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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL 2 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. missão Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. Visão Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO bibliotecA mUltiViX (dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Silvino, Renata Felipe. Gestão Ambiental e Responsabilidade Social / Renata Felipe Silvino. – Serra: Multivix, 2018. editoRiAl FAcUldAde cApiXAbA dA seRRA • mUltiViX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina diretor executivo do Grupo multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Bem-vindos à disciplina Gestão Ambiental e Responsabilidade Social! A gestão am- biental constitui um sistema de administração empresarial que visa reduzir ao má- ximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. Já a responsabilidade social está ligada a questões e princípios éticos adotados pela empresa. Para que seu estudo se torne proveitoso, esta disciplina foi organizada em unidades, com temas e subtemas. A unidade 1, Desenvolvimento sustentável, estabelece reflexões sobre a crise am- biental e apresenta a gestão do ambiente como ferramenta importante para conci- liar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. A unidade 2, Sistema de gestão ambiental, visa apresentar esse processo de admi- nistração, que resolve as questões de âmbito ambiental e previne possíveis conse- quências negativas relacionadas aos processos de produção das empresas. A unidade 3, Relatórios ambientais, contempla os dois documentos, EIA e RIMA, que subsidiam decisões sobre a viabilidade ou não de determinado empreendimento. A unidade 4, Contabilidade ambiental, discorre teoricamente sobre a contabilidade ambiental e contas ambientais. Na unidade 5, Responsabilidade social, é discutida a importância da postura social- mente responsável de uma organização. A unidade 6, Educação ambiental, enfoca a educação ambiental como instrumento de gestão ambiental. A disciplina tem o objetivo de apresentar conceitos e situações práticas inerentes à gestão ambiental no contexto das organizações e discutir a responsabilidade social. Um bom processo de estudo envolve participação ativa nas atividades propostas. Planeje e organize sua aprendizagem, envolva-se nos fóruns e nas demais atividades e bons estudos! 6 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO objetivos da disciplina • Definir os principais conceitos relacionados ao desenvolvimento sustentável e à gestão ambiental. • Explicaro sistema de gestão ambiental nas empresas. • Listar e descrever os fundamentos básicos do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). • Definir contabilidade ambiental. • Definir e identificar a importância da responsabilidade social e da educação ambiental. 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO > FIGURA 2 - Mexilhões-dourados incrustados em uma pedra 18 > FIGURA 3 - A irrigação pode transformar terras produtivas em desertos 23 > FIGURA 4 - Florescimento de alga de um lago 24 > FIGURA 5 - Gestão ambiental empresarial – influências 33 > FIGURA 6 - Metodologia PDCA 35 > FIGURA 7 - Ciclo de vida de um produto 39 > FIGURA 9 - Biocombustíveis, combustíveis produzidos a partir de material vegetal 42 > FIGURA 10 - Processo de internalização da dimensão ambiental nas orga- nizações 43 > FIGURA 11 - Bacia Hidrográfica 52 > FIGURA 12 - O EIA e o ciclo do projeto – Momentos da sua elaboração 54 > FIGURA 14 - Vetores da responsabilidade social 75 > FIGURA 15 - Henry David Thoreau 85 > FIGURA 16 - Bombardeio atômico em Nagasaki 89 listA de FiGURAs 8 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO listA de tAbelAs > QUADRO 1 - Principais normas da Série ISO 14000 37 > QUADRO 2 - Licenças ambientais – Prazos de validade 47 > QUADRO 3 - Princípios do EIA 54 > QUADRO 4 - Tipos de Contabilidade Ambiental 64 > QUADRO 5 - Demonstração dos custos e receitas ambientais 68 > QUADRO 6 - Custos ambientais totais da empresa 69 > QUADRO 7 - Resumo do conteúdo da ISO 26000 77 > QUADRO 8 - Principais stakeholders e seus interesses básicos na e 79 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO sUmÁRio 2UNIDADE 1UNIDADE 1 desenVolVimento sUstentÁVel 13 1.1 FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 13 1.2 CRISE AMBIENTAL 15 1.2.1 SOBRE-EXPLORAÇÃO DE RECURSOS 16 1.2.2 INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS 17 1.2.3 DEGRADAÇÃO DO HABITAT E POLUIÇÃO 19 1.2.4 IRRIGAÇÃO 22 1.2.5 EUTROFIZAÇÃO 23 1.3 GESTÃO AMBIENTAL E CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 25 conclUsão 29 2 sistemA de Gestão AmbientAl 31 2.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) NAS EMPRESAS 31 2.1.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS 31 2.1.2 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE SGA 34 2.1.3 AS NORMAS ISO 14000 36 2.1.3.1 ISO 14001:2015 38 2.1.4 ISO 13065, UMA NORMA PARA SUSTENTABILIDADE DA BIOENERGIA 41 2.1.5 A CULTURA AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES 43 conclUsão 44 3 RelAtÓRios AmbientAis: eiA/RimA 46 3.1 FUNDAMENTOS DE EIA/RIMA 46 3.1.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL 47 3.1.2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) E RELATÓRIO DE IMPACTO AM- BIENTAL (RIMA) 48 3.1.2.1 IMPACTO AMBIENTAL 49 3.1.2.2 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 50 3.1.2.3 EIA 51 3.1.2.4 RIMA 56 3UNIDADE 10 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO conclUsão 59 4 contAbilidAde AmbientAl 61 4.1 HISTÓRICO 61 4.2 CONCEITO E FUNDAMENTOS 62 4.3 CONTAS AMBIENTAIS 65 4.3.1 ATIVO AMBIENTAL 65 4.3.2 PASSIVO AMBIENTAL 67 4.3.3 RECEITA AMBIENTAL 67 4.3.4 CUSTOS (DESPESAS) AMBIENTAIS 68 conclUsão 71 5 ResponsAbilidAde sociAl 73 5.1 AS DIMENSÕES INTERNA E EXTERNA DA RSE 74 5.2 AS NORMAS QUE ENVOLVEM A RSE 76 5.3 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E STAKEHOLDERS 78 5.4 BALANÇO SOCIAL 80 conclUsão 82 6 edUcAÇão AmbientAl 84 6.1 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNDO 85 6.2 MOVIMENTO AMBIENTALISTA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL 90 6.3 A AGENDA 21 COMO INSTRUMENTO PARA A GESTÃO AMBIENTAL 92 6.4 ASPECTOS LEGAIS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL 94 conclUsão 96 GlossÁRio 97 ReFeRÊnciAs biblioGRÁFicAs 98 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO iconoGRAFiA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 12 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o conceito de desenvolvimento sustentável. > Identificar e analisar a problemática da crise ambiental. > Listar e descrever atividades antrópicas danosas ao meio ambiente e suas consequências. > Classificar e definir medidas de controle da degradação ambiental. > Definir e avaliar gestão ambiental. UNIDADE 1 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Ao longo desta unidade, o foco do nosso estudo será o desenvolvimento sustentável, que é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem com- prometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. As dimen- sões e desafios do desenvolvimento sustentável, assim como a crise ambiental, são tratados em nível global. Por fim, a gestão ambiental é abordada como pressuposto da sustentabilidade. 