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Prévia do material em texto

DIREITO 
AUTORAL
Cristiano Prestes Braga
Direitos autorais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir direito autoral.
  Classificar os direitos autorais.
  Identificar quem pode ser titular dos direitos autorais.
Introdução
Neste capítulo, você vai ler sobre os direitos autorais, uma das espécies 
do instituto da propriedade intelectual. Concentraremos nossos estudos 
em conhecer a história e o conceito dos direitos autorais, bem como o 
que pode e o que não pode ser protegido. Após, veremos que os direitos 
autorais são classificados em direito moral e direito patrimonial, divisão 
importante para finalizarmos o estudo com a identificação de quem pode 
ser titular de direitos autorais e de que forma esses direitos podem ser 
transferidos para terceiros.
Direito autoral
O direito autoral é, ao lado da propriedade industrial, uma das espécies dos 
chamados direitos intelectuais que compõem o gênero propriedade intelectual. 
Se considerarmos uma classifi cação básica excluindo os direitos sui generis, 
temos, de um lado, a legislação que protege as criações voltadas para a explo-
ração econômica (Lei da Propriedade Industrial) e, do outro, a legislação que 
visa salvaguardar a vontade do criador (Lei de Direitos Autorais), embora ela 
também regule o caráter patrimonial, conforme veremos adiante.
Os termos direito autoral e direitos autorais são sinônimos, pois se su-
bentende que eles são gênero da subclassificação descrita na própria Lei de 
Direitos Autorais, cujo art. 1º destaca que ela visa regular os direitos autorais, 
entendendo-se, sob essa denominação, os direitos de autor e os que lhe são 
conexos. A lei inclui os direitos conexos aos direitos de autor como espécie 
Cap_2_Direito_Autoral.indd 1 07/02/2018 14:51:30
do direito autoral (ou direitos autorais), estabelecendo uma clara diferença 
entre as terminologias, muitas vezes utilizadas, na prática, como sinônimas.
Paralelamente, ainda há uma terceira espécie de direitos autorais, regulada 
por outra legislação, que é a Lei do Programa de Computador (Lei nº. 9.609, 
de 19 de fevereiro de 1998), também conhecida como a Lei do Software.
Por não ser objeto de estudo aqui, não trataremos das espécies de direitos 
conexos e programa de computador para que consigamos reconhecer o direito 
autoral por meio das premissas básicas do direito de autor.
Breve histórico
Sem a pretensão de esgotar o tema, vamos analisar alguns detalhes históricos 
que envolveram a criação da Lei de Direitos Autorais no Brasil, objetivando 
compreender a natureza jurídica desse fenômeno para situá-lo corretamente 
no nosso sistema jurídico.
A doutrina especializada costuma fazer um apanhado das primeiras 
ações que indicavam o surgimento do que hoje seria o direito autor, mas 
interessa referir que foi no século XV que os direitos autorais passaram a 
tomar certa relevância com a criação da tipologia e da imprensa, quando foi 
possível reproduzir, mediante impressão, as obras, especialmente literárias, 
de maneira mais rápida e sem a intervenção do autor, alcançando, assim, 
um maior número de pessoas e lugares.
Com essa facilidade de reprodução das obras literárias, surgiu o interesse dos 
livreiros e dos editores da época em criar os primeiros privilégios de exploração 
econômica das obras. Sem qualquer tipo de garantia ou direito, os autores só 
conseguiram quebrar o monopólio dos livreiros e dos editores quando a rainha 
Ana, da Grã-Bretanha, assinou o Copyright Act, em 1710, o qual estimulava 
a criação de obras com a contrapartida da garantia de um direito exclusivo de 
reprodução, embora tratasse o direito autoral de forma muito genérica.
Foi apenas na Convenção de Berna para a Proteção de Obras Literárias e 
Artísticas, assinada em 1886, que os direitos autorais, como são hoje conhe-
cidos, foram regulados e ampliados para o campo artístico e científico, além 
da já conhecida área literária. Pouco tempo após a revisão da Convenção de 
Berna, em 1971, ela foi promulgada no Brasil por meio do Decreto nº. 75.699, 
de 6 de maio de 1975, no qual vinha expressamente prevista a proteção da 
obra intelectual.
