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Objetivos: 1. Relembrar o processo de resposta imunológica (alergia). 2. Conhecer a etiologia e epidemiologia da alergia e intolerância alimentar. 3. Compreender a fisiopatologia e manifestações da alergia e intolerância alimentar. 4. Esquematizar o diagnóstico e tratamento da alergia / intolerância alimentar. 5. Citar os principais alimentos alergênicos. Hipersensibilidade é quando a resposta imune causa distúrbios no organismo. A alergia se enquadra como hipersensibilidade porque gera uma resposta imune exagerada a um antígeno que, normalmente, seriam inofensivos. É classificada como uma hipersensibilidade do tipo 1, ou seja, imediata. As reações alérgicas sempre serão direcionadas a antígenos proteicos. CAUSAS DA HIPERSENSIBILIDADE: Autoimunidade: reações contra antígenos próprios / falha nos mecanismos de autotolerância. Reações contra microrganismos: reações excessivas ou microrganismos anormalmente persistentes / inflamação grave / tuberculose / reações cruzadas. Reações contra antígenos ambientais: produção de IgE -> doenças alérgicas. De maneira geral, tanto o processo alérgico como infecção por parasita, é mediado por IgE (existem exceções raras). As células envolvidas nessa resposta imune serão linfócitos Th2. O indivíduo atópico tem uma pré- disposição maior a responder com perfil Th2 -> linfócito B se transforma em plasmócito -> anticorpo IgE. Os IgE’s irão se ligar a duas células do sistema imunológico: mastócitos e basófilos, ambas responsáveis pela liberação de histamina e heparina, sendo os mastócitos encontrados nos tecidos e os basófilos encontrados circulando no sangue. OBS: as alergias alimentares não necessariamente ocorrem em indivíduos atópicos, apesar de ser mais comum. Para se iniciar um processo alérgico contra alguma substância, é preciso, anteriormente, ter tido algum contato com ela. Provavelmente, essa pessoa teve contato com o antígeno (a proteína do camarão) em outro ambiente, como, por exemplo, a pele, ou, até mesmo, teve uma reação cruzada. Ou seja, nesta, a pessoa pode ter ingerido, antes, algum alimento com a proteína parecida com a do camarão, MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / AFYA @LAURANAMEDICINA MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya gerando esse mimetismo molecular, desencadeando a reação. Não esquecer: para a primeira crise alérgica aparecer, antes o corpo precisa ser exposto a tal antígeno. 1. A célula dendrítica (“fofoqueira”) é a célula apresentadora de antígeno. Assim que ela detecta, já vai “fofocar” a célula T imatura. 2. A célula T reconhece o antígeno, torna-se madura (Th2) e passa a produzir interleucinas, principalmente a IL-4, responsável por ativar a célula B. 3. Ativada pelo linfócito Th2, a célula B começa a produzir anticorpos IgE. 4. Os anticorpos IgE, prontamente, ligar-se-ão aos mastócitos. Esse primeiro momento de exposição ao alérgeno é de sensibilização. Caso a pessoa exposta venha a ter um novo contato com o alérgeno, a resposta será mediada pelos mastócitos, os quais irão se ativar liberando mediadores: aminas vasoativas, como histamina e heparina, induzindo um processo inflamatório imediato. 1. AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR Extravasamento de plasma, causando edema. Ex.: edema de glote. O aumento da quantidade de sangue na região causa vermelhidão, por isso é tão comum que, a pessoa com alergia alimentar, fique com manchas vermelhas na pele. 2. VASODILATAÇÃO 3. BRONCOCONSTRIÇÃO 4. HIPERMOTILIDADE INTESTINAL / ESTÍMULO DA CONTRAÇÃO DAS CÉLULAS MUSCULARES LISAS. Quadros de diarreia. 5. DANOS TECIDUAIS / REMODELAMENTO. Teoricamente, era para ter um agente invasor; então as enzimas são liberadas pelos mastócitos na tentativa de combatê-lo, no MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya entanto, acaba causando danos ao próprio tecido, já que não tem bactéria ou vírus envolvido. Vasodilatação; broncoespasmo; quimiotaxia e adesão de leucócitos; secreção de muco; aumento da permeabilidade vascular. É uma reação tóxica, metabólica ou alérgica ao alimento. Pode ser um alimento tóxico, ou seja, contaminado com alguma bactéria ou contém aditivos alimentares/conservantes. Pode ser metabólica, secundária à deficiência enzimática, ou seja, não consegue digerir (p. ex.: intolerância a lactose). Pode ser de reação alérgica, tanto IgE mediadas como não mediadas por IgE (p. ex. alergia ao leite de vaca). Sintomas secundários a reações farmacológicas a componentes alimentares: reação à tiramina contida em queijos e vinhos tintos. Comum em pacientes depressivos que utilizam a