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SINDROME DO TUNEO DO CARPO ANATOMIA DA MÃO • A mão humana é a parte mais distal do membro superior • A mão em si consiste de ossos específicos sobre os quais vários músculos se inserem, e uma coleção de estruturas neurovasculares responsáveis pela drenagem e inervação. • Entretanto, os músculos intrínsecos da mão são responsáveis somente por parte de toda a sua amplitude de movimento. Os outros principais contribuintes são os músculos do antebraço, que projetam tendões em direção à mão através de uma estrutura igualmente complexa e flexível, chamada de punho. • Os ossos da mão podem ser divididos em três grupos distintos: ❖ Ossos do carpo ❖ Ossos do metacarpo ❖ Falanges • Os músculos da mão consistem em cinco grupos: ❖ Músculos tenares ❖ Músculos hipotenares ❖ Lumbricais ❖ Interósseos palmares ❖ Interósseos dorsais • Os músculos tenares são quatro no total; eles são evidentes e fáceis de se palpar na face radial da superfície palmar da mão, na base do polegar. • Eles formam a 'bola' ou a parte mais volumosa do polegar, conhecida como eminência tenar, e são nomeados assim: abdutor curto do polegar, adutor do polegar, flexor curto do polegar e opositor do polegar (ou oponente do polegar). • Os músculos tenares são capazes de vários movimentos do polegar; abdução, adução, flexão e oposição. INERVAÇÃO DA MÃO • Os nervos da mão e do punho originam-se de uma estrutura chamada plexo braquial que está localizada proximalmente na raiz do pescoço e na região axilar. • Este plexo é formado pela combinação dos ramos anteriores dos nervos espinais C5-T1 e é responsável pela inervação motora e sensitiva do membro superior. • Os nervos do plexo braquial mais importantes para a inervação da mão e do punho são os nervos mediano, ulnar e radial: • O nervo mediano passa através do túnel cárpico por baixo do retináculo flexor da mão e divide-se distalmente nos ramos digitais palmares comuns e no ramo recorrente • O nervo ulnar entra na mão sob a parte superficial do retináculo flexor (no canal de Guyon), dividindo-se depois em ramos profundos e superficiais. • O último nervo que faz parte da inervação do punho e da mão é o nervo radial, nomeadamente, o seu ramo superficial. Esse nervo é totalmente sensitivo na mão e emite vários ramos digitais dorsais sobre a tabaqueira anatômica, que fornecem inervação cutânea dorsal para os dois terços proximais do primeiro, segundo, terceiro dedos e para a metade lateral do quarto dedo, bem como a face lateral do dorso da mão e da base do polegar. ANATOMIA DO PUNHO • Esta estrutura complexa conecta toda a mão ao rádio e à ulna, facilita a passagem de tendões juntamente com as estruturas neurovasculares mencionadas acima desde o antebraço até a mão, e permite-nos explorar todos os seus movimentos. Estes são a flexão, extensão, abdução e adução da mão. SINDROME DO TUNEO DO CARPO • A síndrome do túnel do carpo (STC) refere- se ao complexo de sintomas e sinas causados pela compressão do nervo mediano à medida que passa pelo túnel do carpo. • O túnel do carpo é uma estrutura inelástica localizada no punho. É formado https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-do-membro-superior https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cotovelo-e-antebraco https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/ossos-do-carpo https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/falanges-da-mao SINDROME DO TUNEO DO CARPO superiormente pelo ligamento transverso do carpo (ou seja, o teto do túnel) e inferiormente pelos ossos do carpo (chão do túnel), na parede lateral é delimitado pelo osso escafoide e trapézio, e na parede ulnar é delimitado pelo pisiforme e hamato EPIDEMIOLOGIA • A Síndrome do túnel do carpo (STC) é um distúrbio comum entre adultos. • Ela é mais comum no sexo feminino com uma proporção de mulheres para homens na prevalência de aproximadamente 3:1. • Uma provável explicação possível para a predominância feminina é a questão anatômica. A área transversal do túnel do carpo costuma ser menor em mulheres do que em homens. • A STC tem acometimento da mão dominante em 51%, bilateral em 34% e na mão não dominante em 15%. • Apresenta maior incidência entre 40-60 anos. FISIOPATOLOGIA • É uma fisiopatologia multifatorial • O aumento da pressão no canal do carpo desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da STC clínica. • Os distúrbios na microcirculação causam um aumento na permeabilidade dos vasos epineurais e endoneurais, levando a edema, com aumento da pressão intrafascicular. • Além disso, com pressões de 30 mmHg já passa a ocorrer desmielinização, decorrente de