Na década seguinte, a Constituição Federal do Brasil de 1988 trouxe o reco-
nhecimento do direito do autor da obra intelectual como um direito fundamental, 
Direitos autorais2
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consignando que aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação 
ou reprodução das suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
Atualmente, os direitos autorais são regulados pela Lei nº. 9.610, de 19 de 
fevereiro de 1998, a qual revogou a maior parte dos dispositivos da Lei de 
Direitos Autorais anterior: Lei nº. 5.988, de 14 de dezembro de 1973.
Os direitos autorais são regidos por lei específica no Brasil, ancorados pela Convenção 
de Berna, que, passados todos esses anos, pouco foi alterada em relação à sua redação 
original e ainda é muito recorrida em casos de dificuldade na interpretação dos disposi-
tivos legais da lei brasileira ou em caso de conflito de direitos entre dois ou mais países.
Conceito de direito autoral
Um destaque que precisamos fazer é que existem dois sistemas que estruturam 
os direitos de autor. Um deles é o sistema anglo-americano, também conhecido 
como copyright, que visa proteger a obra e a sua possibilidade de reprodução, e o 
outro é o sistema francês, também chamado de droit d’auteur, que se preocupa 
mais em proteger os direitos do criador da obra. O Brasil se fi liou ao sistema 
francês, privilegiando, portanto, o direito do autor das obras intelectuais.
A doutrina nacional utiliza diversas maneiras para conceituar o direito au-
toral, mas o consenso entre elas é de que o direito autoral representa o conjunto 
de direitos destinados a regular as relações jurídicas decorrentes da criação 
de obras intelectuais protegidas, sejam elas de ordem moral ou patrimonial.
Na medida em que o direito autoral se destina a proteger as criações inte-
lectuais, verificamos que a Lei de Direitos Autorais se preocupou em defini-
-las como as criações de espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em 
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro.
Na doutrina, encontramos que as criações de espírito exteriorizadas são 
as criações intelectuais caracterizadas pela originalidade e forma de expres-
são, que consiste na obra intelectual. A obra intelectual é a expressão de 
uma evolução característica do pensamento, uma criação de espírito, e a sua 
originalidade se caracteriza por ela não ser cópia de uma obra já protegida, 
independentemente de ter novidade ou mérito artístico (PIMENTA, 1998).
3Direitos autorais
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De acordo com a lei e a doutrina, para que as obras intelectuais sejam 
protegidas pela legislação, elas precisam decorrer da atividade de criação 
intelectual humana, ser exteriorizada sob qualquer forma e ser original. Basi-
camente, demonstrado o preenchimento desses três requisitos, podemos dizer 
que estamos diante de uma obra intelectual protegida pela Lei de Direitos 
Autorais, a qual exemplifica, mas não esgota, as obras protegidas, sendo as 
mais conhecidas identificadas como (BRASIL, 1998):
  textos de obras literárias, artísticas, científicas ou dramáticas;
  composições musicais;
  obras fotográficas;
  obras de desenho, pintura, gravura e escultura;
  projetos;
  esboços de obras plásticas concernentes à engenharia e à arquitetura;
  dicionário;
  programa de computador.
Sobrevém dessa análise que a proteção legal não demanda maiores dificuldades tais 
quais se verifica na propriedade industrial, pois basta que a criação intelectual humana 
seja, de alguma forma, materializada e não configure uma cópia ou reprodução de 
outra obra anterior para obter as benesses e exercer a gama de direitos colocados à 
disposição do autor.
O que não é protegido pelodireito autoral
Embora a legislação autoral seja bastante abrangente naquilo que concerne 
a uma obra intelectual protegível, ela se preocupou, também, em declarar 
expressamente, no seu art. 8º, tudo aquilo que não pode ser considerado 
passível de proteção.
