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TDAH: TRANSTORNO 
DO DÉFICIT DE 
ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE 
PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE 
 
2 
WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO TDAH .............................................................. 9 
TDAH: HISTÓRICO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO ............. 13 
HISTÓRICO ...................................................................................................... 13 
EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................. 14 
ETIOLOGIA ....................................................................................................... 15 
Fatores ambientais ....................................................................................... 16 
Fatores genéticos ......................................................................................... 17 
EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO E ESTUDOS SOBRE A TDAH ................................. 21 
OS SINTOMAS E AS CARACTERÍSTICAS DO TDAH .................................... 25 
OS SINTOMAS ...................................................................................................... 25 
AS CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 26 
AS CONSEQUÊNCIAS E AS COMORBIDADES DO TDAH ............................ 29 
AS CONSEQUÊNCIAS ............................................................................................ 29 
AS COMORBIDADES ............................................................................................. 30 
O DIAGNÓSTICO, A AVALIAÇÃO E O TRATAMENTO DO TDAH ................ 32 
O DIAGNÓSTICO .................................................................................................. 32 
A AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 38 
O TRATAMENTO OU CONDUTA TERAPÊUTICA ........................................................ 40 
O PORTADOR DE TDAH, OS PAIS E A ESCOLA ........................................... 44 
A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS ................................................................................... 44 
A ESCOLA ........................................................................................................... 46 
A ATUAÇÃO DOS PROFESSORES ........................................................................... 48 
O TDAH NA FASE ADULTA............................................................................... 52 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE 
 
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CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO EM ADULTOS ........................................................ 54 
OS SINTOMAS EM ADULTOS .................................................................................. 56 
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS A SEREM CONSIDERADOS EM ADULTOS ................. 65 
A AVALIAÇÃO ...................................................................................................... 67 
IDADE DE INÍCIO DOS SINTOMAS............................................................................ 69 
FIDEDIGNIDADE DO AUTORRELATO PARA SINTOMAS PRETÉRITOS ........................... 69 
O COMPROMETIMENTO EM AO MENOS DOIS CONTEXTOS ....................................... 72 
O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ....................................................................... 73 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 79 
REFERÊNCIAS BÁSICAS ............................................................................... 79 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ........................................................... 79 
ANEXO 01 ............................................................................................................ 86 
ANEXO 02 ............................................................................................................ 90 
INVENTÁRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE SINTOMAS DO TDAH ................ 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO 
TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM 
HIPERATIVIDADE 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
Existe um ponto pacífico quanto ao conceito de Transtorno de Déficit 
de Atenção e Hiperatividade (TDAH), como sendo um transtorno caracterizado 
por dificuldade em manter a atenção, em algumas atividades, acompanhado ou 
não de hiperatividade. Explica-se sua ocorrência, frequentemente, por um 
desequilíbrio em neurotransmissores cerebrais, especialmente a dopamina e, 
há também, uma busca constante por um componente genético. Nesse caso, 
poderíamos falar que ocorre um tipo de redução epistemológica? Pensamos 
que não. 
Em sendo, diversos estudos do MTA1 estimam que o TDAH ocorra em 
3% a 5% das crianças em idade escolar, correspondendo a, aproximadamente, 
30% a 50% das crianças atendidas em serviços de saúde mental (MTA, 1999). 
De acordo com o CDC12 (2010), nos Estados Unidos, a porcentagem de 
crianças de 4 a 17 anos já diagnosticadas com TDAH aumentou de 7,8% para 
9,5% entre 2003 e 2007, representando um aumento de 21,8% em quatro 
anos. Entre os meninos, a prevalência de TDAH foi ainda maior, 13,2% em 
2007. Entre as crianças com TDAH, 66,3% tomam medicação, totalizando 
4,8% de todas as crianças entre quatro e 17 anos (aproximadamente 2,7 
milhões). No Brasil, alguns estudos que utilizaram critérios da quarta edição do 
Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais – DSM-IV (APA3, 1994), 
revelaram prevalências distintas do TDAH em escolares, variando de 5,8 a 
17,1% (PASTURA; MATTOS; ARAUJO, 2007). 
Não obstante, vemos estes sintomas em salas de aula, onde 
presenciamos, em diversos alunos, dificuldades de prestar atenção na aula, 
distrair-se facilmente e ficar com a mente vagando pelo “mundo da lua” quando 
o professor está falando. Pouca paciência para estudar e fazer os deveres, 
agitação, inquietude e uma capacidade incrível de fazer milhões de coisas ao 
 
1
 MTA. The MTA Cooperative Group. A 14-month randomized clinical trial of treatment strategies for 
attention-deficit/hyperactivity disorder. Archives of General Psychiatry, v.56, p.1073-1086. 1999. 
2
 CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Increasing Prevalence of Parent-
Reported Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Among Children - United States, 2003 and 2007. 
MMWR Morbidity and Mortality Weekly Report, v.59, n.44, p.1439-43, 2010. 
3
 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV Diagnostic and Statistical Manual of Mental 
Disorders. 4. ed. Washington, DC: APA, 1994. 
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mesmo tempo. E quase nenhuma delas associada à aula. Estas são algumas 
características de alunos que apresentam o Transtorno de Déficit de Atenção 
com Hiperatividade, conhecido como TDAH. O problema atinge um grande 
número de crianças e adolescentes, que veem o seu desempenho acadêmico 
prejudicado pela doença e muitas vezes sequer sabem que são portadores. 
Pensando na sequência redutora proposta por Rose4 (2001-2004), 
observamos que, a partir da objetivação e da aglomeração arbitrária, foram 
criados os critérios diagnósticos para o TDAH. O conjunto de sintomas é 
bastante heterogêneo, caracterizando a reunião de processos diferentes em 
uma única classificação. Características de personalidade diversas, tais como 
cometer erros por descuido em atividades escolares, terdificuldades para 
manter a atenção, ter dificuldade para organizar tarefas e atividades, falar em 
demasia, agitar mãos ou pés na cadeira, ter dificuldades em esperar sua vez, 
dentre outras constantes do DSM-IV, foram transformadas em sintomas 
médicos. 
Não obstante, a quantificação improcedente ainda não é tão 
disseminada em casos de TDAH. A avaliação diagnóstica ainda é feita de 
forma qualitativa, por meio de relatos dos professores e pais. Mas existem 
instrumentos que buscam a quantificação dos sintomas, para comparar entre 
indivíduos como, por exemplo, o questionário de Conners. Este foi elaborado 
na Austrália em 1969 e, posteriormente, revisado e abreviado em 1973. Existe 
uma versão para ser aplicada em pais e outra em professores, para avaliação 
de crianças com TDAH, principalmente do tipo hiperativo. É muito usado 
atualmente em estudos clínicos e epidemiológicos, sendo composto de várias 
perguntas que pais e/ou professores devem atribuir um número que vai de 0 a 
4 (ZENTALL; BARACK, 1979). Ao final, as somas das respostas são 
contabilizadas e comparadas, tanto temporalmente (o resultado de um teste 
comparado com o resultado de outro teste da mesma criança) ou entre as 
crianças. Acredita-se, desse modo, ter mais confiabilidade e comparabilidade 
 
