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Síndrome do ovário policístico Stein e Leventhal descreveram em 1935 (hiperandrogenismo e anovulação crônica) somados ao aspecto policístico em ovários de mulheres obesas Síndrome acompanha a mulher em toda a vida reprodutiva • Distúrbio menstrual e hiperandrogenismo cutâneo, em geral • Infertilidade na vida adulta • Maior risco de desenvolvimento de doenças cardiometabólicas antes e após a menopausa Epidemiologia • Varia de 4% a 20% durante o período reprodutivo • Diversidade de fenótipos e abrangência nos critérios diagnósticos trazem dificuldade na exata epidemiologia • Maioria dos estudos prevalência de 5% a 10% da população feminina Etiopatogenia Problemas na gestação podem ter repercussões negativas para o RN (baixo peso ao nascer ou macrossomia) Fator genético ou hereditário • Filhas de mães com SOP tem risco elevado de desenvolvê-la + de 100 variações gênicas em pacientes com SOP • Conjunto com fatores ambientais, comportamentais e psíquicos Fisiopatogenia - SOP Hiperandrogenismo Interferência no eixo córtico-hipotalâmico-hipofisário: • Androgênios maior produção de estrogênios pela ação da aromatase, com mudança no padrão cíclico normal do GnRH. • Incremento da frequência e amplitude de pulsos de GnRH, com maior produção e liberação de LH. • Relativa diminuição do FSH pelo aumento da inibina B, produzida nos pequenos folículos, e altos índices de estrona, consequente à maior produção de androstenediona. Ovários • Alterações gonadotróficas causam a interrupção do crescimento folicular – micropolicistose e hipertrofia do estroma ovariano, microambiente hiperandrogênico. • Hipótese de maior população folicular, propiciando maior produção de esteroides sexuais, com retroalimentação do eixo. • Maior concentração de hormônio mulleriano. Insulina Mulheres com resistência a insulina, possuem maior predisposição ao SOP. Mecanismo de resistência à insulina: defeito pós-receptor de insulina: • Maior fosforilação nos resíduos de serina do receptor de insulina, o que aumenta a produção de androgênios • Queda do número de proteínas GLUT-4 na superfície da membrana plasmática, dificultando o ingresso da glicose intracelular. Consequente hiperinsulinismo compensatório, resposta do pâncreas, podendo predispor à intolerância à glicose ou até DM A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da teca interna e estroma ovariano, com aumento da produção de androgênios Hiperinsulinemia, em nível hepático, causa redução dos níveis de SHBG (carregador que anda junto com o androgênio da testosterona, quando ele está junto ela não está ativa, quando fica sem o carregador torna-se na forma ativa), com maior fração de androgênios livres Diagnóstico Exclusão Imaturidade do eixo hipotálamo-hipofisário-ovariano: processo fisiológico e transitório de anovulação da adolescência Outras causas de hiperandrogenismo: • Disfunção da tireóide, • Hiperprolactinemia, • Tumor ovariano ou da suprarrenal, • Defeitos de sístese de suprarrenal, • Síndrome de Cushing • Uso de substância androgênicas (anabolizantes) História: • Irregularidade menstrual: ciclos alongados ou períodos de amenorreia • Queixas de pelos excessivos pelo corpo • Infertilidade por anovulação Exame físico: Sinais clínicos de hiperandrogenismo: • Acne • Hirsutismo: hipertricose não significa aumento da ação dos androgênios • Alopécia androgenética Acantose nigricans: resistência à insulina – aproximadamente 18% das mulheres com RI Exames complementares: • USG pélvico: ovários de volume aumentado, acima de 10 cm3, com mais 12 microcistos de até 9 mm, na periferia do ovário • Dosagens hormonais: TSH, T4 livre, FSH, prolactina, testosterona total, 17-OH-progesterona e cortisol Vários consensos para critérios diagnósticos Mais utilizado atualmente Consenso de Rotterdam (2003): 2 dos 3 critérios → IMPORTANTE SABER • Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial • Disfunção ovulatória • Imagens de ovários policísticos ao USG Tipo D, é o mais raro. Não precisa saber a tabela Dica: • All • Básica • Cicla • Depilada Distúrbio do metabolismo de carboidratos Identificação de resistência