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1 3 - EQUAÇÕES ALGÉBRICAS E TRANSCENDENTES Prof. Simone Introdução Nas mais diversas áreas das ciências exatas, ocorrem situações em que necessitamos determinar um número ξ, para o qual a função f(x) seja zero, ou seja f(ξ)= 0. Este número é chamado zero da função f(x) ou raiz da equação f(x) = 0. Começou-se a falar em equações como hoje conhecemos a partir do século XII. Com Bhaskara, tornou-se conhecida a fórmula para resolução de uma equação do 20 grau. Nicolo Fontana após muito estudo encontrou solução para as equações do 30 grau, cujo trabalho foi publicado por Jerônimo Cardano. Tais fórmulas como as do 40 grau são conhecidas como fórmulas de Cardano. Em 1824, Niels Abel provou que equações de grau superior a 4 não podem ser resolvidas de forma coerente. Este teorema, com o teorema fundamental da álgebra, enunciado por D’alembert em 1746 que diz: “Toda equação polinomial de grau n possui exatamente n raízes”, foi demonstrado por Gauss em 1799. A partir daí, os métodos para o cálculo das n raízes de um polinômio de grau n são voltados aos métodos iterativos, que também são aplicáveis às equações transcendentes. A idéia central desses métodos, é partir de uma aproximação inicial para a raiz e em seguida “refinar” essa aproximação através de um processo iterativo. Esses métodos constam de duas fases: Fase 1: Localização ou isolamento das raízes. Nesta fase é feita uma análise teórica e gráfica da função f(x). Teorema 1: Seja f(x) uma função contínua em [a; b]. Se f(a). f(b) < 0 então existe pelo menos um ponto x = ξ, entre a e b, que é zero de f(x). f(x) a b ξ1 ξ2 ξ3 x f(a). f(b) <0 2 A raiz ξ será definida e única se a derivada f ’(x) existir e preservar o sinal dentro do intervalo (a, b), isto é, se f ’(x) > 0 ou se f ’(x) < 0 para a < x < b. f(x) a b ξ x f ’(x) > 0 Através dos resultados anteriores podemos localizar os intervalos que contém as raízes de f(x) da seguinte forma: Tabelar f(x) para vários valores de x, sempre levando em conta o domínio da função , e analisar as mudanças de sinal de f(x) e também o sinal da derivada nos intervalos em que f(x) mudou de sinal. Exemplo 1: Seja f(x) = x3 – 6x2 –13x + 42 Como o domínio de f(x) é D(f) = R, temos a seguinte tabela: x -∞ -100 -10 -5 -4 -2 0 1 3 4 6 8 10 … f(x) - - - - - + + + - - - + + … f(a)f(b) <0 f(a)f(b) <0 f(a)f(b) <0 Assim como f(x) é contínua para qualquer x ∈ R e também observando que f(a)f(b)<0, temos os intervalos I1 = [-4, -2], I2 = [1, 3 ] e I3 = [6, 8] que contém pelo menos uma raiz de f(x). 3 Exemplo2: Seja f(x) = xex −− 5 x f(x) Uma outra maneira para se achar um intervalo que contenha só uma raiz é o método gráfico. Para se achar a raiz, fazemos o esboço da função f(x) e verificamos em que ponto do eixo dos x a função se anula. Exemplo 3: f(x) = ex – sen x – 2 y y = f(x) 0 0,5 x A função tem uma raiz ξ ∈ ( 1, 2) . Também podemos resolver o problema é substituir f(x) = 0 por uma equação g(x) – h(x) = 0 que contenha as mesmas raízes de f(x). f(x) = g(x) – h(x) 4 Fazendo os gráficos de y1 = g(x) e