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1 Comportamento Organizacional e suas Características Individuais Professora Renata Emy Koyama Introdução Olá, caro(a) aluno(a)! Nesta unidade serão abordados o comportamento organizacional e seus constituintes. Inicialmente, será retratada a definição de comportamento organizacional e todas as ciências que contribuem para o entendimento de seu desenvolvimento, psicologia, antropologia, sociologia, entre outras. Em seguida, explanar-se-á a importância das razões para o seu estudo, como nas aplicações práticas, da necessidade de um estilo gerencial para aumentar o desempenho de uma equipe de trabalho e estratégias para a resolução de problemas. A sua compreensão também promove o crescimento pessoal por meio do conhecimento das pessoas no ambiente laboral, desenvolvendo uma maior autopercepção e autoconhecimento, o que propicia um maior desenvolvimento para as pessoas por meio do acúmulo de conhecimento das diversas situações e ambientes de trabalho. Posteriormente, será apresentada a importância de uma visão micro-organizacional, meso-organizacional e macro-organizacional, visões estas que exercem influência nos resultados para a organização. Logo depois, discutiremos a relevância do comportamento individual e da organização e seus impactos em todos os processos do ambiente laboral, no qual será explanado o comportamento individual e sua influência por meio de seus aspectos, como a personalidade, percepção, aprendizagem, valores, inteligência e inteligência emocional. Então, vamos continuar esta leitura e bom estudo! Fonte: Rawpixel / 123RF. 2 1. Introdução ao Comportamento Organizacional Ao abordar o tema comportamento organizacional, constata-se que os problemas de relacionamentos interpessoais estão presentes frequentemente na maioria das organizações. Desde a comunicação inadequada dos gestores à resistência das pessoas frente à reorganização da empresa, dificuldade de trabalhar em equipe, problemas comportamentais como falta de respeito, confiança, entre outros, todos estes são aspectos que aumentam a insatisfação dos colaboradores. Quando a insatisfação dos trabalhadores se eleva, percebe-se sua influência no aumento do índice de turnover e absenteísmo da organização, o que gera maior custo com atestados médicos para justificar a ausência no trabalho, demissões, necessidades de recrutamento e seleção de pessoal. Diante deste cenário, a partir da década de 1990, o corpo docente das universidades, principalmente dos cursos de Administração e Gestão, percebeu a importância da compreensão do comportamento humano para uma formação adequada dos futuros profissionais, e inseriu em seus currículos disciplinas sobre as relações interpessoais. Sobre este tema, Robbins e Judge (2014) constataram em seu trabalho que relacionamentos interpessoais positivos favorecem a manutenção de um clima organizacional saudável, com menor índice de estresse, tornando o ambiente de trabalho agradável e satisfatório, sendo um fator relevante no processo de agregar e manter as pessoas na organização. Deste modo, a organização deve atentar-se em capacitar os seus líderes e gestores, uma vez que gestores com alto desenvolvimento das habilidades interpessoais auxiliam na atração e manutenção de colaboradores de alto desempenho. Assim, as organizações devem estar atentas, pois trabalhadores de excelência são difíceis de encontrar e manter na organização, independente das condições do mercado. Na contemporaneidade vivencia-se um ambiente de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, e os gestores, para terem sucesso, necessitam muito mais do que somente conhecimento e habilidades técnicas. Necessitam ter uma habilidade interpessoal desenvolvida para poder gerir as pessoas que fazem parte da organização. Taylor (2003) apresenta em seu estudo dicas importantes para os profissionais na organização: ❖ criar uma sensação de confiança nos membros da equipe; ❖ ter uma comunicação nos dois sentidos, partilhando e solicitando informações; ❖ acreditar na importância da retenção dos colaboradores que sejam dotados de 3 conhecimento especializado para reterem os membros da equipe; e ❖ reconhecimento das necessidades e opiniões de cada membro da equipe. Assim, se a organização deseja manter os seus colaboradores, os seus gestores devem ser sinceros para obter confiança, ter uma comunicação eficaz, ser flexível e saber reconhecer o trabalho de seus membros. 1.1 Comportamento Organizacional O Comportamento Organizacional “[...] é um campo de estudo que investiga o impacto que os indivíduos, grupos e estruturas exercem no comportamento dentro das organizações, com a finalidade de aplicar tal conhecimento na melhoria da eficácia de uma organização” (ROBBINS; JUDGE, 2014, p. 3). Dessa maneira, o comportamento organizacional é uma área específica que estuda três determinantes do comportamento organizacional: a estrutura, grupos e indivíduos. Por meio do conhecimento destes determinantes deve-se fazer com que a organização trabalhe com maior eficácia. Assim, o comportamento organizacional estuda o que os trabalhadores fazem em uma organização e como o comportamento deles afeta o desempenho desta organização, considerando as situações relacionadas com o emprego, o comportamento diante do cargo, o trabalho, absenteísmo, turnover, produtividade, desempenho humano e gestão. A gestão abrange tópicos, como: a motivação; o comportamento e poder do líder; a comunicação interpessoal; a estrutura e processos de grupos; o desenvolvimento de atitudes e percepção; os processos de mudança; o conflito de negociação e o design de trabalho (ROBBINS; JUDGE, 2014). O comportamento organizacional é uma ciência comportamental que é aplicada e construída diante das contribuições de diversas disciplinas comportamentais, principalmente a ciência da psicologia, psicologia social, sociologia e antropologia. 