4
 ROSE, N. Becoming Neurochemical Selves. In: STEHR; NICO (Org.). Biotechnology, commerce and 
civil society. Somerset: Transaction Publishers, 2004. p. 89-128. 
ROSE, S. What is wrong with reductionist explanations of behaviour? In: BOCK, G. R.;GOODE, J. A. 
(Org.). The limits of reductionism in biology. New York: John Willey & Sons, 2001. p. 176-92. 
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do que apenas o relato de pais, professores e das próprias crianças (que 
geralmente não são ouvidas). 
O consumo global do metilfenidato, o principal fármaco utilizado no 
tratamento do TDAH, no período de 2003 a 2007, foi de 28,5 toneladas. Os 
Estados Unidos é o maior produtor e o maior consumidor do metilfenidato. No 
período entre 2005 a 2007, esse país consumiu uma média de 783 milhões de 
doses diárias (S-DDD4) de metilfenidato, o que corresponde a, 
aproximadamente, 77% do consumo mundial dessa substância. No Brasil, em 
2003, foram produzidos 86 Kg de metilfenidato. Já em 2007, essa produção 
subiu para 204 Kg (ONU, 2008). 
Normalizar a criança com TDAH não significa somente ajustar seu 
comportamento para que ela se adapte ao meio em que vive. Trata-se de uma 
normalização biológica, como descrevem Peterson et al. (2009, p.1290): 
Esses achados sugerem que os estimulantes melhoram os sintomas 
em jovens com TDAH normalizando a atividade dentro de uma rede dispersa 
de regiões do cérebro no córtex cingulado anterior e córtex cingulado posterior 
e melhorando as interações funcionais desse circuito com o córtex pré-frontal 
lateral. 
A normalidade no TDAH não está tão vinculada à estatística, já que o 
diagnóstico geralmente não é quantificado, mas sim à normalidade dos 
comportamentos que, em última instância, seriam regulados pelo cérebro. A 
normalização biológica faria com que ocorresse melhora no comportamento, 
uma vez que os problemas de conduta teriam como causa subjacente alguma 
alteração biológica. 
Assim, até os anos 70, o Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade era considerado um transtorno limitado à infância, com sintomas 
que desapareceriam na vida adulta, no entanto, estudos prospectivos e 
retrospectivos que acompanharam crianças diagnosticadas com TDAH na 
infância e acompanhadas até a idade adulta mostram que grande parte delas 
continua a apresentar sintomas significativos, associados a importantes 
prejuízos em diversas esferas da vida cotidiana (BENCZIK; SCHELINI; 
CASELLA, 2010). 
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Outros estudos inferem que sintomas como hiperatividade e 
impulsividade sofrem maior redução do que a desatenção, no entanto, a 
permanência de sintomas na idade adulta, concomitante a altas frequências de 
transtornos mentais comórbidos, leva a população a apresentar significativos 
problemas adaptativos como, por exemplo, dificuldades no trabalho, menor 
escolaridade, maior envolvimento em acidentes de trânsito, problemas 
criminais, dificuldades conjugais, problemas financeiros e sexualidade de maior 
risco (BARKLEY, MURPHY E KWASNIK, 1996 apud BENCZIK; SCHELINI; 
CASELLA, 2010). 
Outra consideração que chama atenção: o fato do TDAH não ser 
identificado e tratado pode ser devastador para a pessoa, uma vez que, apesar 
de não plenamente determinante, pode levar o adulto a praticar atos 
delinquentes, tornar-se usuário de substâncias psicoativas, em razão do baixo 
limiar para enfrentar frustração, além de problemas com a lei, com o trânsito e 
transtornos de personalidade (BARKLEY, 2002; SOIFER,1992). 
Crianças, adolescentes, adultos, família, escola, todos sofrem quando 
não conseguem diagnosticar e lidar com os portadores de TDAH e, 
evidentemente, as consequências, como visto, podem ser bem mais danosas. 
Em sendo e partindo dos pressupostos anteriormente levantados, 
damos inicio ao nosso estudo, acerca do tema TDAH e, para tanto buscamos 
apoio teórico para cimentarmos as abordagens contidas neste 
módulo/disciplina, que constam, necessariamente, dos conceitos referentes ao 
TDAH, sua epidemiologia e sua etiologia; suas características e os seus 
sintomas, bem como, suas consequências e comorbidades; seu diagnóstico, 
sua avaliação e seu tratamento. 
Discutimos, também, a questão do portador dessa necessidade no 
ambiente escolar e a participação dos pais, do professor e da escola, bem 
como, para discutir o TDAH em adultos. 
As referências utilizadas se reportam a pesquisas realizadas até hoje, 
mas sabemos que a vida de maneira geral é dinâmica, portanto, lembremos 
que as pesquisas evoluem e com certeza esperanças, novos métodos, novos 
tratamentos e novas soluções poderão surgir a qualquer momento. 
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Ressaltamos que este módulo/disciplina é uma compilação das ideias 
de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se 
tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático 
da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 
Ao final do módulo/disciplina, além da lista de referências básicas, 
encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas 
que, de todo modo, pode servir para sanar lacunas que por ventura venham a 
surgir ao longo dos estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO TDAH 
 
 
Conforme Biederman (2011), o Transtorno do Déficit de Atenção com 
Hiperatividade (TDAH) é um comprometimento neuro-comportamental com 
início na infância, caracterizando-se por um conjunto de sintomas que 
envolvem hiperatividade motora, impulsividade e desatenção. No adulto, as 
principais características sintomatológicas do TDAH são déficit de atenção, 
instabilidade emocional e desorganização. Nota-se que comparando os 
sintomas na criança e no adulto, a hiperatividade tende a diminuir e a 
desorganização fica mais evidente (BIEDERMAN et al., 2000 apud AGRA et 
al., 2011). 
Em conformidade com critérios do DSM-IV, o TDAH é dividido em três 
subtipos: desatento, hiperativo/impulsivo e combinado. Afeta em torno de 5% 
das crianças com idade inferior a 18 anos e pode persistir após adolescênciaem até 30% a 70% dos casos, com prevalência de 4,4% nos adultos. A grande 
maioria dos estudos observa um predomínio de duas a três vezes maiores, do 
transtorno, em pessoas do sexo masculino. 
Noutrossim, de acordo com os dados da Associação Médica 
Americana, o TDAH é um dos transtornos mais bem pesquisados da medicina 
e a totalidade dos dados, sobre sua validade, são muito mais convincentes do 
que os da maior parte dos transtornos mentais e, inclusive, de muitos 
problemas médicos. Apesar deste corpo de pesquisa robusto que torna o 
TDAH um dos “transtornos mais bem pesquisados na medicina”, ainda falta 
conhecimento acerca desse transtorno no Brasil (GOLDMAN et al., 1998 apud 
POLANCZY et al., 2011). 
Nesse sentido, Barkley (2002) afirmar que o TDAH “é um transtorno do 
desenvolvimento do autocontrole que consiste em problemas com o período de 
atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividade” (BARKLEY, 
2002, p. 35). Tendo como características: 
 persiste durante o desenvolvimento da criança; 
 ocorre em diversas situações; 
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 prejudica a capacidade da criança em responder às demandas 
solicitadas para sua idade; 
 não é facilmente explicado por causas ambientais ou sociais; e, 
 relaciona-se a anormalidades no funcionamento ou desenvolvimento 
cerebral, que podem estar associadas a fatores biológicos. 
 
Ainda nesse sentido, Barkley (2002) e Rotta et al. (2006) também 
pontuam os três problemas primários no TDAH: dificuldade para manter a 
atenção; pouco controle ou inibição dos impulsos (impulsividade) e atividade 
excessiva (hiperatividade), que resultam em atraso no desenvolvimento da 
inibição de comportamento, que é o problema central do transtorno. 
Em sendo, Rotta et al. (2006) enfatizam a presença de um nível 
inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, o que leva a 
distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais. A desatenção 
caracteriza-se pela dificuldade em prestar atenção a detalhes, o que leva a 
criança a cometer erros em atividades escolares, não conseguir acompanhar 
instruções longas e não conseguir executar as atividades de forma adequada. 
A criança apresenta dificuldade para organizar, planejar, realizar tarefas que 
envolvam esforço mental sustentado, além de perder seus pertences com 
facilidade e se distrair facilmente com estímulos do ambiente. 
Os mesmos autores acima descrevem a hiperatividade como atividade 
motora intensa, sendo demonstrada pelos seguintes comportamentos: 
 agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira; 
 não conseguir permanecer sentado; 
 correr em demasia; 
 falar muito; 
 não conseguir envolver-se em atividades de lazer de modo silencioso; 
 parecer “estar a mil por hora”; 
 não conseguir controlar seu próprio corpo e não manter o foco na 
atividade cognitiva, gerando uma produção intelectual pobre. 
 
Nesse sentido e, para os autores citados, os comportamentos 
impulsivos são manifestados por dificuldade em aguardar a vez, responder à 
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pergunta antes de seu término e intrometer-se na conversa dos outros. Junto à 
impulsividade, pode-se observar também instabilidade, apatia, irritabilidade, 
agressividade, baixo limiar a frustrações e reações catastróficas. Assim, o 
TDAH é considerado um distúrbio do desenvolvimento com início na primeira 
infância, podendo se prolongar até a idade adulta (BARKLEY, 1998; ROHDE, 
2003; CONDEMARÍN et al., 2006; BROWN, 2007 apud ROSSI; RODRIGUES, 
2009). 
Uma variada etiologia tem sido estudada nos últimos tempos. Fatores 
neurológicos e genéticos parecem contribuir significativamente para a 
explicação dos sintomas e a ocorrência do transtorno. Por outro lado, fatores 
ambientais e sociais não são considerados fatores causais, mas podem 
contribuir para a persistência dos sintomas. 
Autores que estudam os processos psicopatológicos, a neurobiologia e 
a neuropsicologia do TDAH sugerem que a disfunção no córtex pré-frontal e 
suas conexões com a circuitaria subcortical e com o córtex parietal possam ser 
responsáveis pelo quadro clínico. Tais danos levam a déficits na manutenção 
da atenção, inibição, regulação da emoção, motivação, capacidade de 
organização e planejamento do comportamento futuro (VASCONCELOS, 2002) 
e das funções executivas (que capacitam o sujeito no desempenho de suas 
ações voluntárias, autônomas e orientadas para metas específicas), incluindo 
memória de trabalho, planejamento, autorregulação de motivação e do limiar 
para ação dirigida a um objetivo definido e internalização da fala (BARKLEY, 
1997, 2000; STRAYHORN, 2002 apud ROSSI; RODRIGUES, 2009). 
O TDAH tem sido considerado um dos maiores problemas clínicos e de 
saúde pública, gerando grande impacto na sociedade pelo alto custo, estresse 
envolvido, dificuldades acadêmicas, problemas comportamentais e pela baixa 
autoestima gerada nas crianças (ROTTA et al., 2006). 
A escola é a primeira instância fora do âmbito familiar que julga as 
potencialidades e possibilidades das crianças, e também é o lugar onde se 
tornam mais evidentes seus problemas atencionais e suas condutas 
disruptivas. 
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Esses sintomas geram problemas para os professores, em especial 
quando os meios com que se conta são escassos ou quando se deve atender a 
classes que sejam numerosas (CONDEMARÍN et al., 2006). 
O professor tem como finalidade a aprendizagem do aluno. Assim, 
deve-se comprometer com o sucesso deste para que seus déficits sejam 
minorados ou neutralizados (PEREIRA et al., 2004). Cabe aos professores a 
tarefa de garantir ao aluno uma formação que lhe propicie o acesso aos 
conhecimentos socialmente acumulados e a aquisição dos comportamentos de 
autogoverno, capacitando-o a atuar sob novas contingências e agir com 
sucesso em relação ao mundo em um tempo futuro. Dessa forma, os 
professores necessitam de um vasto conjunto de conhecimentos científicos 
sobre o mundo físico e social e sobre o comportamento humano, de modo a 
responder pelo ensino de forma eficiente (ZANOTTO, 2004), entre eles o 
comportamento de crianças com TDAH, de forma que, sabendo identificá-los e 
conhecer estratégias para lidar com eles, possibilitaria a elas acesso ao 
conhecimento e ao desenvolvimento pessoal (ROSSI; RODRIGUES, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TDAH: HISTÓRICO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E EVOLUÇÃO 
 
