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Nome do Tutor (a): Euclides Sousa Filho LINGUÍSTICA APLICADA À LÍNGUA INGLESA I 1 UNIDADE 2 UM OLHAR SOBRE QUESTÕES QUE IMPACTAM O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • discutir a respeito do conhecimento linguístico necessário para dominar uma língua estrangeira (LE); • identificar os processos cognitivos que subjazem ao processamento da linguagem; • relacionar o papel do contexto social à aprendizagem de LE; • definir variáveis afetivas que influenciam a aprendizagem de LE; • identificar diferenças individuais que interferem com a aprendizagem; • discutir o papel da interação na aprendizagem de LE. Esta unidade está dividida em seis tópicos: TÓPICO 1 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS TÓPICO 2 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS TÓPICO 3 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS TÓPICO 4 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS TÓPICO 5 – ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS TÓPICO 1 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES LINGUÍSTICAS CONHECIMENTO SOBRE AS PALAVRAS O conhecimento linguístico envolve, além do conhecimento sobre palavras em si e os sons que as formam, o conhecimento sobre como usar essas palavras de forma que ganhem sentido. O ser humano tem uma capacidade criativa de juntar palavras em frases ou sentenças para que ganhem sentido. Fromkin, Rodman e Hyams (2014, p. 5) postulam que “Não é todo ser humano que pode criar uma grande literatura, mas todo mundo que sabe uma língua pode criar e entender novas sentenças.” (FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014, p. 5, tradução da autora). Podemos compreender que esse conhecimento das regras que regem a formação de sentenças em uma determinada língua é chamado de gramática (FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014). Quando pensamos na nossa língua materna, podemos perceber que esse conhecimento é implícito, ou seja, inconsciente. Logo cedo já conseguimos distinguir sentenças que fazem parte da nossa língua ou não. É importante que você saiba que existe na literatura uma distinção entre competência e performance. A competência linguística inclui o conhecimento das palavras e da gramática da língua. Já a performance linguística é o uso que se faz dessa competência. A diferenciação entre competência e performance foi proposta pelos gerativistas, com base em Chomsky. Essa visão é derivada da concepção estruturalista da língua(gem). CONHECIMENTO SOBRE AS SENTENÇAS CONHECIMENTO SOBRE A GRAMÁTICA DA LÍNGUA Fromkin, Rodman e Hyams (2014, p. 9) sugerem que gramática é o conhecimento que os falantes têm sobre as unidades e regras da sua língua – regras para combinar sons em palavras (chamado fonologia), regras de formação de palavras (chamado morfologia), regras para combinar palavras em frases e frases em sentenças (chamado sintaxe), assim como regras para dar significado (chamado semântica). A gramática, juntamente com o dicionário mental (chamado léxico) que lista as palavras da língua, representa nossa competência linguística (FROMKIN; RODMAN; HYAMS, 2014, p. 9, tradução da autora) Dessa maneira, Fromkin, Rodman e Hyams (2014) explicam que para que se entenda uma língua é necessário conhecer as suas regras. Para tanto, linguistas descrevem a gramática dessa língua, para mostrar como ela funciona. Tanto na visão mais formalista quanto funcionalista da língua, a gramática ocupa um papel importante. Porém, a diferença entre essas duas visões está na maneira como as questões gramaticais são enfocadas: A visão formalista vê a linguagem como estrutura e, portanto, uma gramática nessa perspectiva irá apresentar a língua de forma estrutural. Já a visão funcionalista está preocupada com a função da língua e como utilizamos os itens léxico-gramaticais para dar sentido a ela. Logo, nessa visão, a gramática está mais voltada a explicar as nossas escolhas do que em analisar a língua como estrutura, de uma forma matemática. TÓPICO 2 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES COGNITIVAS “Você já parou para pensar nos processos mentais que utiliza para compreender e produzir a LE?” Para que o reconhecimento do estímulo auditivo ocorra são necessários três estágios de processamento: (1) contato inicial; (2) seleção; (3) integração (FRAUENFELDER; TYLER, 1987 apud DAHAN; MAGNUSON, 2006). O contato inicial se refere a como o insumo auditivo (IMPUTI ou insumo se refere a toda informação recebida de forma escrita ou auditiva a respeito da linguagem), que ativa a representação lexical. Como o nome do estágio já diz, esse é o contato inicial do ouvinte com a fala. A seleção envolve a avaliação do insumo auditivo com respeito às representações lexicais ativadas. Neste estágio, tentamos identificar o correspondente do som que ouvimos. O estágio da integração se refere à avalição dos candidatos ativados com relação ao contexto linguístico e não linguístico. É neste estágio que iremos escolher qual é o conceito correspondente ao som que ouvimos inicialmente. Ao fim desses três estágios é possível identificar o candidato lexical mais provável e também construir estruturas linguísticas mais extensas (DAHAN; MAGNUSON, 2006). PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM: COMPREENSÃO AUDITIVA Há duas visões distintas que explicam o processo da leitura: a visão ascendente (bottom-up) e a visão descendente (top-down). Na visão ascendente, a construção de sentido no texto começa pelas unidades menores, chegando, por fim, às mais complexas. Dessa forma, a fala, através da sua representação acústica, é primeiramente decodificada através de seus fonemas e morfemas e da associação ortográfica com a palavra que estes representam, na sequência é