y2 = h(x), eles se interceptam em um ponto de Abcissa x = x0. Neste ponto, g(x0) = h(x0), logo: f (x0) = g(x0) - h(x0), portanto, concluímos que ξ = x0. Y y2 = h(x) y1 = g(x) 0 x0 x Exemplo 4: f(x) = ex – sen x – 2 Sendo: g(x) = ex e h(x) = sen x + 2 x g(x) h(x) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 1,0 1,6 2,7 4,5 7,4 12,2 2,0 2,5 2,8 3,0 2,9 2,6 y y = g(x) y = h(x) 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 x Logo, a função tem uma raiz ξ ∈ ( 1, 2) 5 Grau de exatidão da raiz Depois de isolar a raiz no intervalo [a, b], passamos a determiná-la através de métodos numéricos. Estes métodos fornecerão uma seqüência {xi} de aproximações, cujo limite é a raiz exata ξ. Teorema: Seja ξ uma raiz isolada exata e xn uma raiz aproximada de f(x) = 0, com ξ e xn pertencentes ao intervalo [a, b] e f ‘(x)≥ m > 0 para x∈ [a, b], onde m = mín f ‘(x), a ≤ x ≤ b então, f(xn) xn - ξ≤ m Exemplo 5: Sendo f(x) = x2 – 6, determinar o erro cometido com xn = 2,446 no intervalo [2, 3]. m = mín 2x = 4 2≤x≤ 4 f(xn) 0,017084 xn - ξ≤ � 2,446 - ξ≤ m 4 2,446 - ξ≤ 0,0043 � ξ = 2,446 ± 0,0043 Muitas vezes, o cálculo de m é muito trabalhoso, por esta razão, a tolerância ∈ é avaliada por um dos critérios abaixo: f(xn)≤ ∈ xn – xn-1≤ ∈ xn – xn-1 ≤ ∈ xn 6 Em cada aproximação xn da raiz exata ξ usa-se um destes critérios e compara-se o resultado com a tolerância ∈ prefixada. Modelos iterativos para se obter zeros reais de funções Método da bissecção Seja f(x) uma função contínua no intervalo [a, b] e tal que f(a).f(b) < 0. Vamos supor que o intervalo [a, b] contém uma única raiz da equação f(x) = 0. O objetivo do método é de reduzir a amplitude do intervalo que contém a raiz até se atingir a precisão requerida (b – a) <∈, usando para isto a sucessiva divisão de [a, b] ao meio. Graficamente: y y = f(x) a = a0 b = b0 As iterações são feitas da seguinte forma: f(a0) < 0 ξ ∈ [a0, x0] 2 00 0 bax += f(b0) > 0 a1 = a0 f(x0) > 0 b1 = x0 f(a1) < 0 ξ ∈ [x1, b1] 2 11 1 bax += f(b1) > 0 a2 = x1 f(x1) < 0 b2 = b1 7 f(a2) < 0 ξ ∈ [x2, b2] 2 22 2 bax += f(b2) > 0 a3 = x2 f(x2) < 0 b3 = b2 Exemplo 6: Achar a raiz da equação f(x) = xex −− 5 pelo método da bissecção, no qual tem uma raiz ξ∈[1, 2], com ∈=0, 05. f(1) < 0 ξ ∈ [1, 1,5] 5,12 21 0 = +=x f(2) > 0 a1 = a0 f(1,5) =0, 109 > 0 b1 = x0 f(1) < 0 ξ ∈ [1.25, 1,5] 25,12 5,11 1 = +=x f(1,5) > 0 a2 = x1 f(1,25) = -0, 311 < 0 b2 = b1 f(1,25) < 0 ξ ∈ [1.375, 1,5] 375,12 5,125,1 2 = +=x f(1,5) > 0 a3 = x2 f(1,375) = -0, 09 < 0 b3= b2 8 f(1,375) < 0 ξ ∈ [1.375, 1,4375] 4375,12 5,1375,1 3 = +=x f(1,5) > 0 a4 = a3 f(1,4375) = 0,01 < ∈ b4= x3 Assim a solução aproximada é x = 1, 4375 Exemplo 7: Achar a raiz da equação f(x) = x logx - 1 pelo método da bissecção. 