 
HISTÓRICO 
As primeiras referências a hiperatividade e desatenção na literatura não 
médica datam da metade do século XIX5. É importante salientar que a primeira 
descrição do transtorno em um jornal médico (Lancet) foi feita por um pediatra, 
George Still, em 19026. Entretanto, a nomenclatura desse transtorno vem 
sofrendo alterações contínuas. Na década de 40, surgiu a designação "lesão 
cerebral mínima", que, já em 1962, foi modificada para "disfunção cerebral 
mínima", reconhecendo-se que as alterações características da síndrome 
relacionam-se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a 
lesões nas mesmas. Os sistemas classificatórios modernos utilizados em 
psiquiatria, CID-107 e DSM-IV8, apresentam mais similaridades do que 
diferenças nas diretrizes diagnósticas para o transtorno, embora utilizem 
nomenclaturas diferentes (transtorno de déficit de atenção/hiperatividade no 
DSM-IV e transtornos hipercinéticos na CID-10). 
A prevalência do transtornotem sido pesquisada em inúmeros países 
em todos os continentes. Diferenças encontradas nas taxas de prevalência 
refletem muito mais diferenças metodológicas (tipo de amostra, delineamento, 
fonte de informação, idade, critérios diagnósticos utilizados, ou a forma como 
eles são aplicados) do que reais diferenças transculturais no constructo 
diagnóstico do transtorno. Assim, estudos nacionais e internacionais que 
utilizam os critérios plenos do DSM-IV tendem a encontrar prevalências ao 
redor de 3-6% em crianças em idade escolar. Uma revisão aprofundada sobre 
esse tópico pode ser encontrada em Faraone et al9. 
 
5
 Hoffmann H. Der Struwwelpeter. Berlin: DBGM; 1854. 
6
 Still GF. Some abnormal psychical conditions in childhood. Lancet. 1902; 1:1008. 
7
 Organização Mundial de Saúde. Classificação e Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: 
Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas; 1993. 
8
 American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th ed. 
Washington: American Psychiatric Association; 1994. 
9
 Faraone SV, Sergeant J, Gillberg C, Biederman J. The worldwide prevalence of ADHD: is it an 
American condition? World Psychiatry. 2003;2:104-13. 
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TDAH: TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM 
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A proporção entre meninos e meninas afetados varia de 
aproximadamente 2:1 em estudos populacionais até 9:1 em estudos clínicos. A 
diferença entre essas proporções provavelmente se deve ao fato de as 
meninas apresentarem mais transtorno de déficit de atenção/hiperatividade 
(TDAH) com predomínio de desatenção e menos sintomas de conduta em 
comorbidade, causando menos incômodo às famílias e à escola, e, portanto, 
serem menos encaminhadas a tratamento. Estudos que avaliam a prevalência 
do transtorno de acordo com o nível socioeconômico e em etnias que não a 
caucasiana são ainda escassos e não permitem conclusões claras10. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
A Associação Americana de Psiquiatria (APA) estima cerca de 03 (três) 
a 05 (cinco)% das crianças na idade escolar (mais ou menos de 5 a 10 anos de 
idade) apresentando hiperatividade e/ou déficit de atenção. Antes dos quatro 
ou cinco anos é difícil ser feito o diagnóstico, pois o comportamento das 
crianças nessa idade é muito variável, e a atenção não é tão exigida quanto de 
crianças mais velhas. Mesmo assim, algumas crianças desenvolvem o 
transtorno numa idade bem precoce. Em adolescentes e adultos ainda existem 
poucos dados a respeito de qual é a porcentagem da população afetada, mas é 
sabido que ambos os grupos podem desenvolver o transtorno. Em termos de 
gênero, o sexo masculino é quatro a nove vezes mais afetado do que o 
feminino (ANDRADE, 1999). 
Estudos epidemiológicos indicam que 3% a 7% das crianças norte-
americanas com idade escolar apresentam TDAH (GOLDMAN, GENEL, 
BEZMAN, e SLANETZ, 1998; PASTOR e REUBEN, 2002 apud SANTOS; 
VASCONCELOS, 2010). No Brasil, alguns estudos em populações de crianças 
brasileiras em idade escolar corroboram estes índices (GUARDIOLA, TERRA, 
FERREIRA e LONDERO, 1999; ROHDE e COLS., 1998; SOUZA, SERRA, 
MATTOS, e FRANCO, 2001; FREIRE e PONDÉ, 2005 apud SANTOS; 
VASCONCELOS, 2010). 
 
10
 Golfeto JH, Barbosa G. Epidemiologia. In: Rohde LA, Mattos P, editores. Princípios e Práticas em 
TDAH. Porto Alegre: Artes Médicas; 2003. p. 15-34. 
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O transtorno apresenta uma prevalência de 9:1 de meninos para 
meninas, em amostras clínicas (Barkley, 2002; Rohde e Halpern, 2004 apud 
SANTOS; VASCONCELOS, 2010), e uma proporção de 3:1 em amostras 
populacionais em geral (OFFORD e COLS., 1992; BARKLEY, 1998; ROHDE e 
HALPERN, 2004 apud SANTOS; VASCONCELOS, 2010). Vale ressaltar que 
os estudos epidemiológicos referem-se à faixa etária dos 07 aos 14 anos de 
idade (ROHDE e MATTOS, 2003), embora ele possa persistir durante a vida 
adulta, conforme observado por Biederman e Faraone (2005 apud SANTOS; 
VASCONCELOS, 2010). De fato, a persistência do TDAH em adolescentes e 
adultos vem sendo relatada em alguns estudos longitudinais, ainda que a taxa 
de prevalência seja inconsistente. A prevalência do TDAH em adultos na 
população geral varia de 2,5% a 8% (KESSLER, CHIU, DEMLER, 
MERIKANGAS e WALTERS, 2005; KOOIJ e Cols., 2005; ROHDE e COLS., 
1998 apud SANTOS; VASCONCELOS, 2010). De acordo Barkley (2002) e 
Biederman e Faraone (2005), cerca de 60% a 70% das crianças com TDAH 
apresentarão o diagnóstico na vida adulta (SANTOS e VASCONCELOS, 2010). 
 
ETIOLOGIA 
Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas precisas 
do TDAH ainda não são conhecidas. Entretanto, a influência de fatores 
genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é amplamente aceita na 
literatura10. A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na 
maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno 
efeito sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) 
genética ao transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. Desta 
forma, o surgimento e a evolução do TDAH em um indivíduo parece depender 
de quais genes de suscetibilidade estão agindo, de quanto cada um deles 
contribui para a doença (ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um) e da 
interação desses genes entre si e com o ambiente11. 
 
11
 Thapar A, Holmes J, Poulton K, Harreington R. Genetic basis of attention-deficit and hyperactivity. Br 
J Psychiatry. 1999;174:105-11. 
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Embora caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e 
impulsividade, o TDAH é uma patologia bastante heterogênea, pelo menos no 
nível fenotípico. Provavelmente, casos diversos com fenomenologias 
particulares (heterogeneidade clínica) também apresentam heterogeneidade 
etiológica. Para o leitor interessado, uma revisão aprofundada sobre a etiologia 
do TDAH pode ser encontrada em Roman et al12. 
 
