Direito Empresarial I aula 3 (1)

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DIREITO EMPRESARIAL I
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
Ao empresário é atribuída uma série de obrigações no Código Civil. 
A obrigação é a sua inscrição no Registro Público de Empresa Mercantis (de acordo com o art. 1.150 do Código Civil, o Registro Público de Empresa Mercantil está a Cargo das Juntas Comerciais).
Essa inscrição deve ser feita no órgão da respectiva sede (Estado-membro) do empresário, devendo ser realizada antes de o empresário iniciar sua atividade (art. 967, do CC)
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
É necessário externar que “ato constitutivo” é um gênero do qual são espécies:
O requerimento – ex: empresário individual e da SLU (Sociedade Limitada Unipessoal);
O contrato social – ex: sociedade limitada ou da sociedade simples;
O estatuto social – ex: sociedade anônima ou da sociedade cooperativa.
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
Quanto à inscrição do empresário, deverá ser feita mediante requerimento (por meio de formulário disponibilizado pela Junta Comercial).
Esse requerimento deverá conter seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil, regime de bens (se for casado), firma (nome empresarial) com assinatura, capital (a ser empregado na constituição), objeto e sede da empresa (art. 968, caput, I e IV).
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
A Lei Complementar – LC n. 147/2014 alterou o inc. II do art. 968 do CC, o qual passou a dispor que a firma (assinatura autografa) poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certidão digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, na forma estabelecida pelo CGSIM – Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios.
OBS: respeitando o que prevê o inciso I do §4º da LC n. 123/2016 – Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
EX: no caso de sociedade empresária o ato constitutivo ocorre por meio do registro de contrato social, que por sua vez deve obedecer aos requisitos dos arts. 997 a 1000, do CC.
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
A inscrição do empresário será anotada no livro de Registro Público de Empresa Mercantil e, além disso, quaisquer modificações deverão ser averbadas – art. 968,§§1º e 2º do CC.
O empresário que desejar tem uma filial em outra jurisdição deverá providenciar a sua inscrição no registro (localidade da filial), comprovando a inscrição da matriz – art. 969, § único, do CC.
A abertura de filial obriga-o a efetuar averbação no registro da matriz, informando o ocorrido – art. 969, § único, do CC.
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
A inscrição do empresário tem como finalidade:
1- tornar pública a sua atividade, bem como sua finalidade empresarial e suas disposições do ato constitutivo;
2- efetuar o cadastro do empresário, o que gera um número de matrícula conhecido como NIRE- Número de Inscrição no Registro de Empresas – que, entre outras coisas, servirá para a obtenção do CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica- junto à Receita Federal;
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
3- proteger sua identificação e seu nome empresarial, o que é garantido pelo princípio da anterioridade, ou seja, quem primeiro registrar aquele nome goza de proteção;
4- estabelecer o início de sua existência – art. 45,CC- e assegurar a separação patrimonial e a limitação de responsabilidade patrimonial dos sócios por dívidas sociais, pois com a inscrição a sociedade adquire personalidade jurídica- art. 985, do CC. 
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
Além da inscrição o Código Civil prevê outras obrigações:
A escrituração uniforme de livros mercantis – art. 1.179, caput, do CC- significa que a escrituração deve ser feita respeitando os princípios da Contabilidade, como a ordem crescente de datas em dias, mês e ano;
A adoção de livros obrigatórios – art. 1.180, caput, do CC- o Diário é obrigatório para todos os empresários, porém, dependendo da circunstância , existem outros livros obrigatórios, como o livro de Registro de Duplicatas para empresários que emitem duplicatas; 
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
3- o levantamento anual do balanço patrimonial e do resultado econômico – art. 1.179, caput, do CC- o balanço patrimonial reflete todo o histórico da empresa: ativo (bens e direitos), passivo (obrigações) e patrimônio liquido, sendo este positivo ou negativo, a depender se o ativo é maior ou menor que o passivo. 
Já o balanço de resultado econômico mostra apenas as receitas e as despesas de determinado período, por exemplo, o último ano de exercício.
O resultado será de lucro ou de prejuízo, dependendo se as receitas foram maiores ou menores que as despesas.
INSCRIÇÃO E OBRIGAÇÃO
4- a boa guarda da escrituração, da correspondência e dos demais documentos concernentes à atividade empresarial – art. 1.194, do CC- a conservação deve ocorrer pelo período mínimo dos prazos de prescrição e decadência, dependendo de cada tipo de obrigações.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
A palavra “empresário” é gênero do qual o empresário individual, a sociedade empresária e a empresa individual de responsabilidade limitada são espécies.
