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MEDICINA DO ESPORTE
no futebol
Pesquisa e Práticas Contemporâneas
JOSÉ MARTINS JULIANO EUSTAQUIO
(Organizador)
editora
científica digital
MEDICINA DO ESPORTE
no futebol
Pesquisa e Práticas Contemporâneas
JOSÉ MARTINS JULIANO EUSTAQUIO
(Organizador)
2021 - GUARUJÁ - SP
1ª EDIÇÃO
editora
científica digital
Diagramação e arte
Equipe editorial
Imagens da capa
Adobe Stock - licensed by Editora Científica Digital - 2021
Revisão
Os autores
2021 by Editora Científica Digital 
Copyright© 2021 Editora Científica Digital 
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Acesso Livre - Open Access
EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA
Guarujá - São Paulo - Brasil
www.editoracientifica.org - contato@editoracientifica.org
Parecer e revisão por pares
Os textos que compõem esta obra foram submetidos para avaliação do Conselho Editorial da Editora Cien-
tífica Digital, bem como revisados por pares, sendo indicados para a publicação.
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores. É permitido o download e compartilhamento desta obra desde que no formato 
Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos autores, mas sem a possibilidade 
de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem Derivações 4.0 
Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
M489 Medicina do esporte no futebol [livro eletrônico] : pesquisa e práticas contemporâneas / Organizador José Martins Juliano 
Eustaquio. – Guarujá, SP: Científica Digital, 2021.
E-
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OK
AC
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SÃ
O P
RO
IBI
DA
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-89826-74-3
DOI 10.37885/978-65-89826-74-3
1. Medicina esportiva. 2. Futebol – Aspectos médicos. I.Eustaquio, José Martins Juliano.
 
CDD 617.1 2 0 2 1
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
editora
científica digital
editora
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CORPO EDITORIAL
Direção Editorial
R e i n a l d o C a r d o s o
J o ã o B a t i s t a Q u i n t e l a
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Marcel Ricardo Nogueira de Oliveira 
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Universidade de São Paulo, Brasil
Fabricia Zanelato Bertolde
Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil
Eliomar Viana Amorim
Universidade Estadual de Santa Cruz, Brasil
APRESENTAÇÃO
Esta obra const i tu iu -se a par t i r de um processo co laborat i vo ent re pro fessores , es tudantes e pesqu isadores 
q u e s e d e s t a c a ra m e q u a l i f i c a ra m a s d i s c u s s õ e s n e s t e e s p a ç o f o r m at i v o . Re s u l t a , t a m b é m , d e m o v i m e n t o s 
i n t e r i n s t i t u c i o n a i s e d e a ç õ e s d e i n c e n t i v o à p e s q u i s a q u e c o n g r e g a m p e s q u i s a d o r e s d a s m a i s d i v e r s a s 
á r e a s d o c o n h e c i m e n t o e d e d i f e r e n t e s I n s t i t u i ç õ e s d e E d u c a ç ã o S u p e r i o r p ú b l i c a s e p r i v a d a s d e 
a b r a n gê n c i a n a c i o n a l . Te m c o m o o b j e t i v o t r a z e r c o n h e c i m e n t o s c i e n t í f i c o s e p r á t i c o s q u e c o n e c t e m a s 
C i ê n c i a s d a S a ú d e e d o Es p o r t e c o m f o c o n o f u t e b o l , a t r a v é s d a d i s c u s s ã o d e t e m a s i m p o r t a n t e s , a l g u n s 
a i n d a p o u c o a b o rd a d o s n a l i t e ra t u ra c i e n t í f i c a , e ex p o s t o s n e s s e l i v ro d e f o r m a c l a ra e d i d á t i c a . A g ra d e ç o 
a o s a u t o r e s p e l o e m p e n h o , d i s p o n i b i l i d a d e e d e d i c a ç ã o p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o e c o n c l u s ã o d e s s a o b r a . 
Es p e r o t a m b é m q u e e s t a o b r a s i r v a d e i n s t r u m e n t o d i d á t i c o - p e d a gó g i c o p a r a e s t u d a n t e s e p r o f i s s i o n a i s 
que a tuem de fo rma d i re ta ou ind i re ta com a prát ica do fu tebo l , a lém de demais i n te ressados pe la temát ica . 
José Martins Juliano Eustaquio
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS NO FUTEBOL
José Martins Juliano Eustaquio
 ' 10.37885/210705501 ................................................................................................................................................................................... 13
CAPÍTULO 02
AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO ESPORTIVA NO FUTEBOL
André Gualberto Jafeth Alves; Carla Tavares Felipe Vieira; Celso Furtado de Azevedo Filho; José Martins Juliano Eustaquio
 ' 10.37885/210705500 ................................................................................................................................................................................. 29
CAPÍTULO 03
PRINCIPAIS LESÕES ORTOPÉDICAS NO FUTEBOL
Marcelo de Carvalho Amorim; José Martins Juliano Eustaquio
 ' 10.37885/210705502 ..................................................................................................................................................................................45
CAPÍTULO 04
ODONTOLOGIA DO ESPORTE NO FUTEBOL: REVISÃO DA LITERATURA
Cesar Penazzo Lepri; Carla Silva Carvalho; José Martins Juliano Eustaquio
 ' 10.37885/210705418.................................................................................................................................................................................. 63
CAPÍTULO 05
FUTEBOL DE CAMPO E VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA: REVISÃO DA LITERATURA
José Martins Juliano Eustaquio; Octávio Barbosa Neto
 ' 10.37885/210705519 ................................................................................................................................................................................... 74
CAPÍTULO 06
LOMBALGIA NO ATLETA DE FUTEBOL
Anderson Alves Dias; Paulo Sérgio Machado Rodrigues; Luis Fernando de Faria; José Martins Juliano Eustaquio
 ' 10.37885/210705520 ................................................................................................................................................................................. 85
SUMÁRIO
CAPÍTULO 07
FUTEBOL BASEADO EM EVIDÊNCIAS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA CIÊNCIA DO ESPORTE NO BRASIL
Cristiano Diniz da Silva; João Gustavo Claudino; Emerson Silami Garcia
 ' 10.37885/210705542 ................................................................................................................................................................................. 94
CAPÍTULO 08
ESTUDO PROSPECTIVO DAS LESÕES MUSCULARES EM TRÊS TEMPORADAS CONSECUTIVAS DO CAMPEONATO 
BRASILEIRO DE FUTEBOL
Gabriel Furlan Margato; Edilson Ferreira Andrade Júnior; Paulo Henrique Schmidt Lara; Jorge Roberto Pagura; Moisés Cohen; Gustavo 
Gonçalves Arliani
 ' 10.37885/210303435 ................................................................................................................................................................................ 118
CAPÍTULO 09
ESTRESSE, HUMOR E BURNOUT: UM ESTUDO SOBRE ATLETAS DO FUTEBOL FEMININO
Igor Malinosqui Rinaldi; Mayra Grava de Moraes; Carlos Eduardo Lopes Verardi
 ' 10.37885/210303876 ................................................................................................................................................................................ 131
CAPÍTULO 10
NÍVEIS DE CONHECIMENTO E DESIDRATAÇÃO EM JOGADORES JUNIORES DE FUTEBOL
Vanessa Machado Lustosa; Fátima Karina Costa de Araújo; Henrilla Mairla Santos de Morais; Fabiane Araújo Sampaio
 ' 10.37885/210504580 ................................................................................................................................................................................153
CAPÍTULO 11
PERCEPÇÕES DE FUTEBOLISTAS PROFISSIONAIS SOBRE FATORES DE RISCO DE LESÕES E ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO 
UTILIZADAS
Henrique Barbosa Ramos; Styllon Ferreira dos Santos; Danilo Reis Coimbra; Renato Siqueira de Souza; Flávio de Jesus Camilo; 
Cristiano Diniz da Silva
 ' 10.37885/210504677 ................................................................................................................................................................................ 169
CAPÍTULO 12
TOMADA DE DECISÃO NO FUTEBOL SETE: UMA ANÁLISE SOBRE O ÚLTIMO PASSE E A FINALIZAÇÃO
Guilherme Marinho Alves Duarte
 ' 10.37885/210504693 ............................................................................................................................................................................... 188
SUMÁRIO
CAPÍTULO 13
COMPOSIÇÃO CORPORAL DE GOLEIROS DAS CATEGORIAS DE BASE DA ELITE DO FUTEBOL MINEIRO
Elano Silva de Magalhães Berto; Flavia Costa Oliveira Magalhães
 ' 10.37885/210705525................................................................................................................................................................................202
CAPÍTULO 14
ANÁLISE QUANTITATIVA DAS AÇÕES DO GOLEIRO DE FUTEBOL
Elano Silva de Magalhães Berto; Flávia Costa Oliveira Magalhães
 ' 10.37885/210705550 ................................................................................................................................................................................213
CAPÍTULO 15
A ESTATURA COMO CRITÉRIO DE SELEÇÃO NA CAPTAÇÃO E FORMAÇÃO DO GOLEIRO DE FUTEBOL DE CAMPO
Elano Silva de Magalhães Berto; Flavia Costa Oliveira Magalhães
 ' 10.37885/210705552................................................................................................................................................................................225
SOBRE O ORGANIZADOR ....................................................................................................................................236
ÍNDICE REMISSIVO ............................................................................................................................................. 237
01
Noções Básicas de Primeiros Socorros 
no futebol
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
10.37885/210705501
https://dx.doi.org/10.37885/210705501
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
14
Palavras-chave: Primeiros Socorros, Futebol, Medicina Esportiva.
RESUMO
O futebol é uma das modalidades esportivas mais populares em todo o mundo. O grande 
número de praticantes, associado às características técnicas e táticas, o tornam sujei-
to a um grande número de lesões. Por isso, é necessário a capacitação contínua dos 
profissionais da saúde que atuam como socorristas em partidas de futebol. Além disso, 
por uma série de fatores, observa-se na atualidade um aumento do número de lesões 
potencialmente mais graves, com destaque para as concussões. Isso tem ocasionado 
preocupação não só dos profissionais da saúde, como também das Instituições que 
regulamentam a prática do esporte. No futebol profissional, há uma exigência mínima 
de recursos materiais e humanos que garantem maior segurança para os competido-
res, algo não observado no futebol amador. A divulgação de conhecimentos básicos 
de primeiros socorros é algo extremamente relevante e deve abranger todo o público 
envolvido na modalidade.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
14 15
INTRODUÇÃO
O futebol é uma modalidade esportiva com grande potencial para a ocorrência de le-
sões. Essas lesões podem ocorrer tanto por trauma direto, que envolve o contato físico entre 
dois corpos, quanto por trauma indireto, que ocorre sem esse contato. Além dessas, existem 
também lesões menos comuns, não relacionadas ao mecanismo traumático, causadas por 
sobrecarga musculoesquelética (ʻʻoveruseʼʼ).
De uma forma geral, no futebol, as lesões que mais comumente exigem a retirada 
do atleta de campo são as de trauma indireto, representadas principalmente pelas lesões 
musculares. Já as contusões, que são os traumas diretos entre dois atletas, ocorrem várias 
vezes durante um jogo e geralmente não ocasionam maiores preocupações.
Nesse sentido, é importante destacar dois extremos de atendimento no futebol. Quando 
um atleta supostamente apresenta uma lesão e em seguida realiza movimentos de uma 
forma chamativa, provavelmente o objetivo dele é manipular a situação. Já nas lesões em 
que um atleta permanece imóvel no ambiente esportivo, sem esboçar reação de dor e sem 
responder aos chamados dos companheiros, provavelmente é uma situação mais grave e 
que exige maior atenção e preocupação.
Para quem atua como socorrista em um evento de futebol, principalmente quando é 
de forma direta a um time, necessita observar alguns cuidados prévios ao jogo e que po-
dem ajudar na prevenção de lesões e outras intercorrências mais graves. Primeiramente, 
é necessário que os atletas retirem todos os adornos, como brincos, alianças, anéis e simi-
lares, antes que iniciem a prática da modalidade. Lesões relacionadas à presença desses 
adornos podem ser mais graves e, em último caso, poderão até comprometer a viabilidade 
do segmento corporal, como os dedos. Além disso, outra precaução muito importante é a 
proibição da utilização de balas ou chicletes concomitantemente à prática esportiva, pelo 
risco de comprometimento da via aérea.
Na abordagemao atleta para atendimento dentro do ambiente esportivo, é sempre im-
portante que o socorrista o aborde na posição ideal, que é com ambos os joelhos apoiados ao 
solo (preferencial) ou em posição agachada com um joelho apoiado ao chão (Figura 1). É proi-
bido que esse atendimento seja realizado na posição totalmente agachada, pois não fornece 
estabilidade ao socorrista e pode comprometer a segurança do atendimento.
O conhecimento das condutas de primeiros socorros é extremamente importante para 
qualquer pessoa que atua em uma partida de futebol, desde membros da comissão técnica 
e juízes aos jogadores. O potencial de se realizar um atendimento adequado é muito maior 
nos eventos profissionais, devido à presença obrigatória de equipe médica, de ambulância 
devidamente equipada e do desfibrilador externo automático (DEA). Em jogos amadores, 
geralmente não há profissional de saúde disponível para os atendimentos médicos. Muitas 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
16
vezes, na melhor das hipóteses, o massagista é o único profissional com algum conheci-
mento da área da saúde para realizar os cuidados iniciais a um atleta.
Esse capítulo foi escrito com base nas principais lesões e traumatismos que ocor-
rem no futebol, através de revisão da literatura e da experiência do autor, que apresenta 
aproximadamente doze anos de atuação direta como médico do futebol. O objetivo geral 
foi descrever, de forma resumida e através de fácil entendimento, as principais lesões e as 
condutas necessárias para atuação dos profissionais da saúde na fase aguda do trauma, 
dentro de um evento de futebol.
Figura 1. Posição ideal de atendimento a um atleta no ambiente esportivo.
Fonte: Arquivo próprio do autor.
DESENVOLVIMENTO
Materiais básicos de primeiros socorros
Conforme já comentado, em eventos profissionais, atualmente é obrigatório as presen-
ças de no mínimo uma ambulância devidamente equipada, do DEA e de dois profissionais 
médicos (um responsável pelo atendimento das equipes e um responsável pelo atendimento 
dentro da ambulância).
Porém, principalmente em campeonatos de divisões inferiores, algumas vezes os 
fiscais de uma partida não conferem de forma rígida o funcionamento desses itens obriga-
tórios. A simples presença do veículo configurado como ambulância, de um aparelho de 
DEA e da presença física do médico permitem que uma partida seja iniciada. Idealmente, 
seria necessário que os fiscais de uma partida confiram, antes de seu início, no mínimo a 
existência de equipamentos de primeiros socorros dentro da ambulância (através de checklist 
específico) e o funcionamento (ou a data de manutenção) dos aparelhos de DEA.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
16 17
Como itens básicos para o atendimento de primeiro socorros no evento esportivo, 
além do DEA, é necessário no mínimo as presenças de materiais de imobilização (prancha 
rígida, blocos rígidos de apoio da cabeça, tirantes laterais, colar cervical, talas flexíveis para 
membros, ataduras crepom), curativo (soro fisiológico 0,9%, gazes e compressas estéreis, 
atadura crepom, fitas adesivas, touca de natação), auxílio à ventilação (cânula de Guedel, 
máscara com ambu, dispositivos de barreira para ventilação), aferição de sinais vitais (es-
figmomanômetro, estetoscópio, oxímetro de pulso) e de crioterapia (nas formas de líquido, 
barras, cubos ou spray), além de medicamentos gerais tanto por via oral quanto injetáveis 
(principalmente analgésicos, antiinflamatórios, antieméticos, antidiarréicos, produtos hemos-
táticos tópicos, colírios hidratantes, dentre outros) de acordo com o permitido pela regulação 
do campeonato e materiais completos para sutura.
Principais motivos de atendimento no local do evento esportivo
1. Concussão
• Características principais
A concussão é uma síndrome clínica caracterizada por alterações da função cerebral 
e que tipicamente afeta a memória e a orientação, com envolvimento ou não da perda de 
consciência. Ocorre após trauma direto na região do crânio, em um movimento típico de 
aceleração e desaceleração da caixa craniana e que repercute com alterações fisiológicas 
para o sistema nervoso central. A incidência relativa é maior em mulheres, por razões ana-
tômicas, endocrinológicas e fisiológicas (VEDUNG et al., 2020).
É necessário destacar que a perda de consciência ocorre em menos de 10% dos casos 
e a sua presença em um período mais prolongado representa uma lesão traumática cerebral 
de maior intensidade (McCRORY et al., 2017). Porém, casos graves podem ocorrer mesmo 
na ausência de perda da consciência.
A ocorrência de um segundo episódio de concussão, às vezes até de menor intensi-
dade, em pouco tempo de intervalo do primeiro episódio (geralmente nas duas primeiras 
semanas), pode desencadear a Síndrome do Segundo Impacto, que apresenta potencial de 
causar repercussões cerebrais importantes e até o óbito do atleta (HARMON et al., 2013).
Outro quadro fisiopatológico relacionado à concussão é a Síndrome Pós Concussão, 
representada por sinais e sintomas persistentes por períodos curtos (dias ou semanas) ou 
até mais longos (meses ou anos). Desses, os mais comuns são cefaléia, tontura, amné-
sia e dificuldade de concentração. A longo prazo, casos isolados ou repetidos (mais co-
muns) de concussão poderão evoluir para um quadro de encefalopatia traumática crônica, 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
18
caracterizada por degenerações neuronais precoces e suas consequentes repercussões 
clínicas (HARMON et al., 2013).
• Tratamento
Na presença potencial de um caso de concussão o atendimento ao atleta deve ser feito 
de forma imediata, independente da autorização da arbitragem para a entrada do socorrista. 
Porém, devido ao crescente conhecimento sobre o tema e pelos protocolos adotados pela 
Federação Internacional de Futebol (FIFA, 2021), atualmente há um treinamento contínuo 
aos árbitros sobre as condutas a serem adotadas nas situações de concussão. Cabe des-
taque uma normativa experimental, recentemente divulgada pela Federação, que autoriza 
a realização de substituições extras nos casos de concussão (FIFA, 2021).
No momento do atendimento, a escala de coma de Glasgow é um parâmetro objetivo 
e de fácil aplicabilidade. De forma associada, deve-se avaliar o grau de confusão mental, 
com perguntas como ʻʻOnde você está?, Quanto está o jogo?, Qual seu nome?ʼʼ. Além disso, 
deve ser feito a pesquisa de sinais e sintomas como cefaléia, tontura, confusão mental, nis-
tagmo e/ou outras alterações visuais, além da avaliação de ferimentos na cabeça e na face 
e avaliação de dor na coluna cervical. Caso o atleta tenha dor nesse segmento da coluna, 
ou de acordo com a gravidade do trauma, é importante estabilizar esse segmento vertebral 
através do colar cervical (HUBERTUS et al., 2019).
Diferentes Federações Internacionais criaram ferramentas práticas para auxiliar o diag-
nóstico da concussão. O Concussion Recognition Tool (CRT) fornece informações para que 
o socorrista, médico ou não, realize uma abordagem prática e rápida no primeiro atendimento 
ao atleta vítima de concussão (ECHEMENDIA et al., 2017). Já o Sport Concussion Assesment 
Tool (SCAT) é uma ferramenta mais completa, utilizada pelo médico ou profissional da saú-
de habilitado em atendimentos de emergência, comumente empregado no vestiário e no 
acompanhamento clínico evolutivo do atleta após a concussão (ECHEMENDIA et al., 2017).
Na suspeita de concussão o atleta deve ser retirado de jogo, tanto devido aos prejuí-
zos à sua performance quanto ao risco à sua saúde, independentemente das condições 
técnicas ou táticas envolvidas na partida. Esse é um conceito importante e que deve ser 
amplamente divulgado para todos aqueles que atuam no esporte. Caso o atleta não aceite 
ser substituído, o que é comum de acontecer, a comissão técnica deve assumir a respon-
sabilidade e retirá-lo de jogo.
Após toda a propedêutica de diagnóstico eterapia, muitas vezes complementada na 
fase inicial a nível hospitalar, o atleta permanece afastado do esporte por tempo indeter-
minado. As avaliações clínicas seriadas são extremamente importantes como parâmetros 
objetivos para considerar a melhora gradativa.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
18 19
O retorno ao esporte é precedido por atividades realizadas em caráter progressivo, 
inicialmente de baixa intensidade e de baixo volume, que avaliam a resposta neurológica do 
atleta ao exercício físico. Quando houver respostas clínica e computadorizada satisfatórias 
em relação aos parâmetros motor e cognitivo, o atleta estará apto a retornar aos treinamentos 
habituais (HUBERTUS et al., 2019).
Devido ao aumento do número de casos de concussão, profissionais da saúde têm 
realizado avaliações neurocognitivas de forma profilática e rotineira nos clubes do futebol, até 
mesmo em atletas da base, como forma de se estabelecer parâmetros basais comparativos 
caso o atleta apresente no futuro uma concussão (WALTZMAN et al., 2019).
2. Ferimento de face
• Características principais
Os ferimentos em face são muito comuns no futebol, principalmente aqueles que en-
volvem a região do supercílio, causados por traumatismos diretos. Outro local anatômico 
comum de acometimento é a região nasal, que evolui com epistaxes de diferentes gravidades. 
Nesses casos, é essencial a exclusão de quadros associados de concussão, pois nessas 
situações é obrigatório proceder à retirada do atleta de jogo (KRUTSCH et al., 2018).
• Tratamento
Os ferimentos de face geralmente evoluem com sangramentos ativos e, nesses casos, 
é necessário que ocorra a interrupção do sangramento externo para que o atleta retorne ao 
jogo. Além disso, é importante realizar a palpação das superfícies ósseas, na pesquisa de 
dor importante ou crepitações, o que sugerem a presença de alguma fratura.
De forma mais imediata, no ambiente esportivo, recomenda-se a compressão do local 
com gazes e a colocação de um suporte externo, como uma touca de natação ou ataduras 
crepom para os ferimentos externos e uma gaze enrolada sobre o seu eixo nas epistaxes (ou 
rinorragias). Devido ao grau de sudorese do atleta, fica difícil a estabilização dos ferimentos 
apenas com gazes e fitas adesivas. A interrupção do sangramento externo, independente 
do ferimento, permite que o atleta retorne ao jogo.
Assim que houver oportunidade, como no intervalo ou ao final da partida, realiza- se 
o tratamento definitivo dos ferimentos, após lavagem do local com soro fisiológico 0,9%. 
Aqueles maiores que 1 cm e/ou com sangramento ativo (sem melhora com compressão direta 
com gazes) são tratados com a realização de sutura e curativo com gazes e fita adesiva e, 
naqueles menores que 1 cm, realiza-se apenas o posicionamento de gazes e fita adesiva, 
ambos seguidos por curativos diários.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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Para as epistaxes ou rinorragias, recomenda-se a colocação de um dedo de luva com 
várias microperfurações preenchido internamente com uma gaze enrolada sobre o seu 
eixo. Essa medida servirá para o tamponamento mecânico do sangramento. Caso existam 
ampolas de adrenalina no local recomenda-se o seu uso, diluído em soro fisiológico 0,9%, 
como medida química para diminuir o sangramento.
3. Traumatismo musculoesquelético fechado
• Características principais
Essas são as lesões mais comuns do futebol (LÓPEZ-VALENCIANO et al., 2020). Nessa 
categoria incluem desde traumas mais simples e rotineiros, como as lesões musculares, até 
traumas de maior gravidade, como as luxações ou fraturas.
As lesões musculares apresentam-se clinicamente com dor localizada em um segmento 
corporal, principalmente coxa e perna. No futebol é típico a imagem do atleta que, durante a 
fase de contração excêntrica na corrida, palpa a face posterior da coxa, em referência a uma 
lesão de isquiotibiais. Atualmente, termos consagrados representativos de lesão muscular, 
como distensão e estiramento, estão em desuso, e no lugar deles recomenda-se o emprego 
do termo ruptura muscular (parcial ou total) (MUELLER- WOHLFAHRT et al., 2013).
As entorses, caracterizadas por movimentos rotacionais, geralmente estão associa-
das a lesões articulares, principalmente ligamentares. Além disso, esse mecanismo de 
trauma, quando acomete segmentos não articulares, pode desencadear fraturas com mor-
fologia em espiral.
As fraturas assumem diferentes quadros clínicos, de acordo com a gravidade da lesão. 
Fraturas incompletas podem até passar desapercebidas pelo atleta no momento do jogo, ao 
contrário das fraturas completas que, independentemente da região anatômica acometida, 
vão ocasionar dor importante, edema e deformidade local.
Já uma das lesões mais graves desse grupo são as luxações, caracterizadas pela perda 
da congruência articular. Clinicamente, o atleta apresenta-se com dor de forte intensidade, 
deformidade articular e ausência da amplitude de movimento da articulação. As luxações 
necessitam de tratamento o mais precoce possível.
• Tratamento
Para o tratamento dessas lesões, de forma mais imediata, emprega-se o conceito 
do protocolo POLICE, representado por carga otimizada e repouso relativo, crioterapia, 
compressão e elevação do membro (BLEAKLEY et al., 2012). Outros protocolos foram 
criados principalmente para nortear as etapas iniciais de reabilitação dos atletas, porém o 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
20 21
protocolo POLICE continua como referencial de escolha para o emprego na fase aguda do 
trauma esportivo.
Essas medidas físicas e mecânicas são realizadas no intuito de se diminuir o processo 
inflamatório e, consequentemente, a dor do atleta. Assim, de uma forma geral, para todas as 
lesões musculoesqueléticas fechadas indicam-se as realizações de repouso relativo (com 
imobilização provisória nos traumas mais graves), proteção do local (como por exemplo 
evitar carga, nas lesões dos membros inferiores) e a aplicação de crioterapia de forma pre-
coce. A crioterapia é feita de forma compressiva e, idealmente, durante 20 minutos seguidos, 
em frequência de hora em hora.
As lesões musculares de membros inferiores demandam, preferencialmente, retirada 
imediata do atleta de jogo pois, ao contrário, haverá um aumento da gravidade da lesão. Já as 
lesões musculares de membros superiores, devido à menor demanda desses segmentos, 
permitem que os atletas continuem em jogo, exceto geralmente no caso dos goleiros. Porém, 
em situações extremas, de acordo com a necessidade da presença do atleta em jogo e com 
adaptações específicas (como evitar corridas nos casos de lesões musculares dos mem-
bros inferiores, por exemplo), pode-se considerar que o atleta continue na partida. Nesse 
tipo de lesão, não é necessário a realização de imobilizações externas e recomenda-se a 
aplicação de bolsas de gelo (preferencialmente através de compressão) de forma precoce, 
para diminuição do processo inflamatório agudo adjacente à lesão.
Nas lesões articulares, que geralmente são causadas por entorse e associadas a le-
sões ligamentares, é importante que o socorrista avalie os graus de instabilidade e derrame 
articular (ou edema para as lesões extra-capsulares). De uma forma geral, a instabilidade 
representa a presença de lesões ligamentares ou fraturas e o derrame articular reflete a 
presença de uma ou mais lesões intra-articulares (ósseas, cartilaginosas, meniscais, capsu-
lares, dentre outras). Nos casos mais leves a continuação do atleta em jogo, apesar de não 
ser ideal, é possível, exceto nos casos de dor articular intensa, derrame articular no mínimo 
moderado e/ou instabilidade funcional.
Nos casos de sinais clínicos de fraturas, como dor localizada, deformidade, edema e 
crepitação, é necessário que o atleta seja substituído. Nas fraturas mais graves, em que 
o segmento lesionado encontra-se instável, é necessário que o local seja imobilizado no 
ambiente de jogo,no mínimo através de férula metálica para dedos da mão, tipóia para os 
membros superiores e tala flexível para os membros inferiores.
As luxações são lesões graves pelo potencial de degeneração articular e, por isso, 
exigem redução imediata, realizada por socorrista habilitado. Após a realização da redução 
é necessário realizar a imobilização da articulação. No futebol, cabem destaque as luxa-
ções do dedo da mão nos goleiros e do ombro nos atletas de outras posições. A redução 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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da luxação do dedo pode ser resolvida no ambiente esportivo, geralmente através de apoio 
em ponto proximal da mão e tração em posição distal do dedo. Já a redução da luxação de 
ombro exige, na grande maioria das vezes, um ambiente mais reservado, como o vestiário. 
Nos casos em que ocorra a redução incruenta com sucesso (pela avaliação clínica), o atleta 
poderá até retornar a campo, em situações extremas, desde que não ocorra estresse sobre 
o segmento lesionado. Porém, vale destacar que essa conduta de retorno ao jogo não é a 
ideal, visto que um exame radiográfico deve ser sempre realizado tanto antes quanto após 
uma redução de luxação, seguido por repouso relativo do membro durante algumas semanas.
De uma forma geral, para todo trauma dos membros superiores e cintura escapular, 
a realização de uma tipóia simples, com no mínimo uma atadura crepom, é suficiente para 
estabilizar provisoriamente o segmento (Figura 2). Nos traumas de membros inferiores de 
menor gravidade, orienta-se que o atleta evite carga no membro. Já nos traumas de maior 
gravidade é necessário imobilização do membro inferior através de talas flexíveis, que são 
estabilizadas com atadura crepom.
Figura 2. Tipóia simples para imobilização de traumas nos membros superiores.
Fonte: Arquivo próprio do autor.
4. Traumatismo musculoesquelético aberto
• Características principais
Esse tipo de trauma envolve, na grande maioria das vezes, ferimentos superficiais em 
membros ocasionados por traumas diretos com o corpo do oponente, com objetos do opo-
nente (como as chuteiras) ou até objetos estranhos (como vidros, arames, dentre outros) pre-
sentes no ambiente esportivo. Porém, podem estar relacionados a traumas de maior energia, 
caracterizados por exposição de tecidos nobres, como tendões, ligamentos, nervos e ossos.
Devido a ferimentos dessa natureza, o socorrista, ao atender um atleta em campo, 
deve estar paramentado com luva de procedimento preferencialmente de cor clara, para 
que possa realizar a palpação do segmento lesionado e verificar a presença de algum tipo 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
22 23
de sangramento. Essa medida é extremamente importante para o diagnóstico de ferimentos 
em locais do corpo de maior dificuldade de visualização direta.
• Tratamento
No ambiente esportivo, a presença de qualquer ferimento em membro demanda a ne-
cessidade de se realizar um curativo compressivo, com gazes e atadura crepom. Antes da 
realização do curativo, é importante realizar a lavagem do ferimento com soro fisiológico 0,9%.
Os ferimentos que ocorrem nos membros superiores são mais satisfatórios para o re-
torno do atleta ao jogo. Quanto aos ferimentos dos membros inferiores, aqueles presentes 
na perna são de mais fácil estabilização, devido à presença da vestimenta sobre o curati-
vo. De toda forma, caso o ferimento esteja todo coberto, sem a presença de sangramento 
externo, permite-se o retorno do atleta ao jogo.
No momento oportuno, geralmente no intervalo ou ao final da partida, os ferimentos 
com tamanho aproximado maior que 1 cm são suturados e cobertos por curativo estéril (com 
gazes e fita adesiva ou gazes e atadura crepom).
Nos casos de ferimentos maiores e naqueles em que há exposição de estruturas nobres, 
é necessário a realização de curativo compressivo, conforme mencionado anteriormente, 
e a substituição do atleta. Caso esteja associado a fratura, o membro deverá ser também 
imobilizado e, por ser uma fratura exposta, o atleta deverá ser encaminhado imediatamente 
a uma unidade hospitalar.
5. Síncope (mal súbito)
• Características principais
Síncope é a ocorrência da perda de consciência e pode representar uma série de in-
tercorrências clínicas. Diante dessa condição, é necessário realizar a estabilização clínica 
do atleta e, em um segundo momento, investigar o seu motivo.
No futebol, cabe destaque a realização do exercício em condições ambientais insa-
tisfatórias, até mesmo no Campeonato Brasileiro da primeira divisão, em que jogos são 
realizados às 11 horas. De forma preventiva, em jogos realizados em ambiente quente e 
seco, é necessário cuidados com a potencial desidratação e, em ambiente quente e úmido, 
o cuidado maior é com o risco de hipertermia. Essa última situação pode desencadear o 
surgimento de alterações patológicas relacionadas ao aumento da temperatura corporal, 
como fadiga muscular e síncope, e evoluir para condições clínicas mais graves, como a 
hipertermia de esforço.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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Porém, de uma forma geral, na presença de uma síncope é sempre necessário descartar 
uma situação mais grave, que é a parada cardiorrespiratória (PCR). Para essa circunstância, 
exige-se a presença de profissionais habilitados na realização do atendimento.
• Tratamento
No caso em que um jogador apresente uma queda ao solo de forma súbita, sem motivo 
traumático aparente e sem reação de proteção na queda, o socorrista deve imediatamente 
dirigir-se ao atendimento, independente da autorização pela equipe de arbitragem.
Nas situações em que as características do evento e da prática esportiva sejam su-
gestivas de síncope por hipertermia, após avaliação inicial dos sinais vitais, é necessário a 
retirada imediata do atleta da partida e o posicionamento em ambiente ventilado, além de 
proceder ao resfriamento imediato (DOUMA et al., 2020), através de imersão em água fria 
(em torno de 17°C), de preferência sobre fluxo contínuo, e otimização da hidratação, por via 
oral ou endovenosa (LUHRING et al., 2016).
O protocolo de atendimento é realizado com base nas diretrizes de 2020 da American 
Heart Association para ressuscitação cardiopulmonar (MERCHANT et al., 2020). Logo no 
momento do atendimento, o socorrista deve confirmar que o ambiente em que ele se encon-
tra é seguro. Após essa confirmação, ele deve posicionar-se ao lado do atleta, em posição 
ajoelhada, e provocar estímulo através de contatos tátil e verbal. Se o atleta apresentar 
qualquer tipo de resposta, exclui-se uma situação de PCR, porém é necessário que ele seja 
substituído e o motivo da síncope seja investigado. Caso o atleta não responda ou esteja em 
respiração agônica (gasping), é necessário que o socorrista direcione alguém para chamar 
a ambulância e pedir o desfibrilador (DEA).
Feito isso, o socorrista deverá palpar o pulso carotídeo do atleta durante o período 
máximo de 10 segundos. Se o pulso estiver palpável, é necessário avaliar a via aérea do 
paciente, na pesquisa de algum corpo estranho. Além disso, é necessário proceder à es-
tabilização da via aérea através da anteriorização da mandíbula ou elevação do mento, à 
proteção da coluna cervical e à avaliação dos sinais vitais, como pressão arterial, saturação 
periférica de oxigênio, frequência cardíaca, frequência respiratória e resposta neurológica 
(escala de coma de Glasgow).
Caso não tenha pulso palpável (ou tenha dúvida sobre a presença de pulso palpável), 
inicia-se a ressuscitação cardiopulmonar (RCP), baseada na realização de 30 compressões 
torácicas e 02 ventilações, na frequência de 100 a 120 compressões por minuto.
Assim que chegar o DEA, o aparelho deve ser posicionado sobre o tórax do atleta e 
apenas no momento da checagem do pulso é que as compressões torácicas devem ser in-
terrompidas. Uma vez feito a checagem do ritmo e observado a necessidade de desfibrilação, 
Medicina do Esporte no Futebol:pesquisa e práticas contemporâneas
24 25
é importante que todos ao redor do atleta se afastem e, após a desfibrilação, retomam-se 
as compressões torácicas nos mesmos ritmo e frequência.
Se a segurança do local de atendimento e os recursos humanos e materiais forem 
suficientes, todo o atendimento inicial deve ser feito no ambiente esportivo ou na ambu-
lância presente no local. Para isso, além da realização da RCP, é necessário que a equipe 
de socorrista puncione um acesso venoso periférico e inicie a administração das drogas 
preconizadas nos casos de PCR. O atleta deverá ser encaminhado à unidade hospitalar, 
devidamente posicionado em prancha rígida, no momento em que apresentar estabilização 
clínica mínima para o transporte.
O atendimento a um caso de PCR em evento esportivo, de uma forma geral, envolve 
uma série de equívocos e expõe a fragilidade estrutural e humana existente, até mesmo em 
campeonatos profissionais. Os programas de educação continuada e a profissionalização 
cada vez maior da Medicina Esportiva no futebol ajuda a minimizar os erros existentes no 
atendimento ao atleta. Além disso, em jogos profissionais, a obrigatoriedade das presenças 
mínimas de equipe médica, de uma ambulância e do DEA encurta bastante o tempo de 
socorro definitivo.
6. Traumatismo sistêmico/Politraumatismo
• Características principais
Essa classe envolve os casos de traumas no tórax, abdome, pelve, colunas e crânio, 
representadas por acidentes de maior energia. A associação de traumatismos em dois ou 
mais sistemas orgânicos é conhecida como politraumatismo. Para esses casos, é neces-
sário maior preocupação do socorrista quanto ao potencial da existência de lesões graves. 
Essas lesões são causadas por traumas diretos, comumente em jogadas divididas com o 
atleta oponente.
• Tratamento
No momento do atendimento é necessário avaliar a segurança do ambiente (para o 
socorrista e para o atleta) e executar o passo a passo de atendimento ao politraumatizado 
(ABCDE do trauma), baseado nas técnicas sequenciais de avaliação da abertura das vias 
aéreas com proteção da coluna cervical, da ventilação, da circulação, do estado neurológico 
e da exposição corporal com controle da temperatura.
A avaliação da abertura das vias aéreas é realizada através da responsividade do atle-
ta e, nos casos sem resposta, pela elevação do mento ou anteriorização das mandíbulas, 
sempre com a necessidade de proteção da coluna cervical. Nos casos em que o atleta se 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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encontre inconsciente, é necessário a colocação da cânula de Guedel para evitar a pos-
teriorização da língua. A ventilação, quando indicada, é realizada através de dispositivos 
externos, como boca barreira ou bolsa válvula máscara (ambu).
A circulação é avaliada pela presença de sangramentos visíveis ou potenciais e, no 
atleta inconsciente, pela palpação de pulso central. Para avaliação da resposta neurológi-
ca utiliza-se a escala de coma de Glasgow, baseada nas respostas ocular, verbal e mo-
tora. Em locais com baixas temperaturas, é necessário realizar a proteção do atleta com 
mantas térmicas.
Na suspeita de qualquer lesão dessa natureza, devido ao potencial de gravidade das 
lesões, o atleta deverá ser retirado de jogo em prancha rígida, com os posicionamentos do 
colar cervical, dos blocos semirrígidos laterais à cabeça e dos tirantes estabilizadores, além 
de imobilização de eventuais traumas associados de membros.
A avaliação dos sinais vitais, como nível de consciência (escala de coma de Glasgow), 
frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação periférica de oxigênio, pressão arte-
rial, além das avaliações específicos do local traumatizado, devem ser realizadas de forma 
inicial ainda no local do evento esportivo, durante a avaliação primária, e repetidos de forma 
seriada até a chegada à unidade hospitalar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As lesões no futebol apresentam incidências cada vez maiores, reflexo da competitivida-
de crescente e do alto volume de partidas, principalmente entre os profissionais. Além disso, 
observa-se um aumento de lesões potencialmente mais graves, como as concussões. Por 
isso, a comunidade científica tem dedicado atenção no estudo de protocolos de prevenção 
de lesões nessa população, cujos benefícios serão expressados tanto na saúde dos atletas 
quanto na redução dos custos financeiros gastos nessas situações.
Como no futebol não há uma homogeneidade em relação aos recursos materiais e 
humanos entre as classes amadora e profissional, a divulgação de conhecimentos básicos 
sobre primeiros socorros é extremamente relevante para a saúde dos atletas. Além disso, 
mesmo em campeonatos de divisões superiores, nos quais esses recursos são mais abun-
dantes, observam-se erros comuns durante o atendimento aos atletas, muitas vezes pela 
falta de adoção de protocolos e pelo despreparo dos profissionais socorristas.