Fatores ambientais 
Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na 
saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares e 
presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação importante 
no surgimento e manutenção da doença, pelo menos em alguns casos. 
Biederman et al13 encontraram uma associação positiva entre algumas 
adversidades psicossociais (discórdia marital severa, classe social baixa, 
família muito numerosa, criminalidade dos pais, psicopatologia materna e 
colocação em lar adotivo) e o TDAH. 
A procura pela associação entre TDAH e complicações na gestação ou 
no parto tem resultado em conclusões divergentes, mas tende a suportar a 
ideia de que tais complicações (toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade fetal, 
duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto, 
má saúde materna) predisponham ao transtorno14. Recentemente, Mick et al.15 
documentaram uma associação significativa entre exposição a fumo e álcool 
durante a gravidez e a presença de TDAH nos filhos, a qual se manteve 
mesmo após controle para psicopatologia familiar (incluindo TDAH), 
adversidades sociais e comorbidade com transtorno de conduta. Outros 
fatores, como danos cerebrais perinatais no lobo frontal, podem afetar 
processos de atenção, motivação e planejamento, relacionando-se 
 
12
 Roman T, Schmitz M, Polanczyk G, Hutz M. Etiologia. In: Rohde LA, Mattos P, editores. Princípiose 
Práticas em TDAH. Porto Alegre: Artes Médicas; 2003. p. 35-52. 
13
 Faraone SV, Biederman J. Neurobiology of attention-deficit/hyperactivity disorder. Biol Psychiatry. 
1998;44:951-8. 
14
 Biederman J, Milberger S, Faraone SV, Kiely K, Guite J, Mick E, et al. Family-environment risk 
factors for ADHD: a test of Rutter's indicators of adversity. Arch Gen Psychiatry. 1995;52:464-70. 
15
 Mick E, Biederman J, Faraone S, Sayer J, Kleiman S. Case-control study of ADHD and maternal 
smoking, alcohol use, and drug use during pregnancy. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 
2002;41:378-85. 
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indiretamente com a doença. É importante ressaltar que a maioria dos estudos 
sobre possíveis agentes ambientais apenas evidenciaram uma associação 
desses fatores com o TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara 
de causa e efeito entre eles. 
 
Fatores genéticos 
Uma contribuição genética substancial no TDAH é sugerida pelos 
estudos genéticos clássicos. Numerosos estudos de famílias já foram 
realizados com o TDAH, os quais mostraram consistentemente uma 
recorrência familial significante para este transtorno. O risco para o TDAH 
parece ser de duas a oito vezes maior nos pais das crianças afetadas do que 
na população em geral. 
Todas as evidências obtidas nos estudos com famílias não excluem, 
porém, a possibilidade de que a transmissão familial do TDAH tenha origem 
ambiental. Nesse sentido, os estudos com gêmeos e adotados são 
fundamentais para determinar se uma característica é de fato influenciada por 
fatores genéticos. A concordância obtida entre os pares de gêmeos nada mais 
é do que uma medida da herdabilidade, que, por sua vez, representa uma 
estimativa de qual porção do fenótipo é influenciada por fatores genéticos. A 
maioria dessas investigações encontrou grande concordância para esta 
patologia, significativamente maior entre gêmeos monozigóticos do que entre 
dizigóticos. A herdabilidade estimada é bastante alta, ultrapassando 0,70 em 
vários destes estudos, o que sugere uma forte influência genética. 
Evidências mais fortes da herdabilidade do TDAH são fornecidas pelos 
estudos com adotados, uma vez que estes conseguem distinguir melhor efeitos 
genéticos de efeitos ambientais. Pesquisas iniciais com adotados encontraram 
uma frequência significativamente maior de TDAH entre os pais biológicos de 
crianças afetadas do que entre os pais adotivos. Uma prevalência de cerca de 
três vezes mais TDAH entre pais biológicos de pacientes comparados a pais 
adotivos também foi observada recentemente. Essa maior prevalência de 
TDAH entre os parentes biológicos em relação aos parentes adotivos dos 
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provando confirma a existência de importantes fatores genéticos contribuindo 
para a etiologia do transtorno. 
Nos últimos anos, um interesse crescente vem surgindo em relação 
aos estudos de genética molecular no TDAH. O principal alvo dessas 
pesquisas são genes que codificam componentes dos sistemas dopaminérgico, 
noradrenérgico e, mais recentemente, serotoninérgico, uma vez que dados de 
estudos neurobiológicos sugerem fortemente o envolvimento desses 
neurotransmissores na patofisiologia do transtorno. 
Recentemente, uma possível influência do sistema serotoninérgico na 
etiologia do TDAH também foi investigada. Resultados positivos em pacientes 
com este transtorno foram obtidos para os genes do receptor 2A de serotonina 
(HTR2A) e do transportador de serotonina, enquanto que nenhuma associação 
foi verificada para o gene que codifica a enzima triptofano hidroxilase (TPH), 
reguladora da síntese de serotonina16. Efeitos de interação entre os genes 5-
HTT e DRD4 sobre a atenção sustentada em bebês de 1 ano de idade e sobre 
a resposta ao metilfenidato foram observados em outros estudos. Todos esses 
achados, embora bastante iniciais, indicam que a análise destes e de outros 
genes do sistema serotoninérgico em diferentes grupos de pacientes com 
TDAH pode resultar em uma contribuição importante para o entendimento de 
sua etiologia. 
Assim, o estudo da etiologia do TDAH ainda está no início. Mesmo em 
relação à genética, intensamente investigada, os resultados são bastante 
contraditórios. Nenhum dos genes investigados, nem mesmo o DRD4 ou o 
DAT1, pode ser considerado como necessário ou suficiente ao 
desenvolvimento do transtorno. Este panorama se deve, em grande parte, a 
uma heterogeneidade etiológica ímpar, representada pela alta complexidade 
clínica da doença. O futuro do estudo da etiologia do TDAH vai envolver, 
 
16
 Manor I, Eisenberg J, Tyano S, Sever Y, Cohen H, Ebstein RP, et al. Family-based association study of 
the serotonin transporter promoter region polymorhism (5-HTTLPR) in attention-deficit/hyperactivity 
disorder. Am J Med Genet. 2001;105:91-5. 
Seeger G, Schloss P, Schmidt MH. Functional polymorphism within the promoter of the serotonin 
transporter gene is associated with severe hyperkinetic disorders. Mol Psychiatry. 2001;6:235-8. 
Tang G, Ren D, Xin R, Qian Y, Wang D, Jiang S. Lack of association between the tryptophan 
hydroxylase gene A218C polymorphism and attention-deficit/hyperactivity disorder in Chinese Han 
population. Am J Med Genet. 2001;105:485-8. 
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HIPERATIVIDADE 
 
