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A1_NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL

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NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL Profa. Dra. Juliana Arruda Ramos 
EMENTA
Introdução ao estudo da Nutrição Materno-infantil. Avaliação 
antropométrica da gestante e da nutriz. Ajustes fisiológicos na 
gestação. Assistência pré-natal. Avaliação e diagnóstico nutricional 
da gestante, nutriz e lactente. Intercorrências e complicações da 
gestação. Estudo das recomendações nutricionais e planejamento 
dietético para o grupo materno-infantil. Aleitamento materno e 
alimentação complementar. Atenção aos agravos mais comuns na 
infância.
CRITÉRIOS DE 
AVALIAÇÃO
TRABALHOS – 4,0 
PROVAS – 6,0 
P1: 05/04
P2: 07/06
SUBSTITUTIVAS
EXAMES 
INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO 
MATERNO-INFANTIL
GESTAÇÃO
Transcorre em período de 37 a 42 semanas
Adaptações estruturais e metabólicas, no sentido de sustentar o crescimento e o 
desenvolvimento do feto, mantendo ao mesmo tempo a homeostase orgânica
expansão do volume sanguíneo, alterações cardiovasculares, mudanças funcionais do 
sistema endócrino, gastrintestinal, respiratório e renal
maior gasto energético e necessidade de incremento na recomendação da maioria 
dos nutrientes
ACOMPANHAMENTO 
NUTRICIONAL
PROGRAMAÇÃO METABÓLICA E 
ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL
EN adequado homens e mulheres = sucesso dos processos de 
fertilidade/desenvolvimento adequado do embrião
PROGRAMAÇÃO METABÓLICA: interferência no desenvolvimento ou ao ajuste de 
sistemas fisiológicos fetais por estímulo ou agressão precoce, com consequências de 
longo prazo para as funções sistêmicas
baixo peso ao nascer, baixos padrões de crescimento 
durante a infância, risco de obesidade, síndrome 
metabólica e doenças cardiovasculares ao longo da 
infância e da idade adulta, risco de alergias e alterações 
cognitivo-comportamentais da criança
Excesso de peso x desnutrição gestacional = impacto negativo sobre o 
desenvolvimento fetal 
Desnutrição
Restrição de crescimento intrauterino 
(RCIU):alterações epigenéticas que causam 
disfunção mitocondrial e resistência insulínica 
fetal, elevando o risco das doenças 
Resistencia à insulina, amadurecimento precoce 
de tecidos fetais e alterações sistêmicas 
específicas de acordo com a carência de 
micronutrientes. Tal cenário favorece redução do 
potencial angiogênico fetal e propicia disfunção 
endotelial precoce, com redução da densidade 
capilar e do diâmetro vascular, proliferação de 
células endoteliais e potencial de vasodilatação
Obesidade
redução da expressão genética da leptina 
(responsável pela manutenção dos padrões de 
apetite), estímulo da lipogênese precoce e 
alteração no metabolismo dos macronutrientes, 
com tendência a dislipidemias.
Risco para excesso de gordura corporal fetal, 
macrossomia e hipoxia tecidual fetal; que, por 
sua vez, também culminam em risco aumentado 
de síndrome metabólica e doenças 
cardiovasculares de curto e longo prazos.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL X FORMAÇÃO DO 
PALADAR INFANTIL
❑O bebê desenvolve maturidade de receptores gustativos por volta de 16 
semanas gestacionais, e maturidade olfatória por volta da 28a semana. 
❑A partir dessa fase, o bebê já é capaz de identificar características 
quimiossensoriais da dieta materna através do líquido amniótico (e, 
posteriormente, através do leite materno), o que influencia epigeneticamente
sua sensibilidade a odores e aos sabores doce, amargo e umami, impactando 
na propensão/preferência alimentar futura. 
ACOMPANHAMENTO 
NUTRICIONAL DA 
GESTANTE 
O acompanhamento nutricional da 
gestante deve ocorrer o mais 
precocemente possível para evitar 
prejuízos no desenvolvimento fetal 
e na saúde materna. Idealmente, a 
mulher deve ser acompanhada 
entre 6 meses e 1 ano previamente 
à gravidez, visando à correção de 
carências pré-gestacionais. 
Durante a gestação, sugere-se a 
realização de cinco a oito consultas 
nutricionais, ajustando-se a 
periodicidade conforme 
necessidade individual.
