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Fibromialgia, Dor Miofascial e Osteoartrite Fibromialgia: Introducao: A fibromialgia é uma síndrome álgica musculoesquelética crônica, de duração superior a 3 meses, generalizada, na qual existe um distúrbio do processamento dos centros aferentes, causando dor. De natureza não autoimune e não inflamatória, sua etiologia permanece desconhecida. Possui grande impacto na qualidade de vida, tendo em média uma demora de mais de 2 anos para realização do diagnóstico. Se caracteriza por dor muscular difusa e crônica (duração > 3 meses) associadas a queixas de fadiga, distúrbios do sono e baixa tolerância aos exercícios físicos. Afeta com maior proporção o sexo feminino e a idade mais frequente é na faixa dos 35 aos 44 anos. Pode coexistir com outras doenças reumatológicas, não devendo ser considerada como apenas um diagnóstico de exclusão. Fisiopatologia: Apresenta etiologia multifatorial, envolvendo aspectos genéticos e psicológicos. Portadores de fibromialgia estão em um estado de centralização da dor, o que significa que eles sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo (sensações desagradáveis são traduzidas e amplificadas em dor). As fibras C desmielinizadas (fibras da dor) são estimuladas repetida, rápida e prolongadamente, o que amplifica os potenciais de ação nos neurônios do corno posterior da medula (hiperestimulação —> despolarização nos receptores NMDA —> afeta processamento da dor). Além disso, há uma inibição das vias descendentes inibitórias da dor, que são responsáveis por modular a resposta medular aos estímulos dolorosos. Além da sensibilização central, portadores de fibromialgia apresentam níveis de neurotransmissores “desregulados” e também alterações musculares (redução da microcirculação local —> atrofia muscular fibras tipo II —> hipoxia focais cronicamente —> ativação receptores de adenosina A2 —> sensibilização fibras nervosas não mielinizadas). Essas alterações musculares também são responsáveis pelo aumento da substância P nos músculos, IL-1 no tecido cutâneo. Por fim, portadores de fibromialgia apresentam alterações neuro-hormonais e autonômicas, fazendo com que ocorra uma hipersecreção de ACTH, cortisol (particularmente no fim do dia), interrupção do ciclo circadiano, inibição do GH. Quadro Clinico: Os principais sintomas da fibromialgia podem ser vistos como uma tríade que inclui: • Dor generalizada há mais de 3 meses. • Fadiga associada às atividades diárias habituais. • Distúrbios do sono, em especial sono não-reparador. A dor na fibromialgia é generalizada, de intensidade variável ao longo dos dias e de caráter migratório. O paciente geralmente apresenta exame físico normal, à exceção da presença de dor difusa. Diagnostico: Considerar a fibromialgia quando um paciente se queixar do seguinte: • Dor generalizada há mais de 3 meses. • Fadiga associada às atividades diárias habituais. • Distúrbios do sono, em especial sono não-reparador. • Alterações na personalidade e no humor. • Múltiplos sintomas inespecíficos que não podem ser facilmente explicados. • Considerar diagnósticos diferenciais com fibromialgia primária. Em contrapartida, quando está presente um diagnóstico alternativo, perguntar: “Quais sintomas decorrem da fibromialgia associada?” De maneira específica, avaliar o seguinte: • Início, localização e natureza da dor, juntamente com os fatores exacerbadores e aliviadores. • Qualidade do sono. • Fatores estressantes atuais e pregressos. • Experiências adversas durante a infância, como abuso físico, emocional ou sexual. • Como o paciente lida com os estresses usuais da vida diária, sentimentos de ansiedade e depressão. A presença de síndromes de dor regional, como dor na articulação temporomandibular, síndrome do cólon irritável e dor pélvica crônica. Tais distúrbios associam-se