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ADULTO E IDOSO (NUT335) Nutrição do adulto Características desta faixa etária (20-60 anos): • Faixa etária ampla, logo, existem características fisiológicas diferentes entre adultos dessa faixa • Faixa etária que está inserida no mercado de trabalho, isso pode impactar na alimentação e atividade física • No final dessa faixa etária, começa a ter alteração da composição corporal aumentando o tecido adiposo Situação alimentar e nutricional no Brasil: Excesso de peso e obesidade da população adulta na APS. No contexto brasileiro ocorre a transição alimentar, nutricional e epidemiológica. Isso está associado ao aumento de DCNTs, carências nutricionais, excesso de peso e diminuição da qualidade de vida. Objetivos nutricionais nesta faixa etária: Promover saúde, prevenir DCNTs e carências nutricionais. ATENDIMENTO NUTRICIONAL AO VEGETARIANO PROTEÍNAS A exclusão de carne e exclusão de ovos e/ou laticínios não necessariamente diminuem a ingestão proteica. Recomendações de proteína: • DRI: 10 a 35% do VET ou 0,8g/kg/dia • FAO: 10 a 15% do VET ou 0,83/kg/dia OBS: Não existe recomendação específica para vegetarianos Porcentagem de calorias de proteínas em alimentos vegetal: • Sementes: 12 – 27% • Oleaginosas: 5 – 15% • Leguminosas: 20 – 30% • Cereais: 7 – 17% Alguns estudos mostram que a ingestão de proteína para vegetarianos pode ser maior do que as recomendações estabelecidas pela DRI e FAO, sendo de 0,8 a 1,0g/kg/dia, portanto, no atendimento é considerado o valor máximo. No atendimento, além de avaliar a porcentagem de proteína pelo VET e a quantidade em gramas por kg/dia, é preciso identificar quais alimentos contribuíram para a ingestão proteica afim de certificar que houve ingestão de todos os aminoácidos necessários. Alimentos e suas deficiências de aminoácidos: Uma “dupla perfeita” que contenha todos os aminoácidos seria de cereais e leguminosas. Cereais: Arroz, milho, quinoa, amaranto, centeio, cevada, aveia, trigo, painço Leguminosas: Feijão, lentilha, grão-de-bico, ervilha, tremoços, favas, soja e edamame (soja verde). OBS: Quantidade de lisina no pão, arroz e farinha de milho são baixas. A lisina é o aminoácido mais difícil de equilibrar em uma alimentação vegetariana pois é necessária uma quantidade maior do mesmo. Logo, quando consegue se ajustar a lisina, considera que os outros também foram ajustados. Em onívoros não é preciso preocupar com essa recomendação pois a ingestão de carne, ovos e laticínios apresentam quantidades altas de lisina. ÔMEGA-3 Proveniente na alimentação por alimentos de origem animal, logo, vegetarianos possuem uma ingestão menor de ômega-3 em relação a onívoros e uma ingestão de ômega-6 maior. Alguns estudos demonstram a razão de ácidos graxos n-6 e n-3 é de 16:1 para vegetarianos estritos e 6 a 10:1 para os onívoros, sendo a proporção ideal de 3 a 4:1. Metabolismo: Quando a um desequilibro de um AG em relação a outro, haverá um predomínio do metabolismo do que está em maior quantidade. A ingestão excessiva de n-6 está associada ao risco de doenças cardiovasculares pois produz compostos que elevam a agregação plaquetária, processos inflamatórios e podem também elevar a pressão sanguínea. Já os n-3 possuem efeito contrário. A recomendação de ômega para vegetarianos é o dobro em relação aos onívoros; FERRO Muitas vezes o vegetariano pode apresentar deficiência de ferro devido a não ingestão de carne e consequente não ingestão de ferro HEME que é melhor absorvido. Os fatores anti-nutricionais irão interferir na biodisponibilidade de ferro não-heme que são mais consumidos por vegetariano, como por exemplo o ácido oxálico. É preciso diminuir a ingestão desses alimentos ou buscar estratégias em que a ingestão deles não seja combinada com a de ferro. O ácido oxálico forma um complexo muito insolúvel com o ferro não-heme impedindo sua absorção. Facilitadores da absorção do ferro não-heme: • Vitamina C: 75mg aumenta até 3x a absorção • Vitamina A e betacaroteno • Ácidos orgânicos (cítrico, málico, tartárico) • Aminoácidos sulfurados (leguminosas) • Baixo estoque de ferro Orientações nutricionais de ferro: É importante estimular o consumo de alimentos fontes de ferro e alimentos ricos em vitamina C e excluir e/ou evitar alimentos ricos em cálcio, fitato e