necrose e apoptose das células de Schwann. • Embora a etiologia precisa do aumento da pressão do túnel do carpo na STC seja incerta, evidências experimentais sugerem que a compressão anatômica e/ou a inflamação são possíveis mecanismos. • O aumento da pressão no túnel do carpo pode ferir o nervo diretamente, prejudicar o transporte axonal ou comprimir os vasos no perineuro e causar isquemia do nervo mediano. ETIOLOGIA • Traumática - incluem fraturas e luxações que podem levar a formação de hematomas, deformidade angular, imobilizações inadequadas e consolidação viciosa. • Condições relacionada ao trabalho: posturais, esforços repetitivos • Condições preexistentes: obesidade, diabetes, AR, hipotireoidismo, osteoartrite de mão, acromegalia. • Infecciosa • Idiopática SINDROME DO TUNEO DO CARPO QUADRO CLINICO • A característica marcante da STC clássica é a dor ou parestesia no território do nervo mediano, com envolvimento dos três primeiros quirodáctilos e da metade radial do quarto quirodáctilo, sendo que o dedo médio é comumente o primeiro a ser envolvido • Os sintomas da STC são tipicamente piores a noite e muitas vezes despertam os pacientes do sono. • Alguns pacientes reagem a esses sintomas agitando ou torcendo as mãos, ou colocando-as em água corrente quente. • A dor e a parestesia podem estar localizadas no pulso ou envolver a mão inteira. • Não é incomum os sintomas sensoriais irradiarem para o antebraço, e menos frequentemente irradiar acima do cotovelo para o ombro, mas o pescoço não é afetado. • Os sintomas da STC são frequentemente provocados por atividades que envolvem flexão ou extensão do punho, ou elevação dos braços, como dirigir, ler, digitar e segurar o telefone. • O curso clínico da STC pode seguir um padrão alternado com períodos de remissão e exacerbação. • Nos casos mais graves de STC, o envolvimento motor leva a queixas de fraqueza ou falta de jeito ao usar as mãos, como dificuldade em segurar objetos, girar chaves ou maçanetas, abotoar roupas ou abrir as tampas das jarras. • Os sinais clínicos podem incluir fraqueza na abdução e oposição do polegar e atrofia da eminência tenar • Alterações da sudorese e da temperatura da mão no território do nervo mediano também podem ser encontradas. DIAGNOSTICO • A síndrome do túnel do carpo (STC) • possui diagnóstico clínico com história e exame físico típicos de STC. • Suspeita-se dessa síndrome quando os sinais e sintomas característicos estão presentes. • Os mais importantes são dor noturna ou parestesia na distribuição do nervo mediano. • No exame físico podem ser realizados testes De sensibilidade e motricidade e testes irritativos para o nervo mediano. INSPEÇÃO • Na inspeção pode ser identificada a hipotrofia ou atrofia da eminência tenar que aparece em casos mais avançados. Os pacientes podem chegar relatando que perderam a “gordurinha” da mão • É importante informar aos pacientes que essa atrofia já estabelecida se mantêm mesmo que haja melhora da síndrome compressiva com o tratamento. TESTE DE SENSIBILIDADE E MOTRICIDADE • Déficits sensoriaise motores podem estar presentes nas regiões da mão inervadas pelo nervo mediano, mas sua ausência não exclui o diagnóstico de STC. • A sensação deve ser testada em todas as regiões da mão, antebraço e parte superior do braço. • A fraqueza muscular pode ocorrer na STC avançada e é limitada aos músculos da eminência tenar. • Isso se manifesta principalmente como fraqueza na abdução e na oposição do polegar SE LIGA! O acometimento motor, repre- sentado pela atrofia tenar é, em geral, um achado tardio na evolução da sín- drome do túnel do carpo e normalmente representa doença avançada. SINDROME DO TUNEO DO CARPO TESTES IRRITATIVOS • Teste de Phalen – Consiste em manter os punhos na flexão máxima durante 1 minuto. • É positivo quando a sensação de formigamento ou dormência é relatada no território do nervo mediano e com mais frequência no dedo médio • O teste de Phalen invertido - tem o mesmo objetivo, porém com os punhos em extensão máxima, na “posição de oração, com as palmas das mãos juntas na frente do corpo • • Teste ou sinal de Tinel – Consiste na percussão leve sobre o punho, na localização do nervo mediano. • O resultado positivo é encontrado quando essa percussão transmite uma sensação de parestesia na região de distribuição do nervo mediano. • A percussão de um nervo em local de compressão, onde há desmielinização ou axônios em regeneração, desencadeia a sensação desagradável de choque • Teste de Durkan- teste no qual o examinador pressiona com os 2 polegares a região do carpo por 30 segundos • É considerado positivo se os sintomas comuns da STC se apresentarem ao