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certamente, a definição de possíveis "subfenótipos" ou "endofenótipos" onde 
essa heterogeneidade esteja reduzida. 
Em sendo, acredita-se que o distúrbio esteja acompanhado de um 
quadro de disfunção hormonal. Tomografias tiradas dos cérebros de pessoas 
com TDAH registram um comportamento diferente de dois neurotransmissores 
– a noradrenalina e a dopamina – que atuam sobre a atenção e a coordenação 
motora (DIAS, 2004). 
Mais de 40% das crianças com esse déficit têm pais que apresentaram 
o mesmo problema na infância. 
A etiologia do transtorno é multifatorial, ou seja, enquanto fenótipo, o 
TDAH resulta da interação de vários fatores ambientais e genéticos que atuam 
na manifestação de seus diversos quadros clínicos (ROMAN et al., 2003). 
Em relação à imaturidade emocional, segundo Riesgo e Rohde (2004), 
alguns eventos pré ou perinatais como, por exemplo, o baixo peso ao nascer, a 
exposição ao álcool ou cigarros durante a gestação, aumentam o risco para o 
desenvolvimento do TDAH. Eles atestam também que existem evidências de 
que o TDAH esteja associado a uma permanência de imaturidade, ou melhor, 
de ilhas de imaturidade, em um curso maturacional normal e progressivo, mas 
um pouco mais lento em determinados setores. 
Estudos realizados por Moreno (1995 apud COUTO; MELLO JUNIOR; 
GOMES, 2010), avaliaram o comportamento das crianças por meios de 
distintas etapas evolutivas, deixando claro que as complicações pré e 
perinatais não afetam igualmente todas as crianças prematuras ou com baixo 
peso, o que significa que esses problemas não são suficientes para explicar a 
futura existência de um TDAH. 
No que se refere aos estudos da genética do TDAH, estudos 
epidemiológicos mostram a recorrência familiar e, conforme Todd (2000 apud 
COUTO; MELLO JUNIOR; GOMES, 2010), o risco da recorrência do TDAH 
entre pais e irmãos é cerca de cinco vezes maior que a prevalência na 
população. Estes dados foram obtidos a partir de estudos com famílias com 
gêmeos e adotados. 
Embora estes trabalhos demonstrem a existência de uma contribuição 
genética substancial para a ocorrência do TDAH, não evidenciaram nenhum 
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gene como necessário ou suficiente para o desenvolvimento do transtorno, fato 
que segundo o autor pode ser explicado pela complexidade clínica do 
transtorno. 
Em outro estudo, Faraone e colaboradores (1992 apud COUTO; 
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010) concluíram que 57% das crianças com TDAH 
têm pais afetados com o transtorno, com um risco de 15% entre irmãos. 
Também confirmaram esta teoria os estudos feitos com gêmeos monozigotos, 
nos quais se constatou a concordância de 51%, enquanto em dizigotos a 
concordância é de 33% com maior incidência de TDAH em familiares de 
primeiro grau do indivíduo afetado. 
Segenreich e Mattos (2007) afirmam que trabalhos recentes encontram 
evidências de que o TDAH se trata de um distúrbio neurobiológico. Dois grupos 
de pesquisas atuais têm resultados que atribuem a este transtorno duas 
possíveis causas: uma relacionada ao déficit funcional do lobo frontal, mais 
precisamente o córtex cerebral; e a outra ao déficit funcional de certos 
neurotransmissores. 
Pesquisadores como Barkley (2002) acreditam ainda que o TDAH se 
evidencia por um déficit básico no comportamento inibitório. Uma deficiência 
em determinadas áreas nas quais o cérebro deveria comandar. Ainda para este 
pesquisador, um dos problemas preponderantes é que a criança com este 
transtorno tem dificuldade em manter sua atenção focalizada por um período 
mais longo. 
Durante a década de 70, uma teoria esteve presente em relação aos 
fatores que ocasionava o TDAH: as questões nutricionais. Acreditava-se que os 
aditivos presentes nas dietas alimentares das crianças com TDAH estivessem 
relacionados ao agravo das crises (COUTO; MELLO JUNIOR; GOMES, 2010). 
Esses estudos foram realizados por Feingold (1975 apud COUTO; 
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010) que retratou que as crianças hiperativas 
tinham uma melhora em seu comportamento quando eram excluídos de sua 
dieta corantes artificiais, conservantes e salicilatos naturais como amêndoas, 
morangos, tomates entre outros alimentos. Estas pesquisas foram 
questionadas por outros cientistas que não encontraram respaldo que 
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confirmasse que a diminuição de tais produtos na dieta produzisse algum efeito 
no desenvolvimento do TDAH. 
Desta forma, como podemos perceber, as causas do TDAH podem ter 
um sintoma isolado ou um conjunto de fatores. Devido a isso, torna-se 
imperioso um diagnóstico detalhado por diferentes profissionais, como: 
psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos. Contudo, apesar dos variados 
fatores que influenciam o desenvolvimento do TDAH, cada vez mais se 
constata que a etiologia do transtorno é neuro-genético-ambiental (COUTO; 
MELLO JUNIOR; GOMES, 2010). 
Evolução do conhecimento e estudos sobre a TDAH 
Antigamente, acreditava-se que todas as crianças com o transtorno 
superavam os sintomas ("amadureciam") com a chegada da puberdade. 
Entretanto, estudos prospectivos recentes que seguiram crianças com TDAH 
mostram uma persistência do diagnóstico em até cerca de 70-80% dos casos 
na adolescência inicial a intermediária. Estimativas conservadoras 
documentam que cerca de 50% dos adultos diagnosticados como tendo TDAH 
na infância seguem apresentando sintomas significativos associados a prejuízo 
funcional. Ao longo do desenvolvimento, diminui a hiperatividade, restando 
frequentemente déficits atencionais e impulsividade, especialmente cognitiva 
(agir antes de pensar). 
Ao longo do desenvolvimento, o TDAH está associado com um risco 
aumentado de baixo desempenho escolar, repetência, expulsões e suspensões 
escolares, relações difíceis com familiares e colegas, desenvolvimento de 
ansiedade, depressão, baixa autoestima, problemas de conduta e delinquência, 
experimentação e abuso de drogas precoces, acidentes de carro e multas por 
excesso de velocidade, assim como dificuldades de relacionamento na vida 
adulta, no casamento e no trabalho. Entretanto, parte dessa evolução pode 
estar associada à presença da comorbidade com transtorno de conduta, e não 
só ao TDAH. 
Noutrossim, Suruagy e Botto (2009) apresentam no site Psiqueweb 
(2009) um breve histórico do TDAH, reportando que problemas com 
comportamentos de agitação e falta de atenção em crianças e até adultos está 
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longe de ser uma novidade, haja vista que são feitos trabalhos científicos sobre 
o assunto desde o começo do século XX, como um trabalho feito pelo médico 
George Frederic Still, em 1902. 
Nesse sentido, Still descreveu um grupo de 20 crianças que se 
comportavam de maneira excessivamente emocional, desafiadora, passional e 
agressiva e que mostravam resistentes a qualquer tipo de ação com o objetivo 
de tornar o comportamento delas mais aceitável. O grupo tinha uma proporção 
de 3 meninos para cada menina e era composto de crianças que não tinham 
indícios de maus tratos pelos pais. Still especulou que devido à ausência de 
maus tratos, os problemas destas crianças deveriam ser de origem biológica. A 
hipótese ganhou mais força ainda quando Still notou que alguns membros das 
famílias das crianças eram portadores de problemas psiquiátricos como 
depressão, alcoolismo, problemas de conduta, etc. 
Em sendo, o simples fato que Still propôs: uma base biológica para o 
problema, demorou ainda mais algumas décadas para se tornar evidência. 
Antes disso, as crianças e os pais eram considerados responsáveis pela “falha 
moral” e o tratamento era frequentemente feito através do uso de castigos e 
punições físicas. Os manuais de pediatria da época eram repletos de 
explicações de como bater em crianças e afirmavam necessidade deste tipo de 
tratamento. 
Assim, as observações e deduções de Still influenciaram o “pai” da 
psicologia Norte-Americana, Willian James que especulou que estes distúrbios 
de comportamento seriam devidos a problemas na função inibitória do cérebro 
em relação a estímulos ou a algum problema no córtex cerebral onde o 
intelecto acabava se dissociando da “vontade” ou conduta social. 
Não obstante, em 1934, Eugene Kahn e Louis H. Cohen publicaram um 
artigo no famoso “The New England Journal of Medicine” afirmando que havia 
uma base biológica para a hiperatividade baseado em um estudo feito com 
pacientes vítimas da epidemia de encefalite de 1917-1918. Os autores deste 
artigo foram os primeiros a mostrar uma relação entre uma doença e os 
sintomas da ADD - Attencion Déficit Disorder – (falta de atenção, impulsividade 
e hiperatividade). 
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Já em 1937, Charles Bradley mostrou mais uma linha de relação da 
ADD com o biológico através da descoberta acidental de que alguns 
estimulantes, as anfetaminas, ajudavam crianças hiperativas a se concentrar 
melhor. Esta descoberta foi contrária à lógica tradicional, pois os estimulantes 
em adultos produziam um aumento de atividade no sistema nervoso central 
enquanto o inverso acontecia em crianças com ADD. O porquê deste 
fenômeno ainda iria ficar mais algumas décadas sem resposta. 
Em pouco tempo as pessoas com este problema receberam uma nova 
e obscura descrição: “Disfunção Cerebral Mínima” e começavam a serem 
tratadas com dois estimulantes (Ritalina e Cyclert) que tinham se demonstrado 
muito eficazes no tratamento do problema. 
Nos anos 60, as observações clínicas se tornaram mais apuradas e 
ficou cada vez mais aparente que a síndrome tinha alguma origem biológica e 
talvez até genética, absolvendo os pais da culpa pelo problema definitivamente 
na comunidade científica. A populaçãoem geral continuou culpando os pais, 
como ainda acontece até hoje em populações menos informadas. No final dos 
anos 60, muito já era sabido sobre ADD, mas a falta de novas evidências 
ligando a síndrome às bases biológicas começou a criar discussões sobre a 
sua existência. Muitos acreditavam que o transtorno era uma tentativa de livrar 
os pais de culpa por seus filhos mimados e mal comportados. Depois deste 
período de incerteza, novas descobertas começaram a ser feitas ligando os 
problemas associados com a ADD com certos tipos de neurotransmissores. 
Todavia, C. Kornetsky (1970), na década de 70, propôs a hipótese de 
que a ADD poderia estar ligada a problemas com certos neurotransmissores 
como a Dopamina e a Noroepinefrina. Embora a hipótese seja coerente, as 
pesquisas realizadas desde então, na tentativa de comprovar o efeito destes 
neurotransmissores na ADD, ainda não obtiveram sucesso. 
Entretanto, Lou et al. (s.d apud HALLOWELL e RATEY, 2000) acharam 
evidências de uma deficiência de circulação sanguínea nos lobos frontais e no 
hemisfério esquerdo de pessoas portadoras de ADD. Todos estes achados 
foram confirmados em 1990 por ZAMETKIN (s.d apud HALLOWELL e RATEY, 
2000), graças ao desenvolvimento de novas tecnologias que mostravam o 
funcionamento do cérebro in vivo. 
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Conceitualmente, no início do século XX, esse distúrbio foi chamado de 
‘distúrbio de disfunção cerebral mínima’, passando posteriormente a ser 
chamado de ‘hipercinesia’ ou ‘hipernicese’. Logo a seguir, ‘hiperatividade’, 
nome que ficou mais conhecido e perdurou por mais tempo. Em 1987 passou a 
ser chamado de ‘distúrbio do déficit de atenção’, sendo que, muitas vezes, 
utiliza-se somente a sigla DDA (em português) ou ADD (em inglês “Attencion 
Déficit Disorder”). É também eventualmente chamado de ‘síndrome do déficit 
de atenção’ (SILVA, 2004). 
O TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados 
Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem 
tratamento diferenciado na escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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OS SINTOMAS E AS CARACTERÍSTICAS DO TDAH 
 
 
Os sintomas 
Pode parecer redundante falar em características e sintomas, pois 
ambos podem parecer ter o mesmo significado, mas a intenção é que seja 
reforçado o entendimento para que haja um diagnóstico o mais próximo 
possível do correto. 
Portanto, para ser considerado como Transtorno de Déficit de Atenção, 
os seguintes sintomas precisam ocorrer, na maior parte do tempo, nas 
seguintes atividades: 
 Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros 
por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras; 
 Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou 
atividades recreativas; 
 Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres 
escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais, não chegando 
ao final das tarefas; 
 Frequentemente tem dificuldade na organização de suas tarefas e 
atividades; 
 Com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas 
que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou 
deveres de casa); 
 Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; 
 É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa principal que está 
executando; 
 Com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias (ABC da 
Saúde, 2005). 
 
