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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE TUT 3 – Hemorragia digestiva alta - UpToDate Hemorragia digestiva alta – O que é e causas - Sangramento intraluminal resultante de lesão proximal ao ligamento de Treitz, podendo envolver esôfago, estomago ou duodeno. Condição médica comum que resulta em morbimortalidade e alto custo de assistência médica. - Apresenta-se com hematêmese (vômito de sangue ou material parecido com borro de café) e/ou melena (fezes escuras). 5-10% dos pctes pode ter hematoquezia. - Estima-se que taxas de hospitalização para HDA é 6x maior que HDB, mais comum em homens do que mulheres e aumenta com a idade. - As causas mais comuns de HDA incluem as seguintes (em ordem de frequência decrescente aproximada): ●Úlceras gástricas e/ou duodenais ●Gastrite/duodenite grave ou erosiva ●Esofagite grave ou erosiva ●varizes esofagogástricas ●Gastropatia hipertensiva portal ●Angiodisplasia (também conhecida como ectasia vascular ●Síndrome de Mallory-Weiss ●Lesões em massa (pólipos/cânceres) ●Nenhuma lesão identificada (10 a 15% dos pctes) Doença ulcerosa péptica - As úlceras pépticas são defeitos da mucosa gástrica ou duodenal que se estendem pela muscular da mucosa até as camadas mais profundas da parede. Epidemiologia: continua sendo uma importante causa de morbidade e custos de saúde. Incidência aumenta com a idade. Geralmente, úlceras duodenais ocorrem 2 décadas mais cedo do que úlceras gástricas, especialmente em homens. 20-25% das causas de HDA, embora venha diminuindo. - Eles se desenvolvem e persistem em função da atividade ácido-péptica no suco gástrico. UG mais frequente que UD. H. Pylori: a incidência e prevalência da DUP varia com base na presença da HP, taxa 6x maior do que em ñ infectados. Fatores de risco: Infeção por Helicobacter pylori, AINE, estresse fisiológico e excesso de ácido gástrico. - Tabagismo (aumenta com qtd maços-ano, mais difícil tratar e mais fácil recorrer), álcool (danifica barreira da mucosa gástrica- 4x mais chance...além de estimular secreção ácida), fatores genéticos (IL, TNF), Distúrbios do sono podem ser um fator de risco para doença ulcerosa, complicações da doença ulcerosa péptica e recorrência da úlcera. Etiologia: dois fatores principais: a infecção por Helicobacter pylori (H. pylori) e o consumo de AINEs, independentes e sinérgicos. H. pylori: afeta secreção de ácido gástrico e mecanismos de defesa da mucosa. AINE: aspirina, aumentam 4x risco de desenvolver UP, aumentam risco de complicações da UP, como sangramento GI, perfuração e obstrução pilórica. Podem também ser mais refratárias à terapia convencional. Fisiopatologia: a maioria das úlceras ocorre quando os mecanismos normais de secreção, defesa ou reparo são interrompidos por processos sobrepostos, como HP e AINE. - UG envolvendo corpo e antro e UG associada a UD tem níveis normais ou aumentados de secreção ácida. - A maioria dos pctes com HP tem pangastrite que com o tempo reduz secreção de ácido gástrico. Porém 10-15% dos pctes com HP desenvolvem gastrite predominante no antro que está associada à diminuição das concentrações antrais de somatostatina e aumento da secreção de ácido gástrico basal e estimulada. - A secreção de somatostatina pelas células D antrais é um mecanismo de feedback pelo qual a secreção de gastrina é regulada. A inibição da secreção de somatostatina pode envolver citocinas induzidas pela infecção por H. pylori. Os fatores genéticos do hospedeiro também podem influenciar a resposta das citocinas à infecção por H. pylori e predispor à doença ulcerosa. - A maioria dos pctes com urticária apresenta secreção de bicarbonato duodenal prejudicada. A combinação de secreção aumentada de ácido gástrico e secreção reduzida de bicarbonato duodenal reduz o pH no duodeno, o que promove o desenvolvimento de metaplasia gástrica (ou seja, a presença de epitélio gástrico na primeira porção do duodeno). O excesso de secreção ácida em pctes com gastrinoma também está associado à metaplasia gástrica acentuada no duodeno. Manifestações