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Abordagem geral ao paciente com sinais e sintomas gastrointestinais

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Abordagem geral ao paciente com sinais e sintomas gastrointestinais 
O médico deve avaliar a natureza da queixa, se é recente, a intensidade, a localização, se existe ou não irradiação, a duração, início abrupto ou gradual e a relação do sintoma com os alimentos, refeições e defecação. 
Em casos de queixas gastrointestinais agudas, é importante questionar ao paciente acerca de ingestão alimentar recente, história medicamentosa, exposição potencial a infecções entéricas e viagens recentes. Além de avaliar se existe sintomas que indiquem um acometimento sistêmico, como febre, perda ponderal, artralgias e fraqueza. É importante destacar que os sintomas gastrointestinais agudos que existem avaliação urgente são: dor abdominal intensa e hemorragia digestiva evidente — melena, hematoquezia de grande volume e hematêmese. 
Em relação as queixas gastrointestinais crônicas, uma proporção substancial delas são classificadas como distúrbios gastrointestinais funcionais — sintomas gastrointestinais crônicos que não são explicados por alterações anatômicas, inflamatórias e neoplásicas, ou seja, não há causa orgânica identificada, estando relacionada com predisposição genética, exposição ao meio e contextos psicossociais. Nos pacientes com queixas de sintomas gastrointestinais crônicas deve-se investigar o motivo atual para buscar avaliação médica (preocupação com condições graves, como câncer), se houve alteração do caráter ou da intensidade dos sinais e sintomas, além da investigação de questões emocionais e psiquiátricas. 
Uma história nutricional sempre deve ser obtida, ao passo que a alimentação, muitas vezes, está correlacionada com os sintomas gastrointestinais dos pacientes. Por exemplo, ingesta excessiva de lacínios (intolerância a lactose), dieta pobre em fibras (constipação intestinal crônica) e refeições gordurosas (má absorção — pode causar dor, flatulência ou diarreia). 
A análise acerca da perda ponderal também deve ser realizada, tendo em vista que em caso de perda involuntária (não intencional) de mais de 5% do peso corporal em um período de 1 ano, deve-se suspeitar de doenças graves e desnutrição significativa. 
A história psicossocial e os hábitos de vida devem ser explorados com esses pacientes. Por exemplo, o consumo de bebidas alcoólicas pode causar dispepsia, pirose, náuseas, diarreia ou doença hepática crônica, e o tabagismo está associado a um risco aumentado de pirose, úlcera péptica, doença de crohn e neoplasias malignas do trato gastrointestinal. 
A maioria dos pacientes com dor abdominal aguda intensa requer uma avaliação completa, mas urgente, que pode revelar rapidamente uma doença cirúrgica aguda. 
A dor abdominal pode ser visceral ou parietal. A dor visceral é vaga ou monótona e difusa; os pacientes que tentam localizar a dor frequentemente movem a mão inteira sobre o abdome superior, médio ou inferior. A dor parietal é aguda, bem caracterizada e localizada pelo paciente em um local preciso no abdome, frequentemente apontando com um dedo.
A dor abdominal intensa que começa repentinamente durante segundos a minutos indica um evento catastrófico, como ruptura esofágica, úlcera péptica ou víscera perfurada, gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma aórtico rompido, isquemia mesentérica aguda ou infarto agudo do miocárdio. 
A dor abdominal que evolui em 1 a 2 horas é compatível com um distúrbio inflamatório rapidamente progressivo (colecistite, apendicite, pancreatite), obstrução aguda de uma víscera (obstrução do intestino delgado, que muitas vezes está relacionada com aderências de cirurgia intraperitoneal anterior; cólica ureteral), ou isquemia de órgão causada por comprometimento da irrigação arterial (vólvulo, hérnia estrangulada, torção ovariana). A dor menos intensa e que se desenvolve durante várias horas é mais comumente causada por uma condição clínica e não cirúrgica. 
O esquema abaixo demonstra como deve ser feita a abordagem ao paciente com dispepsia — dor ou desconforto em porção superior do abdome:
OBS: EGD = esofagogastroduodenoscopia, IBP = inibidor de bomba de próton

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