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PSORÍASE Dra. Marilda Aparecida Saúde do Adulto e Idoso 8º termo - 2021.2 EPIDEMIOLOGIA ● Muito comum: acometimento de 1% da população (1:100) ● Ocorre em qualquer idade, sendo mais frequente na 3ª e 4ª década de vida ● Causa desconhecida ● Cerca de 30% dos casos têm história familiar (predisposição genética) ● Não tem cura, mas tem controle. ETIOPATOGENIA ● Aceleração do ciclo germinativo epidérmico, aumento das células em proliferação e encurtamento do tempo de renovação celular. ● É uma doença imunomediada: ○ Linfócitos Th1: liberação de IL-2 e IFN-Y ○ Linfócitos Th17: liberação de IL-17 Sabe-se que é uma doença imunomediada, que ocorre por intermédio dos linfócitos T, principalmente dos Th1 e Th17, onde vai ocorrer a liberação de citocinas, com destaque para o TNF-alfa e as interleucinas 23, 12 e 17, as quais estão envolvidas no desenvolvimento de lesões pós-inflamatórias. O conhecimento desse processo fisiopatológico contribui muito com o tratamento da doença, que vai ter como base o bloqueio da ação dessas citocinas e, consequentemente, o bloqueio da doença. GENÉTICA Do ponto de vista genético, a psoríase é classificada em 02 tipos: Tipo I: início antes dos 40 anos, incidência familiar e associação com HLA. Tipo II: início após os 40 anos, menor prevalência familiar e menor correlação com o HLA. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Pápulas e/ou placas eritematodescamativas (ou seja, avermelhadas e que descamam) ● Predominam nos joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região sacral ● Mais frequentemente assintomática, mas em alguns pacientes geram prurido intenso ● Presença do fenômeno de Koebner: lesão precipitada pelo traumatismo (escoriações…) MANIFESTAÇÕES UNGUEAIS A psoríase pode se manifestar nas unhas e, apesar de bastante sugestivas, essas manifestações não são patognomônicas da psoríase. ● Depressões cupuliformes (unhas em dedal) ● Hiperqueratose subungueal ● Onicólise (descolamento da unha a partir da extremidade distal) ● Mancha de óleo (coloração escura) ● Espessamento da lâmina ungueal FATORES AGRAVANTES/GATILHOS ● Drogas (corticóides sistêmicos, lítio e outros) ● Estresse ● Álcool ● Hipocalcemia ● Variações climáticas (piora no inverno, provavelmente pelo ressecamento da pele, e melhora no verão, porque a radiação UV é uma forma de tratamento) PRINCIPAIS FORMAS CLÍNICAS ● Em placas ou vulgar (é a mais comum) ● Invertida ● Em gota ou gutata ● Eritrodérmica ● Pustulosa ○ Generalizada ○ Localizada: acrodermatite contínua de Hallopeau e palmo-plantar Psoríase Vulgar: ● Mais comum ● Lesões simétricas ● Número variável de lesões ● Localização: joelhos, cotovelos, couro cabeludo e região sacral ○ As lesões de couro cabeludo da psoríase confudem muito com a dermatite seborreica, a diferença é que a dermatite seborreica não ultrapassa a linha de implantação do cabelo e as escamas são mais finas, enquanto na psoríase há invasão da região frontal e as escamas são mais espessas e formam placas. Psoríase Invertida ou Inversa: ● É mais rara ● As áreas de predileção são as áreas de extensão/flexuras: axilas, região inframamária, sulco interglúteo, virilhas, dobras abdominais, etc. ● A lesão é menos escamosa e menos descamativa, isso porque ficam mais úmidas devido ao suor nas regiões acometidas. São lesões mais eritematosas. ● Eventualmente, afeta mucosas genitais e boca. ● Difícil tratamento por tratar-se de áreas de atrito. ● Muitas vezes é confundida com a candidíase intertriginosa, mas não vai melhorar com antifúngico. Por outro lado, pode ocorrer infecção secundária por Candida, devido ao uso de corticóide sistêmico, nesses casos vamos primeiro tratar a candidíase. Psoríase em Gotas ou Gutata: ● Mais comum em crianças e adolescentes, raras em idosos ● As lesões pápulas eritematosas descamativas disseminadas pelo corpo, mais numerosas no tronco, que aparecem subitamente. ○ Observe que é uma psoríase diferente das demais, não são placas. ● É precedida por infecção estreptocócica, ou seja, o paciente vai primeiro manifestar uma infecção de orofaringe, por exemplo. ○ O Streptococcus é o agente mais comum, mas pode ser por outras bactérias ● Parte do tratamento é com antibioticoterapia. ● No geral tem bom prognóstico, costuma regredir em 2-3 meses. Em alguns pacientes, pode evoluir para placas. Psoríase Eritrodérmica: ● Eritrodermia é um quadro sindrômico grave na dermatologia, caracterizado por eritema e descamação, acompanhados de prurido generalizado. ● Não é exclusivo da psoríase, então se a eritrodermia for a primeira manifestação, é necessária uma biópsia de pele para descartar outras doenças e determinar a psoríase. ● É comum pacientes com psoríase vulgar após uso de corticoide evoluírem para um quadro de psoríase eritrodérmica. ● Frequentemente é causada por rebote de uso de corticoides orais ou AIDS. ● Nesses casos o paciente vai precisar ser internado para hidratação, controle de distúrbios hidroeletrolíticos e prevenção de infecções secundárias. ● Esses pacientes podem fazer hipotermia ou hipertermia (febre), pois a pele controla