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4 Princípios Orçamentários

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31.08.2023 – Direito Financeiro – Profª. Joana
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
PRINCÍPIO DA UNIDADE: Determina que o Orçamento é único. Existe somente um só orçamento. O Estado possui 3 Poderes e é dividido em entes federativos (U, E, M, DF). Cada ente da Federação vai ter seu próprio orçamento. Entretanto, o Orçamento de cada ente vai contemplar toda a estrutura seja do Poder Executivo, Legislativo, Judiciário. Então, será um único orçamento contendo toda a despesa e a receita.
Apesar de haver três orçamentos em nossa ordem jurídica (PPA, LDO, LOA) consoante o disposto no art. 165, da Lei Fundamental, a unidade de orçamento persiste, porquanto a unidade não é documental, mas de programas a serem implementados dentro de uma estrutura integrada do Sistema. Q319007
“Cada ente federativo deve aprovar uma única lei orçamentária.”
“Determina a existência de um orçamento único para cada um dos entes federados – união, estados, DF e M – com a finalidade de se evitarem múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política”
- Previsão: Art. 2º da Lei 4320/1964 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de UNIDADE, universalidade e anualidade. UUA
- O legislador entendeu que se cada uma das estruturas estatais tivesse um orçamento não haveria uma como aplicar uma única metodologia / orientação política.
- Art. 165, CF:
§ 5º A lei orçamentária anual (LOA) compreenderá: FIS
I - o orçamento FISCAL referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, INCLUSIVE fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de INVESTIMENTO das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto (EMPRESAS ESTATAIS);
III - o orçamento da SEGURIDADE social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
- Dentro de um mesmo orçamento há: a parte fiscal, outra parte do investimento público nas empresas estatais e a terceira parte diz respeito à seguridade social (despesas de saúde, assistência e previdência social).
PRINCÍPIO DA ANUALIDADE: aquele que dispõe sobre a vigência do orçamento, isto é, o período de 1 ano (1 de janeiro até 31 de dezembro);
- Também está previsto no Art. 2º da Lei 4.320/1964 (LRF).
A LRF reforça que dentro desse período de 1 ano, as despesas não devem ser maiores que os recursos arrecadados.
A LRF exige que a gestão não realize despesas que extrapole a receita dentro do exercício financeiro (evitar gastar mais do que receber).
Entretanto, há exceções:
-Regra: orçamento começa 1/01 e termina 31/12.
- Exceções: 
• CRÉDITOS ADICIONAIS: apenas 2 dos créditos adicionais podem ultrapassar o exercício financeiro (chegando 31/12, o governo pode prorrogar esse prazo para o exercício seguinte)
A vigência dos créditos adicionais especiais e extraordinários pode ultrapassar o exercício financeiro em que foram autorizados.
*EXPLICAÇÃO SOBRE O QUE SÃO OS CRÉDITOS ADICIONAIS
 O orçamento é planejado e aprovado em um exercício para ser executado no exercício do ano seguinte (planeja em 2022, para executar em 2023, por exemplo). No entanto, pode ser que esse orçamento tenha que ser alterado.
O crédito adicional – Conceitos:
• é o instrumento para alterar o orçamento durante a sua execução.
• são autorizações para despesas não computadas ou insuficientes, que visa atender a insuficiência orçamentária, em situações imprevisíveis no orçamento. 
FINALIDADE: alterar o orçamento em execução.
LEI 4.320/64
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;
III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.   (GCC)
O crédito pode ser Suplementar (aumentar despesa que já existe), Especial (aprovação de uma despesa não prevista) e Extraordinário (realização de despesas que sejam imprevisíveis e urgentes).
Ex.: uma escola municipal ao invés de receber 10 mil alunos, recebe 12 mil, devido a um fechamento de uma outra escola, diante disso, o Município vai pedir um CRÉDITO ADICIONAL SUPLEMENTAR (já estava autorizado) para suprir a necessidade dos alunos a mais.