ácido oxálico. Nem sempre a baixa ingestão leva a deficiência pois o organismo pode sofrer uma adaptação que melhora a absorção de ferro, essa é uma das hipóteses para que anemia ferropriva não seja tão encontrada em vegetariano. Exame bioquímico: Hemograma (hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM, CHCM, RDW) Ferritina (fase menos grave da deficiência) DFNA – Deficiência de ferro não anêmica Protocolo: Suplementação: • Sais ferrosos: Possuem maiores efeitos colaterais (Lesões inflamatórias – esofagite, gastrite, duodenite, úlcera) e aumentam as quantidades de radicais livres. Limitações: Interação com outros componentes alimentares, logo, deve ser ingerido 1 horas antes das refeições de estômago vazio. Pode causar náusea e desconforto epigástrico, que ocorre 30 a 60 min após a ingestão do medicamento. Vantagem: Barato, absorção ativa e passiva (20%), sendo muito efetivo. Outros saís são o fumarato ferroso e glucanato ferroso. • Ferro aminoquelado • Ferro polimaltosado Via de reposição de ferro é, portanto, ORAL. A dose terapêutica recomendada para corrigir o estoque é de 3 a 5 mg/kg/dia de 2 a 6 meses. Porém, 45 mg (UL). VITAMINA B12 É proveniente de alimentos de origem animal, logo, a retirada de alimentos dessa origem leva a uma preocupação com essa vitamina. É preciso se atentar ao tipo de vegetarianismo para analisar quais alimentos de origem animal são consumidos. A recomendação de vitamina B12 é de 2,4 ug/dia MITO: Alimentos fermentados como missô, tempeh, algar nori, Spirulina, Chlorella e levedura de cerveja ou leveduras nutricionais NÃO fortificadas com vitamina B12 NÃO são fontes seguras. Possuem um análogo da B12 que atrapalha sua absorção e seu metabolismo. OBSERVAÇÕES: É preciso ficar atento a outras causas que podem levar a deficiência de B12. O álcool interfere no metabolismo e absorção de B12. A vitamina é absorvida no intestino, logo, inflamações nesse órgão podem interferir na absorção. Anemia perniciosa leva a não produção do suco gástrico e consequente não produção/liberação do fator intrínseco. Progressão da deficiência de B12 no organismo: Os níveis no sangue não refletem os níveis dentro das células. A deficiência de B12 pode ser dividida em 4 estágios. 1. Baixa de B12 intracelular e no plasma. 2. Baixa de B12 intracelular e no plasma. 3. Elevação de homocisteína e ácido metilmalônico (Alterações neurológicas: Concentração, memoria, atenção, formigamento...) 4. Sintomas e alterações no hemograma – anemia megaloblástica/macrocítica (VCM e RDW alterados no exame bioquímico) Geralmente a deficiência de B12 é identificada no estágio 4, porém, seria ideal identificar no estágio 3, por meio da elevação do ácido metilmalônico e impedir os sintomas neurológicos. Sintomas: São inespecíficos, particularmente nos estágios iniciais. Alguns são memória prejudicada e outras alterações neurológicas, formigamento, etc. Avaliação bioquímica: Vitamina B12 isolada, homocisteína, ácido metilmalônico, pontos de corte utilizados, hemograma. Ponto de corte: B12 > 490 ng/mL (ponto de corte em que nenhuma pessoa apresentou, no estudo, acido metilmalônico alterado). Para homocisteína, o ponto de corte é <8ung/mL. Suplementação: • Via oral • Via sublingual: Para pacientes que possuem gastrite, doença de Crohn, não resposta a suplementação via oral e alguns pacientes pós cirurgia bariátrica. • Via injetável (cianocobalamina): Em casos de anemia perniciosa,deficiência grave sintomática que requeira correção imediata (Prescrição médica). Pode-se aplicar a mesma posologia a indivíduos ovolacto e lactovegetarianos, assim como a onívoros que necessitem de suplementação. Tipos de vitamina B12 utilizada: Cianocobalamina (não indicada parra paciente renal) e metilcobalamina (mais indicada). Dosagem: Relacionada a concentração de B12 encontrada no exame bioquímico. Monitoramento do tratamento: • Formação de reticulócito (célula adolescente) que, em dois dias, é convertida em eritrócito. Logo, uma forma de avaliação da eficácia da suplementação é observando se houve o aumento de reiculócito no sangue. (Pode ser feito pra B12, B9 e ferro). • Diminuição da homocisteína e ácido metilmalônico nas primeiras semanas de suplementação. • Aumento de eritrócitos após 8 semanas de suplementação. • HoloTC (B12 na forma ativa) e vitamina