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DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS Me. Roberto Fonseca GUIA DA DISCIPLINA 1 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. LEGISLAÇÃO – OBRIGAÇÕES DO ESTADO E DA ESCOLA PARA COM O DEFICIÊNTE MÚLTIPLO. Objetivo: Conceituar a legislação acerca das deficiências primárias, múltiplas e obrigações do Estado e da escola para com essas pessoas, sinalizando regras e orientações para promoção dos direitos e liberdades dos deficientes, com o objetivo de garantindo a essas pessoas inclusão social, cidadania e condições de acesso à educação e saúde. Introdução: Segundo o MEC (Ministério da Educação), a deficiência física engloba uma diversidade de “condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobilidade, de coordenação motora global ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas ou, ainda de malformações congênitas ou adquiridas” (BRASIL, 2000 p.16). O processo conceitual do termo “deficiência” surgiu com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) em 1983, com o intuito de codificar padrões, padronizando uma linguagem em comum. Em 1976, a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificou acerca de “Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens” (CIDID). Em 2003, com a intenção de atualizar as concepções, a OMS publicou um novo modelo de classificação “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A legislação brasileira no título III, seção I da Educação, art. 208 dita que: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 1.1. Leis de suporte ao deficiente Segundo o artigo 4 do capítulo I do Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, é considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: I – deficiência física – alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, 2 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II – Deficiência auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; a) de 25 a 40 decibéis (dB) – surdez leve; b) de 41 a 55 dB – surdez moderada; c) de 56 a 70 dB – surdez acentuada; d) de 71 a 90 dB – surdez severa; e) acima de 91 dB – surdez profunda; e f) anacusia; 167 III – Deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; IV – Deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e h) trabalho; V – Deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências. Segundo o anexo do Plano Nacional de Educação, a Constituição Federal define o direito de pessoas com necessidades especiais receberem educação preferencialmente na 3 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância rede regular de ensino (art. 208, III). A diretriz atual tem pressuposto de ser de integração dessas pessoas em todas as áreas da sociedade, ou seja, em suma, assegura o direito à educação, comum a todas as pessoas, e o direito de receber essa educação sempre que possível nas escolas “regulares”. É importante apontar que a legislação, determina preferência para essa modalidade de atendimento educacional, ou seja, proporcionando a inclusão do deficiente, entretanto ressalvando os casos de excepcionalidade em que as necessidades do aluno exigem outras formas de atendimento. Tem-se indicado três situações possíveis para a organização do atendimento: participação nas classes comuns, de recursos, sala especial e escola especial. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 10% da população possuem necessidades especiais, sendo estas de diversas ordens: “visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e também superdotação ou altas habilidades”. Transferindo essa estimativa de 10% para território nacional, a quantificação é em média de 15 milhões de pessoas com necessidades especiais. Apesar desse número exacerbado de pessoas, as quantificações numéricas de matrícula nos estabelecimentos escolares são baixas, não permitindo qualquer confronto com aquele contingente. Em 1998, havia 293.403 alunos, distribuídos da seguinte forma: 58% com problemas mentais; 13,8%, com deficiências múltiplas; 12%, com problemas de audição; 3,1%, de visão; 4,5%, com problemas físicos; 2,4%, de conduta. Apenas 0,3% com altas habilidades ou eram superdotados e 5,9% recebiam “outro tipo de atendimento” (Sinopse Estatística da Educação Básica/Censo Escolar 1998, do MEC/Inep). Segundo a Legislação Brasileira sobre Pessoas Portadoras de Deficiência – 5ª edição, as tendências recentes dos sistemas de ensino são: Integração/inclusão do aluno com necessidades especiais no sistema regular de ensino e, se isto não for possível em função das necessidades do educando, realizar o atendimento em classes e escolas especializadas; Ampliação do regulamento das escolas especiais para prestarem apoio e orientação aos programas de integração, além do atendimento específico; A clientela; 4 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Expansão da oferta dos cursos de formação/especialização pelas universidades e escolas normais. O crescimento das matrículas de pessoas portadoras de necessidades especiais, tem aumentado nos últimos tempos, porem o déficit ainda é muito grande e constitui um grande desafio para os sistemas de ensino, pois diversas ações devem ser realizadas ao mesmo tempo. Nesse cenário, destacasse: [..] a sensibilização dos demais alunos e da comunidade em geral para a integração, as adaptações curriculares, a qualificação dos professores para o atendimento nas escolas regulares e a especialização dos professores para o atendimento nas novas escolas especiais, produção de livros e materiais pedagógicos adequados para as diferentes necessidades, adaptação das escolas para que os alunos especiais possam nelas transitar, oferta de transporte escolar adaptado, etc. (BRASIL, 2009). Segundo as diretrizes do Plano Nacional de Educação, a educação especial deve ser destinada apenas às pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem, sejam essas deficiências originadas de qualquer deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, ou de características como altas habilidades, superdotação ou talentos. A integração de pessoas com necessidades especiais em ensino regular (inclusão) é uma diretriz constitucional (art. 208, III) há pelo menos uma década, entretanto, apesar do longo período, ainda não produziua mudança necessária na realidade escolar. Tal política abrange o âmbito social e o âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos - adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos - quanto na qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos (BRASIL, 2009). Segundo as diretrizes do Plano Nacional de Educação, levando em consideração as questões envolvidas no desenvolvimento e na aprendizagem das pessoas com necessidades especiais, a articulação e a cooperação entre os setores de educação, saúde e assistência é fundamental, e potencializa a ação de cada um deles. O atendimento não se limita à área educacional, mas envolve diversas especialidades da área da saúde e da psicologia e depende do trabalho em conjunto de diferentes órgãos do poder público, assistência e promoção social, inclusive em termos de recursos (BRASIL, 2009). 5 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Realizar leitura da LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA 5ª EDIÇÃO – Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2521/legislacao_p ortadores_deficiencia_5ed.pdf?sequence=7 http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2521/legislacao_portadores_deficiencia_5ed.pdf?sequence=7 http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2521/legislacao_portadores_deficiencia_5ed.pdf?sequence=7 6 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. FUNDAMENTOS DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDO CEGUEIRA: DEFINIÇÃO, FATORES, CAUSAS E PREVENÇÃO Objetivo: Introduzir o estudo das deficiências múltiplas, apresentar algumas definições de diferentes autores, pesquisar sobre o cenário expondo exemplos de deficiência múltipla na atualidade e buscar informações sobre fatores, causas, prevenções e inclusão na sociedade. Introdução: O termo deficiência múltipla é designado às pessoas que têm mais de uma deficiência, como o quadro é bastante diversificado são criadas algumas definições como as citadas abaixo: O documento do MEC intitulado “Educação infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem - deficiência múltipla” (2006) apresenta o seguinte conceito: O termo deficiência múltipla tem sido utilizada, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas. (MEC-SEESP, 2006, p. 11). E também, Carvalho (2000), propõe a seguinte definição: Deficiência Múltipla é a expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social. (CARVALHO, 2000, p. 47) Alguns autores acreditam que a deficiência múltipla pode ser constituída através de uma só deficiência, grave, que acarrete consequências em outas áreas. 2.1. Exemplos e características de deficiências múltiplas Um dos exemplos é apresentado por Carvalho (2000, p. 47), quando comenta a respeito da deficiência do funcionamento da tireoide em bebês. Esclarece que se o bebê não receber o tratamento adequado pode vir a ser afetado em diversas áreas do 7 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância desenvolvimento, entre elas: intelectual, psicomotora, de comunicação, etc., portanto, se tornará um deficiente múltiplo. Para conceituar a surdo-cegueira encontramos também divergências. Enquanto alguns a consideram também uma deficiência múltipla outros a descrevem como sendo uma deficiência única. Rocha (2016, p. 8) apresenta o conceito adotado no Individual with Disabilities Education Act (IDEA), órgão americano que define a deficiência múltipla como sendo “deficiências concomitantes ou simultâneas”, apontando a associação entre deficiências intelectuais, sensoriais ou físicas. O órgão citado não considera a surdo-cegueira como sendo deficiência múltipla considerando-a como um tipo de deficiência, por se tratar de uma ocorrência estritamente sensorial. O autor Lagatti citado por Bosco define a surdo-cegueira da seguinte forma: Surdo-cegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença, uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo. (LAGATTI apud BOSCO, 2010, p. 8) Para se caracterizar a pessoa com deficiência múltipla é necessário que se comprove a existência de duas ou mais deficiências (psíquicas, físicas e sensoriais) que não sejam dependentes entre si, ou seja, elas existem e não são desdobramentos de uma delas. Segundo Carvalho (2000, p. 54-55), a deficiência múltipla envolve diferentes dimensões, que são: FÍSICA E PSÍQUICA Deficiência física associada à deficiência mental. Deficiência física associada aos transtornos mentais. Deficiência auditiva associada à deficiência mental. Deficiência visual associada à deficiência mental. 8 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância SENSORIAL E PSÍQUICA Deficiência auditiva associada aos transtornos mentais SENSORIAL E FÍSICA Deficiência auditiva associada à deficiência física. Deficiência visual associada à deficiência física. FÍSICA, PSÍQUICA E SENSORIAL Deficiência física associada à deficiência auditiva e à deficiência mental. Deficiência física associada à deficiência visual e à deficiência mental. Deficiência física associada à deficiência auditiva e deficiência visual. Com relação aos indivíduos Surdo-cegos, Bosco (1999) apresenta uma subdivisão em quatro categorias encontrada nos estudos de McInnes. Vamos a elas: A 1 Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos 2 Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos 3 Indivíduos que se tornaram Surdo-cegos 4 Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdo-cegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo. (MCINNES apud CARVALHO, 2010, p. 8) A organização proposta por McInnes faz ainda algumas considerações referentes ao diagnóstico dos Surdo-cegos e as consequências: [...] muitos indivíduos com surdo-cegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiências associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em Surdo-cegos Congênitos ou Surdo-cegos Adquiridos. E dependendo da idade em que a surdo-cegueira se estabeleceu pode- se classificá-la em Surdo-cegos Pré-linguísticos ou Surdo-cegos Pós-linguísticos (MCINNES apud CARVALHO, 2010). 2.2. Fatores e causas da deficiência múltipla e surdo cegueira Vamos falar agora dos fatores que são considerados responsáveis pelo nascimento de pessoas com deficiência múltipla ou surdo cegueira, mas inicialmente, acho importante localizar essas pessoas em nosso território: 9 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Fonte: http://participa.ma.gov.br/portal/conferencias-estaduais/239-da-populacao-brasileira-tem- deficiencia Segundo dados informados pelo Censo 2010, em termos numéricos, a presença da deficiência múltipla na população brasileira é menor, cerca de 14% da população total de deficientes.É importante conhecermos um pouco sobre as etiologias, ou seja, a origem das doenças que podem causar deficiências múltiplas em um indivíduo. Uma pessoa pode ser deficiente múltipla por conta de fatores ocorridos antes do nascimento, durante o parto ou por acontecimentos após o parto, ou nos anos seguintes de sua vida, como: acidentes e algumas doenças. 2.2.1. Fatores Pré-natais: vão desde a concepção do bebê até o início do trabalho de parto e os mais comuns são os seguintes: Ingestão de medicamentos pela mãe durante a gestação. Alguns medicamentos podem afetar o bebê em formação e causar desenvolvimento anormal. Erros inatos do metabolismo: distúrbios genéticos que podem culminar com má formação do feto (este pode nascer com deficiências graves e/ou outras disfunções). União consanguínea pode acarretar o nascimento de filhos com problemas metabólicos, deficiências físicas, mentais, sensoriais e, não raro, a combinação de algumas delas, resultando em deficiência múltipla. 10 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2.2.2. Fatores Peri-Natais: fatores que ocorrem do início do trabalho de parto até o 30º dia de vida do recém-nascido. A seguir temos a ocorrência mais comum: Anoxia: falta de oxigenação prolongada que lesiona o cérebro do bebê causando quadro de paralisia cerebral e/ou deficiência múltipla. 2.2.3. Fatores Pós-Natais: ocorrências após o nascimento e que se estendem nos anos seguintes de vida: Acidentes/traumas Tumores Doenças que podem causar inflamação nas células do cérebro Intoxicações O quadro abaixo, elaborado por Rocha (2016, p. 13) apresenta as principais doenças relacionadas a quadros de deficiência múltipla: DOENÇA POSSÍVEIS ASSOCIAÇÕES HIPOTIREOIDISMO Associado à lesão cerebral, deficiência mental, se não tratado a tempo. RUBÉOLA CONGÊNITA Associada à deficiência visual, auditiva e microcefalia, entre outras. SÍNDROME DE RETT Associada à deficiência mental, alterações neurológicas e motoras. CITOMEGALIA Citomegalia Associada a deficiências neurológicas, sensoriais e motoras. TOXOPLASMOSE Associada à hidrocefalia, deficiência motora e orgânica. SÍNDROME DE USHER Associada à perda auditiva estável e visual progressiva SÍNDROME DE ALSTROM Associada à perda visual precoce e auditiva progressiva SÍNDROME DE BARDEL-BIEDL Associada à perda visual progressiva, deficiência mental, perda auditiva. 