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Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 1 HIPERTIREOIDISMO FISIOLOGIA: EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDE: O hipotálamo produz TRH (hormônio liberador de tireotrofina), que age na hipófise anterior (adenohipófise) O TRH faz com que a adenohipófise libere o TSH (hormônio estimulador da tireóide ou tireoestimulante) O TSH estimula a hipertrofia da tireoide, fazendo com que aumenta a vascularização, fazendo com que aumente a produção e liberação hormonal O aumento de T3 e T4, faz um feedback negativo na hipófise e hipotálamo, para diminuir TSH e TRH TIREOIDE: O TSH se liga ao seu receptor na tireoide, e ativando esse receptor Essa ativação leva a hipertrofia, produção e liberação de T3\T4 Para que ocorra produção de T3\T4 precisa da matéria-prima, que é o iodo, esse elemento chega na tireoide, através do receptor de membrana que coloca iodeto para dentro e sódio para fora da célula Ao entrar na célula o iodeto se liga a tireoglobulina, para formar os hormônios Uma tireoglobulina com 3 iodos forma T3 e com 4 iodos forma T4 Para que o Iodeto se ligue a tireoglobulina, precisa do TPO (tireoperoxidase) Etapas da ligação do iodeto a tireoglobulina: 1 – Oxidação do iodo 2 – Iodação dos resíduos de tirosina (iodo + tireoglobulina) 3 – Acoplamento das iodotirosinas Problema: Tireoide produz mais T4 T3 é a forma mais potente Nos tecidos periféricos o T4 é transformado em T3 pela desiodase tipo 1 O hormônio tireoidiano atua no DNA celular, alterando a transcrição gênica, então ele altera a síntese proteica, acelera o metabolismo. Basicamente possui uma ação de “acelerar tudo” Acelera o sistema cardiovascular através do aumento da expressão de β-receptores IODO X TIREOIDE: Efeito Jod-Basedow: tem muito iodo e muita TPO, levando ao aumento da produção hormonal Isso ocorre em pacientes que possuem avidez por iodo, como ocorre da doença de Graves, deficiência de iodo, nódulo tóxico Efeito Wollf-Chaikoff: tem muito iodo e pouca TPO, levando a diminuição da produção hormonal Isso ocorre em pacientes com Anti-TPO positivo, drogas antireoidianas (DAT) ETIOLOGIA: Primário: TSH diminuído e T3\T4 aumentado Secundário\Central: TSH aumentado e T3\T4 aumentado CONCEITOS: Hipertireoidismo: é uma hiperfunção da tireoide Ocorre na Doença de Graves, Bócio multinodular tóxico e Adenoma Tóxico (Plummer) Tireotoxicose: intoxicação por hormônio da tireoide, não necessariamente por uma hiperfunção da tireoide Ocorre por uso de medicamentos, tireoidite subaguda e factícia DOENÇA DE GRAVES: Doença autoimune, que leva a síntese e secreção excessivas de hormônio tireoidiano O autoanticorpo é o TRAb, que se liga ao receptor de TSH, ativando esse receptor EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em mulheres Fatores predisponentes: alteração genética, doença viral, tabagismo, estresse ... QUADRO CLÍNICO: Bócio + Tireotoxicose Gerais: insônia, agitação, aumento da sudorese, intolerância ao calor, hiperdefecação, perda ponderal Cardiovascular: hipertensão sistólica, taquicardia sinusal Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 2 HIPERTIREOIDISMO Cutâneo-mucoso: pele quente e úmida Oftalmológico: retração palpebral e lid-lag Deve ter cuidado com idosos, que podem não apresentar esses sintomas, e ter apenas apatia como sintoma Achados Específicos de Graves: Dermopatia (mixedema pré-tibial) Acropatia (Baqueteamento digital) Oftalmopatia de Graves: processo inflamatório orbitário e periorbitário Pode ocorrer antes, durante ou após o hipertireoidismo Exoftalmia bilateral, edema periorbitário, hiperemia conjuntival