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O Processo Civil no Direito de Família

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TATIANA DE CÁSSIA GIMENES
Atualizado e Revisado por
É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer 
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos 
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em 
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação 
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1 . Sociedade conjugal e a proteção estatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 . Modalidades de formação familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.1 Família formal ou matrimonial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8
2.2 Família informal ou decorrente de união estável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
2.3 Família monoparental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
2.4 Família anaparental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
2.5 Família pluriparental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
2.6 Família eudemonista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
2.7 Família paralela ou poliafetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
2.8 Família homoafetiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
2.9 Família formada em estados intersexuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
2.10 Concubinato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
2.11 Casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
2.12 União estável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.13 O reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil . . . . 23
3 . Dissolução do casamento e da sociedade conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Emenda Constitucional nº 66/10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.2 Divórcio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Dissolução do vínculo matrimonial pela via administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4 . Procedimentos à luz do Novo Código de Processo Civil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5 . Proteção dos hipervulneráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5.1 Tutela e curatela em conformidade com o Estatuto da Pessoa com Deficiência 33
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Pág. 4 de 44
INTRODUÇÃO
Esta aula tem como fundamento a conceituação de temas e institutos caros ao Direito Material 
e Procedimental. O Código de Processo Civil vigente a partir de 18 de março de 2016, após vacatio 
legis, promoveu alterações e inovações substanciais para a aplicação processual do Direito das 
Famílias.
Questões como prazos e procedimentos serão abordadas, mas não sem antes serem conceituados 
os institutos estruturais para essa área do Direito.
Falaremos sobre a sociedade conjugal e a proteção estatal garantida pelo Direito Material e 
Constitucional. Nessa toada, serão discutidos temas atuais como a proteção a todas as modalidades 
de formação familiar, incluindo, como não poderia deixar de ser, a formação conjugal homoafetiva 
e suas questões controvertidas.
Dando sequência, serão abordadas as modalidades de casamento reconhecidas, protegidas e 
amparadas pela legislação, de modo a traçar as diferenças e as questões comuns à união estável. 
Nessa seara, será indispensável a tratativa acerca do reconhecimento da inconstitucionalidade do 
art. 1.790 do Código Civil. Dessa forma, será possível demonstrar ao aluno as discussões aventadas 
por esse reconhecimento.
A dissolução conjugal será trabalhada pelo viés judicial e pela possibilidade administrativa 
realizada em cartório, questões que foram trazidas pela Lei nº 11.441/07 e recepcionadas pelo atual 
Código de Processo Civil.
Além disso, embora não seja inovação trazida pelo novo Código, serão tratados os aspectos 
relevantes às questões processuais aplicadas ao Direito das Famílias da Emenda Constitucional 
nº 66/10. Esta trouxe à baila diversas questões, como a continuidade do instituto da separação 
judicial, muito debatida até a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, que claramente 
manteve a importância e a aplicabilidade do instituto ora referido.
Enfocaremos os novos procedimentos e prazos atinentes ao processo civil aplicados ao Direito 
das Famílias. Nessa ocasião, será possível adentrar questões principiológicas aplicáveis ao processo 
como um todo e também ao Direito das Famílias, com princípios como: acesso à justiça, celeridade, 
economia processual etc.
Pág. 5 de 44
Por fim, exploraremos o tema da proteção dos hipervulneráveis, com conceituação e questões 
processuais aplicadas à tutela e à curatela, especialmente tendo como base as alterações trazidas 
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146/15.
1. SOCIEDADE CONJUGAL E A PROTEÇÃO ESTATAL
O Direito das Famílias encontra guarida constitucional e infraconstitucional, especialmente nos 
princípios que alicerçam o Direito material. São eles, principal, mas não exaustivamente:
a) Princípio da proteção à dignidade da pessoa humana: incontestável derivação do princípio 
constitucional conferido pelo art. 1º da Constituição Federal de 1988.
Tem como fundamento a especial atenção ao ser humano, seja em aspectos de direitos e deveres 
individuais e coletivos, seja nos direitos sociais que garantem o mínimo existencial dos indivíduos.
Especialmente no tocante ao Direito das Famílias, é possível exemplificar a aplicabilidade 
de tal princípio com a leitura da Súmula 364 do Superior Tribunal e Justiça, a que se refere à 
impenhorabilidade do bem de família e sua extensão para pessoas solteiras, separadas ou viúvas, 
além da proteção ao abandono afetivo e intelectual.
FIGURA 1 – Sociedade conjugal
Fonte: Tom Wang / ostill / shutterstock
b) Princípio da solidariedade: é importante colocar foco, também, na questão 
extrapatrimonial da solidariedade, estendida para questões psicológicas e afetivas.
 As palavras de ordem desse princípio são cooperação, mútua assistência e respeito entre 
os membros da entidade familiar. Desse modo, é possível afirmar que tal proteção ou prescrição 
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está contida em preceitos constitucionais e infraconstitucionais, por exemplo, a responsabilidade 
objetiva dos pais em relação aos seus filhos.
c) Princípio da igualdade entre homens e mulheres: relacionado ao princípio deisonomia. 
Este conjuga preceitos de outro princípio muito caro ao Direito das Famílias e que pode 
ser abarcado com ele em um único tópico: o princípio da igualdade entre cônjuges e 
companheiros.
Esses princípios conferem igualdade de direitos e, também, de obrigações entre os cônjuges ou 
os companheiros. Para ambos os princípios, imperam questões como respeito e lealdade mútuos, 
além de assistência entre os pares, guarda, educação e sustento dos filhos.
d) Princípio da não interferência: mais uma prova do viés privatista do Direito das Famílias, 
embora tenha a proteção e reconhecimento garantidos pelo Estado.
Tal proibição de interferência não se destina apenas ao Estado, mas, também, a pessoas alheias 
à relação conjugal e/ou familiar.
e) Princípio do melhor interesse do menor: tal princípio é bastante ressaltado pelo Estatuto 
da Criança e do Adolescente, não obstante a existência de artigos específicos no Código 
Civil.
O melhor interesse do menor, ou da criança, é vislumbrado em questões como adoção, seja ela 
unilateral ou bilateral, por pessoas heterossexuais ou homossexuais (não obstante outras orientações 
sexuais também protegidas pela legislação e jurisprudência), destituição de poder familiar etc.
Um grande avanço para a aplicabilidade de tal princípio encontra guarida na Lei nº 13.257/16, 
que dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância, sempre com respaldo no Estatuto 
da Criança e do Adolescente.
FIGURA 2 – Garantia do melhor interesse o menor
Por KonstantinChristian/ shutterstock
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f) Princípio da afetividade: toma a forma de um desdobramento do princípio do respeito à 
dignidade da pessoa humana, bem como do princípio da solidariedade, também abarcado 
por esse curso.Tal princípio é bastante trabalhado pela doutrinadora vanguardista Maria 
Berenice Dias (2008) e pode ser conceituado como a representação do afeto e do carinho 
entre os membros da sociedade familiar, corroborando o auxílio na formação dos menores, 
independentemente do vínculo biológico.
g) Princípio da função social: por fim, em relação aos princípios, há a conceituação do 
princípio da função social.
É importante relembrar as lições iniciais acerca do Direito Civil. O Código Civil de 2002, capitaneado 
por Miguel Reale, tem como estruturas e pilares a eticidade (boa-fé), a socialidade (função social 
de diversos institutos e prevalência de valores coletivos) e a operabilidade (efetivação do Direito). 
Assim, o Direito das Famílias é pautado por esses pilares.
Especificamente, o princípio da função social, no Direito das Famílias, é a demonstração do 
encontro dos diversos princípios e a efetivação da função social da família, respaldado por legislação 
e jurisprudência, em busca da realização das ambições e vontades dos integrantes da sociedade 
familiar.
Demonstrados os princípios norteadores do Direito das Famílias, é imperioso dizer que, embora 
este esteja inserido no rol pertencente ao Direito Privado, há cristalina atuação estatal para a garantia 
e proteção desse instituto tão caro à sociedade.
É importante mencionar ainda que, dentro do Direito das Famílias, há uma infinidade de normas 
cogentes ou de ordem pública, das quais o indivíduo não pode dispor, como reconhecimento de 
paternidade e prestação de alimentos. Porém isso não afasta o caráter privado desse ramo do Direito.
2. MODALIDADES DE FORMAÇÃO FAMILIAR
A pós-modernidade ocasionou na atualidade social diversas mudanças e evoluções. O Direito 
das Famílias não fica de fora. Há notável interpretação social nas alterações recentes sobre a 
proteção conferida às formações familiares pelo Estado.