A atenção à saúde dos atletas, através de capacitações dos profissionais e de melho-
ria dos recursos disponíveis nas partidas de futebol, é reflexo de mudanças políticas das 
Instituições que regulamentam o esporte. Essa necessidade tem sido bastante discutida na 
atualidade e com certeza irá gerar benefícios importantes para todos que atuam nesse esporte.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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02
Avaliação pré-participação esportiva 
no futebol
André Gualberto Jafeth Alves
Clube Atlético Mineiro - Belo Horizonte/MG
Carla Tavares Felipe Vieira
Minas Tênis Clube - Belo Horizonte/MG
Celso Furtado de Azevedo Filho
América Futebol Clube - Belo Horizonte/MG
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
10.37885/210705500
https://dx.doi.org/10.37885/210705500
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
30
Palavras-chave: Futebol, Exame Médico, Medicina Esportiva.
RESUMO
A necessidade da avaliação pré-participação esportiva reflete o lado dicotômico do es-
porte, que atua tanto na prevenção e no tratamento de patologias quanto pode estar 
relacionado ao surgimento e à piora de patologias sistêmicas. Essa avaliação fornece aos 
profissionais da saúde parâmetros objetivos de elegibilidade e da capacidade funcional 
para a prática do exercício físico. No futebol profissional percebe-se a obrigatoriedade 
em se realizar essa avaliação de forma rotineira. Porém, no futebol amador ainda não 
há essa exigência. O emprego da avaliação pré-participação no futebol em geral, pelo 
menos em sua forma mais básica, através de anamnese e de exame físico efetivo, é 
uma necessidade prioritária devido ao grande número de adeptos do esporte e à grande 
quantidade de patologias subclínicas que podem culminar no surgimento de intercorrên-
cias graves aos praticantes do esporte.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
30 31
INTRODUÇÃO
O exercício físico é um importante recurso não medicamentoso na prevenção de dife-
rentes condições patológicas, como hipertensão arterial sistêmica, doença arterial corona-
riana, diabetes, obesidade, neoplasias, transtornos psiquiátricos, dentre outras. Atualmente, 
muito relacionado às limitações de convívio social que a Pandemia pelo COVID-19 propor-
cionou, tem-se observado um aumento exponencial no número de praticantes (JIMÉNEZ-
PAVON et al., 2020).
Normalmente, o exercício físico não provoca eventos cardiovasculares em indivíduos 
saudáveis, porém os indivíduos que o realizam em intensidade vigorosa e que tenham alguma 
patologia cardiovascular apresentam aumento do risco de evento súbito, que é a principal 
causa de morte não traumática no esporte (EMERY et al., 2018).
Os casos de parada cardiorrespiratória (PCR) no futebol são raros, porém causam uma 
grande comoção, pois considera-se que os jogadores geralmente são indivíduos sadios e que 
exercem uma profissão atribuída ao cuidado à saúde. O caso ocorrido com o atleta Serginho, 
do São Caetano, em 2004, motivou uma série de mudanças protocolares de atendimento 
em eventos esportivos. Em 2021, novo caso gerou grande repercussão, mas dessa vez 
devido ao sucesso do atendimento precoce. Nesse caso, o jogador dinamarquês Christian 
Eriksen apresentou uma PCR durante partida da Eurocopa e foi socorrido prontamente e 
com sucesso, dentro do evento esportivo.
A incidência de morte súbita pode variar de 0,5 a 2,3 por 100 000 atletas por ano. 
Dentre as principais causas em atletas abaixo de 35 anos destacam-se a miocardiopatia 
hipertrófica, a displasia arritmogênica do ventrículo direito, a origem anômala das artérias 
coronárias, a miocardite, a doença valvar, as síndromes de pré excitação e as doenças do 
sistema de condução. Em atletas acima de 35 anos a principal causa é a doença arterial 
coronariana (CORRADO et al., 2006).
Para reduzir os riscos de morte súbita relacionada à atividade física, a Sociedade 
Americana de Cardiologia, a Sociedade Européia de Cardiologia e, também, a Sociedade 
Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, estabeleceram diretrizes para elaboração 
de critérios de elegibilidade e desqualificação para atletas competitivos. O Centro Médico e 
de Pesquisa da FIFA (F-MARC) também desenvolveu uma avaliação médica pré-participação 
(APP) para jogadores de futebol de elite, com testes de reprodutibilidade realizado nos jogado-
res que participaram da Copa do Mundo FIFA em 2006, na Alemanha, e em jogadores de fute-
bol juvenil masculino e feminino no nível de elite internacional (THÜNENKÖTTER et al., 2009).
Além disso, a realização da APP é o momento adequado para entender qual o sta-
tus de saúde e performance do esportista e, a partir daí, planejar uma temporada ou uma 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
32
periodização de treinamento visando otimizar o rendimento e minimizar afastamentos por 
lesões ou doenças.
O objetivo geral desse capítulo foi abordar os principais aspectos relacionados à APP 
no futebol, de acordo com dados da literatura, e realizar uma abordagem do que é realizado 
na prática nas categorias profissional e amadora de futebol.
DESENVOLVIMENTO
A avaliação clínica pré-participação para atividades esportivas deve ser entendida 
como uma avaliação médica sistemática, realizada previamente ao treinamento, e periódica, 
pois patologias subclínicas podem se manifestar durante algum momento da prática espor-
tiva. Os objetivos principais desta avaliação é a prevenção do desenvolvimento de doenças 
do aparelho cardiovascular e da morte súbita, por meio da proibição temporária ou definitiva 
da realização de atividades físicas em determinadas patologias, e o tratamento precoce de 
condições que possam ser potencialmente fatais e desencadeadas pelo exercício físico 
(MARON et al., 2005).
Existem algumas divergências na literatura sobre quais são os métodos mais sensíveis, 
específicos e economicamente viáveis para a APP. Nos anos de 2004 e 2005, a Sociedade 
Europeia de Cardiologia (ESC) (9) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) (BILLE et al., 
2006) publicaram recomendações muito semelhantes, contrastando com as diretrizes ame-
ricanas, particularmente em relação à inclusão do eletrocardiograma de repouso de 12 
derivações (ECG) na triagem primária. A inclusão de ECG é baseado principalmente em 
estudos italianos (CORRADO et al., 2006), que evidenciaram uma diminuição significativa 
do risco de morte súbita relacionada ao exercício físico.
Idealmente, a APP deve abranger, no mínimo, as avaliações físicas geral, cardiovas-
cular e ortopédica. Caso sejam encontradas alterações, torna-se necessário a realização 
de avaliações e exames complementares.
Avaliação pré-participação esportiva básica
1. Avaliação físicageral
Todo jogador, antes do início da prática do futebol, em qualquer nível de intensidade, 
deve se submeter a exame médico que permita a detecção de alterações que possam com-
prometer a sua saúde. Nessa avaliação serão pesquisados fatores de risco para doenças 
e lesões, com foco na investigação de sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovas-
culares, pulmonares e metabólicas e de alterações do aparelho musculoesquelético. Essa 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
32 33
avaliação pode ser feita de forma efetiva através de um exame físico geral, realizado na 
primeira avaliação do jogador.
A avaliação deve ser iniciada com os dados pessoais e epidemiológicos do atleta, 
como data de nascimento, nacionalidade e regiões de origem e procedência. Esse dado 
é importante, por exemplo, para atletas com origem na Região do Vêneto, na Itália, onde 
há maior incidência de displasia arritmogênica do ventrículo direito, e também de algumas 
Regiões do Brasil, devido à maior incidência da Doença de Chagas. O histórico pessoal 
deve ser completado através do histórico de doenças, histórico de vacinação, uso regular de 
medicamentos, histórico de alergias, etilismo e tabagismo, uso de drogas lícitas ou ilícitas, 
suplementação ou consumo de demais substâncias que possam configurar como doping, 
além da história familiar de doenças e morte súbita (GHORAYEB et al., 2019).
A característica técnica do atleta no futebol, como posição, membro dominante e outras 
variações relacionadas ao jogo, devem ser argumentadas e registradas, com objetivo de se 
criar um banco de dados para a elaboração de protocolos de prevenção futura de lesões 
musculoesqueléticas.
É importante questionar a presença de qualquer sinal ou sintoma relacionado ao esfor-
ço físico, mesmo que antigo, pois essa queixa pode conduzir a alterações patológicas mais 
específicas. Uma anamnese adequada pode identificar ou, pelo menos, levar à suspeita de 
até 75% dos problemas de saúde relacionados aos atletas (MARON et al., 2015).
Além das avaliações cardiológica e ortopédica, que serão tratadas de forma individua-
lizada, o exame físico inicial deve incluir dados de altura, peso e índice de massa corporal, 
palpações da tireóide e de gânglios linfáticos, além de exame físico completo dos sistemas 
pulmonar, cardiovascular e abdominal.
Seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do 
Esporte, exames laboratoriais básicos devem ser incluídos na avaliação de rotina, com des-
taque para hemograma completo, glicemia de jejum, uréia e creatinina, lipidograma completo, 
ácido úrico, hepatograma (TGO, TGP, gama-GT, bilirrubinas, TAP/INR), perfil do ferro sérico, 
exame de urina, exame parasitológico de fezes e diferentes sorologias (GHORAYEB et al., 
2019). Bom exemplo da importância da realização dos exames laboratoriais relaciona-se a 
baixas reservas de ferro que pode estar relacionada a importante redução do desempenho, 
especialmente nas atletas do sexo feminino.
Quanto aos exames de imagem, a radiografia de tórax nas incidências anteroposterior 
e perfil esquerdo também deve ser solicitada, por se tratar de exame de baixo custo e com 
capacidade de fornecer informações sobre doenças cardiovasculares, pulmonares e torácica 
(GHORAYEB et al., 2019).
2. Avaliação cardiovascular
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
34
Atenção especial deve ser dada ao sistema cardiovascular, uma vez que configura a 
principal causa de morte não traumática no esporte (MARON et al., 2005). A avaliação car-
diológica no futebol deve ser realizada por um médico experiente e qualificado para identificar 
eventuais sinais clínicos ou sintomas cardiovasculares críticos no esporte.
As recomendações sugerem que, na anamnese, o atleta seja questionado sobre a 
presença de dor ou desconforto no tórax induzido por esforço, síncope, pré-síncope, palpi-
tações, dispnéia ou fadiga desproporcional ao grau de esforço. É importante ressaltar que a 
síncope inexplicada no atleta deve ser encarada como um episódio de morte súbita abortada 
espontaneamente, com necessidade de investigação rigorosa e rápida.
Grande parte dos atletas considerados de risco não apresentam sintomas prévios 
e a APP é a única estratégia com potencial de identificar algum distúrbio cardiovascular 
(ABBATEMARCO et al., 2016). Isso explica o motivo pelo qual um protocolo de triagem 
não rigoroso, baseado apenas na queixa clínica e no exame físico geral, principalmente se 
realizado por médico não especialista em Medicina Esportiva, é limitado para identificação 
de atletas em risco de morte súbita.
A investigação da história pessoal e familiar é muito importante, pois a grande maioria 
das mortes súbitas em jovens atletas é causada por malformações cardíacas congênitas ou 
adquiridas, como a cardiomiopatia hipertrófica (CMH), responsável por aproximadamente 
um terço dos casos, seguido por origem anômala da artéria coronária, cardiomiopatia ar-
ritmogênica do ventrículo direito (ARVC), miocardites, anomalias do sistema de condução, 
síndrome do QT longo e QT curto, síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), dentre ou-
tros (CORRADO et al., 2006). A incidência de commotio cordis, que acontece em corações 
estruturalmente normais, apesar de rara, também é de risco no futebol (MENEZES et al., 
2017). Acima de 35 anos de idade, a principal causa de morte súbita em atletas é a doença 
arterial coronariana (CORRADO et al., 2006).
No exame físico cardiovascular merecem atenção a presença de mucosas descoradas 
(anemia), focos infecciosos clínicos e subclínicos (dentários, por exemplo), doenças sistêmi-
cas ou infecciosas graves, asma brônquica, obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial 
sistêmica, doenças renais, alterações da ausculta pulmonar e cardiovascular e situações 
especiais como a gravidez (MARON et al., 2007).
Além disso, deve-se ter atenção especial na procura de alguns sinais característicos 
e relacionados a doenças cardiovasculares, como presença de sopro cardíaco, terceira ou 
quarta bulhas cardíacas, estalidos valvares, alterações na palpação dos pulsos de mem-
bros superiores e inferiores, características físicas de Síndrome de Marfan e assimetrias de 
pressão arterial sistêmica nos membros superiores (GHORAYEB et al., 2019).
 – Eletrocardiograma (ECG)
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
34 35
Um dos principais aspectos relacionados à aplicação da APP em nível abrangente é 
a relação custo efetividade. A Sociedade Americana de Cardiologia defende apenas a rea-
lização de uma APP básica, através de questionário e exame físico (MARON et al., 2015), 
enquanto que a Sociedade Européia de Cardiologia, a Sociedade Brasileira de Medicina do 
Exercício e do Esporte, além de associações esportivas como, por exemplo, a Federação 
Internacional de Futebol – FIFA e a National Basketball Association – NBA, reforçam o em-
prego rotineiro do eletrocardiograma, com o objetivo de se diminuir a incidência de morte 
súbita em atletas (GHORAYEB et al., 2019).
A longa experiência italiana forneceu evidências de que o emprego do ECG de 12 
derivações, associado à história e ao exame físico, é eficaz na identificação de doenças 
cardiovasculares potencialmente letais em atletas (CORRADO et al., 2007).
O ECG convencional de 12 derivações deve ser realizado com o indivíduo em decú-
bito dorsal, com repouso prévio de no mínimo 5 minutos, obtido no mínimo 24 horas após 
a última atividade esportiva e registrado em velocidade de 25 mm/s. Cabe destacar que 
algumas anomalias de condução, como as Síndromes do QT longo e curto, Síndrome de 
Brugada e Síndromes de pré-excitação (como o Wolff-Parkinson-White) são diagnosticados 
especificamente pelo eletrocardiograma.
A interpretação de um ECG de triagem em atletas pode ser desafiadora. Ela requer 
treinamento e atenção aos detalhes para diferenciação entre achados sem repercussão 
clínica, típica de atletas de melhor performance,e aqueles achados que possam indicar a 
presença de patologia cardíaca (SHARMA et al., 2018). As adaptações cardíacas normais 
(“fisiológicas”) do treinamento podem levar a achados de ECG que, quando considerados 
na população em geral, podem ser considerados patológicos. Isso é mais comum em atle-
tas que realizam programas de treinamento de resistência, mas também está presente em 
muitos jogadores de futebol, pois o treinamento e a competição envolvem componentes 
físicos intermitentes.
Cerca de 80% dos ECG dos atletas apresentam alterações comuns que não necessitam 
investigação complementar, como bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular de primeiro 
grau, bloqueio atriovenrticular de 2º grau Mobitz I, distúrbio de condução do ramo direito e 
critério de voltagem isolado para hipertrofia do ventrículo esquerdo. Essas alterações são 
consequência de adaptação cardiovascular fisiológica secundária ao esforço e não indicam 
a presença de doença cardiovascular, o que permite a elegibilidade para a prática de es-
porte competitivo.
Por outro lado, cerca de 5% dos eletrocardiogramas podem apresentar alterações 
incomuns, como inversão de onda T, alterações do segmento ST, ondas Q patológicas, 
sobrecarga atrial esquerda, bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz II, pré-excitação 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
36
ventricular, bloqueio de ramo esquerdo ou direito, intervalo QT longo ou curto, alterações 
sugestivas de Síndrome de Brugada, hipertrofia ventricular direita e desvio do eixo elétrico. 
Essas anormalidades no eletrocardiograma não estão relacionadas ao condicionamento 
atlético e devem ser consideradas como uma expressão de possível doença cardiovascular 
e risco aumentado de morte súbita, com necessidade de complementação da investigação 
(CORRADO et al., 2007).
 – Teste ergométrico
O principal objetivo do teste ergométrico, além da investigação de manifestações clí-
nicas, é a medição dos parâmetros relativos à fisiologia do exercício para a avaliação de 
estresse e performace física do atleta (LÖLLGEN et al., 2018). Devido ao seu valor prognós-
tico, à ampla disponibilidade e ao baixo custo, o teste ergométrico é considerado importante 
método para triagem de atletas antes do início dos exercícios. Além disso, é um teste segu-
ro, caracterizado pelo monitoramento obrigatório e contínuo de parâmetros como pressão 
arterial, frequência cardíaca e eletrocardiograma, suficientes para interromper o teste caso 
ocorra alguma alteração patológica.
Os achados são influenciados pela escolha do ergômetro e do protocolo de indução 
de estresse, uma vez que a especificidade desse parâmetros é importante para a melhor 
análise dos resultados. O exame fornece informações importantes para o planejamento e 
o monitoramento do treinamento, além de orientação para tratamento quando necessário 
(LÖLLGEN et al., 2018).
Dentre as indicações para a sua realização, estão o diagnóstico de doenças latentes 
e de possíveis riscos relacionados à prática esportiva, o auxílio no diagnóstico de doenças 
cardiovasculares e pulmonares, a investigação de sintomas como dispnéia, dor torácica, 
palpitações e tonturas (síncope), a avaliação da capacidade funcional e o monitoramento 
otimizado do treinamento tanto aeróbio quanto resistido, importante para a correta prescrição 
do exercício (GHORAYEB et al., 2019).
 – Teste cardiopulmonar
Para a avaliação de atletas, sempre que possível o teste cardiopulmonar é a opção de 
escolha quando comparado ao teste ergométrico convencional, com objetivos de avaliações 
da capacidade funcional e da prescrição do exercício. O teste cardiopulmonar, diferente-
mente do teste ergométrico, permite uma análise direta dos gases expirados, o que propicia 
uma avaliação mais detalhada. Observação importante é a escolha do ergômetro de melhor 
especificidade ao exercício realizado, que no caso do futebol é a esteira.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
36 37
Além dos parâmetros avaliados no teste ergométrico convencional, como alterações 
do eletrocardiograma, comportamento da frequência cardíaca no esforço e sua redução na 
recuperação e pressão arterial, alguns parâmetros são obtidos apenas no teste cardiopulmo-
nar. Desses, duas variáveis analisadas são extremamente importantes na identificação mais 
precisa de possíveis fatores limitantes ao esforço máximo, que são as análises das curvas 
e dos valores máximos do pulso de oxigênio (VO2/FC) e dos equivalentes ventilatórios (VE/
VO2 e VE/VCO2) (HERDY et al, 2016).
Para a prescrição de exercícios aeróbicos, os parâmetros mais relevantes são a fre-
quência cardíaca observada em diferentes momentos da avaliação, em especial a de repouso 
e as do primeiro e segundo limiares, e a intensidade do esforço na qual ocorrem os limiares 
ventilatórios, em especial, o limiar anaeróbico (HERDY et al. 2016).
O consumo de oxigênio (VO2), que constitui o volume de O2 extraído do ar inspirado 
pela ventilação pulmonar em um dado período de tempo, tanto em relação ao VO2 máximo 
quanto ao VO2 pico, é utilizado para avaliação do condicionamento físico. O limiar anaeróbico 
(1º limiar) é determinado pelo momento em que ocorre um aumento não linear da ventilação 
pulmonar em relação ao VO2, e o ponto de compensação respiratória (2º limiar) é o mo-
mento da perda de linearidade da relação entre o produto da ventilação e o VCO2. O índice 
de anaerobiose, que expressa a relação entre a produção de VCO2 e o VO2, é o melhor 
indicador não invasivo de esforço máximo. Quando esse índice está acima de 1, representa 
esforço importante e, acima de 1,1, representa esforço máximo (GHORAYEB et al. 2019).
Em resumo, o teste cardiopulmonar é o procedimento de escolha para atletas quando 
se deseja obter uma medida precisa da condição aeróbica e da determinação da frequência 
cardíaca e dos limiares para prescrição do exercício.
 – Ecocardiografia
A ecocardiografia tem papel essencial no diagnóstico diferencial entre doenças relacio-
nadas ao risco de morte súbita em atletas (como a CMH) e a conhecida Síndrome do Coração 
de Atleta, que é fisiológica para os praticantes de exercício em intensidades moderada e alta.
Esse exame também pode detectar outras anormalidades relevantes, como disfun-
ção ventricular esquerda (devido à miocardite ou cardiomiopatia dilatada, por exemplo), 
valvopatias e dilatação da raiz da aorta. Em casos conhecidos de cardiopatias congênitas, 
em especial as de baixa complexidade, em que a prática esportiva de alto rendimento não 
está contra-indicada, sua realização periódica auxilia na avaliação evolutiva e no manejo da 
condição em questão (GHORAYEB et al., 2019).
 – Outros exames cardiovasculares
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
38
Outros exames podem ser solicitados de forma individualizada, de acordo com alte-
rações prévias encontradas em exames menos complexos. Dentre esses, destacam-se a 
monitorização da pressão arterial, o Holter de 24 horas, a cintilografia de perfusão miocárdica 
e a ressonância cardíaca, dentre outros.
3. Avaliação ortopédica
As lesões do sistema musculoesquelético representam a maior parte das lesões ob-
servadas em atletas de futebol. Por isso, a prevenção é uma ferramenta essencial empre-
gada nessa modalidade, e é esse o grande foco da APP, através da pesquisa de alterações 
anatômicas, biomecânicas e funcionais que possam desencadear o surgimento das lesões.
O médico responsável pela avaliação de atletas deve levar em consideração, além 
dos dados observados no exame físico ortopédico, de fatores essenciais como as especi-
ficidades técnicas dos atletas, exemplificado pela posição de jogo, e o histórico de lesões, 
considerado esse um dos principais fatores de risco para recidivas.
 – Anamnese
A avaliação inicial de um atleta deve conter um histórico completo de seu passado mé-
dico. Além de seus antecedentes pessoais e familiares, toda a história médica relacionada 
ao sistemamusculoesquelético deve ser obtida. Lesões prévias, especialmente aquelas que 
levaram ao afastamento de atividades por períodos superiores a quatro semanas, além de 
cirurgias anteriores, devem ser questionadas. O atleta ainda deve ser perguntado sobre a 
presença de queixas atuais, doenças prévias e eventuais tratamentos realizados.
A avaliação deve ocorrer em local adequado e com boa iluminação. O atleta deve estar 
com vestimenta adequada, o que permite a inspeção de todos os segmentos corporais. O exa-
me físico musculoesquelético deve ser realizado de forma sistematizada e completa, pois 
permitirá a avaliação de todos os segmentos e articulações, em poucos minutos. Eventuais 
alterações identificadas durante sua realização, além das informações obtidas através da 
anamnese, direcionarão para investigações mais detalhadas.
 – Coluna vertebral e pelve
A avaliação da coluna vertebral do atleta deve ser iniciada pela inspeção estática e 
dinâmica do paciente, na busca de desvios de eixo, deformidades, assimetrias e posturas 
antálgicas. As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral também devem ser avaliadas, como 
lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar. Deve ser avaliado também a amplitude de 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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movimento ativa das regiões cervical, torácica e lombossacral. Por fim, avaliamos os reflexos 
relacionados às raízes nervosas do plexo braquial e do plexo lombossacral.
A avaliação da pelve do atleta deve ser iniciada pela inspeção estática, para procura 
de assimetrias, desnivelamentos pélvicos e cicatrizes. Exame físico específico deve ser 
direcionado na pesquisa das principais patologias que acometem essa região, com foco na 
sínfise púbica, nas articulações sacroilíacas, nas espinhas ilíacas anteriores e posteriores 
e na crista ilíaca.
 – Membros superiores
A avaliação estática dos membros superiores é realizada na procura de assimetrias, 
deformidades e cicatrizes. O exame físico é seguido pela avaliação da amplitude de movi-
mento do ombro, cotovelo, punho e mão. Essa avaliação costuma apresentar resultados 
positivos para os goleiros, porém deve ser realizada em todos os atletas de futebol.
Quanto ao exame físico específico, nos ombros avaliamos a presença de testes para 
a Síndrome do Impacto, a condição dos tendões do manguito rotador (supraespinhoso, 
infraespinhoso, redondo menor e subescapular) e a estabilidade articular. Quanto aos coto-
velos, é importante a pesquisa de epicondilite (principalmente em goleiros) e da estabilidade 
articular. Nos punhos e mãos, é necessário avaliar a presença de síndromes compressivas, 
tendinopatias e estabilidade articular.
 – Membros inferiores
A avaliação dos membros inferiores inicia-se com a inspeção estática do atleta em 
ortostatismo, observando-se a presença de cicatrizes, deformidades, alterações de volume 
localizadas, assimetrias de segmento e de eixo e atrofias musculares. Além disso, é impor-
tante avaliar e documentar a amplitude de movimento do quadril, do joelho, do tornozelo e 
do pé, e analisar o padrão de marcha.
A força muscular dos membros inferiores, no futebol, deve ser avaliada tanto no exame 
físico quanto através de dinamômetros (isocinético ou isométrico). O encontro de assimetrias 
anatômicas ou de função (força) do tecido muscular deve ser corrigido com prioridade, pois 
é um fator importante relacionado ao surgimento de lesões. Além disso, é comum o encontro 
de encurtamentos musculares segmentares, como por exemplo da cadeia muscular posterior 
dos membros inferiores, que também exige abordagem específica.
O exame do quadril envolve a realização de testes específicos na investigação de 
eventuais patologias intra e extra-articulares. A avaliação dos joelhos é focada na realização 
dos testes ligamentares, meniscais e do mecanismo extensor. Já em relação ao exame do 
tornozelo e do pé, é necessário a avaliação da estabilidade articular. Todos esses segmentos, 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
40
no futebol, são sedes frequentes de tendinopatias, por isso os tendões relacionados a essas 
articulações devem ser avaliados quanto à presença de dor na movimentação ou na palpa-
ção, além das integridades anatômica e funcional durante os testes específicos.
 – Exames complementares
A realização rotineira de exames complementares para avaliação ortopédica na APP 
não é indicada, mesmo na presença de cirurgias prévias. Essa solicitação é uma conduta 
do médico responsável pelo jogador e deve ser norteada pelos achados da anamnese e 
do exame físico.
4. Especifidades da APP no futebol feminino
São inúmeras as publicações e diretrizes que discorrem sobre as melhores estratégias 
de triagem para a realização da APP, especialmente visando a prevenção de morte súbita 
relacionada ao esporte. Entretanto, é necessário levar em consideração que os riscos rela-
tivos à prática esportiva não estão relacionados apenas às complicações cardiovasculares 
e musculoesqueléticas. Também é necessário destacar que existem diferenças biológicas 
entre homens e mulheres, e que elas devem ser levadas em consideração nesse momento.
As mulheres apresentam particularidades que desencadeiam diferentes respostas 
fisiológicas ao exercício quando comparadas aos homens (ASHLEY et al., 2020). Dentre 
essas particularidades, as que mais chamam a atenção são as relacionadas ao biotipo, à 
composição corporal, à anatomia e fisiologia cardiovascular e à cinética e composição da 
musculatura esquelética.
Mulheres tendem a ter corações menores que os dos homens, principalmente no que diz 
respeito ao volume e massa do ventrículo esquerdo. Esse fato implica em menores volume 
sistólico e débito cardíaco quando comparado ao sexo masculino. Além disso, as mulheres 
têm menos glóbulos vermelhos circulantes, menor hematócrito e menor concentração de 
hemoglobina (Hb), o que contribui para um menor consumo máximo de oxigênio (VO2max) 
e menor capacidade aeróbica (LEITAO et al., 2000).
A resposta do sistema cardiovascular ao exercício também é diferente, pois a mulher 
tem menor atividade simpática e maior atividade parassimpática. Consequentemente, ob-
servam-se maior vasodilatação periférica e maior queda da resistência vascular sistêmica 
(RVS) no exercício (ASHLEY et al., 2020).
Outra diferença diz respeito à maior capacidade das mulheres de oxidar lipídios como 
fonte de combustível durante exercícios prolongados. Os homens, por sua vez, oxidam mais 
proteínas e carboidratos.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
40 41
Em relação ao sistema musculoesquelético, os homens, em geral, têm maiores massa e 
força muscular e maior densidade mineral óssea. Nas mulheres, as características contrárias 
contribuem para risco aumentado de fraturas por estresse. No entanto, essas apresentam 
menos fadiga muscular e recuperação mais rápida durante os exercícios de resistência.
Os hormônios sexuais desempenham um papel fundamental nessas diferenças fisioló-
gicas entre homens e mulheres. As flutuações hormonais durante o ciclo menstrual podem 
impactar no desempenho esportivo e no risco de lesões em atletas do sexo feminino. Além 
disso, são suscetíveis a condições como a tríade da mulher atleta (chamada atualmente de 
RED-S), a tensão pré-menstrual (TPM) e a incontinência urinária atlética (RUMBALL et al., 
2004). Dessa forma, é importante que a APP da mulher esportista ou atleta tenha enfoque 
específico nessas questões.
A avaliação de algumas características do ciclo menstrual, a idade da menarca, da 
última menstruação, a presença de amenorreia por mais de 6 meses e o reconhecimento da 
relação entre menstruação e desempenho físico, há tempo são objeto de estudo. Embora 
vários modelos de questionários tenham sido propostos para avaliação da saúde ginecoló-
gica e nutricional dessas mulheres, ainda não há um padrão validado aceito universalmente.
Essas questões ginecológicas e as particularidadesda mulher atleta devem ser ati-
vamente investigadas e não subestimadas durante a APP. Há necessidade de se reservar 
uma parte específica da avaliação para as questões inerentes ao organismo feminino, com 
investigações ginecológicas e nutricionais específicas e direcionadas, evitando que esses 
temas sejam omitidos pelas mulheres ou que seus cuidados sejam subestimados pelos 
profissionais envolvidos (RUMBALL et al., 2004).
Em alguns casos, a APP é o único contato da esportista ou atleta com um médico, 
aumentando ainda mais a importância dessa avaliação que se torna uma oportunidade de 
ouro para rastrear alterações ginecológicas, nutricionais, ósseas e comportamentos de ris-
co. A ocasião é propícia também para levar informações sobre essas particularidades pouco 
conhecidas para a própria esportista ou atleta, que precisa entender como identificar sinais 
de alerta e como prevenir complicações.
Sendo assim, um questionário direcionado à saúde da mulher deve ser incorporado 
à APP feminina, de maneira rotineira, pelo médico do esporte, identificando alterações e 
permitindo o encaminhamento para profissional especializado, quando necessário. A compi-
lação dos dados dessas avaliações pelo médico permite estudar tendências, fatores de risco, 
resultados de estratégias de acompanhamento e intervenções para otimizar a assistência.
O posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício 
sobre atividade física e saúde na mulher acrescenta ainda que é importante a avaliação dos 
níveis de ferritina e hemoglobina, levando em consideração que, quando abaixo do normal, 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
42
indicam carência de ferro e/ou anemia - situações que comprometem o rendimento da mulher 
esportista/atleta (LEITAO et al., 2000).
Ainda no que diz respeito aos exames complementares, é preciso considerar as carac-
terísticas hormonais da mulher (antes e após a menopausa) para individualizar as estratégias 
de avaliação cardiovascular. Para rastreamento de doença arterial coronariana (DAC) em 
mulheres aparentemente saudáveis que apresentam hipoestrogenismo, a realização de teste 
ergométrico é aconselhável. Para as mulheres com mais de 35 anos de idade, a avaliação 
é considerada mandatória pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício.
Conclui-se, portanto, que a APP é de extrema importância para o esportista e atleta de 
ambos os sexos. Nas mulheres, é necessário levar em consideração suas particularidades 
biológicas, com vistas a individualizar a avaliação e a conduta e, a partir daí, obter melhores 
resultados e mitigar riscos.
5. Realidade da APP no futebol semi-profissional e amador
A realidade da APP no futebol não profissional reflete o que é observado na sociedade 
em geral, no qual grande parte dos praticantes e dos dirigentes não a consideram essencial 
antes da prática esportiva. Esse cenário tem evoluído em favor da APP, porém de uma forma 
muito tímida perante a sua real importância.
Além disso, é comumente observado, nas situações em que são exigidos um atesta-
do médico, a realização de atestado emitido por médico conhecido do atleta, sem a devida 
avaliação clínica. É importante destacar que o profissional médico, nessa situação, assume 
o risco em eventuais intercorrências que surjam durante a prática esportiva, principalmente 
porque forneceu o comprovante de aptidão física sem critérios definidos.
Porém, é importante também considerar a relação econômica e a realidade do nosso 
País. A obrigatoriedade de APP com exames complementares tanto pode ser inviável eco-
nomicamente quanto representar uma inibição à prática esportiva. Mas, ao mesmo tempo, 
é imensurável o valor da prevenção de uma morte súbita no esporte.
Por isso, é necessário o entendimento global, por parte de todos que atuam no fute-
bol, da importância de se realizar a APP mínima (anamnese e exame físico) em todos os 
jogadores de futebol, através de avaliação médica especializada. As situações de morte 
súbita no futebol, bastante divulgadas pelos meios de comunicação, infelizmente devem 
servir como exemplo para o emprego da APP de forma mais rotineira, assim como é visto 
no futebol profissional.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
42 43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que há discordâncias entre várias Sociedades Médicas sobre a viabilidade 
em se realizar alguns exames complementares durante a APP. Porém, em todas elas há o 
consenso sobre a importância dessa avaliação em atletas e esportistas.
No futebol profissional já há a obrigatoriedade dos atletas realizarem, além da APP 
básica, exames complementares cardiológicos como critérios de pré-participação esporti-
va, em ambos os sexos. Além disso, após a Pandemia por COVID-19, no qual os riscos do 
surgimento de patologias como miocardites aumentaram, essa avaliação tornou- se ainda 
mais importante.
Já no futebol amador ainda há um desconhecimento geral sobre a importância, no mí-
nimo, de se realizar uma APP básica, através de anamnese e exame físico. Há necessidade 
também de maior empenho por parte das Federações que regulamentam essa categoria, 
sobre a obrigatoriedade da APP antes da realização esportiva. Portanto, além de toda a 
divulgação científica por parte da Comunidade Médica, é necessário maior engajamento 
político para que medidas eficazes como a APP sejam empregadas de forma mais abran-
gente no futebol.
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03
Principais lesões ortopédicas no 
futebol
Marcelo de Carvalho Amorim
Hospital MaterDei - Belo Horizonte/MG
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
10.37885/210705502
https://dx.doi.org/10.37885/210705502
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
46
Palavras-chave: Futebol, Lesões Esportivas, Medicina Esportiva.
RESUMO
O futebol é um esporte caracterizado por movimentos biomecânicos e intensidades de 
trabalho que predispõem ao surgimento das lesões ortopédicas (ou musculoesqueléti-
cas). Atualmente, são gastos recursos financeiros substanciais no emprego de aparatos 
tecnológicos com objetivos de prevenir e diminuir o tempo de recuperação das lesões. 
Porém, mesmo assim elas ocorrem e comprometem o rendimento técnico dos times, pois 
apresentam altas incidências e potenciais recidivas. O foco dos profissionais que atuam 
no futebol deve ser o de controlar preventivamente as variáveis internas e externas rela-
cionadas ao surgimento das lesões. Além disso, o trabalho multidisciplinar, já existente 
em times com melhores condições financeiras, é fundamental na recuperação integral 
do atleta e retorno cada vez mais precoce à prática esportiva.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
46 47
INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais popular do Mundo, com dados de aproximadamente 265 
milhões de jogadores no início do século XXI (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL, 
2006). Essa modalidade teve um grande crescimento de praticantes nas últimas décadas, es-
pecialmente nas populações jovem (WATSON et al., 2019) e feminina (LÓPEZ-VALENCIANO 
et al., 2021), o que tem levado a um aumento associado das lesões musculoesqueléticas.
Para explicar a gênese das lesões esportivas, atualmente busca-se o entendimento de 
uma relação mais abrangente e complexa dos fatores de risco envolvidos, deixando de lado 
a clássica teoria do reducionismo (HULME et al., 2015). O paradigma da complexidade, que 
deve ser encarado como um avanço do reducionismo, contribui para examinar as lesões 
esportivas em termos de rede de relacionamentos e não em fatores isolados (BITTENCOURT 
et al., 2016). Sabe-se que, quando se realiza a redução de um problema complexo a unida-
des isoladas, as interações entre eles podem ser negligenciadas e a previsão do desfecho 
final pode não ser possível ou pode ser realizado de forma incorreta (BEKKER et al., 2016).
No futebol, fatores como a carga de trabalho, os esforços físicos intermitentes típicos 
da modalidade e o alto volume de jogos são de grande relevância na rede de interações 
de agentes relacionados à gênese das lesões (ENRIGHT et al., 2020). Vários protocolos 
de prevenção de lesões foram publicados até o momento, com destaque para o FIFA 11+ 
(FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL, 2009), que apresenta resultados significa-
tivos na redução de algumas lesões musculoesqueléticas (NUHU et al., 2021).
O objetivo desse capítulo foi realizar uma revisão da literatura sobre as principais lesões 
musculoesqueléticas no futebol e o manejo específico para esse público de atletas.
DESENVOLVIMENTO
As lesões musculoesqueléticas no futebol ocasionam um considerável prejuízo técnico 
para os times, no sentido tanto do tempo em que o atleta permanece afastado de treinos e 
partidas e do tempo que gasta para atingir os mesmos níveis de performance prévios, o que 
naturalmente reflete em altos custos financeiros (EKSTRAND et al., 2013).
Por isso, para que se possa aperfeiçoar as medidas de prevenção das lesões, que é 
o grande foco da comunidade científica do futebol na atualidade, é necessário inicialmente 
conhecer os principais aspectos clínicos e terapêuticos envolvidos nas lesões mais preva-
lentes da modalidade.
Nesse sentido, sabe-se que a extremidade inferior responde pela maioria das lesões, 
tanto em homens quanto em mulheres (HÄGGLUND et al., 2009), e o tipo mais comum é 
a lesão muscular. Dentre as lesões articulares, a mais acometida é o joelho, seguida pelo 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
48
tornozelo (LÓPEZ- VALENCIANO et al., 2020). Outra lesão bastante característica do futebol, 
devido à dinâmica do esporte, é a osteíte púbica, que geralmente ocasiona uma morbidade 
considerável ao atleta.
 – Lesões ortopédicas mais comuns do futebol
LESÕES MUSCULARES
As lesões musculares, principalmente pelo seu potencial recidivante, ocasionam um 
longo período efetivo de afastamento dos atletas o que, consequentemente, representa um 
custo financeiro considerável tanto no esporte profissional quanto no amador.
Elas acometem principalmente os músculos bi ou poliarticulares, com maior porcenta-
gem de fibras de contração rápida (fibras brancas, do tipo II) e ocorrem na fase de contra-
ção excêntrica da musculatura. No futebol, os músculos mais acometidos são, no geral, os 
isquiotibiais em primeiro lugar, seguido pelos adutores.
A recorrência de uma lesão muscular é um fator preocupante. Ela ocorre principalmente 
nos primeiros meses após a lesão inicial e também nas lesões de menor grau devido, na 
maioria dos casos, ao retorno precoce do atleta às atividades esportivas.
Há diferentes tipos de lesão muscular no futebol. A lesão típica é aquela em que o 
atleta, na fase de contração excêntrica da corrida, tem uma parada súbita do movimento e 
faz a palpação imediata do local lesionado. Para representá-la, nomenclaturas tradicionais 
como distensão muscular e estiramento muscular atualmente foram substituídas pelo termo 
ruptura muscular, que pode ser parcial, subtotal ou total.