1.1 FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A conservação ambiental e, consequentemente, de recursos naturais muitas das ve- zes vem de encontro com as necessidades da humanidade. O desenvolvimento sus- tentável (DS) vem buscar uma solução para esse impasse, já que permite um desen- volvimento econômico com menores efeitos sobre o meio ambiente. As propostas de DS estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos naturais desde que sejam preservados para as gerações futuras (DIAS, 2007). Segundo Braga et al. (2005), o relatório produzido pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) em 1987, denominado Nosso Futuro Co- mum, apresentou pela primeira vez uma definição do conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS): “Atender as necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades”. A comis- são foi formada em 1984 pela Organização das Nações Unidas, com a participação de membros de 22 países e, por três anos consecutivos, a comissão e seus assessores estudaram conflitos entre os crescentes problemas ambientais e as necessidades das nações em desenvolvimento (BRAGA et al., 2005). O relatório foi generalizado e prevê que diversas interpretações podem ocorrer quanto ao conceito de DS, mas é inegável que foram abertas as portas para o debate da equidade social e que o meio ambien- 14 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO te foi incorporado definitivamente sobre o desenvolvimento (DIAS, 2007). De acordo com Dias (2015), na sua formulação original, elaborada pela CMMAD, bus- cava-se integrar três elementos: (1) atender as necessidades básicas da geração atual; do mesmo modo, (2) atender as necessidades das gerações futuras; e (3) promover a manutenção da capacidade natural para que fossem alcançado esses objetivos.Ainda segundo Dias (2015), nessa concepção de DS estão presentes algumas premis- sas, que são: • O DS somente pode ser compreendido como processo. • O crescimento deve enfatizar seus aspectos qualitativos, principalmente aqueles relacionados com a equidade, a utilização dos recursos – em particular a energia –, e a geração de resíduos e poluentes. • É necessário modificar os padrões de produção e consumo, principalmente nos países desenvolvidos, para manter e aumentar os recursos básicos, sobretudo os agrícolas, energéticos, bióticos, minerais, ar e água. Um fator importante na estratégia está na reorientação tecnológica, principalmente para diminuir o impacto sobre os recursos e controlar os riscos ambientais. Há, para tanto, a necessidade de reformular as políticas públicas, as instituições e as regula- mentações para realizar o DS. A ideia, então, é que sejam aproveitados os recursos em quantidades racionais. As- sim, eles serão suficientes para atender as necessidades humanas tanto atuais quan- to futuras. É consenso a necessidade de uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade, e não o consumismo, pois só assim haverá esforços governamentais e avanços tecno- lógicos capazes de salvar a humanidade dos riscos ambientais e sociais (DIAS, 2015). Se agirmos dessa forma, os recursos naturais serão renovados, conservados e, princi- palmente, aproveitados pelas gerações futuras. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO Na última década, a humanidade aumentou seu consumo de bens e serviços em 28%. Somente em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigerado- res, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares. Esses são dados do relatório O Estado do Mundo, produzido pela Worldwatch Institute, organização com sede em Washington (EUA) que traz anualmente um balanço com números atualizados e reflexões sobre as questões ambientais. 1.2 CRISE AMBIENTAL A espécie humana tem um imenso impacto para o planeta, pois suas atividades de- terioram os sistemas ecológicos e causam a extinção de espécies. Segundo Ricklefs (2001), a crise ambiental não pode ser totalmente resolvida até que o crescimento populacional humano seja interrompido, o consumo de energia decline, e o desen- volvimento econômico leve os valores ecológicos em consideração. A população global atual utiliza-se da inesgotável energia solar e processa, por meio de sua tecnologia e de seu metabolismo, os recursos naturais finitos, gerando impla- cavelmente algum tipo de poluição (BRAGA et al., 2005). Segundo Dias (2015), a crise ambiental é um conceito amplamente aceito e reflete uma realidade que se caracteriza como um momento crítico, que se configura clara- mente em dois aspectos que a diferenciam de outros momentos da história. Em primeiro lugar, destaca-se a globalização dos problemas ambientais. São exem- plos, entre outros, a redução da camada de ozônio e o efeito estufa, que provocam mudanças climáticas. Todos os países são responsáveis por esses problemas, mas são os países desenvolvidos que consomem e poluem mais, sendo, portanto, os mais res- ponsáveis pela crise ambiental. Em segundo lugar, é a rapidez com que ocorrem os problemas ambientais. O aumento populacional, o desmatamento, as emissões de GEE (gases de efeito estufa) e a disseminação de doenças tanto para seres humanos quanto para os demais seres vivos estão caracterizados como problemas com evolu- ção muito rápida (DIAS, 2015). 16 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Assim, podemos concluir que todas as atividades humanas têm consequências para o ambiente. Conheça a seguir as principais ameaças aos processos ecológicos e à diversidade biológica. 1.2.1 SOBRE-EXPLORAÇÃO DE RECURSOS Segundo Ricklefs (2001), a pesca, a caça, a pastagem e a retirada de madeira para combustível são interações clássicas entre consumidor e recurso. Na maioria dos sis- temas naturais, essas interações atingem estados estacionários, porque, à medida que um recurso se torna escasso, a eficiência da exploração cai. Nos sistemas econô- micos, a interação consumidor-recurso pode entrar em equilíbrio, porque, à medida que um recurso se torna escasso e seu preço aumenta, a demanda para aquele recur- so cai. Por exemplo, se há falta de carne vermelha, esta encarece, e as pessoas deixam de consumi-la e optam por carne branca ou ovos. No entanto, a alta capacidade da população humana em explorar recursos pode conduzi-los ao esgotamento rapida- mente, sem chances de recuperação (RICKLEFS, 2001). O recurso pode ser extraído de modo tão extensivo que ele se torna raro e até extinto. O mercado então busca outra espécie ou região para explorar. A pesca comercial se enquadra nesse padrão (Figura 1) (PRIMACK; RODRIGUES, 2005). FIGURA 1 - A PESCA PREDATÓRIA OU SOBREPESCA É RESPONSÁVEL PELO DECLÍNIO DE VÁRIAS ESPÉCIES DE PEIXES Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 1.2.2 INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS A extensão geográfica de muitas espécies é limitada por barreiras climáticas e am- bientais à sua dispersão. Os mamíferos da América do Norte são incapazes de cruzar o pacífico e chegar até o Havaí, os peixes marinhos do Caribe não conseguem atra- vessar a América Central e alcançar o Pacífico, e os peixes de água doce em um lago africano não têm como chegar até outros lagos, mesmo próximos (PRIMACK; RODRI- GUES, 2005). O homem rapidamente alterou esse padrão, transportando espécies pelo mundo. Embora a grande maioria das espécies exóticas não se estabeleça nos lugares nos quais foram introduzidas, porque o novo ambiente geralmente não é adequado às suas necessidades, certa porcentagem de espécies consegue se instalar em seu novo lar, e muitas delas crescem em abundância às custas das espécies nativas (PRIMACK; RODRIGUES, 2002). Essas “espécies exóticas invasoras”, como são conhecidas, repro- duzem-se, dispersam-se e causam sérios danos ao ambiente, à economia e à saúde humana. O homem contribuiu e ainda contribui para a disseminação de espécies exóticas, tanto de maneira intencional quanto não intencional. Os aborígines, por exemplo, trouxeram os dingos (cães semidomesticados) para a Austrália; os polinésios, por sua vez, trouxeram os ratos para o Havaí. Naturalmente, as transposições globais de es- pécies por atividades humanas aumentaram imensamente desde que os europeus começaram a colonizar a maior parte do mundo há 500 anos (RICKLEFTS, 2001). De acordo com Zalba (2001) citado por Matthews e Brand (2001), é importante notar que, embora nem todas as espécies exóticas se tornam invasoras e que os impactos variam de acordo com as espécies e os ambientes, algumas dessas espécies causam impactos sérios e de amplas consequências, principalmente se não controladas. As espécies exóticas podem competir por alimento e espaço com as espécies nativas, alimentar-se destas e, desta forma, levá-las à extinção. 