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FIGURA 3 – Formação familiar pós-moderna
Fonte: Por 4victory/ shutterstock
Assim, faz-se necessária a demonstração das formações familiares reconhecidas pela moderna 
doutrina e jurisprudência.
2.1 Família formal ou matrimonial
Estritamente, família formal ou matrimonial é aquela composta por um casamento. Por óbvio, 
diante das recentes alterações com reconhecimento inicial da possibilidade do casamento entre 
pessoas do mesmo sexo, este também é considerado como tal, porém será tratado em tópico 
específico, tamanha sua importância.
 Essa formação familiar, para ser considerada válida, deve seguir, rigorosamente, os requisitos 
ditados pela legislação. Em primeiro lugar, os preceitos constitucionais:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
[...]
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e 
a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Também pode ser visto pelo viés do Código Civil: “Art. 1.514. O casamento se realiza no momento 
em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo 
conjugal, e o juiz os declara casados”.
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O casamento, para ser válido, deve seguir uma série de requisitos, sendo primordial a análise 
quanto a capacidade dos nubentes, em termos etários, e ausência de impedimentos. Sanada essa 
análise, é indispensável a observância das seguintes etapas:
FIGURA 4 – Etapas para o casamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.2 Família informal ou decorrente de união estável
Assim como o casamento, inicialmente, a união estável também só garantia a proteção e a 
possibilidade de reconhecimento da entidade familiar para casais heteroafetivos.
Em termos conceituais, a união estável, prevista pelo Código Civil e em legislação esparsa, 
configura a efetivação do princípio da primazia da realidade, vez que, se o casal ostenta o status 
familiar, não há motivos para não existir a proteção do Estado. De outra forma, haveria notável 
insegurança jurídica .
 Não há que se falar em concubinato, mas sim união estável ou convivencial. Esta, assim como 
o casamento, depende de análise de ausência de impedimentos para a constituição familiar, de 
outra sorte, será considerada como concubinato, conforme a redação do art. 1.727 do Código Civil.
É importante ter em mente que há a possibilidade de escolha do regime de bens, assim como 
no caso do casamento. Caso os conviventes optem pela omissão, serão aplicadas as regras do 
regime de comunhão parcial de bens. Não há a estipulação de prazo para a configuração da união 
estável. O mero cumprimento dos requisitos trazidos pelo art. 1.723 do Código Civil é suficiente 
para a configuração e reconhecimento dela.
Pág. 10 de 44
QUADRO 1 - Diferenças entre casamento e união estável
União estável Casamento
Não exige formalidade É realizado por um ato formal
Ocorre após um período de convivência pública Tem efeito imediato
Não altera o estado civil O estado civil passa de solteiro para casado
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.3 Família monoparental
Muito comum na pós-modernidade, a família monoparental trata-se daquela formada por apenas 
um dos genitores (ou adotantes) e seus filhos. Tal formação familiar é muito presente na fila de 
adoção, e a jurisprudência tem sido favorável à proteção conferida a essa modalidade.
Recentemente, o desembargador Darcio Lopardi Mendes de Minas Gerais conferiu igualdade 
de direitos para pai e mãe no caso de adoção unilateral. No processo, o pai (adotante) pleiteava a 
possibilidade de gozar da licença paternidade em igualdade de direitos conferidos a uma mulher 
na mesma situação. Em primeira instância, o pedido foi indeferido, porém foi conferido em sede 
de recurso:
Tanto maternidade quanto paternidade, desempenham papel primordial quando 
inseridos em um contexto de uma família monoparental, devendo, neste caso, 
serem ambos resguardados de igual maneira, sem qualquer distinção entre as suas 
formas. Na hipótese dos autos, o agravante é solteiro e procedeu à adoção da menor 
M.F.A.N. sendo, portanto, o único responsável pela tutela e bem-estar da infante. 
Por conseguinte, necessita de mais tempo para acompanhar o dia a dia da criança 
em tenra idade, devendo-se garantir a eletempo idêntico ao que seria concedido à 
adotante do sexo feminino. (TJMG – Agravo de Instrumento: 1.0000.16.088004-3/001 
0880043-92 .2016 .8 .13 .0000 (1))
Pág. 11 de 44
Decisões dessa natureza efetivam os princípios inerentes ao Direito das Famílias e causam 
muita satisfação no meio jurídico e social.
CURIOSIDADE
O site Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) apresentou a proposta de um anteprojeto de 
lei do Estatuto da Adoção no XI Congresso Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões para se unir 
à causa da adoção. Acesse o site e saiba mais:
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6291/S%C3%A9rie
2.4 Família anaparental
É a família formada pela ausência de pais, assim, não há a figura de ascendentes. O Informativo 
500 STJ, tendo como relatora a ministra Nancy Andrighi, flexibilizou o art. 42 do Estatuto da Pessoa 
com Deficiência, permitindo que dois irmãos adotassem uma criança. Claramente, buscou-se a 
efetivação do princípio do melhor interesse do menor, neste caso, o adotando.
Informativo 500 STJ ADOÇÃO PÓSTUMA. FAMÍLIA ANAPARENTAL. [...]o § 6º do 
art. 42 do ECA (incluído pela Lei n. 12.010/2009) abriga a possibilidade de adoção 
póstuma na hipótese de óbito do adotante no curso do respectivo procedimento, com 
a constatação de que ele manifestou, em vida, de forma inequívoca, seu desejo de 
adotar. REsp 1.217.415-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012.
2.5 Família pluriparental
É também conhecida como família mosaico, muito comum na pós-modernidade. Trata-se 
daquela formada por casais que já possuem filhos de outros relacionamentos, e passam a conviver 
todos como uma única família. De acordo com Rosa (2017), a proteção jurídica conferida para essa 
modalidade familiar é caracterizada pela formação familiar por afinidade, havendo a aquisição de 
parentesco por afinidade, tão somente.
Formação familiar muito recorrente na sociedade atualmente em decorrência da disseminação 
do divórcio e reconstrução de famílias por novos relacionamentos.
2.6 Família eudemonista
Alguns doutrinadores, como Gonçalves (2016), conceituam família eudemonista como 
a caracterizada pelo vínculo afetivo. O autor exemplifica com um trecho da Lei nº 12.010/09, 
conceituando a família extensa como aquela permeada pela afetividade, que ultrapassa a figura 
Pág. 12 de 44
tão somente dos pais e dos irmãos. Como exemplo de uma família formada por laços afetivos, 
podemos citar amigos convivendo no mesmo lar ou um irmão mais velho tendo a responsabilidade 
pelos cuidados de seu irmão caçula.
Outros doutrinadores, como Pinto (2018), conceituam essa formação familiar como aquela que 
busca a felicidade individual. Interpretando a palavra com origem grega tem-se o eudemonismo 
como uma filosofia de vida, que prima pela busca da felicidade. Assim, pode-se dizer que essa é a 
base da família socioafetiva.
Essa formação familiar traz uma série de implicações, por exemplo, a possibilidade de 
reconhecimento de paternidade socioafetiva e, também, a possibilidade de recebimento de herança 
tanto do pai biológico como do pai socioafetivo.
O ministro lembrou que o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário 
898.060, com repercussão geral, no qual admitiu a coexistência entre as paternidades 
biológica e socioafetiva, “afastando qualquer interpretação apta a ensejar a 
hierarquização dos vínculos”.
Segundo Villas Bôas Cueva, a existência de vínculo com o pai registral não é obstáculo 
ao exercício do direito de busca da origem genética ou de reconhecimento de 
paternidade biológica, pois os direitos à ancestralidade, à origem genética e ao 
afeto são compatíveis. (BRASIL, 2017a)
2.7 Família paralela ou poliafetiva
É também denominado como poliamorismo e advém de alterações inerentes ao dinamismo 
social. Acontece com relações poligâmicas, nas quais há ocorrência de relação interpessoal com 
múltiplas pessoas, desde que exista o recíproco consentimento para tal.
Ainda é tema bastante controverso, vez que a base familiar brasileira é fundada na monogamia, 
tida como família tradicional. Porém já existem precedentes na jurisprudência e em cartórios que 
registraram a relação poliafetiva. É importante mencionar que o tema ainda não é tratado pela 
legislação. Assim, insta mencionar a pendência do julgamento do RE 883.171 SC, além do tema de 
repercussão geral número 526 do Supremo Tribunal Federal, tendo por relator o ministro Luiz Fux: 
possibilidade de concubinato de longa duração gerar efeitos previdenciários.
Mais uma vez, é possível verificar a efetivação do princípio da primazia da realidade trazendo 
segurança jurídica para as partes envolvidas, muito embora ainda reste divergência acerca desse 
entendimento.
