou metabolizar um alimento. ● Pode ser causada por uma reação tóxica, gastrointestinal, farmacológica ou genética/metabólica ● Ex: Intolerância à lactose➔ ● O principal tratamento é a exclusão do alimento da dieta. Essa recomendação varia em rigorosidade de acordo com o grau de manifestações clínicas de cada indivíduo e da severidade do déficit enzimático Náuseas, dor, flatulência e diarreia. Levam de 30 min a 2 h para manifestarem-se após a ingestão SINTOMAS Surgem quando quantidade ingerida excede capacidade intestinal de digestão Alergia alimentar ● Caracterizada por reações imunológicas alteradas que são desencadeadas por antígenos alimentares específicos e mediados ou não por anticorpos IgE, resultando em uma variedade de sintomas intestinais e/ou extra- intestinais. • Os antígenos alimentares de maior potencial alergênicos são: LEITE DE VACA, ovo, trigo, amendoim, crustáceos, nozes, soja, peixe, milho. vários fatores têm papel importante na patogênese da alergia, entre eles a genética, a flora intestinal do hospedeiro, o período da vida, a dosagem e a frequência de exposição a alérgenos alimentares, bem como o potencial alergênico de algumas proteínas. Alergia alimentar Otite média (secundária à rinite alérgica) AsmaRinite, conjuntivite, broncoespasmo (asma), edema de laringe Respiratório Dermatite atópica, dermatite de contato Dermatite atópicaDermatite atópica, urticária, prurido Pele Colites, enterocolites, gastroenterite enteropatias Esofagite, gastroenteriteSíndrome da alergia oral, náusea, vômito, cólica, diarréia Trato Gastrintestinal Mediado por células / Início tardio Mista /Início tardioMediadas por IgE / Início minutos a 2 horas Tipo de reação / Momento dos sintomas Tratamento alergia alimentar • 1) Exclusão dos alérgenos alimentares • 2) Utilização de fórmulas ou dietas hipoalergênicas, em lactentes. • 3) Farmacológico OBJETIVO: • Evitar desencadeamento dos sintomas, a progressão da doença e a piora das manifestações alérgicas e proporcionar as crianças crescimento e desenvolvimento adequados. Leitura sugerida • GUYTON ARTHUR C. Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. • RIELLA, M.C. Nutrição e o Rim. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. • CUPPARI, L. Nutrição e DRC, Manole,2019. • KRAUSE, M.M., Mahan, N.K., Escott-Stump, S. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia, 14aed. São Paulo, Roca 2018. • PALMA, D; Oliveira FLC, Escrivão MAMS. Guia de nutrição na infância e na adolescência. São Paulo: Manole, 2009. Slide 1: WEB 3 - DOENÇAS RENAIS, ALERGIAS E INTOLERÂNCIAS ALIMENTARES Slide 2: CASO CLÍNICO – AULA PASSADA Slide 3: Questão ENADE Slide 4 Slide 5: FISIOLOGIA e FUNÇÕES DO RIM Slide 6: DOENÇA RENAL CRÔNICA Slide 7: ESTADIAMENTO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA Slide 8: OBJETIVOS DA TERAPIA NUTRICIONAL NO TRATAMENTO CONSERVADOR Slide 9: HEMODIÁLISE E DIÁLISE PERITONEAL Slide 10 Slide 11: Recomendações nutricionais no tratamento conservador Slide 12 Slide 13: Recomendações nutricionais no tratamento conservador Slide 14: Recomendações hemodiálise e Diálise peritoneal Slide 15: RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Slide 16: LESÃO RENAL AGUDA Slide 17: RECOMENDAÇÕES NA LESÃO RENAL AGUDA Slide 18: RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA LESÃO RENAL AGUDA Slide 19: Síndrome nefrótica Slide 20: Síndrome nefrítica Slide 21: Nefrolitíase Slide 22: Transplante renal Slide 23: REAÇÕES ADVERSAS AO ALIMENTO Slide 24: Intolerância alimentar Slide 25: Alergia alimentar Slide 26: Alergia alimentar Slide 27: Tratamento alergia alimentar Slide 28: Leitura sugerida
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