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HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 1 SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA - Identificação detalhada: estado civil, filhos, religião. - HMA: Eventos relacionados com o surgimento da doença. (Sempre perguntar se é a primeira vez que tal evento acontece) - HP: Antecedentes psiquiátricos, tentativas de suicídio, uso e abuso de drogas ilícitas e lícitas. - HF: Sofrimentos mentais, violação de leis, passado de agressão. - HBPS: Interação social e com os familiares. - HD: Lista de problemas e hipótese. - CD: Escrever detalhadamente. (Sempre marcar retorno em 1 semana para reavaliação do paciente) SÚMULA PSICOPATOLÓGICA 1) APARÊNCIA - Imagem física do paciente. Modo de andar, tipo de roupa, higiene, cabelos em desalinho ou não. Depressão: higiene precária, roupa desalinhado, paciente pouco cooperativo ou pouco interessado. Mania: vestimenta extravagante, chamativo, desinibido. Esquizofrenia: atitude desconfiada, pouco cooperativo, assustado. 2) POSTURA E ATITUDE - Fisionomia (expressão facial), reação em relação ao examinador e ao ambiente. Descrição: cooperativo, indiferente, passivo, fóbico, agressivo, petulante, cabisbaixo, dissimulado, inseguro, sedutor, dramático, teatral, queixoso, querelante. 3) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - Caracterizado de acordo com o ponto de vista neurológico. Vigil: normal, acordado, funções do SNC integras. Sonolência: lentificação geral, porém ainda desperta e fica acordado. Topor: responde e acorda apenas estimulado e apaga logo em seguida. Coma: não responde independente do estímulo, grau mais profundo do rebaixamento do nível de consciência. Estado crepuscular: estreitamento da consciência, podendo manter comportamentos motores relativamente organizados, na ausência de um estado de consciência plena. Ocorre em estados epiléticos. Delirium: quadro agudo caracterizado por diminuição do nível de vigília, acompanhado de alterações cognitivas (desorientação, déficits de memória) ou perceptuais (ilusões e alucinações). 4) ORIENTAÇÃO - Autopsíquica: se caracteriza pelo reconhecimento de si, envolvendo: Saber o próprio nome; HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 2 Reconhecer as pessoas do seu meio imediato, através do nome e do seu papel social. Saber quem é o entrevistador. - Alopsíquica: avalia: Orientação em tempo e espaço, englobando saber dia, mês e ano, marcos temporais (natal, carnaval, páscoa) Orientação do espaço envolve também saber onde está no momento, nomear lugar, cidade e o estado. 5) ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO - Capacidade de manter o foco em alguma atividade, envolvendo atenção e distração frente a estímulos externos e internos. Quando prejudicada, essa função interfere no curso da entrevista, visto que o examinador tem que repetir as perguntas. A atenção é caracterizada como a direção da consciência. Atenção involuntária: vigilância - E a percepção de estímulos do ambiente, é o foco de estímulos externos. - Pode estar: hipovigil, normovigil e hipervigil. Atenção voluntária: tenacidade - É a percepção de estímulos em alguma coisa. É o foco em apenas uma atividade. - Pode estar: hipotenaz, normotenaz e hipertenaz. 6) MEMÓRIA - Começa a ser avaliada durante a obtenção da história clínica, com a verificação se o paciente recorda e situações da vida pregressa, como local que estudou primeiro emprego, tratamentos feitos anteriormente. Divide-se a avaliação em: Memória remota: eventos passados da própria história. Memória recente: eventos que aconteceram nos últimos dias e horas. Memória imediata: eventos que aconteceram nos últimos minutos. Observação: ao observar uma deficiência de memória, é importante sempre excluir diagnósticos diferenciais. 