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Fármacos que Atuam no Sistema Nervoso Autônomo (SNA) Objetivos • Reconhecer o funcionamento do SNA em suas características anatômicas, fisiológicas e farmacológicas; • Compreender os principais aspectos da farmacologia dos fármacos que modulam a função do SNA; • Aplicar os conceitos de farmacologia na prática diária envolvendo os fármacos que atuam no SNA. Programação • Introdução à Farmacologia Autônomica; • Ativadores dos Receptores Colinérgicos e Inibidores da Colinesterase; • Bloqueadores dos Receptores Colinérgicos; • Ativadores dos Receptores Adrenérgicos e Outros Simpatomiméticos; • Bloqueadores dos Receptores Adrenérgicos; • Bloqueadores da Junção Neuromuscular. Introdução à Farmacologia Autonômica Classificação • Sistema nervoso central – Aferente (sensitiva) – Eferente (responsiva) • Vias eferentes – Sistema Nervoso Autônomo (SNA) – Sistema Nervoso Somático • Sistema Nervoso Autônomo – Simpático – Parassimpático Sistema Nervoso Central • Vias Aferentes (sensitiva) Representa a comunicação proveniente de estímulos reconhecidos por receptores na periferia que são processados pelo SNC; • Vias Eferentes (responsiva) Representa a resposta aos estímulos que chegaram ao SNC por via aferente. Vias Eferentes • Sistema Nervoso Somático: Do grego "soma" = corpo - sistema locomotor Relacionado com a motricidade, musculatura esquelética, movimento voluntário, não-automático. Controle consciente: • Movimento - Biceps, triceps, quadriceps, mãos e pés, etc • Respiração - Diafrágma, intercostais e subclavicas • Postura - Abdominais, torácicos, pescoço, costas, etc Vias Eferentes • Sistema Nervoso Autônomo: É um sistema independente, sem controle consciente direto. Envolvido em funções viscerais, automáticas, necessárias à vida. Controle inconsciênte: • Pressão arterial - Débito cardíaco, Resistência Vascular Periférica • Digestão - Peristalse, esvaziamento e secreção gástrica • Visão - Drenagem de líquidos humorais, contração da íris Fonte: pinterest.com Sistema Nervoso Autônomo • Equilíbrio entre 2 sistemas complementares: – Simpático; – Parassimpático; • Muito semelhante ao sistema endócrino; • Uso da retroalimentação (feedback) negativa; • Influenciam regiões distantes do SNC; • Age de acordo com a situação. Sistema Nervoso Autônomo • Uso da retroalimentação (feedback) negativa Feedback negativo: Sistema de controle onde o estímulo inicial é alimentado negativamente (inibido), resultando em abolição da ação (controle); Feedback positivo: Sistema de controle onde o estímulo inicial é alimentado positivamente (estimulado), resultando em perpetuação da ação (desequilíbrio). Fonte: www.biomedicinapadrao.com.br Fonte: www.biomedicinapadrao.com.br Sistema Nervoso Autônomo • Muito semelhante ao sistema endócrino Feedback negativo controla a maior parte das funções; Modula os outros sistemas corporais; Utiliza mediadores químicos para transmitir o estímulo. Fonte: pinterest.com Fonte: pinterest.com Sistema Nervoso Autônomo • Influenciam regiões distantes do SNC: Devido a sua Anatomia, pode estimular regiões distantes. Cranio-sacral (parassimpático) / Toraco-lombar (simpático) Comunicação é feita por 2 neurônios (exceção adrenal); Neurônios pré-sinápticos(1) e pós-sinápticos(2); Neurotransmissores: • Acetilcolina • Noradrenalina • Dopamina*** Fonte: Rang & Dale, 2009 Fonte: passeidireto.com.br Fonte: pinterest.com Sistema Nervoso Autônomo • Age de acordo com a situação: Não responde apenas aos estímulos internos (manutenção da PA, digestão, etc); É modulado de acordo com os estímulos detectados pela via aferente (sensitiva); Simpático - Fight or Flight Parassimpático - Rest and Digest Fisiologia do Neurônio Cada neurônio especializado sintetiza e secreta seus transmissores de forma distinta; A metabolização destes transmissores dependem de enzimas específicas contidas na fenda sináptica; Além do SNA, o Sistema Somático utiliza fibras colinérgicas para liberar acetilcolina na placa motora; Fonte: Katsung, 2014 Acetil CoA + Colina = Acetilcolina VAT = Transportador de acetilcolina Processo dependente de Ca2+ Toxina botulínica impede a liberação Acetilcolinesterase Fonte: Katsung, 2014 Em 1914, Dale propôs 2 tipos de receptores: – Muscarínicos; – Nicotínicos. A acetilcolina possui maior afinidade por receptores muscarínicos: – "A injeção de muscarina (Amanita muscaria) produz efeitos que são abolidos pela atropina (Atropa belladonna) - queda transitória na PA. – "Após o bloqueio dos efeitos muscarínicos pela atropina, doses maiores de acetilcolina produzem efeitos nicotínicos" - estimulação dos gânglios autonômicos, musculatura esquelética e liberação de catecolaminas adrenais, aumento na PA. Receptores Colinérgicos Efeito da Acetilcolina sobre a PA Fonte: Goodman & Gilman, 2009 Receptores Colinérgicos • Nicotínico – Presente nas sinapses pré-ganglionares e placa motora: • Nn - presente na junção pré-ganglionar; • Nm - presente na placa motora; • Muscarínico – Presente nas sinapses pós-ganglionares do sistema parassimpático: • M1 - Neural, glândulas gástricas e salivares; • M2 - Cardíaco, TGI e SNC; • M3 - Glândulas e músculo liso (TGI, olhos, endotélio); • M4 e M5 - SNC. Efeitos da Acetilcolina - Estímulo Muscarínico • Redução da frequência cardíaca (M2) • Vasodilatação (M3 - liberação de NO) • Aumento da salivação e lágrimas (M1, M2 e M3) • Esvaziamento da bexiga (contração do detrusor - M3) • Broncoconstrição (M2 e M3) • Aumento do suco gástrico e produção de muco (M3) • Miose (M3) • Sudorese intensa (M1 e M3) • Tremor (M1 e M3) Fonte: Katsung, 2014 Fonte: Katsung, 2014 Dopa descarboxilase → dopamina VMAT = Transp. de monoamina Processo dependente de Ca2+ Pt. de recapturação Difusão e metabolização Fonte: Katsung, 2014 Fonte: Katsung, 2014 Fonte: Arquivo pessoal Receptores Adrenérgicos e Afinidades • Alfa adrenérgicos = α – α1 - Vasos e próstata – α1 e α2 - Pâncreas • Beta adrenérgicos = β – β1 - Coração – β2 - Pulmão, vasos, útero, musc. esquelética – β3 - Adipócitos – NA não atua em β2 Fonte: Arquivo pessoal Ligações Adrenérgicas Fonte: Arquivo pessoal Efeitos da Adrenalina Fonte: Arquivo pessoal Efeitos da Adrenalina Fonte: Arquivo pessoal Efeitos da Noradrenalina Fonte: Arquivo pessoal Efeitos da Noradrenalina Fonte: Arquivo pessoal Efeitos do Isoproterenol (Isoprenalina) Fonte: Arquivo pessoal Propriedades Farmacológicas Adrenalina Noradrenalina Isoproterenol Taquicardia Taquicardia Taquicardia Hipertensão Arterial Hipertensão Arterial Hipotensão Arterial Tremor fino ---------------------- Tremor fino Palidez Palidez ---------------------- Hiperglicemia Hiperglicemia ---------------------- ---------------------- ---------------------- Arritmias Cardíacas Catecolaminas e a Pressão Arterial Fonte: Arquivo pessoal Efeitos da Noradrenalina sobre a PA Fonte: Goodman & Gilman, 1984 Efeitos da Adrenalina sobre a PA Fonte: Goodman & Gilman, 1984 Efeitos da Isoprenalina sobre a PA Fonte: Goodman & Gilman, 1984 Efeitos da Isoprenalina sobre a PA Fonte: Goodman & Gilman, 1984 Fonte: Goodman & Gilman, 2014 Fonte: Goodman & Gilman, 2014 Receptores Dopaminérgicos Fonte: Goodman & Gilman, 2014 Receptores Dopaminérgicos • Grande parte alocada no SNC: – Comportamento; – Recompensa; – Movimento; • Dopamina não atravessa a BHE: – Efeitos vasculares; – Efeitos gastrointestinais; – Outros. Efeitos Dopaminérgicos • A dopamina é encontrada no sangue na mesma concentração da adrenalina; • Entretanto, 95% desta, está na forma de sulfato de dopamina, que não exerce efeitos biológicos sendo excretado na urina; • Essa dopamina é proveniente da alimentação, e sua concentração aumenta 5x após as refeições; • Baixa concentração de dopamina ativa circulante. Efeitos Dopaminérgicos • Efeitos vasculares: – Vasodilatação; –Inibição da liberação de noradrenalina; • Efeitos gastrointestinais: – A dopamina parece atuar como agente protetor; – Reduz motilidade; • Efeitos endócrinos: – Reduz a liberação de insulina; Efeitos Dopaminérgicos • Temos os 5 subtipos de receptores alocados no rim. • Efeitos renais: – Sintetizada por células tubulares; – Aumenta a filtração glomerular; – Aumenta a excreção de sódio; – Dilatação dos vasos renais (efeito autonômico); Sistema renal dopaminérgico é complexo e ainda não bem compreendido. Fonte: Katsung, 2014 Fonte: Katsung, 2014 Integração dos Sistemas Fonte: Katsung, 2014 Fonte: Katsung, 2014 Fonte: pinterest.com Integração dos Sistemas Fonte: Katsung, 2014 Ativadores dos Receptores Colinérgicos e Inibidores da Acetilcolinesterase Nomenclatura e Classificação Grupo de fármacos que imitam a acetilcolina; • Colinomimético de ação direta: – Age no receptor colinérgico, imitando a ação da acetilcolina; • Colinomimético de ação indireta: – Inibe a acetilcolinesterase, aumentando a concentração de acetilcolina na fenda sináptica; Ativador colinérgico = colinomimético = parassimpatomimético Fonte: Goodman & Gilman, 2005 Colinomiméticos de Ação Direta • Acetilcolina 1% - colírio – Miose • Carbacol 0,75 a 3% - colírio • Carbacol 0,01% - intraocular – Miose • Betanecol 5 a 50 mg - cp • Betanecol 5mg/mL - SC • Liberan© – Retenção urinária Fonte: Katsung, 2009 66 • Acetilcolina e carbacol - sem utilidade clínica atual; • Betanecol ou Liberan© – Utilizado para estimular a micção e a peristalse após cirurgias, incluindo parto; – Maior afinidade por receptores muscarínicos; – Solução parenteral apenas via SC. Fonte: Katsung, 2009 Colinomiméticos de Ação Direta Fonte: Katsung, 2009 Colinomiméticos de Ação Direta Atividade nicotínica: • Nicotina - Niquitin© 7, 14, 21 mg – Cessação tabágica • Lobelina - sem apresentação comercial (manipulado) – Cessação tabágica Atividade muscarínica: • Muscarina - sem apresentação comercial e sem utilidade clínica • Pilocarpina - 0,5 a 10% - colírio • Pilocarpina 5 mg - cp – Miose e controle do glaucoma – Sd. de Sjogren Colinomiméticos de Ação Direta Colinomiméticos de Ação Direta Novos Agentes • Cevimelina - Evoxac© – Agonista M1 e M3; – Boca seca e Sd. de Sjogren; – Não disponível no Brasil; • Vareniclina - Champix© (BR) Chantix© (US) – Agonista parcial Nn e Nm; – Cessação tabágica; – Pouco acessível → alto preço; – Efeitos adversos limitantes; Depressão, suicídio, alterações do sono e eventos cardiovasculares. Fonte: wikipedia.com • Ou também chamados inibidores da acetilcolinesterase; • Inibem a enzima que degrada a acetilcolina na fenda sinpática; • Podem ser classificados como reversíveis e irreversíveis: – Reversíveis são de grande utilidade clínica; – Irreversíveis são agentes utilizados como pesticidas e promovem intoxicação pelo excesso do efeito colinérgico: • Nos casos de intoxicação, pode ser usado atropina. Se os sintomas persistirem, é preconizado o uso de pralidoxima (2- PAM). Colinomiméticos de Ação Direta Colinomiméticos de Ação Indireta Irreversíveis Organofosforados