9 Método das Cordas Seja f(x) uma função contínua que tenha derivada segunda com sinal constante no intervalo [a, b] , tal que f(a).f(b) < 0 e que existe somente um número ξ ∈ [a, b] tal que f(ξ) = 0. Esse método divide o intervalo [a, b] em partes proporcionais na razão -f(a)/f(b), ou seja: )()( )(1 bfaf af ab h +− −=− Conduzindo assim a um valor aproximado da raiz x1 = a + h1 )()()( )( 1 abafbf afax −−−= Interpretação geométrica: y f(b) B a=x0 x1 x2 b 0 ∈ x f(a) A 10 Equação Geral )()()( )( 1 cxcfxf xfxx n n n nn −−−=+ com n = 0, 1, 2, ... e c o ponto extremo do intervalo [a, b] onde a função apresenta o mesmo sinal de f”(x) , i.e., f(c).f”(c ) > 0 Critério de parada ε≤−+ nn xx 1 Exemplo 8: Achar pelo menos uma raiz da equação f(x) = x3 – 4 x2 + x + 6 pelo método das cordas, no qual tem uma raiz ξ∈[1.4 , 2.2], com ∈=0, 01. f’(x) = 3x2 –8x + 1 f’(x) = 6x-8 f(1.4) > 0 f(2.2) < 0 f”(1.4) > 0 f”(2.2) > 0 Assim f(1.4). f”(1.4) > 0 logo c= 1.4 e x0 = 2.2 n=0 )()()( )( 0 0 0 01 cxcfxf xfxx −−−= 054.2)4.12.2(304.2)512.0( )512.0(2.21 =−−− −−=x 11 n=1 )()()( )( 1 1 1 12 cxcfxf xfxx −−−= x2 = 2.012 n= 2 )()()( )( 2 2 2 23 cxcfxf xfxx −−−= x 3 = 2.002 ε<=− 009.023 xx Assim a solução aproximada é x = 2.002 Exemplo 9: Achar pelo menos uma raiz da equação f(x) = e x – sen x - 2 pelo método das cordas, no qual tem uma raiz ξ∈[1.0 , 1.2], com ∈=0, 001. 12 Método NewtonRaphson Seja f(x) uma função contínua no intervalo [a, b] e ξ o seu único zero neste intervalo. As derivadas f ‘(x) (f ‘(x) ≠ 0) e f “(x) também devem ser contínuas. Fazendo uma expansão em série de Taylor para f(x) = 0, encontramos uma aproximação xn para a raiz ξ. ))((')()( nnn xxxfxfxf −+= 0))((')()( 11 =−+= ++ nnnnn xxxfxfxf ))((')( 1 nnnn xxxfxf −−= + nn n n xxxf xf −=− +1)(' )( )(' )( 1 n n nn xf xfxx −=+ n = 0, 1, 2, 3, ... onde xn+1 é uma aproximação de ξ. Interpretação geométrica: O método de Newton equivale a substituir um pequeno arco da curva y = f(x) por uma reta tangente, traçada a partir de um ponto da curva. São possíveis quatro situações: f ’ (x) > 0 caso I f ” (x) > 0 f ’ (x) < 0 caso II f ’ (x) > 0 caso III f ” (x) < 0 f ’ (x) < 0 caso IV Deduziremos a equação do Método de Newton para o caso I. 13 A figura a seguir mostra a equação original f(x) = 0; a raiz desejada x é a abcissa do ponto em que a curva corta o eixo dos x. y B0 y = f(x) B1 a ξ β α b = x0 0 x2 x1 x1, x A Supondo que na figura tomamos uma escolha inicial x0. Para obtermos um novo valor x1, traçamos a partir do ponto B0 [x0, f(x0)] uma reta tangente à curva y = f(x) que intercepta o eixo dos x. Para obtermos x2, traça-se a partir do ponto B1 [x1, f(x1)] outra reta tangente à curva que corta o eixo dos x. Repetimos o processo até que se encontre ξ = xn-1 com tolerância requerida. Geometricamente: )(')( 0 10 0 xfxx xftg =−=α )(' )( 0 0 10 xf xfxx =− � )(' )( 0 0 01 xf xfxx −= )(')( 1 21 1 xfxx xftg =−=β )(' )( 1 1 21 xf xfxx =− � )(' )( 1 1 12 xf xfxx −= Por indução, )(' )( 1 n n nn xf xfxx −=+ n = 0, 1, 2, 3, ... 