Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS MACRONUTRIENTES Carboidratos: 45 a 65% VET, com mínimo de 175 g/dia. Ênfase em carboidratos de baixo índice glicêmico Açúcares < 10% VET Proteínas: 1,1 g/kg (peso base pré-gestacional), oferta mínima de 71 g/dia Lipídios: 20 a 35% VET, sendo 13 g/dia de ácidos graxos ω-6 (ácido linoleico) e 1,4g/dia de ácidos graxos ω-3 (ácido α-linolênico) Evitar ácidos graxos saturados, trans e colesterol RECOMENDAÇÃO PROTEICA Gestação – adaptações metabólicas visando a conservação do nitrogênio e aumento da síntese proteica → aumento de 1% (1°T), 15% (2°T) e 25% (3°T) RECOMENDAÇÃO PROTEICA Segundo recomendação da ANVISA, a ingestão de proteínas no período gestacional deve ser de 71 g/dia, ou, com base nas recomendações do Institute of Medicine, pode-se acrescentar 25 g aos valores de mulheres não grávidas, sendo 50% de alto valor biológico MICRONUTRIENTES Favorecer aporte adequado de micronutrientes, que em grande parte encontram-se aumentados em comparação às mulheres não grávidas. Sabe-se que o consumo inadequado de vitaminas e minerais está associado a desfechos gestacionais desfavoráveis, tais como defeitos do tubo neural, espinha bífida, parto prematuro e aborto. Atenção especial devido ao seu papel na gestação: vitaminas A, C e D e os minerais cálcio, ferro, ácido fólico, zinco VITAMINA A ❑Relevância comprovada em diversos processos metabólicos, incluindo diferenciação celular, ciclo visual, crescimento, reprodução e sistema imunológico. Nos períodos de proliferação rápida e diferenciação celular, como na gestação, assume papel ainda mais fundamental. ❑Gestante adolescentes: 750 μg de EqR/dia ❑Adultas: 770 μg de EqR/dia ❑Consumo de doses diárias superiores a 25.000 UI (8.500 μg de RE), sobretudo entre o 15° e o 60° dias de gestação, tem sido associado a efeito tóxico ou teratogênico, resultando em defeitos congênitos e até morte fetal. VITAMINA A ▪Fontes alimentares acessíveis e a ingestão não precisa ser diária ▪A deficiência de vitamina A no período gestacional: anemia no concepto e baixo peso ao nascer. ▪A implementação de suplementos vitamínicos contendo dose diária máxima de 10.000 UI (3.000 μg de RE) é considerada medida segura de combate a essa deficiência em populações de baixa renda VITAMINA C ❖Importante antioxidante, participando da síntese do colágeno, fundamental para a integridade dos tecidos conjuntivo, cartilagens, matriz óssea, dentina, pele e tendões. ❖ Deficiência: prejuízos no crescimento e no desenvolvimento fetais e placentários e pode estar associada a ruptura prematura de membranas, deslocamento prematuro da placenta, aumento do risco de infecções, parto prematuro, pré-eclâmpsia e baixo peso ao nascer. ❖As recomendações são alcançadas quando há na alimentação diária, pelo menos um alimento-fonte, tendo em vista a incapacidade orgânica de reservas VITAMINA D ❖Deficiência: ganho de peso fetal insuficiente, além de distúrbios da homeostase óssea na criança; em situações extremas, pode haver redução da mineralização óssea e aumento do risco de fraturas. ❖A indicação de vitamina D para mulheres, gestantes ou não, é de 5 μg/dia, sendo que mulheres que se expõem regularmente aos raios solares não necessitam de suplementação. CÁLCIO oEnvolvido em processos metabólicos fundamentais, tais como coagulação sanguínea, excitabilidade e contração muscular, ativação enzimática e secreção hormonal, além da mineralização de ossos e dentes. oGestação: aumento das necessidades – exigências do feto e da lactação oRecomendação = mulheres não grávidas o1000 mg/dia adultas o1300 mg/dia adolescentes FERRO ❑O crescimento, a saúde e o desenvolvimento do organismo humano dependem essencialmente do estado nutricional do ferro. ❑Gestantes: + susceptíveis à anemia pela necessidade elevada (rápida expansão dos tecidos, produção de hemácias, incremento necessidades fetais) ❑Países em desenvolvimento: metade das gestantes são anêmicas ❑ANEMIA NA GESTAÇÃO: maior taxa de mortalidade materna e perinatal, maior risco de prematuridade e de baixo peso ao nascer, e menor concentração de hemoglobina (Hb) no recém-nascido. FERRO ❑27 mg/dia no 2o e 3o trimestres ❑Dieta habitual fornece 6 a 7 mg de ferro por 1.000 kcal, seria necessária uma ingestão calórica excessiva para atingir o valor recomendado de ferro. ❑Segundo as orientações da OMS, é necessária suplementação medicamentosa no último trimestre como profilaxia de mobilização dos depósitos