7) INTELIGÊNCIA - Compara-se o paciente com sua faixa etária e escolaridade. Avalia Raciocínio lógico Vocabulário Capacidade de fazer contas Dificuldade nos estudos Juízo crítico 8) PENSAMENTO E FALA - É avaliado através do discurso durante a entrevista. HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 3 A) CARACTERÍSTICA DA FALA: anotar se a fala é espontânea, se ocorre apenas em resposta a estimulação ou não ocorre (mutismo). Descrever volume da fala, se há defeito na verbalização (afasia ou disartria, gagueira, rouquidão). B) PROGRESSÃO DA FALA: observar quantidade e velocidade da verbalização do paciente. Linguagem quantitativamente diminuída: o paciente restringe a fala, respostas monossilábicas ou sucintas, sem sentença ou comentários. Fluxo lento: longas pausas entre as palavras e /ou latência para iniciar uma resposta. Prolixidade: o paciente fala muito, discorrendo longamente sobre tópicos, porém dentro de uma conversação normal. Fluxo acelerado: o paciente fala continuamente e com velocidade aumentada. O examinador encontra dificuldade ou não consegue interromper o discurso do paciente. C) FORMA DE PENSAMENTO: examinar a organização formal do pensamento, continuidade e eficácia em atingir um determinado objetivo. Alguns distúrbios que são observados neste item são: Circunstacialidade: objetivo final de uma determinada fala é adiado pela incorporação de detalhes que são inúteis ao assunto. Tangencialidade: o objetivo da fala não é atingido ou não é claramente definido. O paciente afasta do tema que esta sendo discutido, introduzindo pensamentos aleatórios dificultando a conclusão (pobreza do conteúdo do pensamento). Perseveração: o paciente repete a mesma resposta à uma variedade de questões, se mostrando incapaz de mudar sua resposta. Fuga de idéias: ocorre na presença do pensamento acelerado e caracteriza pela associação inapropriada entre o pensamento. Pensamento incoerente: perda de associação lógica entre as partes de uma sentença (afrouxamento de associações). Sequência incompreensível de frases ou palavras (salada de palavras). Bloqueio de pensamento: interrupção abrupta na fala, no meio da sentença. Quando o paciente consegue retomar o discurso, não consegue fazer associação com o assunto anterior. Neologismo: o paciente cria uma palavra nova e ininteligível, geralmente é uma condensação de palavras existentes. Ecolalia: repetição de palavras ou frases ditas pelo interlocutor, as vezes com a mesma entonação. FROUXIDÃO DE LAÇOS ASSOCIATIVOS ↓ DESCARRILHAMENTO DE IDEIAS ↓ DESAGREGAÇÃO DE PALAVRAS ↓ SALADA DE PALAVRAS D) CONTEÚDO DO PENSAMENTO: investigação dos conceitos emitidos pelo paciente durante a consulta e sua relação com a realidade. HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 4 - Tema predominante e/ou com características peculiares Ansiosos: preocupações exageradas consigo mesmo ou com outras pessoas. Depressivos: desamparo, desesperança, ideação suicida, etc. Fóbico: medo exagerado ou patológico diante de algum tipo de estímulo ou situação. Obsessivos: pensamentos recorrentes, invasivos e sem sentido, que a pessoa reconhece como produtos de sua própria mente e tenta afastá-los da consciência. Podem ser acompanhados de comportamentos repetitivos (compulsões). - Logicidade do pensamento: quanto o pensamento pode ser sustentados por dados da realidade do paciente. São formas do pensamento ilógico: Idéias supervalorizadas: o conteúdo do pensamento se centraliza em torno de uma idéia que assume uma tonalidade afetiva acentuada, é irracional, porém sustentada com menos intensidade que uma idéia delirante. Delírios: crenças que refletem uma avaliação falsa da realidade. Podem ser: Delírios primários: quando não estão associados a outros processos psicológicos. Ex: Inserção de pensamento (acredita que os próprios pensamentos são colocados na cabeça) // Irradiação de pensamento (acredita que os pensamentos são audíveis ou captados pelos outros). Delírios secundários: quando estão vinculados com outro processo psicológico (derivado de alucinações ou associado a depressõese manias) Delírios sistematizados: relacionados a um único tema, mantendo uma lógica interna, ainda que baseada em premissas falsas. Delírios não sistematizados: quando envolvem vários temas, são mais desorganizados e pouco convincentes. Delírios de referência: atribuição de um significado pessoal a observação ou comentários neutros. Delírios persecutórios: idéia de que está sendo atacado, incomodado, prejudicado perseguido ou sendo objeto de conspiração. Delírios de grandiosidade: o conteúdo envolve poder, conhecimento ou exagero. Delírios somáticos: o conteúdo envolve mudança ou distúrbio no funcionamento corporal. Delírios de culpa: acredita ter cometido alguma falha ou pecado imperdoável. Delírios de controle: acredita que seus pensamentos são controlados por alguma força externa. - Capacidade de abstração: reflete a capacidade de formular conceitos e generalizações. A incapacidade de abstração é referida como pensamento concreto. Pode ser avaliado através da observação de algumas manifestações espontâneas (ex: pergunta ao paciente “como vai” o paciente responde como “vou de ônibus”). 