clínicas: pode ser sintomática ou assintomática. - 70% são assintomáticas. Podem posteriormente apresentar complicações, como hemorragia ou perfuração.43-87% tem dispepsia prévia ou outros sintomas GI. Adultos mais velhos e indivíduos em uso de AINE são mais propensos a serem assintomáticos de suas úlceras e mais tarde apresentarem complicações da úlcera. - Sintomático: dor abdominal/epigástrica (80%). Desconforto nos QSD e QSE, pode irradiar para as costas (dor nas costas primária é sintoma atípico). - Em pcte não tratado, dor dura semanas, com período assintomático por sem-meses. - Dor epigástrica que piora com alimentação, eructação pós- prandial e plenitude epigástrica, saciedade precoce, intolerância a alimentos gordurosos, náuseas e vômitos ocasionais. - Podem ter inchaço, plenitude abdominal, náusea. Complicações da úlcera: sangramento (náusea, hematêmese ou melena, em casos raros hematoquezia, hipo ortostática), obstrução da saída gástrica, perfuração e penetração/fístula. Diagnóstico: definitivamente estabelecido pela visualização direta da úlcera na EDA. Suspeita-se de úlcera em pcte com dispepsia, com contexto de uso de AINE ou histórico de HP. - Úlcera benigna: bordas lisas, regulares e arredondadas, com base plana e lisa da úlcera, muitas vezes com exsudato. - Úlcera maligna: massa ulcerada se projeta ara lúmen, dobra ao redor da úlcera (nodular, forma de baquete, fundida ou para antes da margem), margens salientes, irregulares ou espessas. Tratamento: erradicar os fatores de risco citados. - IBP para controlar os sintomas e aumentar taxa de cicatrização da úlcera. Esofagites - É causa comum de patologia e sangramento gastrointestinal superior e está crescendo proporcionalmente à úlcera péptica como causa de HDA. - Pctes com esofagite erosiva geralmente têm história de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Outros fatores de risco incluem uso de medicamentos (AINEs, bisfosfonatos orais, tetraciclina) e infecções (Candida, vírus herpes simplex). - A hematêmese parece ser mais comum em pctes com sangramento de esofagite do que em pctes com sangramento de outras fontes. Por outro lado, a melena parece ser menos comum. - Em comparação com pctes com HDA devido a outras causas, os pctes com HDA devido a esofagite geralmente têm um curso mais benigno, com menor tempo de internação, menores taxas de ressangramento e menores taxas de mortalidade. - O tto da esofagite hemorrágica envolve supressão ácida, terapia endoscópica (raramente necessária) e tto/remoção de fatores de risco para DRGE. Gastrites e duodenite ou “patias” - Os termos "gastrite" e "duodenite" são usados para denotar lesão da mucosa associada à inflamação. No entanto, a lesão e a regeneração das células epiteliais nem sempre são acompanhadas por inflamação da mucosa. - Danos e regeneração das células epiteliais com inflamação mínima ou nenhuma associada são apropriadamente referidos como "gastropatia" ou "duodenopatia". - Gastrite e duodenite são comumente identificadas no momento da endoscopia, mas raramente levam a HDA significativa. Essas anormalidades identificadas normalmente não são a causa de HDA na ausência de outros fatores. - Um exame cuidadoso para lesões comumente perdidas é essencial em pctes com perda sanguínea clinicamente significativa, nos quais o exame endoscópico revela apenas gastrite ou duodenite. O exame deve incluir inspeção cuidadosa de úlceras em locais incomuns, varizes e lesões de Dieulafoy, que podem ser difíceis de identificar. - Fatores de risco são os mesmos de úlcera, além de consumo excessivo de álcool, lesão por radiação, cirurgia de obesidade e refluxo biliar crônico. A gastrite também pode ser encontrada em certas doenças autoimunes. - Osangramento em pctes com gastrite/gastropatia ou duodenite/duodenopatia é mais comum no contexto do uso de anticoagulantes. - Dx feito quase exclusivamente pela avaliação endoscópica da mucosa. - Sangramento de gastrite ou duodenite é tipicamente autolimitado. - O tto inclui a remoção do agente causador, um curso limitado de supressão ácida com um inibidor da