18 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Exemplos de introdução de espécies exóticas A abelha-africanizada Apis mellifera L. scutellata é um híbrido resultante do cruzamento entre linhagens europeias e africa- nas. Essa abelha disseminou-se rapidamente após ter sido introduzida noBrasil, na década de 1950, avançando sobre as Américas do Sul e Central a taxas de até 450 quilômetros por ano (GISP, 2005). Os enxames africa- nizados passaram a competir pelo néctar das flores, deslocando os poli- nizadores específicos de cada espécie de planta. Assim, juntamente com as abelhas nativas, desaparecem as espécies arbóreas que eram por elas polinizadas e, consequentemente, outras espécies de animais que depen- diam desses extratos arbóreos, quer seja como moradia ou como fonte de recurso alimentar (PRIMACK; RODRIGUES, 2005). Um dos casos mais conhecidos de invasão biológica no Brasil é a do mexilhão-dou- rado (Limnoperna fortunei) (Figura 2). A introdução involuntária ocorreu via água de lastro de navios. O mexilhão-dourado, nativo do sudeste asiático, atinge densidades populacionais de até 150 mil indivíduos por metro quadrado, que resultam em in- crustações massivas e obstrução de tubulações e filtros de água de estações de tra- tamento, indústrias e usinas hidrelétricas, causando graves perdas econômicas (GISP, 2005). FIGURA 2 - MEXILHÕES-DOURADOS INCRUSTADOS EM UMA PEDRA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 1.2.3 DEGRADAÇÃO DO HABITAT E POLUIÇÃO Alterar a natureza básica de um habitat muitas vezes perturba os processos naturais de regeneração e controle. Desmatar uma floresta, por exemplo, altera muito a estrutura física do solo, expondo-o à lixiviação. A produtividade da terra diminui abruptamente, e a erosão do solo pode aumentar cerca de 10 vezes ou mais (RICKLEFTS, 2001). O desmatamento ocorre devido à abertura de áreas para pastagens, produção agrí- cola, expansão de cidades, etc. A madeira retirada pode ser utilizada para diversos fins, como produção de móveis e obtenção de energia (carvão). Perda de biodiversi- dade, degradação do ecossistema, poluição do ar e da água são algumas das conse- quências posteriores (DIAS, 2015). Outra importante forma de degradação ambiental é a desertificação. Suas principais causas são: o excesso de pastoreio de áreas suscetíveis; desmatamento e agricultura excessiva paralelamente às terras inclinadas; incêndios florestais; irrigação excessiva (com águas impróprias, que levam à salinização do solo); mudanças no uso da terra (de rural para urbana); chuvas intensas; e turismo de massa mal-controlado, que con- tribui para o desgaste do ambiente natural e dos ecossistemas (DIAS, 2015). Vários outros tipos de ambiente estão sendo degradados. Os manguezais, por exem- plo, são derrubados para criações de camarão e assentamentos humanos. Rios, aos serem represados, trazem benefícios, como o controle de inundações, água para ir- rigação e geração de energia, mas também aumentam o transporte de areia fina, impedem as migrações de peixes, alteram as condições da água à jusante e podem mudar o clima local (RICKLEFTS, 2001). Segundo Primack e Rodrigues (2005), a poluição constitui a maneira mais sutil de de- gradação ambiental, sendo as causas mais comuns dessa degradação os pesticidas, os produtos químicos e o esgoto liberado por indústrias e comunidades, emissões de fábricas e automóveis, e a erosão de encostas. Os efeitos gerais da poluição na qualidade do ar, na qualidade da água e até mesmo no clima global são causas de grande preocupação, não apenas como ameaças para a diversidade biológica, mas também por causa de seus efeitos na saúde humana (PRIMACK; RODRIGUES, 2005). 20 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO As substâncias de poluição ou poluentes podem entrar no ambiente naturalmente, a partir, por exemplo, de erupções vulcânicas ou por meio das atividades humanas, como a queima de carvão e gasolina e o despejo de produtos químicos em rios e oceanos (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Segundo Braga et al. (2005), os poluentes que produzimos vêm de dois tipos de fonte: as fontes pontuais são únicas e identificáveis (lançamento de esgoto doméstico ou industrial, efluentes gasosos industriais, aterro sanitário de lixo urbano); por sua vez, as fontes não pontuais estão dispersas e, com frequência, são difíceis de identificar (agrotóxicos aplicados na agricultura e dispersos no ar, carregados pelas chuvas para rios ou lençóis freáticos, gases expelidos do esca- pamento de veículos automotores, etc.). Segundo Miller e Spoolman (2015), é muito mais fácil e barato identificar e controlar a poluição de fontes pontuais do que de fontes não pontuais amplamente dispersas. O rompimento da barragem de Mariana constitui um impor- tante exemplo de degradação de habitat e poluição. No dia 5 de novembro de 2015, ocorreu o rompimento da barragem Fundão, que acabou danificando a barragem de Santarém, ambas localizadas no município de Mariana, cidade histórica mineira a 124 km de distância de Belo Horizonte. As barragens pertencem à mine- radora Samarco, controlada pela Vale, e à anglo-australiana BHP Billiton. A enxurrada de lama, constituída de rejeito da produção de minério de ferro, inundou o subdistrito de Bento Rodrigues e se deslocou por toda a exten- são do Rio Doce, atingindo seu estuário. Segundo a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais/Serviço Geológico do Brasil), a pluma de sedimentos chegou à foz do rio no dia 21 de novembro e, de acordo com especialistas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), seguiu nas direções sul e sudoeste rumo ao litoral sul do Espírito Santo. No dia 7 de novembro, foi iniciado o monitoramento diário da qualidade das águas na calha do Rio Doce pelo IGAM (Instituto Mineiro de Gestão das Águas). Resultados preliminares evidenciam que parâmetros como o de turbidez, condutividade elétrica e metais pesados apresentaram valores alterados acima do limite legal, especialmen- te no momento da passagem da pluma nos locais avaliados. Conclusões similares foram obtidas pelas empresas que atuam na avaliação de parâmetros físico-químicos 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO e biológicos contratadas pela Samarco, segundo laudo técnico preliminar do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). É de concordância geral que esses valores diminuam devido à contribuição de águas dos afluentes, bem como à capacidade de depuração do rio; no entanto, é pertinente que há um severo comprometimento sobre toda a comunidade aquática. Os peixes, por exemplo, morreram aos milhares instantaneamente devido à elevada quantida- de de sólidos em suspensão, o que provoca colabamento das brânquias e asfixia. Nes- se grupo, destaca-se ainda um dano maior, por se tratar do período de reprodução. Segundo o IBAMA, nos espécimes mortos de curimbatá (Prochillodus sp.) coletados no Rio Doce, por exemplo, todos estavam prontos para a desova. Populações locais de anfíbios, répteis, aves e mamíferos também são apontadas pelo IBAMA como sensi- velmente atingidas. Isso se deve em parte à destruição de mais de 1.000 hectares ao longo dos cursos d’água, especialmente de matas ciliares remanescentes ocorrentes no alto do Rio Doce, área mais gravemente afetada. Os rejeitos de mineração de ferro com certeza afetaram o solo das áreas atingidas, produzindo alterações químicas – particularmente no pH – e comprometendo o restabelecimento futuro da vegetação local. Dessa forma, o evento ocorrido em Mariana pode ser consideradoum dos mais gra- ves desastres ambientais do mundo, com proporções e consequências ainda des- conhecidas. É fato que a maior carga dos danos ambientais foi destinada para as populações mais socialmente vulneráveis, como pescadores artesanais, pequenos agricultores e populações indígenas. O equilíbrio ecológico desses ecossistemas pre- cisa ser restabelecido, e a justiça ambiental, concretizada. A poluição e a mudança climática estão intimamente relacionadas, já que o dióxido de carbono (CO2) é o grande responsável pela poluição e aquecimento da Terra. Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonos (CFCs) e ozônio (O3). De acordo com Dias (2015), a mudança climática se refere às mudanças de longo prazo do estado médio do clima e também pode se dever a fatores naturais. No entanto, as rápidas mudanças que estão acontecendo desde meados do século passado se devem, em grande medi- da, às emissões de gases de efeito estufa da humanidade na atmosfera, que provocam o aquecimento global. Outras atividades humanas que também afetam o sistema cli- mático são as emissões de poluentes e de outros aerossóis, bem como as modificações da superfície terrestre, tais como a urbanização e o desmatamento (DIAS, 2015). 