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TRADUÇÃO JURÍDICA
A tradução jurídica envolve a tradução de contratos (de importação/exportação, compra e venda, locação, garantia, etc.), acordos, procurações, recursos, citações, termos e condições, estatutos, depoimentos e outros documentos legais e do tipo contratual. Dominar a terminologia jurídica e estar familiarizado com estatutos, códigos e direitos constitucionais é de extrema importância para os tradutores que trabalham com textos jurídicos.
1. O fato de ser uma linguagem de especialidade, fazendo com que o tradutor tenha que, necessariamente, conhecer não apenas as duas línguas, mas as duas linguagens de especialidade (ex: inglês jurídico e português jurídico) para que possa fazer uma tradução jurídica de uma ‘linguagem jurídica em inglês’ por ‘linguagem jurídica em português’.
2. O fato de a tradução entre o português e o inglês envolver dois sistemas jurídicos de diferentes famílias do direito. O sistema brasileiro pertence à família Romano-germânica, enquanto o anglo-americano pertence à família da Common Law (família de direito que compreende os países de língua inglesa que adotaram a tradição jurídica da Inglaterra). Consequentemente, a tradução jurídica implica a passagem do texto de partida não só para uma língua de chegada, mas também para um sistema jurídico distinto.
Tradução Juramentada x Tradução Jurídica
É importante não confundir “tradução jurídica” com “tradução juramentada”, em que consiste em uma tradução sobre absolutamente qualquer assunto, com a característica de que é feito por um tradutor que prestou concurso organizado por um órgão governamental e que recebeu uma certificação vitalícia, podendo esse profissional também realizar traduções jurídicas. O tradutor técnico jurídico deverá conhecer não apenas o sistema jurídico brasileiro, mas também aquele onde o documento original foi escrito. Portanto, nessa área a precisão e o rigor são as palavras-chave.
1.1. A LINGUAGEM JURÍDICA EM INGLÊS: DESAFIOS DA TRADUÇÃO JURÍDICA
Ter conhecimento da formação histórica da linguagem jurídica em inglês e do sistema da Common Law é essencial na tradução de textos jurídicos para que o tradutor seja capaz de tomar escolhas estilísticas, convencionais e idiomáticas embasadas.
A tradução jurídica
São dois os principais desafios da tradução jurídica envolvendo o inglês e o português. 
O primeiro: É o fato de a linguagem jurídica ser uma linguagem de especialidade, fazendo com que o tradutor tenha que, necessariamente, conhecer não apenas as duas línguas (o inglês e o português), mas as duas linguagens de especialidade (i.e. o inglês jurídico e o português jurídico) para que possa, assim, traduzir 'linguagem jurídica em inglês' por 'linguagem jurídica em português'.
O segundo desafio: É o fato de a tradução entre o português e o inglês envolver dois sistemas jurídicos de diferentes famílias do direito. O sistema brasileiro pertence à família Romano-germânica, enquanto o anglo-americano pertence à família da Common Law. Consequentemente, a tradução jurídica implica a passagem do texto de partida não só para uma língua de chegada, mas também para um sistema jurídico distinto.
A Common Law 
Recebe o nome de Common Law a família de direito que compreende os países de língua inglesa que adotaram a tradição jurídica da Inglaterra. A Common Law foi introduzida no século XI por Guilherme, o Conquistador. Até a conquista normanda, o território que conhecemos hoje por Grã-Bretanha era dividido em tribos que falavam línguas germânicas (e.x.: anglo, saxão, nórdicas) e outras (e.x.: celta). Eram várias as línguas usadas no Direito que era próprio de cada tribo e, predominantemente, oral. 