Pág. 13 de 44
FIGURA 5 – Modalidade de família poliafetiva
Por Creativa Images/ shutterstock
2.8 Família homoafetiva
A formação familiar homoafetiva por si só pode se desdobrar em outras tantas, como a formal 
(decorrente do casamento), a informal (formada pela união estável), a socioafetiva etc. A questão 
que importa neste momento é a possibilidade de tratamento isonômico entre casais heterossexuais 
e homossexuais, muito embora essa formação seja tão somente jurisprudencial, como demonstrado 
pelo teor da Resolução 175/2015 do Conselho Nacional de Justiça:
Art. 1º É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração 
de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas 
de mesmo sexo.
Art. 2º A recusa prevista no artigo 1º implicará a imediata comunicação ao respectivo 
juiz corregedor para as providências cabíveis.
Além da possibilidade de habilitação e celebração de casamento entre pessoas de mesmo sexo, 
a mesma autorização estende-se para a adoção, especialmente por conta do princípio do melhor 
interesse do menor, deixando preconceitos de lado para que a criança possa ter a garantia de seu 
desenvolvimento no seio de um lar.
Pág. 14 de 44
FIGURA 6 – Família homoafetiva
Por Annette ShaffPor Annette Shaff
2.9 Família formada em estados intersexuais
Talvez a formação familiar que mais sofra com os tabus sociais seja aquela composta por 
pessoas transexuais ou intersexuais.
Maluf (2012) conceitua transexual como aquele indivíduo que possui questões inerentes à sua 
identidade de gênero, ao passo que o intersexual possui questões de cunho anatômico e biológico 
relacionadas a isso, fato também conhecido como hermafroditismo. Tais questões envolvem direito 
de personalidade e direito à busca pela felicidade.
É permitida, desde que diagnosticado o transtorno, a possibilidade de cirurgia de redesignação 
sexual e de mudança do nome social em registro, sendo possível, dessa forma, proceder-se com o 
processo de habilitação para o casamento.
Percebe-se nessa modalidade o preenchimento de diversos requisitos inerentes aos princípios 
norteadores do Direito de Família, especialmente o do respeito à dignidade da pessoa humana.
SAIBA MAIS
Acesse o link a seguir e assista à palestra do prof. dr. Flávio Louzada A intersexualidade e o Direito 
brasileiro, no I Encontro Luso-Brasileiro de Direito de Família:
Link: https://www.youtube.com/watch?v=aK1cenADMKg.
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2.10 Concubinato
Conforme tratado em tópicos anteriores, não há que se confundir o concubinato com a união 
estável, pois são institutos diferenciados.
FIGURA 7 – Diferença entre concubinato e amasiamento
 
Concubinato ou amasiado? Pessoas que convivem como se fossem casadas, de modo público e 
duradouro, são consideradas amasiadas, ou seja, em união estável.
Pessoas que por algum motivo a lei impedir a união, seja ela de casamento ou união estável, serão 
consideradas concubinas. (O art. 1.521 do Código Civil descreve os impedimentos para o casamento).
Por osk1553/ shutterstock
O Código Civil apresenta, em seu art. 1.727, o conceito do concubinato. Nesse caso, se as 
regras quanto aos impedimentos prescritos para a celebração de casamento e/ou da união estável 
forem desrespeitadas,acarretará tão somente a formação de uma sociedade de fato, denominada 
concubinato, e não a formação familiar formal (em decorrência do casamento) ou informal (em 
decorrência da união estável). No caso de concubinato, por não se tratar de formação familiar de 
direito, a competência para demandas judiciais será a vara cível (comum), por se tratar de relação 
meramente obrigacional.
2.11 Casamento
Conforme demonstrado durante a explanação acerca da formação familiar formal ou matrimonial, 
passa-se à explicação detalhada sobre as fases e as etapas que precedem o casamento, bem como 
sua eficácia e possível ineficácia, culminada pela anulabilidade ou nulidade.
Pág. 16 de 44
Inicialmente, insta salientar que, em virtude da resolução 175 do CNJ, há interpretação extensiva 
do art. 1.514 do Código Civil. Assim, tem-se que podem contrair núpcias casais heteroafetivos e 
homoafetivos.
Como primeira etapa do processo de casamento, há que se verificar a capacidade dos nubentes. 
Assim, estão aptos para o casamento os relativamente incapazes, desde que com a prévia autorização 
de ambos os pais ou com o suprimento da autorização pelo juiz, quando a negativa for injusta. 
Também estão aptos os maiores de dezoito anos, desde que não tenham nenhum tipo de impedimento.
É necessário fazer uma pausa antes da explanação do rol de impedimentos para tratar da 
relativização da idade núbil, previsão dada pela parte final do art. 1.520 do Código Civil. É prevista 
a possibilidade de relativização excepcional no caso de gravidez da nubente, porém existe julgado 
no sentido de garantir o princípio da primazia da realidade autorizando uma pretensa nubente com 
quinze anos a se casar tendo em vista já manter relação de convivência.
ACONTECEU
O impedimento matrimonial da imaturidade fisiológica não pode se sobrepor à realidade fática 
apresentada pela relação existente entre a adolescente (com 15 anos e oito meses de idade) e 
seu pretenso esposo, que já “vivem como se casados fossem” desde dezembro de 2011, com o 
consentimento de seus genitores, mormente quando se tem em vista que a idade núbil, estatuída no 
art. 1.517 do CC, sempre foi exigida como condição em respeito à prole e aos nubentes (em relação à 
capacidade para a procriação) e quando se sabe que a existência de filhos não é requisito substancial 
à formação da família. APELO PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70051234664, Oitava Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 29/11/2012).
No tocante aos impedimentos, é importante notar que alguns são absolutos, que tornam o 
casamento nulo, e outros relativos, também conhecidos como causas suspensivas, que tornam o 
casamento anulável, como demonstrado no quadro a seguir:
QUADRO 2 – Impedimentos para o casamento
Impedimentos - art . 1 .521, CC Causas suspensivas – art . 1 .523, CC
Ascendentes ou 
descendentes, com 
parentesco natural ou civil .
O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge 
falecido, enquanto não fizer o inventário dos 
bens do casal e der partilha aos herdeiros .
Afins em linha reta . A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez 
por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses 
após o começo da viuvez ou da dissolução da 
sociedade conjugal .
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Adotante com quem foi 
cônjuge do adotado e adotado 
com quem foi do adotante .
O divorciado, enquanto não houver sido 
homologada ou decidida a partilha dos bens do 
casal .
Irmãos unilaterais ou 
bilaterais e demais colaterais, 
até o terceiro grau .
O tutor ou curador e seus descendentes, 
ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos 
com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto 
não cessar a tutela ou curatela e não estiverem 
saldadas as respectivas contas .
O adotado com o filho do 
adotante .
As pessoas casadas .
O cônjuge sobrevivente com 
o condenado por homicídio 
ou tentativa contra o seu 
consorte .
Fonte: Elaborado pelo autor
Vamos destacar os legitimados e o momento para a arguição:
a) Impedimentos: é imprescindível a leitura atenta do art. 1.522 do Código Civil. Qualquer 
pessoa capaz poderá opor os impedimentos até o momento da celebração, e será 
obrigação ex officio do juiz ou do oficial de registros relatá-los, caso saiba. Ressalta-se 
que, caso não sejam suscitados os impedimentos antes da celebração do casamento, a 
nulidade do matrimônio deverá ser feita por meio de ação própria e por provocação, não 
cabendo ao magistrado o reconhecimento ex officio, notada diferença entre os negócios 
jurídicos em termos gerais.
b) Causas suspensivas: de acordo com o art. 1.524, também do Código Civil, tais causas 
podem ser arguidas pelos parentes em linha dos nubentes, independentemente da 
consanguinidade, e pelos colaterais em segundo grau afins ou consanguíneos.
Não estando presentes as causas citadas, pode-se partir para o processo de habilitação, 
seguindo rigorosamente os requisitos dos arts. 1525 e seguintes do Código Civil. É no processo 
de habilitação que serão esclarecidas as questões que podem ensejar a invalidade do casamento 
e a existência dos diversos regimes de bens que poderão ser escolhidos pelo casal. Não havendo 
impeditivos ou causas suspensivas, a certidão de habilitação poderá ser extraída e terá a validade 
de 90 dias, podendo-se seguir para a fase de celebração do casamento.
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É causa de suspensão da celebração do casamento, conforme o art. 1538 do Código Civil, a 
hipótese de um dos nubentes se recusar a confirmar a solene afirmação de vontade, declarar que 
a manifestação não é livre e espontânea ou declarar-se arrependido.