Fonte: Katsung, 2009 • A pralidoxima deve ser utilizada nas doses de 30 mg/kg para adultos de 50 mg/kg para crianças; • O excesso de pralidoxima causa inibição da acetilcolinesterase; • Também pode ser utilizada em intoxicação por inibidores reversíveis. Fonte: Rang e Dale, 2006 Colinomiméticos de Ação Indireta Irreversíveis Organofosforados Fonte : http://depts.washington.edu/opchild/acute.html Mecanismo de Ação Colinomiméticos de Ação Indireta Reversíveis Fonte: Katsung, 2009 • Neostigmina - Prostigmine©, Normastig© – Antídoto dos fármacos curarizantes (bloqueadores JNM); – Constipação atônica, meteorismo; – Atonia intestinal e retenção urinária pós operatória; – Miastenia gravis; • Piridostigmina - Mestinon© – Antídoto dos fármacos curarizantes (bloqueadores JNM); – Miastenia gravis; – Doença de Little, EM, ELA; – Prevenção de síndrome pós-punção liquórica; Ambos possuem tempo de ação semelhante e maior efeito na JNM do que no SNA Colinomiméticos de Ação Indireta Reversíveis • Fisostigmina - Eserina – Pouco utilizado na clínica atual; – Possui melhor ação no SNA do que na JNM; – Reversão da intoxicação por agentes colinomiméticos; • Edrofônio – Diagnóstico da miastenia-gravis; – Ação curta; • Carbaryl – Inseticida. Colinomiméticos de Ação Indireta Reversíveis Sugammadex - Antídoto do Rocurônio Fonte: http://www.rxlist.com/bridion-drug.htm • Ciclodextrina modificada; • Toxicidade quase nula; Colinomiméticos de Ação Indireta "Novos Fármacos" Donepezila - Eranz© Rivastigmina - Exelon© Galantamina - Reminyl ER© • Possuem ação mais específica em receptores Nn, ou seja, melhor ação no SNA; • Utilizados no tratamento do Mal de Alzheimer; • Todos são metabolizados pelo fígado e hepatotóxicos, necessitam de monitorização de enzimas hepáticas; • Usar com cuidado em pacientes com asma, DPOC, úlceras e obstrução do trato urinário. • Quais são os colinomiméticos de ação direta e quais são suas principais indicações? • Quais são os sintomas de uma intoxicação por inseticidas organofosforados? Quais fármacos podem ser utilizados? • Qual a principal diferença na farmacologia da neostigmina e da donezepila? • Como é feita a reversão do bloqueio neuromuscular? • Quais parâmetros devemos monitorar no tratamento do Mal de Alzheimer? Perguntas Bloqueadores dos Receptores Colinérgicos Bloqueadores colinérgicos Todos os bloqueadores colinérgicos utilizados na clínica atual são agentes antimuscarínicos, ou seja, bloqueiam os receptores muscarínicos: • Atropina, Escopolamina e Propantelina (antisecretores e antiespasmódicos); • Tropicamida (midriase); • Ipratrópio e Tiotrópio (broncodilatação); • Oxibutinina, Tolterodina, Darifenacina, Solifenacina (retenção urinária); Apenas um agente antinicotínico (mecamilamina) foi utilizado para o tratamento de hipertensão, mas foi retirado do mercado em 2009. Agentes Antimuscarínicos • Atropina – Utilizado como agente antissialorreico (diminuição da produção salivar), profilaxia e tratamento de intoxicações colinérgicas, tratamento de bradicardia sinusal. – Utilizado em oftalmologia para causar cicloplegia e para prevenção de sinéquia ocular (aderência da iris à cornea ou ao cristalino). – Não é utilizado como agente midriático, pois seus efeitos podem durar por até 6 dias. Agentes Antimuscarínicos • Escopolamina – Utilizado como agente antiespasmódico, em cólicas relacionadas aos tratos intestinal e genitourinário. – Uso offlabel como coadjuvante no tratamento de emeses relacionadas a quimioterapia e cinetoses e na forma de gel ou creme para sialorréia. – Atenção as dosagens encontradas em referências americanas. O nome do