4 Ciência Comportamental Contribuição Unidade de Análise Resultado Psicologia Aprendizagem Motivação Personalidade Emoção Percepção Treinamento Eficácia de Liderança Satisfação no Trabalho Tomada de decisão individual Seleção de colaboradores Design de trabalho Estresse no trabalho Individual Estudo do Comportamento Organizacional Psicologia Social Mudança Comportamental Mudança de atitude Comunicação Processos de grupo Tomada de decisão em grupo Comunicação Conflito Comportamento intergrupos Poder Grupo Estudo do Comportamento Organizacional Sociologia Teoria formal da organização Tecnologia organizacional Mudança organizacional Cultura organizacional Sistema da Organização Estudo do Comportamento Organizacional Antropologia Valores comparativos Atitudes comparativas Análise transcultural Grupo Estudo do Comportamento Organizacional Antropologia Cultura Organizacional Ambiente Organizacional Poder Sistema da Organização Estudo do Comportamento Organizacional Quadro 1 - O Comportamento Organizacional como uma disciplina Fonte: Adaptado de Robbins e Judge (2014, p. 6). A psicologia contribui particularmente no âmbito individual. Ela vem mensurar, explicar e quando possível modificar o comportamento das pessoas na organização. Diante disso, seus estudos são os problemas de fadiga, tédio e condições de trabalho que prejudicam o desempenho organizacional, assim como o processo da aprendizagem, percepção, personalidade, emoções, treinamento, eficácia de liderança, necessidades e forças motivacionais, satisfação no trabalho, processos de tomada de decisões, avaliações 5 de desempenho, mensuração de atitudes, técnicas de seleção de colaboradores, design de trabalho e estresse no trabalho. A psicologia social tem seu foco na influência das pessoas entre si. Ela busca a mudança comportamental, de que forma implementá-la e minimizaras barreiras que podem surgir para que ocorra a aceitação. Contribui para a mensuração, compreensão e mudança de atitudes, identificação de padrões de comunicação e auxilia na construção da confiança no comportamento de grupo, poder e conflito. A sociologia contribui com o estudo das relações das pessoas e os ambientes sociais e culturais de cada grupo, tendo um olhar atento diante da cultura organizacional, da teoria e da estrutura da organização formal, da tecnologia, comunicação, poder e conflito. A antropologia estuda a sociedade para aprender sobre o ser humano e suas atividades. Ela auxilia na compreensão das diferenças de valores, atitudes e comportamentos básicos entre as pessoas em diferentes países e dentro de diferentes organizações. 1.2 As três razões para estudar o Comportamento Organizacional Há três razões para estudar o Comportamento Organizacional, veja a seguir: 1.2.1 Aplicações Práticas Os gerentes e gestores necessitam compreender os princípios do comportamento organizacional para desenvolverem um estilo pessoal de liderança que satisfaça às exigências das situações, como também saber escolher uma estratégia de resolução de problemas ou a busca de um maior desempenho. Essas são ações que necessitam do conhecimento do comportamento organizacional para serem aplicadas em sua equipe. Atualmente, o ambiente das organizações está cada vez mais complexo, e tornou- se necessária a criação de estruturas organizacionais mais eficazes. Para isso, é importante saber relacionar-se de forma distinta com as pessoas. A organização, na busca de sua sobrevivência e prosperidade, deve ter e atrair talentos humanos com elevado desempenho, tornando-os cada vez mais eficazes, e possuir uma variedade de profissionais com talentos diversos em suas dimensões técnicas. 1.2.2 Crescimento Pessoal Ao estudar o comportamento organizacional, temos como resultado uma realização pessoal por compreender as pessoas do ambiente laboral, e essa compreensão das 6 pessoas irá auxiliar em um maior autoconhecimento e autopercepção. Deste modo, percebe-se a importância de se relacionar com as pessoas, e os gestores e gerentes precisam estar receptivos aos relacionamentos, uma vez que, quanto maior o número de relacionamentos, maior a chance de conhecer e compreender o outro. É claro que o crescimento pessoal também é influenciado pela educação. Um diploma de Graduação ou um curso em MBA influencia em uma contratação que necessita de capacidade técnica, mas nas promoções de cargo de chefia e liderança é necessário ter mais do que somente conhecimento e habilidade técnica, é indispensável um nível de desenvolvimento comportamental necessário para tal cargo, demonstrado na capacidade de compreender e trabalhar eficazmente com todos os colegas de trabalho, como chefia, pares, subordinados, clientes e fornecedores. 