9) SENSOPERCEPÇÃO - Capacidade de perceber seus arredores pelos 5 sentidos. As principais alterações são: Despersonalização: refere-se a sensação de estranheza, como se seu corpo ou parte deles não lhe pertencessem. Desrealização: o ambiente ao redor parece estranho e irreal, como se “ as pessoas ao seu redor estivessem desempenhando papéis”. Ilusões: percepção deformada de um objeto real e presente coisas que parecem ser o que não é. HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 5 Alucinações: percepção clara de um objeto sem a presença do objeto real irrealidade. Alucinose: percebe a alucinação como estranha à sua pessoa (periférico ao eu). 10) HUMOR E AFETO - Afeto: qualidade de sentimentos imediatos e subjetivos, como tristeza, culpa ou alegria, bem como a modulação do mesmo e a tonalidade que ele toma. - Humor: estado emocional basal, o mais persistente. Durante a avaliação considera-se: Conteúdo verbalizado O que se observa ou se deduz do tom de voz, da expressão facial, da postura corporal. Maneira como o paciente relata experimentar os próprios sentimentos o que pode requerer um questionamento específico sobre “como os sentimentos são experimentados” Relato de oscilações e variações de humor no curso do dia. Classificação do humor: Eutímico Hipertímico Hipotímico Observação: o humor e o afeto devem ser congruentes, se não são, nos fazem pensar em determinadas condições mentais. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DO HUMOR E AFETO Distimia: disfunção do humor, no sentido de inibição ou excitação. Depressão: rebaixamento do humor (hipotimia), inibição da motricidade, lentificação do pensamento e alteração do conteúdo do pensamento. Mania: euforia e hipertimia acentuadas que levam a alterações de outras funções psíquicas; agitação psicomotora e alteração do pensamento. Angustia e ansiedade: ansiedade é humor desconfortável, inquietação. Apatia e anedonia: diminuição da resposta afetiva. Embotamento ou esvaziamento afetivo: perda profunda de expressão afetiva. Ocorre em formas de esquizofrenia e quadros de demências. Labilidade e incontinência afetiva: mudanças bruscas e imotivadas do humor. Podem ocorrer em quadros de depressão e mania, casos graves de ansiedade e esquizofrenia. 11) CONSCIÊNCIA DO EU - Percepção da pessoa com ela mesma em relação ao mundo externo, como figuras diferentes. - É a capacidade do homem de perceber-se a si mesmo, como ser consciente, inserido em um meio social específico, sem perder a distinção desta unidade e identidade que constituem o eu. HELENA C. FRANCO PSIQUIATRIA 6 Atividade do Eu: “eu penso, eu existo”. É a consciência de autonomia dos próprios sentimentos e ações. Em algumas doenças os pacientes podem relatar sensação de perda da autonomia dos seus atos ou pensamentos como se fossem manipulados ou controlados por outras pessoas. Unidade do Eu: “eu sou um no momento”. E a consciência de ser o mesmo e um só em dado momento. Identidade do Eu: é a percepção que temos de que somos a mesma pessoa no decorrer do tempo, quer dizer, ser o mesmo antes, agora e depois. Limites do Eu: percepção e distinção entre o eu e o outro entre o eu e o mundo circundante. 12) PSICOMOTRICIDADE - Observar a velocidade e intensidade da marcha e gesticulações, agitações, retardos e tique, presença de sinais de catatonia. 13) JUIZO CRÍTICO DA REALIDADE - Capacidade do indivíduo em reconhecer coerência em suas idéias e princípios, e diante disso agir de acordo com a realidade. 14) VOLIÇÃO - Vontade do paciente, capacidade de agir de forma racional e reflexiva, seguindo a ordem: discussão decisão execução. Hipobulia: diminuição da vontade Abulia: abolição da vontade Estupor: imobilização da vontade FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS - Sempre avaliar em toda consulta: Apetite/ dieta (perda ou ganho de peso) Sono (duração, satisfação, sono diurno, insônia, hipersonia, sonambulismo) Sexualidade (desejo sexual, prazer, ejaculação, sexo seguro, planejamento familiar). - Impressão sobre a fidelidade das informações: Colaboração do paciente Presença de acompanhante Local da realização dos exames
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