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Principais tipos de sutura de pele UNIT - Medicina P6- Bianca Lima de Souza HAB. CIRÚRGICAS Introdução · Sutura é a união ou aproximação de estruturas teciduais pela aposição ordenada de inúmeros nós cirúrgicos. · A sutura pode ser contínua ou descontínua. · Na sutura contínua (chuleio), existe continuidade do fio entre suas alças. Nesse caso, temos somente um nó inicial e um nó final. · Na sutura com pontos separados (descontínua), para cada alça de fio corresponde um nó, não havendo continuidade dos fios entre suas alças. Para se obter uma linha de sutura eficaz: (1) manipulação e apresentação dos tecidos; (2) colocação da agulha no portaagulha; (3) direção da linha de sutura; (4) transfixação das bordas; (5) extração da agulha; (6) secção do fio cirúrgico excedente . 1. Manipulação e apresentação dos tecidos · Para se efetuar uma sutura, as bordas teciduais devem ser elevadas e apresentadas - primeiro uma borda, depois a outra; · Com uma pinça elástica que as mantém reparadas, uma de cada vez, de modo que possam ser comodamente transfixadas pela agulha. · Geralmente, se utilizam uma pinça delicada com dentes delicados, tipo Adson (ou sem dentes), para suturas em tecidos friáveis, e uma pinça dente de rato mais robusta para os tecidos mais resistentes. · Deve-se, sempre, visar ao melhor resultado estético possível. 2. Colocação da agulha no porta-agulha · Comumente, a agulha é presa em sua parte média (ou pouco atrás) pelo porta-agulha; a preensão muito próxima pode quebrá-la. · Habitualmente, sua ponta é direcionada para cima e à esquerda (considerando-se um porta-agulha empunhado). · Por necessidade momentânea, ela pode, alternativamente, ser colocada com a ponta ao lado direito do porta-agulha (denominada posição inversa). · A agulha pode ser posicionada com várias angulações, objetivando a realização de determinado procedimento. · As agulhas de melhor qualidade também permitem pequenos ajustes em suas angulações, sob a aplicação de discreta pressão. · Esse procedimento deve ser enfaticamente desestimulado, haja vista a perda da resistência da agulha e a possibilidade de que se quebre. · Se o cirurgião sente que a agulha está alterando a sua forma, isso seria um sinal de que se está aplicando força excessiva. 3. Direção da linha de sutura · Quando cirurgiões destros realizam suturas com agulhas curvas ou retas, contínuas ou descontínuas, comumente as iniciam da direita para a esquerda. · A pinça que mantém as bordas a serem suturadas devem ser sustentadas por sua mão esquerda; · Com agulhas curvas, o sentido da sutura é da borda distal para a proximal, em relação ao seu posicionamento; com agulhas retas, o sentido se inverte. · As suturas contínuas em dois planos ( com um único fio) são realizadas com o primeiro plano da direita para a esquerda, e o segundo plano (a volta), da esquerda para a direita. 4. Transfixação das bordas · A passada da agulha pelas duas bordas do tecido pode ser feita em um ou dois tempos. · A transfixação em um único tempo é mais rápida e pode ser realizada sempre que a agulha tenha comprimento suficiente e os tecidos sejam pouco resistentes. · Quando realizamos a sutura de tecidos muito friáveis, por exemplo, plano muscular, podemos efetuar os pontos em "U", com uma dupla passada de ida e outra de volta. · A quantidade de tecido a ser englobada em cada passada da agulha deve ser a menor possível. · Dessa forma, além de propiciar bom resultado estético, manteremos o máximo de vitalidade tecidual. 