bomba de prótons, suspensão de anticoagulantes quando eles podem estar contribuindo (se possível) e, se o sangramento for grave, terapia endoscópica com modalidades como coagulação com plasma de argônio. Varizes esofágicas - Se desenvolvem como consequência da hipertensão portal (por aumentar resistência ao fluxo portal OU aumentar influxo de sangue no sistema venoso portal) em aproximadamente 50% dos pctes com cirrose, e a hemorragia varicosa ocorre em uma taxa anual de 5 a 15%. - O aparecimento de HDA a partir de varizes geralmente significa hipertensão portal significativa, que é tipicamente associada a doença hepática avançada (classe B ou C de Child-Pugh). - Os pctes que desenvolvem sangramento durante o tto com um betabloqueador têm um prognóstico ruim. - A apresentação clínica de pctes com varizes, que mais comumente se manifesta como hematêmese e/ou melena, pode ser semelhante à observada em pctes com sangramento de lesões não varicosas. - Os fatores de risco para hemorragia varicosa incluem o aumento da gravidade da doença hepática, o aumento da classe Child-Pugh, o tamanho das varizes e a presença de manchas vermelhas nas varizes. - Diagnóstico: a endoscopia é a escolha para varizes esofagogástricas. As varizes ectópicas estão entre as causas mais difíceis de detectar sangramento do trato gastrointestinal superior. Eles geralmente requerem métodos adicionais, como tomografia computadorizada (TC), angiografia tradicional ou endoscopia por cápsula de vídeo para detectar. - Tratamento: administração precoce de terapia farmacológica com análogos da somatostatina pode levar à parada temporária de sangramento, facilitar a execução do exame endoscópico e reduzir a necessidade transfusional nos pctes. - Dentre as técnicas endoscópicas para interromper sangramento, a ligadura elástica endoscópica é o tratamento padrão, sendo a escleroterapia utilizada nas situações em que a ligadura elástica não é tecnicamente viável. A colocação precoce de shunt portossistêmico intra-hepático transjugular (TIPS) pode ser apropriada para alguns pctes com sangramento de varizes gastroesofágicas. - A única técnica mecânica considerada altamente eficaz no tto de varizes gástricas é a injeção com alguma forma de cianoacrilato (cola). - Taxa de hemorragia por varizes recorrente em 1a é 60% e a mortalidade de cada episódio de hemorragia é ~15-20%, Síndrome de Mallory-Weiss - Lacerações longitudinais da mucosa no esôfago distal e estômago proximal. Geralmente associadas a vômitos ou ânsia de vômitos vigorosos ou prolongados. As lacerações levam ao sangramento das artérias submucosas. Fatores de risco: uso de álcool (40-80% dos pctes), hérnia de hiato, idade (controverso). Fatores precipitante: vômitos, esforço ou elevação, tosse, convulsões, lesão abdominal contundente, colocação de sonda nasogástrica e gastroscopia. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE Fisiopatologia: incerta, mas propõe-se que as lacerações ocorrem devido ao aumento da pressão intra-abdominal. O sangramento ocorre quando a ruptura envolve plexo arterial ou venoso esofágico subjacente. Manifestações clínicas: hematêmese, acompanhada de dor epigástrica ou dor nas costas. Os pctes geralmente têm história de vômitos não sanguinolentos, ânsia de vômito ou tosse antes da hematêmese. Pctes com sangramento significativo podem ter hipovolemia e instabilidade hemodinâmica. Diagnóstico: através da EDA que diagnostica e permite intervenção terapêutica em pctes com sangramento ativo. EDA mostrará uma única ruptura longitudinal na mucosa na JEG. Podem se estender para baixo na cárdia ou para cima no esôfago. - A maioria das lacerações cicatriza dentro de 24 a 48 horas em pctes sem hipertensão portal e pode passar despercebida se a endoscopia for adiada. Tratamento - Avalia estabilidade hemodinâmica e ressuscitação volêmica. - Supressão ácida com IBP (dose alta, 2x/d IV antes da EDA como manejo inicial) e antieméticos (tratar sintomas persistentes de náusea ou vômito). Após EDA, IBP pode ser trocado para VO 1x/d por 2sem para acelerar cicatrização da mucosa pq