1.2.3 Maior Conhecimento O estudo do comportamento organizacional busca agregar cada vez mais um número de conhecimento sobre as pessoas em seus cenários de trabalho. Deste modo, irá ajudar o trabalhador a ter um pensamento mais crítico a respeito de assuntos relacionados à experiência do trabalho, como também para análise de problemas pessoais e dos trabalhadores, ou seja, um acervo acumulativo do conhecimento humano. 1.3 O Comportamento Organizacional e seus Campos Relacionados Vecchio (2008) descreve que o comportamento organizacional é o estudo sistemático dos comportamentos e atitudes de pessoas e grupos em organizações. Complementam Wagner e Hollenbeck (2012, p. 6) que “[...] o comportamento organizacional é um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas”. Dessa forma, pode ser considerado em uma perspectiva em nível micro-organizacional, considerando os dados da organização que exercem influência sobre o comportamento em uma determinada situação específica, tendo o foco na análise da perspectiva micro, o indivíduo. O comportamento organizacional preocupa-se com o estudo do comportamento do trabalhador ao executar sua atividade laboral sozinho. Esse estudo tem como base três vertentes: a psicologia experimental em seus estudos sobre a aprendizagem, motivação, percepção e estresse; a psicologia clínica com as teorias sobre a personalidade e o desenvolvimento humano; e a psicologia industrial com suas teorias sobre a seleção de 7 pessoal, atitudes no ambiente de trabalho e a avaliação de desempenho (WAGNER; HOLLENBECK, 2012). Uma perspectiva meso-organizacional refere-se à compreensão dos comportamentos dos trabalhadores em sua formação de grupos ou equipes. O estudo do comportamento meso-organizacional foi se desenvolvendo por meio de estudos nas áreas de comunicação, psicologia social e a sociologia interacionista, dando enfoque aos temas de socialização, liderança, motivação e dinâmica de grupo. Já uma perspectiva macro-organizacional considera o comportamento do todo da organização, sendo calcada nas disciplinas de: sociologia, com o enfoque nas teorias sobre estrutura e status social e relações institucionais; ciência política, com suas teorias sobre o poder, conflito, negociação e controle; antropologia, em seus estudos sobre simbolismo, influência cultural e análise comparativa; e economia, com suas teorias de eficiência e competição (WAGNER; HOLLENBECK, 2012). 2. Características do Comportamento Individual e Organizações O estudo do comportamento humano na organização é complexo porque sofre influência de diversos fatores, como os fatores internos formados pela personalidade (aprendizagem, motivação, percepção e valores), e os fatores externos do ambiente organizacional (regulamentos, cultura, políticas, métodos e processos, grau de confiança e recompensas). Deste modo, são vários fatores influenciando um determinado comportamento para uma determinada situação e relacionamento que deve ser considerado, uma vez que nossos comportamentos modificam-se diante dos diversos relacionamentos com pessoas diferentes na formalidade e informalidade, da mesma forma que cada situação no ambiente de trabalho também influencia comportamentos distintos. Diante disso, os gestores, líderes e administradores devem estar atentos aos comportamentos apresentados no ambiente laboral a fim de prevenirem ou solucionarem problemas comportamentais e incentivarem ações que promovam comportamentos assertivos. Os resultados para a organização são importantes, mas para que isso ocorra deve- se cuidar das pessoas que produzem estes resultados, uma vez que são elas que criam, desenvolvem os produtos ou serviços e estão em contato direto com o cliente, devendo, assim, ser a prioridade o cuidado com as pessoas. 8 Figura 1 - Variáveis Intervenientes Fonte: Adaptado de Chiavenato (2015, p. 48). 2.1 Personalidade O termo personalidade é muito utilizado no senso comum de diferentes formas, seja para retratar as habilidades sociais ou para referir uma impressão marcante de alguém a partir de uma característica, considerada como a central. No cotidiano, as pessoas utilizam este termo delineando que a personalidade de alguém é forte ou fraca, categorizando como uma personalidade boa ou má e até mesmo realizando comparações de uma pessoa com a outra. Na psicologia não existe um medidor de personalidade para poder qualificar como forte, média ou fraca somente pela verificação de alguns traços psicológicos, nem mesmo a valorização para ser qualificada como boa ou má de modo geral. Não existe nenhuma teoria que parta de uma única característica da pessoa, fazendo um perfil da personalidade. A personalidade é “[...] um conjunto de traços psicológicos com propriedades particulares, relativamente permanentes e organizados de forma própria” (AGUIAR, 2005, p. 291). Ela refere-se ao modo constante e peculiar decada pessoa para perceber, pensar, sentir e agir, englobando todas as características físicas, as habilidades, atitudes, emoções, desejos, crenças e o modo de se comportar. O modo como todas estas características se integram e organizam resulta na singularidade de cada pessoa. 