Nesse sentido, são corriqueiros os questionamentos relacionados aos mo-
tivos pelos quais algumas criações não podem desfrutar da proteção da Lei 
de Direitos Autorais, e o motivo é que muitos se esquecem de verificar o rol 
de situações literalmente afastadas pelo legislador.
Direitos autorais4
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O rol completo de situações não consideradas como obra 
intelectual consta no art. 8º da Lei de Direitos Autorais:
https://goo.gl/ktJ6gr
Poderíamos, aqui, tecer longos argumentos para justificar a não proteção 
dessas situações referidas, mas o importante é não esquecermos que a Lei 
de Direitos Autorais surgiu como uma forma de estimular a criação de obras 
intelectuais de impacto para a sociedade, como forma de facilitar o acesso à 
informação e ao conhecimento. Por esse motivo, entre outros tantos, não pode-
mos reconhecer o direito de um juiz, por exemplo, de retirar as suas sentenças 
de circulação, como é permitido ao autor de uma obra intelectual protegida, 
sob pena de conflitar com o direito de publicidade dos atos processuais.
Além das decisões judiciais, a lei afasta a proteção das ideias. Nesse 
ponto, residem os maiores problemas quando não se tem firme os conceitos 
legais pertinentes. Nós, seres humanos, estamos constantemente criando por 
meio dos nossos pensamentos. A partir do momento em que essas criações 
passam a ser exploradas economicamente, percebemos o seu real valor. 
No ambiente empresarial, por exemplo, as pessoas são constantemente 
estimuladas a apresentar novas ideias para conquistar os consumidores e 
superar a concorrência. Entretanto, para que essas ideias sejam protegidas 
como obra intelectual, elas precisam ser materializadas de alguma forma, 
não ser cópia ou reprodução de outras obras anteriores e não podem estar 
no rol de objetos não protegidos como direito autoral.
Esses são apenas exemplos de situações comuns que até poderiam, se 
considerarmos os requisitos básicos analisados, estar resguardadas pela Lei 
de Direitos Autorais, mas a mesma lei se preocupou em listá-los como não 
protegidos para preservar o acesso à informação e conter eventuais abusos 
decorrentes do mau uso dos direitos de autor.
Dessa maneira, o correto enquadramento de uma obra intelectual sob o 
pálio da proteção da Lei de Direitos Autorais passa pelo preenchimento dos 
requisitos e, logo após, pela verificação de se a obra não está relacionada nas 
situações enumeradas como não sujeitas ao amparo legal.
5Direitos autorais
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Forma de registro e prazo de duração
Feitas as verifi cações sobre a possibilidade de proteção de uma obra intelectual 
pelo direito autoral, emerge a dúvida de como registrá-la e como fazer o cálculo 
do prazo em que fi ca albergado pela legislação.
A lei autoral, é bem verdade, preocupou-se apenas em estabelecer os 
critérios necessários para proteger uma obra intelectual, não estabelecendo 
qualquer formalidade para o seu registro. Isso nos faz entender que a simples 
materialização da criação intelectual faz incidir, em favor do autor criador, 
os direitos e as garantias estabelecidas em lei. Podemos dizer, então, que 
a obra intelectual não precisa ser registrada para estar protegida (art. 18) 
(BRASIL, 1998). É prudente, e recomendável, que se faça a prova, sob 
qualquer modo válido, da data da criação da obra para fins de defesa em 
eventual contestação futura. Assim, não é necessário registrar uma música 
na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro ou um livro 
na Biblioteca Nacional, pois, mesmo sendo instituições já estruturadas para 
tais registros, a prova da autoria não possui forma ou procedimento definido 
em lei. Basta que seja possível prová-la.
Em sintonia com a ausência de forma para registro de uma obra intelectual, 
o autor também não precisa se preocupar com o prazo de duração do seu 
direito de autor, pois a lei o garante durante todo o tempo de vida do criador 
da obra. O caráter temporal do direito autoral inicia apenas no ano seguinte ao 
do falecimento do autor e se restringe ao direito patrimonial, o qual perdurará, 
como regra, pelo prazo de 70 anos contados a partir do dia 1º de janeiro do 
ano subsequente ao falecimento do autor (art. 41) (BRASIL, 1998).
