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Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 1 Módulo 05 (cinco) GERÊNCIA DE PROJETOS por Prof. Jorge Horácio Audy Última atualização: 25 de Novembro de 2018 RESUMO Apresentação de fundamentos e boas práticas relacionadas ao gerenciamento de projetos, contando com breve histórico e diagnóstico, conceitos essenciais e evolução em relação à estruturas organizacionais e apresentação dos principais frameworks utilizados. A partir de uma visão introdutória sobre os temas, seguido de uma apresentação das boas práticas sugeridas pelo corpo de conhecimento mantido pelo maior instituto internacional de gerenciamento de projetos e pelo framework ágil mais praticado no mundo. Palavras-chave: Projetos; Métodos ágeis; PMBOK; PMI; SCRUM. Informações Gerais: Este texto é parte integrante do conteúdo elaborado pelos professores da Escola de Negócios e Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) para o Curso de Governança de TIC para o Governo Digital. A capacitação presencial é ministrada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), constituindo-se em produto do Projeto de Fortalecimento Institucional da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e integra o Programa de Apoio à Retomada do Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (PROREDES- BIRD), com financiamento do Banco Mundial. A capacitação faz parte da Escola de Planejamento e tem como objetivo aperfeiçoar os gestores de TIC que compõem a Rede de TIC do Estado do Rio Grande do Sul e fortalecer a implementação da Política de TIC-RS, estabelecida pelo Decreto 52.616, de 19 de outubro de 2015. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 2 1 INTRODUÇÃO Este documento é complementar à apresentação construída em power point para o curso de governança de TIC para o governo digital, conforme Tabela 1 abaixo: Tabela 1. Tópicos da apresentação Tópico Descrição Estrutura Organizacional tradicional x Ágil Chama a atenção para as mudanças em curso nas estruturas tradicionais Gerenciamento de Projetos Histórico e conceituação da disciplina de gerenciamento de projetos Métodos Ágeis Histórico e conceituação das metodologias ágeis Diagnóstico Informações essenciais das principais pesquisas sobre gerenciamento de projetos e métodos ágeis Governança de Projetos Fundamentos sobre estratégia e táticas utilizadas para a governança de projetos PMBOK Apresentação dos cinco grupos de processo e dez áreas de conhecimento propostos pelo corpo de conhecimento mantido pelo PMI (instituto internacional sobre gerenciamento de projetos) SCRUM Apresentação do método SCRUM para gerenciamento de projetos Kanban Apresentação das melhores práticas sugeridas pelo método Kanban para desenvolvimento de software XP Apresentação de valores e boas práticas do método XP (Expreme Programming) Escalando Agile e Modelo Spotify Apresentação suscinta sobre os frameworks mais conhecidos para gerenciar várias equipes trabalhando com SCRUM Inovação e empreendedorismo Quais os modelos e sugestões mais utilizados no mercado para antecipar entendimento e aprendizados sobre um produto ou serviço 2 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL TRADICIONAL E ÁGIL Um número crescente de empresas vem trabalhando sob princípios mais fluidos, adaptativos a um mercado cada vez mais volátil frente a globalização, tecnologia exponencial e mudanças no mercado, posto isto, uma busca por governança ágil, escritório de projetos ágeis e adaptação dos principais frameworks e modelos de maturidade nos bancos de pesquisa científica mostra o quanto o modelo prescritivo tradicional baseado em planejamento extensivo, grandes projetos, hierarquia e políticas verticais vem se ajustando. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 3 2.1 PORTFÓLIO, PROGRAMAS E PROJETOS Portfólio de Projetos – Conjunto de programas e projetos, agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz destes a fim de atingir os objetivos estratégicos de negócios. Programa – Um grupo de projetos gerenciados de modo coordenado para a obtenção de benefícios e controles indisponíveis se eles fossem gerenciados individualmente. Projeto – Um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e fim, empreendido para alcance de um objetivo, com requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custos e recursos. Sub-Projeto – Parte menor de um projeto, criada quando necessária a subdivisão do esforço planejado em componentes mais facilmente gerenciáveis. 2.2 ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS Organizações funcionais - A organização funcional é centrada em especialização e agrupada por função, razão pela qual são chamadas de organizações funcionais. O trabalho em departamentos é especializado e exige pessoas com habilidades e experiências nessas funções para tarefas específicas. Organizações projetizadas - A ideia que respalda uma organização projetizada é cultivar lealdade ao projeto, não a um gerente funcional. Nas organizações estruturadas por projetos, os recursos organizacionais são dedicados aos projetos e suas metas. Organizações matriciais - Os funcionários de uma organização matricial se reportam ao gerente funcional e a, no mínimo, um gerente de projeto. O gerente funcional responde por incumbências administrativas e aloca funcionários para os projetos. Organizações em hipertexto - Nonaka e Takeuchi propuseram em 1997 (NONAKA e TAKEUSHI apud CARVALHO, 2012) uma estrutura organizacional em três dimensões, uma que preserva a hierarquia funcional da organização, onde são realizadas as operações de rotina corporativas. Há um nível de projetos, auto-gerenciados, formado por pessoas de diferentes competências e disciplinas. Finalmente o terceiro nível, relacionado a teoria das organizações que aprendem, para gestão do conhecimento. A estrutura em Dual Operating System de John Kotter (KOTTER, 2012) possui muitas semelhanças com a estrutura em hipertexto de Takeushi e Nonaka, onde a primeira dimensão funcional existe para suportar e gerar o substrato que facilitará e potencializará redes, equipes multi-disciplinares. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 4 3 GERENCIAMENTO DE PROJETOS GP é a aplicação do conhecimento, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efetiva e eficaz. Trata-se de uma competência estratégica das organizações, unindo os resultados dos projetos com os objetivos de negócio. Em 1969, no auge dos projetos espaciais da NASA, um grupo de cinco profissionais de gestão de projetos na Philadelphia se reuniram para discutir as melhores práticas e fundaram o PMI (PMI founders, 2018). Hoje, o PMI é a maior associação sem fins lucrativos do mundo para profissionais de gerenciamento de projetos, com mais de meio milhão associados e profissionais certificados em 185 países. Seu trabalho ao redor do mundo na divulgação do gerenciamento de projetos tem como base padrões de credenciais mundialmente reconhecidos, com um constante programa de pesquisa e desenvolvimento profissional. 4 MÉTODOS ÁGEIS O manifesto ágil de 2001 (BECK et al, 2001) foi um marco simbólico, 17 pessoas se reuniram para afirmar pontos comuns de métodos que chamavam a atenção do mercado por seus resultados desde os anos 80 e ram informalmenteconhecidos como métodos lightwave (leves). A origem de todos os métodos ágeis origina-se dos princípios Lean Toyota da década de 50 no Japão: Fracionar o necessário; Dar autonomia ao time; Ver o todo e integridade; O quanto antes e frequente; Aprendizagem; Decidir o mais tarde possível; Eliminar todos os desperdícios. Em Fevereiro de 2001, em uma estação de esqui em Utah, EUA, 17 profissionais que já vinham praticando, publicando e divulgando metodologias rotuladas como “lightwave”, se reuniram para declarar os pontos em comum que vinham chamando a atenção do mercado por gerarem bons resultados. 