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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SERVIÇOS AULA 3 Profª Mary Silva 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula vamos estudar alguns aspectos fundamentais para a administração da produção e serviços, iniciando com os objetivos de desempenho, os quais justificam todas as operações, tanto fabris quanto de serviços, e estão relacionados a cinco fatores: preço/custo, confiabilidade, qualidade, velocidade e flexibilidade. Veremos que, para que esse desempenho seja efetivo, é preciso dar atenção aos relacionamentos internos e externos da gestão da produção, ou gestão de operações de serviços. Também vamos estudar a função produção, que trata das responsabilidades, tarefas que são necessárias para que sejam realizadas as estratégias da organização. Veremos nesta aula uma questão muito importante, que é a produtividade e a gestão da produtividade: de que modo um gestor pode alcançar a produtividade, tanto no chão de fábrica quanto em operações de serviços. Ainda, muito importante, são as estratégias de produção e estratégias de serviços, bem como o conteúdo da estratégia de produção. O principal objetivo desta aula é demonstrar como a administração da produção e de serviços pode ser operacionalizada com base em objetivos de desempenho. Desse modo, temos como objetivos específicos orientar os estudantes da disciplina para que tenham condições de: Desenvolver relacionamentos produtivos com os setores internos e externos à gestão da produção Entender a importância da função produção Avaliar a produtividade no segmento em que atua Distinguir entre os tipos de estratégias TEMA 1 – OBJETIVOS DE DESEMPENHO Tanto para administração da produção quanto para a administração de operações, avaliar o desempenho da produção é tarefa essencial do gestor, é fator decisivo para o atingimento dos resultados. Lélis (2014, p. 16) argumenta que “os objetivos de desempenho geram efeitos internos e externos para a 3 organização, afetando a produtividade total da produção e das operações”. A Figura 1 ilustra esses efeitos: Figura 1 – Efeitos externos dos cinco objetivos de desempenho Fonte: Lélis, 2014, p. 16. De acordo com Lélis (2014, p. 16), os objetivos de desempenho são também denominados critérios competitivos e dividem-se em cinco categorias: preço/custo, confiabilidade, velocidade, qualidade e flexibilidade. Para controlar esses cinco aspectos, os gestores podem elaborar listas com seus objetivos de desempenho. Essas listas serviriam como checklists para acompanhar as operações. Corrêa e Corrêa (2006, p. 60) apresentam uma tabela com os grandes objetivos e seus subobjetivos de operações. Notem que dentro dos grandes objetivos estão os subobjetivos, que são as dimensões possivelmente importantes do ponto de vista do cliente, para que ele consiga visualizar melhor o que realmente tem valor para ele. Os itens apresentados na Tabela 1 variam conforme o tipo de negócio e clientes. Tabela 1 – Grandes objetivos e subobjetivos de operações Grandes objetivos Subobjetivos Descrição Preço/custo Custo de produzir Custo de produzir o produto ou serviço Custo de entregar e servir o cliente 4 Custo de servir Velocidade Acesso Atendimento Cotação Entrega Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação Tempo para iniciar o atendimento Tempo para cotar preço, prazo, especificação Tempo para entregar o produto Confiabilidade Pontualidade Integridade Segurança Robustez Cumprimento de prazos acordados Cumprimento de promessas feitas Segurança pessoal ou de bens do cliente Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado Qualidade Desempenho Conformidade Consistência Recursos Durabilidade Confiabilidade Limpeza Conforto Estética Comunicação Competência Simpatia Atenção Características primárias do produto Produto conforme as especificações Produto sempre conforme as especificações Características acessórias do produto Tempo de vida útil do produto Probabilidade de falha do produto no tempo Asseio das instalações da operação Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações Características (das instalações e produtos) que afetam os sentidos Clareza, riqueza, precisão e frequência da informação Grau de capacitação técnica da operação Educação e cortesia no atendimento Atendimento atento Flexibilidade Produtos Mix Entregas Volume Horários Área Habilidade de introduzir/modificar produtos economicamente Habilidade de modificar o mix produzido economicamente Habilidade de mudar datas de entrega economicamente Habilidade de alterar volumes agregados de produção Amplitude de horários de atendimento Amplitude de área geográfica na qual o atendimento pode ocorrer. Fonte: Corrêa e Corrêa, 2006, p. 60. Esse modelo básico de checklist apresentado na Tabela 1 pode ser usado tanto para a produção de bens quanto para a produção de serviços, e os itens podem variar de acordo com a atuação. Nem todas as descrições são comuns a qualquer segmento, pois algumas podem ser excluídas e outras acrescentadas, mas os grandes objetivos são comuns a qualquer segmento, assim como os subobjetivos. No entanto, verificamos na Tabela 1 que, para todos os grandes objetivos serem alcançados, a produção ou operações não pode estar isolada; há uma necessidade básica de integração com os outros setores, conforme veremos na sequência. 1.1 Relacionamentos internos e externos da administração da produção A administração da produção e a administração de operações devem estar sempre focadas em otimizar os recursos físicos e materiais da organização, buscando obter um sistema de produção eficiente e eficaz. 