22 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O Brasil está entre os países mais emissores de gases de efeito estufa, principalmente devido às queimadas e derrubada de florestas. Chama-se a atenção, também, pela produção de gases de efeito estufa (GEE) em hidroelétricas no país. Gases como me- tano (CH4) são formados quando a matéria orgânica se decompõe sem a presença de oxigênio, por exemplo, no fundo de um reservatório (FEARNSIDE; MILLIKAN, 2012). As mudanças climáticas podem produzir uma série de efeitos, como o aumento do nível do mar; modificações na produção agrícola, como a diminuição da produtivida- de; prejuízos para a saúde humana, como o aumento de doenças transmitidas por insetos; e aumento das chuvas. Confira o documentário Before the Flood (no Brasil, chamado Seremos História), produzido pelo ator e ambientalista Leo- nardo DiCaprio. Lá você encontrará uma reflexão madura e muito bem embasada do problema do aquecimento global. 1.2.4 IRRIGAÇÃO A irrigação é uma prática agrícola que, devido à grande demanda de alimentos no mundo, foi empregada em grandes escalas, sem manejo adequado e com sistemas de irrigação muitas vezes inapropriados. Dias (2015) levanta uma questão pertinente à perda de água da irrigação por meio da evaporação, infiltração e escoamento, já que apenas cerca de 60% da água para irrigação do mundo chega aos cultivos. O motivo é que os principais sistemas de irri- gação não são adequados. Nesses sistemas, por exemplo, é bombeada água subter- rânea ou de superfície por meio de valas sem revestimento, que flui pela gravidade aos cultivos que serão irrigados. Inúmeros problemas podem ser identificados a partir do emprego da irrigação, como: • Rebaixamento de lençóis de água, onde os poços são a fonte de água de irrigação. • Redução da qualidade da água do subsolo através da introdução de pesticidas e fertilizantes. • Acumulação de sal em solos irrigados em zonas áridas, que podem se tornar de- sertificados (Figura 2). 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO FIGURA 3 - A IRRIGAÇÃO PODE TRANSFORMAR TERRAS PRODUTIVAS EM DESERTOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. Um bom exemplo de esgotamento de recursos hídricos pela irrigação é o aquífero de Ogallala, que fornece quase um terço de toda a água subterrânea usada nos Es- tados Unidos e que ajudou a transformar as Grandes Planícies em uma das regiões agrícolas irrigadas mais produtivas. O problema é o Ogallala ser essencialmente um local de um único depósito de capital natural líquido com uma taxa de recarga mui- to lenta. Os subsídios do governo designados para aumentar a produção do cultivo incentivaram os agricultores a cultivar colheitas que exigem o uso excessivo de água em áreas secas, o que acelerou o esgotamento do Ogallala (DIAS, 2015). 1.2.5 EUTROFIZAÇÃO Um dos mais importantes impactos que afetam a qualidade e a quantidade de água em rios, lagos e represas é a eutrofização, que é o resultado do despejo de águas re- siduárias de esgotos não tratados, efluentes industriais e agrícolas. Ela atinge águas superficiais e subterrâneas (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008). 24 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO O aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo é a principal causa de eutro- fização em ecossistemas continentais, onde pode haver rápido desenvolvimento de algas (Figura 4) e crescimento excessivo de plantas aquáticas, redução das caracterís- ticas naturais de lagos e represas, e deterioração da qualidade da água, tornando-a não disponível para vários usos e encarecendo consideravelmente o processo de tra- tamento (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008). Quando as concentrações de nutrientes aumentam devido à chegada de esgotos e resíduos orgânicos, as algas começam a se proliferar e alteram toda a ecologia do ambiente aquático. Há uma consequente diminuição na penetração de luz, já que as plantas e algas a bloqueiam. As taxas de decomposição e consumo de oxigênio pelos organismos produzem metano e gás sulfídrico no sedimento. Há ainda perda da diversidade de espécies e deterioração da qualidade da água e, além disso, pode ocorrer mortandade de peixes devido, por exemplo, à baixa de concentração de oxigênio dissolvido na água (TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008). FIGURA 4 - FLORESCIMENTO DE ALGA DE UM LAGO Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 1.3 GESTÃO AMBIENTAL E CONTROLE DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL Segundo Miller e Spoolman (2015), de acordo com as evidências, vivemos de forma insustentável, pois desperdiçamos, esgotamos e degradamos o capital natural da Ter- ra em ritmo acelerado. Esse processo é denominado degradação ambiental. Para sanar esse problema, existe a administração ambiental ou gestão ambiental, que compreende as diretrizes e as atividades administrativas realizadas por uma or- ganização para alcançar efeitos positivos sobre o meio ambiente, ou seja, para redu- zir, eliminar ou compensar os problemas ambientais (degradação ambiental) decor- rentes da sua atuação e evitar que outros ocorram no futuro (BARBIERI, 2016). Uma forma de classificar as medidas destinadas ao controle da degradação ambien- tal ou os instrumentos de gerenciamento ambiental é enquadrá-los em medidas preventivas e medidas corretivas. As medidas preventivas devem se antecipar e im- pedir ou minimizar a ocorrência dos fatores de degradação. Os custos financeiros são menores, e essas medidas são mais eficazes se tomadas antes da ocorrência da degradação ambiental e de consequentes custos de econômicos e sociais, nem sem- pre traduzíveis em valores monetários, mas nem por isso de menor importância. Já as medidas corretivas, embora necessárias, são, em geral, onerosas e muitas vezes de implementação difícil (BRAGA, 2005). Segundo Braga (2005), podemos ainda classificar as medidas de controle da polui- ção em estruturais e não estruturais. As medidasestruturais abrangem a execução de obras (por exemplo, construção de estações de tratamento de esgotos urbanos e industriais) e a instalação de equipamentos (por exemplo, filtros para retenção de material particulado de efluentes industriais lançados por chaminés na atmosfera) e, em geral, envolvem custos altos. As medidas não estruturais não envolvem a execução de obras ou a manipulação de equipamentos onerosos. São soluções mais baratas, que procuram intervir nas causas que podem originar ou agravar um problema, evitando, assim, que ele ocorra ou per- mitindo o seu controle. Um exemplo é a criação de áreas de proteção de mananciais, 26 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO que limita o desenvolvimento de atividades nessas áreas, evitando o comprometi- mento da qualidade da água que é usada para abastecimento público (BRAGA, 2005). A conscientização das partes interessadas no controle da degradação ambiental e, consequentemente, na sustentabilidade social e ambiental cria novas exigências e pressões sobre as organizações para adoção de programas de responsabilidade so- cial e ambiental. Segundo Fenker et al. (2015), a questão ambiental passa a ser im- portante para a gestão na medida em que o atendimento dessas exigências contri- bui para a sustentabilidade econômica no longo prazo. As organizações, tanto do ponto de vista social como econômico, estão passando por questionamentos que se iniciaram com os movimentos estudantis e culturais das décadas de 1960 e 1970 (FENKER et al., 2015). A evolução da preocupação humana com o impacto ambiental na fase mais recente pode ser dividida, conforme Benjamin (2009) citado por Fenker et al. (2015), em três fases distintas: • Décadas de 1970 e 1980: fase caracterizada pela preocupação com a poluição (resíduos sólidos, líquidos, gasosos) e que determinou a exigência de estudo de impacto ambiental e licenciamento ambiental. • Década 1990: caracterizada pela preocupação com a biodiversidade, o que gerou a assinatura da Convenção da Biodiversidade em 1992. • Fase atual: marcada pela preocupação com as mudanças climáticas e aqueci- mento global, o que gerou a assinatura da Convenção sobre Mudanças do Clima, em 1992, e do Protocolo de Kyoto, em 1997. Em 2009, foi