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Profa. Isabelle Paes Leme Composição de Alimentos Carboidratos: Estrutura e reações químicas • Carboidratos ou hidratos de carbono (fórmula geral CH2O) • Fonte energia - 4kcal/g • Moléculas complexas de grupos funcionais de aldeídos ou cetonas • Sacarídeo = do grego, sakcharon (açúcar) • Classes principais (determinadas pelo número de ligações glicosídicas): Estrutura dos carboidratos Monossacarídeos Dissacarídeos Oligossacarídeos Polissacarídeos • Unidades básicas formadoras de carboidratos (não podem ser hidrolisados a outros menores) • Podem ser assim absorvidos pelos nossos enterócitos • Frutose, glicose e galactose Monossacarídeos (Penha, 2017) • Moléculas que apresentam dois monossacarídeos unidos pela ligação glicosídica • Ex.: Sacarose, lactose, maltose Dissacarídeos (2 moléculas) (Penha, 2017) • Monossacarídeos e dissacarídeos - propriedades importantes para o preparo de alimentos • Modificações estruturais - armazenamento e frente a mudanças de temperaturas Monossacarídeos e dissacarídeos: Sacarose - dissacarídeo (glicose + frutose) - frutas, vegetais, cana-de- açúcar, beterraba e no mel Glicose - obtida pela hidrólise do amido (menos doce e menos solúvel em água) Maltose - dissacarídeo (glicose + glicose): Milho e cevada (germinação natural da cevada) Lactose - dissacarídeo (glicose + galactose): menos solúvel que os outros açúcares e menos doce que a glicose • Moléculas formadas por 3 a 10 moléculas de monossacarídeos unidas por ligações glicosídicas • Geralmente são carboidratos não digeríveis (fermentados pela microbiota intestinal, produzindo gases) • Exemplos: Rafinose, verbascose, estaquiose Oligossacarídeos (3 a 10 moléculas) (Penha, 2017) • Derivados da sacarose - galactose em sua composição: a rafinose e a estaquiose • Presentes em sementes de leguminosas • Microorganismos - fermentação dos oligossacarídeos (produção de hidrogênio e • gás carbônico) Oligossacarídeos (3 a 10 moléculas) (Penha, 2017) Moléculas mais complexas, formadas por mais de 10 monossacarídeos • Ex.: Amido, glicogênio, celulose e quitina • Funções principais: Armazenar energia e estruturação de tecidos •Amido (amilose + amilopectina) – Reserva energética de vegetais, cereais e leguminosas • Glicogênio – Reserva energética das células animais • Em grande parte das vezes – Moléculas estruturais não digeríveis •Amido glicogênio - Ambos são formados exclusivamente por moléculas de glicose unidas por ligações α-1,4 e ramificadas por ligações α-1,6 (Penha, 2017) Polissacarídeos (Mais de 10 moléculas) • Amido - molécula de polissacarídeo que tem função de reserva energética em tecidos vegetais • É formado por dois polímeros de glicose: amilose (essencialmente linear) e a amilopectina (ramificada) • Insolúvel em temperatura ambiente (força coletiva das interações: ponte de hidrogênio que mantém unidas as cadeias de amilose e amilopectina) (Penha, 2017) Polissacarídeos – Amido • Se a temperatura aumenta: Moléculas começam a assimilar a água • Ponto de gelatinização (55 °C a 70 °C) mas pode variar (origem do amido) • Gelatinização - grânulo de amido vai perdendo a cristalinidade, tornando-se amorfo (grânulos inchados e desorganizados) • Aumento da viscosidade da solução • Moléculas de amilose saem dos grânulos (contribuindo para a viscosidade) • Formação de gel (Penha, 2017) Polissacarídeos –Amido • Aquecimento mantido (com a agitação do meio): • Viscosidade começa a decair devido à deformação dos grânulos • Resfriamento: • Viscosidade aumenta novamente (interações do tipo pontes de hidrogênio são restabelecidas entre a amilose e amilopectina) • Consistência de gel • Ao contrário da gelatinização (ao passar do tempo)... • Moléculas de amilose se associam e cristalizam eficazmente, fenômeno esse conhecido como retrogradação (Penha, 2017) Polissacarídeos –Amido • Retrogradação - faz as soluções diluídas de amido perderem a viscosidade e pastas concentradas e géis ficam "borrachentas” • Exsudação de água - SINERESE • Amido - agente espessante de molhos alimentícios, recheios • Congelamento - amilose sofre retrogradação rápida • Formação de fase aquosa e desagregação do