9 Você pode encontrar pessoas com algumas características semelhantes, mas ao levar-se em consideração todos os aspectos da personalidade, constata-se que ela é única para cada ser humano. Quanto maior for o conhecimento do profissional que trabalha na organização de suas características da personalidade, maior será a previsão do que sentirá, pensará e como agirá em determinadas circunstâncias, levando em consideração que o comportamento da pessoa resulta de sua personalidade, interação com o meio ambiente e suas relações interpessoais. Deste modo, pode-se concluir que a personalidade é um conjunto de traços que se integram e se relacionam, formados por aspectos fisiológicos, morfofisiológicos, afetivos e cognitivos, que se organizam de forma dinâmica e determinam como a pessoa percebe cada situação, a maneira como pensa a respeito de si mesmo e do mundo e a forma como se relacionam com as outras pessoas, formando a sua unicidade, sua própria personalidade única e singular. 2.1.1 Determinantes da Personalidade A personalidade do ser humano é influenciada por dois fatores: hereditariedade e ambiente. A abordagem da hereditariedade argumenta que a personalidade de um indivíduo é a estrutura molecular dos genes, localizados nos cromossomos que foram herdados pelos pais. Por meio da hereditariedade define-se a estatura física, atratividade facial, gênero, temperamento, composição muscular e reflexos, nível de energia e ritmos biológicos (ROBBINS; JUDGE, 2014). A hereditariedade tem uma grande influência na predisposição de um indivíduo a certos padrões de comportamento. No entanto, ela não sofre influência pela organização, pois seus componentes não se modificam. Em contrapartida, os ambientalistas defendem que os resultados da experiência de cada pessoa auxiliam a moldar e alterar a personalidade. Por exemplo, o fato de uma pessoa ser mais lenta ou dinâmica é influenciado pelo incentivo ou punição de seus pais, professores, amigos, enfim, suas relações interpessoais. O ambiente educacional que vivenciamos desde o início da escolarização, ditado por regras, normas e valores, juntamente com a localização da moradia e a cultura da sociedade da qual fazemos parte, influencia em nossos hábitos, forma de agir e pensar. Deste modo, o fator ambiente é um dos determinantes da personalidade que 10 influencia diretamente em sua constância e modificação, pois muitas vezes mudamos de escola, ambiente de trabalho e amizades, e este processo de socialização, a cada mudança, irá trazer um impacto para que o indivíduo se adapte às suas necessidades. Na organização, diante da compreensão da personalidade, pode-se interferir na mudança de traços da personalidade do trabalhador. Por exemplo, muitas empresas, ao visualizarem que o índice de absenteísmo está elevado e desejando diminuir este comportamento, inserem uma bonificação de assiduidade e pontualidade. Com a inserção desta nova regra, muitos trabalhadores modificam seu comportamento de trabalho, acordando mais cedo que o habitual, marcando seus exames médicos fora do horário do trabalho e evitando o uso de atestados médicos, para ganhar a bonificação. Assim, com o tempo, este comportamento é mantido no perfil do trabalhador. Outras estratégias com estímulo ambiental, como o uso de elogios e reconhecimento pelo trabalho, influenciam a manter um determinado comportamento desejado pela chefia. Assim, conclui-se que a organização pode influenciar na mudança dos traços de personalidade do trabalhador por meio dos fatores ambientais, utilizando-se a cultura organizacional (por meio das regras e normas e do relacionamento com a chefia). 2.2 Percepção A percepção é o “[...] processo pelo qual as pessoas selecionam, organizam, armazenam e recuperam informações” (WAGNER; HOLLENBECK, 2012, p. 58). Ela inicia-se ao se estar atento diante de inúmeros estímulos externos que se apresentam a todo o momento ao nosso redor. A partir desta atenção, a pessoa selecionará o que lhe interessa e assim irá interpretar o mundo ao seu redor. No entanto, o entendimento da mensagem pode ser diferente para cada pessoa que recebe o mesmo estímulo, pois o desejo, experiência anterior, conhecimento e crenças de cada um influenciam no entendimento de cada mensagem. Deste modo, para que ocorra o processo de percepção, necessita-se da exposição da informação, seguida da atenção a esse estímulo dada por meio dos órgãos sensoriais (olhos, nariz, boca, ouvidos e mãos), que recebem os estímulos do ambiente como odores, texturas, som, cor e luz, e que, ao captarem estas sensações, selecionam, organizam, interpretam e formam a nossa percepção. Assim, no processo perceptivo ocorre o processamento das informações recebidas e a interpretação é realizada diante dos significados pessoais de cada percebedor, como mostra a figura a seguir. 11 Figura 2 - Processo de Percepção Fonte: Adaptada de Samara (2005, p. 124). A percepção é a tomada de consciência sensorial de objetos e eventos externos aos quais reagimos de forma espontânea por meio dos nossos sentidos, e as empresas na contemporaneidade estão utilizando o conhecimento da percepção humana para atrair os consumidores, recorrendo aos seus sentidos para facilitar a sua relação com os produtos e serviços. Por exemplo, no supermercado colocam os produtos que se deseja que sejam consumidos logo à altura da visão do consumidor, e os produtos da primeira e última prateleira são deixados para o segundo plano. O uso da luz amarela incidindo sobre os pães, o aroma de madeira perto dos vinhos, tudo é feito para estimular a visão, audição, olfato do cliente para que ele consuma. Karsaklian (2004), em seu estudo, apresenta que a percepção tem como características ser: ❖ subjetiva: cada pessoa se apropria da situação ou de um objeto e faz uma realidade; ❖ seletiva: a