B12 são aumentados com o uso da suplementação, entretanto, NÃO são bons marcadores. Protocolo: CÁLCIO e VITAMINA D A ingestão de cálcio é preocupante para vegetarianos estritos. Pontos a observar no atendimento: Ingestão de cálcio (recomendação 1000mg/dia) Inibidores da absorção Algumas estratégias para aumentar a absorção de cálcio são: • Germinação dos grãos (melhora a disponibilidade do cálcio) • Remolho de leguminosas • Evitar nas refeições principais espinafre e acelga • Estimular o uso de folhas refogadas • Evitar tomar chás, cafés, chocolate após as refeições principais • Estimular o consumo de leite vegetal enriquecido com cálcio Suplementação de cálcio: É preciso avaliar outros parâmetros como histórico familiar. O consumo total de cálcio (de alimentos + suplementos) não deve exceder 2000 a 2500 mg/dia (UL), e valores até esses limites não estão associados ao risco de DCV. A suplementação é mais comum para idosos. Bioquímica do cálcio: A dosagem de cálcio total não fornece informação fidedigna quanto à calcemia funcional pois normalmente o cálcio sanguíneo se encontra em níveis normais. O cálcio urinário seria interessante para avaliar perda óssea de cálcio (limite máximo nas 24h varia de 250mg a 300 mg) Marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo não são solicitados na dosagem, deve ser encaminhado ao endocrinologista. VITAMINA D Muito importante no metabolismo de cálcio influenciando na sua absorção e a saída de cálcio do osso. A exposição a luz solar, ingestão de alimentos fonte e dosagem dessa vitamina na corrente sanguínea são muito importantes. ZINCO Os níveis de zinco séricos e teciduais de vegetarianos são menores devido também a menor biodisponibilidade (maior presença de fitatos e fibras). Em onívoros, o consumo de carne corresponde a 40 a45% da ingestão de zinco enquanto ovos e laticínios contribuem com 20%. A biodisponibilidade é baixa e os inibidores de absorção são: Ácido fítico e oxálico, cerais integrais, leguminosas, sementes e nozes. É aconselhável orientação alimentar apropriada para aumentar o teor de zinco e a biodisponibilidade de dietas vegetarianas ao longo do ciclo de vida. Fontes: Aumentam a biodisponibilidade: • Ácido cítrico • Ácido málico (maçã) • Ácido tartárico (uva) • Cisteína (castanhas, queijos, leite, sementes) e metionina (nozes, repolho, alho, brócolis) EPIDEMIOLOGIA E PROCESSO FISIOLÓGICO DO ENVELHECIMENTO DEFINIÇÃO: A ONU considera idoso aqueles indivíduos com 60 ou mais em países em desenvolvimentos e a partir de 65 anos em países desenvolvidos. Essa diferença se dá pelas diferenças socioeconômicas, demográficas e de saúde entre esses países. NO BRASIL: Segundos dados do IBGE, no Brasil em 2021, 14,7% dos indivíduos têm 60 anos ou mais. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: Se trata de um processo progressivo com a redução funcional caracterizada pela senescência e pelo desenvolvimento de uma condição patológica definida como senilidade. Logo, SENESCÊNCIA + SENILIDADE = ENVELHECIMENTO. IDADE CRONOLÓGICA x IDADE BIOLÓGICA: A idade cronológica é a idade real do idoso, não sendo modificada. Já a idade biológica é a idade fisiológica determinada pela saúde e estado funcional, sendo influenciada pelo ambiente, pelas decisões e escolhas pessoais como por exemplo o tabagismo, consumo de álcool, atividade física, alimentação, etc. LEIS, DIREITOS, DATAS, SOBRE A SAÚDE DO IDOSO: • Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003 • Dia Mundial do idoso – 1º de outubro • OMS – Década do envelhecimento saudável (2020-2030) • Direito à saúde e alimentação • Aumentar oportunidades para uma boa nutrição COMO AVALIAR O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: Uma forma de avaliar o envelhecimento populacional é por meio das pirâmides etárias que mostra a quantidade de pessoas segundo a faixa etária e sexo. Outro indicador para avaliar o envelhecimento é o aumento da expectativa de vida que se da pelo avanço da ciência, aumento da atividade física, desenvolvimento do saneamento básico e quedas nas taxas de fecundidade e mortalidade. OBS: O aumento da expectativa de vida nos mostra a necessidade de uma maior atenção aos setores econômicos, sociais e de assistência à saúde. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: Ocorre devido aos fatores genéticos e ambientais que levam a alterações fisiológicas como: • redução do colágeno e consequente redução da elasticidade da pele e rugas • Embranquecimento dos cabelos Percepção sensorial: • Redução do olfato – Acarreta em menor detecção de alimentos estragados e é agravado pelo uso de medicamentos e deficiência de zinco. Com isso, aumenta-se o risco de doenças transmitidas por alimentos (DTA) e perda de apetite. • Redução do paladar – A disgeusia é a denominação dada para alterações de sensação do paladar. A diminuição das papilas gustativas em idosos acarreta em uma menor sensibilidade de gostos primários e é agravado pelo uso de medicamentos, problemas dentários, infecções respiratórias e de ouvidos. Com isso, pode ocorrer perda de apetite, uso excessivo de sal e açúcar. • Redução da audição – Acarreta em distúrbios de comunicação, dificuldade de compreensão de orientações nutricionais e para saúde. • Redução visual – Acarreta em dificuldade para leitura e dificuldade na compra e nos preparos dos alimentos. Estratégias: Uso de ervas, temperos e molhos para realçar o sabor além da inclusão de alimentos com cores vivas e diferentes texturas. Alterações gastrointestinais: • Capacidade de mastigação - suas causas são cáries, doenças periodontais, uso de prótese total ou parcial, prótese mal adaptada e ausência de dentes. As consequências são o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados ricos em carboidratos, sódio e gordura e redução de alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais como frutas e hortaliças. • Redução do fluxo de saliva (xerostomia) - relacionado ao uso de medicamentos e que pode dificultar a fala, mastigação, mordida e deglutição. Também, a saliva se torna mais espessa podendo dificultar o consumo de alimentos mais secos, logo, é preferível alimentos úmidos como frutas descascadas e vegetais cozidos, carnes cozidas e molhos de carnes. • Mucosa oral se tona mais lisa, fina e seca tornando os idosos mais sensíveis a temperaturas extremas (gelada ou quente). • Alterações esofágicas - podem levar ao refluxo gastroesofágico que é o fluxo retrógrado de suco gástrico e/ou conteúdos duodenais para o esôfago. As causas são a diminuição do fluxo salivas e da secreção de bicarbonato, menor motilidade esofágica, relaxamento do esfíncter esofágico, hérnia hiatal, aumento do tempo de esvaziamento gástrico e obesidade. As estratégias consistem em uma alimentação facionada e em pequenos volumes, redução do consumo de café, refrigerantes, chocolate e alimentos gordurosos. • Dificuldade de deglutição (disfagia) - pode acarretar em desnutrição, perda de peso, aspiração dealimentos ou líquidos e pneumonia aspirativa. As estratégias consistem em alimentos mais espessos (sopas, cremes e vitaminas) e uso de espessantes em bebidas. Consequências das alterações gástricas: Diminuição da produção de secreção gástrica devido a atrofia das células parietais (responsáveis pela secreção do HCL e fator intrínseco) que acarreta na menor absorção de cálcio, ferro e zinco. Diminuição do fator intrínseco e consequente menor absorção de vitamina B12 Diminuição do HCL que leva ao supercrescimento bacteriano (H. puylori) Isso de medicamentos com bloqueadores de H2 e inibidores de bomba de prótons que causam menor biodisponibilidade dos nutrientes Aumento do tempo de esvaziamento gástrico e consequente perda de apetite e sensação prolongada de saciedade Estratégias: Alimentação facionada e em pequenos volumes, redução do consumo de alimentos gordurosos e concentrados. Alterações intestinais: As causas são mudanças na alimentação relacionadas à idade, uso de medicamentos e estilo de vida. Suas consequências são o aumento do estado inflamatório, diminuição do funcionamento imunológico e das células da mucosa. • Intolerância à lactose: Causada pela atrofia da mucosa intestinal e consequente redução da lactase. A estratégia é a inclusão de leite isento ou com teor reduzido de lactase. • Constipação intestinal: Causada pela menor motilidade intestinal, mas também por alimentação pobre em fibras, baixa ingestão de água e líquidos, sedentarismo e medicamentos. Alterações na fome, saciedade e sede: Também conhecida como “anorexia do envelhecimento”, ocorre pela maior secreção de hormônios anorexígenos (promotores da