Questões não observadas acerca da habilitação do matrimônio causam a nulidade do matrimônio, 
sendo essa ação imprescritível .
No tocante às anulabilidades, há prazo para a propositura da ação anulatória. Esse prazo é 
decadencial, conforme disposto na tabela a seguir:
TABELA 1 – Prazos para a propositura de ação anulatória
Hipóteses Prazo
Incapacidade para manifestação de 
vontade
180 dias
Incompetência do celebrante Dois anos
Não possuir idade núbil Três anos
Não ter autorização dos pais no caso 
de relativamente incapaz
Três anos
Vício de vontade Três anos
Realizado pelo mandatário sem 
o conhecimento de revogação do 
mandato, desde que não tenha havido 
coabitação
Três anos
Existência de coação Quatro anos
Fonte: Elaborado pelo autor.
É importante ressaltar que, de acordo com as alterações oriundas do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, o deficiente mental ou intelectual que possuir idade núbil poderá casar-se, manifestando-
se diretamente ou por meio de um curador ou responsável. Tal previsão rendeu a inserção do § 2º 
ao art. 1.550 do Código Civil.
Em se tratando da invalidade do casamento, são legitimados para a declaração de nulidade, 
por meio de ação direta, tendo qualquer interessado o status de legitimidade ad causam, ou por 
membro do Ministério Público. Quando o Código Civil insere em seu artigo 1549 a expressa “qualquer 
interessado”, deve-se levar em consideração o motivo da possível invalidade, desta forma, podem 
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ser legítimos, quaisquer um dos cônjuges, seus ascendentes e, no caso de bigamia, o primeiro 
cônjuge. Já em relação à anulabilidade, há que se levar em conta a previsão legal quanto aos prazos, 
conforme a tabela 1, e aos legitimados de acordo com cada uma das possibilidades. Para tanto, é 
importante a leitura atenta dos arts. 1.550 usque 1.564 do Código Civil. Importante salientar que, 
não é permitido ao juiz a declaração de invalidade de ofício, ou seja, precisa ser provocado por meio 
de ação própria.
De acordo com o art. 1.563 do Código, os efeitos da sentença que decretar a nulidade do 
casamento retroagirão à data de sua celebração, por óbvio, sendo resguardados os direitos do 
terceiro de boa-fé.
QUADRO 3 - Condição para invalidade de casamento
Nulidade Anulabilidade
Como? Ação declaratória Ação anulatória
Efeitos ex tunc ex nunc
Fonte: Elaborado pelo autor.
 Em tempo: em relaçãoaos efeitos do casamento, é importantíssimo ressaltar que, exceto nos 
casos de regime de separação absoluta de bens, é indispensável a outorga uxória, ou a autorização 
do outro cônjuge para que seja prestada fiança ou aval como garantia para outrem. Essa é a 
disposição expressa do art. 1.647, III, do Código Civil, corroborada ao entendimento da Súmula 332 
do Superior Tribunal de Justiça.
2.12 União estável
Embora seja classificada como modalidade informal de família, a união estável possui uma série 
de requisitos para o seu reconhecimento. Primeiramente, é importante mencionar que há previsão 
constitucional de proteção estatal dessa modalidade de formação familiar, e o mesmo ocorre na 
legislação infraconstitucional, como será demonstrado.
A Lei nº 8.971/94 regula o direito do companheiro na sucessão e a possibilidade de concessão 
de alimentos, muito embora haja novidades no entendimento do art. 1.790 do Código Civil a esse 
respeito. Além disso, a Lei nº 9.278/96 regula o parágrafo 3º do art. 226 da Constituição Federal, 
especialmente na conceituação do instituto e nos regramentos acerca das responsabilidades, dos 
direitos e dos deveres dos companheiros.
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Como aventado anteriormente, não é possível a presunção de união estável quando presentes 
alguns dos impedimentos para o casamento. Nesse caso, será considerado o concubinato como 
sociedade de fato. O mesmo não acontece com as causas suspensivas para o casamento. Estando 
presentes quaisquer destas, isso não será obstáculo para a constituição de uma união estável.
Doutrinariamente, e com a base legal supracitada, entende-se que os deveres entre os companheiros 
se assemelham aos das pessoas casadas. Assim, estaria afastada a possibilidade de união estável 
com mais de uma pessoa, logo, o instituto visa à manutenção das relações monogâmicas. Por outro 
lado, existem precedentes jurisprudenciais no sentido de reconhecimento de famílias paralelas, 
especialmente para o recebimento de benefícios previdenciários e sucessão.
Frise-se que o mesmo acontece com a possibilidade de união estável com pessoa casada, 
porém é indispensável a citação do cônjuge. A 4ª Turma do STJ deixou clara essa necessidade 
em julgamento em que foram cassadas todas as decisões proferidas em ação de reconhecimento 
e dissolução de união estável. Para a relatora, desembargadora Isabel Gallotti, com a ausência 
de citação de terceiro interessado ao processo, nesse caso a cônjuge, esta não pode exercer seu 
direito de ampla defesa. Reitere-se que a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça 
caminha no sentido do não reconhecimento de união estável paralela.
Ultrapassada essa celeuma, passa-se à exposição dos requisitos para o estabelecimento e o 
reconhecimento da união estável como modalidade familiar.
QUADRO 4 – Requisitos para união estável
Publicidade Continuidade Estabilidade
É vedada a clandestinidade. Embora não exista tempo 
prefixado, enão seja descartado 
o reconhecimento em 
relacionamentos que contem com 
breves intervalos interruptivos.
Algo que comprove a 
solidez e/ou a seriedade do 
relacionamento.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Não é necessária a coabitação para a caracterização de união estável, porém é necessário o 
desejo de constituição de uma família. De outra sorte, será considerado como mero namoro.
É importante salientar que, assim como o direito real de habitação previsto pelo art. 1.831 do 
Código Civil é garantido para o cônjuge supérstite, há a extensão para acobertar os direitos do 
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companheiro sobrevivente. Porém é indispensável trazer à baila a tese sustentada pelo STJ nesse 
sentido. Para o tribunal, não haverá o direito real de habitação se houver copropriedade que recaia 
sobre o bem imóvel antes da abertura da sucessão ou se o falecido tivesse sido apenas usufrutuário 
do bem em questão.
Destaca-se que, ainda que a legislação não tenha se adequado à realidade social da união de 
pessoas do mesmo sexo, tanto o casamento quanto a união estável pode ser estabelecida em 
relacionamentos homoafetivos, sem prejuízos para os companheiros. Essa previsão é suportada 
pelos julgamentos da ADPF 132 e da ADI 4.277, além dos Enunciados 526 e 521 da V Jornada 
de Direito Civil. Todos eles entendem a possibilidade de conversão de união estável de relação 
homoafetiva em casamento, além do tratamento pelo Direito de Família nos casos de demandas 
que envolvam esses pares.
Em se tratando de segurança jurídica, é imperativo mencionar que a mera celebração de um 
contrato de convivência não importa no instantâneo reconhecimento da união estável. É necessário 
diferenciar um do outro. O contrato de convivência produz efeitos inter partes, ao passo que o 
reconhecimento da união estável conta com a publicidade conferida ao registro público, logo, 
confere ao documento e à relação efeitos erga omnes.
Os mesmos efeitos conferidos ao casamento putativo são válidos para a união estável putativa. 
O que é união estável putativa? Trata-se da situação em que o convivente é induzido ao erro de 
compreender que não há nenhum impedimento para que seu par esteja ligado a si por esse meio. É 
imprescindível que o convivente esteja revestido de boa-fé. Dessa forma, a situação fática produzirá 
todos os efeitos inerentes à união estável, incluindo a prestação de alimentos e a participação na 
sucessão ou na partilha de bens no caso de dissolução da sociedade conjugal.
É salutar informar que, caso os companheiros não escolham regime de bens diverso, a união 
estável será regida, no tocante aos direitos patrimoniais, pelo da comunhão parcial de bens, conforme 
prescreve o art. 1.725 do Código Civil. No caso de união estável de pessoa que conte com 70 anos 
ou mais, assim como ocorre no casamento, haverá regime de bens obrigatório, o da separação. No 
entanto, os bens constituídos com esforço comum comprovado na constância da união estável 
poderão ser objeto de partilha.
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QUADRO 5 – 10 motivos para fazer uma escritura de união estável
Segurança Com a escritura pública, o casal terá prova da data de início 
da convivência e do regime de bens que vigora na união 
estável .