Para consolidar e centralizar o poder em uma área tão pulverizada, Guilherme, o Conquistador, implementou um sistema jurídico que recebeu o nome de common law of the land (uma tradução literal seria o direito comum do território). Entretanto, ao contrário do que o nome parece sugerir, o sistema nada tinha de comum a todos, pois se tratava de um sistema para tratar unicamente dos interesses do poder central, i.e., da coroa. O rei nomeou juízes para julgar as ações envolvendo questões de interesse da coroa, porém não preestabeleceu normas a serem adotadas. Assim, os juízes, ao resolver as ações que lhes eram apresentadas, passaram a sedimentar a jurisprudência (precedents) que serviria de base para os futuros casos semelhantes e inauguraria o fim da tradição oral do período anterior, formando um sistema jurídico essencialmente jurisprudencial.
Além das diferenças jurídicas e históricas entre o sistema da common law e o romano-germânico, há ainda importantes consequências sentidas até hoje e decorrentes da variedade de influências linguísticas sofridas pela common law. 
A partir da chegada de Guilherme, o Conquistador em 1066, enquanto o francês era a língua da corte, era o latim que predominava no Direito, pois era a língua do clero, dos instruídos, ou seja, dos juízes da coroa e dos redatores de documentos oficiais, leis, cartas e ordens. Mellinkoff, afirma que é possível deduzir, mas talvez nunca realmente provar, que durante a época posterior à conquista normanda três línguas eram usadas: o latim, o francês e o inglês. Até o século XIV, apesar de a língua do povo ser o inglês, o latim era a língua do direito que foi gradativamente substituída pelo francês, e não pelo inglês, mais tarde. Até o século XVIII na Inglaterra, o direito ainda adotava o francês (Law French) e o latim (Law Latin) em menor escala.
A linguagem jurídica em inglês
Com tantas influências linguísticas, desde as línguas germânicas, passando pelo latim e pelo francês, a linguagem jurídica cresceu desordenadamente e até hoje sentimos as consequências desse fenômeno, principalmente ao traduzir documentos em inglês para o português.
Uma das consequências que temos que enfrentar até hoje é a existência de termos jurídicos com acepções similares, mas com origem em línguas diferentes, pois devido às múltiplas influências linguísticas, o inglês assumiu a tendência de associar palavras sinônimas. É o que ocorre com freedom e liberty, em que uma tem origem no inglês, a outra no francês.
Outros exemplos são bargain and sale e breaking and entering, que combinam um termo oriundo do francês com outro do inglês antigo. O resultado desse fenômeno é interessante. No caso de freedom e liberty, por exemplo, as palavras são muitas vezes empregadas juntas, formando um binômio: freedom and liberty, com uma única acepção. Em outros casos, como em bid e offer, os termos são empregados em contextos diferentes: bid para o caso de leilão e licitação e a palavra offer, em matéria contratual. O primeiro caso (i.e. a formação de binômios) é um dos mais interessantes para a tradução jurídica.
Os binômios 
Os binômios que examinaremos são os compostos por palavras sinônimas. Ocorrência desse tipo de binômio no inglês é um fenômeno que deve ser reconhecido pelo tradutor de textos jurídicos, pois o constante recurso à sinonímia é um elemento decorativo característico da linguagem jurídica em inglês, resultante do choque entre as diversas línguas que influenciaram o inglês jurídico. 
Nesse sentido, Garner, recomenda de forma explícita evitar o uso de binômios, afirmando que a linguagem jurídica é historicamente redundante e que essas expressões não são exigência da área.
O autor recomenda, no caso de as palavras serem sinônimas, usar a que se encaixar melhor no contexto.
As consequências para a tradução 
Apesar de a bibliografia sobre linguagem jurídica em inglês ser unânime em recomendar a simplificação e indicar a leitura dos binômios como unidade, - além de definir os binômios formados por palavras sinônimas como duplicação inútil -, temos notado que os tradutores brasileiros não conferem esse tratamento aos binômios durante a tradução. Acabam por traduzir os componentes do binômio isoladamente em uma busca infrutífera de palavras sinônimas a serem empregadas no texto de chegada. A consequência é a produção de um texto-alvo pouco idiomático que nãorepresenta uma tradução de 'linguagem jurídica por linguagem jurídica. 