EX: Microempresa- ME
 Empresa de pequeno porte – EPP
 Microempreendedor individual – MEI
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
OBS: a ME, EPP e MEI, não são necessariamente novas espécies de empresário, mas sim formas simplificadas do ponto de vista contábil e fiscal/tributário.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Empresário individual é aquele que, independentemente do motivo, opta por desenvolver sua atividade econômica isolado, sem a participação de sócios.
Segundo o doutrinador Sergio Campinho;
“o empresário individual é a pessoa física titular de uma atividade empresarial, que por sua vez não se confunde com o sócio da sociedade empresarial. O sócio não é empresário, mas, sim, integrante do quadro social de uma sociedade empresária.”
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Ao empresário individual é assegurado:
“à inscrição (a lei considera isso um dever), à recuperação de empresas (judicial e extrajudicial), à autofalência, a requerer a falência de outro empresário sendo credor de título extrajudicial (sem precisar de sentença transitada em julgado, como é exigível para os demais credores que não sejam empresários regulares), à utilização dos seus livros como prova em processo judicial, à proteção da sua identificação (nome empresarial)”
OBS: todos esse direitos também são direitos assegurados à sociedade empresária e às SLU (Sociedade Limitada Unipessoal).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
OBS: o empresário individual não goza da limitação de responsabilidade e da separação patrimonial, princípios inerentes às sociedades empresárias e às SLU (Sociedade Limitada Unipessoal).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Em sua atividade solitária, o empresário individual, não se considera em separado o patrimônio da empresa e o patrimônio pessoal, logo, a responsabilidade do empresário individual pelas obrigações firmadas em razão do seu negócio é ilimitada, ou seja ele responde, inclusive, com o seu patrimônio pessoal, ainda que sua empresa tenha patrimônio próprio.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
OBS: não há o que se falar da aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, justamente porque a responsabilidade do titular da atividade empresarial é ilimitada.
OBS 1: pode-se-ia questionar o que levaria um empresário a matricular-se na Junta Comercial? Resposta os benefícios:
“a regularização do empresário individual assegura os seguintes direito: recuperação de empresas, uso dos livros contábeis como prova em processo judicial, vantagens tributárias (que somente são possíveis se tiver um CNPJ – mantido pela Receita Federal).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
O empresário individual pode admitir sócios, neste caso solicitará ao Registro Público das Empresas Mercantis a transformação de sua inscrição como empresário individual para sociedade empresarial – art. 968,§3º, do CC.
Poderá solicitar sua transformação para SLU (Sociedade Limitada Unipessoal).
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
A sociedade empresária, como espécie do gênero empresário, é um contrato (acordo de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica de direito patrimonial)Os sócios podem ser pessoa físicas ou jurídicas, não existe sociedade que envolva apenas uma pessoa. Uma sociedade pressupõe no mínimo duas partes. As partes que firmam um contrato de sociedade passam a ser sócias.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A SOCIEDADE EMPRESÁRIA:
Separação patrimonial
Limitação da responsabilidade
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Separação patrimonial – (autonomia patrimonial)
O patrimônio da empresa é diferente do patrimônio pessoal dos sócios, pois estes ao constituírem uma sociedade fazem um aporte de bens ou capital para formar o patrimônio da empresa. Isso faz com que o seu patrimônio de sócio (pessoa física ou jurídica) seja diferente do patrimônio da empresa (sociedade), sendo que, em geral, seu patrimônio pessoal não poderá ser afetado por dividas da sociedade.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Limitação da responsabilidade:
A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de sua participação na sociedade, ou seja, ao valor da suas quotas ou ações (dependendo do tipo societário, pois em alguns casos isso não acontece). Assim, ao se constituir uma sociedade a responsabilidade dos sócios é limitada se ocorrer insucesso da atividade.
Esse limite é, em regra, o valor das respectivas quotas de cada sócio do capital social da sociedade- art. 1.052, do CC.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Como um ente dotado de personalidade jurídica, com direitos, deveres e patrimônios próprios, a sociedade responde por suas dívidas com todo o seu patrimônio empresarial.
A constituição de uma sociedade empresária garante, via de regra, a separação patrimonial dos bens da empresa em relação aos bens dos sócios, bem como a limitação de responsabilidade dos sócios pelas dívidas da empresa ao valor de suas respectivas quotas, salvo em caso de desconsideração da personalidade jurídica.
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
OBS: o princípio da separação patrimonial e da limitação da responsabilidade não são aplicados aos empresários individuais, pois não há separação de patrimônio (civil e empresarial) nem limitação de responsabilidade (seu patrimônio é único e responde por todas as dívidas de qualquer natureza, civil ou empresarial).
EMPRESA RURAL
Empresário rural é aquele que desenvolve atividade: agrícola (cultivo/produção de vegetais em geral); pastoril/pecuária (criação e engorda de animais); extrativa (obtenção de recursos prontos da natureza, sem a necessidade de manejo humano, como a pesca, a caça ou a extração de látex de seringueiras); ou agroindustrial ( industrialização/transformação de produtos agrícolas ou pastoris, como a produção de leite pasteurizado ou suco industrializado).