Liberdade O casal pode estipular o regime de bens que desejar 
(comunhão parcial, comunhão universal, separação de 
bens ou participação final nos aquestos), salvo o caso de 
separação obrigatória de bens .
Prova plena O tabelião de notas tem fé pública, e a declaração feita 
em sua presença independe de outras provas para 
comprovação da existência da união .
Garantia Os companheiros têm direito à herança um do outro, e a 
escritura de união estável gera garantias ao sobrevivente .
Perenidade Com a escritura pública feita em cartório, é possível obter 
uma segunda via (certidão) do documento a qualquer 
tempo .
Facilidade A escritura permitirá que o companheiro seja incluído como 
dependente em planos de saúde, odontológicos, clubes, 
órgãos previdenciários e outros, sem burocracia .
Legitimidade A escritura pública autoriza o levantamento integral 
do seguro obrigatório DPVAT em caso de acidente do 
companheiro .
Praticidade A escritura de união estável facilita o recebimento de 
pensão do INSS em caso de falecimento do companheiro .
Igualdade Casais do mesmo sexo podem utilizar a escritura de 
união estável para garantir segurança e proteção em 
âmbito patrimonial, sendo facilitada a sua conversão em 
casamento .
Celebração O casal pode fazer da assinatura da escritura um evento 
para comemorar a formalização da união estável .
Fonte: Adaptado de http://www.cnbsp.org.br/__Documentos/Uploads/folders%20todos.pdf.
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Por fim, é importante destacar que o juízo competente para demanda de ações oriundas das 
relações de casamento e união estável será a vara de família, ao passo que, no caso do concubinato, 
será a vara cível, por ser direito meramente obrigacional. Dê-se especial atenção à impossibilidade 
de conversão de concubinato em uniãoestável ou casamento, e, embora pareça desnecessária 
a abordagem, não há que se falar em reconhecimento e dissolução daquele. Esses termos são 
inerentes ao instituto da união estável.
2.13 O reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil
Por tudo o que foi exposto, fica clara a diferença entre as modalidades de formação familiar, 
especialmente no tocante ao casamento e à união estável.
No entanto, em meados de 2017, o STJ, ao julgar o Recurso Extraordinário 878.694, equiparou 
o casamento e a união estável no tocante aos direitos sucessórios, declarando, então, a 
inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil, a saber:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto 
aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições 
seguintes:
I - Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por 
lei for atribuída ao filho;
II - Se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do 
que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - Não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
É indispensável trazer para o estudo a decisão do STJ:
Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 809 da repercussão geral, por maioria e nos 
termos do voto do Ministro Relator, deu provimento ao recurso, para reconhecer de 
forma incidental a inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC/2002 e declarar o direito 
da recorrente a participar da herança de seu companheiro em conformidade com 
o regime jurídico estabelecido no art. 1.829 do Código Civil de 2002, vencidos os 
Ministros Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, que votaram negando 
provimento ao recurso. Em seguida, o Tribunal, vencido o Ministro Marco Aurélio, fixou 
tese nos seguintes termos: “É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios 
entre cônjuges e companheiros prevista no art. 1.790 do CC/2002, devendo ser 
aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o regime 
do art. 1.829 do CC/2002”. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e 
Celso de Mello, que votaram em assentada anterior, e, neste julgamento, o Ministro 
Luiz Fux, que votou em assentada anterior, e o Ministro Gilmar Mendes. Não votou 
o Ministro Alexandre de Moraes, sucessor do Ministro Teori Zavascki, que votara 
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em assentada anterior. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 
10.5.2017. (RE 878.694)
A decisão está longe de ser unanimidade entre os estudiosos do Direito das Famílias e divide 
a discussão em pelo menos duas correntes de pensamento. Uma entende acertada a decisão do 
Superior Tribunal de Justiça, por trazer, dessa forma, segurança jurídica para os companheiros 
e seus herdeiros. Por sua vez, a corrente contrária demonstra plena insatisfação no tocante ao 
excesso de intervenção estatal em assuntos meramente privados, no sentido de que as diferenças 
entre os institutos devem ser preservadas, cabendo às partes a decisão sobre qual modalidade de 
formação familiar pretendem instituir.
Como parte da corrente favorável à decisão do STJ, o Instituto Brasileiro de Direito de Família 
(IBDFAM) funcionou como amicus curiae no julgamento do referido Recurso Extraordinário, sendo 
favorável à decisão tomada pelo STF.
De acordo com a norma, a companheira ou o companheiro participará da sucessão 
do outro quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, 
obedecendo quatro condições: a primeira delas diz respeito à concorrência com 
filhos comuns, quando o companheiro terá direito a uma cota equivalente à que, por 
lei, for atribuída ao filho; no segundo caso, se concorrer com descendentes só do 
autor da herança, terá a metade do que couber a cada um deles; a terceira condição 
diz respeito aos outros parentes sucessíveis, quando o companheiro terá direito a 
um terço da herança; por último, não havendo parentes sucessíveis, o companheiro 
terá direito à totalidade da herança. (IBDFAM, 2016)
Incrementando a discussão, é importante trazer a preocupação aventada pela Associação dos 
Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) em relação à (in)segurança jurídica trazida por essa 
decisão:
A dúvida que surge neste caso de existência de um testamento é se a declaração 
de inconstitucionalidade implica rompimento do testamento ou não. O art. 1.974 
diz que se rompe o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros 
necessários. Logo, considerando-se o companheiro herdeiro necessário, o rompimento 
do testamento é consequência inafastável. Neste contexto, é aconselhável que os 
tabeliães de notas que lavraram testamentos de pessoas em união estável, entrem 
em contato com os testadores para prestar esclarecimentos sobre a decisão e 
seus efeitos, e para verificar se há interesse por parte do testador em rever as suas 
disposições para que sejam feitas as adaptações ou simplesmente a revogação do 
testamento. (K. ROSA, 2017)
Trazemos ainda, para fomentar o debate acerca do tema, a preocupação com a impossibilidade 
da utilização da via extrajudicial para o inventário e consequentemente a partilha do convivente.
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Uma outra questão, não menos importante para o tabelião de notas quando se 
trata de inventário com união estável, é o art. 18 da Resolução nº 35, do CNJ, que 
determina que, para lavratura de escritura pública de inventário quando o falecido 
mantinha união estável, é necessária a presença de outros herdeiros ou sucessores, 
além do consenso, sendo este último pressuposto lógico para lavratura de toda e 
qualquer escritura pública. O objetivo do art. 18 é que outros sucessores do falecido 
reconheçam e confirmem a existência de uma união estável entre o companheiro 
sobrevivente e o falecido. Não havendo consenso ou na falta de outros sucessores, a 
via extrajudicial resta prejudicada, devendo o companheiro buscar o Poder Judiciário 
para realização do inventário. Desde a publicação da Resolução 35, em abril de 2007, 
discute-se a aplicação do referido artigo em casos nos quais há outras provas da 
união estável, como por exemplo, uma escritura pública declaratória de união estável 
firmada por ambos os companheiros. (K. ROSA, 2017)
Em que pese a atual controvérsia acerca do tema apresentado, restam claras as diferenças entre 
as instituições familiares formais, ou seja, o casamento, e informais, a união estável.
3. DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO E DA SOCIEDADE CONJUGAL
Este capítulo dedica-se à compreensão das alterações oriundas, inicialmente, da Emenda 
Constitucional nº 66/10, que levou à possibilidade de dissolução do casamento e da sociedade 
conjugal pela via administrativa, ou seja, em cartório, não obstante a necessidade imperativa da 
presença de um advogado ou defensor público para assistir as partes.
Alguns termos precisam ser trazidos para reflexão. De acordo com o entendimento de Gonçalves 
(2016), a ocasião do casamento constitui dois elementos distintos e concomitantes, a saber, a 
sociedade conjugal e o vínculo matrimonial. Tem-se no primeiro o conceito de complexo obrigacional 
que liga os cônjuges, compreendido por direitos e obrigações. Já na classificação do segundo termo, 
ele compreende a alteração do estado civil dos cônjuges e a constituição formal de uma família, 
estabelecendo obrigações mútuas de ordem moral, econômica e espiritual.
Daí a necessidade de compreensão da diferença entre os efeitos da separação judicial e do 
divórcio. O primeiro coloca fim à sociedade conjugal; no entanto, para que haja a dissolução do 
vínculo matrimonial, é imperativa a realização do divórcio.
É importante salientar que, no caso da realização da separação judicial – instituto ainda válido, 
como será mais à frente comentado –, o casamento pode ser restabelecido por meio de uma ação de 
restabelecimento de sociedade conjugal. Por outro lado, no caso da realização do divórcio,havendo 
arrependimento dos ex-cônjuges, só será restabelecido o casamento por meio da realização de 
uma nova união.