5. Extração das agulhas · As agulhas devem ser extraídas dos tecidos em que foram passadas de acordo com a sua forma e com a direção de suas pontas. · Uma agulha curva deve ser tracionada para cima, de modo a completar um semicírculo; · Uma agulha reta deve ser tracionada para adiante, e, somente após transfixar totalmente as duas bordas, deve ser apontada para cima. · Quando estamos trabalhando com uma agulha curva presa a um porta-agulha, este deverá ser utilizado para retirar a agulha após passar em cada borda ou depois de passar as duas bordas. · Durante o espaço de tempo requerido para se soltar o porta-agulha de um lado da borda cirúrgica e utilizá-lo para pegar a agulha do outro lado, utilizamos uma pinça elástica (geralmente, com dentes) para sustentação da agulha. · Quando contamos com a presença de um auxiliar, este poderá pegar e sustentar a agulha. · A correta técnica cirúrgica preconiza que os dedos não sejam utilizados. · Após a primeira passada pelas duas bordas, com o auxílio do porta-agulha, extraímos a agulha e a encostamos, suavemente em uma compressa ou campo e mudamos sua orientação para a passada de volta. 2. Suturas com pontos separados · Nas suturas com pontos separados o eventual afrouxamento ou quebra de um nó não interfere no restante, além da deposição de menor quantidade de materiais de sutura nas feridas. · Também, por não serem tão impermeáveis quanto as suturas contínuas, podem permitir a drenagem de pequena quantidade de secreção. · Contudo, em algumas situações, quanto mais impermeável é a sutura, melhor, como aquelas realizadas em vísceras ocas. · Sua maior desvantagem é ser mais trabalhosa e demorada do que as suturas contínuas. · Mesmo quando utilizados pontos não-absorvíveis, estes não diminuem o diâmetro ou o comprimento das estruturas suturadas e permitem o crescimento do tecido entre os pontos. Existem diversos tipos de pontos separados para a realização de suturas (1) ponto simples; (2) ponto simples invertido ou com nó interior; (3) ponto em "U" horizontal ou de colchoeiro; (4) ponto em "U" vertical ou deDonnatti; (5) ponto em "X"; (6) ponto em "X" com nó interior; (7) ponto helicoidal duplo; (8) pontos recorrentes ou em polia: Smead-Jones, Delrio, Wiley, Hans e Whipple; (9) ponto transfixante de estrutura tecidual; (10) ponto de contenção ou retenção. PONTOS SIMPLES · Pontos simples: comum e invertido; · Proporcionam boa coaptação das bordas da ferida, tanto superficial quanto profundamente. · Ponto comum: Quando o nó se localiza acima ou externamente em relação às estruturas · Ponto invertido (Halsted); quando ele se situa (é ocultado) no interior do tecido. · O ponto comum é o mais habitualmente empregado. · O ponto invertido pode ser de grande importância, p. ex., na sutura dérmica, para evitar que se formem pequenas rugosidades (nós) que podem ser eventualmente sentidas pelos pacientes. · Nas suturas na pele, apenas o ponto comum é utilizado (o inverso não encontra aplicação, haja vista a impossibilidade para sua retirada). · Comumente, o ponto simples cutâneo abrange toda a espessura da pele, acompanhado ou não por uma fina camada superficial de tecido subcutâneo, visando a propiciar perfeita coaptação das bordas. · Ponto simples epidérmico - comum (abrangendo a epiderme e uma pequena parte da derme); bom resultado estético, quando o que se deseja é uma simples aproximação das bordas, sem a aplicação de tensão · Ponto simples dérmico - comum ou invertido (abrangendo a derme e a camada superficial subcutânea); Bom resultado estético. Geralmente, é empregado o ponto invertido para que os nós não sejam sentidos. PONTO EM “U” VERTICAL OU DONATTI · Usado na pele, consistindo em duas transfixações: uma perfurante, incluindo a pele e a camada superior do tecido subcutâneo, entre 7 e 1 O mm da borda, e a outra transepidérmica, a cerca de 2 mm da borda. · Muito utilizado em suturas sob pequena tensão, ou quando os lábios da ferida tendem a se invaginar. · Excelente coaptação das bordas, mas com resultado estético inferior. · Também promove boa hemostasia. · Comumente, designado como ponto longe-longe, perto-perto. · A passada mais profunda (longe-longe) pode ser realizada primeiramente, ou vice-versa. PONTO EM “U” HORIZONTAL OU DE COLCHOEIRO · Semelhante ao anterior, diferindo apenas na posição horizontal da alça. · Utilizado na pele, quando existe alguma tensão que impeça a perfeita coaptação das bordas. · Em geral, não propicia bom