insulínica, intolerância à glicose ou DM • Avaliação da insulina e glicemia de jejum (cálculo de HOMA-IR - > 3) • GTT 75g: > 1j40 (após 2 horas da sobrecarga) Associação com síndrome metabólica - 3 dos 5 critérios: • Cintura abdominal maior que 88 cm • HDL menor que 50 mg/dL • Triglicerídeos > 150 mg/dL • PA > 135X85 mmHg • Glicemia de jejum > 100 mg/dL Conduta Mudança do estilo de vida • Diminuir sedentarismo (40 minutos por dia pelomenos 3 X por semana) • Melhorar a dieta nutricional (redução calórica e adequação) • Acompanhamento psicológico de suporte para redução do estresse, ansiedade e depressão Redução de 5% a 10% do peso corporal pode melhorar o padrão menstrual, reduzir a resistência insulínica e atenuar os efeitos do hiperandrogenismo cutâneo Tratamento medicamentoso – insulina Resistência insulínica: quando a rsposta à mudança do estilo de vida foi inadequada, ou acantose nigricans ou obesas com AF de DM2: • Metformina (Glifage®): melhora o padrão menstrual e diminui os níveis de androgênios. Efeito na indução de ovulação. Checar funções hepáticas e renais. Iniciar com dose mais baixa (250 a 500 mg ao dia) e aumentar progressivamente (até 2.500 mg ao dia). Ovulação em 78% a 96%. • Liraglutida (Saxenda®): obesas e com ovários policísticos. Perda de peso e melhora RI Obesidade mórbida: cirurgia bariátrica pode ser uma opção Correção de dislipidemias: cuidado pois as estatinas podem piorar a resistência à insulina Distúrbio menstrual Adolescentes com disfunção menstrual sem hiperandrogenismo cutâneo: progestágenos • Intermitente (15 ao 25º do diclo) • Contínuo • Proteção endometrial (a cada 3 meses) Necessidade de contracepção: • ACHO • DIU liberador de levonorgestrel Tratamento medicamentoso – hiperandrogenismo Casos mais intensos de hiperandrogenismo, em que os contraceptivos não são suficientes Acetato de ciproterona: ação central e periférica. Não precisa saber. • Central: Bloqueia a liberação de gonadotrofinas hipofisárias, reduzindo a produção androgênica pelo ovário. • Periférica: atua no folículo piloso, impedindo a ligação da diidrotestosterona (DHT) aos seus receptores e inibia a atividade da 5-alfarredutase • 25-100 mg diários do 5º ao 14º dia do ciclo. Associar a anticoncepcional Espironolactona (utilizado em ICC): antagonista da aldosterona, forte efeito antiandrogênico, inibe a síntese de testosterona nas células produtoras de esteroides, tanto na gônada como suprarrenal. 100-200 mg ao dia por 6 meses. Manutenção 25-50 mg ao dia. Associar a contraceptivo. Infertilidade Indutores de ovulação • Clomifeno: modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM), induz a expressão de receptores de FSH e LH, maturação folicular, níveis elevados de estradiol. Postura ovular e normalização de retroalimentação acíclica. 50 mg ao dia, por 5 dias, a partir do 3º, 4º, ou 5º dia do ciclo. • Sensibilizadores do receptor de insulina, como metformina e mioinositol: podem diminuir os níveis de insulina e facilitar a ovulação • Tamoxifeno: modulador seletivo do receptor de estrogênio – 20 a 40 mg ao dia • Letrozol: inibidor de aromatase – 2,5 mg ao dia, com resposta superior ao clomifeno – provável primeira linha • Ciclos de estímulo com goandotrofinas em caso de falhas Terapia cirúrgica: exceção - terapêutica videolaparosc[opica com furos no ovário (drilling) Hiperprolactinemia Fisiologia - Aumento dos níveis séricos de prolactina (PRL) - Prolactina é produzida pelos lactotrofos, células especializadas da adeno-hipófise. - Também sintetizada noslinfócitos, decídua placentária e nas células endometriais. - Secreção pulsátil → IMPORTANTE SABER • Concentrações maiores durante a noite, na dependência do sono • Fatores inibitórios (PIF): dopamina, neurotransmissor produzido no hipotálamo, inibindo a síntese e secreção de prolactina • Fatores estimulatórios (PRF): hormônio liberador da tireotrofina (TRH), ocitocina, estrogênio • Ação especialmente no tecido mamário. • Estimula o desenvolvimento e a diferenciação do tecido mamário durante a gestação • Efeito estimulador sobre a síntese de proteínas do leite, lipídeos e carboidratos • Apenas após o parto, com a queda dos níveis de estrogênio e