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Por questões formais e de ordem conceitual, só é possível aventar a possibilidade de dissolução 
de vínculo matrimonial de relações oriundas do casamento, ou seja, da espécie formal de formação 
familiar. Assim, não há que se falar em divórcio no caso de união estável. Nessas situações, o termo 
correto é a dissolução da união estável.
Não são raros os casos em que os pares não possuem a união estável declarada. Dessa forma, 
para que seja possível a dissolução do vínculo, inicialmente deverá ser intentada uma ação declaratória 
de união estável, com efeitos retroativos à data do estabelecimento da relação, para que somente 
assim seja possível efetuar a dissolução do vínculo e a provável partilha de bens.
3.1 Emenda Constitucional nº 66/10
A Emenda Constitucional nº 66, de 2010, suprimiu o lapso temporal entre a separação judicial 
e a possibilidade de conversão em divórcio, trazendo nova redação para o parágrafo 6º do art. 226 
da CF. Estas foram as diferenças:
QUADRO 6 – Emenda Constitucional nº 66/10
Antes da EC nº 66/10 Depois da EC nº 66/10
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo 
divórcio, após prévia separação judicial por 
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou 
comprovada separação de fato por mais de dois 
anos.
§ 6º O casamento civil pode 
ser dissolvido pelo divórcio.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Percebe-se que em nenhum momento a Emenda Constitucional aventou a revogação do instituto 
da separação judicial. Porém o tema possibilitou acaloradas discussões acerca de se houve sua 
continuidade ou sua revogação tácita pela modalidade de superioridade de hierarquia. Houve 
tamanha repercussão que alguns magistrados, quando recebiam o peticionamento de ação de 
separação judicial, automaticamente a convertiam em ação de divórcio. Ocorre que os efeitos são 
bastante diversos, tendo em visto o que foi exposto anteriormente.
Diante dessa celeuma, fez-se necessária a edição do Enunciado nº 514 durante a V Jornada 
de Direito Civil: “A Emenda 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e extrajudicial”.
Outro ponto interessante foi a supressão ou a extinção de causas subjetivas e objetivas para 
a dissolução do casamento. Isso importa dizer que não há mais que se apresentar um culpado, 
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tampouco um motivo ou o cumprimento de lapso temporal para a dissolução do casamento. Deve-
se ter especial atenção para o regramento ao qual o instituto da separação judicial está submetido. 
Nesse sentido, faz-se indispensável a leitura dos arts. 1.571 usque 1.578 do Código Civil, inclusive 
no tocante a apontamento de culpa, hipóteses de cabimento e responsabilidades.
Faz-se importante mencionar outros enunciados sobre esse tema:
QUADRO 7 – Interpretações sobre a EC nº 66/10
Enunciado Inteiro teor
515, art . 1 .574, 
caput
Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional 
n . 66/2010, não há prazo mínimo de casamento para a 
separação consensual .
516, art . 1 .574, 
§ único
Na separação judicial por mútuo consentimento, o juiz só 
poderá intervir no limite da preservação do interesse dos 
incapazes ou de um dos cônjuges, permitida a cindibilidade 
dos pedidos com a concordância das partes, aplicando-se 
esse entendimento também ao divórcio .
517, art . 1 .580 A Emenda Constitucional n . 66/2010 extinguiu os prazos 
previstos no art . 1 .580 do Código Civil, mantido o divórcio por 
conversão .
Fonte: Elaborado pelo autor.
3.2 Divórcio
Diante das alterações decorrentes da Emenda Constitucional nº 66/10, passa-se a discorrer 
especificamente as particularidades do divórcio.
Inicialmente, é necessário lembrar que é possível a realização do divórcio pela via judicial e pela 
via administrativa, ou seja, em cartório. Há alguns mitos acerca desse tema, porém a possibilidade 
de realização de divórcio consensual em cartório não afasta a jurisdição contenciosa para esse 
fim. É uma escolha do cidadão ora jurisdicionado. Assim, não há que se falar em rejeição de uma 
petição de divórcio consensual para que seja realizado em cartório.
Ultrapassada essa explicação, inicia-se o tratamento procedimental. De acordo com a emenda 
em comento, não há mais prazo ou lapso temporal a ser transcorrido para a habilitação do processo 
de divórcio. Essa celeridade cumpre com os anseios e o dinamismo da sociedade, vez que esta 
vive um momento pós-moderno permeado por relações líquidas, utilizando termo cunhado por 
Bauman (2001).
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Não há mais a necessidade de discussão ou exposição de motivos para a concessão do divórcio. 
Trata-se de uma ação personalíssima, ou seja, apenas um dos cônjuges estará legitimado para a 
propositura da ação ou a instauração do processo administrativo em cartório.
Exceção se faz nos casos previstos pela redação do art. 1.582, § 1º, do Código Civil: se o cônjuge 
for incapaz para propor a ação ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão. 
É imprescindível a observância da ordem de preferência.
Outro ponto bastante interessante sobre esse assunto reside na redação do art. 1.581 do Código, 
que prevê a possibilidade de divórcio sem a prévia partilha de bens. É possível encontrar regramento 
procedimental acerca desse tema no parágrafo único do art. 731 do Novo Código de Processo Civil. 
Assim, não restam dúvidas de que o fato de não haver consenso em relação à partilha dos bens 
comuns ao casal não será óbice à homologação do divórcio. Obviamente, haverá pendência em 
relação à partilha e, dessa forma, haverá causa suspensiva para a celebração de novas núpcias.
3.3 Dissolução do vínculo matrimonial pela via administrativa
Cumpre informar que, embora a legislação permita a dissolução tanto do vínculo matrimonial 
quanto da união estável pela via administrativa, ou seja, no cartório, as ações propostas para esse 
fim continuarão sendo aceitas, sem prejuízo do acesso à justiça.
A Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou e disciplinou, em 
2007, a aplicação da Lei nº 11.441/07, que possibilita a realização de diversos trâmites pela via 
administrativa, incluindo separação consensual e divórcio consensual.
Tal resolução acolheu os anseios em relação aos obstáculos para a realização desses 
procedimentos, tendo sua aplicação justificada por fatos e números que demonstram o afogamento 
e a morosidade do Poder Judiciário. Cumpre salientar que o reconhecimento da morosidade dá-
se pelo grande tráfego de processos por conta da litigiosidade da sociedade, conforme pode ser 
identificado nas considerações iniciais da resolução, primando por princípios caros ao processo 
civil, como celeridade e economia processual, além da pronta resposta ao cidadão (jurisdicionado).
Os números apresentados anualmente pelo Conselho Nacional de Justiça demonstram a 
necessidade de meios alternativos adequados para a resolução de demandas (conflitos) de modo 
consensual.
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O Novo Código de Processo Civil recepcionou tanto a referida lei quanto a resolução do CNJ. 
Também determinou em seus primeiros artigos a utilização de políticas públicas para a resolução 
dos conflitos de maneira consensual, como é o caso da utilização da via administrativa para 
separação e divórcio, por exemplo.
Art. 731. A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os 
requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, 
da qual constarão:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á 
esta depois de homologado o divórcio, na forma estabelecida nosarts. 647 a 658.
Art. 732. As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou 
de separação consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação 
da extinção consensual de união estável.
Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de 
união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos 
legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições 
de que trata o art. 731.
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para 
qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada 
em instituições financeiras.
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos 
por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do 
ato notarial.
Nesse sentido, o legislador do Novo Código de Processo Civil foi muito feliz em determinar os 
requisitos e a necessidade de assistência das partes por um advogado ou defensor público, vez 
que o tema trazia (e ainda traz) muito receio em relação à utilidade do profissional habilitado para 
tal e à segurança jurídica das partes que optam pela via administrativa.
É importante frisar que relacionamentos heteroafetivos e homoafetivos foram equiparados 
pelo entendimento dos tribunais superiores e ambos estão protegidos para a aplicação da via 
administrativa. O mesmo ocorre para a dissolução da união estável, sempre que seja pela via 
consensual.
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A Emenda Constitucional nº 66/10 extinguiu o prazo de espera para a conversão da separação 
em divórcio e regulamentou a possibilidade de divórcio direto. Nada foi dito em relação ao prazo 
competente para a realização da separação judicial, que continua o mesmo. A via administrativa 
segue esse regramento:
Art. 47. São requisitos para lavratura da escritura pública de separação consensual: a) 
um ano de casamento; b) manifestação de vontade espontânea e isenta de vícios em 
não mais manter a sociedade conjugal e desejar a separação conforme as cláusulas 
ajustadas; c) ausência de filhos menores não emancipados ou incapazes do casal; 
d) inexistência de gravidez do cônjuge virago ou desconhecimento acerca desta 
circunstância; e e) assistência das partes por advogado, que poderá ser comum. 