Os outros tipos são melhor representados pela Classificação de Munique, publicada em 
2013 (MUELLER-WOHLFAHRT et al., 2013). Nessa, as lesões musculares são inicialmente 
divididas em mecanismos direto e indireto. Quanto ao mecanismo indireto, elas podem ser 
por alterações funcionais, com os tipos sobrecarga muscular (fadiga e dor muscular tardia) 
e desordem neuromuscular, e por alterações estruturais, com os tipos rupturas parcial (leve 
e moderada) ou subtotal/total (lesão do ventre muscular e avulsão tendínea). Em relação 
ao mecanismo direto, há as lesões por contusão e por laceração. A lesão é consideradasubtotal/total quando há um acometimento de mais do que 50% da espessura das fibras 
musculares, pois o prognóstico comporta-se como lesão completa.
A proposta dessa classificação também foi a de fornecer uma estimativa sobre o prog-
nóstico de retorno ao esporte após as lesões. Nesse sentido, para as rupturas parciais de 
grau leve, estima-se um retorno aproximado em torno de 14 dias, ao passo que para as 
mesmas lesões, porém de grau moderado, o retorno ocorre em torno de 04 a 06 sema-
nas. Já as lesões subtotal/total apresentam um retorno aproximado após 12 semanas da 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
48 49
lesão. Porém, outros fatores devem ser considerados quando se avalia o tempo de retorno 
ao esporte, como anatômicos, funcionais, tratamento realizado, dentre outros.
O diagnóstico pode ser suspeitado através da história clínica e do exame físico, porém 
é dependente dos exames de imagem. A radiografia é importante para se realizar o diag-
nóstico diferencial com fraturas por avulsão, essencialmente naqueles casos que acometem 
os extremos da musculatura (áreas de origem e inserção tendíneas). Já a ultrassonografia 
e a ressonância nuclear magnética (RNM) são os exames de escolha para análise da lesão 
muscular. A ultrassonografia é um exame mais barato e de fácil acessibilidade, porém é 
dependente do examinador, ao contrário da RNM, que é um exame de maior acurácia diag-
nóstica, porém apresenta alto custo.
A grande maioria dos casos é de tratamento conservador, com prognóstico bom se o 
tratamento for realizado de forma adequada. Esse tratamento é focado em um curto período 
de anti-inflamatórios (máximo de 72 horas), analgesia e reabilitação.
No futebol profissional, é importante que a reabilitação não seja tão conservadora, para 
que a hipotrofia muscular reacional ao redor do segmento lesionado não ocasione maiores 
danos funcionais a longo prazo. Assim, associado à reabilitação do complexo muscular lesio-
nado, é importante a manutenção do condicionamento físico e do trofismo dos músculos não 
acometidos. Conforme já mencionado, o tempo de tratamento vai depender principalmente 
do músculo lesionado e do tipo e do grau da lesão.
O tratamento cirúrgico atualmente é reservado para os casos de fratura por avulsão, 
fratura proximal da musculatura dos isquiotibiais, hematoma muscular de grande volume e 
lesão muscular extensa em segmento sem musculatura agonista. Para os casos de fratura 
por avulsão, é necessário a reinserção do fragmento avulsionado, geralmente através de 
parafusos e arruelas. Nos casos de hematomas moderados, pode- se realizar drenagem 
guiada por ultrassonografia, seguido ou não pela infiltração de substâncias adjuvantes, para 
acelerar o processo cicatricial.
Outras opções de tratamento têm como princípio teórico propiciar uma cicatrização 
mais acelerada e efetiva do tecido, como plasma rico em plaquetas, câmara hiperbárica e 
terapia por ondas de choque. Porém, ainda não são de uso clínico de rotina.
Durante o período de reabilitação das lesões musculares é importante que o atleta 
tenha um suporte nutricional otimizado, principalmente devido às suas recidivas. Nesses 
casos, através do trabalho inter e multidisciplinar, é importante a pesquisa de condições 
subclínicas que sejam fatores desencadeantes, como infecções dentárias, desbalanços 
biomecânicos, alterações metabólicas e/ou nutricionais e lesões prévias sem adequada 
cicatrização biológica, dentre outros.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
50
LESÕES TRAUMÁTICAS DO JOELHO
A entorse é o tipo mais comum de lesão traumática do joelho e ocorre principalmente 
através do mecanismo de trauma indireto. Fatores extrínsecos, como os tipos de piso e de 
calçado do atleta, são fatores importantes relacionados ao surgimento das entorses.
Na presença de lesões da articulação do joelho, é importante uma avaliação clínica 
rápida, dentro do ambiente esportivo, principalmente da estabilidade articular e do estado 
neurovascular do membro, pois são condições potencialmente mais graves.
Na fase aguda, essencialmente nos minutos iniciais após a lesão, é possível realizar 
um exame físico ligamentar de forma mais efetiva, ao contrário do exame realizado após 
algumas horas do trauma que, devido ao derrame articular e à contratura dos isquiotibiais, 
torna-se difícil de ser executado.
A ausência de alterações nessa abordagem inicial permite que se complemente o 
exame físico do joelho, baseado nos testes específicos para lesões ligamentares, menis-
cais e do aparelho extensor. Se houver alguma lesão intrínseca da articulação do joelho, o 
que muitas vezes não é perceptível no primeiro atendimento, o próprio atleta informará sua 
incapacidade de retorno à partida.
Dentre essas lesões, esse capítulo aborda as lesões do ligamento cruzado anterior 
(LCA), do menisco e do ligamento colateral medial (LCM).
Lesões do ligamento cruzado anterior
As lesões do LCA são muito comuns no futebol e ocorrem por razões multifatoriais, 
porém há destaque para a dinâmica do esporte, baseada em movimentos pliométricos e 
rotacionais, que são vetores para o surgimento dessa lesão. Em estudo epidemiológico com 
jogadores de futebol da primeira divisão da Itália durante sete temporada seguidas, Grassi 
et al. mostraram que, em um time com 25 jogadores, ocorreu pelo menos uma lesão do LCA 
a cada duas temporadas (GRASSI et al., 2020). 
Além disso, essas lesões trazem impactos negativos para os atletas de futebol, inde-
pendentemente do nível de performance. Nesse sentido, é comum que os atletas demorem 
algumas temporadas (geralmente de duas a três) para que retornem ao nível satisfatório de 
competitividade. Forsythe et al., em estudo de coorte com atletas profissionais de futebol e 
21 anos de seguimento, mostrou taxas de retorno ao esporte de 80% (FORSYTHE et al., 
2021). No futebol, essas taxas são altas (acima de 90%), em comparação a outros esportes, 
porém as taxas de retorno competitivo são bem mais inferiores e dependem, conforme dito, 
do tempo evolutivo das temporadas seguintes (FORSYTHE et al., 2021).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
50 51
A maioria das lesões ocorrem por mecanismo indireto, em movimentos que envolvem 
rotações, mudanças de direção, movimentos de aceleração e desaceleração e saltos. As le-
sões do LCA estão relacionadas a vários fatores de risco modificáveis e não modificáveis, 
com destaque para o sexo feminino (com risco 3 vezes maior que no sexo masculino), idade 
jovem (pico de 16 a 18 anos), precocidades na participação e na especialização esportiva, 
variações anatômicas e funcionais, perfil genético, dentre outros.
No momento da lesão, é comum o atleta apresentar, junto com a entorse do joelho, 
estalido (às vezes até audível) e derrame articular (hemartrose). Como destaque, a prin-
cipal causa de hemartrose do joelho pós-traumática, excluindo as fraturas, é a lesão do 
LCA. No exame físico específico, várias manobras são úteis para a pesquisa dessa lesão 
ligamentar, com destaque para os testes da gaveta anterior e de Lachman, que avaliam a 
instabilidade anteroposterior do joelho, e do pivot-shift, que avalia a instabilidade rotacional.
Vale enfatizar que o diagnóstico dessa lesão é clínico, porém exames de imagem são 
necessários para o diagnóstico diferencial, no caso das radiografias, e para a pesquisa de 
lesões associadas, através da ressonância nuclear magnética (RNM). Embora as radiografias 
simples sejam o primeiro passo diagnóstico após o exame físico, com o objetivo principal 
de exclusão de alguma fratura associada (principalmente da espinha tibial), a RNM é forte-
mente recomendada como parte da avaliação diagnóstica, devido à suas altas sensibilidade 
e especificidade (97% e 100%, respectivamente) (SRI-RAM et al., 2015).
Quanto aos atletas de uma forma geral, com destaque para os jogadores de futebol, o 
tratamento preconizado para as lesões do LCA é na maioria das vezescirúrgico, devido às 
características biomecânicas do gesto esportivo que são compartilhadas com as funções 
desse ligamento.
Porém, o tratamento não cirúrgico pode ser considerado, principalmente em atletas 
amadores, pois atletas respondem de formas diferentes a essa lesão. Nesse sentido, há os 
atletas copers, que são aqueles que através de treinamento específico desenvolvem bom 
controle articular e são, portanto, bons respondedores ao tratamento conservador, e os não 
copers, que apresentam resultados insatisfatórios com esse tipo de tratamento e são mais 
dependentes do tratamento cirúrgico (THOMA et al., 2019).
O tratamento cirúrgico consiste na reconstrução do LCA, com utilização de diferentes 
técnicas cirúrgicas e tipos de enxertos. Esse procedimento ocorre após a melhora do quadro 
inflamatório articular inicial, quando há o retorno da amplitude de movimento ativa, a dimi-
nuição significativa do derrame articular e um bom controle neuromuscular do quadríceps 
femoral. Já o tratamento conservador, passado também essa fase inicial inflamatória, é 
baseado nos trabalhos de propriocepção e de fortalecimento muscular contínuo do atleta.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
52
O retorno ao esporte, preconizado atualmente, acontece em torno de 09 meses após 
o tratamento cirúrgico. Porém, para que ocorra essa liberação, o atleta deve apresentar re-
sultados satisfatórios em diferentes avaliações, como questionários subjetivos, exame físico 
com foco na amplitude de movimento e estabilidade articular, testes funcionais e avaliações 
psicológicas. Além disso, o atleta deve apresentar déficit de força no membro operado, cuja 
avaliação é através de dados antropométricos e de dinamometria, de no máximo 10% em 
relação ao membro contralateral. Percebe-se, portanto, que o retorno ao esporte acontece 
de modo multifatorial, através de critérios biopsicossociais, e o tempo de pós-operatório é 
apenas mais um a ser considerado no momento da alta.
Especialmente no futebol, muitas vezes esse retorno ao esporte ocorre de forma mais 
precoce, motivado por pressões externas e pela tradição existente nesse esporte de que o 
atleta retorne após 06 meses da cirurgia. Nesse sentido, cabem aos profissionais da saúde 
divulgar os conhecimentos científico atuais e, como forma de justificar esse longo período 
de recuperação, expor a alta morbidade que o atleta apresentará caso ocorra uma nova 
ruptura do ligamento, algo comum nas situações em que não são respeitados o processo 
biológico de cicatrização do enxerto e o retorno das valências físicas necessárias para a 
prática do futebol.
Lesões meniscais
Pelos mesmos motivos expostos paras as lesões do LCA, com destaque para a dinâ-
mica do futebol, as lesões meniscais não são incomuns, assim como a associação entre 
lesões ligamentares e meniscais, com prognóstico mais desfavorável.
As lesões dos meniscos são classificadas principalmente de acordo com a morfolo-
gia e a localização. Quanto à morfologia, as lesões podem ser dos tipos horizontal (divide 
o menisco em uma porção superior e outra inferior), vertical ou longitudinal (o menisco é 
dividido em uma porção anterior e outra posterior), radial, oblíqua, flap, alça de balde (le-
são vertical completa), complexa (junção de dois ou mais tipos de lesões), raiz meniscal 
(inserções meniscais anterior e/ou posterior) e em rampa (desinserção entre o menisco e a 
cápsula articular). Quanto à localização, as lesões podem acometer o corno anterior, corpo 
e/ou corno posterior do menisco.
As lesões radial e vertical são mais comuns nos meniscos lateral e medial, respecti-
vamente, e ocorrem principalmente nos traumas agudos. Já as lesões em rampa e na raiz 
são tipicamente decorrentes de traumas de maior energia, muitas vezes com associação 
de lesões do LCA.
O diagnóstico das lesões meniscais é realizado através de história clínica sugestiva, com 
relato de entorse do joelho seguida por dor e derrame articular, associado a testes meniscais 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
52 53
positivos. Esses testes são baseados, em sua maioria, em movimentos rotacionais do joelho 
para a pesquisa de dor e de estalido tanto da interlinha articular medial quanto lateral.
Porém, a confirmação das lesões meniscais geralmente é realizada através de exames 
de imagem, essencialmente a ressonância nuclear magnética (RNM). Antes desse, como 
rotina para as lesões traumáticas do joelho, o primeiro exame de imagem a ser solicitado é 
a radiografia, cujo objetivo é a realização de diagnóstico diferencial para exclusão de fratura.
Vale destacar a necessidade de se fazer uma interpretação conjunta entre os achados 
da história, do exame físico e dos exames de imagens, pois o número de achados falso posi-
tivos em um exame de RNM é grande, principalmente em jogadores de futebol e referentes 
às lesões meniscais e condrais.
O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico. As indicações de tratamento con-
servador são para as lesões radiais menores que 03 mm, de espessura parcial, longitudi-
nais menores que 1 cm de extensão, periféricas e estáveis e aquelas degenerativas sem 
sintomas mecânicos. Esse tratamento é realizado através de analgesia, reabilitação com 
objetivos de melhora clínica e funcional e treinamentos específicos de propriocepção e de 
fortalecimento muscular.
Já as lesões que não preenchem os critérios anteriores são de indicação cirúrgica. 
Para aquelas lesões instáveis em alça de balde e associadas a bloqueio articular, a cirurgia 
deve ser realizada de forma prioritária para evitar complicações crônicas, como degeneração 
condral e contratura em flexão do joelho.
As opções cirúrgicas são a meniscectomia parcial, a sutura (reparo), o transplante 
meniscal e os substitutos meniscais. As duas primeiras são as mais realizadas em atletas 
de futebol, e o ideal é que o princípio de tratamento seja a máxima preservação do menisco, 
através de meniscectomia econômica e/ou sutura.
Porém, nesse público específico, é muito comum que eles prefiram procedimentos que 
permitam o retorno mais precoce ao esporte, mesmo que isso represente maior morbidade 
futura. Esse fato, associado às características das lesões, fazem com que as meniscectomias 
sejam os procedimentos mais realizados em atletas de futebol, pois permitem um retorno 
mais precoce ao esporte.
O manejo da situação do atleta com lesão meniscal e indicação de tratamento cirúrgico 
representa um grande desafio para a equipe de saúde, pois são lesões comuns e muitas 
vezes geram condutas discordantes entre o médico e o atleta quanto ao tipo e ao momento 
do procedimento.
No caso em que as características da lesão permitem a realização da sutura meniscal, 
cabem aos profissionais da saúde que atuam no futebol informar de forma clara e abrangen-
te os riscos e benefícios de se realizar uma cirurgia com retorno mais precoce ao esporte 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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(meniscectomia), mas certamente deletéria para o futuro do atleta. Após esse esclarecimento, 
deve-se chegar a um consenso e priorizar tanto a opção de tratamento do atleta quanto a 
autonomia do médico no aceite ou não em realizar o procedimento.
Lesões do ligamento colateral medial
O ligamento colateral medial (LCM) é, juntamente com o LCA, os dois ligamentos mais 
lesionados do joelho. Porém, ao contrário do LCA, a grande maioria dos casos é de trata-
mento conservador (LUNDBLAD et al., 2013).
Essas lesões ocorrem através do mecanismo de estresse em valgo do joelho, movimen-
to esse no qual o LCM atua como restritor primário. O LCM, devido à sua vascularização e 
configuração anatômica, apresenta grande potencial de cicatrização após uma lesão parcial, 
com bons prognósticos de recuperação total e de estabilidades anatômica e funcional.
O diagnóstico da lesão do LCM pode ser feito de forma confiável através da anamnese, 
com história de trauma em valgo do joelho, e do exame físico,através do teste de estresse 
em valgo do joelho, que é realizado em extensão total e a 30 graus de flexão. Esse teste 
pode evidenciar três padrões de lesões, representados por dor e edema na topografia do 
LCM durante a realização do teste nos casos leves (grau I), achados clínicos do grau I com 
instabilidade leve nos casos moderados (grau II) e instabilidade grosseira nos casos gra-
ves (grau III), em que há ruptura completa do LCM. Os exames de imagem, conforme já 
mencionado, são importantes, com a realização da radiografia para exclusão de fraturas e 
a ressonância magnética reservada para os casos de traumas mais severos e pesquisa de 
lesões associadas.
Na população em geral, o tratamento preconizado para as lesões graus I e II é o conser-
vador, com reabilitação precoce e treinamentos muscular e proprioceptivo específicos. Já as 
lesões de grau III, que geralmente estão associadas a outras lesões ligamentares, podem 
ser de tratamento conservador desde que seja feito de forma satisfatória e não evolua para 
instabilidade crônica.
O uso de órtese rígida inguinomaleolar, ou similares, é um recurso utilizado nas pri-
meiras semanas (em torno de quatro semanas) após a lesão para neutralizar o estresse na 
face medial do joelho e com isso permitir uma cicatrização satisfatória do ligamento, porém 
seu uso deve ser otimizado para permitir amplitude de movimento precoce do joelho. Isso é 
um conceito fundamental, uma vez que a imobilização por longo período leva a uma cicatri-
zação mais fraca do ligamento e a piores resultados funcionais (CREIGHTON et al., 2005).
Porém, na atualidade há uma tendência de mudança dessa conduta, principalmen-
te em pessoas com maior nível de performance esportiva. Em jogadores de futebol, cujo 
nível de exigência biomecânica da articulação do joelho é alto, preconiza-se atualmente o 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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tratamento cirúrgico para as lesões grau III e o grande foco de discordância é com relação 
às lesões grau II, cujo tratamento conservador ainda é, até o momento, o preconizado na 
grande maioria dos casos. Porém, nesse público, quando há indicação de tratamento cirúr-
gico de outras lesões ligamentares do joelho ou quando se observa a presença do menisco 
medial ʻʻflutuanteʼʼ, indica-se atualmente no mínimo o reparo das lesões de grau II do LCM 
(FUNCHAL et al., 2019).
LESÕES DO JOELHO POR SOBRECARGA
Tendinopatia patelar
A tendinopatia patelar é uma lesão caracterizada principalmente pela sobrecarga do 
mecanismo extensor do joelho, comum durante os movimentos executados no futebol, com 
repercussões clínicas importantes e alto risco de cronificação (HÄGGLUND et al., 2011).
Algumas alterações biomecânicas são consideradas agentes etiológicos dessa pato-
logia, como aumento do momento abdutor do joelho, maior velocidade de flexão do quadril, 
menor velocidade de extensão do quadril, maior velocidade de pronação do pé, dentre outros. 
Porém, a sobrecarga de treinamento associado à dinâmica do futebol exerce uma influência 
significante para o surgimento da tendinopatia.
A chave da fisiopatologia é a existência de poucos mediadores inflamatórios e muitas 
áreas de tendinose, o que reflete especificamente a origem degenerativa da doença. A loca-
lização mais comum ocorre na porção posterior da extremidade proximal do tendão patelar 
(KHAN et al., 2002).
Clinicamente, o atleta cursa com queixas de dor em topografia do tendão patelar, prin-
cipalmente nos movimentos de saltos e de aceleração e desaceleração, que geralmente 
amenizam ou cessam no repouso. Qualquer teste que sobrecarregue o mecanismo extensor, 
como por exemplo uma distalização passiva da patela associado a contração isométrica do 
quadríceps, irá causa dor no local do acometimento.
O diagnóstico, muito sugestivo através de história e exame físico, é confirmado através 
de exames de imagem, como a radiografia (alterações degenerativas em pólo inferior da 
patela), a ultrassonografia (com ou sem doppler) e a ressonância nuclear magnética. A res-
sonância é o exame de maior acurácia diagnóstica, porém como o tendão patelar é uma 
estrutura anatômica superficial e devido ao alto custo da ressonância, a ultrassonografia é 
considerada um bom exame de imagem nessa investigação.
Em 1973, Blazina et al. classificaram a tendinopatia patelar em quatro graus, de acordo 
com o sintoma clínico e sua relação com a performance esportiva. No grau I a dor ocorre 
apenas durante a prática esportiva, no grau II a dor aparece no início e no fim do esporte, 
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sem comprometer o rendimento, no grau III ocorre dor durante toda atividade física e há 
comprometimento do rendimento e no estágio IV há ruptura do tendão patelar. Outras clas-
sificações também foram publicadas para descrever as fases clínicas da patologia, muito 
embasadas na classificação de Blazina, porém essa permanece como de bastante utilidade 
na rotina diária.
O tratamento preconizado na grande maioria dos casos é o conservador, através de 
reabilitação, focada em exercícios excêntricos do mecanismo extensor, e também no con-
trole da carga de treinamento. Terapias alternativas, ainda sem real comprovação científica 
de benefícios, também foram estudadas, como terapia por ondas de choque, infiltrações 
peritendíneas, câmara hiperbárica, dentre outras.
Para aqueles casos recidivantes ou sem melhora com o tratamento conservador, o 
tratamento cirúrgico é indicado. Esse tratamento pode ser realizado tanto por via aberta 
quanto por via artroscópica, e em ambos o objetivo principal é realizar o desbridamento do 
tecido degenerado.
Doença de Osgood-Schlatter (DOS)
A DOS, que é uma apofisite de tração da tuberosidade anterior da tíbia (TAT), ocorre 
mais comumente no sexo masculino, em faixa etária média entre 10 e 15 anos e na popu-
lação fisicamente ativa. Movimentos característicos do futebol, como saltos, aceleração e 
desaceleração, mudanças de direção, além do grande volume de exercícios comumente 
praticado pela população dessa faixa etária, são fatores predisponentes ao surgimento da 
DOS. Além disso, fatores anatômicos como patela alta e músculo reto femoral encurtado 
predispõe ao surgimento da patologia (VAISHYA et al., 2016).
A apresentação clínica é caracterizada por dor e edema na topografia da TAT. Esse 
quadro clínico é autolimitado, com melhora total após período de repouso relativo, porém cos-
tuma ser recidivante. Em 20 a 30% dos casos, a dor é bilateral e esse é um dado que auxilia 
o diagnóstico clínico. A sequela característica da patologia é a protuberância na topografia 
da TAT. Além disso, o enxerto do tendão patelar para cirurgia de reconstrução ligamentar 
do joelho, em pessoa com passado de DOS, torna- se uma contra-indicação relativa.
O diagnóstico da DOS é clínico, através de dados epidemiológicos característicos 
associado a exame físico típico de dor e edema na TAT. Exames de imagem, como ra-
diografia e ressonância nuclear magnética, são solicitados nos casos recidivantes ou para 
eventuais diagnósticos diferenciais. Entre esses, podem ser considerados a Síndrome de 
Sinding-Larsen-Johansson, a Síndrome de Hoffa, a avulsão ou ruptura do tendão patelar, 
a tendinopatia patelar, dentre outros. Porém, o diagnóstico de DOS geralmente é realizado 
sem maiores dificuldades.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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O tratamento é eminentemente conservador, através de repouso relativo, analgesia 
simples e fisioterapia. A reabilitação tem como princípio a realização de treinamentos para 
ganho de flexibilidade da cadeia muscular posterior e para a correção de desequilíbrios bio-
mecânicos, além de trabalhos proprioceptivos. Outro fator relevante é o controle do volume 
de treinamento, pois a patologia tende a ser recidivante se esse cuidado não for observado.
Para os casos recorrentes, a utilização da terapia de ondas de choque é uma opção 
com bons resultadosclínicos, porém reservado para adolescentes em fase final de fecha-
mento da placa epifisária.
Técnicas cirúrgicas foram descritas, como por exemplo a ressecção de fragmentos 
ósseos na topografia da TAT, mas são indicadas em raríssimas situações. Recente série 
de casos descreveu que nenhum dos 280 jogadores com DOS avaliados no estudo foram 
submetidos a tratamento cirúrgico (BEZUGLOV et al., 2020).
A grande prevalência da DOS no futebol de base é um dos motivos que expressa 
a importância do trabalho de prevenção de lesões na população dessa faixa etária. Esse 
trabalho é visto apenas em times de maior relevância estrutural, portanto a grande maioria 
dos jogadores dessa categoria carecem de cuidados preventivos e não apresentam controle 
de carga no esporte (LOOSE et al., 2019). Apesar de apresentar- se de forma benigna na 
grande maioria dos casos, a DOS recidivante poderá comprometer, devido ao longo tempo 
cumulativo de afastamento do esporte, componentes técnicos e anatômicos do atleta, com 
prejuízos futuros para a performance no futebol.
ENTORSE LATERAL DO TORNOZELO
A entorse lateral do tornozelo é uma das lesões articulares mais comuns no futebol e 
apresenta altas taxas de sintomatologia persistente e de recidivas, com consequente mor-
bidade local e queda do rendimento esportivo do atleta.
Essas entorses acontecem principalmente após traumas indiretos, através de rápida 
inversão e rotação interna do complexo pé e tornozelo. A fratura mais comumente associada 
à entorse lateral do tornozelo é a do maléolo lateral, envolvida principalmente em movimento 
de supinação e rotação externa desse complexo.
A avaliação clínica da integridade dos ligamentos laterais do tornozelo, bem como 
da sindesmose, é fundamental. Os principais estabilizadores laterais do tornozelo são o 
ligamento talo fibular anterior (LTFA), o ligamento calcâneo fibular e o ligamento talo fibular 
posterior, e o LTFA é o mais comumente acometido. O teste da gaveta anterior é o mais 
sensível para avaliar a ruptura do LTFA (LARKINS et al., 2020).
No exame físico é sempre importante também avaliar a presença de dor na palpação 
do maléolo lateral, do maléolo medial, da base do V metatarso e do terço proximal da fíbula. 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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Além disso, no local do ambiente esportivo, a impossibilidade do atleta deambular após a 
lesão é um forte indicador da presença de fratura.
A classificação introduzida por Hamilton e Kaikkonen, em 1982, graduou a severida-
de das lesões de I a III. Na prática clínica, apenas a diferença entre uma entorse simples 
(grau I) e uma entorse grave (grau III) é relevante, pois o tratamento cirúrgico pode ser 
considerado apenas para as instabilidades grosseiras (grau III).
O tratamento da entorse lateral do tornozelo é, na maioria dos casos, conservador, 
através da adoção inicial do protocolo POLICE (carga otimizada de acordo com o quadro 
clínico, crioterapia, compressão e elevação), para redução da dor e do edema, e de fisio-
terapia precoce. Para os casos de entorse sem fratura, porém com grande limitação física, 
está indicado um período curto de imobilização com órtese removível (do tipo Robofoot), mas 
com períodos intercalados de ADM ativa no limite da dor e de crioterapia. Longos períodos 
de imobilização (acima de sete dias) pode causar uma má cicatrização biológica e sequelas 
funcionais (HALABCHI et al., 2020). 
O tratamento cirúrgico está indicado, na fase aguda, nos casos de fraturas desviadas 
e, nos casos crônicos, nos quadros de instabilidade anatômica e funcional. Após episódios 
isolados ou repetitivos de entorse, o atleta pode desenvolver uma instabilidade funcional do 
tornozelo, porém não anatômica, cujo tratamento é a reabilitação com ênfase no trabalho 
de propriocepção e de fortalecimento muscular.
No futebol, logo após o retorno ao esporte, está bem indicado a utilização de bandagens 
flexíveis no tornozelo, através de materiais específicos ou até esparadrapo, para auxiliar na 
estabilidade da articulação. Essa estabilidade é muito mais proprioceptiva do que mecânica, 
porém parece auxiliar na prevenção de recidivas da entorse (HALABCHI et al., 2020).
OSTEÍTE PÚBICA
A osteíte púbica, mais conhecida no futebol como pubalgia do atleta, é uma afecção 
que acomete a região da sínfise púbica e da musculatura adutora, com alta morbidade para 
os atletas. Movimentos típicos dos jogadores de futebol, como aceleração e desaceleração, 
chutes, rotações, dentre outros, estão envolvidos na gênese da pubalgia.
Sua etiologia ainda não foi totalmente elucidada, porém o desbalanço entre a muscu-
latura do reto abdominal, menos dominante, e a musculatura adutora, mais dominante, é 
considerado o principal fator envolvido com a patologia em jogadores de futebol. O fulcro 
de ação dessas musculaturas é na região da sínfise púbica, que sofre um desgaste crônico 
devido a esse desbalanço muscular, principalmente devido à dinâmica do futebol, o que 
ocasiona a longo prazo o início dessa patologia (VIA et al., 2018).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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A história clínica sugestiva, associada ao exame físico, fornece fortes indícios da exis-
tência dessa patologia, porém a confirmação ocorre através de exames de imagem. A radio-
grafia é importante para o diagnóstico diferencial, principalmente de patologias intra-articu-
lares, e para a observação de achados frequentes na osteíte púbica, como irregularidades 
ósseas tanto na sínfise púbica quanto na tuberosidade isquiática. A ultrassonografia dinâmica 
é importante para o diagnóstico diferencial de herniações e a ressonância magnética é o 
exame padrão ouro para o diagnóstico da osteíte púbica.
O principal diagnóstico diferencial é com a hérnia do atleta, patologia que cursa com dor 
inguinal e é caracterizada por fraqueza da parede posterior do canal inguinal, porém sem ter 
a formação de uma hérnia inguinal clássica. O tratamento conservador das duas patologias 
tem princípios semelhantes, através das correções de desbalanços musculares e instabilidade 
pélvica, porém o tratamento cirúrgico é diferente. Por esse motivo, é sempre importante a 
realização de uma ultrassonografia dinâmica para se descartar a existência da hérnia.
O tratamento da osteíte púbica é inicialmente conservador. Para jogadores profissio-
nais, preconiza-se a realização de reabilitação durante período médio de três meses e, para 
os atletas amadores, esse tempo pode ser postergado para seis meses. Caso não ocorra 
sucesso com o tratamento conservador, está indicado o tratamento cirúrgico.
Na técnica cirúrgica, realizada através de incisão clássica de Pfannenstiel (a mesma da 
cesariana), realizam-se ressecção parcial da fáscia abdominal e total do ligamento púbico 
superior, desbridamento e microperfurações do disco fibrocartilaginoso interpúbico e do osso 
subcondral e tenotomia parcial da musculatura adutora bilateral (SOUSA et al., 2005). A rea-
bilitação, após melhora inicial do pós- operatório, deverá ser focada na correção de dese-
quilíbrios musculares nas regiões lombar, abdominal e pélvica (QUEIROZ et al., 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento das características clínicas e terapêuticas das principais lesões ortopé-
dicas do futebol é importante não só para o manejo adequado, mas também como parâmetro 
de monitorização da carga de trabalho e dos protocolos preventivos.
Uma das chaves do sucesso no tratamento das lesões do esporte é a existência de uma 
equipe multidisciplinar focada na recuperação integral do atleta e na prevenção da recidiva 
das lesões. Isso, em equipes de melhores condições financeiras do futebol profissional, é 
uma realidade. Porém, para os outros, ainda é algo de difícil execução, na maioria dos ca-
sos. E essa dificuldade não reflete apenas o fator financeiro, mas também um entendimento 
equivocado de que a saúde do atleta não é vista como um investimento.
Apesar de todos os recursos tecnológicos empregados noesporte, as lesões muscu-
loesqueléticas no futebol continuarão a ocorrer, pela própria natureza da modalidade. Porém, 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
60
a atenção dos profissionais que atuam nas Ciências do Esporte e da Saúde deve ser a de 
monitorizar potenciais fatores de risco modificáveis, com objetivos de diminuir a incidência e 
amenizar as consequências das lesões, como por exemplo através dos diferentes trabalhos 
preventivos e do controle das variáveis da carga de trabalho executadas pelos atletas.
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04
Odontologia do esporte no futebol: 
Revisão da Literatura
Cesar Penazzo Lepri
UNIUBE - Universidade de Uberaba
Carla Silva Carvalho
UNIUBE - Universidade de Uberaba
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
10.37885/210705418
https://dx.doi.org/10.37885/210705418
Medicina do Esporteno Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
64
Palavras-chave: Odontologia do Esporte, Medicina Esportiva, Futebol.
RESUMO
A odontologia do esporte é uma especialidade que atua nos cuidados à saúde bucal 
dos atletas e que ganha espaço crescente devido à sua relação direta e indireta com a 
performance e a saúde geral dos esportistas. Patologias odontológicas, muitas vezes 
subclínicas, podem predispor ao surgimento e perpetuação de lesões musculoesquelé-
ticas recidivantes, que ocasionam alta morbidade aos praticantes da modalidade. Essas 
lesões, em um esporte tão popular como o futebol, tanto amador quanto profissional, 
podem representar um considerável custo financeiro. Por esse motivo, a presença do 
profissional odontólogo no futebol é uma realidade e uma necessidade para os que atuam 
principalmente no esporte de alto rendimento.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
64 65
INTRODUÇÃO
A odontologia do esporte (OE) é uma especialidade em que o cirurgião dentista trabalha 
com promoção, prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças que afetam a cavidade oral 
em atletas (ANDRADE et al., 2017). A OE contribui para que haja condições favoráveis da 
saúde bucal, o que resulta em um melhor rendimento durante as competições.
O odontólogo deve-se atentar a problemas como respiração bucal, mau posicionamento 
das arcadas, lesões cariosas e não cariosas e doenças periodontais. Esses fatores podem 
induzir a um processo inflamatório e interferir na qualidade de vida e bem- estar dos atletas 
(ASHLEY et al., 2014).
O objetivo desse capítulo realizar uma revisão da literatura sobre a importância e os 
principais aspectos clínicos relacionados à odontologia do esporte no futebol.
DESENVOLVIMENTO
 – Histórico e Importância da Odontologia do Esporte
No futebol há uma grande exigência sobre o desempenho físico dos jogadores, que é 
um padrão alcançado quando o atleta se encontra saudável, e por esse motivo muitos in-
vestimentos são feitos para que o atleta tenha um alto rendimento nos jogos. Logo, deve-se 
prevenir e tratar de forma precoce problemas de saúde geral e bucal com a finalidade de 
evitar a queda de performance do jogador (GAY-ESCODA et al., 2011).
A inserção da odontologia na prática do esporte é de grande relevância para que se 
tenha um alto desempenho esportivo, pois as patologias da cavidade bucal do atleta são 
frequentes (PASTORE et a., 2017). Em um estudo realizado por Rosa et al., 400 jogadores 
de futebol do time da Portuguesa foram analisados. Os resultados mostraram que entre 
os jogadores do time de base, 71% apresentaram lesões de cárie e 14% focos infecciosos 
dentais. Dos jogadores do time profissional, 68% apresentaram lesões de cárie e 23% focos 
infecciosos dentais.
A odontologia do esporte foi reconhecida como uma nova especialidade em 2015 
(CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA, 2021), mas começou a se integrar ao esporte 
brasileiro quando o dentista Mário Trigo passou a acompanhar a seleção brasileira de futebol 
nas Copas do Mundo de Futebol de 1958, 1962, 1966 e 1970 (SOARES et al., 2014).
O cirurgião-dentista fazia parte da equipe do time do Fluminense que tinha como téc-
nico Ondino Vieira, e permaneceu lá até o 1946. O médico Hilton Gosling, que na época 
fazia parte do Departamento Médico do Fluminense, relatou a dificuldade dos jogadores se 
recuperarem das contusões. Com isso, Trigo passou a investigar a relação entre a presença 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
66
de focos infecciosos presentes na cavidade oral dos atletas e a melhora das lesões sofridas 
pelos jogadores. Ele observou que o seu trabalho aliado à equipe médica possibilitava uma 
melhora significativa no desempenho dos jogadores, facilitando a recuperação. Quando 
Trigo passou a fazer parte da seleção brasileira como dentista, ele se integrou com o pro-
fessor Chriso Fontes, Diretor da Faculdade Nacional de Odontologia da Universidade do 
Brasil (Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ), para realizar exames clínicos nos 
jogadores (PADILHA et al., 2016).
Mário Trigo conta em seu livro “O Eterno Futebol” (2002) que, para a preparação do 
campeonato mundial em 1958, na Suécia, houve a necessidade da extração de 118 dentes 
dos 33 jogadores. Muitas outras histórias de quando acompanhou a seleção brasileira são 
relatadas em sua obra. Depois de Trigo, Carlos Sérgio Araújo (1994, 1998 e 2002) fez parte 
da equipe da Seleção Brasileira de Futebol como cirurgião-dentista (COSTA et al., 2015).
A OE vem ganhando cada vez mais espaço. Muitos clubes de futebol se preocupam 
em proporcionar acesso à saúde bucal para seus jogadores. Clubes como Atlético Mineiro, 
Botafogo, Corinthians, Flamengo, Ceará, Coritiba e São Paulo, dentre outros, oferecem aos 
seus atletas um setor específico odontológico (TEIXEIRA et al., 2021).
A especialidade da OE possui uma esfera ampla. Além de englobar traumas e confec-
ções de protetores bucais, também está relacionada à prevenção e tratamento de doenças 
bucais, reparação dos tecidos musculares lesionados, vigilância do doping, desordens das 
articulações temporomandibulares, alterações respiratórias e outros fatores que possam 
diminuir o rendimento do atleta (COSTA, 2009).
 – Problemas mais comuns na saúde bucal dos atletas
As doenças bucais podem afetar o desempenho nas atividades e a saúde geral dos 
esportistas. Os patógenos presentes em uma inflamação, além de comprometerem a es-
trutura dentária e tecidos de suporte, podem gerar outros problemas, como aterosclerose, 
infecções respiratórias e dificuldades da recuperação tecidual, o que afeta a qualidade de 
vida e o bem-estar do profissional (TEIXEIRA et al., 2021). A lesão cariosa, erosão dentá-
ria, problemas periodontais, traumas dentários, má oclusão, disfunção temporo-mandibular 
(DTM), terceiros molares impactados e pericoronarite são problemas recorrentes encontrados 
na cavidade oral do atleta (ASHLEY et al., 2014).
1. Cárie Dentária
A cárie dentária é uma doença bacteriana infecciosa, transmissível e multifato-
rial. A sua ocorrência ocorre pela interação entre fatores determinantes, como hospedeiro, 
microbiota, dieta e tempo (HEYMANN et al., 2013). Durante esse processo, acontece um 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
66 67
desequilíbrio entre a perda e o ganho de minerais, com consequente formação da lesão 
cariosa (BATISTA et al., 2020).
Se não tratadas, essas lesões podem ocasionar dor e progressão para alguma infecção 
endodôntica ou até mesmo a perda do elemento dental, ambas extremamente prejudiciais ao 
esportista. Além disso, esses problemas podem afetar a mastigação e a alimentação, prejudi-
cando o ganho energético dos alimentos e o desempenho esportivo (TEIXEIRA et al., 2021).
2. Doença Periodontal
A doença periodontal se caracteriza como uma patologia de caráter infeccioso e inflama-
tório, de origem bacteriana, que afeta os tecidos de suporte do elemento dental. Atualmente 
existem evidências crescentes das associação entre doenças infecto inflamatórias orais e 
uma série de inflamações em outros órgãos (PADILHA et al., 2016). Em estudo realizado 
por Ionel e colaboradores (2016), a periodontite foi considerada um fator de risco para doen-
ça cardiovascular aterosclerótica. Além disso, existem evidências científicas que a doença 
periodontal influencia de forma negativa o processo metabólico responsável pela hipertrofia 
muscular, o que pode prejudicar a recuperação tecidual.
A doença periodontal e a doença cárie são problemas que estão relacionados com a 
presença de biofilme microbiano. Essas patologias também levam a crescentes níveis de 
citocinas no organismo, mais comumente o fator de necrose tumoral (TNF-α) e interlucina-6 
(IL-6), que estão envolvidas no surgimento de fadiga muscular no atleta. Além disso, o mús-
culo diminui a sua capacidade de absorção de energia, o que pode facilitar a ocorrência de 
lesão muscular ou até mesmo sua recidiva (SOLLEVELDet al., 2015).