Ele também pode pedir CRÉDITO ADICIONAL ESPECIAL para uma despesa que não estava prevista ainda no orçamento.
Também pode surgir despesas que não estão contempladas no orçamento, por ter surgido em razão de um fato imprevisível, por exemplo, o caso da PANDEMIA (despesa imprevisível e urgente). É o caso de CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO.
REGRAS DE CADA UM DESSES CRÉDITO
Art. 43, Lei 4320/64. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa.
• CRÉDITO ADICIONAL SUPLEMENTAR E ESPECIAL: “Lara Raptou Joana”
Os créditos adicionais suplementares são autorizados por lei e abertos por decreto, após a apresentação de exposição justificativa, dependendo da existência de recursos disponíveis.
1- Autorizados por LEI e abertos por Decreto;
2- o Executivo deve demonstrar a existência de RECURSO disponível para cobrir a despesa; 
SEAC
“Art. 43, §1º, Lei 4.320/64. Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:
a) o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício ANTERIOR; 
(isto é, sobrar recursos restantes do orçamento anterior)
b) os provenientes de excesso de arrecadação; 
(isto é, sabemos que a receita é apenas prevista, nada impede que ela seja maior do que o estipulado);
c) os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; 
(por exemplo, o município autorizou 700k para fardamento e 1m para alimento, no entanto, quando foi feita a compra do fardamento, o preço estava menor, e foi gasto apenas 500k, sobra 200k (recurso disponível).
d) o produto de operações de crédito (empréstimo) autorizados, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las;
Extra (Art. 166, §8º, CF): são os recursos que ficaram sem despesas correspondentes em razão de VETO, EMENDA ou rejeição da LOA.
§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (LOA), ficarem SEM despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.
3 - a gestão vai ter que apresentar justificativa (o porquê precisa do crédito);
Obs.: No caso da suplementar, essa autorização pode vir já na própria LOA > se a lei orçamentária não der essa autorização, vai ter que mandado um projeto de lei para a câmara, a fim de autorizar. (Art. 165, §8º, CF/88)
Mas para o crédito especial vai ter que ser sempre uma lei específica.
• CRÉDITO EXTRAORDINÁRIO: Imprevisível e urgente. Diferente dos anteriores, não precisa de lei, justamente por ser uma situação extraordinária e urgente (não há tempo para aguardar o trâmite da lei).
“Os créditos extraordinários serão abertos por DECRETO do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.”
Art. 167, CF. § 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no art. 62.
Art. 62, CF. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar MEDIDAS PROVISÓRIAS, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
A lei 4320/64 prevê queesses créditos serão aberto por meio de Decreto. No entanto, a CF/88, que é posterior a Lei 4.320 dispôs que, para a União, esses decretos vão ser abertos por Medida Provisória (art. 167, §3º, CF).
Então, a nível de União: aberto por MP -> essa MP deve ser submetida ao Congresso de imediato. 
Para os Estados e Municípios: será MP somente se tiver previsto em suas CONSTITUIÇÕES e LEIS ORGÂNICAS deles, se não houver previsão será por Decreto do Poder Executivo, que dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.
- DIFERENÇA DOS ANTERIORES: NÃO PRECISA DE LEI, NEM PRECISA INDICAR A FONTE DO RECURSO DISPONÍVEL.
Sobre a vigência de cada crédito... (vide melhor no slide)
Crédito Suplementar > somente durante o exercício (improrrogável)
Crédito Especial > vigência no exercício, mas pode ser prorrogado para o exercício seguinte, quando o ato de autorização tiver sido promulgado nos últimos 4 MESES do exercício. (Saldos incorporados por Decreto ao orçamento seguinte). Por ser prorrogável, é uma exceção ao princípio da anualidade.