11 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância SÍNDROME DE COCKAYNE Associada à perda progressiva visual e auditiva, deficiência mental, transtornos neurológicos. SÍNDROME DE FLYNN-AIRD Associada à perda visual e auditiva progressiva, deficiência mental. SÍNDROME DE HALLGREN Associada à perda visual e auditiva, deficiência mental, psicose. SÍNDROME DE KEARNS-SAYRE Associada à perda visual progressiva e auditiva, deficiência mental. ENFERMIDADE DE REFSUM Associada à perda visual e auditiva progressiva, deficiência física progressiva. É necessário um trabalho minucioso para identificar os fatores que levam o desenvolvimento da deficiência múltipla, assim, estaremos munidos de recursos que podem minimizar os posteriores efeitos provenientes das deficiências adquiridas ou associadas. Um trabalho de prevenção traz consigo informações que encaminharão o processo de reabilitação e de adaptação da pessoa com deficiência; como foi citado acima, alguns pesquisadores acreditam que as deficiências múltiplas podem ser efeito de uma só deficiência mais grave, essa concepção leva a um caminho de aprofundamento à uma deficiência especifica para identificar a sua real dimensão e o que poderia ser feito para diminuir os seus malefícios quando desenvolvida com muita gravidade por uma pessoa. Atentar-se aos sinistros que levam ao agravamento dos efeitos de determinadas deficiências é criar possibilidades de reverter muitos quadros insatisfatórios diante à pessoa com deficiência múltipla, é também trazer subsídios que melhorarão os caminhos no quadro geral de inclusão de projeto de vida das pessoas que englobam as camadas desse objeto de estudo. Ler artigo das pesquisadoras Maíra Gomes de Souza da Rocha e Márcia Denise Pletsch “Deficiência múltipla: disputas conceituais e políticas educacionais no Brasil”. Disponível em: http://r1.ufrrj.br/im/oeeies/wp- content/uploads/2016/10/ROCHA-E-PLETSCH-Deficiência-múltipla-okok.pdf Assistir vídeo da Professora Alzira Cândido Lopes “Deficiência Múltipla”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i7yEj40XPNU) http://r1.ufrrj.br/im/oeeies/wp-content/uploads/2016/10/ROCHA-E-PLETSCH-Deficiência-múltipla-okok.pdf http://r1.ufrrj.br/im/oeeies/wp-content/uploads/2016/10/ROCHA-E-PLETSCH-Deficiência-múltipla-okok.pdf 12 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. AS CONTRIBUIÇÕES LITERÁRIAS DE VYGOTSKI E A RELAÇÃO ENTRE AS DEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS COM A DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA Objetivo: Apresentar as teorias de Vygotsky que estabelecem a relação individuo/sociedade, as características humanas com enfoques qualitativos X quantitativos, deficiência primaria/secundária e deficiência X compensação social, levando a compreensão que quando o homem transforma o meio na busca de atender suas necessidades básicas, ele transforma-se a si mesmo. Introdução: As contribuições do psicólogo Lev S. Vygotsky para a educação especial, tem sido cada dia mais exploradas nos mais diversos campos de estudo da educação, no Brasil, a apropriação teórica do autor tem influenciado desde o início da década de 1980 (NUERNBERG, 2008). Suas análises sobre o papel da interação social na formação do psiquismo, suas contribuições para o estudo da relação desenvolvimento e aprendizagem e seus argumentos sobre o papel da educação no desenvolvimento psicológico são, com frequência, resgatados pelos pesquisadores da educação, que muitas vezes evidenciam controvérsias sobre a interpretação de sua obra (NUERNBERG, 2008). Em 1917, o período pós revolução industrial, acarretou a situação de milhares de crianças em situação de vulnerabilidade, grande parte delas, com deficiência. Com a proposta de resolver a essa questão social, o governo soviético solicitou que Vygotsky realizasse propostas educacionais coerentes a estas crianças, com o contexto político e social da época. Para atender a essas necessidades educacionais solicitadas pelo governo, em 1925, Vygotsky criou um laboratório de psicologia e deste originou o Instituto Experimental de Defectologia, em 1929, onde foi desenvolvido partes das pesquisas que serviram como base para os textos citados neste capítulo (NUERNBERG, 2008). 3.1. As contribuições de Vygotsky Segundo Nuernberg, é possível concentrar as principais teorias de Vygotsky a respeito do desenvolvimento e a educação da pessoa com deficiência a partir de três princípios: 13 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ENFOQUE QUALITATIVO X QUANTITATIVO Em texto redigido por Vygotsky (1997a), nota-se a argumentação critica referente a análise quantitativa da deficiência e rejeição acerca das abordagens direcionadas à medição de graus e níveis de incapacidade. Vygotsky faz sua proposta em vista de que as pessoas superem a noção do indivíduo com deficiência em relação ao pressuposto de normalidade, que analisem o aspecto qualitativo da deficiência. O autor investiga o funcionamento psíquico da condição da deficiência levando em consideração cada um com suas variáveis limitações (NUERNBERG, 2008). Sua teoria, direciona-se para a noção da diversidade humana: Jamás obtendremos por el método de resta la psicología de niño ciego, si la psicología del vidente restamos la percepción visual y todo lo que estávinculado a ella. Exactamente del mismo modo, el niño sordo no es un niño normal menos el oído y el lenguaje. (...) Así como el niño en cada etapa del desarrollo, en cada una de su fases presenta una peculiaridad cuantitativa, una estructura específica del organismo y de la personalidad, de igual manera el niño deficiente presenta un tipo de desarrollo cualitativamente distinto, peculiar (Vygotski, 1997a, p. 12). El niño ciego o sordo puede lograr en el desarrollo lo mismo que el normal, pero los niños con defecto lo logran de distinto modo, por un camino distinto, con otros medios, y para el pedagogo es importante conocer la peculiaridad del camino por el cual debe conducir al niño (Vygotsky, 1997a, p. 17). A investigação destas leis da diversidade, representou um grande salto para os estudos do desenvolvimento e da educação de crianças com deficiências, que até então, tendia a exigir dessas crianças, o mesmo desenvolvimento das demais de sala regular (NUERNBERG, 2008). DEFICIÊNCIA PRIMÁRIA X DEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA As deficiências não devem ser reduzidas aos seus componentes biológicos, em vista disto, Vygotsky distinguiu as deficiências em primária e secundária. A primária consiste em problemas de ordem orgânica, como déficit intelectual, disfunções parietais, físicas, cromossômicas, etc., enquanto a secundária engloba as consequências psicossociais da deficiência, tem como característica o não enraizamento ao contexto externo, ou seja, acontece devido ao isolamento das relações sociais e culturais características do entorno em que cada sujeito se insere (PICCOLO, 2009). Essas limitações secundárias, remete ao fato de a idealização cultural esta construída em função de um padrão de normalidade que cria barreiras físicas, educacionais e atitudinais para a inserção social e cultural da pessoa com deficiência (NUERNBERG, 2008). 14 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A partir desse contexto, Vygotsky critica enfaticamente a segregação social e educacional impostas para com as pessoas com deficiência. Segundo o autor, a redução do conteúdo de ensino escolar em comparativo aos conceitos aplicados é uma forma equivocada de organização das práticas educacionais da educação especial, ou seja, o que precisa ser aprimorado são as estratégias aplicadas de ensino para essas crianças e não o conteúdo que se aplica. A proposta de ensino voltada para os limites intelectuais e sensoriais acaba resultando na restrição das oportunidades de desenvolvimento da criança deficiente. DEFICIÊNCIA X COMPENSAÇÃO SOCIAL Segundo Vygotsky, as vias alternativas de desenvolvimento da pessoa com deficiência precisam estar correlacionadas a compensação social das limitações orgânicas e funcionais impostas pela condição do indivíduo. A compensação social a que se refere Vygotsky, tem como priori uma reação do sujeito diante da deficiência, “no sentido de superar as limitações com base em instrumentos artificiais, como a mediação simbólica” (NUERNBERG, 2008). Vygotsky induz a prática de que a educação crie novas oportunidades com a finalidade de que a compensação social se realize efetivamente, de modo planejado e objetivo, promovendo o processo de apropriação cultural por parte do educando com deficiência (NUERNBERG, 2008). Esses três princípios, não podem ser trabalhados isoladamente da ênfase na dimensão de um novo olhar de desenvolvimento psicológico que Vygotsky propõe através do conceito de Zona de desenvolvimento proximal (NUERNBERG, 2008). 3.2. A deficiência primária e a deficiência múltipla Como estudado anteriormente, aos conceitos de Vygotsky, as deficiências podem ser primárias ou secundárias e, para que um indivíduo seja caracterizado como deficiente múltiplo, segundo a legislação, ele precisa estar configurado em duas ou mais deficiências (primárias) que estejam relacionadas aos fatores, mentais, sensoriais ou físicos. Desde 2013, quando o autismo começou a ser entendido em seus determinantes genéticos e ambientais, o seu desenvolvimento e as múltiplas facetas, que afetam o desenvolvimento da criança desde cedo, dificultando as relações sócio- emocionais, passou a ser denominado como deficiência primária, que quando associada a outra deficiência, poderá ser considerada, múltipla. 15 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.3. O autismo e a deficiência múltipla Como citado anteriormente, desde 2013, o autismo passou a ser considerado uma deficiência primária, e quando associado a outra deficiência, pode ser considerado como múltipla. O termo “autismo” vem do grego “autos” que significa “próprio” ou “de si mesmo”. O autismo é uma distinção neurológia que se pressupõem que ocorre geneticamente, e que dê seus sinais antes dos 3 anos de idade. É um distúrbio do desenvolvimento da personalidade, afetando diretamente as interações sociais da criança, manifestando-se de variada forma dependendo do desenvolvimento do indivíduo e da sua idade cronológica. O autista tende-se a diferenciar-se uns dos outros, não somente pelo nível do distúrbio em si e de suas capacidades, mas também pela sua personalidade e interesses peculiares, normalmente originais e diferenciados. O autista pode apresentar um grave atraso mental, como também ser excepcionalmente dotado de suas faculdades intelectuais e acadêmicas. A diversidade e padrão de desenvolvimento são múltiplos, em alguns casos tem faculdades mais desenvolvidas nas áreas de música, outros com mecânica, outros com cálculos e alguns apresentam significante atrasos (SOUZA; SANTOS). Para ser considerado deficiência múltipla, o autismo pode ser associado a outra deficiência primária que envolva deficiência física, mental ou sensorial. É importante para o desenvolvimento do aluno autista com deficiência múltipla, além do acompanhamento médico especializado, que o professor faça uma anamnese, abaixo exemplificamos modelo, que poderá ser ampliado caso haja necessidade: Identificação: Escola: _________________________________________________________ Nome do aluno: ___________________________________________________ Sexo: _________________ Série: _________________ Idade: _____________ Nome do professor: _______________________________________________ Data do preenchimento: ____________________________________________ I – Aspecto físico- motor: 1. Apresenta dificuldades visuais? Sim ( ) Não ( ) 2. Apresenta dificuldades auditivas? Sim ( ) Não ( ) 16 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. Apresenta dificuldades ao falar? Sim ( ) Não ( ) Pronúncia: troca ou omite sons? Sim ( ) Não ( ) Ritmo: gagueja, fala aos soquinhos? Sim ( ) Não ( ) Entonação: fala baixo ou alto demais? Sim ( ) Não ( ) 4. Segura o lápis corretamente? Sim ( ) Não ( ) (entre o indicador e o polegar)? Sim ( ) Não ( ) 5. Apresenta dificuldades motoras para executar atividades como cobrir linhas, colorir dentro de um contorno? Sim ( ) Não ( ) II - Aspecto intelectual: 6. E capaz de expressar-se empregando sentenças organizadas logicamente (começo, meio e fim)? Sim ( ) Não ( ) 7. Consegue concentrar-se nas atividades de classe? Sim ( ) Não ( ) 8. Apresenta dificuldades para distinguir diferenças e semelhanças entre ruído? Sim ( ) Não ( ) E entre sons (discriminação auditiva)? Sim ( ) Não ( ) mais alto e mais baixo? Sim ( ) Não ( ) mais rápido e mais lento? Sim ( ) Não ( ) mais grave e mais agudo? Sim ( ) Não ( ) 9. Apresenta dificuldades para distinguir diferenças e semelhanças entre pessoas e objetos (discriminação visual): Sim ( ) Não ( ) quanto à forma? Sim ( ) Não ( ) quanto à cor? Sim ( ) Não ( ) quanto ao tamanho?Sim ( ) Não ( ) quanto à posição? Sim ( ) Não ( ) 10. Procura, espontaneamente, folhear e observar livros e revistas? Sim ( ) Não ( ) 11. Interessa-se por saber o significado de palavras escritas? Sim ( ) Não ( ) 12. É capaz de compreender e executar atividades de acordo com instruções dadas? Sim ( ) Não ( ) 13. E capaz de reter uma série de palavras ouvidas? Sim ( ) Não ( ) 14. E capaz de relembrar uma série de figu- ras vistas? Sim ( ) Não ( ) 15. E capaz de executar as atividades dentro 17 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância do prazo estabelecido? Sim ( ) Não ( ) III- Aspecto socioemocional 16. Comunica-se com os colegas? Sim ( ) Não ( ) 17. Brinca com os colegas? Sim ( ) Não ( ) 18. Participa espontaneamente dos jogos propostos pela professora? Sim ( ) Não ( ) 19. Com relação ao material comum, conse- gue partilhá-lo com os colegas? Sim ( ) Não ( ) 20. Respeita as regras dos jogos? Sim ( ) Não ( ) 21. Atende às ordens da professora durante as aulas? Sim ( ) Não ( ) 22. Atende às ordens ou orientações dadas pelos funcionários da escola (no recreio, no pátio, etc.)? Sim ( ) Não ( ) Sugestão de ficha descritiva para verificação de comportamento de entrada ou de desempenho do Período Preparatório. Data: __________________________________________________________ Escola: _________________________________________________________ Professor: _______________________________________________________ Aluno: __________________________________________________________ Sexo: _______________ Data de nascimento: __________________________ Idade: _________________ Endereço Rua: ___________________________________________________ Cidade: ____________________ Tipo de moradia: _____________________ Nº de pessoas da família: _________________________________________ Responsável: ____________________________________________________ Endereço de trabalho: _____________________________________________ Telefone: _____________________________ Celular: ____________________ 1. Entrevista com pais ou responsáveis: 1.1. Aspectos relativos à saúde (alimentação, vestuário, etc.) ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________medicamentos:_____________ ________________________________________________________________________ 18 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ________________________________________________________________________ ________________________________ 1.2 aspectos relativos à sociabilização na família- (com pais, irmãos e amigos) ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ Na escola - (na sala de aula e no recreio) ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 1.3 antecedentes escolares: Seu relacionamento com professores, com colegas: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ Seu desempenho nas atividades escolares ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2. Observações do Professor sobre: 2.1 esquemas corporal, se o aluno reconhece e utiliza adequadamente: Cabeça e suas partes e/ou órgãos ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ 19 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Tórax e os tipos de respiração ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Braços e seus movimentos ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Abdômen e suas funções ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Pernas e seus movimentos ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Pernas e braços, movimentos coordenados e equilíbrio ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ 2.2 a orientação espacial, se domina os conceitos de perto, longe, em cima, embaixo, ao lado, subir, descer, etc. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.3 a orientação temporal, se domina os conceitos de dia, noite, manhã, tarde, semanal etc. 20 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.4 a audição, se percebe ruídos, sons, vozes, etc. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________2.5 a visão (aplicar o teste de acuidade visual Snellen) ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.6 a percepção olfativa, se percebe perfumes, odores de alho, cebola, vinagre, maça, etc. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.7 a percepção gustativa, se percebe sabores: doce, salgado, azedo, amargo, ardido, etc ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.8 a percepção tátil, se percebe frio e quente, áspero e liso, duro e mole, etc ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 21 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 2.9 as percepções intuitivas, se reconhece formas, cores, tamanho e posições ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 3. A linguagem oral: pedir para o aluno falar seu nome, seu endereço, nome dos colegas, nomes de frutas, de alimentos, etc., observando sua pronuncia, sua articulação ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 4. As operações cognitivas: se o aluno é capaz de ordenar, seriar, classificar, analisar, sintetizar ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________ 22 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. O NASCIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA Objetivo: Conhecer como a criança com deficiência múltipla é recebida pela família no primeiro momento após o nascimento, identificar as dúvidas e etapas pelas quais essa família percorrerá, discutir sobre a estimulação precoce. Introdução: Vendrusculo, em sua dissertação intitulada “A descoberta da deficiência do filho: o luto e a elaboração dos pais”, descreve da seguinte forma: No espaço de tempo que envolve o anúncio de uma gravidez até a chegada do bebê, os pais fazem uma série de planos para o futuro do seu filho. Colocam-se neste momento, todos os sonhos e desejos de proporcionar elementos e oportunidades para esta criança. Estes projetos parecem estar relacionados ao modo como se deu a infância de cada um deles (VENDRUSCULO, 2014, p. 5) Sim, para os pais que aguardam o nascimento de seus filhos são reservados os melhores pensamentos, a preocupação com a aparência do filho ou filha, o sexo do bebê, as suas preferências, etc. O futuro ao lado dos pais parece reservar somente grandes alegrias e sentimentos de afeto. Pelo menos é assim que ocorre para a maioria dos casais e para algumas mães que planejam sozinhas a vinda de um bebê. A possibilidade de que algo de diferente ocorra e a criança nasça com algum risco de vida, doença grave ou deficiência é sempre afastado. Essas hipóteses somente são consideradas caso haja algum indício: predisposição genética familiar, gestação de alto risco ou alguma intercorrência que demonstre que existe a possibilidade de que a criança venha a nascer com algum problema. O bebê muito antes de nascer, já faz parte da rotina e dos planos futuros de toda a família. A expectativa do seu nascimento se torna durante um tempo o centro de investimentos psíquicos e emocionais [...] Quando se apresenta algum tipo de deficiência, algo da preparação dos pais acaba sendo sucumbida e precisa ser imediatamente refeita. É preciso que este novo espaço psíquico seja reorganizado para acolher esta criança que vem chegando ou já está nos braços dos pais. (VENDRUSCULO, 2014, p. 8) O nascimento do bebê deficiente gera uma desorganização da estrutura familiar. Segundo Batista e França citado por Silva (2014, p. 16) quando ocorre o nascimento de uma criança deficiente, o grupo familiar “[...] é obrigado a desconstruir seus modelos de 23 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância pensamento e recriar uma nova gama de conceitos que absorva essa realidade”. É o momento do luto. Os pais sentem a perda do filho aguardado e deverão gradativamente adaptar-se à nova realidade que é de terem gerado um filho com deficiência ou que se tornou deficiente, mas que deverá ser acolhido, cuidado e protegido por essa família. O adoecimento ou a descoberta de uma deficiência traz uma ideia de morte. Uma morte que na maioria dos casos não é real, mas simbólica; morte dos planos, sonhos e projetos que se tinha para essa criança. Isso pode gerar uma superproteção dos pais em relação ao filho ou até mesmo um impulso de afastar- se dele emocionalmente. (VENDRUSCULO, 2014, p. 14) Alguns autores classificam as etapas que se seguem como: choque, negação, decepção, intensa tristeza e elaboração do luto. Não é somente o diagnóstico que irá produzir nos pais um estado de choque, mas a sensação de terem todos os sonhos desfeitos, a quebra das perspectivas futuras, as dificuldades com o preconceito social e com o próprio preconceito em relação à deficiência da criança, pois, os próprios pais têm dificuldade em elaborar a nova situação para a qual não estavam preparados e não desejaram. O momento do diagnóstico se mostra um momento crítico, no qual nem os pais nem os profissionais de saúde envolvidos encontram-se preparados para a notícia. Os médicos, muitas vezes, utilizam-se de linguagem inadequada (que foge à compreensão desses pais), expressam sua insegurança e apresentam pouca sensibilidade em relação ao sofrimento que isso irá a causar nesses pais. (SILVA e RAMOS, 2014, p. 22) A fase da negação corresponde a momentos de desespero, busca de outros diagnósticos que refutem o inicial, desestabilização emocional que pode levar a rejeição da criança. Há também a busca por culpados. Por exemplo: pode-se considerar a mãe a culpada por ter contraído alguma doença, ou o pai, por ter predisposição genética, talvez o médico que fez o parto, por não ter feito um trabalho correto. Enfim, em meio ao caos está uma criança, que em muitos casos, fica “em compasso de espera”, aguardando que sua família inicie com ela os atendimentos de que ela irá necessitar. Énessa fase também que os pais podem buscar auxílio em algumas religiões, crenças e as chamadas “curas milagrosas”. A fase da decepção corresponde ao um período em que os pais se sentem envergonhados por terem gerado uma criança com deficiência, poderão afastar-se dela, 24 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância afastarem-se um do outro e dos parentes e amigos. Também deixam de buscar auxílio médico e terapêutico para a criança e para si mesmos. Posteriormente, a tristeza intensa pode tornar-se depressão. É preciso que se busque ajuda dos profissionais, pois, além deles próprios, a criança necessita de uma família saudável e equilibrada que cuide dela. A fase da elaboração do luto é chamada por alguns autores de adaptação e/ou de aceitação. Neste período, os pais, mais equilibrados e fortalecidos poderão ir à busca dos auxílios de que a criança necessita. Ainda sentirão momentos de tristeza e desânimo, mas serão sentimentos advindos do afeto que tem pela criança e pelo desejo interno de que ela não sofra por sua condição. Evidentemente as fases são diferentes para cada pessoa. Pais e mães sentem de forma diferente essa situação e podemos considerar que alguns deles demoram muito ou nunca superam a vinda de um filho deficiente. É certo que todas as famílias de crianças com deficiência, sejam quadros leves ou quadros mais graves, como é o caso da múltipla deficiência ou a surdo cegueira, necessitam de ajuda e esclarecimentos, pois, estando bem informados poderão auxiliar a criança e dar a ela os recursos que a medicina, a educação e a tecnologia oferecem para melhorar suas condições de vida. Com relação ao apoio dado pela escola é preciso ressaltar que: Considera-se fundamental que os profissionais envolvidos nesse processo, encontrem-se preparados para lidar com os sentimentos e reações que serão expressos por essa família, acolhendo-os na medida do possível e encaminhando- os para um profissional especializado, caso haja necessidade. (SILVA e RAMOS, 2014, p. 22). 4.1. Estimulação Precoce de Crianças com Deficiência Múltipla e Surdocegueira Quando estamos diante de crianças com deficiência múltipla e surdocegueira é possível constatar que: Elas movimentam-se pouco ou realizam movimentos corporais sem propósito. A maioria tem extrema dificuldade em compreender rotinas diárias, por mais simples que sejam, dependendo sempre dos cuidados dos adultos. 25 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não compreendem gestos e habilidades de comunicação dificultando assim a maioria das aprendizagens. No caso do surdo cegueira, não há antecipação do que está para acontecer. A falta de compreensão sobre a rotina diária gera desconforto, insegurança e medo do desconhecido. Há falta de estímulo para aprendizagem de modo generalizado o que prejudica a inserção social e a autonomia para realizar as tarefas mais simples. A estimulação da criança nos primeiros anos de vida deve buscar o desenvolvimento dos sentidos remanescentes. No caso dos Surdo cegos, Myklebust apud Nascimento (2006, p. 12) afirma que quando faltam os sentidos de distância, o tato assume o papel de sentido-guia, sendo complementado pelos sentidos remanescentes na exploração e no estabelecimento de contatos com o mundo exterior. Nascimento (2006, p.13) menciona que as implicações das limitações visuais e auditivas nas interações podem ser minimizadas com a introdução do toque. Muitas crianças parecem não gostar de serem tocadas por não conseguirem identificar a origem e o significado do toque. Recomenda-se que sejam utilizados objetos e/ou toques leves familiares como um meio intermediário entre a criança e o professor. Esse elo é feito na maioria das vezes pela família que deverá permanecer junto a criança em atendimento para proporcionar maior segurança, e até que ela possa sentir-se confortável somente com o professor. O processo de aprendizagem da via de comunicação exige atendimento especializado, com estimulação específica e individualizada. Quando a criança é estimulada precocemente, ela adquire comportamentos sociais mais adequados e, também, poderá desenvolver e aprender a usar seus sentidos remanescentes melhor do que aquela que não recebeu atendimento. (NASCIMENTO, 2006, p. 14) Com relação à postura podemos considerar que muitas crianças que apresentam má postura podem estar simplesmente se adaptando às próprias condições físicas e/ou sensoriais. Quando o campo de visão, por exemplo, é restrito, o aluno com surdo cegueira ou deficiência múltipla pode adotar um modo de colocar-se que permita ampliar seu campo de visão. Trata-se de uma adaptação ao meio ambiente. 26 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Para que a pessoa possa se auto perceber e perceber o mundo exterior, devemos buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular. (BOSCO, 2010, p. 12) Bosco (2010, p. 10) ressalta que a falta de estimulação pode resultar em hábitos substitutivos inapropriados de auto-estimulação como: movimentação contínua, balanceio, movimentar os dedos na frente dos olhos, repetição de atividades de forma ritualística, etc. Sem o estabelecimento de uma comunicação efetiva desde a infância a criança pode tornar-se um jovem ou adulto com comportamentos inadequados utilizando inclusive a força física para afastar pessoas ou objetos. Percebe-se que as famílias mergulham em profundos conflitos quando recebem uma criança com qualquer tipo de deficiência, a situação se agrava muito mais quando se deparam com a deficiência múltipla, para muitos é como se a criança tivesse nascido morta e vivem longo período de luto que pode perdurar ao longo de uma vida toda. Ocorre este fato porque as famílias descartam a possibilidade de que, logo, a sua criança seja atingida por tal fatalidade. É necessário criar ferramentas que informem sobre determinadas possibilidades durante todo o processo de formação, e ainda perpassassem sobre as informações sobre o assunto durante o processo pré-natal, assim todos os atores envolvidos saberiam sobre alguns caminhos quando defrontados com a realidade de uma criança com deficiência. O processo de assimilação das informações sobre inclusão acontece paulatinamente é paulatino, ou seja, deveria ser estudado com as crianças desde o ensino básico, porque assim a sociedade iria angariar conhecimentos sobre o assunto e seriam capazes de ser portar de forma assertiva quando vivenciassem um caso de deficiência em sua família, seja como pai, como irmão entre outros, nas situações do dia-dia, e também auxiliar em toda comunidade. Promover o conhecimento a respeito das diferenças e suas consequências, seja ela física, emocional ou mental, seria o primeiro passo para a revisão dos valores que a sociedade tem como referência de normalidade. No caso das pessoas com deficiência é crucial afirmar a ideia de que eles possuem um lugar na sociedade, que nós somos capazes de nos adaptar as necessidades que eles demandam, pois o que chamam de inclusão é um conjunto de todas atitudes citadas e acimas e de muitas outras que com absoluta certeza está, sim, ao nosso alcance. 27 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ler do capítulo 1 ao 3 do livro “Saberes e práticas da inclusão”. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf http://doi.editoracubo.com.br/10.4322/cto.2014.003 28 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. A INCLUSÃODA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDOCEGUEIRA NO ENSINO REGULAR Objetivo Alertar sobre as estratégias que são necessárias para promover inclusão das crianças com deficiência múltipla no ensino regular, identificar na legislação normas e adaptações curriculares que auxiliam nas atividades e no diagnóstico das dificuldades que a criança com deficiência múltipla enfrenta na escola comum, mencionar pontos importantes para a prática da inclusão efetiva. Introdução A LDB nº 9394/96 em seu artigo 58 determina que: a educação especial é uma modalidade de educação oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Prevê que os alunos atendimentos tenham serviços de apoio especializado nas instituições em que estudam e que a oferta do ensino deve ter início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. O movimento de inclusão já ocorre no Brasil desde a Constituição Federal de 1988, porém, a partir da Declaração de Salamanca assinada em 1994 houve maior comprometimento, percebido através da criação de leis e decretos que determinam a matrícula de todos os alunos na escola comum. A concepção da inclusão escolar modificou-se. Inicialmente somente eram incluídos os alunos que se adaptavam à sala de aula regular. A maioria dos alunos com necessidades educacionais especiais frequentava as salas especiais ou escolas especiais e, à medida que progrediam, eram remanejados para as salas do ensino regular. Portanto, o aluno deveria adaptar-se à sala regular para que pudesse permanecer nela. Atualmente a escola tem como atribuição receber a todos e oferecer a cada um o ensino de que necessita, proporcionando a convivência de alunos com e sem deficiência, sem divisões e sem diferenciações. Entende que cada aluno é um ser único e com necessidades próprias que independem de ter ou não uma deficiência. 29 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De acordo com (MEC-SEESP, 2006, p. 19) os relatos de histórias de vida e a experiência pré-escolar dessas crianças que se tem notícia demonstram que a inclusão delas no ensino regular não depende do grau de severidade da deficiência ou do nível de seu desempenho intelectual, mas da possibilidade de interação, acolhida, socialização, adaptação ao grupo e, principalmente da modificação da escola para recebê-la. É importante que a escola e os profissionais que a compõe se disponibilizem ao trabalho em parceria, busquem conhecimentos e formas de organização que permitam a convivência com as situações-problema que surgirem, deem o suporte à família e ao aluno realizando as adaptações necessárias para o ingresso, permanência e desenvolvimento do aluno. Crianças com deficiência múltipla apresentam quadros diversificados que requerem que se construam novas estratégias de ensino, que se aprenda a utilizar ferramentas específicas para cada tipo de necessidade e que se pense em práticas adequadas ao novo contexto que se apresenta. Professores tradicionais terão imensa dificuldade em se adaptar a alunos com exigências tão específicas. Com o movimento da inclusão, todas as crianças com algum tipo de deficiência, mesmo nas alterações severas de desenvolvimento, passam a ter direito o mais cedo possível aos serviços educacionais disponíveis em sua comunidade. Esse fato traz implicações importantes para a educação infantil, principalmente no que diz respeito à educação de crianças com dificuldades neuromotoras acentuadas ou de adaptação socioemocional. (MEC-SEESP, 2006, p. 19) É preciso ainda considerar que esses alunos podem necessitar de mais tempo que o restante da turma para adaptarem-se as situações novas como o próprio ambiente da escola. Necessitarão de um professor acolhedor, dinâmico e disposto. Também haverá a necessidade de um mediador em sala de aula e da presença dos pais inicialmente para que o processo de transição seja o mais tranquilo possível e para que na escola e em casa a rotina seja continuada. O processo inclusivo prevê que a concepção seja a de que todas as crianças são capazes de aprender e que a inclusão não se resume em aceitar a matrícula e inserir o aluno em sala de aula. Também requer modificações atitudinais e estruturais nos espaços 30 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância da escola, que os profissionais tenham flexibilidade e tolerância em relação aos comportamentos e necessidades dos alunos, promovendo atividades que possam desafiá- lo para a aprendizagem. É muito comum observarmos entre as famílias e os profissionais que atuam com a criança com deficiências severas, atitudes de superproteção. Trata-se de antecipar-se, fazer por ela. MEC-SEESP (2006, p. 24) menciona que: As crianças com múltipla deficiência geralmente apresentam dificuldade de comunicar seus pensamentos, desejos, intenções. A maior parte desses alunos não apresenta linguagem verbal, mas pode comunicar-se por gestos, olhar, movimentos corporais mínimos, sinais, objetos e símbolos. Necessitam, para isso, de pessoas interativas, receptivas, que ofereçam apoio e incentivem esse processo de comunicação não-verbal. Essa situação faz com que o adulto resolva as questões sem esperar a manifestação da criança, como se ela não tivesse possibilidade de resolver. Essa atitude acaba por inibir as atitudes da criança e reduzir as possibilidades da criança de decidir e de propor formas de interação e comunicação. 5.1. A prática da inclusão Para que o ingresso da criança na escola se efetive é preciso pensar no seu acesso e permanência como prioridade, pois, ela necessitará de adaptações desde o transporte escolar, passando pelo acesso ao prédio da escola, sala de aula, corredores e demais dependências. Deve-se pensar na necessidade de rampas, sinalização, alargamento de corredores, mobiliário adequado, etc. Há necessidade de que a escola providencie serviços que promovam a permanência do aluno, considerando suas características. Nascimento (2006, p. 51) menciona a necessidade de apoio individualizado com o uso de técnicas de trabalho individual com estratégias específicas que permitam maior número de modulações e repetições em diferentes contextos, pois, em sala de aula nem sempre é possível. Também ressalta que deve haver um currículo complementar com objetivos funcionais que se relacione ao estímulo para a autonomia: higiene, alimentação, orientação e mobilidade, notações específicas em braile, que não constam do currículo formal. Outro ponto destacado é a estruturação e segurança do ambiente necessário à 31 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância permanência de alunos severamente comprometidos. Esse item nem sempre é possível em razão da quantidade de alunos nas salas de aula. Para Nascimento (2006, p. 51) além dos serviços mencionados devem-se disponibilizar equipamentos e materiais específicos para o processo de aprendizagem dessas crianças. Considera imprescindível que a escola tenha conhecimento de eventuais problemas de saúde graves que dificultam a participação ativa da criança e requerem a utilização de materiais específicos (aspirações de secreções, sonda para alimentação, colchões, etc), assim como, o acompanhamento do aluno no serviço de saúde. 5.2. Adaptações Curriculares Segundo MEC-SEESP (2006, p. 51) na educação infantil o “brincar” é considerado o eixo do currículo e da proposta pedagógica, “o brincar, o movimento, as histórias e a arte devem perpassar todos os conteúdos do currículo para que não ocorra a escolarização precoce ou didatização do lúdico”. No caso do aluno com deficiência múltipla o mesmo currículo pode ser utilizado, o que pode sofrer modificações são os objetivosde aprendizagem e as atividades e avaliações propostas tendo em vista as particularidades do estudante. Nesta etapa do ensino a prioridade não são os conteúdos escolares, mas promover a sua acolhida ao ambiente escolar, num clima afetivo e receptivo que possa favorecer sua interação e sua organização emocional. O professor deverá estar disposto a recebê-la e a observação de suas reações é muito importante nesse início de convivência. O contato físico do professor com o aluno pode demorar e necessitar de intermediação de pessoas de seu convívio (principalmente com crianças surdo cegas). Gradativamente será construída a confiança do aluno com seu professor e o ambiente da escola. As adaptações curriculares que são promovidas na educação especial devem ter como objetivo possibilitar a aprendizagem de todos os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. É preciso para isso que a escola tenha uma organização flexível que atenda a demanda de alunos com necessidades diferenciais. Além disso, é preciso identificar essas necessidades para que se possam propor planejamentos individualizados que atendam a cada um que dele necessita. Faz parte das adaptações da 32 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância escola a aquisição e utilização de materiais e equipamentos específicos para a clientela e para isso devem-se incluir professores especializados e serviços de apoio que possam favorecer o processo educacional. As adaptações avaliativas para alunos com deficiência múltipla e surdo cegueira deve considerar a criança integralmente. Existem quadros graves com problemas de saúde associados e situações delicadas em que a interação da criança com o meio fica prejudicada. Desse modo, a avaliação escolar deve estar vinculada à avaliação médica e à avaliação da família e dos terapeutas que a atendem. Por exemplo: a avaliação visual do aluno pode apresentar melhora ou piora em seu campo de visão que irá refletir em suas aprendizagens. Para alunos com deficiência múltipla e surdo cegueira a avaliação deve ter como principal objetivo o favorecimento da aprendizagem do aluno, reformulação das ações e a observação dos avanços do aluno para redefinir as habilidades a serem desenvolvidas dentro e fora da escola. As adaptações de acesso ao currículo devem ser promovidas pela escola e dizem respeito aos seguintes itens: - Adaptação dos espaços da escola (acesso ao prédio, trânsito pelas dependências, banheiros, refeitório, playground). - Mobiliário adequado (em sala de aula e fora dela, equipamentos para locomoção) - Recursos didáticos adaptados (materiais em Libras, Braile, jogos adaptados, equipamentos para escrita e leitura, etc.) - Recursos humanos: professores especializados, professores de apoio, intérprete de Libras, intérprete-guia. - Equipamentos específicos (tecnologia assistiva) - Adaptação e apoio para atividades pedagógicas, jogos, brinquedos e brincadeiras. - Formas de avaliação: instrumentos e técnicas. Com relação ao termo apoio em educação inclusiva, Sá (página online) faz a seguinte conceituação: 33 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Recursos e estratégias que promovem o interesse e as capacidades das pessoas, bem como oportunidades de acesso a bens e serviços, informações e relações no ambiente em que vivem. Tende a favorecer a autonomia, a produtividade, a integração e a funcionalidade no ambiente escolar e comunitário. A autora classifica os apoios em quatro categorias: Intermitente: quando se dá em momentos de crises e em situações específicas de aprendizagem. Limitado: reforço pedagógico para algum conteúdo durante um semestre, desenvolvimento de um programa de psicomotricidade. Extensivo: sala de recursos ou de apoio pedagógico, atendimento itinerante, isto é, modalidades de atendimento complementar ao da classe regular realizado por professores especializados. Pervasivo: alta intensidade, longa duração ou ao longo da vida para alunos com deficiências múltiplas ou agravantes. Envolve equipes e muitos ambientes de atendimento (SÁ, página online) De acordo com MEC-SEESP (2006, p. 33) os ajustes, as modificações e adaptações são necessárias não apenas em decorrência das necessidades específicas dos alunos, mas porque os sistemas de ensino, infelizmente, ainda fundamentam sua prática pedagógica em conceitos homogêneos. Professores e pais têm como ideal o modelo de escola homogênea e reprodutora, onde todos aprendem os mesmos conteúdos, da mesma forma, ao mesmo tempo e na mesma medida. Quando estamos diante de crianças com sérios comprometimentos não podemos exigir que estejam prontas para desempenhar determinadas tarefas ou compreender determinados conteúdos, por mais simples que nos possam parecer. 34 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A escola comum tem como atribuição receber qualquer criança sem nenhuma diferenciação, entretanto, quando se trata de alunos com deficiência múltipla há uma grande dificuldade de adaptação, portanto são necessárias uma série de medidas que possibilitam a adaptação dessas crianças no ambiente escolar. Os processos devem ser uma junção de todas atitudes citadas acima sempre prescritas para cada situação diagnosticada durante o a permanência desta criança na escola. É necessário, também, estimular a autonomia da criança com deficiência para que ela possa se desenvolver passando por cima das suas limitações e barreias que a múltipla deficiência possa lhe proporcionar, assim poderão ser identificadas todas as potencialidades da criança. Ler do capítulo 3 ao 8 do livro “Saberes e práticas da inclusão”. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf 35 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E AS NECESSIDADES ESPECIAIS DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA Objetivo Exemplificar e analisar praticas pedagógicas que são utilizadas para desenvolve a aprendizagem, comunicação, adaptação e o desenvolvimento das habilidades dos alunos com deficiência múltipla. Introdução Práticas pedagógicas na inclusão de alunos com graves comprometimentos requerem modificações no processo de aprendizagem. Tanto a educação infantil, que representa o início da vida escolar, quanto os anos seguintes necessitam de revisão do professor e equipe em função das particularidades dos alunos. A proposta pedagógica, numa visão construtivista do conhecimento, tem no aluno e nas suas possibilidades o centro da ação educativa. Assim, o processo pedagógico é construído a partir das possibilidades, das potencialidades, daquilo que o aluno já dá conta de fazer. É isso que o motiva a trabalhar, a continuar se envolvendo nas atividades escolares, garantindo, assim, o sucesso do aluno e sua aprendizagem. (MEC-SEESP, 2006, p. 32) Portanto, para que o aluno seja estimulado para a aprendizagem deve-se partir de seus gostos e preferências, considerando as informações trazidas pela família, assim como o conhecimento sobre suas dificuldades, elaborando-se um planejamento que contemple ações dentro da sua realidade, que sejam significativas e ao mesmo tempo desafiadoras. A postura do professor é importante. Em sala de aula deve haver uma atitude positiva para que se estabeleçam vínculos de comunicação, confiança e afetividade. Críticas frequentes ao seu modo de ser, ao comportamento inadequado ou às suas dificuldades não ajudam, assim como a superproteção, a compaixão e a supervalorização fora de propósito. A melhor atitude é a naturalidade, a compreensão e oreal interesse, pois, o aluno deseja ser atendido do mesmo modo que se faz aos demais, com direitos e deveres. 