14 Escolha de x0: É condição suficiente para a convergência do método de Newton: f ’(x) ≠ 0 f ”(x) ≠ 0 e preserve o sinal em (a, b) e x0 seja tal que: f (x0) . f ”(x0) > 0 Obs.: O Método da Bissecção, tem convergência lenta, deve ser usado para diminuir o intervalo que contém a raiz. O Método de Newton Raphson requer o cálculo da derivada, mas sua convergência é rápida. Exemplo 10: Calcular a raiz negativa de f(x) = x3 – 5x2 + x + 3, com ∈ ≤ 10-5, Método de Newton., onde ξ ∈ [-2,44; -0,38] f’(x) = 3x2 – 10x +1 f’’(x) = 6x – 10 < 0 ∀ x < 5/3 f(-2,44) = - 43,73478 < 0 x0 = 2,44 pois f(-2,44).f” (2,44) > 0 f(-0,38) = 1,84313 > 0 n xn f(xn) ∈ 0 1 2 3 4 5 6 -2,44000 -1,42904 -0,88937 -0,68167 -0,64673 -0,64575 -0,64575 -4,373E+01 -1,156E+01 -2,548E+00 -3,218E-01 -8,558E-03 6,676E-06 0,000E+00 -1,011E+00 -5,397E-01 -2,077E-01 -3,494E-02 -9,812E-04 -7,666E-07 Assim a solução aproximada é x = -0,64575 15 Exemplo 11: Calcular pelo menos uma raiz real da equação f(x) = xlnx – 2 , com ∈ ≤ 10-5, Método de Newton., onde ξ ∈ [2, 3] 16 Lista 3 de exercícios 1) Localizar os intervalos que contem as raízes das equações transcendentes: a) f(x) = x2 – sen x – 1 b) f(x) = 3x – cos x c) f(x) = senx – ln x d) f(x) = cos x – ln x + 2 2) Calcular pelo menos uma raiz da equação f(x) = senx – lnx = 0, com ∈ = 0,005, passo a passo, pelo Método da Bissecção. 3) Calcular pelo menos uma raiz da equação f(x) = cosx – lnx =0, com precisão < 10-3, passo a passo, pelo Método de Newton-Raphson. 4) Calcular pelo menos uma raiz da equação f(x) = 2x3 + lnx –7 =0, com precisão< 10-3, passo a passo, pelo Método das cordas. 5) Calcular pelo menos uma raiz da equação f(x) = x lnx - 1 = 0, com precisão< 10-3, passo a passo, pelo 3 métodos anteriores. 6) Calcular pelo menos uma raiz das equações f(x) = ex + cosx -1= 0 e f(x)= 3x–cosx=0, com precisão< 10-5, usando processos computacionais por qualquer processo. Nicolo Fontana após muito estudo encontrou solução para as equações do 30 grau, cujo trabalho foi publicado por Jerônimo Cardano. Tais fórmulas como as do 40 grau são conhecidas como fórmulas de Cardano. Em 1824, Niels Abel provou que equações de grau superior a 4 não podem ser resolvidas de forma coerente. Este teorema, com o teorema fundamental da álgebra, enunciado por D’alembert em 1746 que diz: “Toda equação polinomial de grau n possui exatamente n raízes”, foi demonstrado por Gauss em 1799. A partir daí, os métodos para o cálculo das n raízes de um polinômio de grau n são voltados aos métodos iterativos, que também são aplicáveis às equações transcendentes. A idéia central desses métodos, é partir de uma aproximação inicial para a raiz e em seguida “refinar” essa aproximação através de um processo iterativo. Esses métodos constam de duas fases: Fase 1: Localização ou isolamento das raízes. Nesta fase é feita uma análise teórica e gráfica da função f(x). Teorema 1: Seja f(x) uma função contínua em [a; b]. Se f(a). f(b) < 0 então existe pelo menos um ponto x = (, entre a e b, que é zero de f(x). Através dos resultados anteriores podemos localizar os intervalos que contém as raízes de f(x) da seguinte forma: Tabelar f(x) para vários valores de x, sempre levando em conta o domínio da função , e analisar as mudanças de sinal de f(x) e também o sinal da derivada nos intervalos em que f(x) mudou de sinal. Uma outra maneira para se achar um intervalo que contenha só uma raiz é o método gráfico. Equação Geral Critério de parada n=0 A
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