princípio ativo pode ser encontrado como "hyoscine" e o sal pode variar de hidrobrometo, metilbrometo e butilbrometo. Doses diferentes para cada um. Use sempre a bula local. Agentes Antimuscarínicos • Propantelina – Medicamento não industrializado no Brasil. Utilizado somente como antisecretório, na forma de gel ou creme. Deve ser manipulado. – Em último caso, pode ser usado como antiespasmódico e no tratamento de hiperhidrose. – Sua apresentação oral causa efeitos atropínicos acentuados. Agentes Antimuscarínicos • Tropicamida – Medicamento de escolha para oftalmologia. Causa midríase e cicloplegia; – Suas características farmacocinéticas o tornam a primeira escolha, pois seus efeitos duram em torno de 6 a 12 horas; – Deve-se comprimir o saco lacrimal por 2 a 3 minutos após instilar o fármaco, a fim de evitar excessiva absorção sistêmica; – Cuidado no uso em pacientes com glaucoma. Agentes Antimuscarínicos • Broncodilatadores (Ipratrópio e Tiotrópio) – Ambos os fármacos são utilizados para o tratamento de broncoespasmos (asma, DPOC); – O ipratrópio é comumente utilizado com agonistasB2 e não deve ser misturado com cromoglicato de sódio, pois pode haver precipitação; – Apenas comercializado na forma de solução para nebulização; – O tiotrópio possui T1/2 mais longo sendo administrado apenas por dispositivos inalatórios. Agentes Antimuscarínicos • Tratamento da incontinencia urinária – Os estudos clínicos mostram que todos os fármacos possuem perfis de ação e tolerabilidade parecidas; – Diferença no perfil de reações adversas influenciado pela forma farmacêutica; – A oxibutinina é o fármaco mais antigo e consequentemente mais estudado. Agentes Antimuscarínicos No Brasil, os 4 fármacos estão disponíveis, mas nenhum deles na forma de liberação prolongada. O Retemic UD (oxibutinina) e o Detrusitol LA (tolterodina) foram retirados do mercado pois eram pouco vendidos. Fonte: bulas.com.br Perguntas Qual o principal problema relacionado ao uso de bloqueadores colinérgicos? Cite as principais reações adversas relacionadas com o uso de antagonistas colinérgicos. As mesmas reações podem ser aplicadas para a via inalatória? Qual a influência da farmacotécnica no efeito farmacológico dos fármacos para incontinência urinária? Ativadores dos Receptores Adrenérgicos e Outros Simpatomiméticos Os fármacos simpatomiméticos podem atuar de forma: • Direta - ativação do receptor • Indireta - aumento da [catecolamina] na fenda sináptica – Liberação de catecolaminas armazenadas no neurônio – Inibição da proteína de recaptação Alguns fármacos possuem ações diretas quanto indiretas. • Existem fármacos que atuam em receptores ɑ e β • Para os receptores ɑ, temos as subclasses ɑ1 e ɑ2 • Para os receptores β, temos as subclasses β1 e β2 Modo e Espectro de Ação Ativação dos Receptores Adrenérgicos 92Fonte: Katsung, 2014, 2003 Fármaco Agonista Beta1-Adrenérgico Há apenas 1 fármaco que é agonista do receptor β1, que está presente quase que exclusivamente no coração; A Dobutamina age seletivamente neste receptor, causando Inotropismo e Cronotropismo +; • Utilizado quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para manter PA mínima; • Uso exclusivo em UTI, controlado por bomba de infusão contínua, em acesso venoso central; • Verificar na bula se a formulação é fotossensível; • Reações adversas? Fármacos Agonistas Beta2-Adrenérgico Os fármacos β2 agonistas tem suas aplicações principalmente no tecido pulmonar; Ação broncodilatadora, aumento da FC, sudorese, hiperglicemia; • Fenoterol (Berotec©) - uso concomitante com ipratrópio para tratamento agudo do broncoespasmo; • Salbutamol - Br / Albuterol - US (Aerolin©) - uso em gotas ou bombinha para o tratamento agudo do broncoespasmo; Fármacos Agonistas Beta2-Adrenérgico • Formoterol (Fluir© ou Alenia©) - bombinha pode ou não conter corticóide, controle crônico da Asma; • Salmeterol (Seretide©) - bombinha contendo fluticasona, usado no controle crônico da Asma. • Terbutalina (Brycanil©) - última opção na crise de broncoespasmo e tocolítico; Fármacos Agonistas Beta2-Adrenérgico Podem ser divididos em: • Curta duração: – Fenoterol – Salbutamol – Terbutalina • Longa duração: – Formoterol – Salmeterol Fonte: Arquivo pessoal Fármacos Agonistas Alfa Adrenérgicos • Utilizados com diversas finalidades • Frequentemente utilizados como : – Descongestionantes nasais – Coadjuvante na indução anestésica (vasoconstrição local), reduzindo a dose de anestésico necessária e sua toxicidade. • Fenilefrina (Naldecon©) • Nafazolina (Moura Brasil©) • Xilometazolina (Otrivina©) • Oximetazolina (Afrin©) A oximetazolina possui importante afinidade alfa-2. • Mulher, 70 anos, admitida no hospital com hipertensão, diverticulose, e hiperlipidemia. • Sangue nas fezes há 2 dias, vômitos com salvas de sangue há 1 dia, PA - 166/89, parou de tomar os anti hipertensivos por conta das dores. • Após biópsia, que mostra sinais de isquemia, é questionada sobre o uso de vasoconstritores, quando diz ter feito uso de fenilefrina por conta de uma sinusite. Fármacos Agonistas Alfa Adrenérgicos • Dexmedetomidina (Precedex©) • Uso frequente em pediatria; • Não causa abstinência como a sedação padrão com BZD e opióide; • No entanto, não é recomendado seu uso acima de 5 dias. Fonte: pinterest.com Fármacos Agonistas Alfa Adrenérgicos • Frequentemente utilizados como hipotensores; • O efeito central de auto-regulação supera os efeitos da vasoconstrição periférica, reduzindo a PA; • Exercem importante efeito sedativo; • Os mais utilizados com esta finalidade são: ̶ Clonidina ̶ Metildopa Fármacos Agonistas Alfa Adrenérgicos Fármacos Agonistas Alfa Adrenérgicos • A adrenalina é utilizada tanto para vasoconstrição local, como para anafilaxia; • Em emergências, pode ser utilizada via intra-óssea, utilizando dispositivo apropriado; • Em paradas, usa-se a dose de 1 mg EV ou Intra-óssea, ou 2,5 mg endotraqueal seguidos de 10 mL de soro fisiológico estéril; • Em crises anafiláticas 100 mcg/kg EV. Utilizado como proteção para guardadores de abelhas em auto-injetores. Fármacos Agonistas Adrenérgicos Indiretos • As anfetaminas aumentam significativamente a atividade dopaminérgica e adrenérgica no SNC e SNA. • Promovem aumento da atenção, do humor e da performance física, diminuição da fadiga e do apetite, mudanças comportamentais. • São utilizadas indevidamente como drogas recreacionais, consumidas na forma de comprimidos ou cristais. • Dentre elas, temos a metanfetamina e o MDMA (metileno-dioxi-metanfetamina). • Para o uso clínico, atualmente são utilizados: ̶ Metilfenidato ̶ Modafinil (não anfetamínico) • Indicados para os transtornos de atenção e hiperatividade, principalmente na infância; • Estes fármacos podem causar hipertensão, alucinações ou até pensamentos suicidas; • Também atuam na modulação do sistema dopaminérgico, envolvendo o sistema de recompensa. Fármacos Agonistas Adrenérgicos Indiretos Recaptadores de noradrenalina → depressão • Duloxetina • Reboxetina • Sibutramina • Efeitos psiquitátricos e cardiovasculares • Substituídos por recaptadores de serotonina. Fármacos Agonistas Adrenérgicos Indiretos Fonte: infoescola.com.br Perguntas Cite 5 indicações dos fármacos agonistas adrenérgicos. Qual a relação entre o tempo de meia