Crédito Extraordinário > vigência no exercício, mas também permite prorrogação, podendo ir para o exercício seguinte quando o ato de abertura (Decreto ou MP) tiver sido editados nos últimos 4 meses do exercício. Também é uma exceção ao princípio da anualidade.
Resumido, Crédito Especial e Extraordinário são PRORROGÁVEIS para o exercício do ano seguinte – EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANUALIDADE.
CF, Art. 167. São vedados: (...)
§ 2º - Os créditos Especiais e Extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos 4 meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE: determina que o Universo de TODA receita e TODA despesa devem estar no Orçamento.
Previsão:
- Art. 2º, 3º, 4º da Lei 4.320/1964:
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá TODAS as receitas, INCLUSIVE as de operações de crédito autorizadas em lei.
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá TODAS as despesas próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.
- §5º, Art. 165, CF: 
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Regra: toda receita e despesa devem estar no orçamento.
Exceção: a Doutrina diz que não constará do orçamento:
- tributos criados APÓS a dotação da lei orçamentária (se nem existia na época do orçamento não vai constar nele, mas nada impede que esses tributos sejam cobrados)
- receitas e despesas correntes de EMPRESAS ESTATAIS independentes (não vai constar porque essas empresas realizam atividades econômicas, tendo uma movimentação muito dinâmica, então, para não prejudicar a atv. econômica dessas empresas, as receitas e despesas dessas empresas não estariam no orçamento, mas isso não significa que esses valores não serão contabilizados, só não vai constar no orçamento, a fim de dar maior flexibilidade para essas empresas.
- receitas e despesas extraorçamentárias: são aquelas que não passam por orçamento, porque considerando as receitas em sentido amplo, todo recurso que entrar nos cofres públicos, é receita pública, mas nem tudo que entra nos cofres é do Estado, existem algumas “entradas” que são provisórias, que o Estado vai ter que devolver, então não pode ir para o orçamento, porque não vai servir como receita para pagar nada e quando for sair, sairá também como despesa extraorçamentária. Ex.: depósito em conta judicial, valor de um depósito de uma recurso, que não é do Estado, mas sim do autor ou do réu, será expedido como alvará a parte a parte do proc. (receita e despesa extraorçamentária).
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE: determina que a lei orçamentária é exclusiva para tratar de previsão de receita e autorização de despesa, isto é, ela não pode conter dispositivos estranhos a isso (como autorização de um concurso público, por ex.).
Exceção:
1- Autorizar a abertura de crédito SUPLEMENTAR.
2- Autorizar a aquisição de operações de crédito (empréstimos).
- Previsão: §8º do Art. 165, CF:
§ 8º A lei orçamentária anual (LOA) não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos SUPLEMENTARES e contratação de operações de crédito, AINDA QUE por antecipação de receita, nos termos da lei.
F. Pois é uma exceção ao Princípio da Exclusividade, não da Universalidade.
A finalidade desse dispositivo é evitar as “caudas orçamentárias” ou “orçamentos rabilongos”: evitar que os orçamentos sejam utilizados para aprovar coisas que o Executivo e Legislativo não conseguem aprovar em outras lei e se aproveitam do orçamento para aprovar isso (isso acontecia antes).
PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO: determina que todos os valores (receita e despesa) constarão no orçamento pelo seus valores TOTAIS e não será permitida nenhuma DEDUÇÃO no valores nem de receita, nem despesa. 
A receita é considerada no seu valor bruto, total.
· Veda que as despesas ou receitas sejam incluídas no orçamento ou em qualquer dos tipos de créditos adicionais nos seus montantes líquidos.
Exemplo: A União arrecadou em 2024 2 bilhões, mas parte do que arrecada vai para os Estado e Municípios (50%), a título FPN e FPE. Então, vai mandar 1 bilhão para os E e M. No orçamento, a União não pode colocar como entrada somente “1 bilhão”, porque já seria uma dedução. O correto seria colocar 2b e dizer que saiu 1b.
Art. 6º, Lei 4.320. Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
 
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