à fibromialgia e com muita freqüência coexistem no mesmo paciente. Os exames físico e neurológico serão normais, a menos que existam diagnósticos concomitante. Tratamento: O tratamento ideal requer uma abordagem multidisciplinar, incluindo a associação de terapia farmacológica com não farmacológica (vasta sintomatologia e natureza multifatorial da sua patogênese) • Terapia Farmacológica: atualmente preconizada nessa síndrome inclui antidepressivos, modeladores dos canais de cálcio, relaxantes musculares e analgésicos • Tratamento não farmacológico: educação do paciente, atividade física aeróbica supervisionada e terapia cognitivo-comportamental. Corticoesteróides e anti-inflamatórios não esteroidais (AINE’s) não são recomendados para o tratamento da fibromialgia! Muitos pacientes não apresentam respostas satisfatórias ou apresentam efeitos colaterais associados ao uso de tais fármacos a longo prazo. Há grande interesse por parte dos pacientes por uma terapia alternativa e complementar, muitos médicos são questionados sobre estas formas complementares ou adjuvantes de tratamento. Osteoartrite: Introducao: A osteoartrite (OA), também chamada de osteoartrose ou artrose é um distúrbio envolvendo articulações móveis, caracterizado por estresse celular e degradação da matriz extracelular, iniciado por micro e macrolesões que ativam respostas exacerbados de reparo, incluindo vias pró-inflamatórias da imunidade inata. Pode ser classificada como primária (etiologia desconhecida ou decorrente de mecanismos genéticos identificados) ou secundária (secundária a uma doença inflamatória). A faixa etária mais afetada são indivíduos > 65 anos, sendo os sítios mais acometidos mãos (interfalangianas distais e proximais, trapézio-metacarpal, rizartrose/articulação do polegar), pés (primeiro metatarso falangiano), joelhos, coluna cervical e lombar, quadril (articulação coxo-femoral). Os principais fatores de risco são: • Obesidade nos não é só pelo fator mecânico • Idade avançada • Sexo feminino (mãos e joelhos) • Trauma / desalinhamento articular • Genética • Ocupação / sobrecarga Fisiopatologia: Quadro Clinico: Quadro clínico consiste em dor (osso subcondral / cápsula articular / sinóvia / estruturas periarticulares), rigidez articular (curta duração), perda funcional (bloqueios/deformidades). OBS: principalmente de caráter mecânico (piora com movimento e melhora com repouso articular)/ protocinética (dor no início do movimento) Diagnostico: O diagnóstico é baseado na história clínica do paciente, aliada ao exame físico e exames de imagem. O RX tem importância inegável no diagnóstico precoce. Exames laboratoriais têm pouco ou nenhum valor para diagnosticar OA. Tratamento: Não farmacológico (multidisciplinar): • Educação do paciente • Exercício físico conforme cada caso (aeróbico / fortalecimento / alongamento / neuromuscular) ↳ equilíbrio | propriocepção • Evitar sobrecarga • Perda de peso • Cessar tabagismo produção (estimula produção de substâncias que degradam a cartilagem) • Órteses / orientações para realização de atividades diárias (TO) Farmacológico (sintomáticos): • Tópicos: AINEs (curto prazo) / capsaicina • Analgésicos simples • AINEs sistêmicos (curtos períodos / avaliar segurança) • Duloxetina (inibidor dual, antidepressivo, modulador da dor – mãos / joelhos / quadril) • Tramadol / opióides fracos • Condroprotetores: Sulfato de condroitina (mãos)/glucosamina; diacereína; cúrcuma; extrato insaponificável de soja e abacate; UCII (colágeno tipo II) • Injeção intra-articular de GCs / ácido hialurônico ↳ melhora nutrição, diminuição da viscosidade do líquido , pode ter efeito antiinflamatório • Cirúrgico: artroscopias / osteotomias / artroplastias Dor Miofascial: Dor muscular localizada, mais prolongada e acompanhada de locais doloridos e endurecidos na musculatura (“pontos-gatilhos”). A