neutraliza ácido e estabiliza os coágulos. - Terapia endoscópica: indicada para hemorragia recente, associadas a maior risco de sangramento recorrente. Pctes com sangramento ativo podem ser tratados com injeção local de epinefrina 1:10.000 para reduzir ou interromper o sangramento por meio de vasoconstrição, juntamente com coagulação térmica, clipes endoscópicos ou ligadura elástica endoscópica ou coagulação com plasma de argônio. Se sangramento persistir apesar da terapia endoscópica, faz embolização transarterial (controle angiográfico do sangramento) ou cirurgia (envolve sutura dos vasos hemorrágicos e geralmente é reservado para pcte com falha na terapia angiográfica). - Há cicatrização rapidamente quando não tem gastropatia hipertensiva portar. ~7% dos pctes tem sangramento recorrente, que ocorre dentro de 24h após o episódio inicial e em pcte com coagulopatias ou uso e antitrombótico. - A mortalidade em pctes com síndrome de Mallory-Weiss é comparável a pctes com úlcera péptica. Hospitalização em pctes com alto risco de ressangramento e complicações – Normalmente hospitalizamos e observamos pctes assim por 48 horas. Isso inclui pctes com qualquer um dos seguintes: - Fatores de risco para sangramento recorrente (hipertensão portal, coagulopatia). - Estigmas endoscópicos de sangramento recente (por exemplo, sangramento ativo no momento da endoscopia, vaso visível sem sangramento ou coágulo aderente). - HDA grave (instabilidade hemodinâmica, hematoquezia, necessidade de transfusão de sangue). - Aumento do risco de complicações em caso de recorrência do sangramento (por exemplo, artéria coronária significativa ou doença cerebrovascular). - Pctes sem fatores de risco para ressangramento, estigmas endoscópicos de sangramento recente ou características clínicas que indiquem sangramento grave podem receber alta após a endoscopia. Hemorragia digestiva alta – TTO e o resto AVALIAÇÃO INICIAL: história, EF, labs. Avalia gravidade do sangramento, identifica potenciais sangramentos e determina se há condições que podem afetar o manejo. Manifestações hemorrágicas: hematêmese sugere sangramento próximo ao ligamento de Treitz. Êmese francamente sanguinolenta sugere sangramento moderado/grave, enquanto êmese em borra de café é um sangramento mais limitado. - Maioria da melena (fezes escuras) se origina próxima ao lig de Treitz também, embora possa ter na orofaringe ou nasofaringe, intestino delgado ou cólon. - Hematoquezia (sangue vermelho nas fezes) ocorre por sangramento GI inferior. Pode ocorrer HDA maciça, associada à hipotensão ortostática. Histórico médico anterior: episódios anteriores de sangramento GI superior, uma vez que até 60% dos pctes com histórico de sangramento estão sangrando da mesma lesão. - Investiga HMB para ver se há comorbidades que podem levar a sangramento GI superior ou influenciar o manejo. Fontes potenciais de sangramento sugeridas pelo histórico médico do pcte incluem: ●Varizes ou gastropatia hipertensiva portal em pcte com história de doença hepática ou uso excessivo de álcool. ●Fístula aorto-entérica em pcte com história de aneurisma de aorta abdominal ou enxerto de aorta. ●Angiodisplasia em pcte com doença renal, estenose aórtica ou telangiectasia hemorrágica hereditária. ●Úlcera péptica em pcte com histórico de infecçãopor Helicobacter pylori (H. Pylori), uso de AINEs, uso de antitrombóticos ou tabagismo. ●Malignidade em um pcte com histórico de tabagismo, uso excessivo de álcool ou infecção por H. Pylori. ●Úlceras marginais (úlceras em um local anastomótico) em um pcte com anastomose gastroentérica. Doenças comórbidas podem: ●Tornar os pctes mais suscetíveis aos efeitos adversos da anemia (por exemplo, doença arterial coronariana, doença pulmonar). Pctes podem precisar ser mantidos em níveis de Hb mais elevados do que os pctes sem esses distúrbios. ●Predispor os pctes a sobrecarga de volume no contexto de ressuscitação vigorosa com fluidos ou transfusões de sangue (por exemplo, doença renal, insuficiência cardíaca). Esses pctes podem precisar de monitoramento mais invasivo durante a