5 Chiavenato (2014, p. 24) explica que geralmente a administração da produção é estruturada conforme “o sistema de produção adotado e com a tecnologia empregada, para aproveitar a proximidade dos recursos naturais e dos mercados consumidores”. É por isso que muitas empresas têm suas plantas espalhadas em regiões diversas, buscando assim economizar com transportes e logística ou até mesmo para estar próxima aos empregados. No caso das empresas de serviços, é comum lojas e filiais mais próximas ao seu mercado consumidor. “Geralmente, por esses motivos, a [administração da produção e de serviços] tem uma estrutura descentralizada, para aproveitar a proximidade de parceiros, do mercado ou para obter vantagens estratégicas” (Chiavenato, 2014, p. 24). A administração da produção precisa manter um relacionamento de integração e interação com todos os seus componentes internos e com seus relacionamentos internos. 1.2 Componentes da administração de produção Segundo Chiavenato (2014, p. 26), alguns componentes são mais importantes para a administração de produção. São eles: desenvolvimento do produto, engenharia industrial, planejamento e controle da produção, produção propriamente dita, administração de materiais, controle de qualidade e manutenção. A Figura 2 ilustra estes componentes que estão dentro da administração de produção. Figura 2 – Principais componentes da administração de produção Fonte: Chiavenato, 2014, p. 27. 6 Vejamos então cada um deles: Desenvolvimento de produto – é a área responsável por planejar e desenvolver produtos, especificações, características da embalagem, adequação ao uso etc. Também é denominada de engenharia do produto, caso ele seja tecnicamente complexo. Em organizações prestadoras de serviços, está subordinado à área de marketing e não de produção. Engenharia industrial – responsávelpor arranjo físico e layout, tempos e movimentos, processo produtivo etc. Em empresas prestadoras de serviços, essas atividades são de responsabilidade da área de O&M (Organização e Métodos). Planejamento e controle da produção – responsável pelo planejamento e controle da produção de acordo com a demanda e a capacidade produtiva. Produção propriamente dita – também chamada de manufatura, é responsável pelas operações de produção (transformação de matéria- prima em produtos acabados). Nas organizações do setor primário, encarrega-se da prospecção ou extração de matéria-prima. Nas organizações do setor terciário (serviços), é encarregada da produção de serviços e operações. Administração de materiais – responsável pela verificação, armazenamento e abastecimento de matérias-primas e outros materiais que sejam exigidos para a produção, tanto de bens como de serviços. Inclui-se aqui o setor de compras, suprimentos e logística. Controle de qualidade – responsável por inspecionar produtos e serviços executados, além de verificar se os processos produtivos estão em conformidade com as especificações da engenharia de produto. Manutenção – responsável pela preservação dos recursos materiais e físicos da organização, tais como equipamentos, máquinas e instalações. Também deve realizar ampliações e estudos de modificações dos recursos materiais e físicos. De acordo com Chiavenato (2014, p. 27), em algumas fábricas, alguns dos componentes citados acima podem ser ampliados, reduzidos ou até eliminados, dependendo do produto ou serviço produzido, da tecnologia 7 utilizada e do sistema de produção empregado. Há empresas que fazem uso de “tecnologia de ponta (tecnologia sofisticada e em constante desenvolvimento) têm um órgão de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para pesquisar e desenvolver produtos, processos e tecnologias relacionadas à criação e ao aperfeiçoamento” de produtos e serviços novos e inovadores, além de ferramentas tecnológicas vinculadas ao processo produtivo. 1.3 Relacionamentos internos da administração de produção Segundo Chiavenato (2014, p. 27-28), “para funcionar da melhor maneira possível e alcançar seus objetivos de eficiência e eficácia, a [administração da produção] mantém um dinâmico inter-relacionamento” com diversos órgãos da organização, entre eles: pesquisa e desenvolvimento, marketing, finanças, recursos humanos. Vejamos como: Pesquisa e desenvolvimento (P&D) – envia para a administração da produção o projeto do produto contendo especificações, materiais e componentes, além de fornecer feedback quanto ao projeto para que sejam feitas possíveis melhorias. Marketing – são várias as formas de relacionamento entre a administração da produção e a área de marketing. A princípio, normalmente a produção é realizada visando atender a previsão de vendas realizada pelo marketing. Depois, após a administração da produção já ter produzido, o marketing comercializa. As duas áreas devem trabalhar juntas, porém, em muitas organizações, explica Chiavenato (2014, p. 28), há muitos conflitos entre a administração de produção e a administração de marketing, pois “quando ambas não estão bem inter-relacionadas: em geral, a área mercadológica culpa a área de produção quando vende e não consegue entregar” se os produtos não estiverem acabados, e a área de produção também culpa o marketing “quando produz e a produção fica armazenada no depósito de produtos acabados”. Finanças – o relacionamento entre administração da produção e finanças é importante “para estabelecer os critérios de compras (financiamento das compras) e do suprimento de matérias-primas 8 (financiamento da estocagem dos materiais), bem como valores, custos e investimentos” (Chiavenato, 2014, p.28). Recursos humanos – responsável por recrutar e selecionar pessoas, dar treinamento, proporcionar condições de higiene e segurança no trabalho, pagar os salários e benefícios, além de apoio e suporte para o desenvolvimento das atividades. Os inter-relacionamentos citados acima demonstram que há uma dependência mútua entre as diversas áreas da organização, que, juntas, buscam atingir os objetivos e alcançar resultados. Nesse contexto, segundo Chiavenato (2014, p. 28), cabe à administração da produção e de serviços atuar como “o núcleo de energia da empresa, o coração que pulsa e abastece todo o organismo empresarial”, pois é a área responsável por produzir bens ou serviços fundamentais para a missão da organização. Qualquer empresa existe para proporcionar ao mercado algo que realmente tenha valor, que satisfaça necessidades e desejos. Quando isso não acontece, “todo o trabalho empresarial fica sem sentido. Sem clientes. Sem retorno. Sem futuro algum”. 