gel (Penha, 2017) Polissacarídeos –Amido • Dextrinização do amido - Amido submetido ao calor seco • Quebra das partículas de amido tornando-o mais solúvel, dificultando a formação de grumos, melhorando sua digestibilidade • Ex.: alimentos infantis, farináceos, mingaus • Amido modificado - passa por alterações de natureza química, física e enzimática, melhorando a viscosidade, textura e vida útil • Melhor estabilidade durante o resfriamento e congelamento • Utilizado como espessantes • Amido resistente - Resistentes à digestão no intestino delgado (não são absorvidos) • Considerados prebióticos Polissacarídeos –Amido • Alto peso molecular • Mais de 10 monossacarídeos (ligações glicosídicas) • Moléculas diversas classificadas de acordo com a estrutura química de suas cadeias • Lineares ou ramificados • Se há mais de um tipo de resíduo de monossacarídeo presente - homopolissacarídeos (resíduos iguais de monossacarídeos) ou heteropolissacarídeos (resíduos diferentes) • Funções importantes nas plantas: estrutural e de reserva energética • Função no tecido animal (carboidratos de alto peso molecular) – reserva energética (tecido hepático e muscular) e estrutura de esqueleto dos artrópodes e crustáceos (quitina) Polissacarídeos (Mais de 10 moléculas) (Penha, 2017) • Monossacarídeos - classificados de acordo com o número de átomos de carbono que contêm: • Se o grupo funcional for um aldeído - aldose • Se o grupo funcional for uma cetona - cetose • Podem se ligar por ligações glicosídicas, formando estruturas maiores (dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos) • Ligações glicosídicas entre os monossacarídeos - denominadas pelo número dos C que estabelecem essa ligação e segundo a posição do grupo hidroxila no carbono anômero do monossacarídeo envolvido na ligação, podendo ser do tipo alfa e beta • Carbono anômero - se forma quando ocorre a cicilização dos monossacarídeos Carboidratos • Pouquíssimos (menos de 1%) dos monossacarídeos presentes na natureza encontram-se na forma de cadeia acíclica • Predominantemente na forma cíclica - grupo aldeído ou cetona reagiu com o grupo álcool da mesma molécula • Carbono anômero - molécula apresenta configurações alfa e beta • Enzimas - capazes de distinguir entre essas estruturas e de utilizar uma delas preferencialmente • Anômeros cíclicos alfa e beta de um monossacarídeo quando estão em equilíbrio numa solução podem ser espontaneamente interconvertidos, processo esse chamado de mutarrotação Carboidratos • Moléculas de carboidratos - hidroxilas livres para reagir • Monossacarídeos simples (e outras moléculas de carboidratos de baixo peso molecular) – grupos carbonilas disponíveis para reação • Aldoses - facilmente oxidáveis • Processo de oxidação do grupo aldeído de uma aldose ao sal do grupo carboxílico: • Agente oxidante é reduzido - o açúcar reduz o agente oxidante • Aldoses e cetoses (isomerizadas a aldoses) - açúcares redutores • Exemplos: glicose e frutose Carboidratos Propriedades dos carboidratos PODER EDULCORANTE • Sacarose - açúcar padrão de poder edulcorante 100 • Açúcar invertido e frutose têm poder edulcorante superior a sacarose • Glicose, lactose, galactose, maltose e xilose apresentam baixo poder edulcorante SOLUBILIDADE • Proporcional ao aumento da temperatura • Classificação - mesma para poder edulcorante • Frutose e açúcar invertido - mais solúveis • Lactose, galactose, maltose e glicose – menos solúveis • Sacarose - carboidrato padrão Propriedades dos carboidratos ÁÇÚCAR INVERTIDO • Aquecimento - na presença de ácidos ou de invertase, a sacarose pode sofrer o processo de inversão • Produzindo quantidades equivalentes de frutose e glicose CRISTALIZAÇÃO • Mudança do estado físico das substâncias e aformação de cristais • Textura, viscosidade e maciez às preparações • Cristalização da sacarose - soluções supersaturadas • Inversamente proporcional à solubilidade (quanto mais solúvel, menos cristais serão formados) PONTO DE FUSÃO • A 160 °C a sacarose se funde, formando um líquido claro • Temperatura aumenta - caramelização (temperaturas próximas de 170 °C) Reações importantes!! Reação de Maillard (escurecimento não enzimático) • "Sob