36 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Para se trabalhar com crianças com necessidades educacionais acentuadas é preciso considerar o tempo de realização das tarefas, que costuma ser mais lento. As respostas aos estímulos podem demorar mais ou não se completarem, o que requer do professor a revisão das propostas com a diminuição de algumas tarefas do dia a dia. Deve-se organizar com antecedência a rotina do aluno, prevendo quais adaptações deverão ser necessárias para as etapas que estão previstas. Os materiais devem estar separados, o mobiliário no local adequado e os equipamentos também. Crianças com deficiência múltipla e surdo cegueira necessitam de acompanhamento e orientação permanente. A hora do lanche, por exemplo, é um momento propício para auxiliá-la a desenvolver sua autonomia e a despertar sua intencionalidade. Segundo MEC-SEESP (2006, p. 38): A criança com múltipla deficiência poderá precisar de ajuda até sistematizar a rotina e adquirir independência em atividades básicas, fundamentais para o desenvolvimento humano e social, como comer sozinha, comer com a mão, colher ou garfo, beber em copo, comer no prato, servir-se, lavar as mãos, utilizar o sanitário e controlar os esfíncteres. Ações relacionadas aos cuidados com a higiene e alimentação devem ter a participação da família para que em casa e na escola a rotina seja semelhante. 6.1. A Comunicação Alternativa A comunicação é a base de qualquer aprendizagem, entretanto, quando estamos lidando com crianças com deficiência múltipla nem sempre podemos contar com os meios tradicionais de comunicação. Se por um lado temos alunos com audição e dificuldades de compreensão, que são aqueles com deficiência intelectual, podemos ainda ter alunos com diagnóstico de surdez, deficiência visual e a associação: surdo cegueira. Na maioria das situações poderemos notar no aluno atitudes que demonstrem sua falta de comunicação e de compreensão do nosso modo de comunicação. [...] algumas vezes as crianças podem manifestar insegurança, birra, medo, frustração ou agressividade, isso porque suas necessidades básicas e de comunicação não foram compreendidas (MEC-SEESP, 2006, p. 41). O professor deverá buscar alternativas de comunicação que sejam possíveis para a criança, como por exemplo: o uso de símbolos, figuras, códigos, o toque, gestos, a introdução da Libras Tátil para alunos Surdo cegos, etc. 37 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Um recurso muito utilizado para alunos que necessitam de sistemas alternativos para ser comunicar é o PECS que é um sistema de comunicação por símbolos, letras, figuras e números. Nesse sistema a criança aprende a se comunicar a partir da troca de figuras. Coelho (2015, p. 2) menciona que o PECS visa facilitar a aprendizagem ou o aumento da comunicação funcional de indivíduos de todas as idades com diversos tipos de dificuldades de comunicação. Pode ser utilizado por diversos profissionais: educadores, terapeutas da fala, psicólogos e pelos pais em todos os contextos da vida do indivíduo. O PECS distingue-se de outros sistemas de comunicação pelo fato de não exigir pré- requisitos cognitivos e linguísticos, trabalhando a partir da motivação do indivíduo (Tien apud Coelho, 2015, p.8). Além disso, esse recurso não envolve alto custo financeiro, pois, compõe-se de um conjunto de imagens que são fixadas por velcro numa capa. As imagens são selecionadas a partir das referências que o próprio aluno tem de si, da família, da escola, da rotina diária em casa e na escola. O PECS é facilmente utilizado por pais, professores, terapeutas e pessoas da comunidade e permitem maior motivação da criança para se expressar e obter o que deseja do interlocutor. Fonte: http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/works/item.php?id=14 38 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Fonte: https://br.pinterest.com/pin/284149057718710142/ Fonte: http://pecs-brazil.com/store/ 6.2. A Comunicação do Surdo cego A audição e a visão são sentidos que permitem que a comunicação chegue imediatamente. Para nós é realmente difícil imaginar a vida sem esses dois sentidos que permitem que tenhamos acesso às informações do mundo, as aprendizagens e a nossa própria subsistência. Pessoas que nasceram cegas e perderam a audição posteriormente guardam na memória lembranças dessa comunicação que podem ser exploradas para a aprendizagem. Do mesmo modo, pessoas que nasceram surdas, mas enxergavam e, com o tempo, 39 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância tornaram-se surdo cegas ainda podem ser valer de memórias visuais. Temos ainda alguns indivíduos com resíduos auditivos e com baixa visão (não totalmente cegos) que poderão com os poucos recursos, aprender uma comunicação. Uma das formas de se trabalhar com crianças surdo cegas é utilizando-se de objetos de referência. Objetos de referência são objetos que tem significados especiais, os quais têm a função de substituir a palavras podendo representar pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a ele. (Maia et al apud Bosco, 2010, p. 12) Objetos concretos colados em placas de madeira (escova de dente, chaveiro, miniatura de uma jarra, saboneteira e peça de um jogo). http://surdocegueiraufmg.blogspot.com.br/2013/06/recursos-para-aprendizagem-de- alunos.html A comunicação é a principal barreira do surdo cegueira, no entanto é preciso vencê- la para despertar na criança o interesse pelo ambiente e por outras pessoas, e este é um desafio que deve ser assumido por todos envolvidos no processo, principalmente pelos familiares. (VAN DIJK apud FARIAS, 2015, p. 30) Entre os recursos de comunicação para alunos Surdo cegos, podemos destacar: Libras Tátil: a Libras utilizada pela comunidade surda adaptada às condições da pessoa com surdo cegueira: 40 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Alfabeto Tátil: alfabeto datilológico utilizado pela comunidade surda digitado na palma da mão. Escrita Alfabética Tátil: consiste em escrever a mensagem com letra maiúscula ou cursiva, utilizando lápis ou o dedo na palma da mão. Algum surdo cego prefere que a escrita seja feita em outras partes do corpo como o braço ou a testa. Tadoma: é um sistema em que a pessoa surda cega toca o rosto do interlocutor para sentir as vibrações das cordas vocais e o movimento dos lábios. Sistema Braille Digital: sistema de comunicação que utiliza o próprio corpo da pessoa com surdo cegueira, especificamente, pontos dos dedos indicador e médio da mão ou dedos indicador, médio e anelar. Os pontos utilizados possuem a mesma estrutura e signo gerador do Sistema Braille. (FARIAS, 2015, P. 16) Alunos com surdo cegueira deverão ser auxiliados por guia-intérprete que viabilizará a sua comunicação. 6.3. Perspectivas Educacionais para alunos com deficiência múltipla Em se falando de deficiência múltipla que apresenta quadros diagnósticos tão diversificados, alguns fatores influenciam no desenvolvimento do indivíduo para adaptar-se ao meio e para a aprendizagem escolar. Entre eles: o tipo de associação de deficiências e o grau (gravidade), o surgimento das deficiências, as condições físicas do indivíduo (saúde), a sintonia familiar que irá determinar a qualidade dos estímulos proporcionados e a afetividade, os estímulos ambientais, os apoios familiares e comunitários e ainda o atendimento educacional e terapêutico. Carvalho (2000, p.74) menciona que graves comprometimentos intelectuais e/ou psíquicos marcam de certo modoas expectativas de desenvolvimento e aprendizagem desses indivíduos. Esses comprometimentos associados a outras deficiências tornam o prognóstico com relação à socialização e a participação ativa e autônoma do indivíduo pouco promissor. A autora conclui que a finalidade da educação para esses casos mais graves é a melhoria na qualidade da vida pessoal e familiar. Ao contrário, quando não há comprometimento cognitivo ou psíquico na associação das deficiências, há perspectivas mais animadoras e pode-se considerar a adequação curricular. (Carvalho, 2000, p. 75) 41 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A criança com deficiência chega a escola com o objetivo de desenvolver suas habilidades sociocomunicativas, ampliar o seu desenvolvimento cognitivo e se encaminhar para o mundo, portanto, a escola tem como dever se adaptar à criança sanando barreiras e criando alternativas para contornar as limitações que essa criança traz consigo. A comunicação é um dos principais caminhos que ajudam ao desenvolvimento geral da criança: por esse meio ela consegue se expressar e fornecer informações para o diagnóstico dos caminhos que lhe facilitarão o avanço no processo escolar, no atendimento especializado que ela demanda, na vivencia familiar e em toda a sua vida. As práticas pedagógicas servem para encaminhar todo este processo, pois os profissionais especializados são dotados de técnicas que, em um trabalho conjunto com os tratamentos terapêuticos que a criança recebe, conseguem proporcionar inúmeros benefícios, assim, por meio de estímulos conseguem se desenvolver e serem incluídos de forma efetiva no meio escolar e em todas camadas da sociedade. Ler do capítulo 11 do livro “Saberes e práticas da inclusão”. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf 42 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. O COMPROMISSO DE INCLUIR: O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO, AS ATRIBUIÇÕES DO PROFESSOR ESPECIALIZADO E DO PROFESSOR DE APOIO NO AUXÍLIO AO ALUNO COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDOCEGUEIRA Objetivo: Discorrer sobre o compromisso de inclusão escolar, citar itens importantes da Declaração de Salamanca,1994, sobre inclusão, citar as ferramentas de que a escola tem como atribuição obrigatória no atendimento especializado das crianças com deficiência, citar atribuições do professor especializado e do professor de apoio. Introdução: O compromisso com a inclusão escolar parte da concepção de que todos podem estudar e aprender juntos. Em se tratando de alunos com múltiplas deficiências é preciso avaliar quais os benefícios que a inclusão pode proporcionar, assim como os prejuízos, caso não haja condições físicas para que o aluno frequente as aulas diariamente, assim como falta de estrutura da instituição e ajudas técnicas e funcionais para uma inclusão e permanência apropriadas. Nosso país possui legislação abrangente que ampara a todos os alunos em relação ao processo inclusivo. Tais leis e decretos foram firmados em consonância com acordos internacionais como, por exemplo, a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, assinada em Jontien (1990) que propõe em seu artigo 3º “Universalizar o acesso à educação e promover a equidade”. Neste item esclarece que é necessário que se tomem medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo. Outro documento que merece destaque e que foi firmado por 88 governos e 25 organizações internacionais, a Declaração de Salamanca (1994), já mencionado anteriormente, dispõe sobre os princípios, políticas e práticas na área de necessidades educativas especiais. A Declaração de Salamanca convoca para que se promova uma Educação para Todos. Segue abaixo trecho do texto inicial: 43 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em seu texto, a Declaração de Salamanca menciona a estruturação do ensino e das escolas mediante investimentos financeiros dos governos. Com relação ao atendimento escolar determina que: “Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infrequentes onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem-estar da criança ou de outras crianças. ” (SALAMANCA, 1994, p. 5) Nos itens seguintes do documento os serviços especializados, treinamento de professores, serviços de apoio e aquisição de recursos são uma preocupação constante. Vale ressaltar o tópico que menciona os serviços a serem oferecidos para alunos com deficiência múltipla: Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades; Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (SALAMANCA, 1994) 44 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Atenção especial deveria ser prestada às necessidades das crianças e jovens com deficiências múltiplas ou severas. Eles possuem os mesmos direitos que outros na comunidade, à obtenção de máxima independência na vida adulta e deveriam ser educados neste sentido, ao máximo de seus potenciais. (SALAMANCA, 1994, p.7 – item 18) Atendendo aos pressupostos dos acordos internacionais e buscando regulamentar os procedimentos em nossos país, diversas Leis e Decretos foram firmados, entre eles, a Lei n° 9394/96 que estabelece as diretrizes e bases da educação propondo que a educação especial seja oferecida na rede regular de ensino. Destacamos a Resolução nº 4/2009 que institui o Atendimento Educacional Especializado (AEE) que deve ser ofertado a todos os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação matriculados nas classes comuns do ensino regular. Este serviço deve ser ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos. Art. 2º O AEE tem como função complementar ou suplementar a formação do aluno por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. (BRASIL, Resolução 4/2009)O documento menciona que o AEE deve ser oferecido no turno inverso ao da escolarização, podendo ainda ser feito em ambiente hospitalar caso seja indicado pelo serviço de saúde. O plano de trabalho do AEE deve ser elaborado e executado pelo professor que atua na sala de recursos em articulação com o professor de sala, a família e os serviços de saúde e assistência social. O projeto pedagógico da escola deve conter a oferta deste serviço e sua organização e modo de funcionamento, destacando: espaço físico, materiais didáticos, recursos pedagógicos, equipamentos, profissionais (professor, mediadores, intérpretes, etc). 45 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7.1. Atribuições do Professor Especializado O professor que atua no AEE deve ter habilitação para o exercício da docência e possuir formação em Educação Especial. A Resolução nº 4/2009 determina as atribuições as seguintes atribuições para o professor do AEE: Artigo 13: I – Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II – Elaborar e executar plano de Atendimento Educacional Especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; III – organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. (BRASIL, Resolução 4/2009) Segundo Nascimento (2006, p. 53) a sala de recursos é um espaço educacional integrado aos demais ambientes da escola. Ela deve proporcionar às crianças com deficiência múltipla e surdo cegueira experiências que as auxiliem a desenvolver o processo educacional visando uma inclusão responsável. Além disso, deve oferecer apoio pedagógico para auxiliar o professor que atende ao aluno no ensino regular. O professor responsável por esse atendimento deverá: Elaborar atividades e aplicá-las visando a orientação e locomoção independente do aluno no ambiente escolar. 