todo o momento a pessoa é bombardeada por estímulos e somente alguns destes estímulos são percebidos. Seleciona-se somente o que lhe interessa; ❖ simplificadora: há uma dificuldade de processar a totalidade das informações que percebemos e se absorve parte dela; 12 ❖ limitada no tempo: a maior parte das informações permanece pouco tempo na nossa memória; ❖ cumulativa: a impressão é realizada a partir da soma de diversas percepções. Em vista disso, é necessário considerar também que os valores pessoais, as emoções, sentimentos, desejos, medos, experiência passada, o nível de desenvolvimento cognitivo e a maturidade psíquica de cada pessoa influenciam no processo perceptivo, considerando que existem mecanismos internos que podem impedir ou distorcer a percepção de fatos, situações e ideias (AGUIAR, 2005). Mecanismos internos são barreiras presentes na percepção que podem surgir por meio do sentimento de rejeição ao desprazer. Seria uma forma de fuga inconsciente em que a pessoa percebe a sua realidade interna e externa, situações ameaçadoras como abandono, medo, perda da saúde física ou psíquica que podem afastar da realidade e fazer perder a objetividade da vida. Do mesmo modo, no ambiente laboral, o trabalhador que busca seu ápice de produtividade, cobrando-se exageradamente diante das metas a serem cumpridas por meio de seus desejos, pode distorcer a realidade interna ou externa, começando a acreditar na fantasia de realização do seu mundo interno, distorcendo a realidade do mundo externo. Confere-se, então, que os profissionais da organização, principalmente os gestores e cargos de chefia, necessitam ter o conhecimento do processo de percepção para compreenderemo comportamento dos trabalhadores diante da relação das características individuais de cada pessoa e seu meio perceptivo para poderem auxiliar na construção de um comportamento adequado e saudável para o trabalhador e para a organização. A forma como as pessoas tomam suas decisões, e a qualidade de suas escolhas, é em grande parte influenciada por suas percepções. Então, lembremos que as pessoas baseiam seu comportamento não no modo como o ambiente externo é de fato, e sim sobre o que elas veem ou como acreditam que o ambiente externo seja (ROBBINS; JUDGE, 2014). 2.3 Aprendizagem O conceito de aprendizagem não é simples, pois existem diversas possibilidades de aprendizagem. Ela é um processo mais ou menos permanente de aquisição de tendências para se comportar de determinada forma em resposta aos estímulos e situações vivenciais. As pessoas são diferentes em suas habilidades de processar informações e há 13 diversas teorias que explicam como se desenvolve o processo de aprendizagem, sendo as principais as teorias behavioristas e as teorias cognitivas. As teorias behavioristas, ou do condicionamento, acreditam que o aprendizado ocorre como resultado de um processo de estímulo e resposta aos eventos externos. Como seria isso? Quando o indivíduo recebe um estímulo conhecido, seja este do ambiente externo ou interno, ele terá uma reação de modo previsível a este estímulo, a resposta, e diz-se, então, que ele aprendeu. Esta teoria preocupa-se com a forma com que os estímulos são selecionados pela pessoa no ambiente e quais comportamentos se resultarão. Figura 3 - A relação entre estímulo, indivíduo e resposta Fonte: Elaborado pela autora. Deste modo, as condições ambientais são como forças propulsoras da aprendizagem, por meio dos nossos hábitos, e aprendemos a associação entre um estímulo e uma resposta. Esta aprendizagem desenvolve-se praticando. Para os teóricos do condicionamento, a transferência da aprendizagem permite solucionar novas situações, e isso ocorre: 14 [...] quando evocamos hábitos passados apropriados para um novo problema e respondemos de acordo com os elementos que o novo problema tem em comum com os outros já aprendidos ou conforme os aspectos da nova situação semelhantes aos da situação já encontrada (BOOK, 2008, p. 133). Por exemplo, no ambiente organizacional, em um setor administrativo, o trabalhador necessita fazer um relatório diferencial para sua chefia, tendo como base os outros relatórios gerais que já havia realizado anteriormente. Assim, com base nesta teoria, os trabalhadores com cargos de chefia ou gestores podem apropriar-se deste conhecimento para inserirem comportamentos desejados em sua equipe, por exemplo, a pontualidade na entrega de trabalhos. Ao oferecer um estímulo positivo aos trabalhadores, como um elogio, gratificações para aqueles que forem pontuais em seus resultados, estes ficam condicionados a manterem este comportamento, entregar os trabalhos dentro do prazo previsto. A palavra “condicionado” refere-se a um comportamento aprendido. Figura 4 - O trabalhador condicionado Fonte: Elaborado pela autora. Os gestores também podem utilizar um estímulo negativo, como uma advertência para aquelas pessoas que não apresentam um comportamento adequado na organização. Por exemplo, um trabalhador, ao chegar atrasado em relação a seu horário de trabalho, recebe uma advertência verbal ou escrita. Consequentemente, esse comportamento terá um estímulo negativo como resposta para o trabalhador, assim, o colaborador evitará ter 15 esse comportamento de atraso para não ter a resposta indesejada, sendo esse um processo de aprendizagem. Já as teorias cognitivistas definem a aprendizagem como um processo de relação