5 DIAGNÓSTICO Existem pesquisas anuais que se tornaram referência para o mercado, como o CHAOS Report do Standish Group (STANDISH GROUP, 2016), o Status of Agile da Version One (VERSION ONE, 2017), Price Waterhouse & Coopers, Gartner e do próprio PMI. Por exemplo, a edição mais recente do Relatório anual do Standish Group apresenta a causa raiz do desempenho do projeto de software. Os relatórios também incluem dados clássicos do CHAOS em diferentes formas com muitos gráficos. A maioria dos gráficos vem do banco de dados CHAOS de mais de 50.000 perfis de projetos em profundidade dos anos fiscais de 2013 a 2017. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 5 6 GOVERNANÇA DE PROJETOS O guia prático para Governança em Projetos, Programas e Portfólios, assim como sua certificação, propõe que uma boa governança tenha alçada na construção da tomada de decisão com seus protagonistas, lideranças e executivos. Para tanto, faz-se necessário um bom alinhamento de objetivos organizacionais e seus desdobramentos. Como os demais guias, busca agregar aos profissionais, boas práticas de governança em seus portfólios, programas e projetos. Governança de projetos, como na gestão de um portfólio, é muito mais que acompanhar a execução de diferentes programas e projetos, o maior valor é apropriar-se da relação, valor e contribuição daquilo que poderá vir a ser feito, aguarda execução ou está em curso. Cada projeto proposto deve ser avaliado de forma holística, na parte e no todo, permanentemente. Assim como um gerente de projeto deve atuar para gerar o máximo de valor ao negócio através de decisões que o levem ao sucesso, um gerente de portfólio ou de governança se dedicara a tarefa diária de balanceamento de todos os componentes do portfólio, não só projetos, mas seus mediadores, moderadores e resultados. Segundo o Gartner (GARTNER, 2012): Uma TI Bimodal é sistematicamente perceber dois modelos de trabalho distintos: um mais previsível, outro mais imprevisível. O Modo 1 é otimizado para áreas mais previsíveis e controladas, em uma camada que o Gartner chama de registro, citando casos de projetos curtos e regulados por lei ou por regras estáveis e até certo ponto imutáveis. O Modo 2 é exploratório, de forma que há um desafio no mapeamento do problema e da solução por incertezas. São projetos baseado em hipóteses a serem validadas e ajustadas durante um processo iterativo-incremental-articulado, com abordagens mais Lean ou ágeis. 7 PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGE (PMBOK) O PMBOK é o conjunto de melhores práticas para gerenciamento de projetos mantido pelo PMI. Seus cinco grupos de processos – Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento - estão ligados pelos objetivos que produzem, as saídas de um processo representam as entradas do processo seguinte. Os grupos de processos não são lineares, eles representam atividades sobrepostas que ocorrem diversas vezes durante um projeto e interagem entre si através de suas entradas e saídas. São dez áreas de conhecimento, o PMBO oferece processos e boas práticas para cada uma dos cinco grupos – Integração, Partes Interessadas, Comunicação, Escopo, Riscos, Qualidade, Tempo, Recursos, Aquisição, Custo. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 6 A intersecção útil de um dos cinco grupos de processos e uma das 10 áreas de conhecimento sugere processos enriquecidos com algumas técnicas e boas práticas, quer para identificação, planejamento, execução, controle, até o encerramento completo do projeto. Há vários modelos propostos, como o compartilhado no site projeto-processo (PROJETO-PROCESSO, 2018): 8 MÉTODO SCRUM Um framework para desenvolver, entregar e manter produtos complexos. A definição do Scrum pelos seus criadores (SCHUTERLAND; SCHWEBER, 2017) - consiste em papéis, timeboxes, artefatos e regras. Três pilares o apoiam, A transparência, inspeção e adaptação, porque o empirismo afirma que o conhecimento vem da experiência e da tomada de decisões baseadas no que é conhecido, por isso é preciso ser iterativo. 