Uma pessoa pode apresentar o transtorno de hiperatividade quando a 
maioria dos seguintes sintomas torna-se uma ocorrência, constante, em sua 
vida: 
 Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; 
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 Com frequência abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras 
situações nas quais se espera que permaneça sentado; 
 Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais 
isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, isso pode não 
ocorrer, mas a pessoa deixa, nos outros, uma sensação de constante 
inquietação); 
 Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver 
silenciosamente em atividades de lazer; 
 Está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse 
“a todo vapor”; 
 Frequentemente fala em demasia (ABC da Saúde, 2005). 
 
Além dos sintomas anteriores referentes ao excesso de atividade em 
pessoas com hiperatividade, podem ocorrer outros sintomas relacionados ao 
que se chama impulsividade, à qual estaria relacionada aos seguintes 
aspectos: 
 Frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem 
sido completadas; 
 Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez; 
 Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por 
exemplo, intrometendo-se em conversas ou brincadeiras de colegas) 
(ABC da Saúde, 2005). 
 
As características 
Segundo Dias (2004), a criança com TDAH tem dificuldade em focar 
atenção. É impulsiva (reage antes de pensar), atinge os extremos da emoção 
com rapidez (tristeza e alegria) e não consegue terminar uma tarefa (cansa-se 
logo, num efeito chamado de fadiga precoce). 
Reforçando: a característica essencial do TDAH é um padrão 
persistente de desatenção, hiperatividade e alguns sintomas hiperativo-
impulsivos que causam prejuízo ao relacionamento interpessoal. Para o 
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diagnóstico ser satisfeito deve haver clara interferência no funcionamento 
social, acadêmico ou ocupacional (SILVA, 2004). 
A desatenção pode tanto manifestar-se em situações escolares, quanto 
profissionais ou sociais. As crianças com este transtorno podem não prestar 
muita atenção a detalhes e podem cometer erros grosseiros por falta de 
cuidados nos trabalhos escolares ou em outras tarefas. O trabalho dos 
portadores de TDAH frequentemente é confuso e realizado sem meticulosidade 
nem precisão adequada. 
Os indivíduos, com frequência, têm dificuldade para manter a atenção 
em tarefas ou atividades lúdicas e consideram difícil persistir nas mesmas 
tarefas até o seu término. Normalmente essas crianças dão a impressão de 
estarem com a mente em outro local, ou de não estarem escutando o que está 
sendo dito. Pode haver frequentes mudanças de uma tarefa para outra, elas 
podem iniciar uma tarefa, passar para outra, depois voltar a atenção para outra 
antes de completarem qualquer uma de suas incumbências (SILVA, 2004). 
Essas crianças frequentemente não atendem a solicitações ou 
instruções e não conseguem completar os trabalhos escolares, tarefas 
domésticas ou outros deveres. 
As características apresentadas aqui de maneira bem didática e mais 
frequentemente citadas estão em ordem de frequência: 
 Hiperatividade; 
 Comprometimento percepto-motor; 
 Instabilidade emocional; 
 Déficit geral da coordenação; 
 Distúrbio da atenção; 
 Impulsividade; 
 Transtorno da memória e do pensamento; 
 Deficiências específicas do aprendizado; 
 Sinais e irregularidades neurológicas duvidosas ao eletroencefalograma 
(ABC da Saúde, 2005). 
 
As características do TDAH aparecem bem cedo para a maioria das 
pessoas, logo na primeira infância. O distúrbio é caracterizado por 
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comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis meses, que seinstalam definitivamente antes dos 7 anos. Atualmente, quatro subtipos de 
TDAH foram classificados: 
 Desatento – quando se exige que a pessoa apresente pelo menos seis das 
seguintes características: 
 Não enxerga detalhes ou faz erros por falta de cuidado; 
 Dificuldade em manter a atenção; 
 Parece não ouvir; 
 Dificuldade em seguir instruções; 
 Dificuldade na organização; 
 Evita, pois, não gosta de tarefas que exigem um esforço mental 
prolongado; 
 Frequentemente perde os objetos necessários para uma atividade; 
 Distrai-se com facilidade; 
 Esquecimento nas atividades diárias. 
 Hiperativo/impulsivo – quando se exige que a pessoa apresente pelo menos 
seis das seguintes características. 
 Inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira; 
 Dificuldade em permanecer sentada; 
 Corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente (em adulto, há 
um sentimento subjetivo de inquietação); 
 Dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente; 
 Fala excessivamente; 
 Responde a perguntas antes de elas serem formuladas; 
 Age como se fosse movida a motor; 
 Dificuldade em esperar sua vez; 
 Interrompe e se interrompe. 
 
 Combinado – é caracterizado pela pessoa que apresenta os dois conjuntos 
de critérios dos tipos: desatento e hiperativo /impulsivo. 
Não específico – a pessoa apresenta algumas dificuldades, mas número 
insuficiente de sintomas para chegar a um diagnóstico completo. Esses 
sintomas, no entanto, desequilibram a vida diária. 
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AS CONSEQUÊNCIAS E AS COMORBIDADES DO TDAH 
 
 
As consequências 
Como vimos, o TDAH é um transtorno com estudos recentes, apesar 
de ser reconhecido desde o início do século. Não existe, até o momento, uma 
causa específica para o problema. Alguns genes têm sido descobertos e 
descritos como possíveis causadores do transtorno. Lesões neurológicas 
mínimas (impossíveis de serem vistas em exames) que ocorreriam durante a 
gestação ou nas primeiras semanas de vida, também são levantadas como 
possíveis causas. Alterações das substâncias químicas cerebrais 
(neurotransmissores) também estão sendo sugeridas como causadores dos 
sintomas (PSIQUEWEB, 2005). 
Supõe-se que todos esses fatores formem uma predisposição básica 
(orgânica) do indivíduo para desenvolver o problema, que pode vir a se 
manifestar quando a pessoa sofre ação de eventos psicológicos estressantes, 
como uma perturbação no equilíbrio familiar, ou outros fatores geradores de 
ansiedade. Além disso, as exigências da sociedade por uma forma rotinizada 
de comportamento e desempenho podem interferir no diagnóstico deste 
transtorno (PSIQUEWEB, 2005). 
O baixo desempenho escolar; dificuldades de relacionamento; baixa 
autoestima; interferências no desenvolvimento educacional e social e, 
predisposição a distúrbios psiquiátricos são apenas algumas das 
consequências a que se sujeitam os portadores de TDAH. 
Se pensarmos na impulsividade excessiva, os impactos negativos 
sobre o desenvolvimento pessoal e relacionamentos interpessoais é bem 
direto, gerando frustrações, raiva, rebaixamento da estima e insatisfação geral 
(AMORIM, 2013). 
A mesma autora ressalta que na infância, compromete o 
desenvolvimento em muitos aspectos. Na área social, prejudica os 
relacionamentos com outras crianças. Uma criança que não saiba esperar, 
atropelando os outros; não saiba ouvir instruções, explicações ou orientações 
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até o final; que não tenha controle sobre suas explosões emocionais; que não 
siga regras em jogos e brincadeiras, terá certamente problemas em conquistar 
e manter amizades. Muitas vezes, o relacionamento com adultos é mais fácil, 
por serem estes mais compreensivos (ou permissivos). Já o convívio 
prejudicado com outras crianças deve ser visto como um sinal de alerta. 
As comorbidades 
Alguns autores constataram que indivíduos com TDAH têm altas taxas 
de comorbidade, sendo que as mais comuns são os Transtornos Ansiosos, 
Transtornos do Humor, abuso ou dependência de drogas e Transtornos de 
Personalidade (BIEDERMAN et al., 1993; BARKLEY, MURPHY e KWASNIK, 
1996b apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA, 2010). 
Segundo Mattos e colaboradores (2005) e Gomes e colaboradores 
(2007), além dos sintomas do transtorno, em mais de 50% dos casos existem 
comorbidades, destacando-se entre elas: 
a) Transtorno desafiante de oposição (TOD), que se caracteriza por 
comportamento desafiador e opositivo (conforme o nome sugere) em 
relação a figuras de autoridade. 
b) Transtorno de conduta (TC), que se caracteriza pelo padrão de 
comportamento no qual se desrespeita os direitos básicos dos outros 
(mentiras, roubo, crueldade com animais entre outros). 
c) Abuso de substâncias psicoativas e álcool – em geral o abuso destas 
substâncias relaciona-se com o comprometimento funcional nas áreas 
acadêmicas, social e profissional. 
d) Transtorno de humor – depressão e transtorno bipolar, sendo que o 
primeiro caracteriza-se por tristeza, irritação, perda de interesse por 
atividades habitualmente prazerosas, fadiga fácil, insônia ou hiperisônia, 
enquanto que o transtorno bipolar caracteriza-se pela presença de 
humor exaltado, euforia alternando-se com momentos de depressão. 
e) Transtornos de ansiedade, que se caracterizam por medos ou 
preocupações excessivas que comprometem a vida acadêmica, social e 
familiar. 
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f) Transtornos de tiques que se caracterizam pela realização de 
movimentos ou sons vocais repentinos, rápidos, não rítmicos, 
estereotipados. 
g) Transtornos de aprendizado, não consideradas aqui as dificuldades 
primárias decorrentes das próprias características do TDAH (desatenção 
e impulsividade) e que erroneamente são designadas como transtorno 
de aprendizagem. 
 