da pessoa com o mundo externo, com consequências no plano da organização do conhecimento (cognitivo). Elas estudam como as pessoas solucionam os problemas complexos e aprendem conceitos abstratos por meio da observação. A aprendizagem é um elemento que provém da comunicação com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos cognitivos. Ela é um processo da organização de informações e integração do material pela estrutura do cognitivo. Deste modo, a pessoa adquire novas ações como forma de inserção em seu meio (BOOK, 2008). Deste modo, a aprendizagem ocorre na relação entre ideias e experiências. Os comportamentos e conceitos aprendidos são mantidos nos processos cerebrais (atenção, memória) e são integrados nos comportamentos e pensamentos. Todas as vezes que a pessoa necessita resolver novos problemas, recorrerá às experiências passadas para poder solucionar por meio da sua cognição. A cognição ocorre, por exemplo, quando o trabalhador necessita aprender uma nova execução das atividades do seu trabalho. Deve-se levá-lo para observar como é realizada a atividade, fazê-lo experimentar as execuções e, assim, ele conseguirá atribuir o significado de cada procedimento. Esta cognição envolve o processo de compreensão, transformação, armazenamento e utilização das informações. 2.4 Valores Os valores são representações de convicções básicas de um modo específico de conduta ou objetivos de vida pessoal e social. Constata-se que os valores possuem um elemento de julgamento no qual cada pessoa se baseia a partir de suas ideias do que é certo ou errado. Valores possuem atributos de conteúdo que dizem o modo de conduta ou objetivo de vida e de intensidade para especificar o grau de sua importância para a pessoa. Constata-se que todas as pessoas possuem uma hierarquia de valores que formam o sistema de valores de forma singular para cada um. Por exemplo, cada pessoa dá uma importância relativa a valores como a honestidade, fidelidade, respeito, liberdade, entre outros. Os valores são relativamente estáveis e duradouros. São construídos desde os primeiros anos de vida por meio das nossas relações sociais com nossos pais, família, 16 professores e assim por diante. 2.4.1 Tipos de Valores Pode-se agrupar os valores em dois conjuntos, conforme Milton Rokeach, criador da pesquisa de valores Rokeach (RVS). Ele chamou um conjunto de valores de terminais, que são aqueles que são objetivos e que uma pessoa gostaria de alcançar durante a vida inteira, e o outro conjunto de valores instrumentais, referindo-se aos modos preferíveis de comportamento para alcançar os valores terminais, como mostra o quadro a seguir. Valores Terminais Valores Instrumentais Prosperidade e sucesso contínuo Autoaperfeiçoamento Liberdade Autonomia e autossuficiência Saúde e bem-estar Disciplina pessoal Paz mundial Bondade Reconhecimento social Ambição Significado na vida Foco nos objetivos Quadro 2 - Tipos de valores Fonte: Robbins e Judge (2014, p. 100). Vários estudos confirmam que os valores RVS variam entre grupos, por exemplo, pessoas com as mesmas ocupações ou categorias semelhantes possuem uma tendência de possuírem os mesmos valores, como pais, professores, gestores, alunos. É importante também considerar que os valores fazem parte da nossa base de compreensão para o desenvolvimento das nossas atitudes e da motivação, além de influenciarem na percepção humana. Deste modo, quando um trabalhador resolve fazer parte de uma determinada organização, possui seus valores do que “deve ser”, mas a pessoa com suas interpretações do certo e errado, baseando-se em seus valores, pode obscurecer a objetividade e racionalidade, tendendo a um determinado comportamento e atitude. 17 Por exemplo, o trabalhador possui um valor sobre o sistema de remuneração que deve ser baseado no desempenho. No entanto, a organização decide que a remuneração deve ser baseada na antiguidade. Provavelmente, o trabalhador irá ficar insatisfeito no trabalho, uma vez que seus valores não estão alinhados com a políticade remuneração da organização, afetando sua motivação e atitude. Valores O conhecimento sobre os valores de cada trabalhador auxilia na compreensão da percepção, atitude e comportamento de forma singular. Deste modo, devemos nos preocupar diante dos valores que estão sendo incutidos na vida dos adolescentes na contemporaneidade, uma vez que eles serão os futuros trabalhadores? Fonte: Elaborado pela autora. Assim, pode-se concluir que é importante conhecer os valores dos trabalhadores, pois eles afetam as atitudes, comportamentos e percepções destes. Quando o gestor possui o conhecimento dos valores de cada trabalhador de sua equipe, isto lhe fornece informações para saber o que faz essa pessoa “funcionar” melhor. Deste modo, os gestores e líderes de equipe devem avaliar candidatos não somente por suas habilidades e experiência, mas também pelos valores. A adequação dos valores entre a organização e o trabalhador é fundamental, uma vez que as pessoas são atraídas e selecionadas pelas organizações, devendo possuir valores semelhantes com os da organização ou compatíveis com sua personalidade, para evitar insatisfação do trabalhador, que pode afetar a sua motivação e, consequentemente, a produtividade no trabalho. 