1.4 Relacionamentos externos da administração de produção A administração de produção mantém alguns contatos com o ambiente externo à empresa que são vitais, tais como contatos com fornecedores, distribuidores, clientes e consumidores. Vejamos como isso acontece: Fornecedores – é fundamental que haja contato permanente com os fornecedores de materiais, matérias-primas, tecnologias, equipamentos, máquinas componentes, logística e transporte, serviços de manutenção, água e energia elétrica, serviços diversos, pois a produção depende totalmente desses insumos. Distribuidores – agilizando as entregas dos produtos acabados ou a disponibilidade de serviços. Clientes e consumidores – ouvindo e entendendo as expectativas e necessidades do público-alvo da empresa e providenciando possíveis melhorias ou correções, pois o foco é sempre o cliente e não o produto. 9 TEMA 2 – FUNÇÃO PRODUÇÃO Paranhos (2012, p. 85) revela que, na organização, a função produção vai além da transformação de materiais em produto, “pois a maneira como essa transformação é realizada” pode resultar em consequências positivas ou negativas. De acordo com Paranhos (2012), as consequências positivas podem ser vistas quando a forma como a produção é realizada passa a ser uma vantagem competitiva, isto é, quando a produção consegue transformar matérias-primas em produtos melhores e com mais eficiência que os concorrentes, assim gerando um diferencial de qualidade, de custo, de rapidez na entrega e de flexibilidade. As consequências negativas, explica Paranhos (2012, p. 85), surgem quando o cliente rejeita o resultado da função produção, podendo ser por falta de confiabilidade no produto, não atendimento dentro do tempo requerido, preço, ou até mesmo quando os produtos resultam de “uma operação com muitos desperdícios, inevitavelmente repassados ao custo do produto”. Então, quando essas consequências negativas são recorrentes, a função produção passa a ser “uma fonte inesgotável de problemas e até mesmo prejudicar a empresa em seus resultados e imagem”. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 64), “a expressão papel da função produção” é utilizada para “designar algo além de suas responsabilidades e tarefas óbvias na empresa”. A expressão refere-se à razão básica da função, ou seja, “o principal motivo de sua existência”. A princípio, três papéis são básicos para a função produção: A função produção como realizadora da estratégia empresarial; A função produção como base para a estratégia empresarial; A função produção como propulsora da estratégia empresarial. Vejamos então como pôr em prática os três papéis da função produção: 2.1 Realizando a estratégia empresarial É esperado que as empresas tenham suas estratégias, e quem as coloca em prática é a produção, independente se estivermosnos referindo à 10 indústria ou a serviços. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 64) citam o seguinte exemplo: Se uma linha aérea possui estratégia de atrair maior proporção de passageiros que viajam a negócio, é a parte produção de cada função que tem a tarefa de “operacionalizar” a estratégia. É a “produção” de marketing que deve organizar atividade de promoção e estabelecer preço apropriado. A “produção” de recursos humanos precisa treinar sua tripulação e equipe de terra para atingir níveis elevados de serviços aos consumidores. E, o que é mais importante: sua função produção terá que supervisionar a manutenção das aeronaves, organizar os serviços de bilhetes, o manuseio de bagagem e as instalações de espera, orientar a preparação de alimentos e bebidas especiais e o entretenimento durante os voos. A implicação desse papel para a função produção é muito significativa: mesmo a estratégia mais original e brilhante pode tornar-se totalmente ineficaz por causa de uma função produção inepta. 2.2 Atuando como base para a estratégia empresarial A função produção é responsável por apoiar as estratégias empresariais, desenvolvendo seus recursos no sentido de dar condições para que a organização atinja seus objetivos. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 64) citam o seguinte exemplo: Se um fabricante de microcomputadores decidiu competir para ser o primeiro do mercado com novos produtos inovadores, sua função produção precisa ser capaz de enfrentar as mudanças exigidas pela inovação contínua. Deve desenvolver ou comprar processos que sejam flexíveis o suficiente para fabricar novos componentes e produtos. Deve organizar e treinar seus funcionários para que eles entendam como os produtos estão mudando e façam as mudanças necessárias na produção. Deve desenvolver relacionamentos com os fornecedores que os ajudem a responder rapidamente no fornecimento de novos componentes. Quanto melhor for a produção ao fazer essas coisas, mais apoio estará dando para a estratégia competitiva da empresa. Se a empresa adotasse uma estratégia empresarial diferente, seria também necessário que sua função produção adotasse objetivos diferentes. 