Um estudo realizado por Gay-Escoda e colaboradores (2011) teve como objetivo avaliar 
o estado da saúde bucal dos jogadores do clube Barcelona (Espanha) e correlacionar com a 
incidência de lesões desportivas. Houve uma correlação estatisticamente significante entre o 
índice de placa e a profundidade de sondagem com as lesões musculares. Com isso, pode-
-se inferir uma possível influência da doença periodontal no estado de saúde dos jogadores.
3. Trauma Dentário
As atividades esportivas, principalmente devido ao grande contato entre os atletas, são 
fatores de risco potenciais para o traumatismo dentário ou orofacial (CAGLAR et al., 2009). 
Nos esportes que envolvem velocidade e contato próximo, como o futebol, esse risco é 
alto (TOZOGLU et al., 2006). Em um trabalho realizado por Correa e colaboradores (2010) 
evidenciou-se que 74,1% dos jogadores já sofreram alguma lesão da cavidade oral e que 
59,3% apresentaram avulsões dentárias.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
68
O trauma dentário pode ser evitado através de dispositivos que conferem proteção aos 
dentes e periodonto. Os protetores bucais são capazes de absorver o choque na boca, preve-
nindo assim lesões desencadeadas por queda ou golpe na região oral (CAGLAR et al., 2009).
4. Má Oclusão
A oclusão se define como a relação de encaixe dos dentes, ou seja, quando a arcada 
dental entra em contato com a arcada antagonista, sem relação com a posição da mandíbula 
(STEFANELLO et al., 2006).
Em uma pesquisa realizada por Souza e colaboradores, foi evidenciado que 47% dos 
atletas estudados possuíam algum problema relacionado à oclusão, como sobremordida 
profunda, mordida aberta, diastemas e apinhamento dental.
A má oclusão pode interferir de forma negativa no desenvolvimento do atleta. Esse 
problema pode prejudicar a mastigação e a digestão dos alimentos, o que diminui a absor-
ção de nutrientes e leva à perda de equilíbrio muscular, dores de cabeça e problemas na 
articulação temporomandibular. Por isso, torna-se importante que o dentista detecte esse 
tipo de problema na cavidade oral do esportista (SOUZA et al., 2011).
5. Disfunção Temporomandibular
A disfunção temporomandibular é um termo usado para englobar uma série de condi-
ções clínicas referentes à musculatura mastigatória ou às articulações temporomandibulares 
(PERGAMALIAN et al., 2003). Sintomas típicos podem estar presentes, como dores na área 
pré-auricular, na ATM ou nos músculos da mastigação, além de crepitações e assimetrias 
durante movimentos mandibulares (FREIWALD et al., 2020).
Alterações psicológicas e situações estressantes se relacionam a problemas que en-
volvem a ATM. Pessoas que apresentam estresse contínuo são mais propensas a terem 
tensão muscular e bruxismo, que é um hábito parafuncional, com prejuízo às articulações 
da mandíbula (SOLLEVELD et al., 2015).
Para que se tenha êxito no tratamento, é necessário que se descubra a causa. Porém 
,de uma forma geral há alívios sintomáticos através de placas miorrelaxantes. No entanto, 
é preciso ressaltar que elas não devem ser usadas como única forma de tratamento, mas 
sim como parte ou até mesmo como coadjuvante a outras terapias (PORTERO et al., 2009).
Para os esportistas que fazem uso do protetor bucal, é importante a realização de 
controles periódicos para verificar o ajuste oclusal e a retenção da placa, já que as interfe-
rências nos protetores podem desencadear apertamento dental e sobrecarregamento da 
ATM (TEIXEIRA et al., 2021).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
68 69
6. Terceiros Molares Impactados e Pericoronarite
O aumento da prática de esportes leva a um maior risco de traumas faciais e orais. A fra-
tura de algum osso facial é uma injúria grave e comum para atletas. Na mandíbula, o local que 
mais ocorre é no ângulo, muito provavelmente devido à presença de um terceiro molar inferior 
impactado. Por isso, recomenda-se a remoção profilática desse dente (YAMADA et al.,1998).
A pericoronarite geralmente é associada aos terceiros molares. Quando o dente está 
irrompendo forma-se a lacuna pericoronária, que é um espaço entre a coroa dentária e a 
mucosa oral. Nessa área ocorre o acúmulo de bactérias e resíduos que acarreta a pericoro-
narite, uma condição inflamatória e dolorosa. A prevenção deste problema está associada 
à higienização oral (CAYMAZ et al., 2021).
7. Erosão Dental
O processo de erosão dentária se define como a perda patológica e crônica do tecido 
dentário por ácidos intrínsecos e extrínsecos, sem o envolvimento bacteriano (RAMALHO 
et al., 2015). Essa condição recebe a atenção de profissionais e pesquisadores, pois a sua 
prevalência tem crescido ao longo dos anos devido ao aumento do consumo de bebidas e 
alimentos ácidos.
O consumo de bebidas esportivas é um fator de risco para a erosão dentária e o seu 
consumo entre atletas é incentivado por nutricionistas e treinadores (PICCININNI et al., 
2017). Esse tipo de bebida possui um grande potencial erosivo e cariogênico por ter baixo 
pH e altas concentrações de carboidratos fermentáveis (BRYANT et al., 2011).
 – Patologias odontológicas como causa da recidiva de lesões musculoes-
queléticas
No futebol há um grande temor por parte dos atletas e da comissão técnica com a 
recidiva de lesões musculoesqueléticas, principalmente lesões musculares, devido a sua 
alta incidência e ao consequente tempo de afastamento do esporte. Meios de monitora-
mento preventivo dessas lesões através de questionários subjetivos de esforço, correção 
de desbalanços biomecânicos, dosagem de biomarcadores, exames de imagem seriados, 
termografia, dentre outros, são empregados de rotina principalmente nos clubes de maior 
expressão econômica.
Apesar de todo esse aparato tecnológico empregado no monitoramento preventivo 
das lesões, patologias rotineiras ainda são comumente negligenciadas na rotina do futebol 
(amador e profissional). Dentre essas patologias, destacam-se as de causas infecciosas da 
cavidade bucal, como a cárie dentária e as doenças periodontais, muitas vezes relacionadas 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
70
ao surgimento e à perpetuação dessas lesões recidivantes. Conforme já mencionado, essas 
doenças infecciosas, que podem ser subclínicas, ocasionam reações imunológicas locais e 
sistêmicas que interferem negativamente no processo de cicatrização dos tecidos biológicos 
(SOLLEVELD et al., 2015).
E devido à dinâmica do esporte, esse processo é particularmente relevante no futebol. 
Nessa modalidade, principalmente se praticada em alta performance, naturalmente o tecido 
muscular sofre intensas reações inflamatórias agudas, muitas vezes com perda do balanço 
fisiológico em desfavor do processo de reparação tecidual, o que o torna um nicho satisfa-
tório para o surgimento das lesões (PASTORE et al., 2017). Esse mesmo processo também 
ocorre nos outros tecidos musculoesqueléticos, porém em menor intensidade.
Na vigência dessas patologias da cavidade oral, as citocinas produzidas no processo 
inflamatório irão desencadear, de formas direta e indireta, uma diminuição da performance 
funcional musculoesquelética o que, somado a alta carga de trabalho, serão fatores pre-
ponderantes nas recidivas das lesões. Além disso, como fator adjuvante a essa cascata 
fisiopatológica e que ajuda a explicar a relação entre doenças odontológicas e recidivas de 
lesões, no esporte profissional os atletas estão frequentemente sujeitos a períodos de relativa 
imunossupressão humoral e celular, com consequente aumento do catabolismo dos tecidos.
Portanto, as patologias odontológicas não tratadas cursam com uma situação de estado 
inflamatório crônico, o que dificulta a reparação tecidual musculoesquelética, que é um pro-
cesso constantemente necessário em um atleta de futebol. Associado a isso, muitas vezes 
os atletas não respeitam o período biológico de cicatrização e retornam de forma precoce 
ao esporte culminando,portanto, em um círculo vicioso de difícil resolução clínica.
Destaca-se assim a necessidade de uma atenção especial à saúde bucal dos atletas, 
através de avaliações seriadas e preventivas. Medidas simples proporcionadas através desse 
monitoramento odontológico podem muitas vezes ser mais eficazes do que os potenciais 
benefícios gerados por todo o poder tecnológico empregado na melhora da performance e 
na prevenção de lesões no futebol.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cirurgião-dentista é um profissional que deve fazer parte da equipe médica de saúde 
que acompanha um time de futebol. A função do profissional odontólogo é zelar pela saúde 
bucal dos atletas, fazendo com que se diminua a carga de microrganismos que circula para 
outras áreas do organismo e prevenir acidentes desportivos.
A odontologia do esporte é necessária, já que interfere no desempenho dos jogadores. 
Muitas doenças orais podem comprometer a eficácia mastigatória, gerar problemas respi-
ratórios e diminuir a capacidade de reparação tecidual. Esses fatores podem desencadear 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
70 71
um maior cansaço no atleta e diminuição da sua concentração, o que atrapalhará a sua 
performance durante jogos e competições.
Orienta-se, então, que os jogadores de futebol tenham acesso à especialidade odon-
tológica na equipe de saúde do clube, visto que muitos problemas podem ser evitados com 
a avaliação de um profissional capacitado para detectar alterações orais que podem com-
prometer na integridade do atleta.
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05
Futebol de campo e variabilidade 
da frequência cardíaca: Revisão da 
Literatura
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
Octávio Barbosa Neto
UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
10.37885/210705519
https://dx.doi.org/10.37885/210705519
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
75
Palavras- chave: Futebol, Sis tema Nervoso Autônomo, Frequênc ia Cardíaca, 
Medicina Esportiva.
RESUMO
O futebol moderno demanda o conhecimento de diferentes parâmetros para o estudo 
de recursos com objetivosde melhora da performance e do controle das cargas de trei-
namento. Entre esses parâmetros, destaca-se a variabilidade da frequência cardíaca, 
que é a interpretação da influência do sistema nervoso autônomo sobre o sistema car-
diovascular. Nesse sentido, sabe-se que jogadores com maior modulação autonômica 
cardíaca (principalmente com maior atividade vagal) demonstram maiores capacidades 
funcionais. Assim, sugere-se que o emprego rotineiro da análise da variabilidade da 
frequência cardíaca pode ser útil e servir de parâmetro para fisiologistas e treinadores 
criarem estratégias de individualização de cargas de treinamento e, com isso, proporcionar 
melhora da performance e prevenção de lesões musculoesqueléticas.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
76
INTRODUÇÃO
Como um verdadeiro fenômeno, o esporte apresenta várias possibilidades de manifes-
tação e está engajado na cultura universal que agrega a saúde ao bem estar, que serve tanto 
à Educação e ao lazer quanto ao esporte de alto rendimento (profissional). Sua prática tem 
tal rogativa que cria um verdadeiro espírito esportivo estimulando crianças, jovens, adultos, 
idosos e até mesmo portadores de necessidade especiais à sua prática.
Existe um arsenal de comprovação a respeito dos benefícios da prática esportiva, 
assim como evidências da relação entre tal prática e a diminuição do risco de morte súbita 
em pessoas fisicamente ativas (AUNE et al., 2020).
Dentro deste vasto mundo esportivo, o futebol é indiscutivelmente o esporte com o 
maior número de praticantes em todo o mundo. Fundada na cidade de Paris, em 1904, a 
Fédération Internationale de Football Association (FIFA) tem atualmente 211 organizações 
esportivas privadas associadas e representa o esporte em países e territórios, além de apro-
ximadamente 260 milhões de pessoas no mundo estarem envolvidas direta ou indiretamente 
com o esporte (KUNZ et al., 2007).
De forma geral, o futebol tornou-se mais do que um esporte, e a propagação dessa 
paixão esportiva está intimamente ligada à sua evolução, que trouxe reformulações nos pa-
drões e nas formas das equipes atuarem, passando também pelas otimizações na preparação 
física, nos aspectos fisiológicos e nas partes médica, nutricional e psicológica, permitindo 
que o futebol se torne cada vez mais dinâmico e competitivo.
Essas mudanças na modalidade, tanto da dinâmica quanto da competitividade nos 
jogos, fizeram com que a exigência física se tornasse cada vez maior. Com isso, as impor-
tâncias da preparação e das avaliações físicas se fizeram notórias e tornaram-se alvos de 
pesquisas científicas em busca de aperfeiçoamentos (LOTURCO et al., 2020).
No contexto das adaptações fisiológicas utilizadas para incremento da preparação 
física, há destaque nas respostas do sistema nervoso autônomo (SNA) durante o exercício, 
avaliadas através da modulação autonômica cardíaca a partir da variabilidade da frequên-
cia cardíaca (VFC), que é um parâmetro sensível a alterações nas cargas de treinamento 
e parece ser uma ferramenta importante para a prescrição de treinamento individualizado 
(JAVALOYES et al., 2020).
O objetivo desse capítulo foi descrever os potenciais benefícios da utilização mais 
rotineira da variabilidade da frequência cardíaca no futebol de campo.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
76 77
DESENVOLVIMENTO
Paralelamente a todas as preocupações em torno das capacidades físicas para um 
melhor rendimento dos jogadores em campo, existe um considerável corpo literário sobre 
os aspectos médicos e fisiológicos do futebol, principalmente por ser uma modalidade com 
grande número de participantes e envolver um considerável fluxo financeiro. Porém, a lite-
ratura sobre a influência da VFC no futebol ainda é escassa.
Como os atletas apresentam diferentes aptidões físicas (aptidão aeróbica, flexibilidade, 
força e potência musculares, equilíbrio e composição corporal), existe uma controvérsia em 
relação à modulação autonômica cardíaca entre eles, em especial em jogadores de futebol 
(RODRÍGUEZ-FERNÁNDEZ et al., 2019).
De fato, existem poucos estudos que examinaram as alterações da VFC em jogadores 
de futebol (BUCHHEIT et al., 2010; LUCINI et al., 2020). Por exemplo, Buchheit et al. (2010) 
relataram que menor coeficiente de variação na VFC diária foram significativamente asso-
ciadas à velocidade aeróbia máxima em um grupo de jovens jogadores de futebol. Porém, é 
inegável que o emprego mais rotineiro desse parâmetro autonômico fornecerá informações 
importantes para a melhora da performance no esporte.
Modulação Autonômica Cardíaca
O sistema cardiovascular, assim como os demais sistemas, possui uma organização 
integrada, caracterizada pela interação de subsistemas, pelas oscilações autossustentáveis 
e pelos circuitos de retroalimentação, que respondem a estímulos intrínsecos e extrínsecos, 
incluindo o comando central, os mecanismos reflexos e o controle humoral.
Várias são as técnicas disponíveis para a avaliação da função autonômica cardiovas-
cular, dentre as quais podemos citar a medida de catecolaminas circulantes, as respostas 
a estímulos estressantes, o teste da função barorreflexa, os registros eletromiográficos de 
fibras simpáticas vasomotoras, dentre outras. A maioria dessas técnicas, embora úteis na 
avaliação do estado autonômico é, em sua grande maioria, invasiva e de difícil execução 
no contexto clínico ambulatorial.
Mais recentemente, para a análise do SNA cardiovascular, softwares específicos têm 
sido desenvolvidos para determinar as variações contínuas que ocorrem nos valores dos 
ciclos cardíacos normais, detectadas através de registro contínuo computadorizado do ele-
trocardiograma (ECG) ou através de registros do Holter de longa duração.
Reflexos eferentes simpáticos e parassimpáticos atuam sobre o nó sinusal e produzem 
modificações dos ciclos P-P do ECG, consequência dos efeitos modulatórios autonômicos 
sobre o marcapasso sinusal do coração. Aceita-se que o sistema nervoso parassimpático 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
78
(SNP), através de seus efeitos colinérgicos, seja o maior responsável pela variabilidade dos 
ciclos P-P normais. Corroborando esta afirmativa, observa-se que as drogas que produzem 
redução dos efeitos vagais, como por exemplo as drogas antimuscarínicas (atropina), redu-
zem de forma evidente e significativa as flutuações dos ciclos cardíacos e as que aumentam 
os reflexos vagais (beta bloqueadores) produzem imediato efeito inverso.
Akselrod et al. (1981), foram um dos primeiros grupos de pesquisa a relatarem que 
a variabilidade dos parâmetros cardiovasculares contém informações importantes sobre o 
controle autonômico da circulação. A quantificação dessas flutuações durante o repouso 
proporciona informações sobre a regulação cardiovascular, sem requerer estímulos que 
possam interferir com os parâmetros medidos.
Variações cíclicas na VFC são decorrentes dos impulsos parassimpáticos e simpáticos 
sobre o coração. Quanto maiores os efeitos parassimpáticos, maiores serão as flutuações. 
Uma baixa variabilidade indica a existência de depressão da atividade vagal e/ou exacer-
bação da atividade simpática cardíaca.
Os reflexos autonômicos exercem um papel fundamental sobre todos os mecanismos 
regulatórios cardíacos. As propriedades eletrofisiológicas, a dinâmica cardíaca e a função 
contrátil são profundamente influenciadas por eles. Em adição, os reflexos autonômicos 
podem alterar de forma importante os mecanismos de doença, facilitando o aparecimento 
de eventos arrítmicos graves e, muitas vezes, fatais, como a morte súbita.
O sistema nervoso simpático (SNS) exerce um nítido efeito arritmogênico, ao contrário 
do SNP, que exerce uma ação inversa. A maioria dos eventos cardíacos acompanha-se 
momentaneamente de um aumento da atividade simpática cardíaca. Assim, é possível que 
a análise do perfil autonômico cardíaco por meio da análise da VFC representeum elemento 
importante para a estratificação de risco em algumas doenças cardíacas.
Dois métodos são normalmente utilizados para a avaliação da VFC. Um explora o 
domínio de tempo (DT), através de índices estatísticos extraídos das variações temporais 
dos ciclos (expressos normalmente em milisegundos) ou dos percentuais de flutuação ob-
servados em ciclos adjacentes (%). O outro, no domínio da frequência (DF), define e separa, 
por meio da análise espectral, as diversas respostas de frequência (Hz) observadas nas 
variações das séries temporais de intervalo RR (iRR) de batimentos cardíacos consecutivos 
(TASK FORCE, 1996).
A análise da VFC no DT é feita a partir das variações dos ciclos cardíacos considera-
dos normais. São extraídos índices para quantificação da VFC, com o tempo utilizado como 
variável. Representam, em sua maioria, valores estatísticos que englobam todo o período 
de gravação, ou parte do mesmo. Na maioria dos programas, esses índices somente são 
avaliados a partir de um mínimo de cem ciclos sucessivos, mensurados por períodos de 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
78 79
cinco minutos, desprezando-se automaticamente variações bruscas com valores superiores 
a 25% do precedente. Assim, hipoteticamente, são abolidas as alterações consequentes às 
ectopias supraventriculares e ventriculares ou a artefatos de registro (TASK FORCE, 1996).
Alguns índices de VFC no DT têm sido amplamente utilizados para estratificação de 
risco, por exemplo, no período após o infarto do miocárdio. Na maioria dos pacientes obser-
va- se, nas primeiras 48 horas de evolução do processo agudo, uma progressiva redução 
da VFC por depressão da atividade vagal.
A análise da VFC no DF para avaliação da função autonômica cardíaca ganhou um 
marcante impulso como um novo e promissor recurso metodológico, não invasivo, de grande 
simplicidade e de fácil aplicação em nível ambulatorial ou hospitalar. Este método permite 
caracterizar em valores absolutos e relativos os componentes modulatórios simpático e 
parassimpático cardíaco e, assim, o balanço funcional entre ambos. Ele consiste na análise 
computadorizada da variabilidade espontânea de uma série de iRR do ECG no DF por meio 
da análise espectral.
VFC como protocolo de avaliação física no futebol
Existem muitos métodos usados atualmente para monitorar o desempenho e/ou nível 
de fadiga dos atletas e suas respostas às cargas de treinamento. Nesse sentido, a VFC tem 
sido amplamente utilizada como uma ferramenta não invasiva e que economiza tempo para 
monitorar o estado de treinamento e as adaptações fisiológicas em indivíduos sedentários 
esportistas e atletas altamente treinados (GRANERO-GALLEGOS et al., 2020).
Em se tratando de desempenho físico, a VFC analisada no período prévio a um pro-
grama de treinamento apresentou relação positiva com o aumento no VO2máx após treina-
mento, em não atletas (HAUTALA et al., 2003), sugerindo que a VFC pode ser importante 
preditora do potencial de melhora da aptidão aeróbia. Portanto, pode-se sugerir que a VFC 
provavelmente esteja associada a melhoras no desempenho físico, pois existe relação entre 
testes de desempenho físico e VO2máx (BANGSBO et al., 2008).
Estudos evidenciaram também que a melhora na resistência aeróbia está associada 
positivamente com a modulação autonômica cardíaca de repouso (HAUTALA et al., 2003) 
e as mudanças dessa VFC em resposta ao treinamento físico (BOULLOSA et al., 2013). 
Índices parassimpáticos no DT e no DF, além de métodos não lineares da VFC, podem 
ser implementados de forma eficaz para orientar a prescrição da carga de treinamento 
(JAVALOYES et al., 2020).
De fato, Vesterinen et al. (2016) demonstrou que um protocolo de treinamento adapta-
do por medidas diárias de VFC proporcionou ganhos de desempenho superiores do que o 
treinamento periodizado tradicional em atletas de resistência. No programa de treinamento 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
80
individualizado aplicado neste estudo, os atletas apenas realizaram sessões de treinamento 
de alta intensidade durante os períodos em que a modulação vagal cardíaca estava dentro 
dos limites normais e/ou mais altos.
É importante salientar que atletas com maiores níveis parassimpáticos de VFC e ap-
tidão cardiorrespiratória são mais eficazes em realizar e suportar uma determinada carga 
de treinamento, com menores oscilações da VFC (NAKAMURA et al., 2016). Essas desco-
bertas levaram pesquisadores a defender a idéia da importância de manter altos níveis de 
atividade parassimpática cardíaca em atletas, afim de otimizar as adaptações relacionadas 
ao treinamento (VESTERINEN et al., 2016). Isso é especialmente verdadeiro quando se 
considera os valores drasticamente mais baixos da VFC encontrados em atletas com ex-
cesso de treinamento.
Outras investigações evidenciaram de forma similar uma associação entre os índi-
ces basais da VFC e a capacidade máxima de sprint, aceleração e capacidade de sprint 
repetido, além da capacidade aeróbia, em jovens jogadores de futebol (RODRÍGUEZ- 
FERNÁNDEZ et al., 2019).
Embora a literatura mostre uma tendência a uma maior modulação vagal cardíaca em 
atletas (PROIETTI et al., 2017), isso não é consenso (BOYETT et al., 2013). Essa contro-
vérsia não é surpreendente, pois é possível que momentos distintos de testes ao longo da 
temporada competitiva, ou diferenças entre modalidades esportivas ou ainda especializa-
ções dentro da mesma modalidade, possam ser a razão para essas discrepâncias. Nesse 
contexto, um cenário ideal seria a adoção de protocolo de triagem pré-participação de rotina 
em jogadores de futebol de elite, repetido consecutivamente, o que proporcionaria uma 
oportunidade única para entender o comportamento de algumas dessas variáveis.
Alternativamente, a análise da VFC no período noturno pode ser considerada uma fer-
ramenta mais adequada para o monitoramento do treinamento de futebol, uma vez que ela 
não é afetada por fatores como estresse emocional ou nível de hidratação que influenciam 
as avaliações de campo da VFC (BOULLOSA et al., 2012).
Os índices de VFC mais comumente usados em configurações esportivas são o desvio 
padrão dos intervalos RR (iRR) sucessivos (SDNN) do ECG, que são responsáveis pela 
modulação autonômica cardíaca global (ou seja, ramos simpáticos e parassimpáticos) e a 
diferença quadrada média de iRR normais sucessivos (RMSSD), que isola a modulação 
parassimpática no nodo sinusal. Além disso, as oscilações dos iRR nas bandas de baixa 
(Low Frequency - LF) e alta frequências (High Frequency - HF) também têm sido utilizadas 
para indicar as atividades predominantemente simpática e parassimpática no nodo sinusal, 
respectivamente (TASK FORCE, 1996).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
80 81
Recentemente, todavia, um estudo envolvendo jogadores de futebol profissional suge-
riu o uso de dois novos índices de VFC. Um deles é escore de estresse, que é uma função 
inversa do índice SD2 do Plot de Poincaré (método não linear da VFC), resultando em uma 
medida que é diretamente proporcional à atividade simpática. O outro é a relação simpático/ 
parassimpático, que avalia o equilíbrio entre os dois ramos do sistema autonômico cardíaco. 
Embora o significado fisiológico do escore de estresse e da relação simpático/ parassimpá-
tico precise ser esclarecido em investigações futuras, seu cálculo parece ser válido, pois a 
dinâmica não linear dos batimentos cardíacos apresenta relações fortes e coerentes com os 
índices de VFC no DT, com a vantagem de fornecerem um índice de modulação puramente 
simpática e um índice de equilíbrio simpático-vagal.
É reconhecido que a interpretação de qualquer índice de VFC não é direta, especial-
mente se considerarmos o comportamento caótico determinístico da dinâmica da frequência 
cardíaca sob interação simpato-vagal exacerbada. É importante notar que é extremamente 
difícil isolar completamente a modulação dosramos simpáticos ou parassimpáticos do SNA 
no nodo sinusal por meio dos índices da VFC. Todavia, uma associação clara entre a dimi-
nuição do índice SD2 e a estimulação simpática durante o exercício foi observada (DELA 
CRUZ TORRES et al., 2008) e utilizada para propor o escore de estresse. Mais importante, 
o bloqueio parassimpático sob baixa interação simpatovagal (através da administração de 
baixas doses de atropina), condição fisiológica comum em repouso, resultou em uma ate-
nuação progressiva linear do SD1 (índice mediado pelo vago) enquanto o SD2 permaneceu 
inalterado (TULPPO et al., 1996).
A taxa de recuperação da FC (RFC), ou seja, reativação vagal, é outra ferramenta de 
monitoramento simples e interessante que também pode identificar adaptações autonômicas 
cardíacas associadas ao treinamento físico. Especificamente, uma RFC mais rápida (10-20s) 
foi considerada indicativa de adaptações autonômicas específicas para atletas de espor-
tes intermitentes, provavelmente como resultado da recuperação limitada (<30 s) entre os 
esforços, com uma RFC mais rápida observada em jovens jogadores de futebol com maior 
capacidade aeróbia (OSTOJIC et al., 2011).
Enquanto as avaliações laboratoriais e de campo tradicionais têm sido realizadas em 
atletas (Kalapotharakos et al.,2011), jogos curtos (ʻʻsmall-sided gamesʼʼ) têm sido frequen-
temente usados por treinadores para melhorar simultaneamente as capacidades físicas e 
técnicas dos jogadores, reproduzindo assim atividades de jogos intermitentes em um am-
biente bem controlado (MASCARIN et al., 2018).
Assim, pode ser sugerido que as adaptações autonômicas cardíacas de treinamento 
em jogadores de futebol possam ser refletidas por uma RFC mais rápida (ultracurta) regis-
trada entre esforços durante jogos curtos, uma condição de exercício mais específica do que 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
82
as avaliações tradicionais (MUÑOZ-LÓPEZ et al., 2020). Os resultados de Boullosa et al. 
(2013) apoiam a adequação e praticidade tanto da análise da VFC noturna quanto da RFC 
ultracurta para avaliação das adaptações autonômicas em jogadores de futebol profissional, 
apesar das melhorias pouco claras em parâmetros específicos de desempenho de campo.
Dados recentes do nosso grupo de pesquisa (dados ainda não publicados) demonstra-
ram que jogadores de futebol de campo amador que jogam na posição “lateral” apresentaram 
uma maior modulação parassimpática cardíaca de repouso (avaliada pelos métodos lineares 
e não lineares da VFC) em comparação aos demais jogadores que jogam em diferentes 
posições táticas. Observamos também que esse mesmo grupo de jogadores (laterais) obti-
veram melhores resultados nos testes de performance física (distância percorrida e VO2máx) 
após a realização de um teste de esforço físico (Yo-Yo teste de recuperação intermitente 
2). Em adição, mostramos uma correlação significativa entre os índices da VFC que avaliam 
a modulação parassimpática cardíaca e a performance atlética.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As respostas fisiológicas ao treinamento físico em atletas jogadores de futebol geral-
mente dependem do tipo de treinamento realizado ao longo da temporada. A quantificação 
da carga de treinamento é comumente baseada em indicadores de intensidade de esforço 
externo (distância, potência, repetições, etc.), bem como internos (consumo de oxigênio, FC, 
lactato sanguíneo, índice de esforço percebido, etc.), que possibilita a análise do esforço 
físico dos atletas.
A VFC estudada em repouso, durante o exercício e no período de recuperação após 
o exercício, evidencia que a atividade autonômica do coração em repouso tem sido parti-
cularmente interessante para abordar as cargas de treinamento físico. Por outro lado, uma 
diminuição nos índices vagais da VFC é comumente interpretada como indicadores de estar 
aquém da condição física, fadiga crônica ou supertreinamento.
Assim, é possível afirmar que jogadores com maior modulação autonômica cardíaca 
(principalmente com maior atividade vagal) demonstram maiores capacidades físicas. Dessa 
forma, informações sobre o SNA dos atletas obtidas a partir da análise da VFC podem ser 
úteis e servir de parâmetro para fisiologistas e treinadores criarem estratégias de indivi-
dualização de cargas de treinamento e tentar minimizar as diferenças interindividuais entre 
modulação autonômica e desempenho físico, além de proporcionar conhecimento para a 
prevenção de lesões musculoesqueléticas.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
82 83
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06
Lombalgia no atleta de futebol
Anderson Alves Dias
UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Paulo Sérgio Machado Rodrigues
Uberaba Sport Club
Luis Fernando de Faria
UNIUBE - Universidade de Uberaba
José Martins Juliano Eustaquio
UNIUBE - Universidade de Uberaba
10.37885/210705520
https://dx.doi.org/10.37885/210705520
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
86
Palavras-chave: Dor Lombar, Futebol, Medicina Esportiva.
RESUMO
A dor lombar é um sintoma de causa multifatorial e que afeta um grande público de 
atletas de futebol. Fatores como a dinâmica do esporte, os desequilíbrios de força e de 
ativação muscular, os traumas musculoesqueléticos, dentre outros, estão relacionados 
ao seu surgimento. A grande maioria dos casos é de causa inespecífica, de prognóstico 
excelente e sem a necessidade de investigação diagnóstica. Porém, os quadros de dores 
recidivantes ou associados a sinais de alarme, demandam a realização de exames de 
imagem complementares. Cada vez mais são estimulados os exercícios que preconizam 
a estabilização do segmento do tronco, comuns em todos os protocolos de prevenção 
de lesões no futebol.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
86 87
INTRODUÇÃO
A lombalgia é uma das principais causas que levam à incapacidade física em atletas. 
Ela caracteriza-se por ser mais um sintoma do que uma doença e pode estar relacionado a 
uma série de patologias, porém o motivo mais comum é a dor lombar inespecífica (MAHER 
et al., 2017). Na população geral, aproximadamente 85% apresentará dor lombar em algum 
momento da vida (HOY et al., 2012). No futebol, em torno de 10 a 15% das lesões nos atle-
tas ocorrem na coluna vertebral, o que leva a prejuízos na performance física e, no caso do 
futebol profissional, também econômico (PFIRRMANN et al., 2016).
Não há uma relação isolada de causalidade entre o surgimento da dor lombar e a prá-
tica do futebol. Contudo, percebe-se que, no futebol profissional, com o objetivo de atingir 
elevados níveis de competição com treinos de alta intensidade, pode haver sobrecarga de 
estruturas anatômicas e aumento do risco de lesões musculoesqueléticas na coluna vertebral. 
Além disso, a prática desse esporte sem o devido treinamento regular aumenta a incidência 
de dor lombar, fato comumente observado nos jogadores amadores (LINEK et al., 2020).
A coluna lombar é um importante segmento de equilíbrio e estabilização corporal, tanto 
nas atividades estáticas quanto dinâmicas. Além disso, devido à presença da musculatura 
biarticular inserida na coluna vertebral, participa de forma ativa dos movimentos pliométricos 
e rotacionais, que são constantes na prática do futebol. Desta forma, qualquer lesão na co-
luna pode desestabilizar a dinâmica postural do atleta (RUHE et al., 2011). Esse segmento 
pode sofrer também as consequências de alterações biomecânicas em outras articulações 
dos membros inferiores, como devido a uma instabilidade dos quadris (TOJIMA et al., 2020).
O objetivo desse capítulo foi descrever as principais lesões da coluna vertebral obser-
vadas nos atletas de futebol e descrever os princípios de prevenção dessas lesões.
DESENVOLVIMENTO
As causas de lombalgia no atleta de futebol são múltiplas e a equipe médica deve fazer 
uma correta avaliação semiológica para se chegar a um diagnóstico correto.
Dados epidemiológicos e clínicos como idade, sexo, antecedentes pessoais, comor-
bidades e fatores de melhora e piora da dor são aspectos essenciais que devem ser pes-
quisados durante a avaliação.
A maioria dos quadros de dor lombar no atleta de futebol não apresenta uma causa pa-
tológica definida, sem definições através do exame físico e dos exames de imagem. Nesses 
casos, o diagnóstico de dor lombar inespecífica, geralmente de causa muscular, deve ser 
considerado, e eles evoluem de forma satisfatória, com melhora completa em poucos dias.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
88
Porém, outras patologias condicionam dor lombar persistente e comprometem a par-
ticipação nas atividades esportivas. Nesses casos resistentes ao tratamento conservador 
inicial, ou relacionados a sinais de alarme como trauma, emagrecimento sem causa justi-
ficada, febre, uso crônicos de corticóides, dentre outros, são necessários exames de ima-
gem complementares.
Principais causas de dor lombar nos atletas de futebol
1. Espondilólise
A espondilólise é definida com um defeito da pars articularis e pode estar associada 
à espondilolistese (deslizamento anterior do corpo vertebral sobre a vértebra adjacente). 
Ocorre em torno de 85% dos casos ao nível de L5. Existe uma correlação da presença do 
defeito com movimentos repetitivos da coluna lombar, o que pode levar a fraturas por stress 
na pars articularis. O defeito pode ser unilateral ou bilateral.
Na maioria dos casos é assintomática. Entretanto, a forma sintomática pode apresentar 
evolução gradual da dor e ser exacerbada por movimentos de hiperextensão combinado a 
rotação da coluna lombar como, por exemplo, em movimento no ar para cabecear a bola. 
Pode surgir também após um trauma durante a partida e pode permanecer sintomática mes-
mo no repouso. Geralmente a dor é lombar, mas pode eventualmente apresentar irradiação 
para membros inferiores, associado a parestesia.
Quando a dor lombar persiste por mais de 03 a 04 semanas, deve ser investigada por 
exames de imagens. A propedêudica diagnóstica é iniciada com a realização de radiografias 
nas incidências anteroposterior, perfil da coluna lombar e oblíquas. Nessa última incidên-
cia, pode ser identificado o defeito na pars articularis através do sinal do colar do cachorro 
de Le Chapelle (Figura 1). Entretanto, apenas um terço das lesões podem ser diagnostica-
das com radiografias simples. O complemento da investigação é feito através da tomografia 
computadorizada da coluna lombar.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
88 89
Figura 1. Radiografia em incidência oblíqua da coluna lombar,no qual são observados a imagem do cachorro de Le 
Chapelle e a fratura da pars articularis.
Fonte: Próprio autor.
Para identificação do tempo de lesão (aguda ou crônica), a cintilografia óssea torna-se 
um exame importante. A ressonância nuclear magnética da coluna lombar é outra alternativa 
para o diagnóstico, além de permitir analisar com maior acurácia o acometimento neural.
O tratamento geralmente é conservador. Atividades que envolvam extensão da coluna 
lombar devem ser evitadas. É preconizado o início precoce de fortalecimento da musculatura 
estabilizadora da coluna. Para os atletas com sintomas recidivantes, orienta-se o uso de 
colete durante tempo máximo de 12 semanas, de acordo com a evolução do quadro clínico.
O retorno à atividade esportiva deve ser gradual e assistida, assim que o atleta estiver 
assintomático. A indicação cirúrgica nas espondilólises associadas a espondilolisteses ocorre 
apenas quando há falha de tratamento, que ocorre geralmente nas listeses de alto grau.
2. Síndrome facetária
Nos atletas submetidos a movimentos de extensão da coluna combinados a rotação, 
assim como a movimentos explosivos como corrida, há uma maior incidência de sobrecar-
ga dos elementos posteriores, com destaque para as facetas articulares, desencadeando 
a chamada Síndrome Facetária. Depois da espondilólise, é a causa mais comum de lom-
balgia no atleta.
Os sintomas são muito parecidos com a da espondilólise sintomática. A contratura da 
musculatura profunda da coluna pode estar presente e os exames de imagem geralmente 
não mostram alterações significativas, a não ser por alterações inflamatórias nas facetas, 
nos casos mais sintomáticos.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
90
O tratamento pode ser realizado com repouso relativo e realização de exercícios leves, 
evitando movimentos de rotação e extensão da coluna. O uso de crioterapia e anti-inflama-
tório pode ser aplicado na fase aguda da dor. Em casos refratários ao tratamento, podem 
ser realizados bloqueios terapêuticos anestésicos facetários. Os programas de reabilitação 
devem ser iniciados o mais precoce possível com fortalecimento da musculatura abdominal, 
exercícios antilordóticos e alongamento da cadeia muscular posterior dos membros inferiores.
3. Degeneração Discal e Hérnia discal
A degeneração discal ocorre com elevada frequência em atletas jovens de alta perfor-
mance. As alterações degenerativas são influenciadas pelo tipo de intensidade do esporte, 
que condicionam cargas compressivas de graus variáveis ao nível da coluna lombar. Apesar 
da alta frequência nos atletas, essas alterações não necessariamente representam queixas 
ou sintomas de lombalgia.
A sua incidência, bem como a sintomatologia, aumenta com a idade. O quadro clínico 
caracteriza-se por dor mecânica com contratura muscular. Geralmente a dor piora com a 
flexão da coluna lombar e melhora com a extensão. Além disso, pode haver irradiação para 
membros inferiores, de acordo com a raiz neural irritada pelo processo herniário.
Os níveis mais acometidos são L4/L5 e L5/S1. O diagnóstico é feito através da inves-
tigação radiológica, sendo que a radiografia em perfil pode revelar estreitamento do espaço 
intervertebral e da abertura foraminal. O padrão ouro para o diagnóstico é a ressonância 
nuclear magnética, que é capaz de identificar processos degenerativos discais com desi-
dratação e herniações.
O tratamento da lombalgia associada a degeneração discal é em sua grande maioria 
conservadora. A interrupção do processo causador da dor deve ocorrer na fase inicial, atra-
vés de repouso relativo seguido de programas específicos de reabilitação, com objetivo de 
evitar a recorrência da dor. O uso de analgésicos e anti-inflamatórios na fase aguda da dor 
é indicado. Nos casos de recorrência da dor, podem ser realizados bloqueios terapêuticos 
de dor com infiltração de anestésico, analgésicos e anti- inflamatórios próximo à raiz irritada 
pelo processo degenerativo/herniário. O tratamento cirúrgico é indicado apenas na falha do 
tratamento conservador ou nos casos em que há alteração neurológica, sendo a microdis-
cectomia o padrão ouro para o tratamento.
4. Lesões na articulação sacroilíaca
A articulação sacroilíaca pode ter sua biomecânica alterada devido às doenças da co-
luna lombar. Esse segmento representa uma região importante para o movimento do corpo, 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
90 91
pois age como fulcro da força entre o tronco e os membros inferiores. As principais causas 
de dor na articulação sacroilíaca estão listadas na Tabela 1.