8.1 CINCO VALORES Na edição de 2017 foram introduzidos no manual do SCRUM cinco valores: O time scrum precisa ter coragem para fazer a coisa certa e trabalhar problemas difíceis; Também precisa ter foco no trabalho da sprint e nos objetivos do time scrum; As pessoas se comprometem em alcançar os objetivos do time scrum; Os membros do time respeitam uns aos outros para serem capazes e independentes; O time scrum e seus stakeholders concordam em estarem abertos a todo o trabalho e desafios de sua execução. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 7 8.2 TRÊS PAPÉIS Três papéis, o de Product Owner, único responsável pelo product backlog, manter claro o product backlog e suas informações, responsável pelo ROI do projeto e fazer-se respeitar em suas decisões; Scrum Master, para garantir o entendimento e seguimento do processo, retirar impedimentos, proteger a equipe e ajudar o representante do cliente (PO). Tem responsabilidades de apoio ao product owner, equipe de desenvolvimento e à organização; equipe de desenvolvimento, pequena e detentora das habilidades para construir o produto, garantir a qualidade necessária, deixar claro as tarefas e estimativas de seu trabalho, trabalhar diariamente para o sucesso da iteração e apresentar o resultado de seu trabalho ao cliente. 8.3 DISCOVERY E DELIVERY No Scrum temos uma visão geral e um planejamento de projeto em que mapeamos o que os usuários desejam ou necessitam, para gerar uma estimativa de complexidade detalhar uma iteração por vez, sempre trabalhando na porção que mais agregará valor ao negócio naquele específico momento. Para tanto é preciso criar um continuo em que, sempre ao terminar um Sprint, já tenhamos o detalhamento do próximo para que possa ser estimado e desenvolvido. Isso exige que enquanto um Sprint está sendo construído haja em paralelo um esforço pela definição do próximo. Definition of Ready (DoR), o acrônimo dado ao detalhamento necessário de cada funcionalidade durante cada ciclo de Discovery é DoR, que identifica a especificação necessária para que cada funcionalidade possa ser considerada e preparada para ser planejada para o próximo Sprint. Um exemplo possível de DoR combinado é a construção de uma documentação simples onde o próprio usuário especifica o que precisa e por quê, enquanto um analista detalha o protótipo e regras funcionais, de negócios. Definition of Done (DoD), o acrônimo usado para que um pedaço de software possa ser considerado apto para ser promovido à produção é DoD, que esclarece a todos os interessados quais etapas e práticas devem ser vencidas para que algo desenvolvido possa ser considerado com qualidade e valor para ir a produção. Refinamento, reuniões com o time para refino da documentação que está sendo construída no Discoveryjunto aos usuários. Mesmo não constando do framework, há recomendações que estas reuniões de Grooming poderiam ocupar até 10% de um Sprint. 8.4 PRODUCT E SPRINT BACKLOG A partir de técnicas ágeis, para levantamento de requisitos da solução desejada, deve ser montada uma lista de demandas devidamente organizadas e priorizadas, um instrumento vivo, que deve ser revisitado e ajustado à medida que pressupostos do produto Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 8 ou projeto são validados. O responsável pelo Product backlog é o Product Owner e as ferramentas utilizadas para repositório são as mais variadas, desde o MS-Excel, mapas mentais, soluções especialistas que suportam projetos ágeis de desenvolvimento ou mesmo a opção pelo uso de parede e muitos post-its. A construção do Product backlog a partir de técnicas como a User Story Mapping e outras dinâmicas de elicitação ou brainstorming deve gerar listas com um consenso de prioridade, valor e complexidade, à luz da visão e expectativa dos principais envolvidos. Enquanto o Product backlog contém a totalidade de requisitos e desejos já expressos pelos envolvidos, o Sprint backlog é o conteúdo pretendido para o próximo Sprint e que será confirmado ou não durante o pacto construído no planejamento do Sprint. 