3. Inteligência e Inteligência Emocional Na contemporaneidade vivencia-se constantes mudanças tecnológicas, um elevado nível de competitividade no mercado, mudanças no ambiente organizacional e necessidade de inovação a todo o momento, afetando a vida de todas as pessoas que fazem parte da 18 organização. Com isso, tornou-se necessário o desenvolvimento da inteligência emocional, principalmente dos trabalhadores com cargos de chefia, gestores e lideranças que necessitam relacionar-se com as pessoas a todo o momento. Para entendermos o que é inteligência emocional e seu funcionamento, vamos compreender o que é inteligência. 3.1 Inteligência A inteligência é um conceito complexo a ser definido. Etimologicamente, a palavra “origina-se do latim intelligentia, que significa entendimento, conhecimento” (HOUAISS; VILLAR, 2008, p. 1631). Dalgalarrondo (2008) define a inteligência como um conjunto de habilidades cognitivas do indivíduo, a resultante, o vetor final dos diferentes processos intelectuais, ou seja, a capacidade de identificar e resolver problemas novos, de reconhecer adequadamente as situações que se vivencia e encontrar soluções satisfatórias para si e para o ambiente, respondendo às exigências de adaptação biológica e sociocultural. O autor supracitado complementa que as principais habilidades no constructo da inteligência são: raciocínio, planejamento, resolução de problemas, pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e aprendizagem a partir de experiência (DALGALARRONDO, 2008). 3.2 Inteligências Múltiplas Os estudiosos da inteligência, até meados da década de 1960, acreditavam em um modelo unifatorial da inteligência, ou seja, que havia um fator geral para explicar toda a inteligência. No entanto, a partir de 1960, outros pesquisadores da inteligência propuseram que ela deveria ser considerada com múltiplas formas, um modelo multifatorial, e estas inteligências podem ter uma autonomia em relação ao constructo global, tendo como os estudiosos mais significativos desta nova abordagem Cattell, Gardner e Goleman. Howard Gardner (2001), psicólogo e professor da Universidade de Harvard, em seu livro “Estruturas da Mente”, de 1983, descreve sete dimensões de inteligência e, mais tarde, propõe mais duas inteligências. Sua teoria ficou conhecida como “Inteligências Múltiplas”. 19 Ele relata que estas inteligências costumam aparecer com intensidade diferente em cada ser humano. Observe-as no infográfico a seguir. Fonte: Gardner (2001). E parece existir a décima inteligência, que é “a inteligência pictográfica ou do desenho, estando presente nos profissionais de montagem, decoração, design, ilustração, marketing, publicidade, cinema e televisão” (ANTUNES, 1998, p. 66 apud SOBRAL, 2013). Assim, constata-se que é importante o gestor ou líder ter o conhecimento destas inteligências para poder identificar o seu tipo de inteligência e de cada pessoa da sua equipe, a fim de utilizar melhor as potencialidades de cada um a favor de uma maior eficácia no trabalho. 3.3 Inteligência Emocional A inteligência emocional teve sua terminologia criada por Peter Salovey e John Mayer da Yale University a partir dos estudos da inteligência interpessoal e da teoria das 20 inteligências múltiplas de Gardner, mas foi Daniel Goleman que a difundiu em seu livro “Inteligência Emocional” de 2001. Com isso, pode-se definir que a inteligência emocional, conforme Mayer e Salovey (1997, p. 401 apud VALLE, 2006, p. 33) é: [...] a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções com precisão; a capacidade de acessar e/ou gerar sentimentos quando estes facilitam o pensamento; a capacidade de entender as emoções e o conhecimento emocional e a capacidade de regular emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. Pode-se compreendê-la como um modelo de cascata, conforme Robbins e Judge (2014, p. 76) apresentam a seguir. Figura 5 - A inteligência emocional Fonte: Robbins e Judge (2014, p. 76). Desta forma, a inteligência emocional representa a capacidade do indivíduo de identificar, analisar e desenvolver emoções conforme a necessidade se apresenta, ou seja, conseguir gerir suas emoções a seu favor, para que ela auxilie no seu comportamento de forma adequada para aperfeiçoar os seus resultados. Salovey e Mayer (apud CHIAVENATO, 2015) apresentam os cinco domínios ou competências da inteligência emocional: 21 1. Autoconsciência 2. Autodomínio 3. Automotivação 4. Empatia 5. Habilidades Sociais A autoconsciência representa conhecer as suas próprias emoções. As pessoas que possuem essa capacidade tornam-se conscientes das emoções que se apresentam a cada momento, podendo desenvolver o controle de seus sentimentos. O autodomínio desenvolve-se a partir da autoconsciência e possui a capacidade de controlar diversos sentimentos em várias situações, administrando suas emoções para poder lidar melhor com suas atividades. Quanto mais desenvolvido o autodomínio, mais facilmente a pessoa conseguirá desenvolver o equilíbrio emocional, recuperando-se com mais rapidez dos desprazeres e perturbações da vida. A automotivação representa possuir sentimentos de entusiasmo, ser persistente, tenaz, perseverante diante dos objetivos e metas de sua vida. É saber colocar as suas emoções a seu favor, utilizando de sua criatividade para concentrar-se e promover as suas realizações. A empatia retrata saber reconhecer as emoções das outras pessoas e sintonizar melhor os sinais sutis que indicam do que as outras pessoas estão necessitando ou desejam. As habilidades