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ICTERÍCIA NEONATAL (HIPERBILIRRUBINEMIA NO RECÉM-NASCIDO) SMI 1 – 2022-2 Icterícia Neonatal • ICTERÍCIA: SINAL CLÍNICO: Coloração amarelada da pele e mucosas, provocada pelo aumento dos níveis séricos de Bilirrubina • HIPERBILIRRUBINEMIA: aumento Níveis séricos de Bilirrubina HIPERBILIRRUBINEMIA • Dois tipos de BILIRRUBINA - BILIRRUBINA Direta e Indireta (BD e BI) - Bilirrubina indireta > 1,3 mg/dl - Bilirrubina direta > 1,5 mg/dl ( se > 10% da BT); • ICTERÍCIA -> Sinal clínico mais freqüente no recém nascido • -> 60% dos recém nascidos a termo -> icterícia na 1ª sem. de vida IMPORTANTE Diferenciar icterícia FISIOLÓGICA de PATOLÓGICA Bilirrubina Indireta (BI) • BI é um Pigmento amarelo-alaranjado • Produto da degradação da Hemoglobina liberada dos eritrócitos apreendidos pelas células do sistema retículo-endotelial • Oxidação do grupo heme e saída do ferro (Heme-oxigenase). • Redução da Biliverdina até Bilirrubina (Biliverdina redutase). • No adulto, 1% da hemoglobina existente é degradada diariamente. No RN a produção é 2x superior, mas seu metabolismo não! • Metabolismo: conjugação e eliminação • BI é Lipofílica, cruza a barreira hematoencefálica e é neurotóxica Origem da Bilirrubina Indireta (BI) • Fontes que originam Bilirrubina Indireta: 1. Destruição de eritrócitos imaturos recém-formados. 2. Degradação intracorpuscular da hemoglobina na medula óssea. 3. Degradação do heme livre no fígado. 4. Destruição de outras proteínas que contenham o grupo prostético heme (mioglobina, catalase e peroxidases). 5. Circulação êntero-hepática Metabolismo da Bilirrubina SER (Sistema Retículo-endotelial) ERITRÓCITOS HEME Heme-oxigenase BILIVERDINA Biliverdina redutase BILIRRUBINA INDIRETA (BI) Metabolismo da Bilirrubina BI + albumina Fígado (proteínas Y Z) uridina difosfato glicuronil transferase Bilirrubina Direta Árvore biliar Trato gastro-intestinal β glicuronidase Bilirrubina Indireta Circulação êntero-hepática METABOLISMO no FETO e no RECÉM-NASCIDO: • Metabolismo fetal • Na vida fetal precoce a BI é transportada ligada à alfafetoproteína (pouca albumina). • BI é excretada pela placenta. • Metabolismo Neonatal • Meia vida mais curta das hemácias. • Maiores índices hematimétricos (Hb e Ht elevados) • Reduzida captação hepática de Bilirrubina. • Reduzida da capacidade de conjugação (Glicuroniltransferase*) • Menor capacidade de excreção dos hepatócitos • Exacerbação da circulação êntero-hepática (*UDP – GT Uridina Difosfato Glicuronil-transferase) Outros fatores associados ao aumento da BILIRRUBINA no período NEONATAL • Genéticos (orientais, indígenas Norte-Americanos e gregos). • Maternos (diabetes, deficiência de Zn e Mg; uso de ocitocina; diazepam; bupivacaína; e betametasona). • Perinatais: - Hipóxia - clampeamento tardio do cordão - coleções sanguíneas (ex: tocotraumatismos) - jejum - deprivação calórica - estase meconial (aumento da circulação êntero-hepática) Etiologias • Produção excessiva de Bilirrubinas • Secreção diminuída de Bilirrubinas Produção excessiva Distúrbios hemolíticos: ⚫ Doença hemolítica imune: Incompatibilidade ABO, Rh e outros ⚫ Doença hemolítica hereditária: esferocitose, deficiência G6PD, talassemia, galactosemia ⚫ Hemólise causada por drogas: vit. K3 ⚫ Infecções perinatais Coleções sangüíneas: ⚫ Céfalo-hematomas, Bossas sero-sanguíneas, equimoses Policitemia: ⚫ Transfusão materno-fetal, feto-fetal; retardo no clampeamento do cordão, ordenha do cordão. Secreção diminuída de Bb Captação diminuída: - Síndrome de Gilbert Conjugação diminuída: - Síndrome de Crigler- Najar - Hipotireoidismo - Trissomia do 13 - Trissomia do 21 (Síndrome de Down) Icterícia Fisiológica • Imaturidade do metabolismo neonatal • Aumento da Bilirrubina Indireta (BI) • BT com pico de 6-7 mg/dl (3°- 4° dia de vida) • Limite superior aceitável: 13 mg/dl Hiperbilirrubinemia direta: sempre patológica Aparecimento dentro das primeiras 24h de vida (Icterícia precoce): sempre patológica Icterícia Patológica Etiologia