2.3 Sendo propulsora da estratégia empresarial Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 66) explicam que é tarefa da função produção impulsionar a estratégia, proporcionando-lhe, a longo prazo, vantagem competitiva. Qualquer empresa irá afundar se começar a apresentar produtos malfeitos, entrega lenta, serviços relapsos, pouca escolha de serviços ou produtos, promessas não cumpridas, alto custo de produção. No sentido contrário, as empresas que oferecem produtos e/ou serviços melhores, seja em variedade, qualidade, rapidez de resposta para o cliente, têm mais vantagem competitiva. Mais importante ainda: “uma produção que tenha desenvolvido a 11 capacidade de lidar com qualquer requisito futuro do mercado está garantindo à organização os meios para seu sucesso futuro” (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 66). Entretanto, a função produção é responsável tanto pelo “sucesso de curto prazo quanto o de longo prazo”. 2.4 Capacidade de atuação da função produção Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 66-67), “a habilidade de qualquer função produção de exercer seus papéis na organização pode ser julgada pela consideração de seus propósitos ou aspirações organizacionais”. Alguns pesquisadores americanos desenvolveram o modelo de quatro estágios, que serve para fazer uma avaliação do papel competitivo e como a função produção contribui para isso em empresas de qualquer segmento. Esse modelo descreve “a progressão dessa função, desde o papel negativo que exerce no Estágio 1 de produção até tornar-se o elemento central de estratégia competitiva no excelente estágio 4 de produção” (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 66-67). A Tabela 2 apresenta cada um desses estágios: Tabela 2 – Modelo de quatro estágios Estágio 1: Neutralidade interna É a função produção no seu nível mais fraco. Quando as outras funções creem que ela ou se mantém neutra ou prejudica a eficácia da organização. A função produção permanece voltada para dentro, apenas reagindo às mudanças que venham a ocorrer no ambiente interno e externo, pouco contribuindo para o sucesso da empresa. Passa despercebida, ou seja, também não contribui para o fracasso da empresa. Os outros setores da empresa não veem a produção como fonte de talento, originalidade ou impulso competitivo. Neste estágio, a ambição da produção é ser “internamente neutra”, por isso evita grandes erros, mas também não busca atingir algo positivo. Até boas organizações podem vir a ter problemas devidos à função produção e ter sua imagem prejudicada. Estágio 2: Neutralidade externa É a primeira fase de ruptura com o estágio 1, quando a função produção começa a se comparar com outras organizações semelhantes. Não que isso irá levá-la rapidamente à “primeira divisão” do seu segmento, mas, pelo menos poderá conduzi-la a fazer uma comparação entre suas práticas e desempenho aos dos concorrentes, além de tentar adequar-se a melhores práticas adotadas pela concorrência. “Seguindo as melhores ideias e normas de desempenho das demais empresas do setor, estará tentando ser ‘externamente neutra’” (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 67). Estágio 3: Apoio interno Quando estiver no estágio 3, a produção terá atingido a “primeira divisão” dentro do seu mercado. “Pode não ser melhor do que as empresas concorrentes em todos os aspectos de desempenho, mas está junto com as melhores” (Slack; Chambers; Johnston (2002, p. 67). Ao chegar ao estágio 3, a produção deseja ser a melhor do seu mercado. Para isso, obtém uma visão clara sobre a concorrência ou dos objetivos estratégicos da organização e passa a desenvolver recursos de produção apropriados visando superar deficiências que a estão impedindo de concorrer com eficácia. Ao fornecer uma estratégia aceitável, a produção está buscando dar “apoio interno”. 12 Estágio 4: Apoio externo A diferença entre o estágio 3 e o estágio 4 é sutil, mas muito relevante. No estágio 4, a empresa visualiza a função produção como sendo “provedora da base para seu sucesso competitivo. A produção olha para o longo prazo” (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 67). Começa a prever possíveis mudanças nos mercados e na disponibilidade de insumos, desenvolvendo capacidades que serão requisitos para competir no futuro. “A função produção está tornando-se central para a preparação da estratégia. A produção no estágio 4 é criativa e proativa”. Torna-se inovadora e capaz de se adaptar às mudanças do mercado. Basicamente, tenta estar um passo à frente da concorrência na maneira de ofertar produtos e serviços, bem como de organizar suas operações. Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 67. A Figura 3 mostra o papel e a contribuição da função produção. Seguir do estágio 1 para o 2 requer que a produção vença seus problemas de implementação das estratégias reais. Ir do estágio 2 para o 3 requer da produção um desenvolvimento ativo dos seus recursos no sentido de adequá- los à estratégia de longo prazo. Chegar ao estágio 4 requer que a produção seja capaz de impulsionar a estratégia, contribuindo para a competitividade da organização. Figura 3 – O papel e a contribuição da função produção Fonte: Slack, Chambers e Johnston, 2002, p. 68. Podemos entender que a função produção é a razão de ser de uma organização, ou seja, quanto mais consciência a organização tem da sua importância, mais a função produção pode exercer seus três papéis básicos. É fundamental que os gestores sejam capazes de avaliar sua gestão de produçãoou de operações dentro do modelo de quatro estágios para que planejem e implementem ações voltadas para atingir gradualmente o estágio 4. 