ressuscitação. ●Resulta em sangramento mais difícil de controlar (por exemplo, coagulopatias, trombocitopenia, disfunção hepática significativa). Esses pctes podem precisar de terapias hemostáticas adicionais. ●Predispõe à aspiração do conteúdo GI para os pulmões (por exemplo, demência, encefalopatia hepática). A intubação endotraqueal deve ser considerada nesses pctes. Histórico de medicamentos: atenção especial as medicações - Predispõem à formação de úlcera péptica, como aspirina e outros AINEs, incluindo COX-2. - Medicamentos que estão associados à esofagite por pílula. - Aumento do risco de sangramento, como anticoagulantes (varfarina) e agentes antiplaquetários. - Medicamentos associados a sangramento GI, incluindo ISRS, BCC, AA. Avaliação dos sintomas: avaliam gravidade do sangramento e como parte da avaliação de possíveis fontes de sangramento. - Sintomas que sugerem sangramento grave: tontura ortostática, confusão, angina, palpitações graves e extremidades frias/úmidas. Causas específicas de hemorragia digestiva alta podem ser sugeridas pelos sintomas do pcte: ●Úlcera péptica – dor abdominal superior ●Úlcera esofágica – Odinofagia, refluxo gastroesofágico, disfagia ●Lágrima de Mallory-Weiss – Vômito, ânsia de vômito ou tosse antes da hematêmese ●Hemorragia varicosa ou gastropatia hipertensiva portal: icterícia, distensão abdominal (ascite) ●Malignidade – disfagia, saciedade precoce, perda de peso involuntária, caquexia. Exame físico: componente chave para estabilidade hemodinâmica. Sinais de hipovolemia incluem: - Hipovolemia leve a moderada (<15% do volume de sangue perdido) → taquicardia em repouso. - Perda de sangue pelo menos 15% → Hipo osrtostática (diminui PAS >20mmHg e/ou aumenta FC 20bpm ao passar de deitado para em pé. - Perda de sangue de pelo menos 40% → hipotensão supina. - A presença de dor abdominal, especialmente se intensa e associada a sensibilidade de rebote ou defesa involuntária, levanta a preocupação de perfuração. Dados laboratoriais: hemograma completo, química sérica, testes hepáticos e estudos de coagulação. ECG seriado e enzimas cardíacas podem ser indicados em pctes com risco de IAM. - O nível de hemoglobina deve inicialmente ser monitorado a cada duas a oito horas, dependendo da gravidade do sangramento. No início, valor pode estar na linha de base pq pcte perde sangue total. Com o tempo, Hb cai a medida que sangue dilui. - O sangramento agudo não altera o volume corpuscular médio (VCM). Se o VCM estiver baixo, pode sugerir deficiência de ferro, que pode ser causada por sangramento crônico. Anemia ou outras anormalidades no hemograma que persistem após a recuperação do evento hemorrágico agudo devem ser avaliadas. Endoscopia digestiva alta: dx etiológico da HDA e deve ser feito o mais precoce possível, assim que pcte estabiliza. - Caso fonte do sangramento não seja detectada, pode-se fazer a cintilografia com mapeamento de hemácias com tecnécio, porém tem baixa acurácia. - Pode-se fazer arteriografia, que consegue detectar sangramentos muito pequenos. Pode delinear a anatomia da lesão sanguínea e sugerir a etiologia. TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA - Monitore de perto as vias aéreas, estado clínico, sinais vitais, ritmo cardíaco, débito urinário, débito nasogástrico (se houver sonda nasogástrica). - Estabeleça duas linhas IV de diâmetro grande (calibre 18 ou maior). - Forneça oxigênio suplementar por cânula nasal e NADA deve ser oferecido por via oral (meta de saturação de oxigênio ≥ 94% para pctes sem DPOC). - A ressuscitação com fluidos deve começar imediatamente e não deve ser adiada até a transferência do pcte para uma unidade de terapia intensiva. - Choque hipovolêmico é quando a hipovolemia grave resulta em disfunção orgânica como resultado de uma perfusão inadequada. Em pcte com hipovolemia grave ou choque hipovolêmico, o atraso na reposição pode levar à lesão isquêmica e choque irreversível com falência multiorgânica. - Trate a hipotensão inicialmente com infusões rápidas em bolus de cristaloides isotônicos (solução salina/Ringer lactato, por exemplo, 