Prevenção de 
morbimortalidade 
perinatais
Monitoramento 
nutricional
Risco gestacionalAvaliação do EN
Redução de riscos 
= gestante/feto
Intervenções 
nutricionais
Baixo 
custo/grande 
utilidade
Acompanhamento 
do ganho 
ponderal na 
gestação
Prevenção 
ganho excessivo 
ou insuficiente 
Ganho 
ponderal 
adequado
Orientação 
Nutricional
Desvios do EN da 
gestante
Desfechos gestacionais e 
suas implicações na saúde 
da criança - DCNT
OBJETIVOS DA 
AVALIAÇÃO E 
ACOMPANHAMENTO 
DO ESTADO 
NUTRICIONAL DA 
GESTANTE
❖Identificar gestantes sob risco nutricional (baixo 
peso, sobrepeso ou obesidade pré-gestacionais);
❖Detectar as gestantes com ganho de peso 
insuficiente ou excessivo para a idade gestacional;
❖Corrigir possíveis deficiências nutricionais e propiciar 
adequado ganho ponderal;
❖Realizar orientação adequada para cada caso, 
visando à promoção de estado nutricional adequado 
para a mãe, boas condições para o parto e peso 
adequado do recém-nascido.
NUTRIÇÃO NOS PROCESSOS DE FERTILIDADE
Falta de gestação clínica ou hormonal após 12 meses de relações 
sexuais sem uso de qualquer método contraceptivo.
Causas mais comuns de infertilidade possivelmente associadas a processos 
nutricionais estão: 
• endometriose, 
• doença celíaca, 
• obesidade, 
• hábitos alimentares inadequados,
• fatores externos como álcool, drogas ilícitas e tabaco.
FUNÇÕES RECONHECIDAS DE NUTRIENTES RELACIONADOS COM OS PADRÕES DE 
FERTILIDADE MASCULINA E FEMININA E SUAS RECOMENDAÇÕES.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 
NA GESTANTE
Objetivo: possibilitar o tratamento 
de desvios ponderais, a assistência 
a comorbidades específicas, a 
recuperação e/ou a manutenção 
do estado nutricional, o 
acompanhamento da vitalidade 
fetal, a preparação para a 
lactação, a correção de erros 
alimentares e as orientações sobre 
os principais tabus alimentares 
dessa fase. 
Avaliação 
Nutricional
Anamnese
Avaliação 
clínica
Antropometria
Avaliação 
bioquímica
ANAMNESE
Antecedentes 
pessoais/familiares; 
questões sociais 
(saneamento básico e 
acesso aos alimentos); 
medicações 
(tipo/dose/horários); 
alergias e intolerâncias 
alimentares; 
restrições alimentares 
culturais (p. ex., 
religião); 
sintomas relacionados 
com o sistema 
digestório (mastigação, 
deglutição e digestão); 
hábitos e rotina geral 
(horários e locais de 
refeições, estrutura 
para refeições, 
padrão de sono); 
consumo hídrico e 
hábito intestinal;
frequência de 
atividade física; 
uso de álcool, tabaco e 
drogas ilícitas; 
dados obstétricos da 
gestação atual e 
anteriores (idade 
gestacional e 
intercorrências).
AVALIAÇÃO CLÍNICA
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA 
Além dos exames obrigatórios do pré-natal descritos pelo Ministério da Saúde no 
Manual do pré-natal da gestante de baixo risco:
❑Metabolismo do ferro,
❑marcadores de inflamação, 
❑perfil lipídico e proteico,
❑micronutrientes (especialmente vitamina B12 e vitamina D)
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS PARA NORMALIDADE NO 
PERÍODO GESTACIONAL 
PARÂMETROS 
BIOQUÍMICOS 
PARA 
NORMALIDADE NO 
PERÍODO 
GESTACIONAL 
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS PARA NORMALIDADE 
NO PERÍODO GESTACIONAL 
TRIAGEM PARA DIABETES NA GESTAÇÃO
Glicemia de jejum (1a consulta PN) ≥ 126 mg/dℓ (ou hemoglobina glicada ≥ 6,5%) (DM pré-gestacional)
92 a 126 mg/dℓ (DM gestacional)
< 92 mg/dℓ (reavaliar no 2o trimestre)
TOTG com 75 g de sobrecarga oral com medida de glicemia em jejum 1 e 2 h após sobrecarga na 24a e 
28a semana
DM gestacional quando:
Jejum ≥ 92 mg/dℓ
1 h após sobrecarga ≥ 180 mg/dℓ
2 h após sobrecarga ≥ 153 mg/dℓ
AVALIAÇÃO DO IMC PRÉ-
GESTACIONAL
Usada para a programação do ganho de peso da gestante, é 
obtida pelo cálculo do IMC pré-gestacional, com base no peso 
habitual da mulher no período periconcepcional, ou peso do 1o 
trimestre.