Existem exceções à regra do prazo de duração do direito patrimonial de 
autor, as quais ainda serão objeto de análise neste capítulo.
Limitações do direito autoral
Superadas as condições iniciais e estando garantida a proteção da criação 
intelectual, vale ressaltar que os direitos sobre a obra suportam limitações em 
seu uso, cujas situações estão elencadas textualmente na lei para estabelecer que 
não constituem ofensa aos direitos autorais (arts. 46) (BRASIL, 1998). Algumas 
delas valem a referência por estarem presentes no dia a dia de muitas pessoas.
A Lei de Direitos Autorais estipula que cabe ao autor da obra intelectual 
protegida fazer o uso da forma que melhor lhe provier e que o uso, por ter-
ceiros, depende de autorização prévia e expressa do autor. Mas como ficam, 
por exemplo, as citações de obras em trabalhos acadêmicos e científicos?
Direitos autorais6
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Seguindo na linha do livre acesso ao conhecimento, a Lei de Direitos 
Autorais limitou o uso dos direitos autorais no caso de reprodução de pe-
quenos trechos, desde que seja indicado o nome do autor e a origem da obra, 
permitindo que se possa averiguar o correto uso da informação refletida pelo 
autor em determinada obra literária.
Outra limitação importante diz respeito ao uso da obra intelectual como 
prova em processos judiciais ou administrativos. Não é possível ao autor reivin-
dicar qualquer direito quando sua obra for utilizada para fins do descobrimento 
da verdade em um litígio, pois ela, nesse caso, está servindo para resolver um 
problema coletivo, exercendo, ainda que fora do contexto, a sua função social.
A paródia, tão comum em programas de rádio, televisão e internet, também 
exerce um papel limitador dos direitos autorais. O cuidado que precisa ser 
tomado, nessa situação, é com a reprodução da obra original, que deverá ser 
completamente distinta e não poderá implicar em descrédito à obra e ao autor. 
Essa subjetividade acaba sendo objeto de inúmeros processos judiciais, cabendo 
ao juiz decidir se eventual descrédito alegado pelo autor de fato se configura.
Um caso interessante que parou no Poder Judiciário foi o pedido de indenização da 
editora do cantor Roberto Carlos contra o comediante Tiririca em virtude do uso não 
autorizado de uma das suas músicas na campanha política de 2014, quando Tiririca 
concorreu para uma vaga de deputado federal. A alegação da defesa foi de que se 
tratava de uma paródia, mas o Poder Judiciário entendeu que o uso se dava exclusiva-
mente para satisfação de interesses eleitoreiros, não para o humor e o entretenimento, 
descaracterizando a essência da paródia.
Não obstante as demais limitações expressamente previstas na lei, os exem-
plos destacados dão uma ideia da cautela que precisamos ter ao utilizar uma obra 
intelectual, sob pena de estarmos infringindo direitos protegidos e que sujeitam 
o ofensor às penalidades cíveis e criminais normatizadas para esses casos.
Classificação dos direitos autorais
A Lei Autoral afi rma que pertencem ao autor os direitos morais e patrimo-
niais sobre a obra que criou. Essa divisão é uma herança do sistema autoral 
7Direitos autorais
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francês adotado pelo Brasil, que classifi cava os atributos do direito de autor 
em moral e em patrimonial.
A existência da divisão do direito de autor não retira a característica pri-
mordialda legislação em proteger o criador acima de tudo. Por mais que uma 
divisão possa sugerir diferenças marcantes, não é o caso quando se fala em 
direito moral e patrimonial do autor, pois este é consequência natural daquele, 
bastando analisarmos as etapas listadas na legislação.
Mesmo quando há a transferência do direito patrimonial de autor de uma 
obra, não é possível dizer que ele estará destacado do direito moral, o qual, 
como observaremos, conserva o seu vínculo perpétuo com o criador originário.