Quando vou SUSPEITAR de uma Icterícia Patológica? - Precoce (aparecimento dentro das primeiras 24h) - BI maior que 5mg/dl em 24h - BI que 15mg/dl em RN a termo e 12 mg/dl em RN pré- termo - Associada a alterações clínicas - Persistente - BD maior que 2 mg/dl BI elevada --> Risco de ENCEFALOPATIA BILIRRUBÍNICA BD elevada --> ICTERÍCIA COLESTÁTICA Icterícia neonatal: Avaliação clínica • Avaliação subjetiva / ambiente com luz adequada (luz natural) • Método observação direta à Pressão digital • Evolução: progressão craniocaudal • Mais visível quanto maior quantidade de tecido celular subcutâneo. • Clinicamente visível em níveis séricos > 4 mg/dl (zona I) • 15 mg/dl: Zona II - III • A partir de 20mg/dl: Zona IV - V Zonas de Kramer Kramer, L.: Advancement of dermal icterus in the jaundiced newborn, Am. J. Dis. Child. , 118:454-458,1969 Zona 1 – Cabeça e Pescoço Zona 2 – Tronco até cicatriz umbilical Zona 3 – Abdome inferior até joelhos Zona 4 – Braços e pernas Zona 5 – Palma das mãos e planta dos pés Diagnóstico 1. Icterícia de início precoce (24h) 2. Icterícia em RN aparentemente doente 3. Icterícia em RN prematuro 4. Sinais de hemólise (palidez, hepatoesplenomegalia) 5. Incompatibilidade materno-fetal ABO ou RH 6. Céfalo- hematoma ou sangramento Etiologia • 24h: Doença Hemolítica do RN, incompatibilidade ABO ou RH, hemorragia oculta, Toxoplasmose, Rubéola, hematomas e equimoses extensas (tocotraumatismo) • 2-3 dias: fisiológica, aleitamento materno insuficiente, defeitos metabólicos (captação ou conjugação) • 3-7 dias: sepse, inclusão citomegálica, Sífilis Congênita, toxoplasmose, Infecção do Trato Urinário (ITU) • Após 1 semana: Icterícia do leite materno, sepse, atresia de ductos biliares, hepatite, hipotireoidismo, fibrose cística, hemólise Etiologia • Colestase: Hiperbilirrubinemia Direta - Obstrutiva: atresia de vias biliares, cistos de colédoco - Infecciosas: Viral (HIV. CMV, rubéola, parvovírus), Bacteriana (ITU, sepse, sífilis), Protozoários (Toxoplasmose) - Metabólicas/Genéticas: Sind. Alagille, Doença de Byler, Fibrose Cística, Hipotireoidismo. Hiperbilirrubinemia indireta • A Bilirrubina Indireta é Lipossolúvel e Neurotóxica. • Kernicterus: Impregnação de BI no cérebro, associada a níveis superiores a 20 mg/dl (conforme classificação de Buthani) • Encefalopatia Bilirrubínica: Quadro clínico neurológico relativo à impregnação de Bilirrubina. Fatores coadjuvantes na Encefalopatia • Imaturidade. • Hiper-hemólise de qualquer etiologia. • Hipóxia neonatal. • Acidose. • Hipoalbuminemia. • Infecções graves. • Presença de certas drogas ou substâncias no plasma. Caracterização da Encefalopatia • Fase 1: Hipotonia, letargia, má sucção, choro agudo. • Fase 2: Hipertonia, com tendência a espasticidade e febre. • Fase 3: Aparente melhora. • Fase 4: Sinais de paralisia cerebral; perda da audição; distúrbios extra- piramidais; e mais raramente diminuição do QI. Encefalopatia Bilirrubínica • 50% vão a óbito por falência respiratória, nas fases 2 e 3 • Sobreviventes 🡪 sequelas - distúrbios extrapiramidais - deficiência auditiva- paralisia ocular - retardo mental - paralisia cerebral Neuroimagem: RM encéfalo é o exame de escolha ICTERÍCIA NEONATAL - TRATAMENTOS: Fototerapia • Metabolismo alternativo da bilirrubina: transformação da Bilirrubina em produtos hidrossolúveis, por ação da luz, que serão excretados via biliar e urinária, sem conjugação. • É o tratamento mais utilizado. • Indicações: Levar em consideração as causas, a idade pós-natal e a concentração de bilirrubina sérica Fototerapia – mecanismo de ação • Fotoisomerização: » isômero geométrico ou configuracional » isômero estrutural ou Lumirrubina Geométrico: formação rápida, porém reversível. Estrutural: formação lenta, porém irreversível, rapidamente eliminado pela urina Exsangüineotransfusão • Remoção da Bilirrubina intravascular, anticorpos e hemácias sensibilizadas • Diminui rapidamente os níveis séricos de bilirrubina. • Indicação precoce nos casos em que ocorre aumento da hemólise. • Tecnicamente