resultadoestético. · Também pode ser utilizado em estruturas mais frágeis, apenas para aproximação tecidual, sem qualquer tensão. PONTOS EM “X” COMUM E INVERTIDO · Também chamados em "Z" ou "8" horizontal" cruzados ou ' de reforço; · Podem ser executados com os nós para dentro ou para fora, ficando sempre, porém, duas alças cruzadas, no interior ou fora do tecido. PONTO HELICOIDAL DUPLO · Consiste em dois pontos simples em seqüência, apoiandose o fio em dois locais, na mesma borda, formando um desenho de uma hélice; · Como se realiza dupla passada em ambas as bordas, é chamado de helicoidal duplo. · Comumente empregado em tecidos friáveis, com tendência a esgarçamento ou fragmentação. PONTOS RECORRENTES OU EM POLIA · Consistem em pontos em massa, com formação de duas ou mais alças de fio. · Geralmente, são empregados nos fechamentos mais complicados da parede abdominal. PONTO TRANSFIXANTE DE ESTRUTURA TECIDUAL · Trata-se de um ponto circular, ao redor de alguma estrutura, em geral um vaso sangrante, com transfixação de sua parte central. · Usado para hemostasia com ligadura em massa (quando não se identifica, especificamente, o ponto de sangramento) ou em vasos de grosso calibre. PONTO DE CONTENÇÃO OU RETENÇÃO (CAPITONAGEM) · Freqüentemente utilizado na ressutura da parede abdominal (em situações de evisceração), fechamento da parede com grande distensão de alças intestinais, pacientes imunossuprimidos ou após múltiplas reoperações. · Em geral, é uma sutura complementar ao fechamento tradicional, com o intuito de se evitar que ela se rompa. · Abrange toda a espessura da parede abdominal. · Pode ser confeccionado como um grande ponto simples ou como se fora um grande ponto em "U" horizontal, aplicado verticalmente em toda a profundidade da parede. · Acarreta mau resultado estético, mas razoável resultado funcional. 3. Suturas com pontos contínuos · As suturas contínuas são mais rápidas e hemostáticas, mas utilizam quantidade maior de fios, o que pode favorecer a reação tecidual, além de que, se uma única laçada se solta, pode ocorrer a deiscência total da ferida. · Nas suturas circulares, tendem a estreitar o calibre da estrutura; · Nas suturas lineares, pelo fenômeno de enrugamento, tendem a diminuir seu comprimento. · Nas suturas cutâneas contínuas, a presença de um abscesso ou hematoma pode determinar a retirada de toda a linha de sutura. Os principais tipos de suturas contínuas são: (1) chuleio simples (sutura de peleteiro); (2) chuleio ancorado (ou festonado); (3) em barra grega (sutura de colchoeiro); (4) em bolsa; (5) perfurante total invaginante ou de Connel-Mayo; (6) perfurante parcial invaginante ou de Cushing; (7) total nãoinvaginante ou de Schmieden; (8) total não-invaginante ancorada ou de Cúneo; (9) recorrente ou de Smead-Jones; (10) intradérmica longitudinal. CHULEIO SIMPLES (SUTURA DE PELETEIRO) · Consiste no tipo de sutura de mais fácil e rápida execução, sendo aplicada em qualquer tecido com bordas não muito espessas e pouco separadas. · Quando utilizada na pele, pode ser perfurante total ou somente transdérmica. · Realizada pela aposição de uma sequência de pontos simples com a direção oblíqua da alça interna em relação à ferida. · Esse fio deve ser guiado, segurando-se cuidadosamente a sua alça com os dedos ou com uma pinça elástica fechada, enquanto a agulha vai sendo puxada para fora. CHULEIO ANCORADO (OU FESTONADO) · Consiste na realização de um chuleio simples, em que o fio, depois de passado, é ancorado, sucessivamente, na alça anterior ou a cada quatro ou cinco pontos. · Raramente empregado, na atualidade. EM BARRA GREGA (SUTURA DE COLCHOEIRO) · Também chamada de sutura de "colchoeiro" ou em "U" horizontal. · Formada por uma série de pontos em "U" horizontais. · Pode ser empregada em diversos planos teciduais. · Na pele, pode ser utilizada como sutura intradérmica ou transdérmica; · Em face da potencial dificuldade em sua retirada, pelo possível aprofundamento dos fios na pele, podem ser deixadas