sociais caracterizam o desenvolvimento de um bom relacionamento, saber lidar com as emoções das outras pessoas, bem como ter facilidade na interação, saber liderar, negociar, solucionar divergências, trabalho de equipe, ser ativo com as pessoas e gostar de estar com as pessoas. Estes cinco domínios são desenvolvidos por meio dos nossos relacionamentos, envolvendo uma maturidade emocional, e estão intimamente relacionados com o equilíbrio emocional. Sabe-se que quanto maior é o controle das nossas emoções, melhor estaremos posicionados nas nossas relações no ambiente de trabalho, familiar, social e pessoal. Conclui-se, dessa forma, que o desenvolvimento da inteligência emocional é primordial, principalmente no ambiente laboral, para que se possa entender e compreender como as emoções podem influenciar nos relacionamentos interpessoais, nas tomadas de decisões, nas negociações, na criatividade, na liderança, na motivação, no atendimentoao cliente e no clima organizacional, sendo uma estratégia para a competência comportamental nas organizações. 22 Dimensões da Inteligência Emocional Assista ao filme “À Procura da Felicidade”, em que o protagonista Will Smith, que interpreta Chris Gardner, apresenta durante o filme as cinco dimensões da inteligência emocional para conseguir atingir o seu objetivo. Para assistir, acesse o filme. <https://www.youtube.com/watch?v=krHi1m5sJuI>. Fonte: Elaborado pela autora. Livro: Gerenciando o Comportamento Organizacional: o que os gestores eficazes sabem e fazem Autores: BALDWIN, Timothy; BOMMER, Bill; RUBIN, Robert Ano: 2017 Editora: Elsevier ISBN: 9788535278392 Comentário: O livro aborda sobre o comportamento organizacional em uma visão macro- organizacional, relacionando com recrutamento e seleção, remuneração, liderança, motivação, poder, decisões éticas, estresse no trabalho e qualidade de vida. Considerações Finais Neste estudo abordamos o tema do comportamento organizacional e vimos que abrange conceitos relacionados aos problemas de relacionamentos interpessoais que estão https://www.youtube.com/watch?v=krHi1m5sJuI 23 presentes, frequentemente, na maioria das organizações. Entendemos que o Comportamento Organizacional pode ser entendido como um campo de estudo que investiga o impacto que os indivíduos, grupos e estruturas exercem no comportamento dentro das organizações, e tem a finalidade de aplicar tal conhecimento na melhoria da eficácia de uma organização. Também pudemos compreender que o comportamento organizacional é uma ciência comportamental que é aplicada e construída diante das contribuições de diversas disciplinas comportamentais, principalmente a ciência da psicologia, psicologia social, sociologia e antropologia. O estudo do Comportamento Organizacional se mostra importante para as organizações e pelo menos três razões justificam sua abordagem, a saber: Aplicações Práticas, Crescimento Pessoal e Maior Conhecimento. Ainda nesse sentido, vimos que o estudo do comportamento organizacional pode ser tomado em uma perspectiva de nível: i) micro- organizacional: voltado a prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas; ii) meso-organizacional: quando refere-se à compreensão dos comportamentos dos trabalhadores em sua formação de grupos ou equipes; iii) macro-organizacional: quando considera o comportamento do todo da organização. Para melhor entendimento a respeito do Comportamento Organizacional, foi necessário abordar elementos que constituem as características do Comportamento Individual e Organizacional, incluindo conceitos sobre personalidade, determinantes da personalidade, percepção, aprendizagem, valores e tipos de valores. Também tratou-se a respeito de aspectos relacionados ao conceito de Inteligência, Inteligências Múltiplas, Inteligência Emocional e suas dimensões. Por fim, destaca-se que o presente estudo ainda apresenta diferentes recursos didáticos, como saiba mais, indicação de leitura e atividades de estudo, para melhor contribuir na construção do conhecimento do aluno, no tocante a temática envolvente da abordagem interdisciplinar do Comportamento Organizacional. 24 Referências ANTUNES, C. A Grande Jogada: manual construtivista de como estudar. In: SOBRAL, O. J. Inteligência Humana: concepções e possibilidades. Revista Científica FacMais, v. III, n. 1, ano 2013/1. semestre. ISSN 2238-8427. BOOK, A. (org.). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008, pp. 277-289. GARDNER, H. Inteligência: um conceito reformulado. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. KARSAKLIAN, E. Comportamento do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2004. MAYER; SALOVEY, 1997 apud VALLE, P. B. do. Inteligência emocional no trabalho: um estudo exploratório. 2006. 48 f. Dissertação - (Mestrado profissionalizante em Administração) – Faculdade de Economia e Finanças IBMEC, Rio de Janeiro, 2006. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SAMARA, B. Comportamento do Consumidor. São Paulo: Prentice Hall, 2005. TAYLOR, C. R. The tides of talent: A slew of studies points to some surprising deciding factors that make the best employes leave or stay. T & D, abr. de 2003. VECCHIO, R. Comportamento Organizacional. São Paulo: Cengage Learning, 2008. WAGNER, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento organizacional: criando vantagem competitiva. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.