vida e a segurança de um fármaco? Quais são os principais efeitos adversos causados pelos agonistas adrenérgicos? (cite a exceção) Relacione o mecanismo de funcionamento do receptor alfa-2 com seus efeitos vasculares e neurológicos. Bloqueadores dos Receptores Adrenérgicos • Os fármacos simpatolíticos sempre atuam bloqueando diretamente seu receptor; • Dependendo da seletividade do fármaco, há uma grande diferença em sua aplicação clínica; • A lipofilicidade também é fator crucial na escolha, determinando sua passagem para o SNC; • Existem tanto bloqueadores alfa, como beta. Mas também temos bloqueadores mistos. Espectro de Ação Seletividade dos Bloqueadores Adrenérgicos Fonte: Katsung, 2009 Fármacos Antagonistas Alfa1-Adrenérgico Bloqueador irreversível: • Fenoxibenzamina - Utilizado apenas para o tratamento de feocromocitoma, bloqueia irreversivelmente receptores alfa. Bloqueadores reversíveis: • Prazosina, terazosina, doxazosina e tansulosina • Afinidade maior por alfa-1, geralmente utilizados para alívio da retenção urinária em homens hipertensos. • Causam importante hipotensão ortostática. Preferência para a tansulosina, que mostra um perfil menor de reações adversas. Fármacos Antagonistas Beta-Adrenérgico Chamados de Beta-bloqueadores são vastamente utilizados clinicamente. Possuem diferentes indicações que dependem da: • Afinidade - entre receptores • Lipofilicidade - do fármaco - passagem para o SNC • Potência do bloqueio - tempo de ação e T1/2 Podem ser divididos em 1a, 2a e 3a geração, de acordo com a seletividade ao receptor. Propriedades dos Beta-Bloqueadores Fonte: Katsung, 2009 Beta-Bloqueadores Propranolol- Fármaco protótipo • Pouco utilizado na prática clínica como antihipertensivo. Foi amplamente substituído por atenolol ou metoprolol; • Seu uso atual consiste no tratamento de enxaqueca, tremores (offlabel); • Não deve ser utilizado para o tratamento de crises hipertensivas aguda; • Causa bradicardia em repouso; • Deve-se evitar a retirada abrupta (efeito rebote). Beta-Bloqueadores Atenolol e Metoprolol - Seletividade Beta-1: • Apresentam melhor perfil de uso em asmáticos comparado ao propranolol; • Metoprolol apresenta curta T1/2 (4-6h). É disponibilizada apresentação com liberação prolongada; • Estudos clínicos mostram melhor uso em pacientes hipertensos com IC; • Atenolol atualmente utilizado na dose de 50-100 mg/dia 1-2x; • Estudos recentes mostram melhor controle hipertensivo com metoprolol comparado ao atenolol 1x/dia. Beta-Bloqueadores Atenolol e Metoprolol - Precauções: • Pacientes recebendo Clonidina devem descontinuar o Atenolol e Metoprolol alguns dias antes da retirada da clonidina. • Se acumula no leite materno, pode ter consequências para o bebê. Neonatos nascidos de mães usuárias de Atenolol tem maiores chances de apresentar hipoglicemia neonatal. • Efeitos adversos: – Fadiga, boca seca, extremidades frias e hipotensão postural (comum); – Impotência, distúrbios do sono (incomum). Beta-Bloqueadores Nadolol e Bisoprolol - Tratamento da hipertensão com IC: Nadolol - antagonista Beta não seletivo: • Indicado também na profilaxia da enxaqueca, e para tratamento de tireotoxicose ou pré-op de tireoidectomia; • A dose deve ser titulada com cautela; Bisoprolol - Beta-1 seletivo, longa T1/2: • Dose de 1,25 a 2 mg - ICC em adição a IECA e/ou digoxina; • Dose de 5 a 10 mg - hipertensão, angina e ICC (acima). Pindolol e Acebutolol - Atividade simpatomimética intrínseca: • Pindolol - Bloqueia B1 e B2 por 24 horas: – Hipertensão - 5 a 30 mg/dia; • Se acima de 20 mg, dividir a dose em 2; – Angina e arritmias - 10 a 30 mg/dia em 2 a 3 