(Redação dada pela Resolução nº 220, de 26.04.2016)
Assim, percebe-se o interesse tanto do legislador quanto dos órgãos competentes no sentido 
de contribuir para a resposta célere ao cidadão que busca regularizar as questões familiares, além 
de contribuir sobremaneira para o desafogamento do Poder Judiciário.
FIGURA 8 - Divórcio
Partilhas, separação e inventário podem ser resolvidos em cartório. Separação consensual de 
união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, 
poderão ser realizados por escritora pública. Art. 733, Código de Processo Civil. Fonte: <https://
www.advogadasbrasilia.com/single-post/2017/08/09/Divorcio-Extrajudicial-cartorio>
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4. PROCEDIMENTOS À LUZ DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
À luz do Novo Código de Processo Civil, entende-se que as ações referentes ao Direito as 
Famílias estão contidas no rol daquelas regidas por um rito especial, em alguns casos, até com lei 
específica, como em divórcio e alimentos.
Os procedimentos consensuais, no caso da separação, divórcio, extinção de união estável ou 
alteração do regime de bens, seguem os de procedimentos de jurisdição voluntária.
É importante saber diferenciar entre jurisdição voluntária e contenciosa, embora ambas devam 
se iniciar por meio da provocação jurisdicional, em se tratando da via judicial, obviamente:
QUADRO 8 – Procedimentos judiciais
Jurisdição voluntária Jurisdição contenciosa
Inexistência de lide Litígio
Atividade administrativa Atividade jurisdicional
Há interessados Há partes
Existência de mero procedimento Existência de processo
Há homologação Há sentença
Fonte: Elaborado pelo autor.
São exemplos de jurisdição voluntária a separação e o divórcio consensuais, a extinção da 
união estável e a alteração do regime de bens. Em se tratando da última, é importante ressaltar 
que é aplicável o trâmite formal apenas e tão somente para as famílias formais, ou seja, oriundas 
do casamento. No caso da união estável, o regime de bens pode ser alterado a qualquer tempo 
diretamente no cartório competente.
Para a alteração do regime de bens da relação formal, ou seja, do casamento, serão seguidas 
as regras dispostas pelo art. 734 do Código de Processo Civil.
Já em relação aos prazos, nem as ações de família, previstas a partir do art. 693 do Novo Código 
de Processo Civil, nem as de jurisdição voluntária contam com prazo prescricional ou decadencial 
e são manejadas de acordo com o interesse das partes.
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É importante relembrar a tabela de prazos a respeito das nulidades e possibilidades de anulação 
do casamento, sendo que, para a primeira, os prazos são imprescritíveis.
Em relação à ação de alimentos, devem ser seguidas as regras contidas na legislação especial, seja 
a Lei de Alimentos ou de Alimentos Gravídicos, no tocantes a prazos, legitimados e procedimentos.
Ainda em relação aos prazos aplicáveis às execuções de alimentos, o Novo Código de Processo 
Civil abrange esse tópico a partir do art. 528, tendo como significativa evolução a possibilidade de 
protesto do pronunciamento judicial.
5. PROTEÇÃO DOS HIPERVULNERÁVEIS
A legislação civilista, seja por meio do Código Civil ou de legislação especial, protege sobremaneira 
os hipervulneráveis. Desse modo, é possível verificar proteção tida às crianças e adolescentes por 
meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao idoso por meio do Estatuto do Idoso, às grávidas 
e ao nascituro por meio da Lei de Alimentos Gravídicos e, de modo exemplificativo, ao deficiente, 
por meio do estatuto da Pessoa com Deficiência.
Mas afinal, o que se pretende com a conceituação de hipervulnerabilidade? Trata-se da condição 
de agravamento da vulnerabilidade, ou seja, há disparidade entre as partes em uma determinada 
relação; essa disparidade ultrapassa o nível médio das interações sociais. O significado dela está 
intrinsecamente ligado ao princípio da igualdade previsto pela Constituição Federal. O termo foi 
bastante utilizado pelo Direto Consumerista, demonstrada na existência de disparidade técnica, 
econômica e jurídica das partes, mas validamente utilizado para pautar as relações de Direito das 
Famílias. São considerados hipervulneráveis para o Direito de Família os incapazes; neste sentido, 
abarcado o novo conceito trazido pelo Estatuto da pessoa com deficiência, apenas são considerados 
absolutamente incapazes os indivíduos menores de dezesseis anos. Também serão acobertados 
pela proteção do hipervulnerável, analisando o caso concreto, pessoas que tenham redução de 
capacidade cognitiva e que não consigam expressar a manifestação de vontade, além dos idosos 
que são respaldados pelo Estatuto do Idoso.
Muito embora as partes devam ser tratadas com igualdade, é imperativo o uso da isonomia, 
ou seja, aquela tratativa aristotélica já há muito conhecida: sabendo da existência de disparidades 
entre as partes, não é possível tratá-las de maneira igual, mas, sim, isonômica, garantindo proteção 
na medida de suas fraquezas.
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No âmbito do Direito de Família, é possível verificar a aplicação desse conceito na subsidiariedade 
de prestação de alimentos, por exemplo, conferindo responsabilidade aos avós no caso da 
impossibilidade de pagamento por parte dos pais. Fala-se, assim, em alimentos avoengos.
Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça editou súmula a esse respeito: “Súmula 596: A 
obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando 
no caso de impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais”.
Trata-se de nítida proteção conferida aomenor, nesse caso, hipervulnerável. É indispensável 
fazer constar que os mesmos preceitos utilizados para a fixação de alimentos imputados aos pais 
valerão para a aplicação subsidiária dos alimentos avoengos. São elas expressadas pelo trinômio 
necessidade – possibilidade – proporcionalidade para arbitramento do valor das prestações 
alimentícias.
Na mesma medida, aplica-se a previsão constitucional e civilista, além do princípio da solidariedade 
ou da fraternidade, à hipervulnerabilidade dos idosos e à possibilidade de prestação alimentar a 
eles pelos descendentes.
Nessa mesma toada, para que os direitos dos hipervulneráveis sejam garantidos, ainda que 
não possuam capacidade para tal, os institutos da tutela e da curatela serão os instrumentos 
hábeis para conferir a devida proteção. O Estatuto da Criança e do Adolescente discorre sobre 
as possibilidades e os procedimentos para a tutela de um menor, ora hipervulnerável. A seguir, 
falaremos sobre os detalhes inerentes a esses institutos, bem como sobre a interdição, à luz das 
alterações trazidas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência e dos procedimentos trazidos pelo 
Novo Código de Processo Civil.
5.1 Tutela e curatela em conformidade com o Estatuto da Pessoa com Deficiência
Os institutos da tutela e da curatela são conceituados como medidas protetivas e assistenciais 
previstas pelo Código Civil e reiteradas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. É indispensável 
traçar a diferença e aplicabilidade de cada um dos institutos.
A tutela é utilizada como meio protetivo para o amparo de menores com a possibilidade de 
administração de seus bens.
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Existem três modalidades, que serão oportunamente trabalhadas: voluntária, ou instituída pela 
vontade dos pais, determinada por lei e, por fim, dativa. É importante demonstrar os requisitos e as 
peculiaridades de cada uma delas.
A tutela instituída pela vontade dos pais pode ocorrer de maneira inter vivos ou causa mortis. 
Na primeira possibilidade, a instituição dar-se-á por meio de documento, não sendo obrigatória a 
sua forma pública. Na segunda hipótese, isso ocorre por meio de testamento.
No caso de instituição inter vivos, tais poderes podem ser conferidos ao tutor pelos pais 
conjuntamente. É indispensável que estes, ao conferirem poderes de tutela, detenham o poder 
familiar. De outra sorte, a instituição será nula, conforme a redação do art. 1.730 do Código Civil.
Não havendo a instituição por livre vontade dos pais, o poder de tutela deverá seguir a ordem de 
preferência dada pelo Código Civil. Essas situações serão possíveis e necessárias quando da morte 
dos genitores e/ou da perda do poder familiar que coloque o menor em estado de vulnerabilidade.
A ordem de preferência é determinada pela redação do art. 1.731 do Código, e deve ser seguida 
estritamente. Exceção faz-se para os casos previstos pelo art. 1.536, que serão mais aprofundados 
adiante.