determinadas condições, os açúcares redutores produzem pigmentos marrons que são desejáveis ou indesejáveis, mas importantes em alimentos." • Aquecimento ou armazenamento - reações químicas entre os açúcares redutores, principalmente glicose, e os grupamentos aminas de aminoácidos • Escurecimento não enzimático - diferente de um escurecimento catalisado por enzimas (DAMODARAN;PARKIN; FENNEMA, 2010). Reações importantes!! Reação de Maillard (escurecimento não enzimático) • Importante para produtos de panificação, durante a fritura e grelha de alimentos (aldoses ou cetoses são aquecidas com aminas) • Compostos de aroma e pigmentos que conferem sabores e coloração diferenciada (desejável ou indesejáveis) • Desejável - panificação (crosta do pão), biscoitos e carnes grelhadas, leite, chocolate, doce de leite • Café - substâncias de interesse pela reação de Maillard, que confere sabor amargo à bebida (DAMODARAN;PARKIN; FENNEMA, 2010). (PENHA, 2017) Reações importantes!! Caramelização • "O aquecimento de carboidratos, em particular, de açúcares redutores e de sacarose, na ausência de compostos nitrogenados, promove um complexo grupo de reações envolvidas na caramelização" • Caramelização - o carboidrato é aquecido isoladamente ou na presença de uma base, um ácido ou um sal, todos de grau alimentício (desidratação da molécula de açúcar com a formação de compostos de coloração marrom (melanoidinas)) • Caramelo produzido comercialmente - corante e aromatizante • Carboidrato mais utilizado - sacarose • Podem ser também utilizados: melados, xaropes de glicose, açúcar invertido e dextroses (DAMODARAN;PARKIN; FENNEMA, 2010). (PENHA, 2017) (PENHA, 2017) Fibras dietéticas • Componentes das fibras: • Materiais de parede celular de plantas – Celulose, pectina, hemicelulose e etc. • Bem como outros polissacarídeos não amiláceos e a lignina • Fibras são moléculas não digeríveis pelas enzimas digestivas • Podem ser metabolizadas pela microbiota intestinal • Produção de ácidos graxos e cadeia curta - AGCC (acetato, butirato, proprionato) que são absorvidos pelos colonócitos e utilizados como fonte de energia e renovação celular – produção de gases (Penha, 2017) Fibras dietéticas • Grupos – polissacarídeos não amido, oligossacarídeos, carboidratos análagos (amido e maltodextrina resistente), lignina, compostos associados à fibra alimentar (fenólicos, ptns de parede celular, oxalatos, fitatos, ceras) • São classificadas em: (Penha, 2017) Fibras dietéticas Fibras solúveis Fibras insolúveis • Facilmente fermentáveis no cólon • Fermentação - Impactos sobre a velocidade do trânsito intestinal, pH do cólon e produção de subprodutos de importância fisiológica • Absorvem água e formam géis viscosos • Não digeridas – mas facilmente fermentadas pela microbiota do intestino grosso • Ex. pectinas, gomas, betaglucanas, inulina e algumas hemiceluloses Fibras solúveis • Ação no aumento do volume do bolo fecal • Limitada fermentação no cólon • Não são solúveis em água – Não formam géis • Ex.: lignina, celulose, e algumas hemiceluloses Fibras insolúveis • Maioria dos alimentos contêm fibras – constituídas de um terço de fibra solúvel e dois terços de fibra insolúvel • Diferenças quanto a capacidade de retenção de água, viscosidade, fermentação, adsorção • Responsáveis por implicações metabólicas (efeitos sistêmicos), bem como no trato gastrointestinal (efeito local) • Fermentação – produção de gases e AGCC • ↓ do pH intracelular e colônico – meio mais ácido ocasiona uma inibição do crescimento de micro-organismos patogênicos e a formação de produtos de degradação tóxicos • Reduz a solubilidade dos ácidos biliares e facilita a absorção de Ca Importância das fibras • Recomendações atuais de ingestão – varia de acordo com gênero, idade, consumo energético • Ingestão de fibras diariamente – redução significativa dos níveis de glicose, pressão arterial, lipídeos séricos, redução de doenças crônicas não transmissíveis – DCNT(diabetes, doença cardiovascular, câncer) • Bernaud e Rodrigues (2013) – 30g/dia (variedade de alimentos fonte) Importância das fibras (Penha, 2017) (Penha, 2017) (Penha, 2017)
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