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Apendicite

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Júlia Lenza Goulart 5 período
Apendicite
 O apêndice cecal é uma extensão tubular localizada no ceco que termina em fundo cego. Funciona 
como uma “safe house” para a flora comensal, facilitando a recolonização intestinal no caso de um 
clareamento de flora. É considerado um divertículo verdadeiro do ceco. Sua posição no abdome pode 
variar. Tem extensão de 9 a 10cm de comprimento, diâmetro de varia de 0,5 a 1cm. O suprimento é feito 
pela artéria apendicular da artéria Ileocólica. 
A inflamação do apêndice constitui uma das causas mais comuns de dor aguda na fossa ilíaca 
direita (FID). Os fenômenos inflamatórios iniciais produzem dor periumbilical não muito intensa, 
acompanhada de náusea anorexia e febre não muito alta. 
 
Epidemiologia
• Tem maior incidência em adolescentes jovens (10 a 19 anos) e nos homens. 
• ↑ prevalência entre 10-30 anos (aumento da incidência entre 15 e 19 anos) 
• Leve Predomínio no sexo masculino 
• Principal causa de abdome agudo não-obstétrico na gestante 
• Mais frequente em países industrializados com dieta pobre em fibras 
 
Etiologia
 A obstrução da luz apendicular é considerada o principal fator etiológico na apendicite aguda. A 
obstrução pode ser causada por fecalitos impactados. Várias outras causas podem estar relacionadas. 
Muitos pacientes com fecálitos intraluminais não desenvolvem apendicite, e a maioria dos pacientes não 
apresenta o fecálito no momento do diagnóstico. 
 Uma vez obstruída a luz do órgão é enchida por muco aumentando a pressão e distendendo o 
apêndice. Isso leva a estase do fluxo linfático, oclusão de pequenas veias e por conseguinte trombose. 
Disso, pode progredir para necrose e perfuração. O processo inflamatório causa uma reação 
fibrinopurulenta na serosa do apêndice, formação de coleção periapendicular que acarreta irritação 
peritonial. 
O tempo necessário para perfurar o apêndice é variável. Nas primeiras 24 horas dos sintomas, 90% 
das apendicites apresentam inflamação e até necrose, mas não perfuração. Naqueles com sintomatologia 
de mais de 48 horas, febre alta ou leucocitose acima de 15 mil, a possibilidade de perfuração é acima de 
50% 
 A flora bacteriana varia com a fase da apendicite. Bactérias anaeróbias predominam na fase inicial 
da doença. Nas fases avançadas, com necrose e perfuração, a flora é mista. Nessa situação são comuns 
Escrerichia coli, Bacteroides fragilis e Pseudomonas. Sendo mandatória a antibioticoterapia de amplo 
espectro. 
 Pode ser dividida em: 
-Não complicada: processo inflamatório sem gangrena, coleção ou necrose. 
-Complicada: presença de perfuração, necrose ou abscesso periapendicular. 
 
Quadro clínico:
Início: dor abdominal difusa, periumbilical ou em epigastro, 
Em até 24h migra para FID, por vezes, acompanhada de náuseas e vômitos. A anorexia 
habitualmente acompanha o quadro, apesar de inespecífico, é o mais frequentemente observado. 
Casos de perfuração: A presença de febre alta (>39), dor difusa e taquicardia pode sugerir um 
quadro mais avançado, com perfuração. 
 Crianças e idosos frequentemente tem apresentação atípica, que retarda diagnostico. Os sinais 
observados ao exame físico são clássicos com dor a palpação de FID com descompressão brusca positiva. 
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A dor a percussão ou esforço de tosse pode representar comprometimento peritonial. Pacientes com 
história mais prolongada podem exibir massa (plastrão) quando se examina a fossa ilíaca direita. 
Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca no ponto de McBurney (FID). 
 
Sinal de Rovsing: 
O sinal de Rovsing é um sinal de apendicite. Se a palpação do quadrante inferior esquerdo do abdômen do 
paciente resultar em dor no quadrante inferior direito, diz-se que o paciente é positivo para o sinal de 
Rovsing. Essa palpação é realizada procurando-se "ordenhar" o intestino grosso, a partir do sigmóide, 
retrogradamente, em direção ao cólon descendente, transverso e finalmente ascendente, onde o acúmulo 
de gases e/ou fezes gera a dor pois é aí que se encontra o apêndice. Representa a distensão do ceco e do 
apêndice pelo conteúdo gasoso e pode estar presente em pacientes com apendicite. 
 
Sinal do Psoas: Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo, e o examinador deve realizar a 
hiperextensão passiva de membro inferior direito (ou flexão ativa contra resistência). Inflamação do psoas 
devido a contiguidade com com apêndice. 
 
 
 
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Sinal do obturador: sugere apendicite pélvica, sendo considerado positivo quando existe dor na fossa 
ilíaca direita à flexão do quadril direito com rotação interna do joelho. 
 