46 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Promover situações que favoreçam a integração social do aluno ao meio escolar. Aplicar atividades de vida diária e estabelecer rotinas em consonância com o professor da sala e a família. Realizar com o aluno atividades que favoreçam as experiências sensoriais (estimulando os sentidos remanescentes). Adaptar materiais para as atividades feitas no AEE e para atividades que são oferecidas pelo professor da classe comum. Desempenhar função de guia intérprete quando necessário. Este profissional deve participar da elaboração da proposta pedagógica da escola, organizando o plano de trabalho individualizado para ser aplicado com cada aluno em atendimento e compartilhado com o professor da classe, com a família e o professor de apoio que o acompanha. Na prática, observamos que existem poucos profissionais preparados para exercer a função. Embora possam ter a qualificação exigida, como já mencionado anteriormente, há poucas experiências de práticas pedagógicas divulgadas e também poucos estudos relacionados às deficiências múltiplas. Soma-se a isso a diversidade de quadros de deficiências e a falta de recursos específicos nas escolas em que esses estudantes se encontram. 7.2. O Professor de Apoio A sala de aula em que a criança com deficiência múltipla ou surdo cega foi incluída deve ser adequada, oferecendo condições de acesso e favorecendo a sua permanência e desenvolvimento. Nascimento (2006) descreve algumas características que considera fundamentais para a sala de aula: Um número de crianças reduzido; área espaçosa, permitindo boa locomoção do surdo cego; piso antiderrapante; parede pintada em cor clara; boa luminosidade; instalação elétrica adequada para uso de equipamentos especializados; identificação da porta em braile e em letra ampliada (caso seja necessário, utilizar um objeto de referência associado); lousa pintada na cor preta; quadro branco; acionadores; cantinho de referência dos materiais de comunicação e da rotina diária. (NASCIMENTO, 2006, p. 55) Bosco (2010, p.27) menciona que os alunos com surdo cegueira ou deficiência múltipla recebem dos ambientes escolares comuns as informações necessárias, 47 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância principalmente auditivas, com a assistência de outra pessoa. Ressalta que a maioria precisa de ajuda para obter as informações completas para compreender a comunicação e participar efetivamente das aulas, ou seja, receber as informações no seu sistema de comunicação. Assim esses alunos necessitam dos serviços de: guia-intérprete e de instrutor-mediador, para guiar, interpretar e mediar a comunicação. Os monitores podem apoiar em atividades extras salas. As crianças com deficiência múltiplas e surdo cegueira que chegam à escola comum demandam atendimento especializado e minucioso para os diagnósticos dos resultados da sua presença naquele ambiente. Portanto, é preciso avaliar a validade de sua permanência para que a sua presença não seja prejudicial ao desenvolvimento dessa criança. A escola tem como dever proporcionar um ambiente amplo de aprendizagem para ela, sendo dentro das classes comuns para as crianças que demandam aprendizados educacionais especiais ou em classes especiais para as que não conseguem responder os estímulos das classes comum. Ler do capítulo 10 e 12 do livro “Saberes e práticas da inclusão”. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/deficienciamultipla.pdf 48 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. ACESSIBILIDADE: REMOÇÃO DE BARREIRAS FÍSICAS E ATITUDINAIS; RECURSOS DE ACESSIBILIDADE PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SURDOCEGUEIRA: A TECNOLOGIA ASSISTIVA. Objetivo Exemplificar e conscientizar sobre alguns tipos de barreiras que dificultam a acessibilidade dos alunos com deficiência múltipla e surdo cegueira, introduzir o estudo da Tecnologia assistiva, uma ferramenta muito importante utilizada como recurso de acessibilidade para o desenvolvimento das habilidades de pessoas com deficiência múltipla. Introdução: De acordo com a NBR 9050/2004, “acessibilidade” é definido como a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. E conceitua que, para ser “acessível”, o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento tem que permitir o alcance, acionamento, uso e vivência por qualquer pessoa, inclusive por aquelas com mobilidade reduzida. O termo “acessível” implica tanto acessibilidade física como de comunicação. Partindo desse conceito, surge uma questão: como tomar atitudes que de fato possam promover acessibilidade para pessoas com deficiência,e como identificar as barreiras que atrasam a evolução da sociedade diante a inclusão das mesmas? A dificuldade de acessibilidade é encontrada em todas as camadas da sociedade, tanto no âmbito físico, quanto no âmbito atitudinal. As pessoas estão impregnadas de preconceitos que excluem e marginalizam a pessoa com deficiência em função de não possuir conhecimento para distinguir a pessoa com deficiência de uma pessoa doente. Infelizmente, a confusão que se faz entre deficiência e doença, bem como o próprio preconceito que se tem da doença, tem servido para afastar as pessoas com deficiência da sociedade. No imaginário social, a deficiência (principalmente mental) tem foros de doença, exigindo, portanto, cuidados clínicos e ações terapêuticas (EDLER CARVALHO,2000). 49 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em torno de 1981, a ONU “atribuiu” o valor de pessoas àqueles que tinha deficiências, igualando-os em diretos e dignidades à maioria dos membros de qualquer sociedade ou país, no Brasil, isso ocorreu na constituição de 1988, mas o status de pessoa não impediu as pessoas com deficiência de encontrar os diversos tipos de barreiras. De acordo com Sassaki (2003), em 1994, a declaração de Salamanca preconizou a educação inclusiva. Entretanto, a declaração e o reconhecimento dos indivíduos com deficiência como pessoas não foram suficientes para romper com as barreiras que os impendem de ingressar na escola comum, ou mesmo, de permanecer nesse ambiente. Barreiras físicas e atitudinais No processo de escolarização da criança com deficiência múltipla, surgem vários tipos de barreiras que podem causar impactos maiores que dificuldade de conviver com a própria deficiência, as barreiras são constituídas através de atitudes equivocadas e excludentes diante a pessoa com deficiência. Desde a sociedade primitiva ocorre um processo de marginalização dessas pessoas, portanto é emergencial uma pedagogia que ao invés de contemplar a deficiência como uma parcela isolada, possa englobar todos os seres na sociedade civil. Um dos caminhos que levam a isso é a conscientização e remoção das barreiras físicas e atitudinais. De acordo com Lima e Silva (2012) constituem-se como barreiras atitudinais: Ignorância: desconhecer as potencialidades dos alunos com deficiência. Medo: ter receio de receber o aluno com deficiência, ou mesmo o profissional da educação que apresente alguma deficiência: temer “em fazer a coisa errada” em torno de alguém com deficiência. Rejeição: recusar-se a interagir com o aluno com deficiência, um aluno, familiares deste ou outro operador da educação. Percepção de menos-valia: avaliação depreciativa da capacidade, sentimento de que o aluno não poderá ou só poderá em parte. Inferioridade: acreditar que o aluno com deficiência não acompanhara os demais. Isso é incorrer num grave engano, pois todas as pessoas possuem ritmos de aprendizagens diferentes. Assim sendo, ninguém acompanhará ninguém; cada um faz o percurso singularmente, mesmo sendo a proposta docente coletiva ou uma. Efeito de propagação: supor que a deficiência de um aluno afeta negativamente nos outros sentidos, habilidades ou traços de personalidade. Por exemplo, achar que uma pessoa com deficiência auditiva tem deficiência intelectual. Estereótipos: pensar no aluno com deficiência comparando-o com outros com a mesma deficiência, construindo generalizações positivas e/ou negativas sobre as pessoas com deficiência. Compensação: acreditar que os alunos com deficiência devem ser compensados de alguma forma; minimizar a intensidade das atividades pedagógicas; achar que o aluno com deficiência deve receber vantagens. Negação: desconsiderar a deficiência do aluno como dificuldades na aprendizagem. 50 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Substantivação da deficiência: referir-se à falta de uma parte ou sentido da pessoa como se a parte “faltante” fosse o todo. Ex.: o deficiente mental, o cego, o “perneta”, etc. essa barreira faz com que o aluno com deficiência perca sua identidade em detrimento da deficiência, fragilizando sua autoestima e o desejo de aprender e estar na escola. Comparação: comparar os alunos com e sem deficiência, salientando aquilo que o aluno com deficiência ainda não alcançou em relação ao aluno sem deficiência, colocando este em posição superior ao primeiro. Na comparação, não se privilegiam os ganhos dos alunos, mas ressaltam-se suas “falhas”, “faltas” e “deficiências”. Atitude de segregação: acreditar que os alunos com deficiência só poderão conviver com os de sua mesma faixa etária até um dado momento e que, para sua escolarização, elas deverão ser encaminhadas à escola especial, com profissional especializados. Adjetivação: classificar a pessoa como “lenta”, “agressiva”, “dócil”, "difícil", "aluno- problema" "deficiente mental" etc. Essa adjetivação deteriora a identidade dos alunos. Particularização: afirmar de maneira restritiva, que o aluno com deficiência está progredindo à sua maneira do seu jeito. etc.; achar que uma pessoa com deficiência só aprenderá com outra com a mesma deficiência. Baixa expectativa: acreditar que os alunos com deficiência devem realizar apenas atividades mecânicas, exercícios repetitivos; prever que o aluno com deficiência não conseguirá interagir numa sala regular. Muitos professores passam toda a vida propondo exercícios de cópia, repetição. Isso não ajuda o aluno a descobrir suas inteligências, competências e habilidades múltiplas. Generalização: generalizar aspectos positivos ou negativos de um aluno com deficiência em relação a outro com a mesma deficiência, imaginando que ambos terão os mesmos avanços, dificuldades e habilidades no processo educacional. Padronização: fazer comentários sobre o desenvolvimento dos alunos, agrupando- os em torno da deficiência: conduzir os alunos com deficiência às atividades mais simples, de baixa habilidade, ajustando os padrões ou, ainda, esperar que um aluno com deficiência aprecie a oportunidade de apenas estar na escola (achando que para esse aluno, basta a integração quando de fato o que lhe é devido é a inclusão). Assistencialismo e superproteção: impedir que os alunos com deficiência experimentem suas próprias estratégias de aprendizagem, temendo que eles fracassem: não deixar que os alunos com deficiência explorem os espaços físicos da escola, por medo que se machuquem: não avaliar o aluno pelo seu desenvolvimento receando que ele se sinta frustrado com alguma avaliação menos positiva. Deve-se trabalhar incisivamente no combate à todas as barreiras que dificultam o desenvolvimento do aluno com deficiência no ambiente escolar. Por isso, a escola deve oferecer recursos nos quais facilitem o desenvolvimento desses alunos no ambiente escolar. Um desses recurso é uso das ferramentas da tecnologia assistiva, que são fundamentais na aprendizagem dos alunos com deficiências múltiplas. Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão. A tecnologia assistiva tem como objetivo proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade de vida e inclusão social, através da ampliação de sua 51 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente, habilidades de seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade. A classificação que segue foi escrita originalmente em 1998 por José Tonolli e Rita Bersch e sua última atualização é de 2017. Ela tem uma finalidade didática e em cada tópico considera a existência de recursos e serviços. Esta proposta de classificação foidesenhada com base nas diretrizes gerais da ADA, em outras classificações utilizadas em bancos de dados de TA e especialmente a partir da formação dos autores no Programa de Certificação em Aplicações da Tecnologia Assistiva – ATACP da California State University Northridge, College of Extended Learning and Center on Disabilities. A importância das classificações no âmbito da tecnologia assistiva se dá pela promoção da organização desta área de conhecimento e servirá ao estudo, pesquisa, desenvolvimento, promoção de políticas públicas, organização de serviços, catalogação e formação de banco de dados para identificação dos recursos mais apropriados ao atendimento de uma necessidade funcional do usuário final. 1 Auxílios para a vida diária Materiais e produtos para auxílio em tarefas rotineiras tais como comer, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades pessoais, manutenção da casa etc. 2 CAA (CSA) Comunicação aumentativa (suplementar) e alternativa Recursos, eletrônicos ou não, que permitem a comunicação expressiva e receptiva das pessoas sem a fala ou com limitações da mesma. São muito utilizadas as pranchas de comunicação com os símbolos PCS ou Bliss além de vocalizadores e softwares dedicados para este fim. 52 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3 Recursos de acessibilidade ao computador Equipamentos de entrada e saída (síntese de voz, Braille), auxílios alternativos de acesso (ponteiras de cabeça, de luz), teclados modificados ou alternativos, acionadores, softwares especiais (de reconhecimento de voz, etc.), que permitem as pessoas com deficiência a usarem o computador. 4 Sistemas de controle de ambiente Sistemas eletrônicos que permitem as pessoas com limitações moto-locomotoras, controlar remotamente aparelhos eletroeletrônicos, sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. 5 Projetos arquitetônicos para acessibilidade Adaptações estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho, através de rampas, elevadores, adaptações em banheiros entre outras, que retiram ou reduzem as barreiras físicas, facilitando a locomoção da pessoa com deficiência. 6 Órteses e próteses 53 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Troca ou ajuste de partes do corpo, faltantes ou de funcionamento comprometido, por membros artificiais ou outro recurso ortopédico (talas, apoios etc.). Inclui-se os protéticos para auxiliar nos déficits ou limitações cognitivas, como os gravadores de fita magnética ou digital que funcionam como lembretes instantâneos. 7 Adequação Postural Adaptações para cadeira de rodas ou outro sistema de sentar visando o conforto e distribuição adequada da pressão na superfície da pele (almofadas especiais, assentos e encostos anatômicos), bem como posicionadores e contentores que propiciam maior estabilidade e postura adequada do corpo através do suporte e posicionamento de tronco/cabeça/membros. 8 Auxílios de mobilidade Cadeiras de rodas manuais e motorizadas, bases móveis, andadores, scooters de 3 rodas e qualquer outro veículo utilizado na melhoria da mobilidade pessoal. 9 Auxílios para cegos ou com visão subnormal Auxílios para grupos específicos que inclui lupas e lentes, Braille para equipamentos com síntese de voz, grandes telas de impressão, sistema de TV com aumento para leitura de documentos, publicações etc. 54 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 10 Auxílios para surdos ou com déficit auditivo Auxílios que inclui vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado — teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, entre outros. 