8.5 SPRINT PLANNING A experiência mostra que uma boa reunião de Planning é para ser produtiva, eficiente, mas não precisa ser tensa ou chata. O melhor turno é o da manhã, com todos descansados. Podemos organizamos um café antes, entre aqueles que querem chegar um pouco mais cedo e descontrair. Iniciar alinhando datas, o que já foi e o que falta; cálculo de velocidade e DoD; apresentação das User stories e debate sobre estimativas; preparar o quadro de tarefas da iteração; Se necessário, negociar eventuais imprevistos; pacto final de trabalho para o sucesso do Sprint. 8.6 REUNIÃO DIÁRIA E BURNDOWN É uma reunião diária de no máximo 15 minutos, sempre que possível executada no mesmo horário, todos os dias, com todos os integrantes da equipe em frente ao seu quadro de tarefas, de forma a compartilhar o progresso, oportunidades, dificuldades de cada integrante e a definição de microplanos de ação visando o atingimento da meta do Sprint. Com certa frequência, identificamos a necessidade de debates, detalhamento, revisão de análise ou estratégia, que devem ser assinalados para serem realizados após a reunião diária. Pode ser ali mesmo, em frente ao quadro de tarefas, em uma mesa ou mesmo em uma sala. O gráfico diário de burndown é uma peça-chave complementar à leitura e entendimento do quadro de tarefas e vice-versa, um indicador de tendência para atingimento dos objetivos pactuados no Planning. O quadro de tarefas não indica a tendência entre previsão e trabalho. A única forma de ter esta informação sem o burndown é somando os post-its e analisando-os sob diferentes aspectos, mas com o burndown atualizado, esta informação estará sempre acessível. Iniciamos o burndown ainda no Planning, com o total da dimensão do que estamos nos engajando à entregar. Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 9 8.7 REVIEW Esta é a timebox que garante o estreitamento de relações entre o time e seus usuários, evitando que a equipe só “conheça” o negócio através de filtros. O resultado deste erro estratégico todos conhecem, pois não podemos esperar entregar valor, pertencimento e inovação de quem apenas ouve falar do negócio e das necessidades através de terceiros. Seguindo uma premissa importante de qualquer timebox, a condução deve ter em vista a natureza de sua pauta, deve ficar esclarecer o previsto e apresentar o realizado. Uma reunião de Sprint Review põe na mesma sala todo o time Scrum e todos os seus principais usuários, com uma pauta exigente a ser cumprida, pois primeiro o PO apresenta os objetivos e depois a própria equipe de desenvolvimento apresenta o que acabou de ser concluído no Sprint. 8.8 RETROSPECTIVA A reunião de retrospectiva é a nossa bússola, a cada Sprint a equipe se reúne para ver de onde venho, onde está e para onde quer ir. Precisa avaliar como trabalhou e se atingiu os obje¬tivos, como melhorar, como ser mais feliz fazendo o que faz e como tentar executar com mais produtividade. Também é dar espaço, não podemos forçar ninguém a falar, deixe que o tempo e a maturidade no método se encarreguem de achar a hora certa da equipe se abrir e falar as claras sobre suas dificuldades, acertos e erros. 9 KANBAN Originalmente, quadros kanban surgiram como gestão visual operacional no chão de fábrica da Toyota a partir da década de 50 do século XX, o objetivo era gerenciar produção enxuta, volumes e reposição de forma rápida e simplificada. Em engenharia de software temos o eBook do Jesper Boeg (BOEG, 2012) traduzido pela InfoQ contendo suas 10 principais recomendações, listadas na tabela 2.. Tabela 2. Dez recomendações essenciais sugeridas pelo Kanban Boas práticas recomendadas pelo Kanban Visualizar o fluxo de trabalho Limitar o trabalho em progresso - Compreendendo o WIP, visualizando limites de WIP e Identificação dos limites ideais para o WIP Políticas explícitas p/garantia de qualidade - Entendendo a qualidade e Visualização das políticas. Ajustar cadências - Entendendo cadências e Estabelecendo as cadências ideais Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 10 Medir o fluxo - Entendendo