Tabela 1. Principais causa de acometimento da articulação sacroilíaca.
Causas de acometimento da articulação sacroilíaca
Infecção
Sindrome de Reiter
Doença de Crohn
Artrite psoriática
Espondilite anquilosante
Fratura por estresse do sacro
O quadro clínico de lesão na sacroilíaca geralmente inicia-se com dores lombar e 
em topografia dos glúteos, de caráter insidioso e progressivo, e que apresenta piora à ex-
tensão da coluna.
Ao exame clínico, podem apresentar testes de Trendelenburg, Faber e Gaeslen po-
sitivos, além de dor à palpação da articulação sacroilíaca. A avaliação radiológica pode 
ser realizada através de tomografia ou cintilografia para avaliação de fratura por estres-
se. Em casos de suspeita de infecção e/ou doença reumatológica, a avaliação laboratorial 
com exames de velocidade de hemossedimentação (VHS), fator reumatóide (FR), reação 
em cadeia da polimerase (PCR), fator antinuclear (FAN) e antígeno leucocitário humando 
B-27 (HLA-B27) deve ser realizada.
Para o tratamento, as atividades que causam dor devem ser interrompidas temporaria-
mente e reiniciadas de forma gradual e progressiva. O tratamento inicial deve incluir criote-
rapia e anti-inflamatórios não esteroidais, além de fisioterapia. Exercícios de estabilização 
da pelve e de fortalecimento abdominal devem ser encorajados.
5. Fraturas das placas terminais
Em casos de movimentos de flexão e extensão de forma repetitivas e bruscas, podem 
ocorrer lesões das placas terminais. O quadro clínico geralmente é caracterizado por dor 
lombar com retificação da lordose e contratura muscular.
No exame de imagem pode ser observados avulsões da região apofisária da vértebra, 
em topografia anterossuperior do corpo vertebral na radiografia em perfil. Na ressonância 
nuclear magnética pode ser observado processo inflamatório em topografia da placa terminal 
e nódulo de Schorml.
O tratamento inicial inclui o uso de anti-inflamatórios associados a analgesia e exercí-
cios de estabilização do core abdominal.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
92
 – Prevenção da dor lombar no futebol
Para prevenção das lesões da coluna no futebol, o atleta deve passar por avaliação 
criteriosa para identificação de fatores de risco para lesões e outras doenças musculoes-
queléticas que não tenham sido completamente reabilitadas. Sabe-se, por exemplo, que 
atletas de futebol com dor lombar apresentam maior fraqueza isocinética da musculatura 
do tronco (HO et al., 2005). Fatores semelhantes a esse devem ser avaliados e corrigidos, 
de forma preventiva e terapêutica.
Nos atletas de uma forma geral, com foco nos da base, a frequência e a intensidade da 
atividade física devem ser monitoradas com atenção, principalmente devido à especialização 
cada vez mais precoce e a sua consequente sobrecarga musculoesquelética.
No futebol, observa-se uma preocupação crescente na necessidade de se diminuir a 
incidência de lesões, devido aos prejuízos técnicos e financeiros envolvidos nessa situação. 
Por isso, foram criados diferentes protocolos de prevenção de lesões, todos focados na 
estabilização neuromuscular dos segmentos lombopélvico e quadris (CORE). Atualmente, 
o treinamento isocinético do tronco ganhou destaque como medida de prevenção da dor 
lombar em jogadores de futebol (NAMBI et al., 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dor lombar é um sintomacomum na população de jogadores de futebol, principal-
mente pelos movimentos pliométricos e rotacionais exercidos pelos atletas e por outros 
desbalanços biomecânicos existentes nessa população. Apesar de apresentar causa multi-
fatorial, esse sintoma pode ser controlado através da adoção de protocolos de prevenção de 
lesões, com foco no segmento do CORE e também na execução de treinamento isocinético 
da musculatura do tronco.
REFERÊNCIAS
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physical activity and inactivity with low back pain in adolescents. Scandinavian Journal of 
Medicine & Science in Sports, v.18, p.188-194, 2008.
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muscle strength of the trunk and bilateral knees in young subjects with lumbar disc herniation. 
Spine, v.30, p.528-33, 2005.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
92 93
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back pain: A prospective cohort study. J Sport Health Sci, v.9, n.6, p.614-619, 2020.
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10. RUHE, A.; FEJER, R.; WALKER, B. Is there a relationship between pain intensity and postural 
sway in patients with non-specific low back pain? BMC Musculoskelet Disord, v.12, 2011.
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During Kicking in Adolescent Soccer Players. Open Access J Sports Med, v.7, n.11, p.133-
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in Male Soccer Players: Systematic Review of the Literature and Risk Considerations for Each 
Playing Position. American journal of orthopedics, v.47, n.10, 2018.
07
Futebol baseado em evidências: 
desafios e perspectivas da ciência 
do esporte no Brasil
Cristiano Diniz da Silva
UFJF - Campus Governador Valadares
João Gustavo Claudino
LOAD CONTROL
Emerson Silami Garcia
UFMG
10.37885/210705542
https://dx.doi.org/10.37885/210705542
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
95
Palavras-chave: Futebol, Prática Baseada em Evidências, Pesquisa Transdisciplinar, 
Cooperação Técnica, Instituições, Medicina do Esporte.
RESUMO
Objetivo: identificar os principais motivos da aplicação incipiente da ciência no fute-
bol. Da mesma forma, apontar as principais barreiras no processo de produção e trans-
ferência de conhecimento, debatendo gargalos de implementação. Por fim, apresentar 
um modelo conceitual e recomendações que possam colaborar com a superação desses 
desafios e lacunas (“gaps”), trazendo perspectivas para o aprimoramento do futebol 
brasileiro. Métodos: adotou-se uma “revisão narrativa da literatura”, de modo a obter 
uma síntese sobre o tema. Resultados: 15 trabalhos foram considerados para leitura e 
análise. Restrições de tempo e acesso à literatura científica, (pré-)julgamento de que a 
maioria das investigações não são aplicáveis, não consideração da real complexidade do 
esporte e divergências sobre o real interesse do corpo de treinadores são os principais 
“gaps” apontados. Outros “gaps” que repercutem são: ineficiência da comunicação cien-
tífica atual, ausência de provas de eficácia pós implementação ou ausência de eventos 
mais específicos para treinadores de elite. Propusemos um modelo conceitual para o 
desenvolvimento da ciência do futebol brasileiro a partir desses “gaps”, integrando a “pes-
quisa-aplicação” com a abordagem transdisciplinar em cooperação mútua institucional 
(universidades/empresas/clubes/federações/confederações), bem como formas mais 
efetivas para transferência do conhecimento, implementação e retroalimentação proces-
sual. Considerações finais: no futebol de alto rendimento ainda existem dogmatismos, 
preconceitos, teoricismos e praticismos que precisam ser superados. Esperamos que o 
modelo conceitual proposto possa servir de reflexão e diminuição das divergências entre 
ciência e mundo real. Aumentar a cientificidade do futebol brasileiro poderá trazer vanta-
gens competitivas, melhora da treinabilidade e manejo da saúde do atleta, performance 
e desenvolvimento de todo o ecossistema na indústria do esporte.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
96
INTRODUÇÃO
A Ciência do Esporte1 e a Ciência do Futebol2 estão em constante evolução. À medida 
que novas pesquisas surgem e as experiências ampliam o nosso conhecimento, novas des-
cobertas ou condições hipotéticas se apresentam. A partir da busca de suporte, orientação 
e transferência de conhecimento, novos encaminhamentos para a resolução de proble-
mas de forma eficaz podem ser experimentados. Da mesma maneira, a chamada pesquisa 
tecnológica, através da inovação, introdução e melhoria dos processos realizados pelos 
Departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) das maiores empresas de tecnologia 
do mundo, também tem ampliado as intervenções aplicadas no esporte (MCCALL et al., 
2016). Esse movimento tem provocado mudanças significativas no corpo de conhecimen-
to do futebol. Consequentemente, mudanças céleres no ambiente e na forma de trabalho 
dos pesquisadores, treinadores, fisiologistas, fisioterapeutas, biomecânicos, analistas de 
desempenho, bem como do pessoal relacionado ao departamento médico dos clubes, são 
também observadas.
Devido ao ambiente de trabalho totalmente moldado na geração de vantagem competi-
tiva e por modi operandi com movimentos rápidos (FUSS; SUBIC; MEHTA, 2008; RAMÍREZ-
LÓPEZ et al., 2020), os profissionais do esporte são desafiados para a vanguarda e, assim, 
deveriam atentar-se mais para o que a ciência do esporte tem a oferecer e para o que nós, 
pesquisadores, estamos tentando descobrir, confirmar, sumarizar e comunicar. Tal disso-
nância entre o cenário atual de cientificidade e os códigos próprios da intervenção prática 
profissional pode ser notada quando os próprios treinadores pronunciam que os cientistas 
do esporte e suas publicações têm pouca presença na rotina cotidiana deles, e consideram, 
ainda, que a opinião desses estudiosos e seus achados são considerados uma fonte pouco 
provável de informação para solução de seus problemas (READE; RODGERS; HALL, 2008). 
Portanto, não basta somente desenvolver a Ciência do Futebol e torcer para que os acha-
dos das pesquisas cheguem naturalmente ao campo prático, sem o esforço para que esta 
investigação esteja vinculada a um real problema prático ou àquilo que tem transferência ou 
aderência à implementação no mundo real. Além do mais, esse papel de integrar a pesquisa 
aplicada à prática no futebol ganha contextosmaiores de complexidade ao se projetar este 
1 Ciência do esporte abrange diversas áreas do conhecimento que visam a entender e otimizar o desempenho esportivo, utilizando o 
conhecimento científico e considerando a melhor evidência disponível (VIVEIROS et al., 2015, p. 163).
2 O estudo científico do futebol tem origem nas primeiras pesquisas iniciadas na década de 1960 e concluídas na década de 1970. 
Para Bjorn Ekblom, a assim nomeada “ciência do futebol” (football Science, em inglês) é uma área relativamente nova (40 anos). Sua 
caracterização se dá em virtude da junção de vários campos do conhecimento científico que compõem o conjunto de saberes contri-
butivos ao desenvolvimento do futebol em particular. Mais detalhamento em: EKBLOM, B. Editorial. Revista Brasileira de Futebol. 
Viçosa, v. 1, n. 1, p. 1-2, 2008.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
96 97
esporte no futuro. Por exemplo, o jogo no alto rendimento está em constante evolução e, 
recentemente, tem sido notada uma série de mudanças mais substanciais no seu estilo, na 
sua ritmicidade e na ordem sistêmica, requerendo diferentes padrões técnicos e físicos, o 
que pode modificar o padrão descritivo das demandas psicofisiológicas, motoras e etiológico 
de lesões (NASSIS et al., 2020). Futuras mudanças em regras lançam um cenário ainda 
mais desafiador. Consequentemente, esse cenário atual, e principalmente, o que se aproxi-
ma, demanda novas e atualizadas referências para uma tomada de decisão mais assertiva 
frente à orientação dos processos de treinamento, de recuperação e de intervenção dentro 
da concepção holística, sendo essa premissa também válida nos campos investigativos 
(MCCALL, 2021). Assim, o entendimento crítico das informações que se acumulam e a 
utilização da “prática baseada em evidências”3 em detrimento do empirismo no esporte de 
alto rendimento estará ainda mais em voga no futuro próximo. Tal medida orientadora dos 
trabalhos para o movimento de “prática baseada em evidências” será fundamental para uma 
melhor programação de treino, redução dos erros e das divergências de carga de treinamento 
(i.e., interna x externa) e manejo do risco de lesões, por exemplo (COUTTS, 2017). Outras 
diversas gerações de vantagens competitivas poderiam ser citadas pelas inúmeras métricas 
manejadas no dia a dia dos treinamentos e competições. Porém, para muitos, há ainda um 
grande “gap” na implementação de prevenção de lesões, por exemplo, sugerindo que nessa 
área ainda é necessária muita investigação (OWOEYE et al. 2020; FINCH; DONALDSON, 
2015). Esses e outros inúmeros motivos reforçam a necessidade de rediscutir problemas 
relacionados a carências dos próprios processos investigativos, transferência de conheci-
mentos e dinamicidade contextual e evolutiva dos esportes.
O contexto não linear e caótico do jogo (ARRIAZA-ARDILES et al., 2018), de alta exi-
gência psicofisiológica (DELLAL et al., 2012; DJAOUI et al., 2014) modulada por diferentes 
contextos situacionais (AQUINO et al., 2018), constante evolução (NASSIS et al., 2020) e 
perspectivas apontando para mudança de regras (RIBEIRO et al., 2020) – por exemplo, 
maior número de substituições em uso nesse momento pandêmico da COVID-194 – evi-
dencia a necessidade de atuação multidisciplinar, usando a premissa transformacional da 
“pesquisa-aplicação” neste esporte. Assim, justifica-se debater os modelos conceituais de 
3 A “prática baseada em evidências” é uma abordagem originalmente utilizada na medicina desde os anos de 1990 em muitos países, 
como EUA, Canadá e Reino Unido, que, ajustada ao contexto do esporte, poderia ser descrita como a “integração de conhecimentos 
técnicos, valores esportivos, e as melhores provas de investigação relevantes, balizando o processo de tomadas de decisão para a 
prestação de serviços diários aos atletas” (COUTTS, 2017).
4 A COVID-19 (do inglês: Coronavirus Disease 2019) é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, 
potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. Só no Brasil esta doença infectou mais 18 milhões de 
pessoas, causando mais de meio milhão de mortes até a data de redação deste capítulo. Para mais informações, consultar: https://
www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
98
investigação científica e como ocorre (e deveria ocorrer) a transferência de conhecimento 
no futebol, tendo como objetivo a superação de barreiras (muitas delas pelo teoricismo e 
praticismo) e melhorias dos processos de intervenção. Do ponto de vista prático, discutir 
este tema relevante poderia lançar premissas que levariam a uma melhor preparação de 
todos os profissionais do ecossistema do futebol e daqueles envolvidos com a produção de 
conhecimento e de desenvolvimento tecnológico de suporte.
Além de entender essa conjuntura transformacional demandada no futebol brasileiro 
e seu seguimento futuro, a compreensão do atual estágio de cientificidade implementado e 
dos desafios para sua ampliação é condição mínima para que consigamos acompanhar as 
principais escolas futebolística do mundo. Entendemos, ainda, que aceitar a realidade atual 
sobre a existência do “gap” entre ciência e prática, com nossas peculiaridades brasileiras, 
e debater as perspectivas para que esta superação ocorra é fundamental para que o co-
nhecimento científico desenvolvido nas universidades gere vantagem e oriente tomadas de 
decisão no dia a dia do profissional do futebol que está no campo (NASSIS, 2017). Do mes-
mo modo, apresentar alternativas desde a concepção do problema investigativo, refletindo 
as necessidades investigativas práticas até o fluxo de como resolvê-la cientificamente, e 
comunicar o conhecimento gerado poderiam tornar a implementação da abordagem “prática 
baseada em evidência” mais efetiva. Portanto, esperamos que a proposição de um modelo 
conceitual possa colaborar para o efetivo desenvolvimento do futebol brasileiro. Da mesma 
forma, que possa auxiliar na reflexão de caminhos para a superação das divergências en-
tre teoricismo e praticismo e no lançamento de perspectivas futuras sobre o futebol e seu 
contexto de cientificidade. É um debate relevante e de interesse para aqueles profissionais 
relacionados às diferentes atuações profissionais no futebol.
OBJETIVO
Analisar o contexto atual de cientificidade no futebol e identificar as principais bar-
reiras no processo de produção e transferência de conhecimento para a prática profissio-
nal. Da mesma forma, debater modelos conceituais propostos na literatura que discutiram 
“gaps” entre ciência e sua aplicabilidade. Por fim, apresentar um modelo conceitual mais 
funcional das relações entre os interessados no processo, perspectivando o desenvolvimento 
da ciência do futebol no contexto brasileiro.
MÉTODOS
Para o desenvolvimento deste estudo foi adotada uma estratégia metodológica do tipo 
“revisão da literatura narrativa”, também denominada de “tradicional”, visando a apurar o 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
98 99
estado atual de conhecimento, prioridades e limitações, e apontar direções na visão pessoal 
do autor (SOUSA et al., 2018). Na sua execução, foram compreendidas quatro etapas: i) 
pesquisa (procura e seleção dos estudos); ii) avaliação, iii) síntese e iv) análise. Adotou-se 
na etapa de pesquisa uma seleção de literatura por conveniência de avaliação para inclusão 
de estudos por vinculação ao tema investigado. Usou-se como palavras-chaves os termos 
knowledgetranslation OR translationa research AND evidence-based practice OR practi-
ce-based evidence AND Sport conduzidas por motores de buscas nas bases eletrônicas 
PubMed/MEDLINE e Google Acadêmico. Quando oportuno, as referências citadas nos 
trabalhos recuperados também apontaram para a identificação de novas fontes. As leituras 
e triagens foram direcionadas para os estudos de revisão, surveys, editoriaisou ponto de 
vista identificados com a pertinência para o nosso objetivo. Portanto, o manuscrito deveria 
trazer à luz o debate sobre o cenário atual de cientificidade na prática profissional no espor-
te, trazendo orientações para a consolidação do suporte científico e a adoção de “práticas 
baseadas em evidências”, e debatendo o contexto de produção de conhecimento e sua 
transferência-aplicação. Após essas etapas, houve a proposição de um modelo conceitual 
espelhando recorrentes recomendações para a superação de “gaps” e integrando outras no-
vas, a fim de colaborar para a mudança de status quo do cenário de cientificidade do futebol.
RESULTADOS
Notou-se, nos últimos cinco anos, principalmente, uma série de artigos recomendando a 
necessidade de rediscutir os modelos conceituais atuais de pesquisa-aplicação em Ciência do 
Esporte que repercuta também em desdobramentos para a Ciência do Futebol. Compilando 
os resultados das buscas, retemos 15 trabalhos para síntese e análise (Quadro 1).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
100
Quadro 1. Estudos considerados em revisão e seus principais apontamentos.
Estudos Principais apontamentos
Bishop (2008)
Apresenta uma proposição de “Modelo de Investigação Aplicada para as 
Ciências do Esporte” contendo oito etapas: (i) definição do problema; (ii) in-
vestigação descritiva; (iii) preditores de desempenho; (iv) testes experimen-
tais de preditores; (v) determinantes de preditores-chave de desempenho; 
(vi) estudos de eficácia; (vii) exame de barreiras à aceitação; e (viii) estudos 
de implementação num contexto desportivo real. O modelo proposto exige, 
portanto, uma mudança fundamental na forma como pensam muitos cien-
tistas do esporte sobre o processo de investigação.
Reade, Rodgers e Hall (2008)
A partir da percepção de treinadores, foi observada a existência de lacu-
nas entre o que os treinadores procuram e aquilo que a investigação tem 
oferecido, especialmente na área das táticas e estratégias. Os treinadores 
adotam consultas a seus pares para a tomada de decisão e orientação ou 
buscam conferências e eventos específicos para obter novas informações. 
Os cientistas esportivos e as suas publicações foram classificadas como im-
provável fonte de informação.
Welch et al. (2014)
Os profissionais da prática percebem que certas estratégias utilizadas du-
rante todo o treino atlético poderiam melhorar a inclusão de conceitos 
das “práticas baseadas em evidências”. Para eles, ainda, os pesquisadores 
devem continuar a identificar intervenções educativas eficazes para os trei-
nadores atléticos e determinar encaminhamentos para estratégias mais 
bem-sucedidas. Currículos didáticos com ênfase na proposição de “prática 
baseadas em evidências” precisam ser colocados nas estratégias de forma-
ção de treinadores.
Verhagen et al. (2014)
Apresenta as principais barreiras (gaps) a partir da percepção de treinado-
res. As estratégias para remover as barreiras poderiam incluir a gratificação 
de cientistas que realizassem uma transferência bem-sucedida dos seus 
conhecimentos para a prática através da comunicação direta com os trei-
nadores.
Mccall et al. (2016)
É sugerido que a proposição “working-fast” dos treinadores (em busca de 
decisores-chave do tipo “sim e não”; sendo tarefa do pensamento rápido 
e intuitivo profissional que opera “no terreno” num ritmo frenético) de-
veria interagir com o “working-slow” da equipe pesquisadora (que opera 
nos bastidores das tarefas). Assim, fomentar pesquisa e desenvolvimento 
(P&D) é essencial, assim como a efetiva comunicação a partir de um grupo 
de gestão.
Buchheit (2017)
O desenvolvimento de “práticas baseadas em evidências” envolve mui-
tos intervenientes-chave e segue frequentemente um processo iterativo, 
incluindo: identificação de questões de investigação relevantes; avaliação 
crítica das evidências para a sua validade, impacto e aplicabilidade; desen-
volvimento de estratégias para implementar as melhores evidências dispo-
níveis na prática contemporânea; avaliação da eficácia da nova prática nos 
atletas. Coloca em sugestão a submissão de papers mais relevantes e que 
isso deveria ser uma diretriz editorial.
Ross, Gupta e Sanders (2018)
Para encontrar a solução certa, na medida certa, específica (e frequente-
mente única), todos os envolvidos na produção e conhecimento são desa-
fiados para exposição de habilidades em “arte” da aplicação. A manutenção 
de status quo, por experiências vitoriosas do passado, pode ser um risco 
de oportunidade para se atingir o novo patamar de performance ao não 
reconhecer os benefícios da mistura da inovação e conhecimentos novos 
ou transferíveis.
Ardern et al. (2019)
Embora a quantidade de artigos que estão para ser publicados tenda a au-
mentar, existe, ainda, uma grande lacuna para o profissional, gerando ruído 
na quantidade de informação e naquilo que seria realmente útil. Discute 
os três passos fundamentais para a efetiva utilização de evidências para a 
tomada de decisão de qualidade na prática (pesquisa e acessa; interpreta e 
combina com uso prático-contextual).
Fullagar et al. (2019)
Apresenta a revisão sobre pontos teóricos da percepção dos treinadores 
em reconhecer a predominância de seus conhecimentos sobre aspectos 
táticos e técnicos que estão em oposição às linhas investigativas predomi-
nantes (aptidão física e recuperação). As principais barreiras apontadas na 
visão dos treinadores são o tempo curto e questões de investigação que 
podem não ser aplicadas ao cenário prático. Maior enfoque na educação/
exposição científica dos treinadores em ambientes acadêmicos pode bene-
ficiar a capacitação dos estudantes (isto é, futuros profissionais).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
100 101
Estudos Principais apontamentos
Jones et al. (2019)
Apresenta um modelo com nove passos para conduzir procedimentos in-
vestigativos com maior aplicabilidade prática. O modelo é ancorado na 
necessidade de constante apreciação do contexto, adequação e/ou impor-
tância da(s) questão(ões) de investigação para poder realizar a integração 
bem-sucedida de investigação na prática. Há proposição de integração de 
clubes desportivos profissionais, órgãos diretivos e escolas para ajudar a 
integrar a investigação e prática. Faz apontamentos do processo de forma-
ção do cientista do esporte na perspectiva do “pesquisador-praticante” e 
diz que mudanças deveriam ocorrer no processo de sua formação a fim 
de permitir mais vivências em ambos os ambientes. Traz a perspectiva de 
bolsas de estudos em nível de pós-doutoramento.
Bartlett e Drust (2020)
Propõe um modelo de formação de cientistas do esporte baseado na prá-
tica com o objetivo de desenvolver o processo de transferência de conhe-
cimento e entrega de desempenho de cientistas do esporte que trabalham 
no alto rendimento. Traz importantes reflexões para a condução de projetos 
de pós-graduação em ciências do esporte com perspectivas para o incentivo 
maior ao investigador-prático com desdobramentos para seu efetivo papel.
Woods et al. (2020)
É sugerido que a reunião de conhecimentos traduzíveis para a prática em 
diálogo com a transdisciplinaridade permitiria aos pesquisadores e profis-
sionais “cacem” novas ideias. Para eles, as ciências do esporte precisam 
encontrar regiões desconhecidas. É sugerido um modelo partindo da abs-
tração de comportamento humano para a visão de “caçador-coletor” de 
ideias, que baseia a descoberta de caminhos para orientar a inovação.
Owoeye, Rauvola e Brownson (2020)
A investigação translacional do mundo real orientada por teorias é neces-
sária para complementar cada vez mais o corpo de conhecimento advindos 
de pesquisa no esporte, medicina do exercício e fisioterapia desportiva. A 
disseminação e implementação é ponto crítico para a compreensão e apli-
cação da “prática baseada em evidências”. Profissionais da medicina espor-
tiva, do exercício e fisioterapia esportiva, assim como os investigadores,precisam adquirir proficiência na investigação e disseminação (I&D), com 
considerações para as melhores práticas, o que demanda ir além do estágio 
dos ensaios experimentais.
Ramírez-López et al. (2021)
Nos campos profissionais de gestão e negócios foram demonstrados que a 
coexistência de cooperação e concorrência entre as empresas pode ter uma 
influência positiva sobre o desenvolvimento do conhecimento e medidas 
de sucesso. Assim, esse mesmo princípio poderia aplicar-se aos campos de 
Ciências do Esporte e Medicina. A inclusão de um terceiro e neutro parcei-
ro (ou seja, uma universidade) poderia provavelmente beneficiar todas as 
partes interessadas.
Mccall (2021)
São discutidas lições que podem ser aprendidas a partir de alguns erros co-
muns que investigadores cometem no futebol (e no esporte). Aprendendo 
com os erros, é possível evitar dogmatismos e preconceitos, aceitar incer-
tezas e limitações inerentes ao processo de “investigação excessivamente 
interpretada”. É feito um chamado para não “cair na armadilha” de desva-
lorização da pesquisa básica frente à pesquisa aplicada. Afinal, cada uma 
tem seu papel.
Fonte: os autores (2021).
Considerando a síntese obtida, propusemos um modelo conceitual (Figura 1), que traz 
importantes implementações. A nossa premissa fundamental está inicialmente ancorada 
em parcerias integrativas entre Clubes, Universidades, Empresas Tecnológicas voltadas 
à metrificação de performance e saúde atlética, e Federações/Confederações num siste-
ma de cooperação mútua a partir do cenário prático, competitivo e guiado pela premissa 
da vantagem competitiva. Essa concepção se deve à necessidade de integração desses 
facilitadores. Afinal, eles têm interesses e prioridades diferentes, que precisam ser conca-
tenados, principalmente, para o desenvolvimento e busca de soluções práticas (DELLAL 
et al., 2012; VERHAGEN et al., 2014; WELCH et al., 2014) para problemas reais que trariam 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
102
benefícios comuns e desenvolvimento. O continuum dessas ações anteriores são geradoras 
de inputs para o processo investigativo propriamente dito. A abordagem com visão holística 
e transdisciplinar5, impulsionada por problemas investigativos do mundo real e requerendo o 
contributo de profissionais e de áreas-suportes, como fisiologia, psicologia, sociologia, epide-
miologia, estatística computacional etc., seguem entremeando ideias para uma interconexão 
mais funcional e retroalimentada entre todos os atores envolvidos. Na sequência, o proces-
samento da questão prática a ser resolvida em investigação deverá usar as abordagens 
contemporâneas de ciência. Por exemplo, os nossos chamados para a reprodutibilidade e 
replicação atentam-se para a demanda de credibilidade das alegações científicas comen-
tadas por Nosek e Errington (2020). A primeira diz respeito ao reteste de uma afirmação ou 
achado científico utilizando as mesmas análises e os mesmos dados. Portanto, o estudo 
tem alta reprodutibilidade se os resultados do estudo original são confirmados através da 
repetição do estudo utilizando os mesmos dados e as mesmas análises. Porém, uma evi-
dência deveria também ser credível segundo o princípio da replicação, em que um estudo 
é altamente replicado quando os resultados do estudo original são confirmados através da 
repetição do estudo utilizando as mesmas análises, mas recolhendo novos dados. Portanto, 
esse movimento reduziria a ênfase em características do estudo e aumentaria a ênfase na 
interpretação de possíveis resultados. O objetivo da replicação é, portanto, fazer avançar a 
teoria, confrontando o entendimento existente com novas evidências (NOSEK; ERRINGTON, 
2020). No seguimento do modelo, nota-se a importância da comunicação para uma efetiva 
transferência de conhecimento. Na sequência, deve-se ocorrer a sistematização do processo 
de implementação, adaptação e prova de eficácia no mundo real, com feedback da visão e 
valores dos atletas (crenças, preferências, preocupações e expectativas individuais), os quais 
são, infelizmente, pouco ouvidos ou participativos no processo em nossa cultura esportiva. 
Seguindo esse processo, estaria, então, ampliada a chance de uma prática profissional 
mais geradora de vantagem, com menor emprego do empirismo e implementação plena da 
“prática baseada em evidências”. Por fim, a adoção de “práticas baseadas em evidências” 
poderá direcionar o melhor uso do estado da arte e evidências sobre uma determinada prá-
tica, como uma conduta mais segura, de menor custo, geradora de vantagens e assegurada 
aderência e resultado final.
5 A investigação transdisciplinar é um tipo de investigação “interdisciplinar que envolve investigadores de diferentes campos que 
trabalham com profissionais ao longo de um período de tempo prolongado, implementando quadros conceituais e metodológicos 
inovadores para que potencialmente resulte em novas abordagens teóricas”. Mais detalhamento em: POLK, M. Achieving the promise 
of transdisciplinarity: a critical exploration of the relationship between transdisciplinary research and societal problem solving. Sustai-
nability Science. Berlim, v. 9, n. 4, p. 439-451, 2014.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
102 103
Figura 1. Modelo conceitual para desenvolvimento colaborativo da Ciência do Futebol e efetividade de implementação 
da “prática baseada em evidências”.
Fonte: os autores (2021).
DISCUSSÃO
O ponto fulcral sintetizado pelo presente ensaio é que, apesar de todo esforço e evo-
lução da Ciência do Esporte, nem toda descoberta recente é plenamente implementada ou 
testada em contexto ecológico dinâmico6 (ROSS; GUPTA; SANDERS, 2018). Portanto, o 
progresso da inovação na perspectiva de “pesquisa-aplicação” exigirá uma grande mudança 
de paradigma. Nota-se, por exemplo, na percepção dos profissionais de campo, a existên-
cia de várias barreiras para a aplicação da ciência no cotidiano do treinamento de atletas. 
Divergências entre o teoricismo dos pesquisadores e o praticismo daqueles que estão no 
campo são barreiras típicas, se não a maior delas no futebol brasileiro. Uma lista de outros 
fatores, como dificuldades ou falta tempo para acessar as publicações (papers e livros), 
descrença ou distanciamento da realidade contextual e de infraestrutura apresentadas na 
6 Nos últimos anos, tem havido um aumento substancial da popularidade a partir das perspectivas de aquisição de competências 
transdisciplinares sustentadas pela “abordagem da dinâmica ecológica”. É uma abordagem holística ao estudo comportamental, uma 
vez que considera tanto o agente como o ambiente em que este se baseia e no qual atua ou se reorganiza durante a ação. Isso é 
considerado um conceito guia para a inovação na ciência do esporte vigente. Mais detalhamento em: WOODS, C. T. et al. ‘Knowing 
as we go’: a hunter-gatherer behavioural model to guide innovation in sport science. Sports Medicine Open, Cham, v. 6, n. 1, p. 1-9, 
2020.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
104
investigação em relação a sua como treinadores e profissionais do campo, e até mesmo 
por motivos de comunicação ineficiente entre pesquisadores-leitores em seus relatórios e 
artigos científicos são barreiras ou “gaps” citados de modo recorrente pelos atores nas mais 
diferentes modalidades e apresentados na literatura (READE; RODGERS; HALL, 2008; 
VERHAGEN et al., 2014). Portanto, melhorias no processo de comunicação entre pesquisa-
dores e comunidade são necessárias. Maior proficiência e utilização de diferentes fontes para 
disseminação em mídias sociais (Instagram, Twitter, Facebook, YouTube, ResearchGate, 
WhatsApp, Telegram, Linkedin e SportRχiv, Medium, etc.) podem colaborar na dinamicidade, 
acessibilidade e efetividade de comunicação entre os atores, promovendo a criação de uma 
cultura esportiva de maior valorização e aplicação da ciência.
O questionamento da translacionalidade7 da pesquisa acadêmica parao ambiente 
real não é novo (BISHOP, 2008; FULLAGAR et al., 2019) e talvez seja uma das barreiras 
mais difíceis de superar. Até as revisões sistemáticas e as meta-análises que, para muitos, 
são provas do mais alto valor de evidência, vêm recebendo críticas por unirem provas de 
eficácia de estudos altamente controlados, mas não refletirem com precisão o contexto final 
de implementação (FINCH; DONALDSON, 2015). Por isso, no nosso fluxograma, para o 
desenvolvimento colaborativo da Ciência do Futebol e das políticas de “práticas baseadas em 
evidências”, nós apostamos num sistema de cooperação interinstitucional, em continuum e 
retroalimentado a partir da prova de evidências geradas no mundo real. Essa concepção po-
deria colaborar para a superação de “gap” por falta de alinhamento de questões de pesquisa 
(aplicada), expectativas e usabilidade dos resultados na prática, o que afugenta os profissio-
nais do campo de qualquer tentativa de aproximação com a ciência (FULLAGAR et al., 2019).
Visando mais resultados práticos, os treinadores estão preocupados em melhorar o 
desempenho e, dessa forma, procuram conclusões com encaminhamento de aplicação direta 
da investigação. Por outro lado, os cientistas do esporte buscam melhorar o conhecimento 
geral sobre aquela área temática, não cumprindo essas expectativas que seriam direta-
mente úteis aos treinadores. Por isso, a superação dessa oposição talvez seja encontrada 
por mecanismos de aproximação das instituições interessadas (i.e., clubes/universidades/
federações/confederações/empresas) para a cooperação mútua (RAMÍREZ-LÓPEZ et al., 
2020) e na complementaridade entre a investigação “aplicada” e “básica”, o que ampliaria a 
precisão e a eficiência do processo de investigação em curso (MCCALL, 2021).
7 Translacionalidade é discutida na esfera do como as informações e o conhecimento são traduzíveis através de comunicação efetiva 
e transdisciplinaridade.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
104 105
Portanto, esse esforço para uma problemática investigativa mais aplicada (reality 
based8) coloca em evidência a necessidade de condução metodológica diferenciada e 
respaldada em premissas da pesquisa quantitativa e qualitativa, modelos mistos e, hoje, 
naquilo que é chamado e organizado em um campo particular da ciência como “sistema de 
complexidade”9. Portanto, resolver e preencher essa lacuna, de ambos os lados da “pesqui-
sa-aplicação”, é uma ambição importante (ROSS; GUPTA; SANDERS, 2018). Por exemplo, 
Jones e colaboradores publicaram um editorial no British Journal of Sports Medicine, no 
qual compartilharam um bom modelo conceitual em continuum, com nove etapas, papéis e 
desafios importantes (o maior deles é a questão de pesquisa) bem definidos para superar e 
integrar a pesquisa aplicada à prática (JONES et al., 2019). Visando a superar esses dilemas 
e barreiras, nosso modelo conceitual tenta cobrir e apresentar alternativas mais funcionais 
para implementação.
Claramente, o nosso modelo concatena e contextualiza o cenário futebolístico e pode 
ser inovador para a Ciência do Esporte, Educação Física e Medicina do Esporte aplicada 
ao futebol no Brasil. Conforme a transdisciplinaridade exige, os pesquisadores deveriam se 
conectar ao contexto do problema prático e envolver-se com as partes interessadas que 
“possuem o problema e o seu contexto” (CAREW; WICKSON, 2010). Portanto, na nossa 
proposição, a interface de cooperação, competição e busca por vantagem competitiva entre 
instituições, pesquisadores e profissionais da prática são bases importantes para a (re)formu-
lação de questões de pesquisa relevantes para input na etapa de processamento investigati-
vo. Na sequência, nota-se o processamento da comunicação, a implementação e o feedback 
da evidência na prática, ouvindo e recolhendo os valores dos atletas, ponto este pouco 
refletido nas recomendações para o desenvolvimento da Ciência do Esporte na literatura.
Outro obstáculo colocado em superação no nosso modelo conceitual advém da estraté-
gia de disseminação da nova informação gerada no ambiente investigativo. Tradicionalmente 
os cientistas desportivos publicam no meio acadêmico: uma fonte de informação que os 
treinadores raramente utilizam (STOSZKOWSKI; COLLINS, 2016). Os treinadores preferem 
aprender novas informações através de métodos de comunicação informal, tais como tutoria 
e conversas com outros treinadores (READE; RODGERS; HALL, 2008; STOSZKOWSKI; 
COLLINS, 2016). Por isso, a comunicação entre os dois grupos (pesquisadores e profissionais) 
8 A abordagem “baseado na realidade” é intencionada para o alcance do maior grau de realidade das coisas que podemos alcançar e 
sobre a qual podemos construir.
9 Complexidade ou ciência da complexidade, também chamada ciência de sistemas complexos, estuda uma grande coleção de com-
ponentes – interagindo localmente uns com os outros em pequena escala – e como se auto-organizar espontaneamente para exibir 
estruturas e comportamentos globais não triviais em escalas maiores. Ambos os conceitos podem ser vistos com mais detalhamento 
em: WOODS, C. T. et al. ‘Knowing as we go’: a hunter-gatherer behavioural model to guide innovation in sport science. Sports Medi-
cine Open, Cham, v. 6, n. 1, p. 1-9, 2020.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
106
é ineficiente, e a saída para tal “gap”, conforme apresentada por nosso modelo, é uma maior 
integração em que pesquisadores e profissionais caminhem juntos, tornando real a transdis-
ciplinaridade. Essa nossa premissa também vai ao encontro do fato de que temos que gerar 
uma relação mútua entre esses dois atores, que poderiam ser considerados os principais 
do processo. Na nossa visão, não há divisão em quem “produz e consome” conhecimento. 
Assim, através dessa relação estabelecida, ficaria mais fácil a apresentação e propensão para 
a procura de novos conhecimentos, encaminhamentos investigativos mais valiosos, inovação 
e provas de eficácia, para a, então, adoção efetiva de “práticas baseadas em evidências”.
Outra ação para melhorar a comunicação entre os dois grupos está na ampliação do 
espaço educacional, envolvendo a síntese ou a tradução de artigos de revistas e a esti-
mulação de seminários/congressos para debates mais específicos para treinadores. Nesta 
última recomendação, deveriam ser estimuladas o aproveitamento da perícia e experiência 
dos parceiros, inclusive sobre provas de eficácia, relatos e feedbacks dos atletas, dentro 
das estruturas horizontais e verticais para gerar um sistema mais funcional e sustentável 
de desenvolvimento e aplicação da ciência no futebol. Diga-se de passagem, caberia aos 
periódicos científicos estímulos maiores para publicações com perfis mais práticos. Muitos 
periódicos já apresentam essa perspectiva no seu escopo editorial, mas nota-se pouca re-
presentatividade de publicações que tem apelo maior pelos profissionais da prática, como os 
“pontos de vista”, os “relatos clínicos” e os “relatos de experiência”, por exemplo, dificultando 
a comunicação e implementação. Devido a políticas internas de valoração por produção 
acadêmica, há desestímulo a pesquisadores para publicarem nesses formatos por eles 
“contarem poucos pontos” nos processos de seleção e fomento para pesquisas. Há ainda o 
encaminhamento das produções de conhecimento internas brasileiras para serem avaliadas 
por periódicos internacionais em virtude da pouca visibilidade e representatividade do nosso 
sistema de publicação e comunicação científica.