tomadas; • Acebutolol - Afinidade B1>B2: – Para hipertensão, sempre deve estar associado a um diurético tiazídico; – Dose de 200 a 1200 mg/dia; – Deve ser retirado de forma gradual, em pelo menos 2 semanas; – Dose inicial em idosos deve ser 50% menor. Beta-Bloqueadores Labetalol e Carvedilol - atividade vasodilatadora (bloq alfa-1) • Labetalol - Hipertensão de leve à grave: – Utilizado em bolus EV 20 a 80 mg em crises hipertensivas; – Sempre administrar junto com alimentos; – Doses variam entre 100 a 2400 mg/dia; • Carvedilol - Pós IAM, ICC de leve à grave: – Doses quebradas, diversas apresentações; – No tratamento de ICC, caso haja retenção de líquidos, deve-se aumentar a dose do diurético; – Pode causar IR em pacientes com ICC; – Caso de bradicardia menor que 55bpm, reduzir a dose. Beta-Bloqueadores Esmolol - apenas injetável: • Crise de hipertensão e taquicardia extra e intraoperatória; • 2 apresentações: 10 mg/mL e 250 mg/mL; • Bloqueador Beta-1 seletivo e T1/2 de 9 minutos; • Concentração acima de 10 mg/mL deve ser usado em cateter central; • A dose deve ser muito bem titulada (vide bula). Beta-Bloqueadores Perguntas Os antagonistas adrenérgicos possuem indicações diferentes entre suas classes. Explique farmacologicamente as diferenças de ação entre os bloqueadores do receptor alfa e beta. Qual dos antagonistas alfa possui melhor perfil para o tratamento da HPB isolada? Para qual outra comorbidade este fármaco pode ser indicado? Quais são as limitações de um tratamento com um beta bloqueador? Qual a influência da a lipofilicidade na atividade do beta bloqueador? Bloqueadores da Junção Neuromuscular Fisiologia da Junção Neuromuscular Fonte:https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/ef/89/98/ef899890cc006cba0e063968e192246d.jpg Fonte:https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/ef/89/98/ef899890cc006cba0e063968e192246d.jpg Agem diretamente na placa motora, na junção neuromuscular; Podem ser classificados como: • Despolarizantes - causam a despolarização contínua do receptor – Succinilcolina (suxametônio); • Adespolarizantes - evitam a despolarização do receptor – Rocurônio, pancurônio, pipecurônio, atracúrio, cisatracúrio, mivacúrio; Seus efeitos podem ser revertidos por um bloqueador da acetilcolinesterase (neostigmina) ou sugammadex (adsorção). Farmacodinâmica Despolarizante e não despolarizante Fonte: Katsung, 2012 Mecanismo de Ação Fonte: medscape.com Farmacocinética Sequência do Bloqueio O bloqueio é dose dependente e segue uma sequência: 1. Pequenos músculos de contração rápida a. Olhos b. Maxilar c. Laringe 1. Músculos do tronco e membros 1. Músculos intercostáis 1. Diafrágma Usos Clínicos • Relaxamento muscular em intervenções cirúrgicas; • Ortopedia - correção de luxações e alinhamento de fraturas; • Facilitar intubações em casos de ventilação mecânica; • Facilitar exames internos - broncoscopia, esofagoscopia. Perguntas Qual é a principal finalidade do uso de um fármaco curarizante? Qual a diferença entre os mecanismos de ação dos bloqueadores neuromusculares? Explique. Qual a principal diferença entre os fármacos adespolarizantes? Interação medicamentosa? Reação adversa? Referências 131 Referências Referências KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. Goodman & Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. , Ed. Guanabara Koogan , Mc Graw-Hill 11a edição, 2005. DIPIRO, Joseph T. PHARMACOTHERAPY: a pathophysiologic approch . 6th ed. New York: McGraw-Hill, 2005. Rang, H.P,Dale, M.M. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Ed. 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