saciedade) que são PYY, GLP-1 e colecistoquinina (CCK) além da menor secreção de hormônios orexígenos (promotores da fome) como a grelina. As consequências são o aumento da sensação de saciedade e plenitude e perda de apetite que podem levar a ingestão inadequada de nutrientes. A menor sensibilidade a sede ocorre por uma disfunção cerebral e menor sensibilidade dos osmorreceptores acarretando em risco de desidratação. Alterações na composição corporal: Menor produção de testosterona e hormônios do crescimento + DCNT + alimentação inadequada + inatividade física influenciam diretamente na composição corporal que consiste em: Redução acentuada de massa magra e aumento da gordura corporal – O aumento de gordura geralmente é maior na região abdominal que está associada ao maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes e síndrome metabólica além da obesidade sarcopênica. Menor estatura – Devido ao achatamento de discos intervertebrais, redução do tônus muscular e arqueamento dos membros inferiores. Menor densidade mineral óssea (DMO) – as principais causas são menopausa, diminuição da testosterona, alteração no metabolismo de cálcio e da vitamina D. Isso pode acarretar em osteoporose Alterações nas funções dos órgãos: • Cardiovasculares: O coração apresenta menor capacidade contrátil devido a hipertrofia do ventrículo esquerdo. As artérias e vasos sofrem aumento da rigidez e menor elasticidade acarretando em uma maior resistência periférica e consequente aumento da pressão arterial. OBS: É preciso ficar atento ao consumo de sódio e gorduras. • Renais: Redução da Taxa de filtração glomerular (TFG) que acarreta em diurese e risco de desidratação. É afetado pelo uso de medicamentos como diuréticos e antibióticos além do consumo excessivo de proteínas que pode agravas a TFG. É muito comum em idosos a poliúria noturna. OBS: É preciso ficar atento ao consumo de água, proteína, sódio e potássio. • Hepáticas e vesícula biliar: O fígado apresenta menor volume e fluxo sanguíneo e menor eficiência na biotransformação dos fármacos que pode acarretar em intoxicação por medicamentos. Também, apresenta uma menor síntese proteica, colesterol e secreção biliar. Já a bile tem um aumento do índice litogênico e consequente pré-disposição a formação de cálculos. OBS: É preciso ficar atento ao consumo de gorduras e vitaminas lipossolúveis. • Pâncreas: Ocorre exaustão das células beta que levam a menor secreção de insulina podendo acarretar em uma intolerância à glicose. Outros fatores são alteração nos receptores de insulina nos tecidos podendo levar a resistência a insulina. OBS: É preciso ficar atento ao consumo de carboidratos especialmente do açúcar de adição. • Neurológicas: O menor numero de neurônios e síntese de neurotransmissores pode levar ao comprometimento da memória, reflexos, coordenação, equilíbrio e habilidade de aprendizagem. O comprometimento cognitivo é uma das principais causas de morbidade e incapacidade. • OBS: É preciso ficar atento a omissão das refeições, perda da capacidade de mastigação e deglutição. Também, atenção ao consumo de algumas substâncias precursoras de neurotransmissores como colina, tirosina e triptofano, ômega 3, vitamina E e selênio. NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA IDOSOS Aspectos que devem ser levados em consideração: o Composição corporal o Digestão, absorção e metabolismo de nutrientes o Menor necessidades energéticas – Muito relacionada a menor quantidade de massa magra o Menor gasto energético o Menor taxa metabólica basal (TMB) MACRONUTRIENTES Recomendações da BRASPEN (2019) Proteínas: 1,0 a 1,5 g/kg/dia Objetivo: Compensar a perda gradual e progressiva da massa magra, força e performance muscular e o catabolismo em condiçoes inflamatórias, principamente em idosos com perda de apetite e baia ingestão alimentar. Priorizar aminoácidos indispensáveis (ex: leucina) e proteínas de rápida absorção (carnes, ovos e leite). Fibras: 25 g/dia O consumo deve ser associado a adequada ingestão de líquidos. Obbjetivo: Estimular a motilidade e reduzir a constipação intestinal, favorecer o controle glicêmico e do peso corporal. Recomendações de macronutrientes: OBS: Utilizar as recomendações da AMDR exceto para açúcar (utiliza a do guia). LÍQUIDOS A necessidade varia de acordo com o nível de