longo do trajeto no nervo mediano. EXAMES COMPLEMENTARES • Eletroneuromiografia (ENMG) Pode ser usada em casos duvidosos nos quais a clínica e o exame físico não chegaram ao diagnóstico de STC, porém a suspeita se mantém. • é um exame útil para avaliar a gravidade da compressão nervosa e auxiliar nas decisões relacionadas à intervenção cirúrgica. • Além disso é um exame auxiliar na busca de diagnóstico diferencial. • A radiografia representa valor diagnóstico limitado na STC. • Pode ser usada na avaliação de partes ósseas para avaliar o formato, conformidade do túnel do carpo, presença de estenose óssea do carpo, ou até mesmo de calcificações de partes moles. • Existe uma incidência do túnel do carpo, chamada de tunell view, que facilita a visualização dessa estrutura SINDROME DO TUNEO DO CARPO • A ultrassonografia em pacientes com STC mostra uma área transversal significativamente aumentada do nervo mediano. • A ressonância magnética (RM) pode detectar anormalidades do nervo mediano, tendões flexores, estruturas vasculares e ligamento transverso do carpo. • Assim, a RM é reservada para casos incomuns no intuito principal de descartar uma lesão em massa. EXAMES LABORATORIAIS • Exames laboratoriais podem ser solicitados quando a suspeita estiver atrelada a alterações metabólicas e/ ou hormonais. Então, por exemplo, se houver suspeita de tireoidopatias podem ser solicitados TSH e T4 livre. • Outros exames que podem ser solicitados são: VHS (que pode estar aumentado em pacientes com artrite reumatoide), glicemia (para avaliar se o paciente é diabético), ácido úrico e outros, conforme a suspeita do caso. TRATAMENTO CONSERVADOR • O tratamento conservador é reservado para pacientes com casos mais leves, nos quais não há atrofia tenar nem comprometimento da sensibilidade, e nos quais os sintomas da STC não interfiram nas atividades de vida diária. • Algumas opções para esses pacientes são uso de órteses, injeção de glicocorticoides, uso de corticoide oral e técnicas de fisioterapia. ❖ Órteses: A pressão no túnel do carpo aumenta com a extensão e a flexão do punho, portanto, a utilização de uma tala ou braçadeira que mantém o pulso em uma posição neutra pode diminuir a pressão no túnel do carpo. ❖ O uso da tala noturna proporciona melhora dos sintomas da STC e da função da mão, havendo melhora significativa relatada pelos pacientes, ❖ O uso da tala continuamente proporciona melhora semelhante ao uso da tala somente no período noturno, quando avaliada a melhora dos sintomas e da função da mão com até seis semanas de tratamento. ❖ A duração do tratamento é de três semanas a três meses. ❖ A órtese pode ser associada com a infiltração, caso não se obtenha melhora apenas com a tala. ❖ A injeção de glicocorticoides na região do canal do carpo destina-se a reduzir a inflamação do tecido. ❖ Embora não haja um consenso claro, sugere-se limitar a frequência de injeções de glicocorticoides para STC a não mais de uma vez a cada seis meses por pulso, e não é recomendada a realização de mais de 3 aplicações. ❖ Os glicocorticoides orais parecem ser eficazes para a melhora a curto prazo dos sintomas da STC. Estudos mostram melhora significativa dos sintomas com o uso de 2 a 4 semanas. ❖ Para pacientes que recusam a terapia de injeção, pode-se fazer uso de glicocorticoides orais (por exemplo, prednisona 20 mg diariamente por 10 a 14 dias). O tratamento com glicocorticoide por via oral não deve se estender além de quatro semanas ❖ Fisioterapia: Algumas técnicas podem ser usadas para alívio dos sintomas. ❖ A mobilização óssea do carpo é uma técnica que envolve o movimento dos ossos e articulações do punho. ❖ Foi descoberto que a mobilização do osso do carpo melhorou significativamente os sintomas de STC após três semanas, em comparação com nenhum tratamento. CIRURGICO • O tratamento cirúrgico está reservado para falhas do tratamento conservador e para os casos mais graves em que há perda sensorial, fraqueza ou sintomas incapacitantes. • A cirurgia consiste na descompressão do túnel do carpo realizada por meio da secção do ligamento transverso do carpo, também chamado de retináculo dos flexores. SINDROME DO TUNEO DO CARPO • Três técnicas são atualmente usadas para sua realização: ❖ Procedimento aberto (tradicional); ❖ Minimamente invasivo: técnica conhecida como miniopen; ❖ Técnicas endoscópicas. Anatomia da mão Anatomia do punho SINDROME DO TUNEO DO CARPO EPIDEMIOLOGIA FISIOPATOLOGIA ETIOLOGIA QUADRO CLINICO DIAGNOSTICO Teste de sensibilidade e motricidade Testes irritativos Exames complementares Exames laboratoriais TRATAMENTO Conservador CIRURGICO
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