O que propomos é que, na tradução de binômios e com a preocupação de traduzir 'linguagem jurídica por linguagem jurídica', o tradutor brasileiro deva, antes, verificar se cada um dos elementos dos binômios com que se depara tem utilidade. Assim, diante de um binômio formado por sinônimos, o tradutor deverá adotar a recomendação de Garner acima (escolher a palavra ou que melhor se aplicar ao contexto) e, em seguida, traduzi-la para a língua-alvo levando em conta a terminologia adotada no sistema jurídico de chegada. Ao proceder dessa forma, o tradutor garantirá um texto-alvo mais natural e evitará possíveis problemas de interpretação que um termo supérfluo pode causar.
1.2. A TRADUÇÃO JURÍDICA E SUAS TEORIAS
As teorias sobre a tradução evoluíram. No início dos anos 70, Katherina Reiss introduziu conceitos funcionalistas da tradução, entendendo-a como determinada não pelo assunto, mas pela função exercida por um texto em particular. Posteriormente vieram estudiosos alemães que passaram a ver a tradução não mais como uma transferência apenas Inter linguística, mas sim uma transferência intercultural, através da comunicação. 
Segundo a teoria do Escopo de Vermeer (citado por Šarcevic), a abordagem funcional requer que o tradutor produza um texto novo que satisfaça as expectativas culturais dos receptores alvo de textos com os mesmos escopos do original. Assim, desde que sendo fiel ao escopo do texto, o tradutor tem liberdade para produzir um texto novo e autêntico. A partir desta concepção, o tradutor deixa de ser apenas um reprodutor de texto e passa a ser também autor do novo texto que será aplicado e terá os efeitos gerados no local onde será lido. 
Trazendo a supracitada teoria para o âmbito da tradução jurídica, pode-se dizer que temos uma possível teoria da tradução jurídica, a qual prega a possibilidade de transformações formais, gramaticais e lexicais, desde que se mantenha e se transmita de maneira eficaz o escopo e as consequências jurídicas pretendidas pelo original.
Com o intuito de estabelecer normas referentes a documentos internacionais de relevada importância jurídica, foi assinada, em maio de 1969, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. 
O artigo 33 da Convenção trata especificamente da interpretação de tratados autenticados em duas ou mais línguas e dispõe que o mesmo sentido dos termos utilizados deve ser presumido em cada um dos referidos textos autenticados.
Entretanto, muitas vezes não se pode esperar que os tradutores consigam transmitir o significado exato dos institutos a serem traduzidos; todavia, espera-se que eles produzam textos que tenham efeitos iguais. Daí a extrema necessidade de o tradutor pesquisar cuidadosamente os efeitos jurídicos produzidos por cada um dos termos analisados e traduzidos.
1.3 OS DILEMAS DO TRADUTOR JURÍDICO DIANTE DO TEXTO QUE SE DETONA
Ele busca uma sofisticação por vezes contraproducente do ponto de vista da clareza e da precisão. Requer, portanto, domínio discursivo que mescle precisão técnica com arroubos estilísticos quase literários. 
Por outro lado, em forte contraste com a universalidade da tradução técnica, a tradução jurídica milita na comunicação entre contextos e sistemas particulares, nacionais, locais, com nítido vínculo cultural com a realidade sociocultural da qual brotam: não se traduz entre línguas, mas, sim, entre sistemas jurídicos.
Basta dizer que na Grã-Bretanha convivem três sistemas jurídicos distintos bastante diversos entre si.
Primeiro dilema: Diz respeito ao instituto em si. Um acórdão – substantivação (esdrúxula?) de [eles] acordam, colhida da frase de abertura de todo acórdão (“acordam os juízes...”) ou conservação de uma forma arcaica de acordo – é, segundo o Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas (SIDOU, 1997, p. 25-26): “Peça escrita que contém o julgamento proferido por tribunal, nos feitos de sua competência originária ou recursal”.

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