atividade física, temperatura do ambiente e uso de medicamentos. A sensação de sede em idosos é comprometida principalmente pelo uso de medicamentos o que pode levar a desidratação. É preciso avaliar as condições clínicas específicas como insuficiência renal e cardíaca que muitas vezes pode levar a restrição de ingestão de líquidos. Deve-se estimular a ingestão de água potável, aromatizada, leite, sucos de frutas e smoothies além de moderar o consumo de café. Ingestão adequada (IOM): Homens: 3,7 L/dia → 3,0 L/dia provenientes de água e bebidas (13 copos) Mulheres: 2,7 L/dia → 2,2L/dia provenientes de água e bebidas (9 copos) MICRONUTRIENTES Vitamina B6, folato e vitamina B12: A diminuição da ingestão dessas vitaminas leva a um aumento da homocisteína (marcador de DCV) acarretando em doenças cardiovasculares e perda de função cognitiva. Além disso, a gastrite atrófica (atrofia das células parietais) leva a diminuição do fator intrínseco e consequentemente a menor absorção de vitamina B12, podendo acarretar em anemia perniciosa. Baixas concentrações de folato e vitamina B12 de forma conjunta tem como característica a anemia megaloblástica. Fontes: ✓ Vitamina B6: Carne vermelha, leite, vísceras, abacate, banana e cereais integrais. ✓ Folato: Carne vermelha, vísceras, alface, agrião, brócolis, couve e leguminosas. ✓ Vitamina B12: Carne vermelha, vísceras, peixe, leite e ovos. Vitamina A: É fundamental para manutenção da saúde óssea, tecido epitelial, função imune e antioxidante. Sua menor ingestão é devido a restrição de alimentos de origem animal e dificuldade de mastigação de frutas e hortaliças. Fontes: ✓ Animais: fígado, gema de ovo, leite, manteiga, atum, queijo e creme de leite. ✓ Vegetais: Hortaliças e frutas de cores amarela,verde, vermelha e alaranjada. Vitamina C: É um antioxidante e auxilia na cicatrização de feridas. A baixa ingestão é comum em idosos edentados, com demência e/ou que moram em casa de repouso. Fontes: ✓ Vegetais e frutas, principalmente cítricas. Vitamina E: É antioxidante, anti-inflamatória e auxilia na função cognitiva. O baixo consumo ocorre devido a restrição de alimentos gordurosos. Fontes: ✓ Óleos vegetais (soja, milho, girassol), azeite de oliva, oleaginosas, linhaça, manteiga e gema de ovo. Vitamina K: É importante na coagulação sanguínea e na prevenção de fraturas ósseas. O baixo consumo é devido a restrição de alimentos gordurosos. Fontes: ✓ Abacate, óleos vegetais, folhas verde-escuras (agrião, brócolis, couve, rúcula), gema de ovo e vísceras (fígado, coração). Vitamina D: É extremamente importante para manutenção da saúde óssea, função cognitiva, prevenção de doenças infecciosas, autoimunes, câncer, DCV e metabólicas. A diminuição da síntese cutânea, presença de doenças hepáticas e insuficiência renal levam a menor conversão em sua forma ativa (calcitriol). Além disso, em idosos institucionalizados e acamados a exposição solar é menor. Fontes: ✓ Leite, manteiga, gema de ovo, sardinha, atum, salmão, óleo de fígado de peixe. Cálcio: Importante para manutenção da saúde óssea e prevenção de DCNT. Ocorre devido a baixa ingestão de leite e derivados devido a presença de intolerância a lactose ou por precaução com o teor de lipídeos. Também, a menor absorção nesse nutriente pode levar a acloridria e deficiência de vitamina D e, em mulheres, a menopausa e consequente queda de estrogênio leva ao aumento do PTH e diminuição de cálcio nos ossos. Fontes: ✓ Leite e derivados, agrião, brócolis, couve, rúcula, linhaça e oleaginosas. Ferro: A deficiência de ferro pode levar a anemia ferropriva o que é um grande fator para o aumento da mortalidade. A menor absorção pode levar a acloridria. A perda de apetite, dificuldade de mastigação ou menor ingestão de alimentos fontes são possíveis causas da deficiência. Em idosos pode haver essa deficiência também por alterações na hemoglobina e efeitos de medicamentos. Fontes: ✓ Carne vermelha, vísceras, agrião, almeirão, feijão, lentilha e oleaginosas. Zinco: Fundamental para regulação do sistema imune, ação antioxidante, anti-inflamatória e na cicatrização. Sua menor absorção pode levar a acloridria. Perda de apetite, dificuldade de mastigação ou menor ingestão de alimentos fontes podem causar a deficiência. Fontes: ✓ Carne vermelha, aves, fígado, ostras, aveia, gergelim, linhaça