e oftalmoplegia Diagnóstico: Graves + Exame de imagem (TC ou RM) DIAGNÓSTICO: O diagnóstico das disfunções é laboratorial Laboratório: TSH baixo com T4 livre aumentando (deve dosar T3 se T4 livre for normal) A dosagem do TRAb não é obrigatório, pode ser dosado para fazer diagnóstico diferencial e prognóstico da doença Outros auto-anticorpos podem ser positivos (anti-TPO e anti-Tg) USG para os casos de dúvida RAIU – 24 horas: para avaliar a captação de iodo pela tireoide Para diferenciar graves de tireoidite Na doença de graves a captação fica aumentada e na tireoidite fica baixa TRATAMENTO: Sintomático: beta-bloqueador Drogas antireoidianas: inibem a TPO Propiltioracil: inibe a desiodase tipo 1 Deve ser usado em gestantes Metimazol: droga de 1ª escolha, por ser melhora tolerado e ter uma melhor posologia (dose única diária) Efeitos Adversos: hepatite e agranulocitose Radioterapia: Indicações: recidiva, contraindicação ou reações tóxicas ao PTU\MMZ Contraindicações: gravidez, grandes bócios, oftalmopatia grave Cirurgia: tireoidectomia total ou subtotal Indicações: gestantes refratárias a DAT, bócio aumentado ou ofltamopatia Preparo: 1º faz DAT e depois faz Iodo (lugol) Complicações: Hematoma cervical: mais temida, devido ao risco da insuficiência respiratória Lesão do laríngeo recorrente: mais grave, devido ao risco de insuficiência respiratória Lesão do laríngeo superior: alteração no timbre da voz Hipopatireoidismo: mais comum, geralmente é transitória. Gera hipocalcemia BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO: Múltiplos nódulos autônomos e hiperfuncionantes EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em mulheres Maiores de 50 anos História prévia de bócio multinodular atóxico Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 3 HIPERTIREOIDISMO Mais comum em áreas com deficiência de iodo FISIOPATOLOGIA: O paciente já apresentava um bócio multinodular só que atóxico, então ocorre uma mutação no receptor do TSH, adquirindo um automatismo, fazendo com que os nódulos comecem a produzir hormônio QUADRO CLÍNICO: Bócio multinodular + tireotoxicose leve DIAGNÓSTICO: Laboratório + cintilografia (para saber se é bócio multinodular ou doença de Graves) TRATAMENTO: Cirurgia (não precisa de preparo) Radioiodoterapia para pacientes com alto risco cirúrgico DOENÇA DE PLUMMER (ADENOMA TÓXICO): Nódulo solitário maior que 3 cm e autônomo EPIDEMIOLOGIA: Mais comum em mulheres em qualquer idade Mais comum em áreas com deficiência de iodo FISIOPATOLOGIA: Ocorre uma mutação pontual somática no receptor de TSH, levando a uma ativação constitutiva (o receptor fica sempre ativado) QUADRO CLÍNICO: Nódulo palpável + oligossintomáticos DIAGNÓSTICO: Laboratório + cintilografia TRATAMENTO: Tireoidectomia parcial Radioiodoterapia caso tenha alto risco cirúrgico DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: CRISE TIREOTÓXICA: Exacerbação do estado de hipertireoidismo que põe em risco a vida dos pacientes EPIDEMIOLOGIA: Principal etiologia é a doença de Graves Fatores Precipitantes: infecção (mais comum), cirurgia e radioiodoterapia CLÍNICA E DIAGNÓSTICO: Tireotoxicose + disfunção orgânica ÍNDICE DE BURCH E WARTOFSKY: TRATAMENTO: Interna no CTI e tratar o fato precipitante Todas as drogas devem ser feitas por via IV Medicamentos: Propiltouracil: ataque de 800 mg e 200 – 300 mg de 8 em 8 horas Iodo: após 1 hora do Propiltouracil, lugol 10 gotas de 8 em 8 horas Propanolol: 40 – 60 mg a cada 6 horas Glicocorticoide: dexametasona ou hidrocortisona Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 4 HIPERTIREOIDISMO
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