13 TEMA 3 – PRODUTIVIDADE Nas últimas décadas, no mundo todo, vem aumentando violentamente a competitividade no mundo empresarial. Nesse contexto, a produtividade é a grande questão de sobrevivência para as organizações. Produtividade é medida pela relação entre o que é produzido (output) e o conjunto de recursos aplicados na produção (input). A produtividade é real quando conseguimos minimizar os gastos com os recursos necessários para a produção. Lélis (2014, p. 19) diz que a produtividade pode ser dividida em dois grupos: parcial e total. A produtividade parcial “é composta pela medida entre o que é produzido e o que é consumido de um dos insumos ou dos recursos utilizados”. Há diversas maneiras de se calcular a produtividade parcial, por exemplo, a produtividade parcial da matéria-prima, a produtividade parcial da mão de obra. Para calcular a produtividade parcial de mão de obra, é preciso ter a quantidade de funcionários e multiplicar pelas horas de trabalho e multiplicar pelos doze meses do ano. O resultado obtido deve ser dividido pela quantidade de produto produzida. O mesmo pode ser feito para calcular a produtividade de matéria-prima. A produtividade total está na relação entre o output total e a soma de todos os fatores de input. Para calcular, pegamos o total produzido e dividimos pelo que foi gasto com insumos. Podemos medir a produtividade todos os dias, mensal e anualmente, conforme for necessário na organização. Mas cuidado: não confundir produtividade com aumento de produção! Aumento de produção não significa produtividade! Paranhos (2012, p. 157) dá o seguinte exemplo: Se a fábrica produz 200 unidades por dia de aparelhos de ar condicionado com 100 operadores diretos e passa a produzir 220 unidades com os recursos aumentados na mesma proporção, ou seja, com 110 operadores, isso não significa aumento de produtividade, e, sim, um simples aumento de produção. 3.1 Gerenciamento da produtividade Paranhos (2012, p. 163) argumenta que “a avaliação da produtividade e a comparação da evolução de uma empresa no tempo ou contra os índices de outras empresas (benchmarking) – concorrentes ou não – são fatores muito importantes” que fornecem referenciais para a organização buscar o sucesso. Geralmente, para que haja aumento de produtividade, é necessário investir em novas tecnologias, em qualidade, em formas diferentes de organização do 14 trabalho e, inclusive, nas atividades dos funcionários, “bem como em todos esses fatores no seu conjunto”. O gerenciamento da produtividade tem que, primeiramente, levar em consideração a preparação prévia da organização, de modo que o ambiente esteja aberto a mudanças, porque quando não há liberdade para implantação de novas ideias, para novas formas de executar os processos, não é possível obter melhorias de produtividade, pois, “via de regra, as melhorias rompem com o status quo e propõem novidades tanto de processos quanto de tecnologia” (Paranhos, 2012, p. 163). Paranhos (2012, p. 163-164) apresenta cinco fatores importantes para que a gestão obtenha um clima propício às melhorias: integração funcional, participação, motivação, direcionamento ao cliente e investimento em tecnologia: Integração funcional: ao implantarmos um sistema de medição de produtividade, os indicadores irão revelar situações, pessoas e departamentos que precisam melhorar sua performance. Assim, é importante que os departamentos estejam perfeitamente coordenados entre si, sem competições departamentais e individuais perniciosas ao ambiente e aos profissionais. Enfim, todos com um único objetivo, o da melhoria da empresa como um todo. Participação e motivação: esse fator é correlato ao item anterior, pois a organização deve propiciar o ambiente e as ferramentas de facilitação da participação de todos os envolvidos em suas atividades, lembrando que quem executa o processo normalmente sempre tem alguma ideia de como melhorá-lo. Direcionamento ao cliente: é fundamental lembrar que as melhorias devem sempre estar focadas no interesse dos clientes, diretamente ou indiretamente, seja em relação aos planos presentes ou futuros. Investimento em tecnologia: fator fundamental para a empresa se manter competitiva tanto nas operações industriais como nas atividades que ocorrem nos escritórios; todavia, cada investimento tem que ser muito bem planejado para ter seu retorno garantido [...] Por exemplo, uma máquina gargalo deve ser sempre objeto de atenção, pois o sistema depende dela; já para uma máquina de não gargalo, o investimento deverá ser apenas no sentido de sua boa manutenção, pois se for substituída por uma mais rápida, não fará diferença para o sistema total ou para a eficácia da operação. Também é importante o investimento nas instalações de fábricas e escritórios, pois ambientes agradáveis, móveis ergométricos, fábricas limpas e bem cuidadas comprovadamente influem na produtividade. Pequenos investimentos em dispositivos de apoio e sugestões dos operadores das máquinas sobre as operações do cotidiano podem gerar excelentes retornos no aumento da produtividade. Além dos fatores explicados acima, para atingir a efetividade no gerenciamento da produtividade, é importante lembrar sempre do ciclo virtuoso do processo, ilustrado na Figura 4: 15 Figura 4 – Ciclo virtuoso do processo de melhoria da produtividade Fonte: Paranhos, 2012, p. 164. Assim, para alcançar a produtividade, sempre teremos que considerar o ciclo mostrado da Figura 4, ou seja, o processo tem que ser estudado e padronizado. Em seguida, deve ser medido. Devemos