Por se tratar de um transtorno, que na maioria das vezes envolve uma 
multiplicidade de sintomas o diagnóstico do TDAH, é um processo que requer a 
avaliação de diferentes profissionais como: médicos, psicólogos, 
psicopedagogos e neuropsicólogos. 
Esta avaliação deve conter uma anamnese minuciosa, um exame físico 
abrangente, uma avaliação do neuro-desenvolvimento e a realização de 
exames que tem por objetivo avaliar o rendimento pedagógico, através de 
dados recolhidos com professores e sua interação social com adultos que 
interagem com a pessoa que está sendo avaliada (COUTO; MELLO JUNIOR; 
GOMES, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O DIAGNÓSTICO, A AVALIAÇÃO E O TRATAMENTO DO TDAH 
 
O Diagnóstico 
De acordo com os estudos de Coelho et al. (2010), o diagnóstico para 
TDAH deve fundamentar-se no quadro clínico comportamental, uma vez que 
não existe um marcador biológico definido para todos os casos. O DMS-IV 
classifica os pacientes com TADH em três grupos: TDAH combinado, TDAH 
predominantemente desatento, TDAH predominantemente hiperativo/impulsivo. 
Nesse sentido, os critérios para TDAH, segundo o DSM IV (1994), são 
utilizados para avaliação das crianças e adolescentes, quando é importante a 
presença de seis dos critérios que envolvem sinais de desatenção, 
hiperatividade e impulsividade. 
Noutrossim, uma história familiar positiva de TDAH ou outro transtorno 
comportamental, também deve ser indagado, pois, pode ocorrer recorrência 
familiar significante para tal transtorno (GUILHERME et al., 2007). O risco de 
TDAH parece ser de duas a oitovezes, maior, nas crianças de pais afetados do 
que na população em geral. 
A presença de comorbidades no TDAH torna o diagnóstico mais difícil 
e exige maior suspeição em relação aos diversos tipos de transtornos 
comportamentais, sendo uma causa frequente de má resposta terapêutica ao 
tratamento isolado, com drogas psicoativas. O eletroencefalograma (EEG), o 
potencial evocado 30017 e estudos de neuroimagem são utilizados para auxiliar 
no diagnóstico. Avaliações por meio de tomografia por emissão de pósitrons 
(PET) revelam resultados diferentes em adultos e crianças com TDAH. Nestas, 
 
17
 O P300 é um instrumento de investigação do processamento da informação (codificação, seleção, 
memória e tomada de decisão) e permite avaliar a atividade cortical envolvida nas habilidades de 
discriminação, integração e atenção do cérebro. 
O potencial cognitivo P300 é um potencial evocado auditivo de longa latência, gerado a partir da 
discriminação de um estímulo auditivo raro, dentre outro frequente, de mesma modalidade e 
características físicas diferentes. A resposta a este estímulo ocorre por volta de 300 mseg após a 
apresentação do mesmo. Ele é um indicador da velocidade do processamento cortical sendo que a sua 
resposta envolve várias vias do cérebro como as do tronco cerebral, córtex pré-frontal e temporo-parietal, 
tálamo, hipocampo e região límbica. 
O P300 pode estar anormal em pacientes com demência, AVC (derrame), sequela de traumatismo de 
crânio, insuficiência renal, AIDS, esquizofrenia, TDAH e muitas outras patologias que possam alterar o 
estado cognitivo do paciente (http://www.centrodetomografia.com.br/exame.php?id=75). 
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ademais, estudos com ressonância nuclear magnética funcional (FRNM) 
constataram a presença de hipofunção cerebelar (PEREIRA et al., 2003). 
Em sendo, as crianças desatentas podem apresentar um nível mais 
alto de isolamento social e retraimento, com níveis mais elevados de 
ansiedade, depressão e disfunção social; enquanto crianças com predomínio 
de sintomas de hiperatividade são mais agressivas do que as outras, tendendo 
a manifestar elevados índices de rejeição pelos colegas e a se tornarem 
impopulares (COELHO et al., 2010). 
Frequentemente, a presença de comorbidade torna o prognóstico ainda 
pior, ao passar do tempo. Em geral, todas as comorbidades necessitam ser 
abordadas, quer com conduta medicamentosa ou qualquer outra. Uma 
intervenção adequada pode melhorar tanto a qualidade de vida como o 
prognóstico desses pacientes. O diagnóstico diferencial com o TDAH deve ser 
feito com relação à epilepsia, crises de ausência na infância, déficits visual ou 
auditivo, doenças neurodegenerativas, patologias da tiroide, distúrbios do sono 
como dissonias e parassonias, doenças psiquiátricas e, de forma particular, 
causas psicossociais. Deve-se suspeitar destas etiologias, porque podem levar 
a sintomas algumas vezes bastante semelhantes ao quadro de TDAH. 
Ressalte-se que uma avaliação rápida, superficial, não evolutiva ou baseada 
em relatos confusos impede a correta avaliação dessa patologia (COELHO et 
al., 2010). 
Nesse aspecto e, para Capovilla (2006), o distúrbio TDAH é 
caracterizado por comportamentos crônicos, com duração de no mínimo seis 
meses, que se instalam definitivamente antes dos sete anos, portanto, o 
diagnóstico do TDAH é clínico, embora seus sinais possam ser detectados 
precocemente pelo pediatra que acompanha a criança; sendo essencial o 
conhecimento da história do sujeito, a partir da observação dos pais e dos 
professores. As características gerais da história da criança com TDAH 
aparecem resumidas na tabela abaixo: 
 
Fases Características 
Lactente Bebê difícil, insaciável, irritado e de difícil consolo, com maior 
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prevalência de cólicas, dificuldades de alimentação e sono. 
Pré-escolar Atividade aumentada ao usual, dificuldades de ajustamento, 
teimosia, irritação e extremamente difícil de satisfazer. 
Escola 
elementar 
Incapacidade de colocar foco, distração, impulsivo, 
desempenho inconsciente, presença ou não de hiperatividade. 
Adolescência Inquieto e com desempenho inconsistente, sem conseguir 
colocar foco, dificuldade de memória na escola, abuso de 
substância, acidentes. 
Fonte: Rhode et al. (2004 apud COUTO, MELLO-JUNIOR e GOMES, 2010, p. 
245) 
 
Outras justificativas para se fazer o diagnóstico e tratar a criança ou 
adulto com TDAH são: 
 Primeiro, é importante se fazer o tratamento desse transtorno para que a 
criança não cresça estigmatizada como o “bagunceiro da turma” ou 
como o “vagabundo”, ou como o “terror dos professores”. 
 Segundo, é importante fazer o tratamento para que a criança não fique 
durante anos com o desenvolvimento prejudicado na escola e na sua 
vida social, atrasada em relação aos outros colegas numa sociedade 
cada vez mais competitiva. 
 Terceiro, é importante fazer um tratamento do transtorno para se tentar 
minimizar consequências futuras do problema, como a propensão ao 
uso de drogas (o que é relativamente frequente em adolescentes e 
adultos com o problema), transtorno do humor (depressão, 
principalmente) e transtorno de conduta. 
 
O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, 
geralmente neurologista, pediatra ou psiquiatra, podendo ser auxiliado por 
alguns testes psicológicos ou neuropsicológicos, principalmente em casos 
duvidosos, como em adultos, mas mesmo em crianças, para o 
acompanhamento adequado do tratamento. 
O guia apresentado abaixo foi extraído do Manual de Diagnóstico e 
Estatística – IV Edição (DSM-IV) da Associação Psiquiátrica Americana (1995). 
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Ele é utilizado por profissionais especializados em TDAH para o 
diagnóstico clínico. Aqui daremos apenas uma ideia de como tal diagnóstico é 
feito. 
 