progesterona Epidemiologia • Anormalidade mais comum do eixo hipotálamo- hipófise, predominante no sexo feminino • Prevalência estimada de 0,2% na população • Prevalência 20% a 30% em amenorreias secundárias → mulheres que parou de menstruar, mas já menstruou na vida • Prevalência 25% em galactorréia • Prevalência 75% em amenorreia e galactorréia • Hiperprolactinemias de causas não fisiológicas: o 25,6% alterações hipofisárias o 45,9% causas farmacológicas o 7,5% macroprolactinemia o 6,1% hipotireoidismo o 15% idiopáticas Quadro clínico • ↑ da prolactina leva à inibição da secreção do GnRH pelo hipotálamo, com diminuição LH e FSH e consequente ↓ do estrógeno, quadro de hipogonadismo hipogonadotrófico • Hipoestrogenismo: diminuição da libido, dispaurenia, diminuição da densidade mineral óssea • Disfunções ovulatórias, encurtamento da fase lútea e infertilidade • ↑ androgênios por ↓ SHBG, decorrente do hipoestrogenismo: acne e hirsutismo • Distúrbios menstruais e sexuais • Expansão parasselar como cefaleia diplopia, distúrbios neurológicos • Exame físico: galactorréia, bócio, sinais de hiperandrogenismo, perda do campo visual lateral e até lesões traumáticas em tórax • Descartar gestação por B-HCG • Dosagem sérica basal prolactina (recomendações para exame: 20 minutos de repouso, evitar relação sexual e exercício físico na noite anterior) • Ressonância magnética de sela túrcica Patogênese Causas – não precisa decorar Fisiológicas: • Gravidez, amamentação, estresse, exercício físico, estimulação dos mamilos, relação sexual e sono Medicamentosas: causa mais frequente de hiperprolactinemia não fisiológica • Antipsicóticos e antidepressivos: antagonista receptores dopaminérgicos na hipófise anterior Patológicas: • Tumores ou lesões hipotalâmicas e hipofisárias: microprolactinoma (< 10mm) e macroprolactinoma (> 10 mm) – 20% a 30% dos casos de hiperprolactinemia patológica Doenças sistêmicas e distúrbios endocrinológicos: cirrose hepática (20%), insuficiência renal crônica (30%), hipotireoidismo primária (40%) Idiopática Tratamento Induzida por medicamento: descontinuar o uso do medicamento, se possível Prolactinomas: agonistas dopaminérgicos: náuseas, cefaleia, vomitos • Bromocriptina: 2,5 mg 2 X por dia • Cabergolina: 0,5 mg via oral 1 a 2 X por semana Hiperandrogenismo • Amplificação dos efeitos dos androgênios em seus receptores na unidade pilossebácea • Alteração na esteroidogênese adrenal ou ovariana, com ↑ dos níveis séricos de androgênios na mulher • Aparecimento de acne, aumento da oleosidade da pele, hirsutismo e alopecia • Níveis mais elevados: clitorimegalia, alteração o timbre de voz, ganho de massa muscular, atrofia mamária e modificações comportamentais Quadro clínico • Acne • Hirsutismo • Alopecia androgenética • Aumento da oleosidade da pele Etiopatogenia Esteroidogênese • Substrato básico colesterol • Alterações enzimáticas como deficiência parcial da 21-hidroxilase – dosagem 17-OH progesterona, faz parte da investigação clínica para diferenciar se é uma causa da suprarrenal ou ovariana. Risco cardiovascular • Associação hiperandrogenistmo e maior risco cardiovascular • Associação ↑ androgênios com hiperinsulinemia, distribuição androide de massa gorda e alterações nos lipídios • Indução resistência à insulina no músculo esquelético • Obesidade: maior parte da testosterona circulante é sintetizada nos tecidos periféricos, a partir de DHEA e S-DHEA de origem adrenal • Elevação de insulina determina menor síntese de SHBG pelo fígado • Alterações lipídicas com perfil aterogênico Causas Diagnóstico • Acne • Hirsutismo • Alopecia androgenética • Virlização • Síndrome HAIR-NA Tratamento Tratar a causa. • Medidas não farmacológica, redução de peso, dieta hipocalórica e hipolipídica • Inibir/eliminar a fonte androgênica • Tratar acne, hirsutismo, alopecia e sinais de virilização • Regularizar as alterações menstruais → não deixar o endométrio ficar muito espessado • Melhorar perfil metabólico, corrigir dislipidemia Tratamento medicamentoso é o mesmo da SOP. IMPORTANTE: saber diferencias, SOP, hiperandrogenismo e hiperprolactinemia.
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