e oleaginosas. Sódio: Importante na manutenção do volume e da osmolaridade plasmática, equilíbrio ácido-basico, absorção de nutrientes, contração muscular e transmissão nervosa. A alta ingestão de sódio está relacionada com o aumento da pressão arterial e perda mineral óssea. Modificações no equilíbrio hidroeletrolítico e uso de medicamentos podem levar a hiponatremia e danos neurológicos. Fontes: ✓ Sal, alimentos ultraprocessados, caldos concentrados, conservas, enlatados, ebutidos, queijos e pães. Potássio: Importante na regulação da síntese proteíca e glicogênio, equilíbrio ácido-básico, transmissão nervosa e contração muscular. Vômitos, diarreia, uso de diuréticos espoliadores de potássio podem levar a hipotassemia, fraqueza muscular e arritmia cardíaca. Fontes: ✓ Frutas, hortaliças, legumes e leguminosas. Magnésio: Cofator de reações enzimáticas, metabolismo energético e ósseo, sistema neuromuscular e balanço hidroeletrolítico. A menor absorção e aumento da excreção são causas da deficiência. O uso de laxantes e antiácidos a base de magnésio podem levar a hipermagnesemia. Fontes: ✓ Vegetais verde-escuros, legumes, peixes, oleaginosas, leite e derivados, leguminosas, cereais integrais e cacau. Alguns micronutrientes apresentam um aumento na recomendação em comparação com os adultos: Outros micronutrientes apresentam uma diminuição da recomendação: AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO IDOSO Avaliação do consumo alimentar ✓ Consumo de energia, macro, micronutrientes e líquidos de acordo com a AMDR e EAR/AI ✓ Consumo de alimentos processados e ultraprocessados ✓ Consumo de grupos de alimentos ✓ Consumo de alimentos com fatores antinutricionais – idosos já possuem uma grande diminuição absortiva naturalmente ✓ Numero e qualidade das refeições – idosos apresentam naturalmente perda de apetite Avaliação antropométrica Importante lembrar que idosos apresentam redução da massa magra e aumento da gordura corporal. Esse ponto de corte é mais sensível para identificar desnutrição que é um grande fator de mortalidade nessa faixa etária. Exame clínico e físico Auxilia na identificação de sinais e sintomas físicos decorrentes de alterações nutricionais. O principal intuito é identificar a desnutrição energético-proteica e deficiência de micronutrientes. ✓ Anamnese clínica (presença de doenças e uso de medicamentos ✓ Estilo de vida (atividade física e sono) ✓ Identificar limitações sensórias, físicas e cognitivas ✓ Estado geral de saúde, consciência, saúde emocional, funcional e cognitiva Avaliação bioquímica CONDUTA NUTRICIONAL NAS SÍNDROMES GERIÁTRICAS Síndromes Geriátricas: São condições de saúde complexas, prevalentes em pessoas idosas, especialmente naquelas mais frágeis, que não se enquadram em categorias de doenças definidas e frequentemente são consequências de múltiplos fatores adjacentes e afetam vários sistemas orgânicos (OMS, 2015). Sarcopenia – Redução da massa muscular relacionada com o envelhecimento, associada a redução da força e /ou função. Acarreta em transtornos de mobilidade, maior risco de quedas e fraturas, dificuldade de realização de atividades diárias, perda de independência e aumento do risco de morte. Acontece mais em mulheres pois as mesmas tendem a ter uma perda de massa muscular mais antecipada que os homens. Está relacionada a três condições: Conduta nutricional: Proteínas: 1,0 – 1,5 g/kg/dia distribuídos nas 3 refeições principais. Optar por proteínas de maior digestibilidade, biodisponibilidade e com aminoácidos indispensáveis. Suplementação: Apenas em casos de sarcopenia avançada (caseína, proteínas do soro do leite, leucina) Vitamina D: Dosar o calcidiol e realizar suplementação em casos de deficiência Nutrientes antioxidantes: Vitamina A, C, E e selênio Ômeg-3: Incluir alimentos fonte como atum, sardinha e linhaça. Estratégias: Delirium: Síndrome cerebral orgânica sem etiologia específica caracterizada pela presença simultânea de perturbações da consciência e da atenção, da percepção, do pensamento, da memória, do comportamento psicomotor, das emoções e do ritmo sono-vigia. Pode ser consequência do uso de múltiplos medicamentos (polifarmácia), processos infecciosos, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares e doenças cerebrovasculares. Conduta nutricional: Manutenção da hidratação Alimentação adequada de acordo com as necessidades energéticas, de macro e micronutrientes. Demência – É um comprometimento cognitivo, adquirido e progressivo, que compromete as atividades diárias. A doença de Alzheimar é a causa mais comum da demência em idosos, responsável por 50-60% dos casos. Conduta nutricional: Alimentação variada, contemplando todos os grupos Redução do consumo de alimentos ricos em ácidos graxos saturados e trans Adequação das concentrações séricas de vitamina D Manutenção do peso adequado Redução no consumo de alimentos ricos em AGEs (produtos finais de glicosilação avançada): Manteiga, margarina, carnes submetidas ao calor seco (fritar, assar, grelhar), queijos, alimentos ultraprocessadosDepressão – Sindrome psiquiátrica caracterizada por redução do humor, perda do interesse ou prazer e alterações do funcionamento biológico, que pode durar meses a anos. Pode estar associada aos seguintes fatores: Diabetes, câncer, doenças cardiovasculares, deficiência funcional aumentada, morbidade, mortalidade e uso aumentado de serviços de saúde. INTERAÇÃO FARMACO-NUTRIENTES EM IDOSOS A presença de doenças crônicas em idosos e a utilização de diversos fármacos (polifarmácia) pode levar a efeitos adversos e aumentar a interação fármaco nutriente. Polifarmácia: É o uso rotineiro e concomitante de quatro ou mais medicamentos (com ou sem prescrição médica) por um paciente. (OMS, 2017) Uso de fármacos em idosos: Um problema comum é a automedicação que pode levar ao consumo excessivo de laxativos, anti-histamínicos, vitaminas, minerais, analgésicos e antiácidos. Isso pode levar a efeitos adversos no estado nutricional como redução na absorção de nutrientes e no apetite. Interação fármaco-nutriente: Pode aumentar ou diminuir absorção. As alterações podem ser fisiológicas e fisiopatológicas. Alguns medicamentos podem ser consumos juntamente com os alimentos, por exemplo, os anti- inflamatórios tomados junto com alimento a fim de minimizar a irritação da mucosa gástrica. Também existem medicamentos que não podem ser administrados juntos pois a alimentação pode aumentar o pH e consequentemente reduzir a absorção de alguns medicamentos. Além disso, pode observar menor velocidade do esvaziamento gástrico, aumentar a motilidade intestinal, competição por sítio de absorção, entre outros. MICROBIOTA INTESTINAL EM IDOSOS Microbiota intestinal: Se trata de uma coleção de microrganismos que vivem no intestino, benéficos ou não. Simbiose intestina: É a relação benéfica entre os microrganismos do intestino e o hospedeiro. Essa relação é responsável pela inibição de microrganismos patogênicos por meio da estimulação de compostos antimicrobianos, competição por nutrientes e por sítios de adesão. Além disso, a microbiota intestinal está muito relacionada com a modulação do sistema imune estimulando o sistema de defesa do hospedeiro. A composição da microbiota intestinal varia de individuo para individuo, porém, os mais comuns são firmicutes e bacteroidetes. Alguns estudos mostram que indivíduos com sobrepeso e obesidade apresentam uma menor quantidade de bacteroidetes. Em idosos naturalmente ocorre um aumento de bactérias patogênicas e redução das bactérias protetoras e benéficas, caracterizando uma disbiose intestinal. A preferencia de alimentos ultraprocessados em idosos pode piorar o caso de disbiose intestinal. Algumas estratégias são o uso de probióticos, prebioticos e simbióticos. ALIMENTOS FONTES: • Probióticos: Iogurtes, yakults, kefir, kombuchá. • Prebióticos: Cebola, alho, tomate, banana, cereais integrais como aveia, cevada e trigo. • Simbióticos: Além da ombinação de alimentos probióticos e prebioticos, é vendido em capsulas. PLANEJMANETO ALIMENTAR DO IDOSO Ao elaborar um plano alimentar para o idoso, deve-se considerar: • Alterações fisiológicas • Estado nutricional • Presença de doenças • Presença de alterações cognitivas e funcionais (grau de independência do idoso) • Nutrientes com maior risco de deficiência: Proteínas, fibras, cálcio, ferro, zinco, folato, vitaminas A, d, c e B12 • Consumo de líquidos (idosos apresentam maior risco de constipação intestinal) • Uso de medicamentos • Aspetos socioeconômicos • Aspectos culturais e religiosos
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