Critério A: Assinale com um X na coluna correta 
 
 
1
-N
u
n
c
a
 
o
u
 
ra
ra
m
e
n
te
 
2
-P
o
u
c
o
 
3
-
B
a
s
ta
n
t
e
 
4
-
Q
u
a
s
e
 
s
e
m
p
re
 
1. Ele presta pouca atenção em detalhes e faz erros 
por falta de atenção nos deveres? 
 
2. Ele mexe com as mãos e pés quando está 
sentado ou se mexe muito na cadeira? 
 
3. Ele tem dificuldade de ficar concentrado nos 
deveres e também nos jogos? 
 
4. Ele sai do lugar na sala de aula ou em outras 
situações (ex: mesa de jantar) quando deveria ficar 
sentado? 
 
5. Ele parece estar prestando atenção em outras 
coisas quando se fala com ele? 
 
6. Ele corre ou sobe nas coisas quando deveria ficar 
tranquilo? 
 
7. Ele tem dificuldade em seguir instruções até o fim 
ou deixa os deveres sem terminar? 
 
8. Ele tem dificuldade de ficar em silêncio enquanto 
brinca? 
 
9. Ele é desorganizado com os deveres e outras 
atividades no dia-a-dia? 
 
10. Ele é “elétrico” e fica “a mil por hora?” 
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11. Ele evita ou antipatiza com deveres ou 
atividades que exijam concentração? 
 
12. Ele fala demais? 
13. Ele perde material da escola ou coisas do dia-a-
dia? 
 
14. Ele responde às perguntas antes dos outros 
terminarem de falar? 
 
15. Ele se distrai com facilidade com coisas fora 
daquilo que está fazendo? 
 
16. Ele tem dificuldade de esperar a vez? 
17. Ele se esquece de coisas que deveriafazer no 
dia-a-dia? 
 
18. Ele interrompe os outros ou se mete na 
conversa dos outros? 
 
 
 
CRITÉRIO B: Responda SIM ou NÃO 
Alguns desses sintomas estavam presentes antes dos 07 anos de idade? 
CRITÉRIO C: Responda SIM ou NÃO 
Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 02 
contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa)? 
CRITÉRIO D: Responda SIM ou NÃO 
Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos 
sintomas? 
CRITÉRIO E: Responda SIM ou NÃO 
Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, 
etc.), os sintomas podem ser atribuídos a ele? 
Como suspeitar do diagnóstico: 
1) É necessário haver pelo menos 06 sintomas assinalados na coluna laranja 
ou vermelha, no CRITÉRIO A. 
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Pelo menos 06 sintomas ÍMPARES e menos que 06 sintomas PARES: TDAH 
Tipo Predominantemente Desatento 
Pelo menos 06 sintomas PARES e menos que 06 sintomas ÍMPARES: TDAH 
Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo 
6 ou mais sintomas ÍMPARES e 06 ou mais sintomas PARES: TDAH Tipo 
Combinado. 
2) Os CRITÉRIOS B, C, D devem obrigatoriamente ter resposta SIM. 
3) O CRITÉRIO E necessita da avaliação de um especialista, uma vez que os 
sintomas do Critério A ocorrem em muitos outros transtornos da infância e 
adolescência. 
Se os critérios A, B, C, D e E estiverem atendidos de acordo com o julgamento 
de um especialista, o diagnóstico de TDAH é garantido. 
FONTE: Manual de Diagnóstico e Estatística – IV Edição (DSM-IV) da 
Associação Psiquiátrica Americana (1995). 
Obs.: O diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional. 
 
Para se fazer o diagnóstico, 06 (ou mais) dos seguintes sintomas de 
desatenção ou hiperatividade devem persistir por, pelo menos, 06 meses em 
grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento. 
Os distúrbios podem ter início na primeira infância (crianças 
excessivamente sensíveis a estímulos e facilmente perturbadas por ruídos, luz, 
temperatura, etc.; ou às vezes o inverso: crianças dóceis, sem energia, 
dormem a maior parte do tempo, e parecem desenvolver-se muito lentamente 
nos primeiros meses). 
Dificuldades na escola, tanto de aprendizagem quanto 
comportamentais são comuns devido à distractibilidade e atenção flutuante das 
crianças, que dificultam a aquisição, retenção e demonstração dos 
conhecimentos. 
As reações adversas dos professores, a redução da autoestima e 
comentários adversos de outros grupos pode transformar a escola num lugar 
de infelicidade e frustração. Isso pode levar a uma atuação antissocial e a 
comportamentos autodestrutivos e autopunitivos. 
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Vale a pena conferir o Documento da Fundação Hospitalar do Estado 
de Minas Gerais (FHEMIG) que contém as Diretrizes Clínicas – Procedimento 
Operacional Padrão – Protocolo Clínico contendo o Diagnóstico, Tratamento do 
TDAH em crianças e adolescentes. Sua última revisão disponível na internet é 
de agosto de 201218. 
 
A Avaliação 
Segundo Benczik (2000), as escalas de verificação de comportamento 
têm uma importante tradição na avaliação de estudantes com déficit de 
atenção e hiperatividade, embora com vantagens e limitações. Elas permitem 
obter informações referentes à extensão na qual o indivíduo exibe certas 
características relativas a outros do mesmo sexo e idade, entretanto, as 
escalas não são totalmente suficientes para reunir a singularidade do indivíduo, 
de forma que fornecem informações relevantes, mas essencialmente aquelas 
relativas a dimensões pré-determinadas, ou seja, avalia apenas as dimensões 
propostas pelo instrumento, não contemplando todas as dimensões e 
características pertinentes ao indivíduo. 
Daí o fato desta técnica ser apontada como incapaz de retratar um 
quadro completo e acurado do comportamento atual da pessoa. Vale ressaltar, 
no entanto, que essa é uma crítica inerente aos instrumentos de avaliação 
psicológica, o que justifica a importância do profissional, ao realizar uma 
avaliação, empregar técnicas complementares (observações, entrevistas, 
escalas, testes, técnicas projetivas), de forma a obter informações 
diversificadas e representativas do sujeito, o que vai ao encontro das noções 
mais atuais referentes a processos de avaliação psicológica. 
Muitas das escalas para avaliar o TDAH voltaram-se aos sintomas 
primários da desordem, mas diversas outras foram elaboradas para avaliar 
outros tipos de comportamentos associados, como: agressão, passividade, 
imaturidade e conduta não complacente (MONTAGUE, MCKINNEY e 
HOCUTT, 1994; BURCHAM e DE MERS, 1995 apud BENCZIK, 2000). De 
 
18
 Disponível em: <http://www.fhemig.mg.gov.br/pt/downloads/doc_download/1016-026-tdah-
diagnostico-e-tratamento-do-transtorno-de-deficit-de-atencao-em-criancas-e-adolescentes>. Acesso em: 4 
jan. 2015. 
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maneira geral, esse tipo de instrumento dá ao profissional de saúde mental 
uma melhor compreensão de quem vê a conduta como problemática e de 
como diferenças percebidas em graus de desvios variam em função dos efeitos 
do ambiente (EDELBROCK, 1983 apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA, 
2010). Dentro do processo de avaliação, as escalas de verificação de 
comportamentos tornam-se muito úteis como “ferramentas auxiliares” no 
processo diagnóstico. 
Salientamos que o objetivo da avaliação nos casos do TDAH não é de 
qualquer forma rotular indivíduos ou estigmatizá-los, mas sim avaliar e 
determinar a extensão na qual os problemas de atenção e hiperatividade 
interferem em suas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais e, a partir desta 
avaliação, fornecer um plano apropriado de intervenção (MONTAGUE, 
MCKINNEY e HOCCUTT, 1994 apud BENCZIK; SCHELINI; CASELLA, 2010). 
Uma avaliação bem conduzida, utilizando instrumentos adaptados e 
com evidências de validade e precisão, permite a tomada de decisões 
adequadas, tendo em vista um melhor funcionamento em termos da saúde 
mental do adolescente e do adulto. Em relação à validade de instrumentos 
psicológicos, sejam estes inventários, escalas ou testes, tradicionalmente são 
caracterizados três tipos: validade de conteúdo, de critério e de construto. 
Dentre as formas mais frequentes de se verificar a validade de construto, 
destacam-se as correlações com outros testes que meçam o mesmo construto, 
a consistência interna dos itens, mudanças desenvolvimentais, análise fatorial 
e intervenções experimentais (ANASTASI e URBINA, 2000). 
À medida que se apresentam mais estudos a respeito de diferentes 
tipos de validade sobre um determinado instrumento, maior a segurança na 
interpretação de seus resultados. Há muitas escalas americanas que têm como 
objetivo avaliar os sintomas de TDAH, como por exemplo: a Attention Deficit 
Scales for Adults – ADSA (TRIOLO e MURPHY, 1996), a Self-Report Rating 
Form (MCCARNEY, 1996) e a Copeland Symptom Checklist for Adult Attention 
Deficit Disorders (COPELAND, 1989). Porém, o mesmo não acontece no 
Brasil. O único questionário denominado ASRS-18 (versão 1.1) - Adult Self-
Report Scale foi desenvolvido por Kessler et al. (2006), juntamente com a 
Organização Mundial de Saúde. Este questionário consta de 18 perguntas, em 
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que o examinando deve responder com que frequência os itens ocorrem. Os 
itens contidos

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