500 a 1.000 mL por bolus; use bolus menores e volumes totais mais baixos para pctes com função cardíaca comprometida). Para a transfusão: - Para sangramento grave e contínuo, transfundir imediatamente hemoderivados na proporção 1:1:1 de hemácias, plasma e plaquetas, como em pctes com trauma. - Para instabilidade hemodinâmica apesar da ressuscitação cristaloide, transfundir 1 a 2 unidades de hemácias. - Para hemoglobina <8 g/dL (80 g/L) em pctes de alto risco (por exemplo, idosos, doença arterial coronariana), transfundir 1 unidade de hemácias e reavaliar a condição clínica do pcte. - Para hemoglobina <7 g/dL (70 g/L) em pctes de baixo risco, transfundir 1 unidade de hemácias e reavaliar a condição clínica do pcte. - Evitar supertransfusão com possível sangramento varicoso, transfunde-se quando Hb<7. - Administre plasma para coagulopatia ou após transfusão de quatro unidades de hemácias; administre plaquetas para trombocitopenia (plaquetas <50.000) ou disfunção plaquetária (por exemplo, terapia crônica com aspirina) ou após transfusão de quatro unidades de hemácias EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 7ª FASE Farmacoterapia para todos os pctes com sangramento grave suspeito ou conhecido: - Administre um IBP: se sangramento ativo (hematêmese, instabilidade hemodinâmica), administre esomeprazol ou pantoprazol, 80 mg IV. Se ñ há evidência de sangramento ativo, administre esomeprazol ou pantoprazol, 40 mg IV. Se endoscopia atrasada além de 12 horas, administre a segunda dose de esomeprazol ou pantoprazol, 40 mg IV. - Pode-se fazer eritromicina antes da endoscopia para fazer um esvaziamento gástrico. Farmacoterapia para sangramento varicoso esofagogástrico conhecido ou suspeito e/ou cirrose: - Administre somatostatina ou um análogo (por exemplo, octreotida 50 mcg IV em bolus seguido por infusão IV contínua de 50 mcg/hora). - Administre um antibiótico IV (por exemplo, ceftriaxona ou fluoroquinolona) - O tamponamento com balão pode ser realizado como uma medida temporária para pctes com hemorragia incontrolável, provavelmente devido a varizes, usando qualquer um dos vários dispositivos (p. ex., tubo de Sengstaken-Blakemore, tubo de Minnesota); a intubação traqueal é necessária se tal dispositivo for colocado; garantir a colocação adequada do dispositivo antes da insuflação para evitar a ruptura esofágica. ESTRATIFICAÇAO DE RISCO – Parei aqui - Fatores associados ao ressangramento: instabilidade hemodinâmica (PAS <100mmHg, FC>100bpm), Hb <10, sangramento ativo na endoscopia, úlcera >1-3cm, úlcera bulbo duodenal post ou curvatura gástrica menor alta. - Escore de Glasgow-Blatchford, calculado com base em parâmetros clínicos prediz necessidade de EDA. < 1tem baixo risco e escore > 12 tem alto risco de evoluir desfavorável. • Hb 12,12,9 em homens e 10,0 a 10,9 em mulheres: 1p • Hb de 10,0 a 11,9 em homens: 3p • Hb < 10 em homens ou mulheres:6p • PAS entre 100-109 mmHg: 1p • PAS entre 90-99 mmHg: 2p • PAS < 90 mmHg: 6p • FC ≥ 100 bpm: 1p • Ureia > 30 mg/dL: 1p • História de melena ou síncope na apresentação: 1p • História de doença hepática ou cardíaca: 2p - Um positivo seria indicativo de realizar EDA. - O escore de Rockall é um dos mais importantes para predizer risco em pacientes com HDA. O escore deve ser realizado pré e pós-endoscopia. - Se a soma pré e pós for >8, mortalidade ultrapassa 40%. Escores de 0 a 2 têm mortalidade < 0,2%. Pctes com risco zero têm taxas de ressangramento de 5% ou menos. Critérios de internação hospitalar, UTI e seguimento - Todos os pacientes com HDA têm indicação de internação hospitalar, exceto se hemorragia com escore de Glasgow Blatchford de 0. - Pacientes com HDA ativa devem ser internados em UTI. - Todos os pacientes com HDA necessitam de seguimento ambulatorial; no caso de sangramento por úlceras pépticas, é necessário confirmar a cura ambulatorialmente. Nas hemorragias por varizes esofágicas, deve-se realizar a profilaxia ambulatorial. Figura 1 - https://med.estrategia.com/portal/conteudos-gratis/doencas/resumo- de-choque-hipovolemico-causas-manejo-inicial-e-mais/