EMPRESA RURAL
A atividade rural sempre foi tida como uma matéria jurídica excluída do direito empresarial, tendo em vista que, a princípio, a natureza desta atividade está relacionada à criação de animais e ao cultivo de vegetais para o sustento próprio e da família.
Aquele que desenvolve atividade rural, se optar por efetuar sua inscrição, deverá fazê-la no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, devendo cumprir toadas as formalidades estabelecidas pelo art. 968 aos empresários: nome, nacionalidade, domicílio, estado civil, regime de bens (se for casado), firma, com assinatura autografa, capital, objeto e sede. 
EMPRESA IRREGULAR, INFORMAL OU DE FATO
A inscrição do empresário de acordo com o art. 967, do CC é obrigatória. Se o empresário optar por não efetua-la, será considerado empresário irregular. O mesmo vale para sociedade que não registrou seu contrato social, denominada sociedade irregular.
Irregular: existe um contrato escrito, mas não foi registrado;
Informal: aquela que não efetuou seu registro no órgão competente;
De Fato: quando nem sequer existe um contrato escrito, e sim apenas um acordo verbal entre sócios.
EMPRESAS, EMPRESÁRIOS, SÓCIOS E CÔNJUGES
Cônjuges podem ser sócios, ou seja, podem constituir uma sociedade empresarial. Pela regra não há impedimento para contratarem sociedade entre si ou com terceiros. As exceções ficam por conta de quem é casado pelo regime da comunhão universal de bens ou pelo regime da separação obrigatória.
Todos os atos que envolvam o empresário devem ser registrado no Registro Público das Empresas Mercantis, como doação, pacto antenupcial, separação, visando que aqueles que contratem com o empresário possam ter acesso às informações e noção de como está o seu patrimônio, para fins de cumprimento das obrigações, principalmente no caso de desconsideração da personalidade jurídica. 
REGISTRO
A finalidade dos registros é dar publicidade a atos jurídicos.
As atividades empresárias (empresário individual ou sociedade empresária) são inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis.
As atividades intelectuais (sociedades simples) são inscritas no Registro Civil das Pessoas Jurídicas – art.1.150, do CC.
REGISTRO
Se a atividade intelectual for exercida por um profissional liberal ou autônomo (se não há sociedade), basta o seu registro na Prefeitura, pois não há inscrição no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, nem no Registro Público das Empresas Mercantis.
O prazo para apresentação dos documentos para a realização do registro deve ser feito em 30 dias a partir da assinatura do ato constitutivo, sob pena de responsabilidade por perdas e danos- art. 1.151,§§1º e 3º, do CC.
REGISTRO
Cabe ao órgão registral verificar a regularidade e a legitimidade do requerimento de registro – arts. 1.152 e 1.153, do CC.
Antes de cumpridas as formalidades perante o órgão competente, o ato sujeito a registro não pode ser oposto a terceiros, isso porque não houve publicidade do ato, não produzindo, portanto, efeitos perante terceiros.
EX: alegar responsabilidade limitada do sócio antes da inscrição do contrato social. – art. 1.154, do CC.
RESGITRO PÚBLICO DE EMPRESA MERCANTIL – JUNTA COMERCIAL E DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO - DREI
As Juntas Comerciais são órgãos locais, com funções executoras e administrativas dos serviços de registro.
Há uma Juntas Comerciais para cada Estado.
RESGITRO PÚBLICO DE EMPRESA MERCANTIL – JUNTA COMERCIAL E DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO - DREI
As finalidades das Juntas Comercias:
“dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos empresariais, efetuar o registro de ato constitutivo do empresário, bem como as suas alterações e seu cancelamento, arquivar documentos, autenticar instrumentos de escrituração empresarial, assentar os usos e as práticas mercantis, efetuar as matrículas de leiloeiros, administradores de armazéns, tradutores públicos e intérpretes comerciais, elaborar tabela de preços dos serviço e os regimentos internos. “
RESGITRO PÚBLICO DE EMPRESA MERCANTIL – JUNTA COMERCIAL E DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO - DREI
O DREI é o órgão central, hierarquicamente superior, que tem a finalidade de atuar junto às Juntas Comerciais, supervisionando, fiscalizando, estabelecendo normas, solucionando dúvidas etc.
REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Regras estabelecidas pela Lei n 6.015/73, arts. 114 e ss.
O Registro Civil das Pessoas Jurídicas também recebe o nome popular de “cartório”.
No Registro Civil das Pessoas Jurídicas são registradas as sociedades simples (que realizam atividades intelectuais de natureza literária, artística e científica) e outras pessoas jurídicas não enquadradas como atividade empresarial, como as associações e as fundações.