ter métodos e ferramentas de medição de acordo com cada processo em específico. Após a medição, deve ser feita a avaliação que apontará se os resultados foram positivos ou negativos, onde estão as falhas e o que deve ser modificado. Feita a avaliação, precisamos usá-la como base para novos planejamentos de melhoria. Serão implementadas novas ações que foram planejadas. Assim o ciclo recomeça sempre sucessivamente, buscando melhoria contínua. TEMA 4 – ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO E ESTRATÉGIAS DE SERVIÇO Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 86) argumentam que, antes de entender o que exatamente é uma estratégia de produção, precisamos entender o que vem a ser estratégia, pois trata-se de um termo que pode ser entendido de formas diferentes a partir de perspectivas diferentes: Sobre o termo estratégia, consideramos que ela está presente quando uma empresa articula sua estratégia e, portanto, escolhe tomar uma direção, em vez de outra. A empresa tomou decisões que a comprometem com um conjunto particular de ações. O padrão de decisões subsequentes reflete, então, seu comprometimento continuado nessa direção. De forma alternativa, se o padrão de suas decisões mudar, isso indicará alguma mudança em sua direção estratégica. Estudar o processo e padronizar Medir AvaliarPlanejar a melhoria Realizar/Padronizar novamente 16 Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 87) também explicam que as decisões estratégicas são aquelas que: Têm efeito abrangente na organização à qual a estratégia se refere; Definem a posição da organização relativamente ao seu ambiente; Aproximam a organização de seus objetivos de longo prazo. No entanto, Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 86) enfatizam que “uma estratégia é mais do que só uma decisão; é o padrão global de decisões e ações que posicionam a organização em seu ambiente e têm o objetivo de fazê-la atingir seus objetivosde longo prazo”. Seguindo esse raciocínio, percebemos que, definindo estratégia como um padrão de decisões, conseguimos falar sobre estratégia de produção, mesmo sem expressar literalmente estratégia de produção. Quando observamos o padrão geral das decisões, conseguimos visualizar o comportamento estratégico real. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 87), ao desenvolver estratégias, as empresas têm que levar em consideração dois conjuntos de questões, que, embora justapostos, são separados: o conteúdo da estratégia e o processo da estratégia. O conteúdo e o processo são interdependentes e conectados, influenciando-se um ao outro. Vejamos o que significam, de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 87): Conteúdo – são as estratégias e ações específicas que se constituem no sujeito do processo decisório, ou melhor, as questões ‘o que’ da estratégia, os pontos sobre os quais as decisões são tomadas; Processo – como essas estratégias são, de fato, determinadas na empresa. O processo de estratégia governa os procedimentos e modelos que são adotados para tomar decisões estratégicas – as questões ‘como’ da estratégia. Dentro desse contexto, estratégia da produção, de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 88) refere-se “ao padrão de decisões e ações estratégicas que define o papel, os objetivos e as atividades da produção”. Assim como acontece nos demais tipos de estratégia, o seu conteúdo e o seu processo podem ser analisados separadamente, da forma apresentada no Quadro 1: 17 Quadro 1 – Comparativo entre conteúdo e processo Conteúdo da estratégia da produção Processo da estratégia da produção Decisões e ações específicas que determinam o papel, os objetivos e as atividades da produção Método usado para produzir as decisões específicas de “conteúdo” Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 88. Na sequência, vamos procurar entender melhor sobre o conteúdo da estratégia da produção. Já o processo da estratégia precisa ser planejado e desenvolvido com base no conteúdo. TEMA 5 – CONTEÚDO DA ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 88) afirmam que “a estratégia de produção é, claramente, uma parte da estratégia geral da empresa”. Além disso, apresentam quatro perspectivas, que juntas dão uma visão mais precisa sobre o conteúdo da estratégia de produção: A estratégia da produção é um reflexo “de cima para baixo” (top down) do que o grupo ou negócio deseja fazer. A estratégia da produção é uma atividade “de baixo para cima” (bottom-up), em que as melhorias da produção cumulativamente constroem a estratégia. A estratégia da produção envolve traduzir os requisitos do mercado em decisões da produção. A estratégia da produção envolve explorar as capacidades dos recursos da produção em mercados eleitos. (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 88). Vamos estudar então cada uma das quatro perspectivas mais detalhadamente: 5.1 Perspectiva de cima para baixo (top-down) As organizações possuem sua estratégia corporativa, que é composta por um conjunto de estratégias visando conseguir se posicionar no ambiente global, político, econômico e social. Para isso, precisam decidir sobre em quais tipos de negócios devem investir, onde desejam operar, como distribuir investimentos etc. 18 Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 88), cada unidade de negócios dentro da corporação ou da organização precisa elaborar a sua própria estratégia de negócios, estabelecendo “sua missão e objetivos individuais”. É a estratégia de negócios que vai guiar a empresa no que se refere à concorrência, aos mercados, aos consumidores “e também à estratégia corporativa”. Da mesma forma, dentro da organização, estratégias funcionais precisam analisar “qual parte cada função deveria desempenhar para contribuir para os objetivos estratégicos da empresa” (Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 88). Isso significa que a produção, o marketing, a logística, entre outras, devem buscar meios efetivos para apoiar e alcançar os objetivos gerais da organização. Desse modo, cabe à estratégia da produção posicionar-se na hierarquia de estratégias acima descritas. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 89) dizem que “sua principal influência, entretanto, será tudo o que a empresa entender como direção estratégica” e dão o seguinte exemplo: Uma empresa que imprime embalagens para produtos de consumo decide expandir rapidamente. Ela imagina que, a longo prazo, as empresas com fatias maiores de mercado irão sobreviver, ao contrário das pequenas empresas. Seus objetivos de negócios, portanto, enfatizam o crescimento de volume, acima da lucratividade de curto prazo e do retorno sobre o investimento. A implicação para a estratégia da produção é de que ela necessita investir em capacidade extra (fábricas, equipamentos e mão-de-obra), mesmo que isso signifique alguma capacidade excedente. Também necessita estabelecer novas fábricas em todas as partes de seu mercado para oferecer entrega relativamente rápida. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 89), o exemplo acima destaca o seguinte: “objetivos de negócios diferentes provavelmente resultariam em uma estratégia da produção muito diferente”. Desse modo, é tarefa da produção operacionalizar/implementar a estratégia da empresa. A Figura 5 mostra a hierarquia estratégica apresentada acima, destacando algumas decisões em cada nível e suas principais influências sobre as decisões estratégicas: 19 Figura 5 – As quatro perspectivas da estratégia de operações Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 89. 5.2 Perspectiva de baixo para cima (bottom-up) A perspectiva de baixo para cima dá uma visão rigorosa do modo como as estratégias funcionais deveriam ser elaboradas. Porém, a interação entre diferentes níveis de hierarquia da estratégia é complexa. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 89), “embora seja uma forma conveniente de pensar a estratégia, esse modelo hierárquico não consegue representar a maneira como as estratégias são formuladas”. Quando uma organização revisa sua estratégia corporativa, leva em consideração “as circunstâncias, experiências e capacidades” das diversas unidades de negócios que a compõem. Similarmente, as unidades de negócios, ao verificarem suas estratégias, analisam suas funções individuais dentro da organização no que se refere às suas capacitações e restrições. Pode, ainda, reunir ideias vindas de suas experiências diárias. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 90) explicam que “uma perspectiva alternativa para a visão de cima para baixo é de que muitas ideias estratégicas emergem, com o tempo, da experiência operacional”. Não havendo decisões em um escalão mais alto que avaliam opções estratégicas 20 alternativas, escolhem uma estratégia que ofereça melhor resultado. Nesse caso, “o consenso geral emerge do nível operacional da organização”. Então, se o “alto nível” confirmar o consenso, deve fornecer os recursos necessários para sua efetivação. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 90), citam novamente a empresa de embalagens como exemplo: Suponha que a empresa de embalagens seja bem-sucedida em seus planos de expansão. Entretanto, ao fazer isso, descobre que possui capacidade excedente e uma rede espalhada de fábricas permite-lhe um serviço excepcionalmente rápido para os consumidores. Também descobre que alguns consumidores estão dispostos a pagar um preço consideravelmente mais alto por tal serviço com resposta rápida. Essas experiências levaram a empresa a estabelecer umadivisão separada dedicada a fornecer serviços de impressão de margens altas para aqueles dispostos a pagar. Os objetivos estratégicos dessa nova visão não estão preocupados com crescimento de alto volume, mas com alta lucratividade. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 90-91), essa ideia de estratégia desenhada pela experiência operacional é também conhecida como conceito de estratégias emergentes. Gradualmente, a estratégia vai sendo modelada com base nas experiências vividas e não baseadas em teorias. Geralmente, as estratégias são “formadas de maneira relativamente fragmentada e não estruturada, para refletir o fato de que o futuro é, pelo menos, parcialmente desconhecido e imprevisível”. A Figura 6 ilustra essa perspectiva. 21 Figura 6 – Perspectiva bottom-up da estratégia de operações Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 91. O princípio da perspectiva bottom-up é delinear os objetivos e as ações da produção, ao menos parcialmente, pelo conhecimento adquirido com a experiência adquirida com o tempo. Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 91) dizem que “as virtudes principais exigidas para moldar a estratégia da perspectiva de cima para baixo são a habilidade para ouvir a experiência e a filosofia de melhoria contínua e incremental”. 