objeto da Conferência de Copenhagen, onde cada país deveria propor metas de limites de emissões de gases do efeito estufa. As leis relacionadas à proteção ambiental passam, a partir daí, a ser mais severas e, caso as empresas não cumpram essas leis, elas podem sofrer penalidades de ordem administrativa, civil e criminal extensiva aos administradores. Nenhuma empresa quer seu nome e imagem relacionada a um impacto negativo, 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO concorda? Até porque ela pode ter perdas financeiras, perda da reputação, reações negativas por parte de seus consumidores e da sociedade em geral, fora as possíveis ações judiciais, que podem ser movidas. Assim, as empresas passam a adotar uma série de mecanismos para reduzir o con- sumo e uso de bens naturais e evitar os riscos da atividade decorrentes da poluição e degradação ambiental, preservando a saúde e qualidade de vida da população e a sustentabilidade do planeta, tais como: Sistema de Gestão Ambiental (SGA); Norma de Qualidade Ambiental (ISO 14001); selos verdes e outras ferramentas de gestão ambiental, com repercussão nas atividades e custos (FENKER et al., 2015). A expressão gestão ambiental aplica-se a uma grande variedade de iniciativas relati- vas a qualquer problema ou questão ambiental. Segundo Barbieri (2016), qualquer proposta de gestão ambiental inclui pelos menos três dimensões: • Dimensão temática: delimita as questões ambientais às quais as ações de ges- tão se destinam. Poluição atmosférica, resíduos sólidos, recursos hídricos, energia, clima, fauna e flora, desertificação, eutrofização de corpos d’água, educação am- biental e precipitação ácida são alguns exemplos de questões ambientais objetos de tais ações. • Dimensão espacial: refere-se à área de abrangência na qual se espera que as ações de gestão tenham eficácia. Algumas ações buscam solucionar questões ambien- tais em locais específicos – por exemplo, a descontaminação de uma lagoa. Outras ações buscam efeitos globais, como a redução das emissões de gases de efeito estufa. • Dimensão institucional: refere-se aos agentes responsáveis pelas iniciativas de ges- tão, tais como órgãos intergovernamentais, governos nacionais, subnacionais, mu- nicipais, entidades de classe e de profissionais, organizações da sociedade civil e empresas. Uma ou mais questões ambientais podem ser tratadas por meio de ini- ciativas diferentes, cada qual visando alcançar efeito sobre determinada área de abrangência. Por exemplo, o aquecimento global, uma questão ambiental de na- tureza planetária, requer gestões em todos os níveis de abrangência, desde o global aos níveis regional, nacional, local, empresarial e até mesmo no nível dos indivíduos. 28 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aplicação das dimensões da gestão ambiental No ano de 1908, a Chisso Corporation abriu sua primeira in- dústria química em Minamata. Em 1932, a empresa Chisso começou a produzir acetaldeído (utilizado na produção de material plás- tico), usando sulfato de mercúrio como catalizador e gerando como resí- duo o metil mercúrio, composto extremamente tóxico e danoso à saúde humana. O metil mercúrio era despejado na baía de Minamata. Em 1951, a produção da fábrica de Minamata saltou para 6.000 toneladas por ano e atingiu um pico de 45.245 toneladas em 1960. Em abril de 1956, começa- ram a surgir os primeiros casos de pessoas contaminadas com os resíduos, apresentando sintomas como dificuldade de andar, complicações na fala e convulsões. Em 1968, a Chisso abandona o uso do mercúrio no processo de produção do acetaldeído. Em 1977, o governo japonês começa a fazer um projeto de remediação da área contaminada por metil mercúrio, que vai até 1990. O desastre causou mais de 900 mortes, com sintomas severos causados pelo envenenamento por mercúrio. Após várias batalhas judi- ciais, a Chisso foi obrigada a indenizar as vítimas, mas os efeitos da conta- minação ainda afetam a população daquela região. Fonte: Braga, 2005. Dimensão temática: poluição hídrica. Dimensão espacial: Minamata, Japão. Dimensão institucional: nacional, local, empresarial. Dessa forma, as propostas de gestão ambiental empresarial devem ser apoiadas na eficiência econômica, equidade social e respeito ao meio ambiente. Essas propostas devem contribuir para que as empresas gerem renda e riqueza e, ao mesmo tempo, conservação ambiental e bem-estar social. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO CONCLUSÃO A crise ambiental está cada vez mais no centro das discussões, e o homem está to- mando consciência de que, da sua forma de se relacionar com o ambiente, depende o futuro do planeta. Passa a ser urgente a necessidade de mudar o atual modelo socioe- conômico de relação sociedade-natureza. O conceito do desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade surge como um modelo múltiplo para a sociedade enfrentar a crise ambiental, de forma a considerartodas as dimensões (social, econômica, política, ecológica, etc.). A gestão ambiental, dentro desse contexto, constitui uma ferramenta do desenvolvimento sustentável, já que é constituída por um conjunto de ações que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Observa-se, também, que, na gestão ambiental, aliados às ações de responsabilidade social estão os princípios do desenvolvimento sustentável, pois as empresas em busca de credibilidade incorporam, tanto nas suas atividades quanto na tomada de decisão, as variáveis ambiental e social. 30 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir o processo de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em uma organização. > Relatar as vantagens da certificação ISO 14000. > Identificar as aplicações das principais normas da série ISO 14000, especialmente a ISO 14001:2015. > Definir a ISO 13065 e identificar a importância do desenvolvimento da cultura ambiental nas organizações. UNIDADE 2 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 2 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Nesta unidade, você terá a oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre o Sis- tema de Gestão Ambiental (SGA) e as normas da ISO 14000. O processo de implan- tação do SGA será apresentado, assim como as principais normas da série ISO 14000. A cultura ambiental nas organizações será discutida como instrumento de mudança em prol do meio ambiente. 2.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) NAS EMPRESAS Segundo Dias (2017), as empresas constituem, hoje, um dos principais agentes res- ponsáveis pela obtenção de um desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade passa a constituir uma função administrativa. A adoção de Sistemas de Gestão Am- biental (SGA) integrados, que envolva a mudança da cultura organizacional da em- presa e introduza o componente ambiental entre as preocupações desta, é impor- tante e se faz necessária diante das novas exigências. 2.1.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS A gestão ambiental é a expressão utilizada para se denominar a gestão empresarial que se orienta para evitar, na medida do possível, problemas para o meio ambiente. O processo de gestão ambiental nas empresas está vinculado a normas elaboradas pelas instituições públicas sobre o meio ambiente. Tais normas são obrigatórias para as empresas que pretendem implantar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). O SGA, desta forma, baseia-se no atendimento à legislação ambiental e na melhoria 32 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO contínua do desempenho ambiental da organização. De acordo com Dias (2017), a violação das normas legais ou seu desconhecimento afeta de forma significativa os investimentos das empresas, além de alterar sua capacidade de intervenção no mercado. No início, as empresas respondiam aos problemas conforme iam surgindo. Assim, houve um predomínio de medidas corretivas para solucionar os problemas ambientais causados pelas atividades das organizações. Essa política ambiental tem caráter reativo. Em contrapartida, uma política com caráter proativo se utiliza de me- didas preventivas, que estudam não só os impactos diretos da empresa, mas tam- bém aqueles produzidos ao longo de toda a vida do produto. Saiba mais Confira a Lei nº 12.305/2010 – Lei dos Resíduos Sólidos Uma medida preventiva é a implementação de sistemas de logística rever- sa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor. Lâmpadas fluorescentes, pilhas ou baterias devem ter uma destinação correta, que não acarrete em problemas ambientais. De acordo com a Lei nº 12.305/2010 – Lei dos Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e co- merciantes desses produtos são obrigados a estruturar e implementar sis- temas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos (art. 33). Portanto, os fornecedores devem cumprir a lei, por exemplo, disponibilizando postos de coleta. Segundo Barbieri (2016), se não houvesse pressões da sociedade e medidas gover- namentais, não se observaria o crescente envolvimento das empresas nas questões ambientais. Como mostra a Figura 1, as preocupações ambientais dos empresários são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que interagem entre si: o go- verno, a sociedade e o mercado. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO FIGURA 5 - GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL – INFLUÊNCIAS Governos Empresas Mercado Sociedade Meio ambiente Fonte: BARBIERI (2016), p. 83. Os políticos estão cada vez mais pressionados pela sociedade, o que levou a aprova- ção de leis em prol de questões ambientais a se tornar uma constante. As influências do mercado são muitas e bastante específicas. A intensificação dos processos de abertura comercial, por exemplo, expõe os produtores a uma compe- tição mais acirrada e de âmbito mundial, que tem induzido a regulamentação e au- torregulamentação socioambientais. Investidores procuram minimizar os riscos de seus investimentos, já que a geração de passivos ambientais pelo não cumprimento da legislação ambiental pode comprometer a rentabilidade futura de uma empre- sa. E o setor de seguros tem exercido pressão para que as empresas melhorem seus desempenhos ambientais, uma vez que os sinistros ambientais podem ser bastante onerosos (BARBIERI, 2016). Por fim, outra fonte de pressão sobre as empresas advém do aumento da consciência da população em geral. Os consumidores estão mais exigentes, por isso procuram produtos e serviços mais sustentáveis. Assim, não faltam pressões para que as empresas adotem medidas de proteção ao meio ambiente, bem como para que imponham as práticas ambientais que julgam mais apropriadas, como indicam as setas mais finas da Figura 1. De acordo com Barbieri (2016), o SGA é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou 34 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO para evitar o seu surgimento. Essa melhoria da qualidade necessita de uma atuação da organização em face das pressões dessas forças de mercado, representadas pelas variáveis ambientais: legais (normas da série ISO 14000, por exemplo), econômicas, tecnológicas, sociais, demográficas e físicas. 2.1.2 PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE SGA A elaboração de um diagnóstico geral e preciso da situação da empresa em todo o processo produtivo constitui o início da implantação de um SGA. Assim, pode ser criada uma política ambiental para a organização, além de um programa permanen- te de conscientização dos empregados sobre a gestão ambiental em suas atividades (LINS, 2015). A metodologia Plan, Do, Check e Act (PDCA) é uma forma indicada de implantação de um SGA (Figura 2). Segundo Barbieri (2016), como indicado pelas setas (Figura 2), assim que uma melhoria é alcançada, o ciclo se repete, inicialmente para sustentá-la,depois, para superá-la. Em linhas gerais o processo de implantação de um SGA é composto das seguintes fases: análise inicial; planejamento; implantação; avaliação, sugestões de medidas corretivas e comunicação. A análise inicial é composta de visita à empresa, com recolhimento do máximo pos- sível de informações, identificação inicial de evidências de possíveis não conformida- des e/ou ineficiências ambientais, avaliação preliminar dos resultados com a determi- nação do escopo do trabalho e das áreas críticas que serão objeto de mais cuidados (LINS, 2015). No planejamento devem ser analisados os possíveis impactos ambientais sob respon- sabilidade direta ou indireta da empresa, levantada a legislação ambiental aplicável à empresa, estabelecidos os objetivos e prazos de acordo com a política ambiental e elaborados cronogramas orçamentários físico e financeiro do SGA (LINS, 2015). Se- gundo Barbieri (2016), os objetivos ambientais devem estar coerentes com a política ambiental. Para seu alcance, a organização deve determinar o que será feito, quais recursos serão requeridos, quem será o responsável, quando será concluído e como os resultados serão avaliados. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO FIGURA 6 - METODOLOGIA PDCA Política ambiental Planejamento (Plan) Objetivos e metas; programas de gerenciamento ambiental. Açõeses corretivas (Check) Medidas preventivas e corretivas; auditoria de SGA. Implantação (Do) Responsabilidades; treinamento; comunicação; documentação do SGA; controle de documentos; procedimentos de emergência. Avaliação gerencial (Act) Fonte: LINS, 2015, p. 32. A implantação deve englobar a participação de toda a empresa, desde posições na alta direção até a operacional. A empresa deve avaliar o cumprimento das normas ambientais, determinar responsabilidades e metas ambientais, avaliar todas as fases do processo produtivo com o SGA e estabelecer rotinas para situações de emergên- cia. A avaliação geral do SGA e o treinamento devem ser constantes. Segundo Lins (2015), deve-se atentar para a avaliação, sugestões de medidas corretivas e comunicação. A alta administração deve acompanhar e avaliar periodicamente os resultados e o cronograma de cada fase. A avaliação do desempenho ambiental cor- responde ao C (de checar, verificar) do ciclo PDCA. Desempenho ambiental refere-se aos resultados mensuráveis relacionados à gestão de aspectos ambientais. O monito- ramento faz parte da avaliação do desempenho ambiental. Por exemplo, acompanhar diariamente o consumo de água para verificar se o objetivo de redução de consumo está sendo alcançado conforme determinado. Caso haja a necessidade de correções para a melhoria contínua, o monitoramento será a ferramenta indicativa para tal. 36 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Medidas corretivas devem ser empregadas para eliminar a causa de uma não con- formidade e prevenir a sua ocorrência. A empresa, nesse caso, deve executar ações para controlar e corrigir a não conformidade, mitigando impactos adversos. Após a implantação de todos os procedimentos operacionais do SGA, é importante asse- gurar que as informações serão geradas em momento oportuno e para as pessoas devidamente autorizadas e interessadas. Todos os documentos e registros do SGA devem ser mantidos em local seguro e prontos para uso do pessoal interno ou para as auditorias (LINS, 2015). 2.1.3 AS NORMAS ISO 14000 De acordo com Dias (2015), as normas ISO são normas ou padrões desenvolvidos pela International Organization for Standardization, com sede em Genebra, na Suíça. Alguns países são representados por entidades governamentais ou não diretamente vinculadas ao governo, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que representa o Brasil. Segundo Barbieri (2016), as normas possuem elevado consen- so internacional e não constituem barreiras técnicas ao co- mércio. Isso explica o grande sucesso delas, cuja primeira ex- periência se deu no campo da qualidade com as da série ISO 9000 (BARBIERI, 2016). O termo “ISO” utilizado para representar a organização International Organization for Standardization não é uma sigla, pois em português seria “OIN” e em inglês seria “IOS”. A palavra “ISO” é derivada do grego, que significa igual. A utilização desse termo decorre do fato de representar o sentido de igualdade para uma norma de alcance mundial (LINS, 2015). Barbieri (2016) aponta três tipos de normas sobre sistemas de gestão: (1) normas que especificam requisitos para criar, manter e aperfeiçoar o sistema de gestão; (2) normas guias ou de diretrizes para orientar o atendimento de requisitos; e (3) normas sobre temas específicos auxiliares. São exemplos de normas do primeiro tipo a ISO 14001, que especifica requisitos de um SGA, e a ISO 9001, de um sistema de gestão 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO da qualidade. A ISO 14004 e a ISO 9004 são normas do segundo tipo, que fornecem diretrizes gerais sobre os sistemas de gestão ambiental e de qualidade, respectiva- mente. As normas ISO 19011 sobre auditoria e a ISO 14031 sobre avaliação do de- sempenho ambiental são exemplos de normas do terceiro tipo (BARBIERI, 2016). O uso da norma ISO 14031 não é obrigatório, nem mesmo para a organização que possui um SGA conforme os requisitos da ISO 14001. Porém, a norma ISO 14031 apresenta diretrizes e recomendações que facilitam a determinação de indicadores para fins do SGA. As normas ISO 14000 são uma família de normas que buscam estabelecer ferramen- tas e sistemas para a administração ambiental de uma organização. As normas, de acordo com a série, estabelecem as diretrizes para auditorias ambientais, avaliação de desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos pro- dutos (Quadro 1). QUADRO 1 - PRINCIPAIS NORMAS DA SÉRIE ISO 14000 NORMA/ANO DESCRIÇÃO ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental. Especificações de uso. ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental. Diretrizes gerais, princípios, sistema e téc- nicas de apoio. ISO 14005 Sistema de Gestão Ambiental. Aplicável principalmente em pequenas e médias empresas. ISO 14010 Diretrizes para auditoria ambiental. Princípios gerais. ISO 14011 Diretrizes para auditoria ambiental. Procedimentos de auditoria. Audito- ria de SGA. ISO 14012 Diretrizes para auditoria ambiental. Qualificação de auditores ambien- tais. ISO 14020 Rótulos de declarações ambientais. Princípios gerais. ISO 14021 Rótulos de declarações ambientais. Autodeclaração ambiental. ISO 14031 Gerenciamento ambiental. Avaliação de desempenho ambiental. Dire- trizes. ISO 14032 Gerenciamento ambiental. Avaliação de desempenho ambiental. Estudo de casos. ISO 14040 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Princípios e estrutura. ISO 14041 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Definição dos objeti- vos, escopo e análise de inventário. ISO 14042 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Avaliação do impac- to do ciclo de vida. ISO 14043 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Interpretação do ci- clo de vida. 38 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO NORMA/ANO DESCRIÇÃO ISO 14048 Gerenciamentoambiental. Análise do ciclo de vida. Documentação de dados do ciclo de vida. ISO 14049 Gerenciamento ambiental. Análise do ciclo de vida. Exemplos para a ISO 14041. ISO 14050 Gerenciamento ambiental. Vocabulário. ISO 14063 Gerenciamento ambiental. Comunicação ambiental. ISSO 14064 Gerenciamento ambiental. Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE). ISO 14065 Gerenciamento ambiental. Complemento, validação de organismos e va- lidação das declarações sobre GEE. Fonte: LINS, 2015, p. 24. 2.1.3.1 ISO 14001:2015 Conforme Dias (2017), a norma ISO 14001 é a ferramenta de gestão mais difundida no mundo, com mais de 250.000 organizações que a aplica em 167 países. Após 11 anos decorridos da última revisão foi lançada a última versão, a ISO 14001:2015, que estabelece normas para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A certificação dessa norma ajuda a prevenir os impactos ambientais utilizando méto- dos adequados para evitá-los, reduzi-los ou controlá-los. Entre suas vantagens estão a de transmitir o compromisso assumido pela organização de forma direta e crível, viabilizar benefícios econômicos por meio da otimização do consumo de energia, de matérias-primas e de água e pela melhoria dos processos, também reduz os riscos legais de recebimento de multas (DIAS, 2017). A nova certificação estabeleceu padrões mais elevados de sustentabilidade e de- sempenho organizacionais. Essas novas mudanças estão sintonizadas com a urgen- te necessidade de adaptação das empresas às exigências para se engajarem mais firmemente na solução dos problemas ambientais. Além disso, a ISO 14001:2015 é compatível com outros sistemas de gestão (como a ISO 9001, de qualidade) e apre- senta um texto claro, que evita interpretações equivocadas. Um dos aspectos importantes da nova versão da ISO 14001 é a consideração pelo ciclo de vida (Figura 3), definido como estágios consecutivos e encadeados de um sistema de produto ou serviço, desde a aquisição da matéria-prima ou sua geração a partir de recursos naturais até a disposição final. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO O ciclo de vida de um produto é segmentado em cinco fases distintas: extração e fabricação das matérias-primas; fabrica- ção do produto; utilização do produto pelo cliente; e fim de vida do produto. Essa última fase compreende os meios de eliminação do produto utilizado: reciclagem, incineração, meios de des- carga (como depósito de lixo), etc. (DIAS, 2014). FIGURA 7 - CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO CICLO DA ECONOMIA RECURSOS RESÍDUOS A introdução da ISO 14001 trata do desenvolvimento sustentável e afirma que o ob- jetivo desse desenvolvimento se alcança com o equilíbrio entre os pilares econômico, social e ambiental (Figura 4). A norma ISO 14001 tem como objetivos principais: • Apoiar a proteção ao meio ambiente e a prevenção da poluição em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas. • Possibilitar às empresas a implantação e continuação do atendimento das exi- 40 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO gências legais e de suas políticas para o meio ambiente em seus potenciais im- pactos significativos. FIGURA 8 - OS PILARES ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DEVEM SER CONSIDERADOS NA PROPOSIÇÃO DE SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS ECONOMIA SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS MEIO AMBIENTE SOCIAL Lins (2015) ressalta, ainda, que para a correta implementação ou aperfeiçoamento de um SGA sob a ótica da ISO 14001, algumas premissas devem ser consideradas para o sucesso das medidas: • Encorajar o planejamento ambiental do início ao fim do ciclo de vida do produto ou do processo. • Reconhecer que a gestão ambiental está entre as mais altas prioridades da cor- poração. • Estabelecer e manter diálogo com as partes interessadas, internas e externas. • Mensurar as obrigações legais e os aspectos ambientais associados com ativida- des da organização, seus produtos e serviços. • Desenvolver o compromisso da gerência e dos empregados para com a proteção 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO do ambiente, com definição clara das responsabilidades. • Prover recursos apropriados e suficientes, incluindo treinamento para alcançar, numa base ambiental contínua, os níveis de desempenho. • Avaliar o desempenho ambiental confrontando-o com a política, objetivos e me- tas, visando à melhoria, quando apropriado. • Estabelecer um processo de gerenciamento para analisar criticamente e auditar o SGA e para identificar oportunidades de melhoria do sistema e do desempenho ambiental resultante. • Encorajar contratados e fornecedores a estabelecerem um SGA. 2.1.4 ISO 13065, UMA NORMA PARA SUSTENTABILIDADE DA BIOENERGIA A Organização Internacional para Padronização (International Standard Organization – ISO) publicou em 2015 a norma ISO 13065:2015 (critérios de sustentabilidade para a bioenergia), para ser utilizada na avaliação da sustentabilidade de produtos e pro- cessos relacionados à geração de energia de origem orgânica, de forma a assegurar segurança energética e contribuir para a sustentabilidade. Essa nova norma contribui em muito para a construção e consolidação da perspec- tiva do desenvolvimento sustentável, no âmbito empresarial, somando-se a outros padrões já existentes que vão na mesma direção, como a ISO 14001, de gestão am- biental, e a ISO 26000, que estabelece diretrizes para responsabilidade social. Dentro desse contexto, o Brasil, de acordo com Dias (2017), é um dos países mais pro- missores no que diz respeito ao aproveitamento da energia a partir de matéria orgâni- ca, que origina a bioenergia. O país tem enorme potencial nas diversas formas da bioe- nergia, quer no estado líquido, quer no sólido ou gasoso. Em termos de combustíveis líquidos, tem o etanol e o biodiesel (Figura 5). A biomassa sólida é abundante e pouco utilizada, como restos de matéria orgânica e bagaço de cana, por exemplo. O biogás 42 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO é obtido pela decomposição da matéria orgânica na ausência do oxigênio, gerando gás metano, que pode ser utilizado para o aquecimento e produção de eletricidade. FIGURA 9 - BIOCOMBUSTÍVEIS, COMBUSTÍVEIS PRODUZIDOS A PARTIR DE MATERIAL VEGETAL biocombustível Dicas Confira o Programa “Como será? – Geração de Biogás no Oeste Paranaense” O programa apresenta um projeto no Oeste Paranaense, que garante o tratamento dos dejetos animais transformando um agente poluidor em biogás e biofertilizante. Isso ainda dá a possibilidade do produtor de co- mercializar esses produtos e gerar uma renda adicional. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 2.1.5 A CULTURA AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES Para Dias (2017), a adoção de Sistemas de Gestão Ambiental nas empresas deve vir acompanhada de uma mudança cultural, em que as pessoas têm de estar mais en- volvidas com a nova perspectiva. Nesse sentido, alguns hábitos e costumes arraigados que são consolidados no ambiente externo das empresas devem ser combatidos, e outros positivos devem ser assimilados pelo conjunto da organização. No Brasil, há uma disparidadeno comportamento das empresas no que diz respeito ao atendimento às questões ambientais. Algumas empresas levam em consideração o meio ambiente, enquanto outras não o incluem em seu planejamento estratégico. Meredith (1994), citado por Andrade (1997), sugere uma tipologia de possíveis estra- tégias ambientais empresariais desenvolvidas durante o processo de internalização da dimensão ambiental nas organizações (Figura 6). As empresas podem ser classifi- cadas em reativas, ofensivas e inovativas. FIGURA 10 - PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO DA DIMENSÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES As empresas classificadas como reativas confinam suas ações em um atendimento mínimo e relutante com relação à legislação ambiental local e ao gerenciamento mínimo de seus riscos, os quais assumem papel dominante na estratégia ambiental dessas organizações. A percepção das empresas está baseada na proposição de que não há oportunidade de mercado para compensar os aumentos de custos proporcio- nados pela internalização da dimensão ambiental (ANDRADE, 1997). Já as ofensivas querem obter vantagem competitiva, onde for possível, e sem mui- to investimento. As empresas ofensivas percebem a variável ambiental como uma oportunidade, porém o controle da poluição ainda é uma função eminentemente da produção (ANDRADE, 1997). A preocupação revelada por muitas empresas pode ter várias origens, e não necessariamente retrata uma maior consciência ambiental ou um maior comprometimento com a sustentabilidade. Por fim, segundo Andrade (1997), as empresas inovativas se antecipam aos proble- 44 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO mas ambientais futuros por meio da sua resolução, simultaneamente com o fortale- cimento de suas posições no mercado. Nesse terceiro estágio, a questão ambiental passa a ser incorporada nas estratégias empresariais mais gerais como um elemento importante de construção de vantagens competitivas duradouras. De acordo com Dias (2017), a cultura ambiental é um conjunto de comportamentos sociais fundamentados no valor “meio ambiente”, que se constitui em um sistema de significados e de símbolos coletivos segundo os quais os integrantes de determi- nada empresa interpretam suas experiências e orientam suas ações referentes ao meio ambiente. Portanto, as pressões sociais e as políticas públicas em prol do meio ambiente podem influenciar a cultura ambiental das empresas e potencializar a con- servação ambiental. CONCLUSÃO A adoção de SGA integrados, que envolva a mudança da cultura organizacional da empresa em prol da conservação ambiental, é importante e pertinente diante da atual conjuntura de crise socioambiental. As normas orientam os sistemas de ges- tão, as ISO 14000, por exemplo, se referem a um processo pelo qual as organizações deverão estabelecer políticas e objetivos que cumpram as leis e regulamentações ambientais e que evitem a poluição. Trata-se de um sistema de normalização abran- gente, que visa ao cumprimento das leis e considera os princípios da conservação ambiental, além de universalizar conceitos e procedimentos. Uma organização que tenha o seu SGA certificado pela ISO 14000, por exemplo, terá controle sobre os seus resíduos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. No entanto, isso não é uma ga- rantia de que tal organização não esteja causando impactos ao meio ambiente. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Identificar os princípios do licenciamento ambiental. > Listar e descrever os fundamentos básicos do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). > Explicar a importância desses dois documentos na atuação ambiental de empreendimentos. UNIDADE 3 46 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 RELATÓRIOS AMBIENTAIS: EIA/RIMA A unidade trata dos aspectos mais importantes do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), tais como conceitos, requisitos e con- teúdo. Esses dois documentos subsidiam a gestão pública na tomada de decisão quanto à viabilidade ambiental ou não, de determinado empreendimento. O licen- ciamento ambiental, um procedimento administrativo para o controle ambiental, também, é apresentado. 3.1 FUNDAMENTOS DE EIA/RIMA Para agir sobre os impactos ambientais, é necessário conhecê-los e estudá-los, tan- to os que resultam das atividades humanas em curso quanto os que podem vir a ocorrer no futuro em decorrência de novos produtos, serviços e atividades. Qualquer abordagem de gestão ambiental de uma organização, seja corretiva, preventiva ou estratégica, requer a identificação e análise de impactos ambientais a fim de se esta- belecer medidas para agir em conformidade com a abordagem, a legislação ou com a sua política ambiental (BARBIERI, 2016). A avaliação prévia de impactos ambientais é considerada como princípio ambiental, tal é sua importância como norteadora de procedimentos na área ambiental, com previsão na Constituição Federal, art. 225; na Lei 6.938/81, que instituiu a Política Na- cional do Meio Ambiente, art. 9º; na declaração do Rio sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, no Princípio 17. Tanto o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), quanto o Relatório de Impacto Ambien- tal (RIMA) constituem instrumentos de gestão ambiental, que avaliam previamente os impactos e antecipam soluções antes de implantá-los. O EIA constitui um estudo mais amplo, enquanto o RIMA expressa o trabalho de modo conclusivo, trazendo uma avaliação valorativa que identifique se o projeto é ou não nocivo ao meio am- biente e em que grau. 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gestão AmbientAl e ResponsAbilidAde sociAl SUMÁRIO 3.1.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL Para que os empreendimentos com atividades impactantes ao meio ambiente pos- sam se estabelecer, faz-se necessário o licenciamento ambiental. Segundo a Resolu- ção Conama 237/97, art. 1º, o licenciamento ambiental é um procedimento admi- nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Segundo Lins (2015), a licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medi- das de controle ambiental a serem seguidas pelas empresas. Todas as licenças ambientais são válidas por tempo determinado e, para cada tipo de licença, há um prazo de validade mínimo e um máximo (QUADRO 1). QUADRO 2 - LICENÇAS AMBIENTAIS – PRAZOS DE VALIDADE TIPO DE LICENÇA PRAZOS MÁXIMO MÍNIMO Licença Prévia 5 anos Prazo estabelecido pelo cronograma dos planos, programas e projetos relativos à atividade ou ao empreendimento. Esse prazo poderá ser prorro- gado desde que não ultrapasse o prazo máximo da respectiva licença.Licença de Instalação 6 anos Licença de Operação 10 anos Mínimo de quatro anos ou o prazo considerado nos planos de controle ambiental. Prazos especí- ficos
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