classe de medicamentos inibidores da MAO (IMAO). A enzima monoaminoxidase (MAO) degrada alguns neurotransmissores, como: adrenalina, noradrenalina, dopamina. Se ela é inibida, deixa-se mais noradrenalina disponível no SN, e isso pode atenuar os sintomas da depressão. Acontece que a noradrenalina vem de um aminoácido chamado tiramina, que também é encontrado em alimentos, quando o paciente faz uso de IMAO e consome em excesso esse tipo de alimento, tem um aumento de tiramina no organismo e isso pode levar a um hiperestimulo, elevando bastante a pressão -> “REAÇÃO DO QUEIJO” (pode ser fatal). A lactose é um carboidrato dissacarídeo. Monossacarídeos -> 3 a 7 carbonos. Nosso corpo absorve: frutose, galactose e glicose (todos com 6 carbonos). Dissacarídeos: junção de dois monossacarídeos. Frutose + frutose = sacarose; Glicose + galactose = lactose; Glicose + glicose = maltose. Para a lactose ser absorvida pelo nosso corpo, ela precisa ser quebrada em glicose e em galactose, isto é feito pela enzima lactase. Pessoas com intolerância à lactose, possuem deficiência da lactase, podendo ser primária ou secundária. a) Deficiência primária: a pessoa não produz a lactase por algum distúrbio genético. b) Deficiência secundária: doença celíaca – intolerância ao glúten. O intestino fica inflamado ao ponto de diminuir ou parar a produção de lactase. Também se aplica aqueles pacientes com doença de Crohn, retocolite ulcerativa, síndrome do intestino irritável (doenças inflamatórias intestinais no geral, pois lesionam a parede do intestino). A intolerância à lactose é rara em crianças menores de 4 anos. Existe uma relação em que quanto maior a idade, menor a produção de lactase. MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya Reação inversamente proporcional: aumento da idade = diminuição da produção de lactase. A diminuição da atividade da lactase começa a diminuir após o 3º ano de vida. A intolerância é quantitativa: as reações clínicas dependem da quantidade do carboidrato ingerido e do nível da atividade da lactase no indivíduo. Não está indicada a restrição completa de leite e derivados. Indica-se uma moderação de acordo com cada paciente. O principal local de absorção de alimentos é no intestino delgado, mas a lactose não é digerida nem absorvida, seguindo, então, o trajeto. Passa pelo duodeno, jejuno e ílio, até chegar ao intestino grosso. No intestino grosso, tem-se a microbiota / flora bacteriana, ou seja, bactérias que vivem em simbiose com o organismo (ajudam no processo digestivo). Então, quando essa lactose chega ao intestino grosso, as bactérias a fermentam, gerando gases como produto do metabolismo (CO2, H2, metano). Isso faz com que as fezes fiquem ácidas, devido ao gás carbônico e, também, além ácidos graxos – também produtos da fermentação – que não foram totalmente reabsorvidos pelo corpo e saíram nas fezes. Flatulência; Cólica; Distensão abdominal; Diarreia; a lactose atrai água! Fezes ácidas. Essas manifestações são mais comuns em lactentes e pré-escolares. Já em crianças maiores e adolescentes tem menos diarreia, mas maior distensão abdominal e dor abdominal.Nos lactentes com intolerância à lactose, o pediatra recomendará uma fórmula específica para a faixa etária do pequeno. Se sumirem os sintomas, devido a produção natural de lactase, e o especialista autorizar, o bebê deve voltar ao peito. Exames complementares Substâncias redutoras de pH fecal: Analisa se há essas substâncias nas fezes e, também, se estão ácidas (pH < 5). Se sim, sugerem intolerância. É inespecífico, pois essas características podem estar presentes em outras condições gastrintestinais. Teste de tolerância oral: É o mais utilizado; O teste de absorção da lactose é realizado através de medidas da glicemia do paciente em diferentes momentos: glicemia basal após jejum de pelo menos 8 horas e glicemia 30, 60 e 120 minutos após a administração, por via oral, de lactose dissolvida em água – 50 g em adultos e 2g/kg em crianças. Observa-se o aparecimento de sintomas durante o teste. O esperado para indivíduos tolerantes é que haja um aumento de, pelo menos, 20mg/dL entre o jejum e quaisquer das medidas subsequentes. Já no indivíduo intolerante, apresenta pouco ou nenhum aumento de glicemia. Dosagem do hidrogênio em ar expirado: MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya Secundário a digestão do excesso de carboidratos por bactérias colônicas. OBS: o teste é realizado após uma dose oral do açúcar. Teste de exclusão: Tira a lactose por um tempo da dieta e observa se há melhora dos sintomas. Acaba sendo uma medida terapêutica. Tratamento Abstinência de laticínios, ou