11 Adaptações em veículos Acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros veículos automotores usados no transporte pessoal. De acordo com SATORETTO E BERSCH (2017), São definidos recursos de tecnologia assistiva todo e qualquer equipamento, item, produto ou sistema fabricado em série ou sob medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com deficiência. Os Serviços, são definidos como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência a selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos. 8.1. Recursos Podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, dispositivos para adequação da postura sentada, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores especiais, aparelhos de escuta assistida, auxílios visuais, materiais protéticos e milhares de outros itens confeccionados ou disponíveis comercialmente 55 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8.2. Serviço São aqueles prestados profissionalmente à pessoa com deficiência visando selecionar, obter ou usar um instrumento de tecnologia assistiva. Como exemplo, podemos citar avaliações, experimentação e treinamento de novos equipamentos. Os serviços de Tecnologia assistiva são normalmente transdisciplinares envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como: Fisioterapia Terapia ocupacional Fonoaudiologia Educação Psicologia Enfermagem Medicina Engenharia Arquitetura Design Técnicos de muitas outras especialidades Encontramos também terminologias diferentes que aparecem como sinônimos da Tecnologia Assistiva, tais como “Ajudas Técnicas”, “Tecnologia de Apoio“, “Tecnologia Adaptativa” e “Adaptações” A tecnologia é essencial para as pessoas com deficiência múltipla, pois através desses recursos ela tem melhor funcionalidade, assim, ela pode desenvolver suas atividades de interesse, portanto o termo funcionalidade deve ser entendido como maior habilidade para a realização dessas habilidades. Segundo a CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, o modelo de intervenção para a funcionalidade deve ser BIOPSICOSSOCIAL e diz respeito à avaliação e intervenção em: Funções e estruturas do corpo - DEFICIÊNCIA Atividades e participação - Limitações de atividades e de participação. Fatores Contextuais - Ambientais e pessoais 56 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Definidos da seguinte forma: Funções e Estruturas do Corpo e Deficiências • Funções do Corpo são as funções fisiológicas dos sistemas orgânicos (incluindo as funções psicológicas). • Estruturas do Corpo são as partes anatômicas do corpo, tais como, órgãos, membros e seus componentes. • Deficiências são problemas nas funções ou na estrutura do corpo, como um desvio importante ou uma perda. 8.3. Atividades e Participações / Limitações de Atividades e Restrições de Participação Definições: • Atividade é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. • Participação é o envolvimento numa situação da vida. • Limitações de Atividades são dificuldades que um indivíduo pode encontrar na execução de atividades. • Restrições de Participação são problemas que um indivíduo pode experimentar no envolvimento em situações reais da vida. Fatores Contextuais • Representam o histórico completo da vida e do estilo de vida de um indivíduo. Eles incluem dois fatores - Ambientais e Pessoais - que podem ter efeito num indivíduo com uma determinada condição de saúde e sobre a Saúde e os estados relacionados com a saúde do indivíduo. • Fatores Ambientais: Constituem o ambiente físico, social e atitudinal noqual as pessoas vivem e conduzem sua vida. Esses fatores são externos aos indivíduos e podem ter uma influência positiva ou negativa sobre o seu desempenho, enquanto membros da sociedade, sobre a capacidade do indivíduo para executar ações ou tarefas, ou sobre a função ou estrutura do corpo do indivíduo. • Fatores Pessoais: São o histórico particular da vida e do estilo de vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que não são parte de uma condição de saúde ou de um estado de saúde. Esses fatores podem incluir o sexo, raça, idade, outros estados de saúde, condição física, estilo de vida, hábitos, educação recebida, diferentes maneiras de enfrentar problemas, antecedentes sociais, nível de instrução, profissão, experiência passada e presente, (eventos na 57 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância vida passada e na atual), padrão geral de comportamento, caráter, características psicológicas individuais e outras características, todas ou algumas das quais podem desempenhar um papel na incapacidade em qualquer nível. 8.4. Modelos Conceituais Para compreender e explicar a incapacidade e a funcionalidade foram propostos vários modelos conceituais: • Modelo Médico: Considera a incapacidade como um problema da pessoa, causado diretamente pela doença, trauma ou outro problema de saúde, que requer assistência médica sob a forma de tratamento individual por profissionais. Os cuidados em relação à incapacidade têm por objetivo a cura ou a adaptação do indivíduo e mudança de comportamento. A assistência médica é considerada como a questão principal e, a nível político, a principal resposta é a modificação ou reforma da política de saúde. • Modelo Social: O modelo social de incapacidade, por sua vez, considera a questão principalmente como um problema criado pela sociedade e, basicamente, como uma questão de integração plena do indivíduo na sociedade. A incapacidade não é um atributo de um indivíduo, mas sim um conjunto complexo de condições, muitas das quais criadas pelo ambiente social. Assim, a solução do problema requer uma ação social e é de a responsabilidade coletiva da sociedade fazer as modificações ambientais necessárias para a participação plena das pessoas com incapacidades em todas as áreas da vida social. Portanto, é uma questão atitudinal ou ideológica que requer mudanças sociais que, a nível político, se transformam numa questão de direitos humanos. De acordo com este modelo, a incapacidade é uma questão política. • Abordagem Biopsicossocial: A CIF baseia-se numa integração desses dois modelos opostos. Para se obter a integração das várias perspectivas de funcionalidade é utilizada uma abordagem "biopsicossocial". Assim, a CIF tenta chegar a uma síntese que ofereça uma visão coerente das diferentes perspectivas de saúde: biológica, individual e social. Todos recurso e serviços oferecidos pela tecnologia assistiva auxiliam no desenvolvimento da criança com deficiência múltipla, pois através disso ela pode se locomover, comunicar e se expressar diante as situações cotidianas. 58 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A tecnologia assistiva é um recurso de acessibilidade que cria uma ponte por cima das muitas barreiras que essas crianças enfrentam. É emergencial a introdução de um plano de conscientização sobre acessibilidade no ambiente escolar, para que as pessoas não criem tantas barreiras às pessoas com deficiência múltipla. Percebe-se que as barreiras atitudinais não são concretas, pois elas se materializam nas atitudes de cada pessoa. A luta pela conscientização deve ser um processo paulatino mesmo porque não se têm classificadas todos os tipos de barreiras atitudinais, esse é um desafio que preocupa os envolvidos no processo de educação com inclusão. O processo de remoção de barreiras é bem-sucedido quando se torna a educação acessível para todos, a tecnologia assistiva tem propostas muito ricas em função da acessibilidade, os recursos e serviços oferecidos por essas ferramentas afirmam a possibilidade de desenvolvimento das pessoas com deficiência múltipla, destacam suas habilidades e mobilizam a atmosfera ao redor dessa criança, portanto todas as escolas devem trabalhar com seus alunos os conceitos em relação a tecnologia assistiva, como recurso de acessibilidade, e ainda informar os seus profissionais e alunos sobre as barreiras atitudinais mais comuns que acontecem no cotidiano das crianças com deficiência no ambiente escolar e também nos ambientes externos. Uma sociedade só é capaz de incluir quando são educadas para isso, ou seja, a inclusão tem que ser foco dentro e fora dos corredores das escolas. Ler artigo das pesquisadoras Rita Bersch “RECURSOS PEDAGÓGICOS ACESSÍVEIS - Tecnologia Assistiva (TA) e Processo de Avaliação nas escolas”. Disponível em: http://www.assistiva.com.br/Recursos_Ped_Acessiveis_Avaliacao_ABR2013. pdf http://www.assistiva.com.br/Recursos_Ped_Acessiveis_Avaliacao_ABR2013.pdf http://www.assistiva.com.br/Recursos_Ped_Acessiveis_Avaliacao_ABR2013.pdf 59 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. O TRABALHO EDUCACIONAL COM O DEFICIÊNTE MÚLTIPLO. Objetivo Apresentar recursos para otimizar a eficiência no processo de alfabetização do educando no processo ensino-aprendizagem, além de valorizar a diversidade como agente de transformação de consciência social, viabilizando o exercício da cidadania na construção de uma sociedade inclusiva. Introdução: A sociedade atual valoriza sobremaneira a leitura e a escrita e compete a escola criar as condições que assegurem a todos o acesso ao conhecimento. A alfabetização é fundamental, porque o saber ler e escrever, amplia a comunicaçao, permite a aquisição de conhecimentos e facilita a inclusão do individuo ao meio. Os alunos inclusos pertencem a diferentes segmentos sociais, vêm de diferentes regiões geográficas e são de diferentes níveis culturais. O potencial que herdaram, as condições de saúde e as experiências vivenciadas, antes de entrarem na escola, respondem pelos diferentes níveis de desenvolvimento que apresentam, apesar de estarem na mesma faixa etária. Os alunos caracterizados como inclusos necessitam de uma intervenção intensa e longa para atingirem a alfabetização, além de professores que conhecem bem os seus alunos, os métodos/estratégias/técnicas na qual vai alfabetizar. A avaliação terá que ser constante, pois a competência do professor e o sucesso dos alunos dependem da coerencia do projeto politico pedagogico, ás condições dos alunos. 9.1. Estratégias didáticas para crianças com múltiplas deficiências Segundo Molina (1976), o processo cognitivo emerge [...] através do desenvolvimento que não é, nem maturação biológica, nem aprendizagem no sentido usual do termo, é reorganização das estruturas psicológicas resultantes das interações do organismo com o ambiente... As estruturas cognitivas e afetivas podem ser fomentadas pela educação, mas emergem naturalmente da interação entre a criança e o ambiente. 60 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As atividades sociais, as artes, os jogos e os brinquedos têm grandes componentes estruturais cognitivos e contribuem para o desenvolvimento intelectual, da mesma forma que dele recebem contribuição. Na escola, compete ao professor organizar o ambiente escolar e também promover condições que propiciem interações, que eliciem habilidades, comportamentos e compreensão desejados. Nas últimas décadas, o conceito de alfabetização assumiu o caráter de tratamento diferenciado, altamente individualizado, de modo que o professor deve trabalhar o aluno a partir do ponto em que se encontra e não do nível que gostaria que o alunoestivesse. Evidências demonstram que algumas crianças em idade escolar apresentam defasagens para a alfabetização, sem os pré-requisitos básicos necessários para a assimilação da leitura e da escrita, revelando: imaturidade das estruturas psicológicas, dificuldade de ajustamento ao ambiente escolar e falta de familiaridade com materiais didáticos. Entre essas crianças estão as deficientes mentais educáveis, que devem ser atendidas com técnicas e estratégias apropriadas (trabalho individual ou pequenos grupos), o que possibilita ao professor estimular o desenvolvimento das funções motoras, cognitivas e afetivas solicitadas pela escola aos 7 ou 8 anos de idade cronológica. A prática tem demonstrado que um grande número de alunos deficientes mentais educáveis sofreu experiências de fracasso e rejeição em classes comuns e adquiriu atitudes negativas em relação a si mesmos, aos professores e à escola. São alunos que no aspecto cognitivo podem adquirir habilidades de leitura, de escrita, de cálculo, de moções de ciências, de estudos sociais, etc. São alunos que ao atingirem 10 ou 11 anos de idade cronológica apresentam uma idade mental de 5, 6 ou 7 anos, mas que, se lhes forem proporcionados métodos, técnicas e estratégias individualizadas de ensino, aumento nos prazos dos programas, um ambiente receptivo e acolhedor, podem atingir a capacidade de leitura e escrita correspondente à 3. ou 4. séries comuns do ensino de 1. Grau O éxito de quem ensina está em primeiro lugar na sua qualificação pessoal e profissional, no conhecimento que tem de todos os seus alunos (na aceitação de suas limitações e de seus problemas de comportamento) e na sua capacidade de programar com precisão atividades coerentes com as necessidades e possibilidades de sua classe. 61 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.2. Banco de idéias Como estudado anteriormente, compreender e praticar a acessibilidade significa proporcionar serviço para todos, independentemente de suas limitações. As formas de trabalhar com cada deficiência varia de acordo com as limitações de cada individuo e seu desenvolvimento pessoal. Pode-se atribuir certas estratégias pedagógicas para dinamizar o desenvolvimento acadêmico do educando. Quando aplicar as atividades destinadas as crianças com deficiências múltiplas abaixo descritas, deve-se ater a estratégias didáticas para o melhor desempenho, levando em consideração dinâmicas que facilitem a construção cognitiva do aluno com o tema abordado. 62 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.2.1. Educação Infantil DOMINÓ DAS CORES Facilita a nomeação das cores, a discriminação visual e a correspondência um a um. As peças ampliadas permitem melhor manuseio aos alunos com dificuldade de preensão. O material pode ser higienizado devido a tinta lavável. Descrição: Este material é feito em madeira, medindo 4 cm de comprimento, 9 cm de largura e 1 cm de espessura. Cada peça possui duas cores. A pintura é feita com tinta lavável DOMINÓ DE QUANTIDADES, EM RELEVO Auxilia na discriminação visual das quantidades. Sua espessura foi aumentada para que as crianças que possuem preensão prejudicada possam manuseá-lo. A identificação da quantidade, em feltro, permite utilizar a sensibilidade tátil– sinestésica. A cor vermelha sobre o marrom permite um bom contraste visual. Descrição: Dominó de madeira, medindo 9 cm de comprimento, 4 cm de largura e 0,5 cm de espessura. A identificação da quantidade é feita com feltro vermelho. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Marília, SP. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Marília, SP. 63 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância DOMINÓ DE FIGURAS GEOMÉTRICAS Permite a discriminação visual e tátil das figuras geométricas. O jogo pode ser manuseado sob a carteira ou na posição “em pé”, permitindo movimentos de flexão e extensão de braços. As peças com imãs facilitam a fixação sobre o tabuleiro, principalmente, aos alunos com dificuldade no manuseio. Descrição: Este dominó é de madeira e possui as figuras geométricas (círculo, quadrado, triângulo) em relevo, pintadas nas cores azul, vermelho, amarelo e verde. Sob cada peça foi colada um imã. As peças são utilizadas sobre um tabuleiro de latão revestido com papel contact. DOMINÓ DE TEXTURAS Permite o desenvolvimento da discriminação visual de padrões e discriminação tátil, requisitos importantes para alunos que tenham alterações sensoriais e dificuldades para discriminar, percentualmente, estímulos visuais. Pode se zr utilizado para viabilizar a alfabetização, que exige discriminação apurada de símbolos na forma gráfica. Descrição: Confeccionado em madeira com aplicação de diferentes tecidos: lã, veludo, malha, brim e seda. QUEBRA-CABEÇA DE CUBOS Permite trabalhar com a percepção visual, preensão e discriminação de figuras (parte/todo). Cada parte do cubo apresenta uma figura, sendo possível montar 6 desenhos diferentes. O manuseio do cubo foi idealizado para a coordenação com ambas as mãos (bi manual). Indicado para alunos que apresentam distrofia muscular. Por ser um material leve, não é recomendado Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Marília, SP. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 64 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância para alunos com paralisia cerebral do tipo atetóide, que apresentam movimentos involuntários. No caso desses alunos, seria recomendado cubos mais pesados. Descrição: Este quebra-cabeça é feito de caixa de papelão, em formato de cubo, plastificado e com aplicação de figuras. CAIXA DE ESTÍMULOS Auxilia no ensino de cores, na aquisição de conceitos como dentro e fora abrir e fechar, tirar e colocar. Auxilia, também, no treino da coordenação viso- motora. Pode ser utilizado na posição sobre a carteira ou na posição “em pé”. Descrição: Este recurso é composto por uma caixa, dividida em quatro compartimentos e cada um com uma porta. Cada porta é pintada de uma cor e cada uma possui uma fechadura diferente. Dentro dos compartimentos é possível colocar objetos. JOGO DE ADVINHAÇÃO Permite trabalhar com percepção tátil sinestésica, discriminação e identificação de formas e texturas. Dentro da caixa coloca-se um material com determinada textura ou forma e a criança deverá reconhecê-lo e procurar o correspondente fora da caixa. Descrição: Recurso composto por uma caixa de madeira, com uma abertura na lateral, em forma de círculo, onde é fixado um pé de meia de jogador de futebol. No fundo da caixa é colada uma tira de câmara de ar de bicicleta, que serve como antiderrapante e que ajuda a fixar a caixa sobre a mesa. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 65 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância JOGO DA MEMÓRIA I Auxilia o desenvolvimento da memória visual dentro de um espaço delimitado e permite trabalhar com a atenção concentrada. Quando o jogo é realizado em grupo, pode-se trabalhar com regras sociais como, por exemplo, “um aluno de cada vez”. O material simples, produz um visual estimulador e permite a higienização. A forma de cada peça possibilita ao aluno manuseá-la com pinça lateral, com pinça em dois ou mais dedos ou mesmo utilizar ambas as mãos para empurrar e virar as peças. Descrição: Jogo feito com tampas de maionesee com pares de figuras coladas sobre a tampa. JOGO DA MEMÓRIA II Auxilia o desenvolvimento da memória visual dentro de um espaço delimitado e permite trabalhar com a atenção concentrada. O material é simples e resistente. A forma das peças possibilita ao aluno manuseá-las com pinça lateral, em dois ou mais dedos ou mesmo utilizar ambas as mãos para empurrar e virar as peças. Descrição: Jogo feito com tampas de frascos de embalagens para bolinhas de tênis e com pares de figuras coladas sobre a tampa. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 66 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância VAMOS VESTIR A BONECA? Possibilita a discriminação parte/todo. Pelo fato do material possuir um imã na parte detrás permite ao aluno acometido por deficiência física, como paralisia cerebral, do tipo espástica ou atetóide, um melhor manuseio. Descrição: A boneca é confeccionada com lâmina de latão e revestida com papelão plastificado. As peças de roupas possuem imãs. As peças são manuseadas sobre uma placa de latão revestida com papel contact colorido. JOGO PARA AQUISIÇÃO DE CONCEITOS PRÉ-ESCOLARES Facilita a discriminação de peso, tamanho, cor, forma, dentre outros. Confeccionado para um grupo de alunos da pré-escola que apresentava deficiência física. Propicia uma grande variedade de atividades tais como: separação de formas, identificação de cores, aquisição de noções de peso, massa e volume. Descrição: Este jogo é composto por uma caixa medindo 1 m e 30 cm de comprimento, 60cm de largura e 15 cm de altura. A caixa possui uma divisória que pode ser retirada. Fazem parte do jogo peças coloridas em forma de esferas e cubos, de diversos tamanhos, confeccionadas com madeira, isopor ou borracha. Esses materiais conferem diferentes texturas e diferentes pesos. 9.2.2. Matemática e raciocínio lógico TANGRAM IMANTADO Visa desenvolver o raciocínio lógico e a discriminação de formas e cores, dentre outras. Confeccionado para aluno com dificuldade de preensão. A colocação do imã facilita ao aluno o manuseio e a fixação das peças. Auxilia em dificuldades advindas da espasticidade e de movimentos involuntários de membros Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 67 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância superiores, características comuns em alunos com paralisia cerebral do tipo espástica ou atetóide. Descrição: O jogo é utilizado sobre uma placa imantada revestida com papel contact. As peças possuem imãs na parte posterior e são feitas em madeira com espessura de 1,5 cm e pintadas com tinta lavável. As peças foram ampliadas permitindo a preensão em pinça com dois ou mais dedos. JOGOS DOS NUMERAIS Auxilia a identificação de numerais e de quantidade. Confeccionado para alunos que apresentam dificuldade no manuseio de lápis e papel, mas pode ser utilizado por qualquer aluno da classe comum ou da educação infantil. O manuseio das peças permite a estimulação da preensão e da coordenação motora. Descrição: O recurso é composto de números confeccionados em madeira grossa. Cada numeral possui pequenos buracos, onde deverão ser encaixados pinos em igual proporção à representação do numeral. Por exemplo: para o numeral seis deverão ser encaixados seis pinos. MULTIPLICAÇÃO EM PIZZA Permite demonstrar a multiplicação entre números apenas trocando o multiplicador central. Assim, possibilita montar operações sem que seja necessário ao aluno armá-las e copiá-las em papel. Confeccionado para alunos com dificuldade de manuseio de lápis e papel. Evita que os alunos se cansem demasiadamente. Descrição: Confeccionado em madeira de forma circular, com diâmetro de 35 cm e espessura de 2 cm. No meio possui uma abertura também em forma de círculo, na qual os multiplicadores podem ser trocados. O recurso é acompanhado de toquinhos de madeira com os numerais inscritos, que serão utilizados para exibir o resultado da operação aritmética. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 68 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CORRESPONDÊNCIA Facilita trabalhar conteúdos de matemática principalmente conceitos como mais/menos, igual/ maior/menor que são base para a aquisição de outros conhecimentos. É uma didática utilizada com alunos que têm paralisia cerebral do tipo atetóide ou misto e em alguns casos espástico. Descrição: 1) O aluno com deficiência física precisa de mais espaço. O chão é uma grande página que aceita e possibilita uns “cem números” de aprendizagens. 2) O trabalho no chão facilita ao aluno executar os exercícios propostos no livro didático. 3) usamos tinta guache, cordão, fita adesiva. 9.2.3. Leitura e escrita PESCARIA Trabalha a sensibilidade sinestésica e a coordenação viso-motora. Confeccionado para auxiliar alunos e crianças com deficiência física que ainda não conseguem fazer a “pesca” por meio de ganchos e, dessa forma, cria a oportunidade para participação em brincadeiras, em gincanas ou em festas juninas. Auxilia em movimentos de extensão e flexão de membros superiores. As ilustrações e os nomes escritos nos peixes podem ser utilizados para a leitura. Descrição: O recurso é constituído de uma caixa de madeira com canaletas, onde os peixes são colocados na posição “em pé”. Cada peixe possui um nome com ilustração. A vara de pescar pode ser feita de madeira ou bambu e revestida em veludo ou lixa. Para pescar, a criança deverá grudar o imã (que fica na ponta da vara) no peixe. Fonte: Sala de Estudo, Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências Obras Sociais Imã Dulce, Salvador, Bahia. Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 69 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância LIVRO DE TEXTURAS Trabalha a sensibilidade tátil e sinestésica, a discriminação de cores e texturas. A cada página o aluno encontra uma nova história com texto e ilustração. Na ilustração, os materiais utilizados permitem ao aluno vivenciar várias sensações táteis, o que serve como estímulo para manusear o livro. A história apresentada na página da direita é escrita em fonte ampliada. Sabemos que vários alunos com deficiência física têm dificuldade em virar as páginas de livros e revistas e, pensando nisso, foi adaptado um virador de páginas para atender a essa necessidade. Descrição: Este livro apresenta ilustrações que fornecem estímulos com diferentes texturas, feitas em alto relevo, com lã, papéis lisos, bolinhas de papel e palitos de fósforo. A parte inferior de cada folha possui um palito colado de forma que facilite ao aluno, virar a página. CADERNO DE ELÁSTICO Proporciona ao aluno, que possui movimentos involuntários, a escrita entre pautas, sendo indicado para o portador de paralisia cerebral do tipo atetóide. As linhas feitas com elástico auxiliam e seguram os movimentos involuntários da mão do aluno ao utilizar lápis ou giz de cera sobre o papel. Descrição: Caderno confeccionado em madeira, possuindo furos nas duas laterais por onde é passado um elástico de um lado a outro, formando as linhas. 9.2.4. Autista Fazer - Use cores simples; - Escreva de forma clara e simples; - usar frases e marcadores simples; - criar botões descritivos — por exemplo, “anexar arquivos”; - Construir layouts simples e consistentes. Fonte: Laboratóriode Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, Fonte: Laboratório de Educação Especial “Prof. Ernani Vidon”, Unesp, 70 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não fazer - Use cores contrastantes brilhantes; - Usar figuras de linguagem ou expressões idiomáticas; - usar grandes blocos de textos; - criar botões vagos ou imprevisíveis — por exemplo, “clique aqui”; - construir layouts complexos e desordenados. Autor: Kara Pun Disponível em: https://accessibility.blog.gov.uk/2016/09/02/dos-and-donts-on-designing-for-accessibility/ 9.2.5. Deficiênte auditivo e/ou surdo Fazer - escreva de forma clara e simples - usar legendas e/ou fornecer transcrições para vídeos - construir layouts simples e consistentes - dividir o conteúdo com subtítulos, imagens e vídeos - permitir que o usuário escolha o seu melhor meio e comunicação https://accessibility.blog.gov.uk/2016/09/02/dos-and-donts-on-designing-for-accessibility/ 71 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não fazer - usar figuras de linguagem ou expressões idiomáticas - usar conteúdo apenas em áudio ou vídeo - construir layouts complexos e desordenados - construir longos blocos de conteúdo - não permita que o telefone seja o único meio de comunicação para usuários. Autor: Karwai Pun Disponível em: https://accessibility.blog.gov.uk/2016/09/02/dos-and-donts-on-designing-for-accessibility/ 9.2.6. Dislexia Fazer - Usar imagens e diagramas para acompanhar texto - alinhe textos a esquerda e manter a consistência do layout - considere produzir materiais em outros formatos — por exemplo: áudio e vídeo - mantenha o conteúdo curto, claro e simples - permitir que os usuários alterem o contraste entre plano de fundo e texto 72 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Não fazer - use grandes blocos de texto - sublinhar palavras, usar itálico e escrever em maiúsculas - forçar usuários a lembrar coisas de páginas anteriores — forneça lembretes e avisos - depender de ortografia correta e precisa — forneça autocorreção ou sugestões - colocar muita informação em um só lugar Autor: Karwai Pun Disponível em: https://accessibility.blog.gov.uk/2016/09/02/dos-and-donts-on-designing-for-accessibility/ 9.2.7. Baixa visão Fazer - usar bons contrastes e um tamanho de fonte legível - publicar todas as informações diretamente em páginas HTML - usar combinação de cores, formas e texto - construir layout linear e lógico garantindo boa leitura em ampliações Não fazer - use baixo contraste e tamanho de fonte pequeno - usar apenas cor para transmitir significado 73 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância - espalhar conteúdo por toda a página e forçar usuário a rolar a tela em ampliações - separar ações do seu contexto Autor: Karwai Pun Disponível em: https://accessibility.blog.gov.uk/2016/09/02/dos-and-donts-on-designing-for-accessibility/ BOSCO, I. C. M. G. , MESQUITA, S. R. S. H., MAIA, S. R. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla . Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 5. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar). Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/299632/ BOSCO, I. C. M. G. , MESQUITA, S. R. S. H., MAIA, S. R. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla . Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 5. (Coleção A Educação Especial na 74 Deficiências Múltiplas Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Perspectiva da Inclusão Escolar). Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/299632/ BOSCO, I. C. M. G., MESQUITA, S. R. S. H., MAIA, S. R. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: surdocegueira e deficiência múltipla. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. v. 5. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar). Disponível em: https://central3.to.gov.br/arquivo/299632/ BRASIL, Resolução Nº 4, de 2 de outubro de 2009 (*) Institui Diretrizes Operacionais para Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf CARVALHO, E. N. S., Programa de Capacitação de Recursos Humanos no Ensino Fundamental: Deficiência Múltipla, volume 1, fascículo II, Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2000, Série: Atualidades Pedagógicas. CARVALHO, E. N. S., Programa de Capacitação de Recursos Humanos no Ensino Fundamental: Deficiência Múltipla, volume 1, fascículo II, Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2000, Série: Atualidades Pedagógicas. COELHO, Charlotte, O Pictures Exchange Communications System (PECS), Psicologia.PT, 2015. Disponível em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0927.pdf Especiais visto sob a luz da Psicologia Histórico-Cultural. 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