Direito moral de autor
Por se tratar de uma criação de espírito, do intelecto humano, a obra inte-
lectual está umbilicalmente ligada ao seu criador, foco central da proteção 
da legislação autoral. O direito moral de autor é entendido como um direito 
da personalidade do autor e, por esse motivo, é inalienável e irrenunciável, 
conforme previsão expressa da lei. Embora não esteja normatizado, o direito 
moral de autor também é considerado perpétuo, imprescritível e impenhorável.
A legislação enumera taxativamente aquilo que considera como direito 
moral de autor, os quais, pela sua importância, merecem ser aqui referidos tal 
qual previsto no art. 24 da Lei de Direitos Autorais (BRASIL, 1998):
  reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
  ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, 
como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
  conservar a obra inédita;
  assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações 
ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou 
atingi-la, como autor, em sua reputação ou honra;
  modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
  retirar de circulação a obra ou suspender qualquer forma de utilização 
já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à 
sua reputação e imagem;
  ter acesso exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitima-
mente em poder de outrem para o fim de, por meio de processo fotográfico 
ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que 
cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, 
será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.
Direitos autorais8
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Todos esses direitos permanecem com o autor até a data do seu falecimento, 
sendo transmitidos, a partir de então, aos seus herdeiros, os quais passarão a 
ser os responsáveis pela obra como se fossem o próprio autor. Ao contrário do 
direito ao nome, imagem, entre outros, relacionados à personalidade, o direito 
moral de autor só existe se o autor criar uma obra intelectual que preencha os 
requisitos legais para obter a proteção.
A essência do direito moral de autor é a proteção e a preservação da relação do autor 
com a sua obra, instrumentalizada com ferramentas para, basicamente, regular e garantir 
a indicação da autoria, a circulação da obra e a alteração da obra da forma como melhor 
entender para defender a sua personalidade insculpida na obra intelectual. Trata-se 
de um direito, pois dedicado a tutelar o esforço criativo do autor.
Direito patrimonial de autor
Ao lado do direito moral de autor está o direito patrimonial, o qual visa, assim 
como os demais direitos que compõem a propriedade intelectual, permitir o 
aproveitamento econômico da obra (art. 28) (BRASIL, 1998). O autor, diga-se, 
não é obrigado a explorar a obra economicamente, tanto é que está regulado na 
legislação o direito em manter a obra inédita. Apesar disso, é cada vez menor 
o número de autores que preferem manter o ineditismo das suas criações 
intelectuais, a não ser por uma questão estratégica, como ocorre no caso de 
livros e álbuns musicais, por exemplo.
Uma das garantias resguardadas ao autor é o direito exclusivo de usar, 
fruir e dispor da sua obra intelectual. Todavia, se ele quiser auferir vantagem 
financeira, a lei o autoriza a fazer isso sob qualquer forma validamente prevista 
em lei e ainda exemplifica algumas modalidades à disposição do autor, sempre 
dependendo, é claro, da autorização prévia e expressa.
Quando houver autorização do autor para um terminado tipo de uso, ela 
jamais poderá ser interpretada de forma extensiva, pois as modalidades dis-
poníveis são independentes entre si, necessitando, se for o caso, de novas 
autorizações junto ao autor.
Assim como o direito moral de autor, o direito patrimonial também é 
transmitido após o falecimento do criador, porém ele perde a característica da 
9Direitos autorais
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perpetuidade, adquirindo o caráter temporário do direito, o qual passará a ter 
duração de 70 anos contados a partir do dia 1º de janeiro do ano seguinte àquele 
do falecimento. Passado esse período, o direito patrimonial passará a pertencer 
ao domínio público, não havendo mais necessidade de autorização prévia e 
expressa para que terceiros adquiram o proveito econômico com o uso da obra.
O art. 44 da Lei de Direitos Autorais conta o prazo de duração do direito patrimonial 
de autor de forma diferente para obras audiovisuais e fotográficas.
Portanto, o direito patrimonial de autor está ligado, em certa escala, ao 
direito de propriedade e à característica econômica da obra intelectual.