ingestão de uma ou duas cápsulas de lactase (ocasiões especiais). Suplementação de cálcio sob forma de carbonato de cálcio (já que a redução da ingestão de leite pode gerar deficiência de cálcio). Crianças nos primeiros anos de vida. A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é a doença alérgica mais comum na infância. Amamentação: mãe precisa parar de tomar leite de vaca se a criança for alérgica, pois a proteína do leite pode passar pelo seu leite para o bebê. O aleitamento materno tem um fator protetor contra o desenvolvimento de alergia (IgA), então, a redução do aleitamento, ou apresentação precoce do leite da vaca, aumenta a incidência. As manifestações clínicas são diversas, pode ser na pele, respiratória e/ou gastrointestinais (a mais comum -> gera perca de peso). As reações alérgicas são mais comuns em crianças pela imaturidade do trato gastrintestinal. Mas também existem mecanismos no intestino que precisam estar em constante equilíbrio. A mucosa intestinal funciona como uma barreira! No início da vida, o TGI tem de produzir imunidade e gerar tolerância. Para isso, uma rede de mecanismos interagem nessa regulação. Mecanismos não imunológicos: amilase salivar, lisozima (destrói bactérias), secreção ácida do estômago, ácidos biliares, flora e motilidades intestinais, muco que recobre epitélio, microvilosidades. Mecanismo imunológicos: tecido linfoide associado ao intestino, a imunoglobulina IgA, o sistema imune celular local (B e T, plasmócitos, macrófagos, mastócitos, eosinófilos e basófilos) e outras Ig: IgG, IgM e IgE. Leite de vaca, soja, ovo, peixe, amendoim, trigo, milho, arroz, frutos do mar e outras proteínas. O que induz: proteína. Alimentos com possível reação cruzada: Crustáceos (camarão, caranguejo, siri) – 75% de risco de reatividade clínica. Principal proteína comum: tropomiosina. Leite de vaca e leite de cabra – 92%. Principal proteína comum: caseínas, proteínas do soro. 80% de todo IgA do corpo é produzido pelo epitélio intestinal, ficando evidente que as pessoas com problemas intestinais possuem a imunidade baixa. MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya A hipersensibilidade gastrintestinal pode ser: (1) exclusivamente mediada por IgE; (2) mista (IgE e células); (3) não mediada por IgE. Mediadas por IgE: Sensibilização -> formação de IgE - > mastócitos e basófilos -> contatos subsequentes -> liberação de mediadores vasoativos e citocinas Th2, que induzem às manifestações clínicas de hipersensibilidade imediata. Manifestações logo após a ingestão. Reações cutâneas; TGI: edema e prurido de lábios, língua ou palato, vômitos e diarreia. Respiratório: broncoespasmo, coriza. Sistêmica: anafilaxia e choque anafilático. Mistas: Esofagite eosinofílica; gastrite eosinofílica e asma. Não mediadas por IgE: Não são de apresentação imediata; Caracterizam-se basicamente pela hipersensibilidade mediada por células. Complicações Síndrome desabsortiva: conjunto de sinais e sintomas decorrentes da má absorção de nutrientes. Bastante marcada pela esteatorreia (fezes gordurosas). Alterações motoras: refluxo gastrointestinal secundário a alergia, constipação... Proctolite alérgica – dor à defecação, inflamação retal, presença de sangue oculto ou vivo nas fezes e fissura anal interna. Perda de sangue pelo trato gastrintestinal na alergia à proteína do leite da vaca pode ocorrer efeito tóxico direto do leite da vaca ou secundário à reação imune (lesão e inflamação da mucosa). Doença autoimune (anticorpos contra a proteína que transporta o glúten) que só aparece em indivíduos geneticamente predisposto. Será desencadeada pela exposição ao glúten na dieta. Glúten = mistura de proteínas. Um dos seus principais constituintes é a gliadina, que representa a fração tóxica diretamente envolvida. Fisiopatologia (1) Glúten reconhecido como “antígeno” por células apresentadoras. (2) Estimulação dos linfócitos T -> resposta adaptativa. (3) Destruição da mucosa intestinal (infiltração linfocítica + produção de autoanticorpos contra o glúten e gliadina. Manifestações clínicas A intensidade dos sinais e sintomas depende da extensão do acometimento intestinal. Geralmente, causa síndrome da má absorção intestinal. Os sintomas característicos incluem: distensão abdominal; diarreia crônica com esteatorreia; carência de múltiplos nutrientes; coagulopatia (baixos níveis de vitamina K); hipeceratose cutânea (baixos níveis de vitamina A); neuropatia (baixos níveis de vitamina E) e doença óssea (baixos níveis de cálcio e vitamina D). MARIA LAURA CAVALCANTE ALMEIDA FERRO ⚕ 4º PERÍODO / Afya
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