Sinal de Dunphy: é a dor em fossa ilíaca direita quando o paciente tosse 
O Sinal de Lenander é um sinal semiológico que, quando presente, é sugestivo de Apendicite. Sua vigência 
é determinada, no decorrer do Exame Físico, pela dissociação entre as Temperaturas Axilar e Retal em 
mais de 01°C. 
ESCORE DE ALVARADO (escore diagnostico)
; 
• 0-3 pontos: baixo risco, paciente pode ser liberado com orientações a retornar se houver 
persistência ou piora dos sintomas 
• 4 -6 pontos: internação e reavaliação. O tratamento cirúrgico é recomendado na persistência dos 
sintomas por mais de 12 horas. 
• 7-9 pontos: tratamento cirúrgico, apendicectomia. 
Apresenta sensibilidade de 95% e uma acurácia de 83% para o diagnóstico de apendicite aguda em 
pacientes com escore de alvarado >7. Naqueles com escore 4 e 6 exames de imagem são recomendados 
(USG ou TC). 
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Exames laboratoriais
Rotina Abdome Agudo 
• EAS: é importante para diagnóstico diferencial para infecção urinária. 
• HEMOGRAMA: O hemograma tem padrão infeccioso em 80% dos casos, com leucocitose e desvio 
a esquerda. Pode ser normal em quadros iniciais 
• AMILASE 
• BETA-HCG: é útil para diagnostico diferencial em mulheres em idade fértil. 
• PCR 
 A proteína-C reativa está normalmente aumentada nos processos inflamatórios e infecciosos. 
Diagnóstico por imagem
A TC é considerada o padrão de referência no diagnóstico de imagem das afecções do apêndice. 
A ultrassonografia (USG) do abdome apresenta elevada sensibilidade, especificidade e acurácia no 
diagnóstico de apendicite. Pode mostrar o apêndice espessado, não compressível e doloroso, com mais 
de 6 mm de diâmetro. Apresenta vantagens em relação à tomografia computadorizada (TC), como rapidez 
na realização do exame, não exposição à radiação e não necessidade de uso do contraste. Os fatores 
limitantes são experiência do operador, índice de massa corpórea e condições clínicas do paciente como 
distensão abdominal, causando interposição gasosa. 
A ressonância nuclear magnética (RNM) do abdome fica reservada aos casos em que o paciente 
não deva ser submetido à radiação, como na gestação, e que ainda haja dúvida diagnóstica mesmo após 
realização do USG. 
 O diagnóstico da apendicite é predominantemente clínico. A radiografia simples do abdome pode 
mostrar distensão do ceco, formação de níveis líquidos em posição ortostática na fossa ilíaca direita, 
apagamento da linha do psoas e até pneumoperitônio nos casos avançados. A imagem radiopaca de 
fecalito na topografia do apêndice reforça o diagnóstico. Entretanto, esses achados podem ser 
encontrados em outras causas de abdome agudo inflamatório e não há evidências na literatura médica 
sobre o papel da radiografia no diagnóstico dos pacientes com apendicite aguda. 
 
Tratamento
• Antibioticoterapia 
• Cirurgia convencional ou laparoscópica 
• APENDICECTOMIA 
 
Apendicectomia aberta: 
1. Incisão 4 cm ponto de Mc Burney 
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2. Apêndice → Junção das tênias 
3. Ligadura da a. apendicular 
4. Ligadura do coto apendicular com fio absorvivel 
5. Sutura em bolsa com fio não absorvível 
 
Apendicectomia laparoscópica: 
1. Anestesia geral 
2. 3 portais 
3. Ligadura da a. apendicular com clips 
4. Ligadura do coto apendicular, com grampeador linear cortante 
 
Cirurgia convencional(AC) ou laparoscópica (AL) A apendicectomia pode ser realizada através de 
uma incisão de McBurney ou transversa na fossa ilíaca direita ou por meio de laparoscopia. A escolha da 
via de acesso deve levar em conta a dúvida ou não no diagnóstico, história de cirurgias anteriores, idade, 
sexo e índice de massa corpórea dos pacientes. As diferenças e comparações entre as duas vias são 
amplamente descritas na literatura, com resultados conflitantes. A laparoscopia torna possível a melhor 
inspeção da cavidade, reconhece outros eventuais diagnósticos e permite a remoção do apêndice com 
segurança, bem como a adequada limpeza da cavidade abdominal. 
A laparoscopia apresenta incontestáveis vantagens para aqueles pacientes com dúvida 
diagnóstica, reduzindo de forma significativa as taxas de apendicectomias não terapêuticas. Os grupos 
que apresentam maior benefício com a via de acesso são: mulheres em idade fértil, obesos e idosos, pela 
qualidade superior do pós-operatório imediato 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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