Para o pesquisador há pontos positivos, como a reputação frente a editais e órgãos de 
fomento. Porém, ao fim do processo de publicação, podem ser acarretados alguns “gaps”, 
já discutidos, por profissionais da prática em vários países, mesmo naqueles com notório 
desenvolvimento esportivo e histórico de suporte da Ciência do Esporte. No nosso caso, 
temos alguns agravantes, como acessibilidade (a maioria dos papers é de acesso restrito, 
pagos para acessar),barreira linguística (inglês) e dificuldades interpretativas e de com-
preensão plena devido à redação científica restrita. Portanto, a ampliação de periódicos 
com natureza mais aplicada à Ciência do Esporte e ao Futebol no Brasil, e a restruturação 
do crivo científico daqueles existentes, assim como a sensibilização dos órgãos de fomento 
sobre a necessidade e importância de estudos para provas de eficácia e reconhecimento 
ou valorização de publicações com cunhos mais práticos, são importantes recomendações. 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
106 107
Alternativas como essas supracitadas poderiam colaborar para que tornemos viável um sis-
tema de diálogo e estreitamento de relações entre pesquisadores e profissionais brasileiros 
visando à capacitação e ao desenvolvimento continuado do conhecimento nesses temas 
com aplicação ampliada para toda a sociedade.
No contexto brasileiro, por exemplo, algumas amarras devem ser pontuadas tendo a 
preocupação de fomentar o continuum desenvolvimento (ou a recuperação) deste esporte no 
Brasil. Inicialmente, cabe lembrar que a investigação sobre treinadores esportivos no Brasil 
parece estar a emergir em nível internacional (GALATTI et al., 2016). Salienta-se que essa 
profissionalização é relativamente nova (i.e., Bacharéis em Educação Física ou Ciências 
do Esporte), e que gerações de profissionais ainda atuantes têm assegurada a sua atuação 
como “Treinador Profissional de Futebol” a partir da implementação legal promulgada no 
início dos anos de 199010 sem exigência de formação profissionalizante. Outras amarras de-
vem ser superadas desde aquele que ampara o cargo/função da maioria dos pesquisadores 
em esporte no Brasil (ponto de vista legal, afinal muitos pesquisadores são vinculados ao 
regime empregatício de dedicação exclusiva na esfera estadual ou federal), até a superação 
de relações preconceituosas e de aparto na relação pesquisa-clube de futebol no Brasil.
A nossa entidade máxima de futebol, a CBF, iniciou propostas com intenção de ali-
nhavar sistemas mais efetivos de cooperação Clube-Universidade a fim de superar o dog-
matismo e o preconceito que acontecem de ambas as partes (teóricos vs. práticos), o que 
tem historicamente impossibilitado enlaces mais produtivos e de desenvolvimento do futebol 
brasileiro. Da mesma forma, esta instituição também poderia pensar em premiações e no 
fomento à inovação e tecnologia, assim como no alinhamento dos seus cursos de capacita-
ção com dinâmicas investigativas e de suporte da transdisciplinaridade. Tendo foco trans-
disciplinar na “pesquisa-aplicação”, na experimentação e na validação de tecnologias e de 
provas de eficácia nos mais variados ecossistemas do futebol, seria efetivada a adoção de 
diretrizes conteudistas em disciplinas e na matriz curricular de formação de treinadores e 
outros profissionais desta indústria. Essa possibilidade, se ampliada pela CBF, ou pela maior 
abertura e formalização dos casos de parcerias em andamento, fomentaria a resolução de 
alguns “gaps” na formação de profissionais do futebol, criando um sistema mais efetivo de 
cooperação entre as comunidades acadêmicas, clubes e profissionais. A criação de canais 
de comunicação rápida para a capacitação continuada por infografia, que tem se mostra-
do efetiva na atualidade, ou o lançamento de um periódico ou um boletim de publicidade 
regular, com revisão por pares e com escopo acadêmico/profissional poderiam ser ações 
10 Lei 8650/93 | Lei nº 8.650, de 20 de abril de 1993, dispõe sobre as relações de trabalho do Treinador Profissional de Futebol e dá 
outras providências.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
108
idealizadas e realizadas por parcerias. A CBF Academy & Science11, recentemente criada, 
poderá atender estas demandas e promover uma maior interação entre todos atores do 
processo e alcance de resultados no futuro.
Dentro de cada clube poderiam ser pensadas estratégias próprias para fomentar a 
capacitação de seus treinadores. Outro ponto fulcral diz respeito às políticas, protocolos de 
intervenção, planejamento de treinos, registro de dados das diferentes fontes, documentação 
e estratégias de comunicação, que são comumente ausentes nos clubes ou dependentes de 
“pessoas” e não reguladas ou propostas pela instituição, como deveria ser. Conforme apre-
sentado em nosso modelo conceitual, a adoção de integralidade sistêmica poderia absorver 
as demandas e preencher as lacunas por meio da solução desses problemas operacionais 
e/ou outros sinalizados nos clubes. Um sistema nacional organizado de registro, upload de 
dados e compartilhamento de experiências poderia ser pensado em espelhamento daqueles 
implementados com a abordagem do The RE-AIM Sports Setting Matrix (RE-AIM SS) para 
prevenção de lesões na Austrália, por exemplo (FINCH; DONALDSON, 2010). As empresas 
de tecnologia e engenharia do esporte, análise de desempenho e métricas de desempenho ou 
monitoramento, Federações e Confederações deveriam estabelecer linhas de investimentos 
e fomentos especiais para o desenvolvimento da Ciência do Esporte no Brasil. O mesmo po-
deria ser dito para as agências de fomentos como o CNPq, FAPEMIG PAPERGS, FAPEMA, 
FAPESP, CAPES etc., principalmente no tocante à sensibilização de editais sobre provas 
de eficácia de evidências na implementação do “mundo real”. Isso possibilitaria uma melhor 
entrega dos avanços alcançados dentro do bojo da complexidade do esporte de rendimento 
com benefício direto na segurança para a prática esportiva e outras formas de benefícios 
para a sociedade, como a promoção da saúde pública, por exemplo, que seria impactada 
diretamente ou indiretamente pela implementação do modelo conceitual aqui apresentado.
Exemplo de implementação por iniciativa de projetos voltados à investigação no futebol 
envolvendo parceria Universidade-Federações é o Football Research Group. Iniciado na 
WIT (Watefford Institute of Techonology, Irlanda), hoje tem conexão com importantes escolas 
do futebol internacional. Um exemplo de iniciativa que surgiu recentemente no Brasil com 
amplitude nacional e que traz esperançosas perspectivas é o Programa Academia & Futebol, 
lançado em agosto de 2020 e desenvolvido por intermédio da Secretaria Nacional de Futebol 
e Defesa dos Direitos do Torcedor (SNFDT). O Programa Academia & Futebol12 proporcio-
na a prática do futebol através da instalação de centros de desenvolvimento do futebol em 
Universidades e Institutos Federais, bem como apoia a produção e difusão da produção 
11 Mais detalhamento em: https://www.cbf.com.br/cbfacademy/pt-br/academy-e-science
12 Mais detalhamento em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/outros/programa-academia-futebol
https://www.cbf.com.br/cbfacademy/pt-br/academy-e-science
https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/outros/programa-academia-futebol
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
108 109
científica, com aporte de recursos para a realização de pesquisas, produção de artigos e 
livros, participação dos pesquisadores em congressos e realização de cursos e eventos.
Como exemplificado acima, acreditamos muito que tais parcerias cooperativas entre 
Confederação/Federação, Clubes e Universidades, segundo contextos estaduais próprios ou 
com alinhamento nacional, seriam uma boa saída para os “gaps” e amarras apresentadas, 
principalmente no que tange à pesquisa-aplicação e sua implementação. Algumas ações 
isoladas já são notadas, mas na maioria das vezes estão ancoradas no desejo individual de 
algum ator das partes interessadas. Infelizmente, parcerias institucionalizadas de maior en-
vergadura, consolidadas e perenes no Brasil são ainda incipientes. Isso vai na contramão de 
vários cases de sucessos ao redor do mundo, principalmente ingleses, que tem nas universi-
dades seus parceiros de desenvolvimento cooperativo. Outra superação importante, também 
tangenciando as universidades, é a necessidadede melhorias identitárias nos programas e 
nos temas investigativos das Ciências do Esporte. Na graduação por exemplo, MILISTETD 
et al. (2017) trazem reflexões e pontuam a necessidade de ajustamentos no processo de 
aquisição de competências no percurso formativo em ambiente universitário. Para esses 
autores, é preciso enveredar a relevância e o uso de pedagogias ativas, baseadas na maior 
interação entre os treinadores e o conteúdo em intervenção, usando-se de diferentes bases 
de conhecimento para a atuação desse profissional visando à superação do paradigma de 
formações, em que os “futuros treinadores são meros receptores” (MILISTETD et al., 2017). 
Essas ações poderiam, além desse ponto, ajustar a formação de treinadores esportivos – 
para atuação no futebol no Brasil – que possuem nuances distintas daquelas formações 
que, tradicionalmente, ocorrem nas Federações Esportivas e Organizações Nacionais de 
Esporte em diversos países (LARA-BERCIAL et al., 2016).
Da mesma forma, vale a reflexão de pesquisadores de outros países sobre os processos 
de seleção de candidatos na pós-graduação, onde deveria ser evitada a seleção com base 
apenas no desempenho acadêmico (BARTLETT; DRUST, 2020). Nessas recomendações, 
orienta-se que sejam assegurados atributos especiais ao candidato, devendo ele possuir uma 
gama essencial de competências práticas (e interpessoais). Esses atributos são importantes 
para lhe permitir o alcance do cumprimento das exigências para os papéis como cientista 
do esporte, em conformidade com as necessidades do esporte brasileiro e com alinhamento 
contemporâneo a vários programas ao redor do mundo (BARTLETT; DRUST, 2020). Esse 
mesmo candidato à cientista do esporte deverá ter capacitação para ser reconhecedor do 
contexto interativo com as diretrizes de formação didático-pedagógicas na formação de trei-
nadores (LARA-BERCIAL et al., 2016). Algumas experiências bem-sucedidas apontam que 
sejam fomentadas recompensas financeiras ou infraestruturais para aqueles projetos com 
efetiva implementação e alcance de resultado na prática. Estratégias com implementação 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
110
de sucesso em países como Austrália e EUA em várias modalidades esportivas e, princi-
palmente na Inglaterra, no caso do futebol, poderiam ser usados como ponto de partida.
Esperamos com este ensaio fomentar reflexões sobre o contexto de cientificidade do 
futebol brasileiro, uma melhor abordagem de “prática baseada em evidência” e a capacitação 
profissional de todos envolvidos no ecossistema. Graças à Ciência, Tecnologia & Inovação 
(CT&I), e a diversas reflexões sobre o seu desenvolvimento e aplicação, o corpo de conhe-
cimento e visibilidade sobre a Ciência do Esporte tem crescido rapidamente (VIVEIROS 
et al., 2015). Portanto, evoluir com ciência é preciso. Quando se considera o futebol como 
um fenômeno de reconhecida aceitação mundial e apelo sociocultural, com extraordinárias 
cifras econômicas e valorização enquanto espetáculo e entretenimento, percebe-se a neces-
sidade da máxima profissionalização e inovação visando à geração de vantagem competitiva 
(ARDERN et al., 2019). É também esperado que os profissionais minimizem as práticas ou 
tomadas de decisão não sistêmica e cientificamente injustificadas, que infelizmente ainda 
são comuns no futebol brasileiro (FERNANDES FILHO, 2018). Para os pesquisadores, 
vale a reflexão sobre questões relevantes e processos investigativos mais válidos para o 
mundo real. Essas premissas aliadas à implementação, incluindo recolha de valores dos 
atletas, adaptações no processo, estudos de aderência e provas de eficácia, poderão ser 
de grande valia para a efetivação e manutenção da implementação frente à premissa das 
“práticas baseadas em evidências”. Esses avanços devem ser coordenados nas diferentes 
frentes e todos alinhados aos cenários de desenvolvimento e avanço das áreas correlatas, 
principalmente daquelas de mídias e tecnologia (sports technology and sports analitics13), 
envolvendo a parte científica e da indústria, dialogando com princípios holísticos e transdis-
ciplinares da economia e engenharia, por exemplo (FUSS; SUBIC; MEHTA, 2008).
Essa necessidade de avançar leva todos os atores desse processo a se aproximarem 
da chamada era digital, fazendo uso de agentes tecnológicos e de inovação (TOLEDO; 
MAROCOLO, 2020), cunhados como Esporte 4.0 pelos professores Heglison Toledo e 
Maurício Bara Filho, em livro recentemente publicado (TOLEDO; BARA FILHO, 2019). Isso 
demanda “novos olhares” e uma nova dimensão – já refletida pelos colegas professores 
Heglison Toledo, Maurício Bara e Moacir Marocolo, da UFJF, como autores de obras supraci-
tadas – fazendo uso de novos recursos tecnológicos frente às demandas do esporte e refle-
tindo como o conhecimento pode ser produzido, e, principalmente, como essa transformação 
13 Sports analytics usa uma combinação de aprendizagem de estatística computacional, análise de vídeo e teoria de jogos para promo-
ver análise preditiva. Tem ganhado popularidade com o aumento do acesso a hardware especializado e portabilidade, permitindo, por 
exemplo, a reconstrução de cenários de jogo reais, fornecendo mais feedbacks aos jogadores, melhorando e os capacitando para a 
análise teórica do jogo e proposição de estratégias. Mais detalhamento em: TUYLS, K. et al. Game Plan: What AI can do for football, 
and what football can do for AI. Journal of Artificial Intelligence Research, Loma Vista, v. 71, p. 41-88, 2021.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
110 111
seria relevante para aquele profissional de beira de campo que estaria prescrevendo e execu-
tando as rotinas de treinamento e controle de carga, por exemplo (CLAUDINO et al., 2019).
A digitalização e o volume crescente de dados têm oportunizado cada vez mais o 
compartilhamento de informações disponibilizadas nas mais diferentes mídias, como sites 
de acesso aberto (públicos) ou redes sociais, por exemplo (WUNDERLICH; MEMMERT, 
2020). Algumas formas de transferência de conhecimento têm se mostrado bem-sucedidas 
(infográficos, preprints etc.) e parecem estar alinhadas com os modos preferenciais dos pro-
fissionais de campo. Há ainda no futebol aqueles dados que são hospedados nas próprias 
federações14, trazendo prioritariamente dados sobre estatísticas de jogo coletivo das mais 
variadas métricas de performance e até de jogadores individualmente. A indústria da inovação 
em controle de carga e análise de jogo tem crescido exponencialmente. Da mesma forma, 
nunca como nos dias atuais se compartilhou tantos dados, informações e conhecimentos 
sobre a preparação física, análises técnico-táticas e estratégias terapêuticas e nutricionais 
– como os agentes ergogênicos – para a ampliação de desempenho ou para a promoção de 
uma recuperação eficaz no esporte, principalmente na modalidade mais popular do mundo, 
o futebol (MCCALL, 2021).
Nesse sentido, a Ciência do Esporte e a Ciência do Futebol, nos dias atuais, está inter-
conectada com as demais áreas do conhecimento e com toda a cadeia que compõe a indús-
tria do esporte, desde as coberturas esportivas, mídias sociais especializadas e dedicadas 
ao tema, e ao complexo e o emergente cenário de Ciências de Dados (REIN; MEMMERT, 
2016; WUNDERLICH; MEMMERT, 2020). Por exemplo, atualmente, há um grande esforço 
para o desenvolvimento e o uso válido de equipamentos digitais integrados aos corpos dos 
esportistas (wearebles thecnology) ou da ampla possibilidade advinda da estatística compu-
tacional de dados via Big Data, Inteligência Artificial e Machine Learning. Contextualizando 
por esses cenários supracitados, espera-se hoje que os profissionais do esporte capturem, 
processem, analisem e comuniquem internamente em seus clubes e de maneira efetiva as 
principais informações “escondidas” nos dados brutos através de modelagens e técnicas 
de Inteligência Artificial e Machine Learning, a fim de tratar o fenômeno de forma holística(CLAUDINO et al., 2019). Conta-se, ainda, com o rápido desenvolvimento e as melhorias 
dos processos de análises de jogo em modalidades esportivas coletivas, com pesquisas e 
14 No Brasil, a política de uso de dados em sites esportivos e de federações, são regulamentados conforme o disposto na Lei nº 10.671 
de 2003, conhecida como “Estatuto do Torcedor”, mais precisamente em seus artigos 11 e 12, no qual a entidade responsável pela 
organização da competição, com fulcro na transparência e probidade de suas atividades, tem por obrigação publicar as súmulas de 
suas competições em seu site. Ademais, os dados contidos nas Súmulas obedecem a Lei nº 13.709 de 2018 (Lei Geral de Proteção 
de dados), cumprindo integralmente os princípios do tratamento de dados pessoais.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
112
aplicações práticas, utilizando saberes de um amplo espectro de campos, principalmente 
da engenharia e da estatística computacional.
Dessa forma, esse profissional precisa estar capacitado para discutir os últimos acha-
dos das ciências para que ele não fique refém da premissa mal-entendida de que mais 
medidas e equipamentos mais sofisticados (“high-tech”) é melhor (MEYER, 2017), e/ou faça 
uso indiscriminadamente de seus outputs automatizados, sem sequer questionar a valida-
de e confiabilidade de medidas. Em recente publicação, Claudino et al. (2021) chamam a 
atenção para a falta de veracidade em ~73% das ferramentas e parâmetros utilizados para 
o monitoramento da carga em jogadores profissionais de futebol. Ou seja, as informações 
utilizadas nestes estudos não foram verificadas em termos de precisão, qualidade, relevância, 
incerteza, confiabilidade e valores preditivos. Para o restante, a veracidade dos dados foi 
encontrada para 54% das ferramentas e 23% dos parâmetros. Segundo os pesquisadores 
supracitados, isso limita a precisão e impacta na aplicação prática por meio dos resultados 
apresentados pelos estudos, podendo gerar erros com alto custo econômico. Para identificar 
as melhores ferramentas e parâmetros de monitoramento no futebol é obrigatório focar na 
veracidade para identificar os erros. Nessa mesma disposição, esse profissional não pode 
sofrer de um provável dogmatismo até então imposto pelo mercado ou posto ou, ainda, da 
sensação de excessiva confiança de que processou dados e que “reconheceu algum padrão” 
e interpretação de longo alcance. Acordando com Claudino et al. (2021), estas questões de 
precisão do ferramental e aparato tecnológico podem ser “gaps” e gerar discrepância entre a 
eficácia esperada e aquela real observada no dia a dia do monitoramento de atletas. Portanto, 
precisamos de algo a mais, sendo necessário o debate mais profundo da plausibilidade de 
explicações biológicas, fisiológicas ou mecânicas claras para a métrica e desfecho colocados 
em conexão (MCCALL, 2021), e isso, claramente, só pode ser viável com reflexões sobre 
ciência, transferência de conhecimento e real estado de cientificidade no futebol.
Como notado, então, devemos nos empenhar para conseguir o contínuo crescimento 
da modalidade. A problemática geral para o desenvolvimento da chamada Ciência do Futebol 
apresentada em nosso modelo conceitual deverá seguir o continuum de temas emergentes, 
tendo seguimento desde a fisiologia do exercício e do treinamento esportivo aplicadas ao 
futebol, modelação de dados (variáveis situacionais e desempenho) até os desdobramen-
tos para melhorias interventivas para treinabilidade, saúde atlética e inovação tecnológica. 
Além dessa demanda emergente para a necessidade de entendimento mais profundo no 
escopo “pesquisa-aplicação” neste esporte, surge o apelo investigativo para o “football for 
health” (BANGSBO et al., 2015). Afinal, o potencial do futebol recreativo em promoção de 
aderência à prática sistematizada de exercício/atividade física com importantes implicações/
evidências vem sendo anunciadas de maneira crescente para a saúde pública em adultos 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
112 113
(MILANOVIC et al., 2019; MADSEN et al., 2020) e jovens (LARSEN et al., 2021). Essa força 
tarefa de desenvolvimento poderá andar ladeada com aquela do alto rendimento e explorar 
áreas conectas ainda carentes de estudos, principalmente no futebol feminino. Que o efeito 
holístico seja sempre primário na evidenciação de descobertas e explicação de fenômenos.
Esperamos que a reflexão oportunizada aqui seja de fundamental interesse para aque-
les na liderança dos processos de produção de conhecimento científico, para aqueles que 
exercem a função de treinadores ou que pertencem aos Departamentos de Saúde, de Análise 
de Desempenho, de Tecnologia e Ciências de Dados dos clubes. Vale a pena destacar, e 
não menos importante, que a apropriação deste debate também pode ser interessante para 
a capacitação de gestores de clubes esportivos que buscam aprimoramentos constantes. 
Afinal, toda transformação buscada no nosso futebol passa por toda a cadeia envolvida no 
processo de produção e transferência de conhecimento no esporte e nas particularidades do 
código de implementação na prática cotidiana dentro dos clubes de futebol. Por fim, espera-
mos contribuir com todos aqueles que buscam inovação e que estão atrás da próxima melhor 
hipótese investigativa ou balizadora de tomada de decisão sustentada em cientificidade e 
em processos rotineiros do dia a dia profissional, oportunizando a geração de vantagens 
competitivas e melhor gestão do estado de saúde dos atletas, por exemplo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma transferência de conhecimento científico mais efetiva poderia fornecer contributos 
para a resolução de problemas inerentes à prática profissional. No entanto, no esporte de 
rendimento ainda existem alguns dogmatismos, preconceitos e lacunas que precisam ser 
superados para que isso aconteça. Como desafios para implementação da “prática basea-
da em evidências” encontram-se as “restrições de tempo” dos profissionais da prática, “má 
tradução da investigação”, e “investigação não aplicável”. Além disso, as principais lacunas 
estão relacionadas às divergências entre as ideias que os treinadores e profissionais de 
campo procuram e aquilo que tem sido revelado pela investigação científica esportiva ou 
estimulado por corpos diretivos do esporte. Outras repercutem a forma de comunicação dos 
pesquisadores (transferência de conhecimento) ou ausência de eventos com propósitos 
mais específicos para treinadores de elite. Concatenando esses “gaps”, nós apresentamos 
um modelo conceitual que pode ser um primeiro passo para o desenvolvimento do futebol 
frente à realidade brasileira. Nele recomendamos uma proposição mais integrativa da “pes-
quisa-aplicação” usando Universidades, Clubes, Empresas, Federações e Confederações 
como cooperadores mútuos. Da mesma forma, acreditamos que esses facilitadores e formas 
mais efetivas deverão compor estratégias para a transferência de conhecimento, aplicação 
prática e retroalimentação processual (ex. opinião e valores dos atletas, treinadores e provas 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
114
de eficácia). Para o futebol brasileiro evoluir são demandados processos mais integrativos e 
ordenados desde capacitação dos atores, processos investigativos mais holísticos e trans-
disciplinaridade até a efetiva implementação no mundo real, e retroalimentação do processo 
com as provas de eficácia. Portanto, precisamos urgentemente debater proposições de 
modelos de aplicação da ciência do futebol no Brasil mais funcionais frente ao desenvolvi-
mento e vantagens competitivas já notadas internacionalmente. Os principais interessados 
no esporte, incluindo treinadores e pessoal de apoio, atletas, empresas de tecnologia do 
esporte e aplicação no esporte, investigadores, Universidades e Federações precisam tra-
balhar em conjunto. Alicerçando esse esforço, se tornará viável a aplicação de descobertas 
dos conhecimentos atualizadose relevantes e, consequentemente, o desenvolvimento ou 
melhor manejo das evidências balizadoras do processo de tomada de decisão na prática e 
crescimento de todo ecossistema do futebol. Por fim, que nunca esqueçamos daquilo que já 
dizia o importante e vanguardista cientista dinamarquês do futebol, Jens Bangsbo: “o futebol 
não é uma ciência, mas a ciência pode ajudar o futebol”.
AGRADECIMENTOS
À UFJF, campus Governador Valadares, à LOAD CONTROL, e ao grupo GEPCAF 
(Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências Aplicadas ao Futebol) pela cooperação, 
convivência, e nas proposições para a construção, produção de novos estudos e imple-
mentação de ações.
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08
Estudo prospectivo das lesões 
musculares em três temporadas 
consecut ivas do Campeonato 
Brasileiro de Futebol
Gabriel Furlan Margato
CETE - EPM
Edilson Ferreira Andrade Júnior
CETE - EPM
Paulo Henrique Schmidt Lara
CETE - EPM
Jorge Roberto Pagura
FMABC
Moisés Cohen
DOT - EPM
Gustavo Gonçalves Arliani
CETE - EPM
10.37885/210303435
Artigo original publicado em: 2020.
Revista Brasileira de Ortopedia - ISSN 0102-3616.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98
https://dx.doi.org/10.37885/210303435
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
119
Palavras-chave: Traumatismos em Atletas.
RESUMO
Objetivo: Realizar uma avaliação prospectiva das lesões musculares ocorridas durante 
as partidas das séries A e B do Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino dos anos 
de 2016 a 2018. Métodos: Estudo de coorte prospectivo com coleta de dados referentes 
às lesões musculares ocorridas durante os jogos oficiais da primeira e segunda divisões 
do Campeonato Brasileiro de Futebol Masculino nas temporadas de 2016, 2017 e 2018. 
Resultados: O número total de lesões musculares foi de 577 ao longo das 3 tempora-
das, havendo uma redução gradual e anual na incidência delas (219 lesões em 2016, 
195 em 2017, e 163 em 2018), com diferença estatística significativa entre os anos de 
2016 e 2018. As lesões musculares representaram aproximadamente 35% de todas 
as lesões. A incidência das lesões musculares foi 7,66 para cada 1.000 horas de jogo. 
Nas 3 temporadas (2016 a 2018), a mais comum foi a lesão muscular dos isquiotibiais 
(41,1%, 40,5% e 33,7%, respectivamente). Os laterais foram os mais acometidos, e a 
escala de severidade de lesão mais comum foi a moderada (8 a 28 dias). O momento 
da partida com maior incidência de lesões foi no período entre 61 e 75 minutos, com um 
índice de 19,9%, não havendo diferença estatística em relação aos demais períodos de 
jogo. Conclusão: Houve uma incidência de lesões musculares de 7,7 lesões/1.000 h, e 
ocorreram predominantemente nos jogos em casa, em defensores (laterais e zagueiros), 
com idade média de 28 anos, envolvendo principalmente a musculatura isquiotibial, com 
tempo médio de afastamento moderado (8 a 28 dias).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
120
INTRODUÇÃO
O futebol é o esporte mais praticado no Brasil e no mundo. A prática profissional do 
futebol pode predispor o atleta ao desenvolvimento de lesões devido à maior exigência física, 
além de a uma maior exposição aos fatores de risco, como: número excessivo de jogos e 
treinamentos, alta demanda emocional, e presença de lesões prévias.1
Entre as lesões ocorridas em atletas profissionais de futebol, as musculares são as 
mais comuns, com uma incidência de aproximadamente 35% a 40%.2 Outro fator importan-
te reside no fato de que, mesmo após a adoção de diversos programas de prevenção de 
lesões no futebol, como o da Federação Internacional de Futebol (Fédération Internationale 
de Foot-ball Association, FIFA, em francês), FIFA 11 þ , Ekstrand et al,3 num estudo com 
acompanhamento de 11 anos, mostraram que, ao contrário das lesões ligamentares, não 
houve redução na incidência de lesões musculares neste período. Desta forma, as lesões 
musculares vêm sendo amplamente estudadas nos últimos anos devido ao alto impacto 
gerado sobre os clubes profissionais tanto do ponto de vista esportivo quanto financeiro.4,5
No Brasil, apesar do aumento do interesse em avaliar as causas de afastamento e as 
principais lesões em jogadores profissionais de futebol, ainda se observa uma carência de 
trabalhos científicos nesta área, e, principalmente, de estudos centrados em lesões espe-
cíficas deste esporte, como as musculares.
Portanto, o objetivo deste estudo é realizar uma avaliação prospectiva das lesões mus-
culares ocorridas durante as partidas das séries A e B do Campeonato Brasileiro de Futebol 
Masculino dos anos de 2016 a 2018.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de coorte prospectivo com coleta de dados referentes às lesões 
musculares ocorridas durante os jogos oficiais da primeira e segunda divisões do Campeonato 
Brasileiro de Futebol Masculino nas temporadas de 2016, 2017, e 2018. Os dados foram 
coletados por meio do portal médico online (portalmedico.cbf.com.br) da Confederação 
Brasileira de Futebol (CBF) ao final de cada temporada. Após o término das partidas, o 
preenchimento dos questionários de lesões foi realizado pelos médicos responsáveis de 
cada clube, devidamente registrados na CBF. Todos os atletas regularmente inscritos no 
Campeonato Brasileiro das séries A e B de 2016, 2017 e 2018, que participaram de pelo 
menos 1 jogo do torneio, foram incluídos no trabalho. Os atletas inscritos pelos clubes e 
que não atuaram em pelo menos um jogo durante o campeonato foram excluídos do estu-
do. O conceito usado para definir lesão foi o mesmo escolhido por Fuller et al6 no consenso 
da FIFA de 2005: “Qualquer reclamação física sustentada por um jogador resultante de uma 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
120 121
partida de futebol ou treinamento, independente da necessidade de atenção médica ou perda 
de tempo nas atividades de futebol”.
O questionário preenchido pelos médicos continha diversas variáveis: posição de atua-
ção no jogo, idade, número de partidas jogadas, e tempo de participação nos jogos. No que 
se refere às lesões, incluiu-se o registro de sua ocorrência, a localização, a descrição e 
gravidade da lesão, a recidiva, e o momento do campeonato no qual ocorreu a lesão.
As lesões foram classificadas de acordo com a gravidade, isto é, o tempo que o atleta 
ficou afastado até o retorno às atividades sem limitações: leves (1 a 3 dias), menores (4 a 
7dias), moderadas (8 a 28 dias), maiores (28 dias a 8 semanas), e graves (mais de 8 se-
manas de afastamento).7
Após o retorno do atleta a jogos oficiais, o médico do clube preencheu outro questio-
nário com dados referentes ao desfecho da lesão, como: tempo para retorno ao esporte, 
necessidade de intervenção cirúrgica, exames realizados, e severidade da lesão.
O risco de lesão foi calculado conforme consenso elaborado pela FIFA, em que a inci-
dência de lesão é expressa pelo número de lesões por 1.000 horas de exposição (número de 
jogos x número de jogadores por partida x duração da partida em horas).6 Logo, a incidência 
lesões para cada 1.000 horas de jogo é calculada pela seguinte fórmula: 
Incidência ¼ número total de lesões × 1.000 horas / exposição.
O presente estudo foi aprovadopelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos 
sob o número 1.660.701, tendo os dados sido cedidos pela CBF.
Análise Estatística
As medidas de tendência central e de dispersão foram expressas em médias e desvios 
padrão (DPs) para as variáveis contínuas de distribuição simétrica, e em medianas e valores 
mínimo e máximo para as variáveis de distribuição assimétrica. As variáveis categóricas 
estão expressas em seus valores absolutos e relativos. A estimativa de diferença entre va-
riáveis categóricas foi realizada pelos testes exato de Fisher e qui-quadrado de Pearson. Foi 
calculada a razão de chances (odds ratio, OR, em inglês) para quantificar o risco de lesões 
associadas a algumas variáveis de estudo.
Foram utilizados testes estatísticos não paramétricos, pois os dados eram quantitativos 
e contínuos. Utilizamos a análise de variância (analysis of variance, ANOVA, em inglês) para 
comparar as variáveis quantitativas. O teste de igualdade de duas proporções foi utilizado 
para comparar se a proporção de respostas de duas determinadas variáveis e/ou níveis eram 
estatisticamente significativos. Valores de p < 0,05 foram considerados estatisticamente 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
122
significativos. Todos os intervalos de confiança (IC) foram estabelecidos ao longo do trabalho 
com 95% de confiança estatística.
RESULTADOS
O Campeonato Brasileiro de Futebol contém 20 clubes em cada divisão, que se en-
frentam entre em si ao longo de 38 rodadas por temporada. Em nosso estudo, foram cole-
tados dados dos anos de 2016, 2017 e 2018, contabilizando 2.280 jogos. O número total de 
lesões musculares foi de 577 ao longo das 3 temporadas, havendo uma redução gradual e 
anual na incidência (219 lesões em 2016, 195 lesões em 2017, e 163 lesões em 2018), com 
diferença estatística significativa entre os anos de 2016 e 2018. Como houve um total de 
1.663 lesões nas 3 temporadas, as musculares representaram aproximadamente 35% do 
total. A incidência das lesões musculares foi de 7,66 para cada 1.000 horas de jogo (Figura 
1). Nas 3 temporadas (2016 a 2018), a mais comum foi a lesão muscular dos isquiotibiais 
(41,1%, 40,5%, e 33,7%, respectivamente).
Fig. 1. Porcentagem de lesões musculares nas temporadas.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
122 123
Fig. 2. Posição dos jogadores acometidos por lesões musculares.
Em relação à posição em campo dos atletas acometidos por lesões musculares, ob-
servamos uma maior prevalência de lesões nos: laterais (18,5%), zagueiros (18,4%), meio-
-campistas (16,6%), atacantes (14,4%), volantes (10,7%), e goleiros (3,8%) (Figura 2). O grau 
de severidade mais comum foi o tipo moderado, com afastamento entre 8 e 28 dias, sendo 
a média de afastamento de 15,8 1,6 dias. O grupo muscular mais acometido foi o dos 
músculos isquiotibiais. Os atletas acometidos por lesões musculares tinham uma média de 
aproximadamente 28 anos. Os clubes mandantes tiveram maior índice de lesão muscular 
(54,9%), com significância estatística (p < 0,001). Com relação à localização (distância) da 
partida, houve maior prevalência de lesões musculares nos jogos em casa, e quando os 
clubes tiveram que percorrer distâncias maiores do que 800 km para o jogo (53,4% e 33,4%, 
respectivamente) (Figura 3). A temperatura média nos jogos com lesões musculares foi de 
22 °C. Sobre o clima, a maior parte das lesões musculares ocorreu com tempo ensolarado 
(38,6%), mas não houve diferença estatística (p ¼ 0,066) em relação às demais condições 
climáticas (Figura 4).
O momento da partida com maior incidência de lesões (19,9%) foi entre 61 e 75 mi-
nutos , não havendo diferença estatística em relação aos demais períodos dejogo (Figura 
5). Ao longo das 3 temporadas, notamos que a média de lesões por clube foi caindo ao 
longo dos anos, pois em 2016 foram 5,92 lesões musculares por clube, contra 5,42 lesões 
em 2017, e 4,79 lesões em 2018.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
124
Fig. 3. Distribuição das doenças musculares de acordo com a distância da partida.
Fig. 4. Distribuição de lesões musculares de acordo com o clima da partida.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
124 125
Fig. 5. Distribuição das lesões musculares de acordo com o momento da lesão.
Em relação aos turnos do campeonato, nos três anos avaliados, a maior parte das 
lesões musculares ocorreu no primeiro turno (Figura 6).
DISCUSSÃO
No Brasil, o futebol é o esporte mais praticado, e a paixão e o fanatismo dos torcedores 
por seus respectivos clubes transcendem a razão, sendo este um dos principais motivos da 
busca por melhores resultados e da obsessão por títulos.
Logo, a utilização máxima dos atletas é essencial aos clubes de futebol, que são pre-
judicados quando há lesão em seus atletas, inviabilizando-os à prática esportiva.
Em um estudo, Ekstrand et al8 avaliaram 2.299 jogadores de clubes europeus entre 
2001 e 2009, e cerca de 1/3 das lesões foram musculares, e as lesões do músculo isquio-
tibial foram a mais comuns, assim como no presente estudo.
Em outro estudo, Ekstrand et al9 avaliaram os jogadores da Liga dos Campeões da 
União de Associações de Futebol Europeias (Union of European Football Associations, UEFA, 
em inglês) durante 11 anos. Os autores observaram que houve diminuição da taxa de lesões 
ligamentares, mas não houve queda na taxa de lesões musculares. No presente estudo, 
houve uma queda progressiva nas três temporadas avaliadas. Estudos prévios2,10,11 que 
avaliaram o panorama de lesões em jogadores de futebol no Brasil demonstraram que as 
lesões musculares são as mais comuns, e uma hipótese que pode ser aventada é que, a partir 
desses estudos, houve uma maior preparação por parte dos clubes brasileiros para evitar 
lesões musculares, e isso justificaria essa queda nas três temporadas avaliadas no presente 
estudo. Outras hipóteses são aventadas, como melhora nas condições dos gramados no 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
126
Brasil, clubes buscando elencos maiores, com mais jogadores, para preservar atletas, e o 
avanço no uso da tecnologia pelos departamentos médicos dos clubes.
Fig. 6. Comparação de lesões musculares nos turnos do campeonato.
Junge e Dvořák12 avaliaram as lesões ocorridas durante a Copa do Mundo FIFA de 
2014 no Brasil; a mais comum foi a lesão muscular na coxa, e os autores recomendaram 
intervenções para prevenir lesões nos membros inferiores sem contato, as quais devem 
fazer parte da rotina de treinamento dos clubes de futebol.
Ekstrand et al13 realizaram um acompanhamento durante 13 anos em clubes euro-
peus de futebol, e observaram que houve um aumento na taxa de lesões musculares dos 
isquiotibiais durante os treinos e manutenção da taxa em relação aos jogos. Os autores 
colocaram como hipótese para essa diferença que há uma maior exigência muscular du-
rante os treinamentos. No presente estudo, foram avaliadas apenas as lesões ocorridas 
durante os jogos, e houve uma diminuição na incidência de lesões musculares no decorrer 
das três temporadas. No estudo de Bengtsson et al14 em que foram avaliadas 14 tempo-
radas consecutivas de clubes da UEFA, os autores encontraram uma média de 9,4 lesões 
musculares por 1.000 horas, valor um pouco acima do encontrado no presente estudo (7,66 
lesões musculares per 1.000 horas). Outro aspecto abordado no estudo é que houve um 
número maior de lesões quando houve menos de três dias de descanso entre as partidas. 
Estudos prévios15–18 demonstraram redução de 20% no número de lesões quando houve 
mais de 3 dias de descanso entre as partidas. Sinais de fadiga muscular após uma partida 
de futebol duram cerca de 72 horas, o que foi demonstrado em estudos prévios.19–22 Isso 
pode alterar os movimentos dos jogadores, levando os músculos a funcionar em níveis em 
que não estão acostumados, predispondo os atletas a novas lesões. Nas temporadas do 
Campeonato Brasileiroem que foram avaliadas as lesões, houve uma média de três dias de 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
126 127
descanso entre as partidas, valor associado a um maior número de lesões. Além disso, no 
presente estudo, foi demonstrado que, em jogos fora de casa a uma distância maior do que 
800 km, houve uma incidência maior de lesões. Uma hipótese que pode ser aventada é a 
de que nessas partidas os jogadores tiveram menor tempo de descanso e maior desgaste 
devido à viagem, e, com isso, apresentaram um número maior de lesões.
No estudo de Buckthorpe et al,23 fez-se uma avaliação sobre as causas das lesões dos 
isquiotibiais, que são as mais comuns entre os jogadores de futebol. Os autores apontaram 
a importância do fortalecimento da musculatura do core e a integridade do balanço pélvico 
para evitar lesões dos isquiotibiais.
No estudo de Eirale,24 demonstrou-se que uma importante ferramenta para a diminuição 
da ocorrência de lesões dos isquiotibiais é a detecção de sintomas prodrômicos por parte 
dos atletas e/ou preparadores, e a realização de exames que detectam alterações antes do 
aparecimento da lesão, como a ressonância magnética e exames laboratoriais.
Ekstrand et al25 avaliaram 35 times de futebol da Europa, e aqueles em que houve 
um período de parada no decorrer da temporada apresentaram um menor afastamento de 
jogadores por conta de lesões. Pode-se aventar a hipótese de que o menor índice de lesões 
em 2018 seja justificado pela parada devido ao período da Copa do Mundo.