métricas e o que medir? Diagramas de fluxo cumulativo (CFD), Interpretando o CFD e tempo de ciclo e Índice de defeitos e ítens bloqueados Priorização - Custo de atraso e Visualizando prioridades Identificação de classes de serviço - Identificando tipos de trabalho, Definindo classes de serviço e Visualizando classes de serviço Gerenciamento do fluxo - Filtros de decisões, Otimizando o fluxo, não a utilização, Aliviando gargalos, Introduzindo buffers, Planejando entregas Estabelecer SLAs - Estabelecendo o SLA correto Melhoria contínua 10 EXTREME PROGRAMMING (XP) Proposto em 1996 por Kent Beck, Ward Cunningham e Ron Jeffries (BECK, 1999). É uma metodologia ágil para equipes pequenas e médias que atuam em desenvolvimento de software com requisitos em constante mudança, propondo um ciclo iterativo-incremental muito curto, na escala de horas, e muitas práticas de alto valor agregado relacionadas a automação e excelência em engenharia de software. Seus valores são a comunicação, simplicidade, feedback, coragem e respeito. O SCRUM e XP podem ser vistos como complementares, enquanto o método Scrum promove um framework com boas práticas de gerenciamento, o XP diz respeito a práticas integradas de engenharia de SW. O nome vem da alusão de se utilizar boas práticas e valores ao extremo, demonstrado na tabela 2: Tabela 3. Dez recomendações essenciais sugeridas pelo XP Boas práticas recomendadas pelo XP Se revisar código é bom, revise o tempo inteiro, programe em pares Se testar é bom, todos testarão o tempo inteiro, teste de unidade e funcionais Se o projeto é bom, refatorar será parte das funções diárias de todos Se simplicidade é bom, o sistema deve ter o projeto mais simples possível Se arquitetura é importante, todos trabalharão para definir e redefini-la Se testes de integração são importantes, vamos integrar e testar todos os dias Se iterações curtas é bom, faremos elas na escala de minutos e horas O cliente esta sempre disponível, para dúvidas e repriorizações cotidianas Adotar padrões de codificação em consenso, sempreo mais simples possível Só 40 horas semanais de trabalho, descansar garante mais energia e ideias Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 11 11 ESCALANDO AGILE E MODELO SPOTIFY Existem diferentes frameworks disponíveis à times SCRUM para escalar o framework, quando temos mais de um time trabalhando no mesmo projeto. Como SCRUM of SCRUMS (SUTERLAND, 2001), SAFe (Scale Agile Framework), NEXUS (NEXUS, 2018), LeSS/Large Scale SCRUM (LESS, 2018) e recentemente Scrum@Scale (SCRUM at SCALE, 2017). Segundo Ingrid Lunden (LUNDEN, 2012) a Spotify inspirou-se em diferentes métodos, frameworks e boas práticas que lhe inspiraram em um processo interno que chamou a atenção das comunidades Agile e de TI e que serve de inspiração a milhares de empresas que passaram a adotar a nomenclatura e processo utilizado por eles. Uma SQUAD são equipes multi-disciplinares de 3 a 10 membros, unidade básica de organização dos times, podendo estar dedicado a projetos, operação ou ambos em determinado objetivo ou missão que lhe foi confiada. Uma TRIBE permite um agrupamento por conveniência de várias Squads que atuem em missão, funcionalidades e objetivos similares ou complementares e que ao trabalharem próximos ou estabelecerem rotinas que os alinhem e agreguem valor aos resultados. Um CHAPTER é equivalente a uma comunidade de prática, aproximando periodicamente profissionais com responsabilidades equivalentes para troca de idéias, experiência e conhecimento. Cada Chapter possui um líder que orienta o grupo. Uma GUILDA é um grupo de profissionais que podem estar em tribos diferentes que se reúnem periodicamente para debater assunto de comum interesse. Assim como os chapters, possuem coordenadores que organizam os encontros. 