Titularidade dos direitos autorais
Percorridos os institutos basilares do direito autoral, estamos aptos, agora, a 
identifi car quem é e quem pode ser titular de um direito autoral, considerando, 
especialmente, a condição de inalienabilidade do direito moral de autor. 
Aliás, já iniciamos afirmando que o autor não é o mesmo que o titular 
de direitos autorais. O autor, de acordo com a lei, é apenas a pessoa física 
(art. 11) (BRASIL, 1998). Quem cria é o ser humano; logo, somente ele, sem 
restrição de sexo, de idade ou de mentalidade, pode ser autor de uma obra 
intelectual protegida.
A titularidade de direito autoral, por seu turno, pode ser tanto da pessoa 
física quanto da pessoa jurídica. Muitos doutrinadores dizem que a Lei de 
Direitos Autorais privilegiou muito mais o titular de direitos autorais do que 
o autor, baseado no momento histórico e nos bastidores do projeto de lei, que 
culminou com a promulgação da Lei nº. 9.610/1998. Por outro lado, também 
existem aqueles que justificam o maior número de regras ao titular por uma 
questão de necessidade de regulação, ainda que não exaustiva, da circulação 
econômica da obra autoral.
Direitos autorais10
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Contudo, a doutrina logo se empenhou em classificar a titularidade do 
direito autoral a partir da forma de aquisição. A titularidade originária, segundo 
estabelecido, é aquela adquirida a partir da criação de espírito materializada 
dentro dos requisitos e fora das exceções legais, representada pelo autor pessoa 
física. A titularidade derivada é aquela decorrente da transferência do direito 
moral de autor mediante sucessão hereditária e do direito patrimonial via 
modalidades jurídicas legalmente previstas, podendo ser exercida tanto por 
pessoa física quanto por pessoa jurídica.
Identificado quem são os titulares, resta-nos saber como a lei dispõe sobre 
a transferência dos direitos autorais e quais as exigências.
Transferência da titularidade
A transferência dos direitos autorais está regulada na Lei de Direitos Autorais 
e permite que ela ocorra de forma parcial ou total, tanto pelo autor quanto 
pelos sucessores, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes 
especiais, além disso, exemplifi ca os meios de transferência (licença, conces-
são, cessão), deixando claro que se permite qualquer outro meio admitido em 
Direito como forma de transferência.
Existem, entretanto, limitações impostas pela legislação no que diz respeito 
à transferência dos direitos autorais, todas elas relacionadas no art. 49, estando 
a principal delas no primeiro inciso, que faz a ressalva de que a transferência 
compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza moral. Na linha 
do quejá analisamos, o direito moral de autor é inalienável, ou seja, mesmo 
que o autor queira transferi-lo a um terceiro, uma eventual concretização será 
nula de pleno direito.
Outro ponto importante a ser observado é que a transferência de direitos 
só admite a estipulação de direitos mediante contrato escrito, não estando 
albergada pela lei qualquer outra modalidade adotada. Nesse contrato, deverão 
estar previstas, no detalhe, todas as estipulações acordadas entre as partes, pois 
os contratos envolvendo direitos autorais são interpretados restritivamente.
Em suma, existem diversas formas de o autor (ou do titular) aproveitar co-
mercialmente os direitos conferidos a uma obra intelectual, auferindo vantagens 
patrimoniais por meio do talento em criar obras de cunho artístico, literário ou 
científico, sendo primordial o conhecimento das regras que envolvem a matéria.
11Direitos autorais
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BRASIL. Lei nº. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação 
sobre direitos autorais e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm>. Acesso em: 02 fev. 2018.
PIMENTA, E. S. Código de direitos autorais e acordos internacionais. São Paulo: LEJUS, 1998.
Leituras recomendadas
BARBOSA, D. B. Direito de autor: questões fundamentais de direito de autor. Porto 
Alegre: Lumen Juris, 2013.
BRANCO, S.; PARANAGUA, P. Direitos autorais. Rio de Janeiro: FGV, 2009.
NEVES, A. H. Direito de autor e direito de imagem: à luz da Constituição Federal e do 
Código Civil. Curitiba: Juruá, 2011.
Direitos autorais12
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