No estudo de Jones et al,26 foram avaliados 243 jogadores profissionais do futebol in-
glês, e demonstrou-se que as lesões musculares dos isquiotibiais são as mais frequentes, 
correspondendo a 39,5% de todas as lesões musculares e a 16,3% do total das lesões, taxa 
semelhante à encontrada no presente trabalho, assim como a escala deseveridade da lesão 
moderada (8 a 28 dias), a qual foi a mais comum em ambos os estudos. No estudo de Klein 
et al,27 em que foram avaliadas 3 temporadas do campeonato alemão, a mais comum foi a 
lesão muscular da coxa, com 23,6% dos casos, e o grau de severidade mais comum foi o 
moderado (8 a 28 dias de afastamento).
Em relação ao turno em que ocorreram as lesões musculares, há necessidade de no-
vos estudos que avaliem esse aspecto, pois no presente estudo a maioria delas ocorreu no 
primeiro turno, o que não é o mais esperado, uma vez que se sabe as lesões musculares 
estão muitas vezes associadas à fadiga muscular, a qual é mais esperada no segundo turno.
As lesões musculares, umas das principais causas de afastamento dos atletas do 
âmbito esportivo, vêm sendo amplamente estudadas para a compreensão dos fatores de 
risco e o estabelecimento do tratamento adequado. Com esse entendimento, haverá ganho 
esportivo, seja dos clubes, dos jogadores, ou do campeonato, que terá seu nível de qualidade 
aumentado, e os próprios torcedores também vão se beneficiar, pois verão em campo seus 
ídolos, aumentando o ganho financeiro e esportivo dos envolvidos.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
128
No Brasil, apesar do alto valor financeiro envolvido nas duas principais divisões do 
Campeonato Brasileiro de Futebol, nota-se uma carência de estudos sobre as causas de 
impedimento à prática esportiva de seus atletas, entre elas as lesões musculares.
Uma limitação do presente estudo é a possibilidade de viés de informação, posto que 
as informações podem ter sido modificadas ou até omitidas pelos médicos dos clubes. Além 
disso, o estudo avaliou apenas lesões agudas ocorridas durante os jogos, e não avaliou 
as lesões sofridas durante o treinamento e as doenças não relacionadas ao esporte. Outra 
limitação é que o tempo de exposição foi calculado baseado em 22 jogadores e 90 minutos 
por jogo. Um método mais preciso seria considerar os acréscimos ou a duração real de 
cada partida e o número de minutos de exposição para cada jogador individualmente. Entre 
os pontos fortes, o presente estudo é o primeiro no Brasil a realizar a avaliação de lesões 
musculares por três anos no principal campeonato de futebol do país. Além disso, foram 
realizadas correlações que podem ser conduzidas em outros estudos para comparação, 
e este estudo confirmou certas associações que, apesar de esperadas, não tinham sido 
previamente avaliadas.
CONCLUSÃO
As lesões musculares em jogadores de futebol profissional das séries A e B do 
Campeonato Brasileiro de Futebol entre os anos 2016 a 2018 corresponderam a 35% das 
lesões, com uma incidência de 7,7 /1,000 h, e ocorreram predominantemente nos jogos 
em casa, em defensores (laterais e zagueiros), com idade média de 28 anos, envolven-
do principalmente a musculatura isquiotibial, com tempo médio de afastamento modera-
do (8 a 28 dias).
Apesar do avanço nos estudos epidemiológicos e demográficos das lesões no futebol, 
concluímos que a literatura carece de novos estudos, e que há margem para novas pesqui-
sas sobre esse tema.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer aos médicos dos clubes e a Confederação Brasileira pela 
ajuda para a realização deste trabalho.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
128 129
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09
Estresse, humor e burnout: um estudo 
sobre atletas do futebol feminino
Igor Malinosqui Rinaldi
UNESP
Mayra Grava de Moraes
UNESP
Carlos Eduardo Lopes Verardi
UNESP
10.37885/210303876
https://dx.doi.org/10.37885/210303876
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
132
Palavras-chave: Estresse, Humor, Burnout, Futebol Feminino.
RESUMO
Objetivo: identificar e analisar níveis dos estados de humor e burnout, bem como a 
percepção de estresse e recuperação em atletas de futebol do sexo feminino, durante 
treinamentos de uma temporada. Metodologia: foi realizado um levantamento de lite-
ratura e da recente produção científica em relação ao tema em psicologia do esporte, 
em conseguinte, foi realizada a coleta de dados junto as equipes participantes, por meio 
dos Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas (RESTQ-76), de Estados de 
Humor de Brunel (BRUMS) e do Questionário de Burnout para Atletas (ABQ) em 59 jo-
gadoras de duas categorias distintas que atuaram no futebol feminino e que competiram 
série A1 dos Campeonatos Paulista e Brasileiro Feminino no ano de 2018. Resultados: 
os resultados mostraram que não houve diferença das variáveis entre as categorias, 
as médias das participantes apresentaram perfil de humor positivo para atletas e que 
os níveis médios de estresse e burnout apresentaram valores baixos e a recuperação 
revelou escores moderados. Além disso, observou-se associações positivas entre es-
tresse, burnout e humor negativo em muitas dimensões; correlações negativas entre 
recuperação e estresse, burnout e humor negativo; e relação positiva entre recuperação 
e o fator vigor de humor. Conclusões: conclui-se, portanto, que as associações fortes 
entre as variáveis podem auxiliar na compreensão, na prevenção de acometimentos em 
saúde psicológica e desempenho esportivo das atletas, no entanto, há necessidade de 
mais investigações que permitam ampliar o conhecimento sobre a população estudada 
no contexto futebolístico.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
132 133
INTRODUÇÃO
Pode-se constatar que há uma crescente preocupação sobre como o esporte é concebi-
do pela perspectiva da psicologia, sobretudo em relação ao reduzido espaço de participação 
das mulheres neste contexto, tanto na prática das modalidades (BRAUNER, 2015), quanto 
na visibilidade midiática (SOUZA; KNIJNIK, 2007). Acrescenta-se a este fato o movimento de 
ascensão das mulheres frente aos diferentes espaços sociais, característico de emancipa-
ção, de aceitação social perante o corpo feminino e correspondente busca pela igualdade de 
direitos das mulheres em relação aos homens em diversos ambientes, inclusive no esporte 
(GIULIANI, 2007; MARTIN, 2006; RAGO, 2007).
No Brasil, a discussão acadêmica sobre o futebol feminino e seu espaço em relação ao 
futebol de homens apareceu inicialmente em trabalhos como os de Souza Júnior e Darido 
(2002), Ventura e Hirota (2007) e Santos, Silva e Hirota (2008), aos quais debateram sobre 
as situações que condicionam a prática de acordo com as relações de poder e gênero, 
as oportunidades oferecidas, os discursos de preconceito e as motivações, indicando a 
necessidade de novas perspectivas de promoção ao esporte feminino e de trazer à tona 
questionamentos iniciais sobre os aspectos psicológicos envolvidos no futebol de mulheres.
Sobre aspectos psicológicos das mulheres no futebol, Junge e Prinz (2019) detecta-
ram uma prevalência de sintomas de depressão em nível intermediário e de ansiedade em 
jogadoras da primeira divisão da Alemanha, os quais são equivalentes ao da população de 
outras modalidades em geral e do mesmo sexo. Porém as jogadoras que estavam em divisão 
inferior de categoria apresentaram níveis mais elevados que outras populações, verificando 
assim, que a menor experiência de jogos está relacionada a maiores escores de sintomas 
depressivos e ansiedade. Surgem questionamentos em relação a complexidade deste pro-
blema no que concerne ao espaço que as mulheres têm para se jogar e a qualidade de vida 
das mesmas, ou seja, quais os níveis de estresse que as mulheres enfrentam no meio fute-
bolístico e quais as implicações para a saúde e para desempenho esportivo das mesmas.
Atletas de alto rendimento em diferentes esportes do sexo feminino possuem duas 
vezes mais chances de apresentarem sintomas depressivos leves a mais graves que atletas 
de rendimento do sexo masculino (GORCZYNSKI, 2017), o que sugere a importância de 
se investigar a inserção de atletas em diferentes contextos e de diferentes características 
biológicas, psicológicas e sociais. Knijnik e Vasconcellos (2016) consideram que mulheres 
praticantes de futebol são mais afetadas pelo estresse em relação aos homens nos aspec-
tos relacionados à dificuldade de convivência com o grupo, às pressões e cobranças por 
resultados e ao preconceito, porém não há evidências de que as características biológicas 
do sexosejam responsáveis por tais percepções, mas sim que as condições ambientais 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
134
inerentes aos espaços ocupados pelos homens são preponderantes no desencadeamento 
do estresse percebido.
Neste sentido, ainda pode ser observado muitas barreiras que as mulheres enfren-
tam no esporte, que se manifestam na dificuldade em procurar auxílio psicológico devido à 
estigmatização sobre o tratamento de distúrbios mentais, na falta de conhecimento sobre 
saúde psicológica, nas experiências passadas limitantes ao desenvolvimento, no alto nível 
de ocupações e na hipermasculinidade esportiva, bem como à falta de aceitação das mulhe-
res como atletas, à baixa aceitação de sintomas e distúrbios de saúde mental entre atletas 
e à elevada dependência econômica (CASTALDELLI-MAIA, 2019). Salvini e Marchi Júnior 
(2016) entrevistaram atletas de futebol feminino e descobriram na análise de seus discur-
sos, as dificuldades enfrentadas na modalidade no âmbito nacional, desde a infância até a 
vida profissional, inerentes à falta de reconhecimento, ao combate ao preconceito social, 
à carência de incentivo mercadológico e à luta pela ampliação do espaço para exercerem 
seus direitos que foram adquiridos somente a partir do final dos anos 1970 e início dos anos 
1980, data da revogação do Decreto-lei que proibia as mulheres de praticarem esportes que 
não estivessem de acordo com sua natureza.
No âmbito esportivo, em consenso, o Comitê Olímpico Internacional (2019) encontrou 
nas recentes publicações, distúrbios e sintomas sobre a saúde psicológicas de atletas pro-
fissionais e amadores. Além disso, apontou possíveis maiores fontes de estresse que podem 
influenciar a saúde dos atletas, como assédio e abuso, relações entre lesões e performance, 
barreiras para o tratamento de distúrbios da saúde, a possibilidade de abandono do esporte 
e emergências em problemas psicológicos (REARDON, et al. 2019).
O estresse, portanto, é uma forma de desestabilização entre a pessoa (condições 
internas) e o meio ambiente (condições externas) que leva a efeitos negativos ou positivos, 
ou seja, o estresse até certo grau pode ser benéfico para manutenção e aperfeiçoamento 
das capacidades funcionais (KELLMANN; KALLUS, 2001; SAMULSKI et al., 2009). Assim, o 
equilíbrio entre estresse e recuperação pode otimizar a performance esportiva, de tal forma 
que o sujeito pode reagir ao estresse de maneira não prejudicial e aumentar o desempenho 
no esporte desde que tenha uma recuperação adequada que reequilibre as suas funções 
orgânicas e psicológicas (KELLMANN, 2017).
Nas últimas décadas, estudos demonstraram que as implicações dos estados de humor 
no rendimento esportivo em atletas podem, a princípio, influenciar de maneira prejudicial o 
desempenho esportivo caso o atleta não apresente perfil de humor considerado adequado 
(LANE, 2001; LANE; TERRY, 2000; TERRY; LANE, 2000). O humor é dependente de muitas 
situações específicas do esporte, como a competição, as demandas estratégicas da moda-
lidade e o ambiente em que é praticado, entretanto, níveis elevados do fator positivo vigor 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
134 135
e de baixos escores dos fatores negativos de tensão, fadiga, depressão, raiva e confusão 
são características dos estados de humor de atletas que apresentam melhor rendimento 
esportivo denominado de perfil de iceberg, ou seja, há variações mais adequadas de humor 
para competições esportivas (BRANDIT, 2010; LANE, et al., 2005; GATTI; DE PALO, 2011; 
MORGAN, 1980; TERRY, 1995).
Neste sentido, estudos apontam que os estados de humor estão associados ao sucesso 
ou ao fracasso no esporte e na saúde do praticante, justificados por percepções alteradas 
do humor, biomarcadores de estresse e fatores de recuperação como o sono (CHENNAOUI 
et at., 2016). Assim, os mecanismos fisiológicos e emocionais e os comportamentos sociais 
específicos fazem parte das demandas de vida de um atleta, sendo o humor uma variável 
preditiva do desempenho competitivo e que pode estar associado a estes mecanismos. A má 
qualidade de sono, por exemplo, apresenta maior tendência em atletas de nível internacio-
nal que percebem a confusão, depressão e fadiga em níveis mais elevados, ao contrário 
daqueles com vigor aumentado e com confusão, fadiga e tensão diminuída, que apresentam 
menor associação com o sono ruim (ANDRADE et al., 2019).
O desempenho é uma característica fundamental do contexto esportivo e que está inti-
mamente ligada aos acometimentos da síndrome burnout. Assim, neste ambiente específico, 
as pesquisas levaram em conta outros aspectos do desempenho que poderiam estar asso-
ciados aos sintomas da síndrome, dentre elas, as cargas de treinamento, as competições, o 
modo de vida esportivo e outras fontes de estresse psicofisiológicos preponderantes para os 
profissionais envolvidos no esporte (RAEDEKE, 1997; RAEDEKE; SMITH, 2001). De modo 
integrativo das abordagens teóricas sobre burnout no âmbito esportivo, Gutafsson, Kentta 
e Hassmén (2011) defendem que o estudo sobre o tema deve ser abordado de maneira 
holística e que considere as características de personalidade, de estratégias de enfrenta-
mento e dos fatores ambientais, com a finalidade de auxiliar pesquisadores, treinadores e 
atletas a compreenderem os mediadores da síndrome de burnout, como o perfeccionismo, 
a motivação, o estresse, o humor e as adaptações psicológicas relacionadas as habilidades 
de enfrentamento (GUSTAFSSON; DEFREESE; MADIGAN, 2017).
Dessa maneira, o objetivo da presente pesquisa foi identificar e analisar os níveis de 
burnout e estados de humor, bem como a percepção de estresse e recuperação em atletas 
de futebol do sexo feminino em fase de treinamento durante o período de competições. Além 
disso, comparamos os escores relativos à percepção de estresse e recuperação, estado de 
humor e burnout, entre as categorias Adulta e Sub 17 durante o período de competições, 
bem como associar os escores relativos à percepção de estresse e recuperação entre os 
estados de humor e burnout, durante o período de competições das atletas participantes.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
136
MÉTODOS
AMOSTRA
Participaram do estudo 59 atletas de futebol feminino, com média de 20,01±5,02 anos 
de idade, pertencentes a dois clubes brasileiros que disputaram o Campeonato Brasileiro da 
Série A1 e o Campeonato Paulista Sub17. A amostra foi dividida em duas categorias: Sub17 
(26 atletas com 15,73±1,25 anos de idade) e Adulta (33 atletas com 23,39±4,22 anos de idade).
PROCEDIMENTOS
Inicialmente o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da 
Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (número do CAAE: 
15794613.0.0000.5398). Em seguida, foi realizado contato com três equipes de futebol 
feminino que disputam os Campeonatos Brasileiro e Paulista da Primeira Divisão. Destes, 
duas equipes aceitaram participar da pesquisa.
Em contato com as atletas, estas, foram informadas sobre a pesquisa, seus objetivos e 
sua metodologia. Logo em seguida, receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(TCLE) com o objetivo de esclarecimento sobre as condições para participação na pesqui-
sa. A condição de participação na pesquisa foi à devolução do TCLE, devidamente assinado 
pelo responsável. Os dados foram coletados pessoalmente pelos pesquisadores, logo após 
as sessões de treinamento no período do segundo semestre do ano e em temporada compe-
titiva. As atletas que aceitaram a condição para a participação na pesquisa foram orientadas 
a responder os questionários, de 30 a 40 minutos após, no próprio local de treinamento.
INSTRUMENTOS
a. Ficha de avaliação sociodemográfica: foram utilizadas as informações referentes a 
idade, tempo em competições oficiais (experiência), número de treinos por semana 
e número de competições internacionais, nacionais e estaduais. Outras informa-
ções contidas na fichaforam excluídas do estudo por não contemplar o objetivo de 
pesquisa.
b. Escala de Humor de Brunel (BRUMS): foi utilizada no presente estudo para permi-
tir uma rápida mensuração dos estados de humor. Validada para o português por 
Rohlfs et al. (2008) o BRUMS contém 24 indicadores simples de humor, tais como 
as sensações de raiva, disposição, nervosismo e insatisfação que são perceptíveis 
pelo indivíduo que está sendo avaliado. Os avaliados respondem como se situam 
em relação às tais sensações, de acordo com a escala de 5 pontos (de 0 = nada a 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
136 137
4 = extremamente). São avaliados seis estados subjetivos e transitórios de humor: 
Tensão (T), Depressão (D), Raiva (R), Vigor (V), Fadiga (F) e Confusão Mental (C). 
Os fatores T, D, R, F e C são considerados fatores negativos e o Vigor classificado 
como fator positivo. O Distúrbio Total de Humor (DTH) é dado pela seguinte fórmu-
la: DTH = (T+D+R+F+C) – V + 100 (MORGAN et al., 1987).
c. Questionário de Estresse e Recuperação para Atletas (RESTQ 76 Sport): consiste 
em uma série de afirmações que indicam o estado mental, emocional e o bem-es-
tar físico dos atletas. As respostas foram dadas em uma escala do tipo Likert. 0. 
Nunca; 1. Pouquíssimas vezes; 2. Poucas vezes; 3. Metade das vezes; 4. Muitas 
vezes; 5. Muitíssimas vezes; 6. Sempre. Este questionário foi desenvolvido para 
medir a frequência do estado de estresse atual em conjunto com a frequência de 
atividades de recuperação associadas. Para tanto, ele avalia eventos potencial-
mente estressantes e fases de recuperação e suas consequências subjetivas nos 
últimos três dias e noites (KELLMANN et al., 2009). Pela variação da escala entre 
0 e 6, valores acima de 4 são considerados “altos”, abaixo de 2 são considerados 
“baixos” e, entre 2,01 e 3,99, são “moderados”, seja para estresse específico, es-
tresse geral ou recuperação. Os valores das escalas são calculados pelos valores 
médios dos respectivos itens. Altos escores nas escalas associadas às atividades 
de estresse refletem estresse subjetivo intenso, enquanto altos escores nas esca-
las associadas à recuperação refletem muitas atividades de recuperação (KELL-
MANN et al., 2009).
d. Questionário de Burnout para Atletas (ABQ): validado para o idioma português por 
Pires, Brandão e Silva (2006), a partir do instrumento de idioma inglês intitulado 
Athlete Burnout Questionnaire (RAEDEKE; SMITH, 2001). O ABQ possui 15 ques-
tões do tipo Likert, sendo 05 para medir a subcategoria exaustão física e emocional 
(EFE) (eu estou exausto pelas demandas físicas e emocionais do esporte), sendo 
elas as número 2, 4, 8, 10, e 12; 05 para medir a subcategoria desvalorização es-
portiva (DES) (eu tenho sentimentos negativos em relação ao esporte), sendo as 
de números 3, 6, 9, 11 e 15; e 05 para medir a subcategoria reduzido senso de re-
alização esportiva (RSR) (não importa o que eu faço, eu não executo como devo), 
com as questões número 1, 5, 7, 13 e 14. Cada uma das questões conta com 05 
opções de respostas, sendo que o número 1 significa “eu quase nunca me sinto 
assim” e no outro extremo, o número 5, que significa “eu me sinto assim a maior 
parte do tempo”, sendo as respostas intermediárias as seguintes: “Raramente” (2), 
“Algumas vezes” (3) e “Frequentemente” (4).
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
138
ANÁLISE DE DADOS
Os dados obtidos foram avaliados quantitativamente, com métodos estatísticos. Foram 
efetuados cálculos de estatísticas descritivas (média, mediana, desvio padrão, mínimo, má-
ximo); testes de significância não paramétricos utilizados para comparação de categorias de 
jogadoras sub17 e adulta (teste de comparação de duas proporções, teste não paramétrico 
de Mann-Whitney para comparação das medianas). Além disso foi utilizado o teste de me-
didas de correlação de Spearman entre as variáveis e aplicado o teste de correlação para 
obtenção do coeficiente de determinação R². As correlações mais significativas (p<0,001) 
e de maior efeito (r>0,60 ou r>-0,60) bem como as relações com nível de significância de 
p<0,05 foram adotadas como critérios de associações médias à fortes (DANCEY; REIDY, 
2013; FIELD, 2009). O grau do coeficiente de correlação foi avaliado qualitativamente de 
acordo com a proposta de Callegari-Jacques (2003) da seguinte forma: fraca (entre 0,00 e 
0,30); regular (entre 0,30 e 0,60); forte (entre 0,60 e 0,90) e muito forte (entre 0,90 e 1,00).
RESULTADOS
Com a finalidade de caracterizar a amostra, na Tabela 1 segue a análise descritiva da 
idade, quantidade de treinos semanais, número de competições oficiais na carreira, compe-
tições em níveis estaduais, nacionais e internacionais das atletas por categoria. Observa-se 
para todas as variáveis diferenças estatisticamente significativas quando comparadas entre 
as categorias Adulta e Sub17.
Tabela 1. Caracterização da amostra por categoria: Idade, número de treinos por semana, número competições estaduais, 
nacionais, internacionais e competições oficiais na carreira.
Variável Categoria (n) ± s Md Mín Máx p
Idade
Sub17 26 15,73±1,25 16 13 17
<0,001
Adulta 33 23,39±4,22 22 18 33
Treinos por semana
Sub17 26 3,73±1,28 3 3 7
<0,001
Adulta 33 6,24±0,90 6 5 8
Competições estaduais
Sub17 26 1,96±1,21 2 0 4
<0,001
Adulta 33 7,24±5,31 5 0 20
Competições nacionais
Sub17 26 0,26±0,60 0 0 2
<0,001
Adulta 33 4,51±4,00 4 0 15
Competições internacionais
Sub17 26 0,11±0,32 0 0 1
<0,010
Adulta 33 1,06±1,69 0 0 5
Competições oficiais
Sub17 26 1,76±1,24 1,5 0 5
<0,001
Adulta 33 7,57±4,96 8 0 20
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
138 139
A Tabela 2 apresenta os dados referentes aos estados de humor das atletas, nota-se 
que não houve diferença estatisticamente significativa estre as seis dimensões quando 
comparadas as duas categorias.
Tabela 2. Estatística descritiva para as seis dimensões dos estados de humor em atletas das categorias Adulta e Sub17 e 
valor p resultante da comparação realizada com o Teste Mann-Whitney.
Dimensões Categoria (n) ± s Md Mín Máx p
Tensão
Sub17 26 4,19±2,81 3,5 0 10
0,311
Adulta 33 5,18±3,44 5 0 12
Depressão
Sub17 26 2,42±3,5 2 0 16
0,339
Adulta 33 2,18±3,45 0 0 12
Raiva
Sub17 26 3,69±3,92 2,5 0 16
0,847
Adulta 33 3,87±4,44 2 0 14
Vigor
Sub17 26 10,96±2,74 11 6 16
0,830
Adulta 33 11,15±3,15 11 3 16
Fadiga
Sub17 26 4,64±4,33 3,5 0 14
0,164
Adulta 33 5,45±3,28 4 1 14
Confusão
Sub17 26 3,50±3,15 3,5 0 16
0,363
Adulta 33 3,33±3,79 2 0 15
DTH Sub17Adulta
26
33
107,5±15,98
108,8±16,54
106
107
88
89
166
148 0,807
Nota: DTH: Distúrbio Total de Humor.
Entre os seis fatores negativos de humor os escores médios mais elevados foram Fadiga 
e Tensão, ambos na categoria Adulta. Entretanto, o Vigor físico para ambas as categorias 
apresentou resultado positivo, Adulta (11,15±3,15) e categoria Sub17 (10,96±2,74) respec-
tivamente. O fator Vigor representa estado de animação, excitação, energia e disposição, 
o que confere, no caso da realização da prática esportiva, um aspecto essencialmente po-
sitivo para melhor desempenho. Vale ressaltar que baixos níveis dessa dimensão aliados 
à elevados escores das dimensões negativas, podem estar relacionados ao desempenho 
prejudicado, a fatores ligados ao excesso de treinamento e até mesmo à síndrome de bur-
nout. Não obstante, o valor do distúrbio total de humor (DTH) para a categoria Sub17 foi de 
107,53±15,98 e para a Adulta o valor encontrado foi de 108,8±16,54. Tais valores, são tidos 
como elevados níveis de DTH, pois se encontram ≥101.
Na Tabela 3, a análise dos dados das dimensões de estresse não mostrou diferenças 
significativas entre as categorias, o maior valor médio de 4,05±0,88 esteve presente na 
dimensão de Áreas de Recuperação (AR) na categoria Adulta. O menor valor médio ficou 
para o fator de Estresse Específico (EE) de 1,88±0,84 presente na categoria Sub17. Deste 
modo, observou-se níveis baixos à médios em todasas dimensões de estresse, valores 
abaixo ou muito próximos do valor médio da escala (2) e escores considerados médios à 
altos para os fatores de recuperação, acima de 2,01.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
140
Tabela 3. Estatística descritiva das seis dimensões de estresse e recuperação em atletas de futebol feminino das categorias 
Adulta e Sub17 e valor p resultante da comparação do Teste Mann-Whitney.
Dimensões Categoria (n) ±s Md Mín Máx p
Estresse Geral
Sub17 26 2,02±0,88 1,89 0,18 3,50
0,454
Adulta 33 1,92±0,88 1,61 0,57 4,18
Estresse Específico
Sub17 26 1,88±0,84 1,58 0,75 3,75
0,561
Adulta 33 2,04±1,06 1,92 0,58 5,50
Estresse Global
Sub17 26 1,95±0,76 1,85 0,76 3,26
0,957
Adulta 33 1,98±0,92 1,82 0,66 4,84
Recuperação Geral
Sub17 26 3,50±0,69 3,50 2,35 4,80
0,450
Adulta 33 3,65±0,71 3,70 2,30 5,00
Áreas de Recuperação
Sub17 26 3,76±086 3,56 2,00 5,63
0,228
Adulta 33 4,05±0,88 4,13 2,56 5,75
Recuperação Global
Sub17 26 3,63±0,71 3,44 2,23 5,21
0,401
Adulta 33 3,85±0,76 3,84 2,43 5,35
O estresse menor que a recuperação pode representar proteção as atletas no que se 
refere a acometimentos relativos ao excesso de treinamento, deste modo, o resultado das 
médias para as dimensões de estresse e recuperação se revelaram favoráveis a saúde psi-
cológica às atletas, porém, vale a reserva na análise quando se observa os valores máximos 
que indicaram que algumas atletas atingiram valores muito acima da média.
Os índices obtidos das dimensões de burnout são apresentados por categoria na Tabela 
4. Os valores médios entre as categorias não indicaram diferenças estatística significativas, 
além disso as médias e medianas atingiram valores abaixo de 2,50, no entanto, houve 
atletas que atingiram valores máximos próximos de 5, em destaque para a dimensão de 
Desvalorização Esportiva (DES) na categoria Sub17. Sabe-se que percepções que refletem 
elevados escores para burnout são prejudiciais à saúde do atleta bem como se relaciona 
com decréscimo da performance esportiva, portanto de acordo com as médias, os resultados 
das amostras representam aspectos positivos em relação à performance esportiva dado as 
médias baixas da maioria das atletas analisadas.
Tabela 4. Estatística descritiva das três dimensões da síndrome de burnout em atletas de futebol feminino das categorias 
Adulta e Sub17 e valor p resultante da comparação do Teste Mann-Whitney.
Dimensões Categoria (n) ± s Md Mín Máx p
RSR
Sub17 26 2,20±0,53 2,14 1,57 3,71
0,309
Adulta 33 2,07±0,54 1,86 1,29 3,36
EFE
Sub17 26 2,06±0,60 2,03 1,36 3,86
0,227
Adulta 33 1,88±0,63 1,67 1,00 3,50
DES
Sub17 26 1,94±0,77 1,75 1,17 4,50
0,260
Adulta 33 1,78±0,78 1,67 1,00 3,50
Nota: RSR: Reduzido Senso de Realização; EFE: Exaustão Física Emocional; DES: Desvalorização Esportivo.
De acordo com os resultados comparativos entre as categorias Adulta e Sub17 de 
atletas de futebol feminino no que se refere as variáveis de estresse e recuperação, humor e 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
140 141
Burnout, não houve diferenças estatisticamente significativas, invalidando a primeira hipótese 
de pesquisa. Embora tenham sido identificadas diferenças nas rotinas de treinos, competi-
ções e experiência, é possível presumir que as atletas das diferentes categorias estiveram 
em condições que proporcionaram percepções de estresse e recuperação, humor e burnout 
de modo muito semelhante. Outra proposta para novas investigações seria analisar se a 
organização do futebol feminino, no que se refere nas divisões de categorias, impacta nas 
variáveis psicológicas das atletas.
Os resultados mostraram que as correlações significativamente positivas, estiveram 
entre: Reduzido Senso de Realização (RSR) e Estresse Específico (EE) (0,72), Exaustão 
Física Emocional (EFE) e Estresse Específico (EE) (0,80), Desvalorização Esportiva (DES) e 
Estresse específico (EE) (0,61), EFE e Estresse Geral (EGE) (0,47); RSR e Estresse Global 
(EGL) (0,60); EFE e EGL. (0,69); DES e EGL (0,44). No que se refere as dimensões de es-
tados de humor as associações positivas estiveram entre EGE e Tensão (0,55), Depressão 
(0,69), Raiva (0,79), Fadiga (0,75) e Confusão (0,74); EE e Depressão (0,40), Raiva (0,53), 
Fadiga (0,77) e Confusão (0,51); EGL e Tensão (0,44), Depressão (0,53), Raiva (0,67), 
Fadiga (0,81) e Confusão (0,63); RSR e Fadiga (0,47) e EFE e Fadiga (0,57).
De acordo com valores encontrados do coeficiente de determinação cabe o destaque 
para as variações das dimensões de burnout de EFE, RSR e DES explicadas em 62%, 57% 
e 47% da variação do EE respectivamente, que também foi responsável pela variação da 
Fadiga em 47%. Além disso, o EGE explicou as variações em 28% da Depressão, 35% da 
Confusão, 41% da Fadiga, e 52% da Raiva e o EGL foi responsável pelas variações em 
37% da Confusão, 57% da Fadiga e 42% da Raiva. Não houve associações positivas entre 
a dimensão de Desvalorização Esportiva (DES) e os fatores negativos de humor, bem como 
apenas apareceram relações positivas entre Fadiga e Exaustão Física Emocional (EFE) e 
Reduzido Senso de Realização (RSR), apresentado na Figura 1. Além disso, todos os fa-
tores de estresse se relacionaram positivamente com quase todas as dimensões negativas 
de humor para categoria Sub17, ou seja, somente o fator de Estresse Específico (EE) não 
apresentou associações com a dimensão Tensão, também pode ser observado as relações 
dos fatores de estresse com as dimensões da síndrome de burnout.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
142
Figura 1. Associações entre as dimensões de estresse, estados de humor negativos e burnout da categoria sub17.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Os estados de humor negativos, o estresse e o burnout se mostraram relacionados 
em sua maioria de efeitos regulares e significância elevadas, observou-se que o estresse 
protagonizou vinte e uma das vinte e três relações positivas apresentadas com fatores 
considerados potencialmente prejudiciais a atletas, em todas as dimensões o estresse so-
mou onze das que possuíam tamanho de efeito e significância mais relevantes, r>0,60 e 
p<0,001. Vale destacar que os agentes estressores no ambiente esportivo contribuem para 
que o fenômeno seja, por muitas vezes, vinculado com outros sintomas psicológicos con-
traproducentes a esportistas, deste modo, o estresse deve ser levado em consideração na 
rotina de treinos e competições para que o humor negativo e a síndrome de burnout sejam 
controlados e prevenidos.
As associações negativamente relacionadas mais significativas e de maior efeito es-
tiveram entre RGL e Depressão (-0,62). Como pode ser notado na Figura 2, as dimensões 
negativamente relacionadas ficaram entre: RGE e RSR (-0,41), RGE e EFE (-0,46), AR e RSR 
(-0,47), AR e EFE (-0,54), AR e DES (-0,46), RG e RSR (-0,42), RGL e EFE (-0,50), AR e 
Tensão (-0,43), RG e Tensão (-0,49), RG e Depressão (-0,57), AR e Depressão (-0,51), RG e 
Raiva (-0,44), RGL e Raiva (-0,43), RG e Fadiga (-0,50), AR e Fadiga (-0,47), RGL e Fadiga 
(-0,55), RG e Confusão (-0,53), AR e Confusão (-0,43), RGL e Confusão (-0,59). A dimen-
são de RGL se relacionou negativamente com as dimensões de burnout em EFE e DES, 
a RG ficou negativamente associada ao RSR e EFE, e AR se associou negativamente com 
os três fatores de burnout.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
142 143
Figura 2. Associações entre as dimensões de recuperação em relação aos fatores de burnout e humor da categoria sub17.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Ainda sobre a recuperação, as dimensões de RGL e RG, se relacionaram negativamente 
com todos os fatores negativos de humor e positivamente com o fator Vigor; já AR se asso-
ciou negativamente com os fatores Depressão, Confusão e Fadiga, e positivamente com a 
dimensão Vigor, para a categoria Sub17. Elevados níveis de recuperação contribuem para 
melhor desempenho de atletas, pois reflete o equilíbrio orgânico necessárioem relação ao 
estresse provocado pelos treinamentos e competições, no caso das atletas que estavam em 
período competitivo, os resultados para recuperação e suas associações sugerem benefício 
à qualidade de vida e desempenho esportivo das mulheres da amostra.
As associações positivas entre os fatores de recuperação e Vigor permitem afirmar 
que a variação e, por vezes, o controle da recuperação alteram em mesma direção que a 
disposição ou estado de ânimo das atletas, deste modo, o monitoramento dos intervalos 
subsequentes aos treinamentos e competições, do manejo do estresse, do tempo adequado 
para o reequilíbrio orgânico frente aos agentes estressores podem influenciar sobremaneira 
os estados de humor positivos e consequentemente o desempenho das futebolistas. Assim 
sendo, embora as informações obtidas no presente estudo se restrinjam à um grupo es-
pecífico de mulheres futebolistas, é de grande relevância que futuras investigações tratem 
a recuperação como variável inseparável do estresse e que a considerem componente 
poderoso no controle de outras variáveis vinculadas aos treinamentos e competições, e 
que, portanto, pode em grande medida, auxiliar na intervenção profissional para melhora 
do desempenho no futebol feminino.
Nas correlações dos fatores que envolvem as variáveis de burnout, estresse, recu-
peração e estados de humor das atletas de futebol feminino da categoria Adulta, pode se 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
144
constatar que os níveis de estresse e burnout estiveram positivamente associados aos 
valores de humor negativo, exceto o fator de Tensão para esta categoria. A figura 3 ilustra 
as associações positivas, de acordo com o efeito e a significância, encontradas entre as 
dimensões de estresse e burnout e em relação aos fatores das variáveis de humor negativo 
das atletas da categoria adulta.
A dimensão de EGE explicou, por meio do coeficiente de correlação ao quadrado, 41% 
da variação do RSR e 28% da EFE e 75% da variação do fator raiva, 60% da depressão e 
36% da confusão. O fator EE foi responsável por 45% da variação do RSR e 34% da EFE 
e EGL explicou 47% do relacionamento com o RSR e 34% da EFE. Vale ressaltar que o 
Estresse Geral e o Estresse Global estão relacionados a condições mais amplas ineren-
tes ao contexto social e de vida do sujeito, enquanto o Estresse Específico está ligado ao 
que é percebido especificamente nas situações das atividades esportivas, deste modo, 
pode-se observar que em todas as esferas de estresse, tanto as esportivas quanto as mais 
afastadas das atividades do futebol, tiveram associações positivas com outras variáveis 
consideradas negativas.
Figura 3. Associações positivas entre as dimensões de estresse, burnout estados de humor negativos da categoria Adulta.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Na figura 4 é ilustrada a relação, entre recuperação, estresse, humor e burnout de 
acordo com cada dimensão, para esta categoria, é possível afirmar parcialmente que os 
escores de recuperação estão negativamente associados com níveis de estresse, de humor 
negativo e positivamente relacionados ao fator de humor positivo. Todas as dimensões de 
estresse e da síndrome de burnout ficaram negativamente associadas significativamente a 
todos os fatores de recuperação, bem como as dimensões Depressão e Raiva se associaram 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
144 145
negativamente à todas as dimensões de recuperação, porém, o fator confusão associou-se 
negativamente apenas com o fator de RGL e os fatores negativos de humor Fadiga e Tensão 
não relacionaram-se com a recuperação, além disso, o fator Vigor ficou positivamente rela-
cionado a todas as dimensões de recuperação.
Figura 4. Associações das dimensões de recuperação em relação aos estados de humor e burnout em atletas de futebol 
feminino da categoria Adulta.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Para a categoria Adulta as dimensões de recuperação se relacionaram negativamente 
vinte e oito vezes das trinta manifestadas e conhecidas como benéficas ao desempenho 
de atletas, assim sendo, a recuperação exerceu um papel fundamental no que se refere a 
proteção a aspectos potencialmente danosos aos sujeitos envolvidos no esporte, pois repre-
senta uma pausa ao estresse prolongado e maneiras de lidar com os agentes estressores e 
estados de humor negativos. Assim como na categoria anterior, confirma-se, portanto, que 
as associações positivas entre as variáveis que podem prejudicar o desempenho, bem como 
as relações negativas entre recuperação e fatores negativos para saúde e performance, e 
relações positivas entre as dimensões de recuperação e Vigor representaram resultados 
benéficos as atletas, isto é, a variação da recuperação mostrou-se, várias vezes e com gran-
de magnitude significativa, influente nas outras variáveis investigadas, corroborando para a 
importância do gerenciamento e a devida atribuição de importância para recuperação nos 
treinamentos e competições do futebol feminino.
DISCUSSÃO
A expansão e a popularização recente do futebol feminino, em âmbito mundial, exigem 
maior atenção em termos econômicos, sociais e em cuidados sobre a saúde psicológica das 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
146
atletas. Portanto, pesquisas que abordam temas relacionados às variáveis do presente traba-
lho são relevantes no que diz respeito a qualidade das abordagens e métodos profissionais.
Os dados obtidos do presente estudo descreveram cada categoria e revelaram que a 
quantidade de treinos e competições foram maiores na Adulta do que na Sub17. Apesar de 
não confirmado pelos resultados, tal fato poderia influenciar de maneira diferente cada cate-
goria nas percepções sobre fatores psicológicos, de acordo com a experiência das atletas, 
assim como em um estudo de Gustafsson, Kentta e Hassmén (2011) que afirmou que atletas 
mais jovens que estiveram propensos a problemas de motivação e perfeccionismo, se encon-
traram mais vulneráveis às percepções de burnout e problemas com a motivação esportiva.
Também não foi possível observar diferenças entre as categorias em relação aos 
estados de humor percebidos com os valores médios elevados do fator Vigor e níveis mais 
baixos dos fatores negativos para ambas as categorias que se revelaram apropriado ao 
desempenho esportivo (DEVONPORT; LANE; HANIN, 2005; MORGAN, 1987). No entanto, 
o distúrbio total de humor (DTH) atingiu níveis classificados como elevados. A comparação 
entre o Vigor e os outros fatores de humor podem ser úteis para monitorar cargas excessi-
vas de treinamento (KENTTÄ, HASSMÉN; RAGLIN, 2006) bem como identificar um perfil 
adequado para o desempenho esportivo em períodos competitivos (MORGAN, 1980).