CLASSIFICAÇÃO 
DO ESTADO 
NUTRICIONAL PRÉ
GESTACIONAL E 
RECOMENDAÇÃO 
PARA GANHO DE 
PESO CONFORME 
TRIMESTRE 
GESTACIONAL –
FETO ÚNICO
CLASSIFICAÇÃO DO 
ESTADO 
NUTRICIONAL PRÉ
GESTACIONAL E 
RECOMENDAÇÃO 
PARA GANHO DE 
PESO CONFORME 
TRIMESTRE 
GESTACIONAL –
GEMELAR
ANTROPOMETRIAGESTACIONAL 
O IMC calculado com base no 
peso gestacional é interpretado 
na curva de Atalah, atualmente 
recomendada pelo Ministério 
da Saúde como protocolo de 
avaliação na gestação.
AVALIAÇÃO DO EM 
DA GESTANTE ACIMA 
DE 19 ANOS, 
SEGUNDO ÍNDICE DE 
MASSA CORPORAL 
(IMC) POR SEMANA 
GESTACIONAL
GRÁFICO DE 
ACOMPANHAMENTO 
NUTRICIONAL DA 
GESTANTE 
COMPOSIÇÃO CORPORAL 
❑circunferência braquial para a avaliação de reserva muscular (<23,5 – baixa 
reserva)
❑pregas cutâneas subescapular e tricipital para avaliação de reserva energética 
❑circunferência do pescoço para avaliação de risco cardiovascular (<34 cm –
normalidade)
❑a gestante é avaliada ainda no 1o trimestre gestacional, pode-se usar a 
circunferência da cintura (normalidade < 88 cm) e a relação cintura/estatura (baixo 
risco cardiovascular < 0,5) para avaliação do risco de comorbidades
AVALIAÇÃO DIETÉTICA
❑R24h 
❑Diário alimentar
❑QFA
Fracionamento de refeições
Preferências
Aversões e tabus 
Consumo de micronutrientes
Sintomas e queixas alimentares
ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL PARA 
GESTANTE DE BAIXO RISCO
Após avaliação nutricional, a gestante deve ser orientada quanto:
➢às práticas de higiene adequadas, 
➢ao consumo de macro- e micronutrientes, 
➢à suplementação compulsória e opcional do período gestacional, 
➢aos sintomas, às queixas típicas do período 
➢aos tabus alimentares.
HIGIENE COM OS ALIMENTOS
Principais DTAs no período gestacional
Infecção pela 
bactéria Listeria
monocytogenes
(listeriose)
Suscetibilidade à 
toxoplasmose.
LISTERIOSE
❖Elevar o risco de aborto, prematuridade, baixo peso 
ao nascer e comprometimento cognitivo fetal
❖Contaminação: consumo de carnes, aves ou frutos do 
mar contaminados, e de derivados do leite não 
pasteurizados
❖Prevenção: evitar alimentos lácteos não pasteurizados, 
bem como carnes, aves e frutos do mar crus, pois a 
bactéria é resistente à refrigeração e prolifera a 4°C, 
sendo eliminada apenas por cocção ou congelamento a 
–18°C.
TOXOPLASMOSE
❖Infecção que aumenta o risco de aborto e de lesões 
neurológicas e oculares no feto
❖O principal cuidado é voltado à parcela de gestantes 
suscetíveis à infecção (20 a 40% da população, sendo 
de até 70% a prevalência de infecção em mulheres 
suscetíveis na América do Sul). 
❖Os oocistos do protozoário causador da toxoplasmose 
são inativados por cocção dos alimentos passíveis de 
contaminação (carnes vermelhas e brancas, frutas, 
legumes e verduras), e por congelamento prévio ao 
consumo (temperatura –12°C por 2 dias).