É importante salientar que existem situações específicas que impedem o possível tutor de exercer 
suas atribuições. Esses casos são previstos de maneira taxativa pelo art. 1735 do Código Civil:
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos 
em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e 
aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente 
excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família 
ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de 
abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração 
da tutela.
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Fique claro que aqueles elencados no rol de preferência para o exercício da tutela não são 
obrigados a fazê-lo. O Código dispõe sobre a possibilidade de escusa, também de maneira taxativa. 
Esta se dará por petição endereçada ao juízo competente, que analisará os fatos e tomará uma 
decisão. Enquanto a decisão não for tomada, caberá ao pleiteante o ônus da função de tutor.
Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:
I - mulheres casadas;
II - maiores de sessenta anos;
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
VII - militares em serviço.
O Novo Código de Processo Civil traz regramentos específicos para o procedimento de recusa 
em seu art. 760, com prazo de cinco dias para sua apresentação:
Art. 760. O tutor ou o curador poderá eximir-se do encargo apresentando escusa ao 
juiz no prazo de 5 (cinco) dias contado:
I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;
II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.
§ 1o Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste artigo, considerar-
se-á renunciado o direito de alegá-la.
§ 2o O juiz decidirá de plano o pedido de escusa, e, não o admitindo, exercerá o 
nomeado a tutela ou a curatela enquanto não for dispensado por sentença transitada 
em julgado.
Ainda há a tutela pela via dativa, que ocorre quando e se não houver a manifestação expressa 
dos pais ou parentes para o exercício de acordo com a ordem de preferência legal, já demonstrada. 
Nesses casos, de acordo com o Código Civil e a legislação especial, Estatuto da Criança e do 
Adolescente, um tutor deverá ser nomeado pelo juiz, ou os menores serão incluídos no programa 
de colocação familiar, de modo que seus direitos sejam garantidos e protegidos.
A responsabilidade do tutor é bastante extensa e passa desde a garantia da educação e da 
proteção do vulnerável até a administração de seus bens e a prestação de contas periódica, de 
modo que todo o patrimônio seja administrado de maneira transparente e idônea.
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A cessação da tutela ocorre pela maioridade do tutelado ou quando este for reconhecido ou 
adotado, tendo nesses casos o restabelecimento do poder familiar, ou, na verdade, a constituição 
de um poder familiar válido. Ainda cessa se o tutor for removido, se comprovada sua negligência 
na administração dos bens e cuidados ao tutelado e, por fim, se restar incapaz por algum motivo.
Neste último tópico, é imprescindível dizer que, em razão das alterações trazidas pelo Estatuto 
da Pessoa com Deficiência, não será considerado incapaz o portador de deficiência par o exercício 
da tutela e/ou da curatela.
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou 
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Em relação à curatela, sua aplicação dá-se no sentido de proteção da saúde do curatelado e 
da administração de seus bens, tendo em vista sua condição de incapacidade civil. Esse instituto 
sofreu significativas mudanças por conta da Lei nº 13.146/15, conhecido como Estatuto da Pessoa 
com Deficiência.
Assim, estão submetidos à curatela: pessoas que estiverem impossibilitadas de manifestar 
vontade, seja por motivo transitório ou permanente; os ébrios habituais e as pessoas viciadas em 
tóxicos; e os pródigos, por não possuírem condições de administrar seus bens patrimoniais.
De acordo com as alterações oriundas do Estatuto da Pessoa com Deficiência, ao instituto da 
curatela, serão aplicadas as regras e disposições que regulamentam a tutela.
Ainda, há um rol de preferência para a nomeação do curador:
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de 
direito, curador do outro, quando interdito.
§1ºNa falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta 
destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3º Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do 
curador.
Não obstante, existe a possibilidade normativa de estabelecimento de curadoria compartilhada 
no caso de curatelado portador de deficiência, sendo essa, também, novidade trazida pela Lei nº 
13.146/15, cabendo ao juiz essa determinação.
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Do mesmo modo como está estabelecido para a tutela, no caso de curatela, haverá o dever de 
prestação de contas. Exceção se faz no caso de ser o curador o cônjuge do curatelado e o regime 
de bens estabelecido ser a comunhão universal de bens, salvo quando solicitado pelo juiz que aja 
de maneira diversa, apresentando prestação de contas.
Inovação bastante expressiva encontra-se no instituto da tomada de decisão apoiada estabelecido 
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Muito se discute sobre a extinção da interdição, o que não é verídico, tendo em vista o que foi 
exposto. O que ocorre com a vigência das inovações trazidas pela Lei nº 13.146/15 é a tentativa 
de conferir ao deficiente autonomia. Assim, a submissão de alguém à curatela será uma medida 
excepcional e não regra, como era tida antes da promulgação da referida lei.
Tais inovações trouxeram a inserção do art. 1.783-A ao Novo Código de Processo Civil, tendo 
em vista o art. 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua 
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme 
a lei.
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de 
decisão apoiada.
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva 
extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e 
durará o menor tempo possível.
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração 
ao juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.
Além disso, é importante frisar que os atos afetados pela curatela só abarcarão questões 
patrimoniais e negociais, não sendo tocadas as questões afetas à personalidade do curatelado.
O art. 1.783-A do Novo Código de Processo Civil traz, detalhadamente, o procedimento para a 
tomada de decisão apoiada.
Inicialmente, serão eleitas pelo menos duas pessoas para atuar como apoiadoras da decisão 
(ato praticado ou a ser praticado). Elas não necessariamente precisam ser membros da sociedade 
familiar, mas precisam gozar da confiança da pessoa que será apoiada.
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Tal solicitação deverá ser feita ao juiz discriminando os poderes conferidos ao(s) curador(es), 
inclusive o prazo de vigência da autorização para apoio. Caso o apoiador exceda os limites da 
autorização, poderá o apoiado ou qualquer pessoa dirigir denúncia ao Ministério Público ou 
diretamente ao juiz para que as medidas necessárias sejam tomadas, inclusive com a aplicação 
de sanções cabíveis ao instituto da responsabilidade civil.
Em situações que não sejam abarcadas pela proteção do Estatuto da Pessoa com Deficiência, 
o instituto da interdição e, consequentemente, a curatela serão mantidos conforme a legislação 
aplicável, enfatizando o pertencimento desse procedimento ao rol dos regidos pela jurisdição 
voluntária.
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CONCLUSÃO
A presente aula pretendeu abordar aspectos pós-modernos e atuais inerentes ao Direito das 
Famílias. Desse modo, foram abordados temas como as novas formações familiares acompanhando 
o dinamismo social, sejam elas formais ou informais. Tema bastante contemporâneo tratado ao 
longo do material foi o reconhecimento (justo) das relações homoafetivas e da possibilidade de 
sua formalização, com amparo e proteção estatal.
As discussões trazidas pelo reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 1790 do Código 
Civil foram abordadas de modo que ao aluno será possível se atualizar e efetuar a reflexão crítica 
acerca da aproximação do tratamento dado ao casamento, instituição familiar formal, e à união 
estável, instituição familiar informal.
Em relação à dissolução, foram tratadas questões conceituais e as diferenças entre a sociedade 
conjugal e o vínculo matrimonial, assim como as vias para pôr termo à relação, sejam elas judiciais 
ou administrativas. Sobre este último tópico, foram trazidos os aspectos que geram obstáculos 
para a celeridade e a economia processual.
O Novo Código de Processo Civil foi abordado ao longo de todo o curso, seja com novos 
procedimentos ou por meio da explanação de evoluções trazidas, recepção de regramentos pretéritos 
e prazos inerentes aos procedimentos.
Por fim, a aula tratou da conceituação da hipervulnerabilidade, das legislações pertinentes e 
das alterações impostas aos institutos da tutela, curatela e interdição pelo Estatuto da Pessoa com 
Deficiência. O fundamento foi atualizar e trazer o aluno à reflexão tanto acadêmica como prática 
referente ao Direito das Famílias.
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GLOSSÁRIO
Cogente: Norma de ordem pública, que não comporta disposição. (Fonte: Elaborado pelo autor)
Nubentes: Que é noivo ou noiva. Núbil. Pessoa ajustada para casar ou que vai se casar. (Fonte: 
https://www.dicio.com.br/nubentes/).
Pródigo: Que ou quem gasta de forma desmedida ou compromete as suas possibilidades 
econômicas com gastos excessivos (Fonte: https://www.priberam.pt/dlpo/Pr%C3%B3digo).
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BIBLIOGRAFIA
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COUTO, Mônica Bonetti; OLIVEIRA,

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