dor é contínua e profunda, às vezes associada à sensação de queimação ou pontada. Os pontos-gatilhos são indurados, e a palpação reproduz a dor. Eles costumamestar localizados no centro do músculo, provocando dor em uma “zona-alvo” distante do ponto-gatilho. Os pontos-gatilhos podem ser resultantes de trauma agudo, de microtraumas repetitivos na vida diária, por uma cronificação de trabalho ou hábitos de vida sedentários. A síndrome dolorosa miofascial pode ser um distúrbio primário ou pode ser secundaria a outros distúrbios dolorosos, como espondilopatia facetária, radiculopatia ou a afecções musculoesqueléticas de naturezas diversas, como artríticas, neuropáticas ou visceropáticas. Apesar desta síndrome ser uma das causas mais comuns de dor e incapacidade em doentes que apresentam algias de origem musculoesquelética, muitos profissionais da área de saúde e doentes não a reconhecem, pois o diagnóstico depende exclusivamente da história clínica e dos achados do exame físico. É a causa mais frequente de dor musculoesquelética, devendo sempre ser pesquisada a sua presença na avaliação das dores regionais orofaciais (cefaléias tensionais, dor temporo-mandibular), cervicais, dorsais e lombares, incluindo as dores pélvicas de origem desconhecida. É mais comum em indivíduos do sexo feminino, de meia-idade e com hábitos sedentários. Pode, no entanto, ocorrer em qualquer idade, apresentando uma maior prevalência do sexo masculino quando presente em idade mais avançada. As causas da dor miofascial permanecem desconhecidas, tendo sido aventadas as hipóteses de uma disfunção muscular devido a alterações estruturais adquiridas, bem como a hipótese integrada que alia as desordens microestruturais a um fenômeno de sensibilização central como um mecanismo amplificador da dor (como o que ocorre na fibromialgia). A sensibilização central pode ser definida como uma disfunção na percepção da dor, na qual o sistema nervoso central passa a interpretar vários estímulos, inclusive os não dolorosos, como dor – daí o termo amplificação. Dentre os fatores que modulam ou perpetuam a dor miofascial, destacam- se os mecânicos, como o estresse físico (bruxismo e má postura), e os não- mecânicos, como os estresses imunológico, hormonal, infeccioso e/ou psicológico. Tratamento: O tratamento inclui estratégias de ordem multidisciplinar, dada a natureza complexa da dor, abrangendo áreas médicas como a reumatologia, a medicina física e a odontologia. A identificação de fatores mecânicos no ambiente de trabalho (ergonomia) é útil para a correção ou prevenção de elementos perpetuadores da dor. O bruxismo deve ser detectado e abordado por meio de exercícios para a musculatura mastigatória e pelo uso de placa dentária, quando esta se fizer necessária. Técnicas de terapia física, como o emprego de aerossóis, massagem e aplicação de calor superficial e profundo podem ser utilizadas, muito embora para estas não exista uma eficácia comprovada. O agulhamento dos pontos, a seco ou com injeção de substâncias anestésicas, é recomendado. A injeção de toxina botulínica merece comprovação de sua eficácia, e o uso de corticóides locais deve ser evitado por efeitos adversos potenciais, além de qualquer vantagem adicional demonstrável. A acupuntura, por sua vez, apresenta resultados positivos. O tratamento medicamentoso inclui o uso de analgésicos, anti-inflamatórios não-hormonais, miorrelaxantes e antidepressivos. Referencias Bibliograficas: 1. SanarFlix - SuperMaterial - Fibromialgia 2. CURRENT Reumatologia, Diagnóstico e Tratamento - 2ª edição, Artmed 3. Cecil, Goldman e Ausiello e cols. Tratado de Medicina Interna, Ed. Elsevier, 22a. Edição, 2005. 4. Resumos da Med 5. SanarFlix - Resumo - Osteoartrite 6. SanarFlix - SuperMaterial - Síndrome Dolorosa Miofascial
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