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Relato Individual 15 10


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Universidade Paulista – UNIP
Curso: Psicologia - Campus: Tatuapé
Disciplina: Práticas Sociais e Subjetividade
Docente: Prof. Dr. José Raimundo Evangelista da Costa
Local: Avenida Aricanduva
Data: 15/10/2022
Duração: 2h
Aluno(a): Tânia Aparecida Ferreira Teodoro RA: F130509 - TURMA: PS6S33
ESTÁGIO BÁSICO DO NÚCLEO COMUM 
RELATO INDIVIDUAL 
TEMA DA OBSERVAÇÃO: POPULAÇÃO DE RUA
OBSERVAÇÃO: Hoje observo alguns moradores de rua na Avenida Aricanduva, Zona Leste de São Paulo Logo a frente alguns moradores de rua estão alojados embaixo de uma passarela. São três homens de aproximadamente 30 e 40 anos e uma mulher que acredito ter em torno de 30 anos. O dia está de sol, várias pessoas passam na frente do lugar que eles estão alojados e por se tratar de um sábado a tarde o movimento de pessoas é intenso até porque o lugar é próximo de um ponto de ônibus e do Shopping Aricanduva. 
Os moradores de rua construíram com madeiras e cobertores diversas barracas bem próximas umas das outras. A moça vestida com uma calça de academia, chinelos e blusa de alça não está descuidada, muito pelo contrário, seu cabelo está arrumado, as roupas limpas e em bom estado. Acredito que ela seja companheira de um dos homens do local. e ela me parece muito caprichosa, porque a sua cabana está arrumada, não observo lixos nem coisas jogadas. Ela ajeita os cobertores e em um varal improvisado ela os coloca para tomar um pouco de sol. Outras roupas estão penduradas lá não sei como ela conseguiu lavar, mas me parece lavadas.
As pessoas passam e observam, e é impossível não olhar as barracas, o varal a forma de acomodação que eles criaram para tentar viver nas ruas. Tudo muito improvisado, mas arrumado e cuidado feito como moradia mesmo. Outros moradores de rua dormem do outro lado da rua mas ao relento somente com cobertores e papelão, inclusive um deles conhece esses moradores que observo porque ele atravessa e fica conversando com eles.
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COMPREENSÃO DA OBSERVAÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É perceptível que o morador de rua mesmo com tanta dificuldade acha formas de tentar sobreviver. Infelizmente não temos uma política pública que venho de alguma forma tratar a situação com seriedade. Criar albergues praticar distribuição de alimentos só resolve o problema momentaneamente, não há uma solução ou projetos validos para que a situação do morador rua venha a mudar. Os direitos do morador de rua são violados e passa a ser esquecido toda a história de vida dele, uma vez que ele está morando nas ruas. Os ataques e a discriminação passam a fazer parte da vida. De acordo com Oliveira, Rosa e Botega (2022, p. 6),” dentre essas idas e vindas pela rua, deparamo-nos constantemente com violências e violações de direitos que compõem as relações estabelecidas com essas populações”. As políticas destinadas a esses sujeitos precisam ser mudadas e pautadas nessas representações sociais cristalizadas na sociedade preconceituosa.
	Entre as várias situações que o morador de rua enfrenta uma que acredito ser bem difícil é a questão da ruptura com a família. Segundo Fiorati et al. (2015), estando nas ruas se perde o contato com entres queridos, alguns realmente preferem ficar longe por problemas pessoas ou vícios, mas outros por tentar uma vida melhor saem de seus estados e se deparam com uma situação totalmente diferente do que imaginava e acabam por morar nas ruas e perde-se todo contato e vínculos com seus familiares.
	De acordo com Escorel (1999), o morador de rua passa a não ter mais expectativas, não vendo sentido na vida, pode compensar suas dores em vícios onde já ocorre a mudança de comportamento, ou seja, uma ruptura com a sociedade. E esses comportamentos é visto socialmente como fora dos padrões aceitáveis, mas não se percebe que esse comportamento é resposta pela falta de empatia e acolhimento, além de todo o sofrimento também precisam encarar o sofrimento psíquico que agredia tanto quanto a violências física. Lutar pela dignidade não é um processo fácil é uma batalha para quem se vê desprovido de ajuda e de cidadania. Quando a expectativa é perdida perde-se a força de lutar porque já não se tem esperança de algo novo possa acontecer, então o isolamento social acaba sendo inevitável é com isso o morador de rua se torna cada vez mais invisível para a sociedade.
REFERÊNCIAS: 
OLIVEIRA, Ianka Marcele Silva; ROSA, Rogério Machado; BOTEGA, Gisely Pereira. População em situação de rua, violações de direitos e modos (est) ético-políticos de resistência: a rua como palco da acontecimentalização da existência. Interação em Psicologia, v. 26, n. 2, 2022. Disponível em: file:///C:/Users/sandy/Downloads/76828-355702-1-PB.pdf. Acesso em: 15 out. 2022.
FIORATI, Regina Célia et al. Iniquidade e exclusão social: estudo com pessoas em situação de rua em Ribeirão Preto/SP. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, n. 3, p. 2120-2135, 2015. Disponível em: file:///C:/Users/sandy/Downloads/Dialnet-IniquidadeEExclusaoSocialEstudoComPessoasEmSituaca-5560275.pdf. Acesso em: 15 out. 2022.
ESCOREL, Sarah. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social. SciELO-Editora FIOCRUZ, 2000.Disponiovel em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=bt58DwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA10&dq=morador+de+rua+Escorel&ots=Mme2LCSTWI&sig=Za7yfHGYAe7wWgIT5hh5L5mF9iA#v=onepage&q=morador%20de%20rua%20Escorel&f=false, Acesso em: 15 out. 2022.