12 INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO Modelos como Design Thinking, Lean Startup e Design Sprint vem reinventando a forma como a governança de projetos é feita no mundo, cada vez mais deixando de ser uma atividade isolada de escritório, transformando-se em uma atividade baseada em orquestração, aproximação das partes interessadas, exercício de empatia e colaboração. Diferentes modelos, como o Design Sprint do Google (GOOGLE, 2018), podem ser considerados parte integrante de um processo de governança e gerenciamento de projetos, lastreado permanentemente em hipóteses-validações-construção-valor. Um modelo aderente não só a ideação e empreendedorismo, mas a todo o ciclo de vida de portfólios, programas e projetos, como ilustrado por Jeff Paton no seu modelo Dual Track (PATTON, 2018) e de Paulo Caroli na técnica de planejamento baseada em mínimos produtos viáveis ou MVP (CAROLI, 2018). Escola de Planejamento, Governança e Gestão Curso de Governança de TIC para o Governo Digital Módulo 05 – Gerenciamento de Projetos Curso de Governança de TIC para o Governo Digital 12 REFERÊNCIAS AGILE ALLIANCE. https://www.agilealliance.org/glossary/scrum-of-scrums, 2018. BECK et al, 2001. http://www.manifestoagil.com.br BECK, Kent. Embracing Change with Extreme Programming, Computer, Volume 32, Number 10, October 1999, pp. 70-77. BOEG, Jasper. https://www.infoq.com/br/minibooks/priming-kanban-jesper-boeg, 2012. CARVALHO, Fábio. Gestão do Conhecimento. São Paulo: Editora Pearson. 2012. CAROLI, Paulo. Lean Inception, Editora Caroli, 2018. STANDISH Group. Chaos Report, https://www.standishgroup.com/outline, 2016. GARTNER. http://www.gartner.com/it-glossary/bimodal, 2012. GOOGLE. https://designsprintkit.withgoogle.com/introduction/overview, 2018. KOTTER, John P, Accelerate. Harward Business Review, https://hbr.org/2012/11/accelerate LESS Company. https://less.works, 2018. LUNDEN, Ingrid. Spotify Model, https://techcrunch.com/2012/11/17/heres-how-spotify- scales-up-and-stays-agile-it-runs-squads-like-lean-startups, 2012. NEXUS. https://www.scrum.org/resources/nexus-guide, 2018. PATTON, Jeff. Dual Track Development, http://www.jpattonassociates.com/dual-track- development, 2018. PMI founders. https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/HallOfLeaders/Founders.aspx, 2018. PROJETO-PROCESSO. http://projeto-processo.com.br/guia-pmbok-6a-edicao, 2018. SUTERLAND, Jef. Cutter IT Journal, Agile Can Scale: Inventing and Reinventing SCRUM in Five Companies, 2001. SUTERLAND, Jef; SCHWEBER, Ken. https://scrumguides.org, 2017. SCRUM.org. https://www.scrum.org/resources/nexus-guide, 2018. SCRUM at SCALE. https://www.scrumatscale.com/scrum-at-scale-guide, 2017. VERSION ONE. Status of Agile, https://stateofagile.versionone.com, 2017. Sobre o Autor Escoteiro, agilista, autor e blogueiro 24H por dia, consultor sobre métodos ágeis na DBServer, Professor na Escola Politécnica da PUCRS e Mestre em Administração na linha de pesquisa de Gestão da Informação na Escola de Negócios da PUCRS. Concursado na década de 80, empresário na década de 90, coordenador de desenvolvimento pela ADP Brasil e Grupo RBS nos anos 2000. https://www.agilealliance.org/glossary/scrum-of-scrums http://www.manifestoagil.com.br/ https://www.infoq.com/br/minibooks/priming-kanban-jesper-boeg https://www.standishgroup.com/outline http://www.gartner.com/it-glossary/bimodal https://designsprintkit.withgoogle.com/introduction/overview https://designsprintkit.withgoogle.com/introduction/overview https://hbr.org/2012/11/accelerate https://less.works/ https://techcrunch.com/2012/11/17/heres-how-spotify-scales-up-and-stays-agile-it-runs-squads-like-lean-startups https://techcrunch.com/2012/11/17/heres-how-spotify-scales-up-and-stays-agile-it-runs-squads-like-lean-startups https://www.scrum.org/resources/nexus-guide http://www.jpattonassociates.com/dual-track-development http://www.jpattonassociates.com/dual-track-development https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/HallOfLeaders/Founders.aspx http://projeto-processo.com.br/guia-pmbok-6a-edicao https://scrumguides.org/ https://www.scrum.org/resources/nexus-guide https://www.scrumatscale.com/scrum-at-scale-guide https://stateofagile.versionone.com/