❖Higienização com cloro não é suficiente para 
inativação do oocisto → tratamento térmico
❖Gestantes suscetíveis à toxoplasmose evitem consumir 
saladas cruas
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS
➢Gestação → alterações hormonais → metabolismo dos nutrientes modificado 
➢Lipólise aumentada → maior risco de dislipidemias 
➢Maior uso periférico da glicose → aumento da resistência à insulina
➢Ganho de peso excessivo associado a consumo energético elevado associa-se a alto risco 
de diabetes gestacional, doenças hipertensivas e outras complicações
➢Ajuste cardiovascular que ocorre a partir do final do 1o trimestre gestacional também 
propicia a típica retenção hídrica do período gestacional. A ingestão hídrica adequada 
também é necessária para redução do risco de infecções do trato urinário, aumentada na 
gestação em decorrência do aumento do fluxo renal e retenção natural de resíduos 
metabólicos.
REQUERIMENTOS ENERGÉTICOS
Aumentados = suprir 
adequado ganho ponderal à 
gestante e desenvolvimento 
do feto, da placenta e de 
outros tecidos maternos, assim 
como adequada formação de 
reserva energética para o 
período seguinte, de lactação.
quantidade de energia para o ganho de peso gestacional (associado ao 
acréscimo de proteína e gordura nos tecidos maternos, fetais e placentários)
aumento do gasto energético associado ao incremento da taxa metabólica basal
nível de atividade física
FATORES QUE DETERMINAM O CUSTO 
ENERGÉTICO DA GESTAÇÃO:
D I S T R I B U I Ç Ã O D O G A N H O D E P E S O 
D U R A N T E A G E S T A Ç Ã O
REQUERIMENTOS ENERGÉTICOS
oNão é homogêneo ao longo dos trimestres de gestação
oDepósito de proteínas: 2° (20%) e 3° (80%) trimestres
oDepósito de gordura: 1° (11%), 2° (47%) e 3° (42%)
oAumento da TMB: 1° (5%), 2° (10%) e 3° (25%)
1o trimestre 
(< 14 
semanas)
2o trimestre (14 a 
27 semanas) 
3o trimestre 
(> 27 
semanas)
Cálculo das necessidades 
energéticas
DRIs (IOM)
VET = EER pré-gestacional 
+ Adicional de energia 
para o gasto durante a 
gestação + Energia 
necessária para depósitos
FAO (WHO)
VET = (TMB X NAF) + 
adicional energético 
gestacional 
DRIS - IOM 
VET = EER pré-gestacional + Adicional de 
energia para o gasto durante a gestação + 
Energia necessária para depósitos
FAO - WHO
ENERGIA
•Método prático para cálculo da necessidade energética diária de gestantes adultas 
e adolescentes 
■Peso base pré-gestacional: VET = (peso ideal pré-gestacional × 36 kcal) + 300 
kcal (a partir do 2o trimestre)
*Gestantes com excesso de peso não devem receber o adicional de 300 kcal
*A necessidade energética/kg pode ser alterada conforme estado nutricional da 
gestante, variando de 25 a 45 kcal/kg
■Peso base gestacional: VET = peso ideal para a idade gestacional × 36 kcal
*A necessidade energética/kg pode ser alterada conforme estado nutricional da 
gestante, variando de 25 a 45 kcal/kg
OBSERVAÇÕES!
▪Para gestantes não obesas que iniciaram o pré-natal depois do 1o trimestre e que 
estejam evoluindo com ganho ponderal inadequado, pode-se utilizar adicional de 
370 kcal/dia a partir do 2o trimestre (somatório do adicional do 1o e do 2o 
trimestres).
▪OBTENÇÃO DO ADICIONAL ENERGÉTICO INDIVIDUALIZADO = gestante apresenta 
ganho ponderal muito além ou aquém do previsto para a idade gestacional
▪para um ganho de peso gestacional de 12 kg são necessárias 77.000 kcal. 
▪Logo, para 1 kg, são necessários 6.417 kcal. 
▪Dessa forma, verifica-se o ganho ponderal e quanto de peso a gestante necessita 
para atingir a faixa de ganho ponderal recomendada. Considerando-se a ingestão 
energética para ganho de 1 kg, obtém-se o adicional energético diário

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