orgânicos de ferro ÁCIDO FÓLICO ❖Aumento significativo da necessidade nutricional de folato, visto que este se encontra envolvido em diversas reações celulares como coenzima, sendo necessário para a divisão celular ❖Importância especialmente nos últimos meses que antecedem a gravidez, sendo importante a reserva nas primeiras semanas de gestação para um adequado fechamento do tubo neural do feto. ❖A oferta adequada desse mineral previne defeitos do tubo neural, além de reduzir o risco de ruptura da placenta, de restrição do crescimento intrauterino e parto prematuro, aborto espontâneo, doença hipertensiva específica da gravidez, hemorragia, assim como prevenção de doenças respiratórias na infância e de síndrome de Down ZINCO ➢Importante papel na reprodução, na diferenciação celular, no crescimento e no desenvolvimento, além de atuar na cicatrização e no sistema imunológico. É componente de mais de 300 metaloenzimas que participam no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas e na síntese e degradação de ácidos nucleicos, além de divisão celular, metabolismo da somatomedina, modulação da prolactina, ação da insulina e de hormônios tireoidianos, da suprarrenal e dos testículos. ➢Deficiência: aborto espontâneo, retardo do crescimento intrauterino, nascimento pré- termo, pré-eclâmpsia, prejuízo da função dos linfócitos T e anormalidades congênitas ➢Avaliação nutricional minuciosa para detectar as gestantes que apresentam déficit nutricional, o qual pode ser corrigido através de suplementação nutricional específica. ➢Gestantes anêmicas, o uso de suplementação de ferro for superior a 60 mg/dia, deve- se associar suplementação de cobre (2 mg) e zinco (15 mg), tendo em vista a interferência do ferro na absorção destes micronutrientes MICRONUTRIENTES ❖Cálcio: 1.000 mg/dia ❖Vitamina D: 1.500 a 2.000 UI/dia (gestantes em risco de deficiência) ❖Iodo: 220 μg/dia ❖Antioxidantes: ■Vitamina E: 15 mg/dia ■Vitamina A: 750 mg/dia. Suplementação apenas em caso de deficiência endêmica ■Vitamina C: 85 mg ■Zinco: 11 mg/dia. Alguns estudos mencionam uso de suplementação com 30 mg/dia por 6 semanas para pacientes com diabetes gestacional, em doses seguras ■Selênio: 60 μg/dia A suplementação terapêutica desses nutrientes não é consensual na literatura, recomendando-se suplementação apenas dentro dos limites máximos de ingestão RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS ❑Fibras: ideal 28 g/dia; incentivar consumo de FLV em 400 g/dia ❑Recomendação hídrica total de 3 l/dia. Considerando-se a composição hídrica dos alimentos de cerca de 20%, os 80% restantes devem ser consumidos via dieta, totalizando cerca de 2,4 ℓ/dia RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Baixo consumo de fibras, vitaminas e minerais associa-se a risco elevado de: odiabetes gestacional, dislipidemias e doenças hipertensivas da gestação odistúrbios do apetite oqueda da imunidade oaumento da inflamação e estresse oxidativo orisco de obesidade no período pós- parto RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Cálcio e vit D: metabolismo ósseo, etiologia do diabetes gestacional e doença hipertensiva da gestação * < 800 mg/dia associada à perda de massa óssea materna e risco aumentado de pré-eclampsia Iodo: necessidades aumentadas na gestação → demanda funcional da tireoide SINTOMAS TÍPICOS Decorrentes dos ajustes fisiológicos da gestação e adaptação hormonal, uma vez que mais de 30 hormônios estão relacionados com a adaptaçãodo organismo materno à gestação As queixas mais comuns são causadas principalmente por ação da progesterona no organismo (responsável pela desaceleração do metabolismo e pelos processos fisiológicos, de maneira geral). NÁUSEAS E VÔMITO, AZIA E SINTOMAS DE REFLUXO. ▪Estimule a mastigação adequada; ▪aumente o fracionamento das refeições, com redução do volume em cada refeição; ▪evite deitar-se após as refeições e eleve o decúbito; ▪evite o excesso de cafeína e irritantes gástricos, conforme tolerância individual; ▪evite roupas apertadas na região abdominal e odores incômodos; ▪reduza gorduras na dieta; ▪mantenha hidratação adequada; ▪inicie as refeições por alimentos secos, ▪prefira alimentos cítricos ou mentolados, ou, ainda, uso de gengibre. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL E FLATULÊNCIA ▪Mantenha ingestão hídrica adequada; ▪estimule o consumo ideal de fibras solúveis e insolúveis; ▪estimule o uso coadjuvante de probióticos; ▪respeite a tolerância individual para alimentos que causem flatulência (dieta antifermentativa, se necessário). ➢Hipocloridria: Redução fisiológica da secreção de suco gástrico, que resulta na intolerância ao consumo proteico. Ajuste a consistência das carnes e de outras fontes proteicas, de modo a facilitar o processo digestivo e favorecer a aceitação alimentar. ➢ Intolerância às gorduras: Devido à redução fisiológica da concentração da bile. Evite refeições com grande volume de gorduras (fracione ao longo das refeições). ➢ Ptialismo: Excesso de salivação. Estimule a ingestão hídrica (preparações com molhos, sopas, caldos etc.); evite alimentos essencialmente secos; estimule o consumo de líquidos em pequenos goles ao longo do dia; chupar cubos de gelo ou picolés também pode auxiliar no desconforto. ➢ Picamalacia: Desejo/consumo de itens não alimentares. Desestimule o consumo, devido ao risco de contaminação. Procure identificar o padrão das escolhas não alimentares e tente realizar trocas com a gestante por equivalentes alimentícios. TABUS ALIMENTARES É permitido o consumo de peixes crus desde que previamente congelados, armazenados sob condições adequadas e preparados segundo condições higiênicas adequadas. Espécies de peixes ricas em mercúrio (cavala, arenque, tubarão, atum, cação, peixe-espada) devem ser evitadas, devido ao risco de alterações no desenvolvimento neurológico fetal. O consumo excessivo pode levar à vasoconstrição placentária, acarretando hipoxia fetal, RCIU, baixo peso e prematuridade. A dose máxima recomendada é de 200 a 300 mg/dia. Deve-se orientar a gestante quanto à composição de cafeína nos principais alimentos consumidos em sua rotina. TABUS ALIMENTARES •Alguns tipos de chá apresentam propriedades abortivas; outros podem interferir na absorção e no metabolismo de nutrientes, bem como induzir a prematuridade. •O uso seguro na gestação já foi descrito para o chá- verde/preto/mate (dentro do teor de cafeína permitido), de gengibre, flores e frutos não diuréticos, menta/hortelã. •Chás de camomila, espinheira-sagrada, sene, hibisco, chicória, confrei, poejo, zimbro, babosa são considerados inseguros para o período gestacional e devem ser evitados. •Já erva-cidreira, erva-doce, prímula, ginkgo e erva-de- são-joão têm evidências consideradas inconsistentes quanto ao uso durante a gestação, sugerindo-se o consumo com moderação. TABUS ALIMENTARES O uso de substâncias impróprias para a gestação pode levar a efeitos deletérios fetais, sendo imprescindível a orientação quanto à leitura de rótulos. O uso seguro na gestação ocorre apenas para os edulcorantes aspartame, neotame, estévia (na forma processada, não in natura), acessulfamo potássico, sucralose e sacarina. SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL Durante a gestação, suplementam- se compulsoriamente o ferro e o ácido fólico → aumento das necessidades nutricionais, dificilmente consumidas via alimentação em quantidades satisfatórias. Ferro: iniciada na 1a consulta de pré-natal, sendo mantida até o 3o mês pós- parto. Ácido fólico: período periconcepcional (mínimo 3 meses antes da gravidez) para a prevenção de anemias e defeitos do tubo neural, sendo mantida também até o fim da gestação. DOSAGENS SUGERIDAS PARA SUPLEMENTAÇÃO OBRIGATÓRIA E COMPLEMENTAR NA GESTAÇÃO OBRIGATÓRIA Ferro: suplementação inicia-se no pré-natal, até 3o mês pós-parto. Posologia recomendada (ferro elementar): ■Ausência de anemia: 40 mg/dia ■Anemia leve/moderada: 120 mg/dia Ácido fólico: até o fim da gestação. Posologia recomendada: 400 μg/dia Obs.: Demais causas de anemias carenciais (vitamina B6 e B12 também devem ser investigadas, e o consumo desses micronutrientes também deve ser priorizado). Em caso de anemia, orientações dietéticas tradicionais também devem ser aplicadas OPCIONAL ❑PROBIÓTICOS - cepas com efeitos na gestação: Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus casei, Lactobacillus reuteri, Bifidobacterium bifidum *Posologia mínima 1 × 109 UFC/dia ❑DHA: oferta de 200 a 600 mg/dia regulação da microbiota intestinal apresenta benefícios para o trânsito intestinal de mãe e filho; reduz o risco de distúrbios placentários, de ganho de peso excessivo e alterações glicêmicas; reduz o risco de alergias respiratórias fetais; fortalece a placenta; e favorece a homeostase metabólica importante papel na prevenção e no controle de dislipidemias, e na formação neurológica, imunológica e de desenvolvimento fetal geral.
Compartilhar