mais complicado, mais invasivo e com maior risco. EXSANGÜINEOTRANSFUSÃO - Indicações • Elevação importante da BI • Nas 1ªs horas BI> 4,5 ou HT < 11mg/dl na vigência de Coombs direto positivo (DOENÇA HEMOLÍTICA) • Velocidade de aumento da BI superior a 0,5mg/dl/h se Ht entre 11 e 13 ou superior a 1mg/dl/h, qualquer Ht • Refratariedade à fototerapia intensiva por 12h • Sinais de comprometimento neurológico • Indicações relativas • Reticulocitose (aumento de reticulócitos no sangue periférico) 🡪 sinal de hemólise • Hemoglobina 🡪 13g/dl e caindo em 24h • RNPT • Comorbidades neonatais (asfixia perinatal, hipotermia, hemólise, hipoalbuminemia,, infecções, hipoglicemia) Icterícia pelo Leite Materno • 20-30% dos RN em aleitamento materno • Ocorre após a primeira semana de vida • Pode atingir níveis > 15mg/dl • Declínio lento e gradual • Diagnóstico por exclusão Icterícia pelo Leite Materno -mecanismos • β glicuronidase no LM • Menor colonização bacteriana no TGI • Menor ingestão calórica diminui a eliminação de mecônio e aumenta circulação êntero-hepática. Incompatibilidade ABO • Mãe O, RN A ou B • 20% terão icterícia significativa (10% foto) • Icterícia nas primeiras 24-36h • Pode alcançar altos níveis entre 3°-5° dia • Coombs D pode ser + em 20-40% casos (hemólise grave) Incompatibilidade Rh • 25%: hemólise leve • 50%: anemia, hepatoesplenomegalia, grande risco de encefalopatia bilirrubínica precoce (2°-3° dia) • Forma grave: hidropsia fetal • Laboratório: Ts/Rh, Coombs direto, BTF, hematócrito, hemoglobina, reticulócitos Indicação de Fototerapia e EXT Depende de: ⚫ Tipo de icterícia (hemolítica ou não) ⚫ Nível de BT ⚫ Idade gestacional ⚫ Peso de nascimento ⚫ Idade pós natal ⚫ Presença de fatores agravantes tabelas AAP HYDROPS FETALIS Medida transcutânea de Bb BiliCheck ■ Sistema com fonte de luz de fibra ótica e microprocessador ■ Sem interferência da cor da pele ■ Correlação boa com níveis séricos de bilirrubinas (0,91-0,93) até 15mg/15dl ■ Adequado para “screening” ( não invasivo com alta sensibilidade e especificidade - fácil adaptação e testagem do RN. Liberado pelo FDA em 1999) ■ Valores > 13-15 devem ser confirmados por dosagem de níveis séricos Bilicheck http://images.google.com/imgres?imgurl=www.bilicheck.com/nurse_baby.jpg&imgrefurl=http://www.bilicheck.com/advantages.html&h=182&w=236&prev=/images%3Fq%3Dbilicheck%26svnum%3D10%26hl%3Dpt%26lr%3D%26ie%3DUTF-8%26oe%3DUTF-8%26sa%3DG Tipos de Fototerapia • Fototerapia convencional • Lâmpada halógena (Bilispot) • Biliblanket • Fototerapia de alta intensidade (Bili Sky – Luz azul) Fototerapia convencional • 6-8 lâmpadas fluorescentes (20 watts) • 30 cm do paciente • Proteção ocular • Sem necessidade de proteção gonadal • Verificação periódica da irradiância: cada 500h de uso (8 mw/cm²/nm) • Luz branca ou azul • Manter a maior superfície possível exposta Lâmpada halógena • Mais eficaz para prematuros e < 2500g • 50 cm do paciente Biliblanket • Colchão de fibra óptica, alta irradiância • Usado para fototerapia tripla Fototerapia de alta intensidade • Fototerapia “total” Bilispot 3 6 Modernos equipamentos de Fototerapia Eficácia da fototerapia • Concentração da Bb • Superfície exposta à luz • Dose e irradiância emitida • Tipo de luz Riscos associados à Fototerapia • Afastamento da mãe • Desmame • Hipertermia • Desidratação • Punções repetidas para exames (dor) • Queimaduras, erupção cutânea • Diarréia • Lesão de retina (se não usar protetor ocular) Exsangüíneo-transfusão ⚫ Indicações: Principal: doença hemolítica grave (Rh) Hidropsia: após estabilização hemodinâmica Sangue do cordão: BI > 4 e/ou hg < 12 Velocidade de aumento da BI > 0.5mg/dL/h nas primeiras 36h de vida. Exsangüíneo-transfusão: Técnica - Sangue total -> 2 volemias (160ml/kg) -> substitui 85% das hemáceas circulantes. - Ambiente asséptico - Monitorização clínica e laboratorial - Técnica “puxa-empurra”, através da veia umbilical - Procedimento de elevada morbidade Obrigada!
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