5.3 Perspectiva dos requisitos do mercado Satisfazer o mercado onde está inserida é, com certeza, um dos objetivos de qualquer organização. Não é possível para uma empresa sobreviver no longo prazo se, continuamente, apresentar falhas em suas operações. Embora compreender o mercado seja uma função do marketing, a gestão da produção também precisa considerar a perspectiva de mercado. Conforme argumentam Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 91), “sem compreender o que o mercado requer, é impossível garantir que as operações estejam alcançando o composto e o nível corretos em seus objetivos de desempenho (qualidade, rapidez, confiabilidade, flexibilidade e custo)”. A Figura 7 ilustra a perspectiva dos requisitos de mercado. Figura 7 – Perspectiva das exigências do mercado da estratégia de operações 22 Fonte: Slack; Chambers; Johnston, 2002, p. 92. Por essa perspectiva, todos os objetivos de desempenho (preço/custo, confiabilidade, qualidade, velocidade e flexibilidade) precisam ser alcançados, tendo em vista a análise de mercado que vai envolver, principalmente as necessidades dos consumidores, o estágio do ciclo de vida do produto ou do serviço e as ações dos concorrentes. O estágio do ciclo de vida de um produto ou de um serviço é o resultado de uma análise de mercado desse produto ou serviço no tempo, ou seja, se ele encontra-se em um dos estágios abaixo: Introdução – quando o produto ou serviço acaba de ser lançado no mercado Crescimento – quando o produto ou serviço ganha aceitação no mercado Maturidade – quando as necessidades do mercado começam a ser atendidas Declínio – as necessidades do mercado já estão amplamente atendidas 5.4 Perspectiva dos recursos da produção Essa perspectiva é a visão baseada em recurso que, de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 99), aponta que organizações que atingem desempenho estratégico “acima da média” certamente terão conseguido “sua vantagem competitiva sustentável” por causa das suas competências ou capacitações. “Isso significa que a forma como as empresas herdam, ou adquirem, ou desenvolvem seus recursos de produção terá, a 23 longo prazo, impacto significativo em seu sucesso estratégico”. Aliás, “o impacto de suas competências de recursos de produção será tão grande, senão maior, quanto o impacto que consegue de sua posição no mercado”. Daí a importância de otimizar e aprimorar e fortalecer os recursos de produção. Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 100-101), “a perspectiva de recursos da produção precisa começar com o entendimento das capacidades e restrições de recursos dentro da produção". É preciso considerar sobre os seguintes aspectos: restrições e capacidades dos recursos e recursos e processos da produção, os quais devem servir como base para as decisões estruturais e infraestruturais. Vejamos então o que seriam: Restrições e capacidades dos recursos – antes de escolher em que segmento de mercado pretende concorrer, primeiro precisa levar em consideração suas competências e habilidades para produzir bens e/ou serviços satisfatórios; Recursos e processos da produção – consiste no conhecimento que a empresa tem de si mesma, quais as suas capacidades, o que possui de recursos e o que pode fazer com eles. Trata-se do conjunto de recursos tangíveis e intangíveis. Os recursos tangíveis são: máquinas, equipamentos, toda a estrutura física. Os intangíveis são: relacionamentos com fornecedores e consumidores; experiência e conhecimento técnico de seus processos; modo como os funcionários trabalham juntos para desenvolver ou inovar em produtos ou serviços. 5.5 Decisões estruturais e infraestruturais Slack, Chambers e Johnston (2002, p. 101) explicam que, em estratégia de produção, fazemos uma distinção entre decisões estratégicas, decisões estruturais e decisões infra-estruturais: Decisões estratégicas – determinam decisões relacionadas tanto à estrutura como à infraestrutura da organização; Decisões estruturais – influenciam especialmente as atividades de projeto, por exemplo, decisões relacionadas a desenvolvimento de novos produtos ou processos, instalações, tecnologia; 24 Decisões de infraestrutura – influenciam a força de trabalho; atividades de planejamento, melhoria e controle, por exemplo, decisões relacionadas a mão de obra, capacidade, escolha de fornecedores, estoques, sistemas de planejamento e controle, melhorias em métodos e processos, recuperação e prevenção de falhas. FINALIZANDO Nesta aula tivemos a oportunidade de conhecer os objetivos de desempenho, composto pelos fatores: preço/custo, confiabilidade, qualidade, velocidade e flexibilidade, e que cada um deles está dividido em subobjetivos que as organizações precisam alcançar, tendo em vista sua permanência no mercado e competitividade. Para alcançar os objetivos de desempenho, a administração da produção precisa dar atenção especial aos seus relacionamentos internos e externos. Conhecemos o termo função produção, que inclui o modo como a transformação de insumos em produtos ou serviços é realizada e que pode resultar em consequências positivas ou negativas. A função produção possui três papéis básicos: realizar a estratégia empresarial, dar sustentação à estratégia empresarial e impulsionar a estratégia empresarial. Também estudamos sobre produtividade: produtividade parcial e produtividade total, além de gestão da produtividade. Em seguida, as estratégias de produção e de serviços, que são compostas por conteúdo e processo. Tanto conteúdo quanto processo são igualmente importantes porque um justifica o outro e um não significa nada sem o outro. Como o processo é elaborado a partir do conteúdo, demos mais ênfase ao conteúdo da estratégia da produção, a partir das perspectivas top-down, bottom-up, requisitos do mercado e recursos da produção. 25 REFERÊNCIAS CHIAVENATO, I. Gestão da produção: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e de operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LÉLIS, E. C. (Org.). Gestão da produção. São Paulo: Pearson, 2014. PARANHOS, M.Gestão da produção industrial. Curitiba: InterSaberes, 2012. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.