a temperatura do indivíduo. A febre pode não ser por infecção, mesmo tendo porta de entrada aberta; mas se for por infecção, pode até vir a óbito por septicemia. ● Então: ○ É definida por eritema, descamação e prurido generalizados ○ Grave, com risco de hipotermia, distúrbios hidroeletrolíticos e comprometimento sistêmico. Psoríase Pustulosa: ● Pústulas assépticas (a origem é inflamatória e não bacteriana) ● Possui duas formas clínicas: generalizada e localizada ● Psoríase Pustulosa Generalizada (Psoríase de Von Zumbusch): imagem 1 ○ Acometimento de adultos e crianças no primeiro ano de vida ○ Causas: rebote de corticoide sistêmico, infecções, hipocalcemia, irritantes locais… ○ Forma grave da doença, cursa com comprometimento do estado geral ○ Necessita de internação ○ Pode evoluir para eritrodermia, septicemia e até óbito ● Psoríase Pustulosa Localizada: ○ Poucas lesões e evolução benigna ○ Acometimento de palmas, plantas e extremidades dos dedos ○ Acrodermatite contínua de Hallopeau: é a psoríase pustulosa que acomete exclusivamente a extremidade dos dedos imagem 2 ■ Placas eritemato descamativas, com pústulas, que acometem inicialmente a extremidade dos dedos e vão ascendendo em direção às mãos. Está muito associada à artrite psoriática. ○ Pustulosis palmo-plantar não bacteriana imagens 3 e 4 Psoríase Artropática: ● Ocorre em 10-15% dos pacientes com psoríase ● Mais comum em pacientes com lesões disseminadas ● Mais frequente: mono ou oligoartrite e assimétrica ● As articulações mais comumente acometidas são as interfalangeanas, principalmente as distais ● Normalmente FR e FAN negativos e VHS elevado. ● Maioria de bom prognóstico. FORMAS ATÍPICAS Psoríase na Criança: formas insólitas, eritema com pouca descamação, em áreas periorificiais, como genitália, periorbital, perioral. No couro cabeludo confunde com dermatite seborreica. Psoríase no Idoso: formas mínimas, com discreto eritema e descamação nos MMII, confundindo com dermatite esteatósica. Queratodermia Palmoplantar: ocorre em adultos, é caracterizada por hiperqueratose palmoplantar, bem delimitada e com rachaduras. A presença de lesões em outros locais auxiliam o diagnóstico DIAGNÓSTICO 1. Clínico 2. Histopatológico Curetagem Metódica de Brocq: 03 sinais ● Sinal da vela: hiperqueratose ● Sinal da membrana derradeira ● Sinal do orvalho sanguíneo: prolongamento das papilas dérmicas Pega uma placa de psoríase e começa a raspar com qualquer objeto (bisturi, espátula, etc.), se com a raspagem começa a cair várias camadas de escamas, como se estivesse raspando a parafina da vela e aí se dá o nome de sinal da vela. Quando acaba as escamas, há uma membrana que na hora que dá uma outra raspada, ela se descola e essa é a membrana derradeira (sinal da membrana derradeira); e em seguida aparece uns pontos de sangramento, que é o sinal do orvalho sanguíneo. Estes sinais são patognomônicos da psoríase e refletem as alterações histopatológicas da doença. Análise Histopatológica:● Hiperqueratose e paraceratose ● Perda da camada granulosa ● Papilomatose ● Acantose ● Adelgaçamento da epiderme suprapapilar ● Infiltrado inflamatório na derme TRATAMENTO Depende de: ● Tipo de psoríase ● Extensão do quadro ● Fatores relacionados ao paciente, como por exemplo, idade, ocupação, condição de saúde, nível intelectual e sócio-econômico, etc. Pode ser: ● Fototerapia ● Tópico: para as psoríase mais localizadas ○ Corticoesteróides de alta ou baixa potência - a escolha depende da área da lesão e da idade do paciente, sempre vamos levar em conta os efeitos colaterais ○ Tacrolimus - é um medicamento com mecanismo de ação semelhante ao dos corticosteróides, mas com menos efeitos colaterais, sendo indicados para áreas mais específicas como genitália e face. É um medicamento de alto custo. ○ Ureia e ácido salicílico - são utilizados nas lesões de joelhos e cotovelos para amolecer a lesão, de forma que a penetração do medicamento seja facilitada. ○ Calcipotriol ○ Coaltar e antralina ● Sistêmico: lesões difusas, generalizadas ou resistentes ao tratamento tópico ○ Acitretina - é contraindicado para mulheres em idade fértil porque tem um efeito teratogênico importante (a paciente não pode engravidar por pelo menos 6 meses) ○ Metotrexate - é uma droga modificadora do curso da doença (DMARD), tem ação imunossupressora, diminuindo a inflamação e a formação de células novas, através do efeito antagonista do ácido fólico. ○ Ciclosporina - é uma droga de resgate, recomendada para os casos resistentes, porque tira rapidamente o paciente da crise, porém, é muito nefrotóxica, então a gente já vai usar pensando em como vai tratar depois, porque não tem como usar de maneira contínua. ○ Biológicos (anti-TNF, anti-IL-23 e anti-IL-17) - são medicamentos seguros, mas muito caros, sendo opção somente quando o paciente tem contra-indicações para o uso da acitretina e do metrotrexate. “CONSENSO DA PSORÍASE” 1) Tratamento tópico 2) Fototerapia 3) Metotrexato ou Acitretina 4) Ciclosporina: droga de resgate 5) Biológicos injetáveis: bloqueio das citocinas (anti-TNF e anti-IL)
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