algumas "alças para extração", minimizando esse problema. EM BOLSA · Sutura circular invaginante, com múltiplas indicações em cirurgia, como, por exemplo, sepultamento de coto apendicular e de saco herniário inguinal direto. · Pode ser utilizada como uma segunda linha de sutura, servindo de reforço. · Os pontos são passados ao redor da estrutura que se deseja invaginar. PERFURANTE TOTAL INVAGINANTE OU DE CONNEL-MAYO · Tipo de sutura invaginante usado em cirurgia gastrointestinal, permitindo perfeita coaptação serosserosa. · A agulha entra na serosa, vai até a mucosa e volta à serosa, no mesmo lado. · A seguir, na borda oposta, repete o mesmo procedimento. · Quando a agulha não ultrapassa toda a espessura da parede do órgão, indo somente até a camada muscular da mucosa e retomando, recebe a denominação de sutura perfurante parcial invaginante ou de Cushing. TOTAL NÃO-INVAGINANTE OU DE SCMIEDEN · Também utilizada em sutura gastrointestinal com a finalidade de se evitar a inversão da mucosa; · A agulha é passada, sucessivamente, da muscular da mucosa até a serosa, em uma borda, e, a seguir, na borda oposta. · O mesmo procedimento, só que com ancoragem de cada ponto na alça do ponto anterior, recebe a denominação de sutura total não-invaginante ancorada ou de Cúneo. RECORRENTE OU DE SMEAD JONES · Consiste em uma sutura contínua em massa, com envolvimento de dois planos teciduais. · Sua grande utilização se dá na síntese conjunta do plano muscular junto com a aponeurose. INTRADÉRMICA LONGITUDINAL · Consiste numa sequência de pontos simples longitudinais alternados, por dentro das bordas da pele, resultando em excelente coaptação das bordas, o que lhe confere excelente resultado estético. 4. Suturas preferenciais para a pele · Pontos separados simples ou de Donnatti (delicados), sem tensão, com fios não-absorvíveis ou absorvíveis em moderado ou longo espaço de tempo, diâmetros 4-0 ou 5-0. · Quando o efeito estético se impõe, preferir a sutura contínua intradérmica longitudinal, com a utilização de fios não-absorvíveis ou absorvíveis em longo espaço de tempo, diâmetros 5-0 ou 6-0. · Em crianças e em mucosas, pode ser utilizado o categute simples ou cromado (em alguns casos, mesmo o de absorção rápida), para evitar que se necessite realizar a retirada dos pontos (diâmetros 3-0 ou 4-0). · Em regiões sensíveis, como bolsa escrotal ou períneo, também se deve dar preferência ao uso de suturas absorvíveis em curto ou moderado espaço de tempo, pela mesma razão (diâmetros O, 2-0 ou 3-0). · Em feridas extensas na planta dos pés, podem se empregar um ou dois pontos, apenas para orientar a linha de cicatrização, com fios não-absorvíveis ou absorvíveis em moderado a longo espaço de tempo (diâmetros O ou 2-0; esses fios deverão ser posteriormente retirados). 5. Retirada dos fios de sutura cutânea · Os fios de sutura cutânea devem ser mantidos apenas enquanto exercerem a função de manter a aproximação das bordas teciduais. · É totalmente irreal a fixação exata de prazos para a sua retirada. 1. feridas edemaciadas ou isquemiadas provavelmente apresentam alguma complicação e devem ser corretamente investigadas; 2. após a retirada dos pontos, deve-se aconselhar aos pacientes evitar movimentos bruscos ou a extensão exagerada da área onde foi realizada a sutura; 3. nas áreas de grande movimentação, em que a linha de sutura fica exposta a grande tensão (p. ex., joelho, cotovelo, punho, bem como em qualquer outra região próxima a articulações), as suturas cutâneas devem ser retiradas mais tardiamente; 4. em feridas mais extensas, recomenda-se, inicialmente, a retirada alternada dos pontos (10 a 15 dias), completando-se (o restante) alguns dias depois (p. ex., laparotomias); essa prática evita que ocorram deiscências; em pacientes mais idosos, é prudente se aguardar tempo um pouco maior; 5. a experiência do cirurgião que determinará a época oportuna para a retirada dos pontos cutâneos. ANOTAÇÕES DA AULA
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