acessado o significado da palavra, é feita a integração das frases e, então, dos parágrafos. Na perspectiva descendente da leitura, primeiramente o leitor utiliza seu conhecimento de mundo para dar sentido ao texto para depois analisar as unidades menores, por exemplo, a palavra. McClelland e Rumelhart (1981) propuseram um modelo interativo de reconhecimento de palavras, no qual o processamento da leitura acontece de forma ascendente e descendente, dependendo de diversos fatores relacionados ao texto e ao leitor Há três tipos de representações hierarquicamente organizadas: características do insumo visual, letras e palavras. As flechas representadas no modelo apresentado na figura se referem à ativação e as bolinhas à inibição. Dessa forma, quando uma das características da palavra nas diferentes representações não é detectada, esta é inibida, do contrário, é selecionada. De acordo com este modelo, quando um insumo visual é detectado, vários candidatos podem ser ativados e competem para serem selecionados. PRODUÇÃO DA FALA O modelo de Levelt (1989). De acordo com este modelo, a produção da fala envolve, fundamentalmente, três estágios: (1) conceptualização; (2) formulação; (3) articulação. Léxico: conjunto dos vocábulos de uma língua. lema ou lexia é a forma canônica de uma palavra. Lexema: Conjunto de palavras de mesma classe morfológica que diferem entre si por sufixos reflexivos. TÓPICO 3 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES SOCIAIS A aprendizagem de uma língua estrangeira ocorre em um ambiente social, por isso a importância de olhar para a influência desses fatores sociais na aprendizagem da língua estrangeira. Barkhuizen (2004) explica que a aprendizagem de língua estrangeira ocorre em um contexto social, o qual consiste de fatores sociais influenciáveis, tais como o cenário físico, os participantes, e, entre eles, o aprendiz. Barkhuizen (2004) define três componentes como essenciais à aprendizagem da língua estrangeira: (1) o aprendiz, (2) o insumo (INPUT), (3) o contexto social. O modelo (BARKHUIZEN, 2004) apresentado a seguir contém esses elementos. Observe a figura: O CONTEXTO SOCIAL TÓPICO4 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES AFETIVAS E DIFERENÇAS INDIVIDUAIS O FILTRO AFETIVO DE KRASHEN talvez seja a hipótese mais conhecida nas teorias de aprendizagem de segunda língua, a qual tenta lidar com o impacto das atitudes e da emoção na eficácia da aprendizagem. A questão afetiva é muito importante em relação à aprendizagem da língua estrangeira. Ela pode estar relacionada com os valores, crenças e atitudes que influenciam no que o aprendiz irá prestar atenção em uma dada situação de aprendizagem (DÖRNYEI; SKEHAN, 2005). IDENTIDADE: Quando nos deparamos com o outro, podemos ter certo distanciamento, dependendo do quanto nos identificamos ou não com essa maneira de ser ou pensar. Quanto maior o distanciamento do aprendiz de LE em relação à língua, mais difícil é a aprendizagem dela. O conceito de distância social tem sido usado para se referir à semelhança entre duas culturas (RICENTO, 2005). Quanto menor esta distância, mais favorável será a aquisição da LE, tendo em vista que o aprendiz irá se identificar mais com a cultura da nova língua Outra diferença individual que pode impactar a aprendizagem da LE é a aptidão, característica de caráter inato, que determina a habilidade do indivíduo em aprender uma língua estrangeira. É uma variável considerada fixa e que se correlaciona com o sucesso da aprendizagem da LE. Carrol (1965 apud DÖRNYEI; SKEHAN, 2005) desenvolveu um modelo para explicar a aptidão para a língua estrangeira. De acordo com este modelo, a aptidão para aprender uma língua estrangeira pode ser dividida em quatro diferentes habilidades ou componentes: 1 Habilidade de decodificar fonemas: se refere a uma capacidade de decodificar sons que não são conhecidos por um período maior de tempo, para que depois possa ser armazenado e reconhecido. 2 Sensibilidade gramatical: se refere à capacidade de identificar quais funções gramaticais as palavras exercem nas sentenças. 3 Habilidade de aprendizagem indutiva da língua: se refere à capacidade de captar padrões sintáticos e morfológicos do insumo linguístico e, a partir desses padrões, criar novas sentenças. 4 Memória associativa: se refere à capacidade de formar conexões na memória entre itens do vocabulário da língua nativa e da LE. DIFERENÇAS INDIVIDUAIS TÓPICO 5 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: QUESTÕES INTERACIONAIS Gass (2005) explica que, para que entendamos o papel da interação na aprendizagem da LE, precisamos avaliar o papel do input e do output no processo. Ou seja, de acordo com a autora, é importante analisar como o insumo linguístico está sendo trabalhado e qual é o propósito do uso da linguagem. Dentro desse debate, a autora argumenta ser importante conhecer também a questão de nature versus nurture, extensivamente debatida na literatura. A posição de nature diz respeito a tudo que é natural, inato e se aplica tanto à aquisição de primeira quanto de segunda língua, por crianças e adultos. Esta posição tem como base os pressupostos inatistas de Chomsky, para quem a criança já nasceria com uma capacidade inata para a aquisição da linguagem, e, portanto, possuiria de forma inata uma gramática universal. Já a posição de nurture diz respeito ao ambiente, à interação, sendo estes os fatores responsáveis pela aquisição da linguagem. Devemos observar ainda que a posição inatista seja considerada correta, faltaria insumo para que a criança desenvolvesse plenamente seu conhecimento da linguagem, e nessa questão entra a posição de nurture, que serviria para explicar esse desenvolvimento através do insumo e da interação.
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