Os baixos níveis para estresse e síndrome de burnout, além de escores mais eleva-
dos para recuperação são considerados aspectos positivos para performance esportiva 
(KELLMANN, et. al. 2009). Destacou-se que as atletas de ambas categorias perceberam bai-
xos níveis de estresse e escores adequados de recuperação, no entanto, houve associações 
significativas das variáveis de estresse e recuperação com humor e burnout, Portanto, são 
de suma importância que novas investigações busquem identificar os agentes estressores 
específicos da modalidade, se as atletas possuem estratégias de manejo e apoio social e 
se outras variáveis podem estar associadas ao cotidiano esportivo.
Quando comparadas entre as categorias, as variáveis de estresse, humor e burnout 
não demonstraram diferenças significativas para todas as subascalas. Estudos de Verardi 
(2008) e de Pires et. al (2019) não encontraram distinções entre o tempo de prática, as ca-
tegorias diferentes e a síndrome de burnout em atletas de futebol masculino, porém Pires 
et. al (2019) encontraram associações significativas entre o tempo como atleta federado e 
as estratégias de enfrentamento sob pressão, concluindo que, os atletas mais experientes 
que apresentarampercepções importantes da síndrome de burnout tenderam a obter melhor 
performance e maior capacidade de lidar com o estresse.
No que diz respeito às associações das variáveis de estresse e à síndrome de burnout, 
pode ser verificado relações positivas entre elas, especialmente entre as dimensões Estresse 
Específico e Estresse Global em relação a algumas dimensões de burnout e humor negativo 
https://psycnet-apa-org.ez87.periodicos.capes.gov.br/search/results?term=Gustafsson, H.&latSearchType=a
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
146 147
em ambas as categorias analisadas e em todas as subescalas de estresse e burnout na 
categoria Adulta. Isso corrobora com o estudo de De Francisco et. al. (2016) que destacaram 
que o estresse foi responsável por 43% da variação dos sintomas de burnout em seus acha-
dos, levantando questões sobre qual tipo de estresse é potencialmente prejudicial às atletas.
Para a categoria Sub17, destacou-se a influência, por meio do coeficiente de corre-
lação ao quadrado, do Estresse Específico dimensões de burnout. Já na categoria Adulta, 
as dimensões de Estresse Geral Estresse Específico e Estresse Global explicaram muitas 
variações dos fatores de burnout bem como dimensões associadas ao humor. Tais resultados 
sugerem que o estresse no âmbito esportivo pode estar associado a dimensões de burnout 
e a fatores negativos de humor em mulheres atletas de futebol, revelando similaridade ao 
que ocorre em outros atletas de outras modalidades expostas à condições estressantes 
de atividades que aumentam a vulnerabilidade para acometimentos psicológicos deleté-
rios (HANNA, 2019).
Vale ressaltar que os elementos subjacentes ao esporte e aos treinamentos intensos, 
por si, são fontes de estresse que exercem influência sobre desempenho esportivo e reque-
rem a devida atenção sobre a recuperação em atletas (KELLMAN, 2017). No caso do futebol 
feminino observado nesse estudo, o estresse percebido, apesar de ter se manifestado em 
níveis considerados baixos, exerceu papel relevante diante das associações com outras 
variáveis consideradas importantes para a percepção e o comportamento de atletas e que 
devem ser levados em consideração nos planejamentos de treinamentos e competições 
de profissionais, de modo a evitar o excesso de treinamento e consequências graves ao 
desenvolvimento esportivo (DA SILVA; ENUMO; AFONSO, 2016; DE ROSE JUNIOR et. 
al., 2004; RAEDEKE; SMITH, 2001). Além disso, os resultados sustentaram a concepção 
de que as dimensões da recuperação exercem relacionamentos negativos com estresse e 
burnout e associações positivas com o fator Vigor, dado que pode auxiliar no processo de 
prevenção da síndrome.
No futebol masculino, por exemplo, Tabei, Fletcher e Goodger (2012) mostraram que 
o ambiente pode ser fonte de estresse de acordo com o relacionamento com os colegas e o 
estilo de treinamento. Assim, é necessário repensar os planejamentos de treinos, competi-
ções, relacionamentos entre colegas na modalidade e compreender como são concebidos os 
fatores psicológicos no contexto esportivo do futebol que se relacionam com o estresse, a re-
cuperação, o humor e a síndrome de burnout (ÁLVAREZ; CASTILLO; MORENO-PELLICER, 
2019; MARTÍNEZ-ALVARADO; GUILLÉN; FELTZ, 2016; SMITH; HILL; HALL, 2018).
Na categoria Adulta, os resultados confirmaram parcialmente que os níveis de estresse, 
burnout e humor negativo se relacionaram positivamente em quase todas as dimensões e 
se relacionaram negativamente com os fatores de recuperação. Além disso, o fator positivo 
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
148
de humor se relacionou positivamente com todas as dimensões de recuperação. O balanço 
adequado entre os níveis de estresse e recuperação importa de maneira determinante para 
assistência em saúde e melhora no desempenho esportivo (KELLMANN; KALLUS, 2001).
CONCLUSÃO
Os resultados indicaram, de maneira geral, que apesar das atletas estratificadas por 
categorias apresentarem rotinas diferentes no número de treinos, competições e experiências 
variadas na carreira futebolística, não foi possível observar diferença entre as categorias para 
as variáveis psicológicas investigadas, como o estresse, o humor e o burnout. Em muitas das 
dimensões analisadas, revelaram-se médias e medianas consistentemente semelhantes, 
assim sendo, e esses achados permitiram analisar aspectos psicológicos que contribuem 
no planejamento, no monitoramento, na avaliação de treinos e nas competições para ambas 
amostras de categorias Sub17 e Adulta, de modo que reflete implicações importantes ao 
rendimento esportivo e à qualidade de vida de mulheres atletas inseridas no futebol.
Tendo em vista que a variável estresse, em quase todos fatores, se relacionou de 
maneira marcante com a síndrome de burnout e estados de humor, tal elemento pode ser 
considerado epicentro das relações entre as percepções psicológicas em atletas de futebol 
feminino da presente pesquisa. Portanto, é de grande relevância que novas investigações, 
bem como a atenção de profissionais da área se direcionem para os agentes estressores, 
o estresse percebido, a recuperação e quais as implicações destes aspectos em outras 
esferas do desenvolvimento humano e desempenho esportivo.
Nesta perspectiva, as contribuições deste trabalho, com as devidas reservas, estão 
no âmbito das intervenções profissionais no futebol feminino, em especial nas situações 
em que mulheres futebolistas enfrentam e como manejam o estresse percebido por meio 
da recuperação, com a finalidade de proteger a saúde psicológica e desenvolvimento das 
próximas atividades. Assim sendo, as dimensões de recuperação incluídas na variável de 
estresse, são elementos que podem repercutir em inúmeros aspectos de saúde, sociais e 
do desempenho em campo.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
148 149
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Níveis de conhecimento e desidratação 
em jogadores juniores de futebol
Vanessa MachadoLustosa
UNIFSA
Fátima Karina Costa de Araújo
UFPI
Henrilla Mairla Santos de Morais
UNIFACEMA
Fabiane Araújo Sampaio
UFPI
10.37885/210504580
https://dx.doi.org/10.37885/210504580
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
154
Palavras-chave: Esportes, Hidratação, Desidratação.
RESUMO
Introdução: A desidratação é uma condição fisiológica que decorre de uma prolon-
gada perda hídrica, com consequente elevação da temperatura corporal e redução do 
desempenho de atletas. Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento de hidratação e o 
grau de desidratação de jogadores juniores de futebol. Métodos: Trata-se de um estudo 
transversal, com a participação de 14 jogadores de futebol, nos quais foram avaliados 
o percentual de perda de peso após exercício (desidratação relativa), o pH e a densi-
dade da urina além do nível de conhecimento sobre hidratação. A análise estatística foi 
realizada por meio do programa SPSS v. 18.0, utilizando um intervalo de confiança de 
95%, com nível de significância com p <0,05. Resultados: Verificou-se que 92,85% dos 
jogadores apresentaram eutrofia e os valores médios para desidratação relativa, densi-
dade urinária e pH foram de -0,89%, 1034,43, e 5,64, respectivamente. Observaram-se 
também níveis de desidratação apresentaram conhecimento regular sobre hidratação. 
Conclusão: A desidratação encontrada em jogadores juniores pode ser influenciada por 
diferentes posições em campo e pelo esquema tático do jogo.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
154 155
INTRODUÇÃO
O futebol de campo é um dos esportes que cresce a cada ano, com importantes reper-
cussões no mundo esportivo (FRANCISCO et al.,2020). Essa modalidade é caracterizada 
pela disputa entre duas equipes, que contam cada uma com 11 jogadores dos quais 10 são 
atletas de linha, divididos em posições de defesa, meio de campo e ataque (HILDAGO et al., 
2015; SILVA et al., 2018).
A desidratação é uma condição fisiológica que decorre de uma prolongada perda 
hídrica, o que afeta as funções fisiológicas e térmicas do corpo, levando a complicações e 
prejuízos no desempenho esportivo (CAMERINO et al., 2017).
As consequências da desidratação podem ser diminuídas ou até evitadas por meio 
de uma adequada hidratação, o que é fundamental para um bom desempenho atléti-
co, especialmente para atletas que realizam atividades intensas e prolongadas no calor 
(NÓBREGA et al., 2007).
Estudos demonstraram impactos negativos da desidratação na performance física 
dos atletas (SILVA et al., 2018). Na prática da modalidade esportiva a reidratação geral-
mente não é suficiente para compensar os níveis de água perdida devido ao calor gerado 
na atividade. Além disso, fatores como as condições ambientais e a inexistência de pausas 
regulares nos jogos para a reidratação são fatores que podem exacerbar essa situação 
(BALIKIAN et al., 2002).
Para essa adequada reidratação, muitas vezes é necessário a ingestão de líquidos 
com diferentes eletrólitos e a introdução de carboidratos (ANDREW E TREVON, 2018). 
Essa prescrição deve ser sempre considerada de acordo principalmente com o tempo da 
atividade esportiva e as condições climáticas e, no caso do futebol de campo, de acordo 
também com as diferentes posições e consequentes demandas no jogo (JOHAN et al., 2015; 
CARVALHO T; MARA, 2010.
Devido aos potenciais benefícios que um nível de hidratação adequado propicia aos 
atletas, principalmente no Brasil, que é um país tropical, nota-se a necessidade de se es-
tudar e fornecer evidências científicas sobre o tema. Os objetivos do estudo foram avaliar 
o grau de desidratação e o nível de conhecimento sobre hidratação em atletas juniores de 
futebol de campo.
MÉTODO
Estudo transversal, realizado em um clube de futebol na cidade de Caxias, no estado 
do Maranhão, que contou com a participação de 14 jogadores de futebol de campo, do sexo 
masculino, com faixa etária entre 16 e 19 anos de idade.
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156
Primeiramente foram avaliadas as condições climáticas por meio da temperatura e 
umidade relativa do ar e posteriormente, foram coletados peso e altura dos participantes 
para o cálculo do índice de massa corpórea (IMC). Para a verificação do grau de hidratação 
foram coletados a massa corporal antes (MCpré) e após a sessão de treinamento (MCpós) 
de cada jogador, identificando sua posição tática no jogo. Para o cálculo da desidratação 
relativa foi calculado a diferença entre a MCpré e a MCpós. Caso o resultado da variação 
de peso corporal estivesse entre os limites positivos e de perda de 1 kg o atleta era consi-
derado hipohidratado. Continuamente, se as variações fossem de 1 a 3 kg negativos seria 
considerado com desidratação mínima, de 3 a 5 kg negativos de desidratação significativa 
e maior que 5 kg negativos de desidratação grave (CASA et al., 2000).
A urina foi coletada antes e após o treino para a determinação da densidade por meio 
de um refratômetro óptico, e a determinação do pH da urina por foi realizada por meio de 
fitas de determinação de pH (Labtest Diagnostica S.A.®). Os estados de hidratação por 
meio da densidade da urina foram divididos em hipohidratados (≥1030 sg;), hidratados (1013 
a 1029 sg;) e hiperhidratados (1001 a 1012 sg) (CASA et al., 2000). sg: specific gravity: 
densidade relativa.
Para a avaliação do conhecimento dos atletas sobre hidratação foi realizado um ques-
tionário (autoadministrado) adaptado de estudo prévio de Brito (2002) e Ferreira (2003), o 
qual continha oito perguntas objetivas relacionadas aos hábitos e nível de conhecimento 
sobre a temática hidratação. Para análise dos dados, foi utilizada a distribuição da porcen-
tagem obtida em cada resposta, onde foi considerado conhecimento ruim os atletas que 
acertaram até 30% do questionário, conhecimento regular os que acertaram de 30% a 50% 
do mesmo, conhecimento bom os que acertaram de 50% a 70% do questionário e ótimo os 
que acertaram mais que 70%.
Os dados foram organizados em planilhas do Excel®, posteriormente exportados para o 
programa SPSS (for Windows® versão 18.0). Os dados foram descritos através de estatística 
descritiva e analítica. Os dados quantitativos foram analisados pelo teste de Mann-Whitney).
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov em todas as 
variáveis analisadas. Para as variáveis que apresentaram uma distribuição normal foram 
utilizados testes paramétricos.
Para caracterização da amostra, foi utilizada análise descritiva, com distribuição da 
frequência, cálculo de tendência central (média) e de dispersão (amplitude de variação, 
desvio padrão) das variáveis numéricas e para a comparação de média foi utilizada o 
teste t de student.
Nas respectivas análises estatísticas, foi utilizado nível de significância de p ≤ 0,05 e nível 
de confiança de 95%. O projeto foi aprovado sob o número do CAAE 42339015.1.0000.5554 
e todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
156 157
RESULTADOS
Os participantes do estudo apresentaram idade média de 17,07 ± 1,07 anos, com 
92,85% considerados eutróficos, segundo indicador IMC/ idade). Os valores de peso antes 
e após o treino para a determinação da desidratação relativa demonstraram que apenas os 
jogadores do lateral direito e esquerdo, volante e o zagueiro 03 estavam desidratados, os 
demais jogadores apresentaram euhidratação.
Em relação à densidade urinária antes e após o treino dos jogadores, foi verificado que 
apenas quatro jogadores apresentaram quadro de hidratação adequada antes de começar 
a partida, sendo eles o goleiro, o zagueiro 02, o atacante e o volante, os demais jogadores 
antes de iniciar a partida já revelava desidratação. Evidenciamos que o volante estava hi-
dratado antes de iniciar a partida e no final da mesma apresentou-se desidratado.
Na Tabela 1 estão descritos os valores médios e desviopadrão dos parâmetros densi-
dade urinária pós-treino, desidratação relativa e o ph pré e pós-treinos, onde foi observado 
que a desidratação relativa classificou os jogadores como Euhidratado, enquanto a densidade 
urinária pós-treino classificou os mesmos como Hipohidratados, houve diferença estatística 
entre o pH antes e após a partida (p<0,05), com redução do pH urinário. A temperatura, 
sensação térmica e umidade relativa do ar referente ao dia do treino da coleta de dados 
estão descritos na Tabela 2.
Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da densidade urinária pós-treino, desidratação relativa e o ph pré e pós-treino 
dos jogadores de futebol.
Parâmetros Desidratação relativa Densidade urinária pós-treino pH pré-treino pH pós-treino
Média ± DP -0,89 ± 0,47 1034,43 ± 5,42 5,93 ± 0,82* 5,64 ± 0,50*
Mínimo -2 1024 5 5
Máximo -0,3 1041 7 6
*Valores significativamente diferentes entre o pH pré e pós-treino, teste t de Student (p<0,05).
Tabela 2. Distribuição dos valores de médios das variáveis referente as condições climáticas no dia do treinamento.
Parâmetros Temperatura Sensação Térmica Umidade
Média 29ºC 36ºC 72,5%
Mínimo 23ºC 30ºC 50%
Máximo 35ºC 42ºC 95%
Fonte: Dados da pesquisa.
O percentual do nível de conhecimento dos jogadores avaliados foi descrito de acordo 
com a ordem das perguntas. Em relação a preocupação dos jogadores em se hidratarem 
durante os treinos e competições foi observado que 64,28% e 71,42% dos atletas sempre 
se hidratavam durante os treinos e competições, no entanto 28,7% e 28,58% ás vezes rea-
lizavam hidratação no momento do treino e durante as competições e apenas 7,15% quase 
nunca se hidratavam durante o treino.
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158
Tabela 3. Percentual do Nível de conhecimento sobre hidratação.
Nível de Conhecimento
Jogadores de Futebol
(n) (%)
(%) média de acerto das questões 14 48,9%
Fonte: Dados da pesquisa.
Quando foi abordado sobre a preocupação dos jogadores com o tipo de hidratação 
(água ou isotônico), antes, durante ou depois de uma partida, foi demonstrado que 57,2% 
dos jogadores se preocupavam com o tipo de hidratação. Onde foi possível observar que 
todos os jogadores utilizavam apenas água como fonte de hidratação.
Em relação ao momento ideal do consumo de líquido, 64,28% dos jogadores declararam 
que a ingestão deve ser feita antes da sensação de sede, enquanto que 28,57% e 7,15% 
acreditam que deve ser realizada somente após a sensação de sede ou muita sede, respec-
tivamente. Quando questionados sobre a importância da hidratação em diferentes estações 
do ano, o resultado revelou que 57,2% se preocupavam com a hidratação independente da 
estação do ano e 42,8% se preocupavam apenas no verão.
Na Figura 1 são descritos os principais sintomas apresentados pelos jogadores no 
momento do treino ou competições devido à desidratação e na Figura 2 é apresentado a 
relação entre volume de líquido adequado e a frequência que eles devem consumir. Quanto 
ao conhecimento dos jogadores sobre a função dos isotônicos apresentado na Figura 3, foi 
observado que 50% deles acertaram qual a principal função do isotônico.
Figura 1. Sintomas relatados pelos jogadores decorrentes da desidratação.
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158 159
Figura 2. Relação entre tempo e quantidade de líquidos consumidos pelos jogadores.
Figura 3. Conhecimento dos jogadores sobre a função dos isotônicos.
DISCUSSÃO
No presente estudo foi avaliado o grau de desidratação de jogadores de futebol junio-
res e o conhecimento destes sobre a hidratação. Foi observado que eles em sua maioria 
apresentaram eutrofia segundo o indicador IMC por idade, condição que pode ter sido fa-
vorecida pelo treino contínuo e bom desenvolvimento físico deles, resultados semelhantes 
foram encontrados em outros estudos (PROTEL et al., 2019; ROSA, 2011; PETREÇA; 
RUSKE NETO, 2016).
Quanto avaliação do grau de desidratação, um dos métodos utilizados para a verificação 
foi a aferição do peso pré e pós-treino, para a determinação do percentual de Desidratação 
Relativa (DR%) dos jogadores avaliados. Eles em maior parte apresentaram a classificação 
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160
Euhidratados, corroborando com os resultados de Ersoy et al. (2016), Motta e Quintão (2016) 
e Alves e Lopes (2021).
Em relação a temperatura e a umidade relativa do ar, as mesmas estavam em condições 
favoráveis para a manutenção da hidratação em níveis aceitáveis no dia da avaliação. Por 
outro lado, o estudo de Mota et al. (2011) e Borusch et al. (2007), verificaram que a maioria 
dos atletas desidrataram em virtude da elevada temperatura no dia do treino.
No presente estudo apenas o volante e os laterais direito e esquerdo demonstraram 
desidratação mínima, em virtude de serem posições mais suscetíveis ao desgaste físico e 
aumento de temperatura durante a partida. Segundo Ravagnani et al. (2013), os laterais 
precisam correr do campo de defesa até o campo de ataque e ainda realizam cruzamentos, 
o que favorece o aumento da produção de suor e consequentemente pode levar a desidratar
Com relação à densidade urinária foram encontradas divergências com os dados da 
densidade relativa, enquanto que na avaliação de DR%f oi diagnosticado que a maioria dos 
atletas estavam Euhidratados ,a densidade urinaria diagnosticou a maioria dos jogadores 
em estado de Hipohidratação antes de entrar em campo, e apenas o goleiro, zagueiro 02 
e o atacante permaneceram Euhidratados após o treino, esses últimos são jogadores de 
posições que realizaram exclusivamente movimentos de curta duração e alta intensidade e 
baixo volume de deslocamento quando comparados aos outros atletas (COSTA et al., 2009).
É importante ressaltar que ambos os métodos são válidos para verificar o estado de 
hidratação, entretanto, o peso antes e depois do treino avalia apenas mudanças rápidas na 
hidratação do atleta, fato este que pode ter influenciado os resultados encontrados. Nóbrega 
et al. (2007) também revelou que o estado Euhidratado para jogadores amadores de futsal 
por meio do método de DR% e Hipohidratação, segundo a densidade urinária. Enquanto 
que os estudos de Nery et al. (2014), Pinto et al. (2014) e Ersoy et al. (2016), a DU não 
apresentou diferença significativa entre o pré e pós-treinamento.
Além disso, verificou-se redução do pH urinário após o treino, decorrente principalmente 
do aumento na concentração da urina dos atletas investigados, logo também um indicador de 
desidratação, este estudo corrobora com os dados encontrados por Protel et al. (2019). A uri-
na naturalmente é ácida, com o pH entre 4,5 e 8, considerada adequada ligeiramente ácido 
com valores entre 5.5 a 6.5, superiores ao encontrado nesse estudo (SILVERTHORM, 2010).
Quanto ao nível de conhecimento sobre hidratação observou-se que os jogadores 
apresentaram um conhecimento intermediário e no que diz respeito ao hábito de se hidratar 
durante os treinamentos e competição, foi observado que grande parte dos avaliados sem-
pre realizaram hidratação. O resultado encontrado por Drumond et al. (2007) demonstrou 
que apenas 50% dos participantes dos estudos consumiram líquidos sempre durante os 
treinos e competições.
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160 161
Em relação à preocupação com tipo de hidratação (água ou isotônico) nos momentos 
que antecedem, durante e depois de um treinamento e competição, mais que 50% dos jo-
gadores reconheceram a importância de outras bebidas para a hidratação, entretanto, 100% 
dos mesmos utilizavam apenas água para hidrata-se, corroborando com estudos anteriores 
realizados em adultos e adolescentes futebolistas (SILVA et al., 2011; KURDAK et al., 2010).
Atividades com tempo inferior a 60min de duração, a água é a bebida mais indicada, 
porém, atividades que ultrapassam esse período como uma partida de futebol que possui 
duração média de 90min, a ingestãode apenas água é insuficiente para a hidratação dos 
jogadores (CARVALHO T; MARA, 2010).
A SBME (2003) recomenda para atividades de duração superior a uma hora ou ativida-
des intensas do tipo intermitente mesmo com menos de uma hora a reposição de carboidrato 
e sódio, ou seja, a utilização de bebidas com 6% de carboidrato passam a ser mais importante 
na recuperação do atleta, além de evitar quadros de hipoglicemia e acelerar a reposição do 
glicogênio muscular (CARVALHO T; MARA, 2010; CÂMARA et al., 2017).
No presente estudo a maioria dos jogadores se hidratavam antes da sensação de sede, 
resultado semelhante foi encontrado por Prado et al. (2010). Enquanto Ferreira et al. (2009) 
encontraram dados preocupantes em atletas de futebol de base, pois a maioria somente se 
hidratavam após a sensação de sede.
Assim, os resultados encontrados revelaram a necessidade de sensibilização os es-
portistas, uma vez que iniciar a ingestão de líquidos apenas após a sensação de sede pode 
induzir a sérios dados a saúde, pois a literatura afirma que quando o indivíduo sente sede 
já se encontra 2% desidratado.
Dentre os sintomas relatados pelos jogadores durante ou após o treino, grande parte 
relataram cãibras, seguido por sede muito intensa, dificuldade de concentração e sensação 
da perda de força.
No estudo de Drumond et al. (2007), os sintomas mais frequentes foram sede muito 
intensa e cãibras, o primeiro indica que o jogador necessita repor seus estoques hídricos, 
uma vez que apresenta 2% de desidratação, enquanto que as cãibras também indicam 
desidratação e ainda concentrações anormais de eletrólitos séricos. No estudo de Cardoso 
et al. (2020) os sintomas mais frequentes foram sede muito intensa seguido por sensação 
de perda de forca. A dificuldade na concentração e perda de força podem estar relacionados 
à presença de hipoglicemia (GERALDINI et al., 2017).
Portanto, os resultados encontrados nesse estudo indicam que somente a água não 
são suficientes para a hidratação dos jogadores avaliados e reforça a importância da repo-
sição adequada hidroeletrolítica.
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162
Além disso, deve ocorrer equilíbrio entre o volume e a frequência na ingestão de lí-
quidos. Nossos jogadores apresentaram bom conhecimento sobre este tema, uma vez que 
quase metade dos atletas responderam que o consumo de líquidos deve ser de 250 mL 
a cada 15 minutos, no entanto, o número de jogadores que não tinham ideia de como se 
hidratar ou não sabiam a informação adequada ainda é alarmante.
A SBME (2003) recomenda que a ingestão de água deve ser duas horas antes do jogo 
em torno de 250 a 500 mL para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem hidratado, 
enquanto que durante o exercício recomenda-se iniciar a ingestão nos primeiros 15 minutos 
e continuar bebendo a cada 15 a 20 minutos.
Em relação à função dos isotônicos, metade dos jogadores sabiam o valor de seu uso, 
compreendendo sua verdadeira função, apesar de nenhum deles realizarem a ingestão de 
bebida hidroeletrolítica. O modo mais conveniente e eficiente de reposição ocorre por meio 
de isotônicos, onde além de promoverem hidratação, apresentam ainda quantidades sufi-
cientes de eletrólitos e carboidratos (REALE et al., 2017).
Nesse sentido, a desidratação presente em alguns jogadores desse estudo pode estar 
relacionada ao nível de conhecimento regular desses atletas ou mesmo decorrente da soli-
citação metabólica individual, o que reforça a necessidade de orientações sobre a temática 
para o grupo, visando corrigir os hábitos inadequados sobre hidratação.
CONCLUSÃO
A desidratação encontrada nos jogadores foi influenciada por diferentes posições em 
campo e esquema tático do jogo, uma vez que apenas atletas com funções de maior solicita-
ção metabólica demonstraram hidratação insuficiente. Além disso, os jogadores apresentaram 
nível de conhecimento regular sobre hidratação, que influenciou alguns atletas já entrarem 
em campo desidratados e apresentem sintomas característicos dessa condição, sugerindo 
a necessidade da utilização de isotônicos e não apenas água durante as atividades intensas 
e de duração superior a uma hora.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
162 163
APÊNDICE
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA 
VERIFICAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO E PRÁTICA DE HIDRATAÇÃO
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: (___) anos Categoria: (____________)
1. Você tem o costume de hidratar-se durante:
Durante o treinamento:
( ) Nunca
( ) Quase nunca
( ) Ás vezes
( ) Sempre
Durante Competições:
( ) Nunca
( ) Quase nunca
( ) Ás vezes
( ) Sempre
2. Quando você se hidrata, preocupa-se com o tipo de hidratação (água ou isotônicos), 
nos momentos que antecedem, durante e depois de um treinamento e competição?
( ) Sim
( ) Não
3. Qual o tipo de solução líquida que você tem o costume de se hidratar?
( ) Água
( ) Isotônicos
( ) Refrescos
( ) Sucos naturais
( ) Coca Cola
( ) Cerveja
( ) Café
( ) Outras _______________________________________________________
4. Quando se deve beber líquidos?
( ) Antes da sensação de sede
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164
( ) Somente depois de sentir sede
( ) Quando se sente muita sede
5. Sua preocupação quanto à necessidade de hidratar é mais frequente:
( ) No verão
( ) No inverno
( ) Independente da estação
( ) Não me preocupo
6. Durante uma competição ou treinamento, você já apresentou algum destes sinto-
mas?
( ) Sede muito intensa
( ) Dificuldade de concentração
( ) Câimbras
( ) Desmaios
( ) Palidez
( ) Insensibilidade nas mãos e pés
( ) Olhos fundos
( ) Alterações visuais
( ) Sensação de perda de força
( ) Fadiga generalizada
( ) Dor de cabeça
( ) Alucinações
( ) Sonolência
( ) Perda momentânea de consciência
( ) Convulsões
( ) Coma
( ) Interrupção da produção de suor
( ) Interrupção da atividade planificada
( ) Dificuldade de realização de um movimento técnico facilmente realizado em 
condições normais.
7. Como você acha que deveria ser feita uma hidratação:
( ) Beber um litro de uma só vez
( ) Beber ¼ litro para cada ¼ de hora
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164 165
( ) Beber ½ litro para cada ½ hora
( ) Não tenho ideia
8. Você acredita que o consumo de um isotônico:
( ) Repõe só líquidos
( ) Repõe só eletrólitos
( ) Repõe só energia
( ) Repõe eletrólitos e energia
( ) Hidrata e repõe eletrólitos e energia
( ) Apresenta a mesma função da hidratação com água.
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
166
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Percepções de futebolistas profissionais 
sobre fatores de risco de lesões e 
estratégias de prevenção utilizadas
Henrique Barbosa Ramos
UFJF - Campus Governador Valadares
Styllon Ferreira dos Santos
UFJF - Campus Governador Valadares
Danilo Reis Coimbra
UFJF - Campus Governador Valadares
Renato Siqueira de Souza
UFJF - Campus Governador Valadares
Flávio de Jesus Camilo
UFJF - Campus Governador Valadares
Cristiano Diniz da Silva
UFJF - Campus Governador Valadares
10.37885/210504677
https://dx.doi.org/10.37885/210504677
Medicina do Esporte no Futebol: pesquisa e práticas contemporâneas
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Palavras-chave: Futebol, Fatores de Risco, Prevenção de Lesões, Percepção.
RESUMO
Objetivo: investigar a percepção de jogadores profissionais de futebol sobre suas percep-
ções a respeito dos fatores de risco e sobre preferências quanto ao uso das estratégias 
de prevenção utilizadas nos últimos seis meses. Método: utilizou-se um questionário 
anônimo baseado em plataforma on-line (Survey MonkeyTM). Resultados: nossa amostra 
contou com 113 jogadores profissionais (23,7 ± 5 anos [18-39]; 6,9 ± 5 anos de carreira) 
que retornaram as respostas (taxa= 94,2%). Foi observada prevalência de lesões na 
carreira de 80% dos participantes do estudo (taxa de lesão, 1.84 por jogador). Observou-
se também maior faixa etária (p<0,05) e tempo de carreira (p<0,01) naqueles jogadores 
com histórico de lesão. Os isquiotibiais (~26,2 %) e a articulação do tornozelo (~24%) 
foram os segmentos anatômicos mais acometidos. Quanto ao fator “risco externo à lesão”, 
~76,9% dos futebolistas concordam totalmente (43,2%) ou parcialmente (33,7%) sobre 
o futebol ser de “alto risco” para lesões; aproximadamente metade dos respondentes 
descreveram “desequilíbrio muscular” (48,3%) e “fadiga” (47,1%) como os fatores inter-
nos com maior taxa de concordância total sobre os riscos implicados para lesões em 
futebolistas. No que tange às estratégias de prevenção, os atletas se descreveram como 
“gostar muito” de minijogos (76%) e de treinos que envolvam a bola (79,2%). Conclusão: 
o futebol é percebido pelos próprios atletas como um esporte de alto risco para lesões. 
Faixa etária e tempo de carreira são fatores de suscetibilidade à lesão. Notou-se que a 
prevalência de lesões musculoesqueléticas são as que mais afetam os jogadores, e que 
os membros inferiores são os mais acometidos.
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INTRODUÇÃO
O futebol é caracterizado por esforços intermitentes aleatórios e elevada taxa de des-
prendimento de energia para eventos de jogo que exigemaceleração e desaceleração, 
como a disputa de bola, preenchimento rápido dos espaços no campo de jogo e oposição 
aos adversários (STØLEN et al., 2005). Além disso, no futebol, o contato físico constante 
entre os atletas torna eminente o risco de lesão, estando este entre os esportes com maior 
prevalência (Junge et al., 2009), sendo reportado aproximadamente cinco (5) lesões para 
cada mil horas de treinamento e 30 lesões para cada mil horas de jogo para atletas de elite 
(EKSTRAND; WALDÉN; HÄGGLUND, 2004; WALDÉN; HÄGGLUND; EKSTRAND, 2005). 
Portanto, órgãos gestores da modalidade e comissões técnicas de clubes têm se mostrado 
cada vez mais preocupados com aspectos epidemiológicos do jogo, considerando a incidên-
cia, as causas, a severidade das lesões e as estratégias preventivas nos atletas das mais 
diferentes faixas etárias e níveis competitivos, tendo em vista o impacto que esse esporte tem 
para a sociedade como meio de lazer e prática de atividade física (FERNANDES et al., 2015).
No futebol a lesão pode ser definida como qualquer queixa física reportada por um 
jogador que o impeça de participar plenamente das sessões de treinamento por um ou mais 
dias (FULLER et al., 2006). As lesões são classificadas, durante as notificações, quanto 
à localização anatômica e aos mecanismos de desfecho (traumático ou overuse [i.e., uso 
excessivo]), e se a lesão foi uma recorrência (FULLER et al., 2006). As lesões traumáticas 
são ocasionadas por fatores externos relacionados ao ambiente (calçado, bola, condições 
climáticas e tipo de gramado) (FULLER et al., 2006; Poulos et al., 2014). As chamadas 
lesões por overuse se caracterizam pelo uso excessivo do sistema musculoesquelético, 
repercutindo em síndrome dolorosa com início insidioso e sem nenhum trauma ou doença 
conhecida (Hagglund et al., 2005). Portanto, essas lesões são geralmente causadas por 
motivos intrínsecos, ou seja, relacionados ao atleta, sendo possível observar fatores como 
idade, anatomia ou anormalidade biomecânica, fraqueza ou desequilíbrio muscular e fadiga 
em interação com programas de treinamentos (FULLER et al., 2006).
Em um estudo retrospectivo com onze clubes da Champions League da temporada 
2001-2002 foi demonstrado que 85% das lesões acometeram os membros inferiores e apro-
ximadamente um quarto delas ocorreram durantes os jogos oficiais (23%) devido à entrada 
faltosa do adversário (Waldén; Hägglund; Ekstrand, 2005). Esse mesmo estudo, estratificou 
a etiologia das lesões, demonstrando que aquelas com origem traumática consistiram majo-
ritariamente em contusões (46%) e entorses (37%) (WALDÉN; HÄGGLUND; EKSTRAND, 
2005). As lesões por overuse constituíram 27% do total de lesões, sendo dor lombar (13%), 
tendinopatia de Aquiles (12%), dor na virilha relacionada ao adutor (10%) e tendinopatia 
patelar (7%) as mais comuns (WALDÉN; HÄGGLUND; EKSTRAND, 2005). A lesão recidiva 
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constituiu 15% de todas as lesões, e quase dois terços (61%) delas foram lesões de overuse 
(WALDÉN; HÄGGLUND; EKSTRAND, 2005).
Como os fatores preditores para as lesões por overuse são modificáveis, o interesse 
principal está no estabelecimento de estratégias de prevenção prioritárias para esse tipo 
de lesão a serem implementadas nas rotinas de treinamentos. A literatura científica tem 
recomendado modelos teóricos enfatizando que programas de prevenção adequadamente 
planejados devem ser implementados como tentativa para redução da incidência de lesões 
sem contato no futebol (MEURER; SILVA; BARONI, 2017). Assim, focando nas estratégias 
de prevenção e programas de treinamento, a FIFA (Fédération Internationale de Football 
Association) criou uma cartilha com métodos de aquecimento (warm-up) específicos para 
a prática do futebol que, segundo a entidade, fornece uma rotina de exercícios completos 
para prevenir lesões nesse esporte, o chamado FIFA11+ (FERNANDES et al., 2015).
Outros exercícios utilizados tradicionalmente nos programas de prevenção de lesões no 
futebol brasileiro envolvem, além de alongamentos, exercícios específicos de aquecimento, 
treinamento de força tradicional, treinamento funcional, exercícios para condicionamento 
geral, exercícios de equilíbrio/propriocepção, pliometria e exercício nórdico para isquioti-
biais, e outros exercícios excêntricos (MEURER; SILVA; BARONI, 2017). No entanto, uma 
recente revisão sistemática apontou que a maioria das percepções e condutas práticas dos 
profissionais permanece com um baixo nível de evidência e uma baixa recomendação de 
uso das diferentes formas de exercícios, devido aos seus subsequentes e insignificantes 
efeitos práticos na redução das taxas de lesão nas equipes da primeira divisão do futebol 
inglês (MCCALL et al., 2015). Assim, reduzir a distância entre o que é sugerido pela ciência 
e o que é usado na prática se faz necessário.
A eficácia da implementação de medidas preventivas depende da conformidade do 
atleta. Por exemplo, no contexto atual, existem apontamentos para uma baixa adesão dos 
atletas à implementação de programas preventivos e um comprometimento na qualidade 
de execução dos exercícios, o que possivelmente tem limitado seus efeitos para a redu-
ção das taxas de lesões (MCCALL; DUPONT; EKSTRAND, 2016). Assim, para melhorar a 
prática baseada em evidências, é requerida uma compreensão sobre as atitudes e crenças 
dos jogadores sobre todo o processo e mecanismos de lesão no futebol. Esse processo e 
experiência de aprendizagem afetariam a eficácia da adoção e seu sucesso, ao passo que 
ele internalizaria processos de aprendizagem e experiências específicas com a introdução 
de estratégias preventivas (VAN TIGGELEN et al., 2008).
Dessa forma, conhecendo a magnitude de percepção dos atletas, essa investigação 
permitirá a compreensão da percepção dos futebolistas sobre fatores de risco inerentes ao 
futebol e à sua prática como profissionais dessa modalidade, assim como sobre as estratégias 
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de prevenção utilizadas nos clubes. Portanto, a percepção do atleta deve contribuir priorita-
riamente para compreender o contexto específico dos fatores de risco para lesão primária e 
secundária (lesão recidiva), e as preferências sobre as estratégias de prevenção de lesão 
correntemente usadas individualmente ou coletivamente no futebol profissional.
OBJETIVO
Analisar as percepções de futebolistas profissionais sobre fatores de risco de lesão, 
uso e preferência das estratégias de prevenção aplicadas no cotidiano dos seus clubes de 
futebol nos últimos seis meses. Como objetivos específicos, o estudo se propõe a carac-
terizar a amostra quanto ao histórico e prevalência de lesão; descrever suas percepções 
quanto aos fatores de risco intrínsecos e extrínsecos à lesão; e graduar as preferências dos 
futebolistas quanto aos métodos de prevenção utilizados.
MÉTODOS
O presente estudo foi do tipo exploratório, buscando informações sobre as ocorrências 
de lesões dos jogadores na carreira e os fatores de risco associados, e sobre a preferência 
por programas/estratégias ou propostas preventivas nos últimos seis meses. Um questio-
nário anônimo foi utilizado, sendo solicitado respostas àqueles consentidos em participar 
da pesquisa via web (Survey MonkeyTM)1. O pesquisador recrutador não estava envolvido 
nas rotinas de treinamento ou na prática médica dos clubes. Participaram deste estudo 
futebolistas profissionais dos clubes de futebol do Modulo I, Modulo II e Segunda Divisão 
pertencentes ao Campeonato Mineiro de 2019. Para ser incluído no estudo, o atleta deveria 
ter mais de 18 anos, ser jogador profissional de futebol, aceitar participar e retornar o ques-
tionário respondido. Como critério de exclusão, retornar o questionário não preenchido. Este 
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de 
Fora (CAAE: 03352818.1.00005147, Parecer 3.094.275).
O questionário utilizado

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