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TRANSDUÇÃO DE SINAL DO GLUCAGON E ADRENALINA O Glucagon é um hormônio peptídico, constituído por 29 resíduos de aa. Primeiramente ele é sintetizado como pré-pró-glucagon, uma molécula com 160 resíduos de aa. Quando essa molécula entra no lúmem do Retículo Endoplasmático, é convertida a glucagon por meio de várias clivagens proteolíticas. O glucagon é sintetizado e secretado pelo pâncreas por um dos três conjuntos de células endócrinas das ilhotas de Langerhans, as células Alfa- pancreáticas. Os principais estímulos para a liberação do glucagon são a Hipoglicemia e a baixa concentração de insulina no sangue. A baixa concentração de glicose sanguínea (valores menores ou iguais a 50mg%) podem afetar diretamente as células Alfa-pancreáticas ou indiretamente essas células a partir da estimulação do sistema nervoso autônomo simpático. O estresse pela hipoglicemia estimula Glicorreceptores hipotalâmicos desencadeando a resposta do sistema nervoso autônomo simpático. A medula adrenal e o pâncreas recebem enervação simpática que libera Noradrenalina. A Noradrenalina irá estimular a liberação de adrenalina pela medula adrenal e a liberação de glucagon pelas células Alfa-pancreáticas. A adrenalina pode, por sua vez, estimular a liberação de glucagon. Além disso o hipotálamo pode estimular a liberação de ACTH pela hipófise, o ACTH, por sua vez estimula a liberação de cortisol pelo córtex da adrenal, e esse Cortisol pode também afetar a liberação de Glucagon pelo pâncreas. O glucagon é liberado na HIPOGLICEMIA e sua ação é HIPERGLICEMIANTE, ou seja, ele vai estimular rotas metabólicas que vão manter a glicemia próxima aos níveis normais. Na tabela, temos o efeito do glucagon sobre a glicose sanguínea: No fígado, o glucagon irá aumentar a degradação do glicogênio, fornecendo glicose para a manutenção da glicemia, e ao mesmo tempo ele vai diminuir a síntese de glicogênio, assim, menos glicose será armazenada como glicogênio. No fígado também há uma redução da utilização de glicose como combustível energético, e ao mesmo tempo, haverá um aumento da produção de glicose a partir de compostos como aa, fornecendo assim glicose para a manutenção da glicemia. No tecido adiposo, haverá uma mobilização dos ácidos graxos, assim, menos glicose será utilizada como combustível pelo fígado e pelo músculo. No fígado também haverá um aumento da produção de corpos cetônicos, que são compostos energéticos, sendo assim uma fonte alternativa à glicose como fonte de energia para o cérebro. Essas ações do glucagon sobre essas rotas metabólicas vão se dar devido à atividade, ação dele, sobre as enzimas marcapasso dessas rotas metabólicas. A adrenalina e a noradrenalina são sintetizadas a partir do aminoácido Tirosina. A síntese de Noradrenalina ocorre nas fibras adrenérgicas e na medula adrenal. Na medula adrenal 80% da noradrenalina é metilada em adrenalina; A noradrenalina liberada pelos neurônios adrenérgicos funciona como neurotransmissor. A noradrenalina e a adrenalina liberadas pela medula adrenal funciona como hormônio. Noradrenalina também é conhecida como Norepinefrina e Adrenalina é conhecida também como Epinefrina. Situações em que há alguma ameaça que exige que o organismo produza energia extra para lutar ou fugir; Ela vai aumentar a degradação de glicogênio no fígado e a produção de glicose no fígado, colaborando com a manutenção da glicemia. Ela vai aumentar a degradação de glicogênio no músculo, fornecendo substrato energético para o músculo, ao mesmo tempo, existe uma redução da síntese de glicogênio. A adrenalina aumenta a glicólise no musculo, fazendo com que a glicose seja utilizada para a produção de ATP neste tecido. No tecido adiposo, ela promove a mobilização de ácidos graxos, que são uma fonte alternativa de combustível para o organismo. A adrenalina promove a secreção do glucagon e diminui a secreção de insulina, reforçando os efeitos metabólicos do glucagon na manutenção da glicemia. Os efeitos metabólicos da adrenalina são mediados pelos receptores do tipo Beta, sendo que os receptores do tipo Alfa-1 também podem mediar a degradação do glicogênio no fígado, no entanto, os receptores do tipo Beta são os principais mediadores. O glucagon e a adrenalina são moléculas hidrofílicas, por isso possuem receptores de membrana. O receptor para o glucagon e o receptor Beta- adrenérgico para a adrenalina estão associados à proteína G. A proteína G é trimérica, ou seja, ela é formada por três subunidades: Gα, Gβ, Gϒ. Ela é um ligante de GTP e GDP, que são nucleotídeos da Guanina Trifosfato e Difosfato. Quando a proteína G está ligada ao GDP ela está inativa. Quando a proteína G está ligada ao GTP ela está ativa. A proteína G também possui atividade GTPásica, ou seja, ela é capaz de defosforilar o GTP em GDP. Existem vários tipos de proteína G. Os receptores para o Glucagon e os receptores Beta-adrenérgicos estão associados à proteína G do tipo Gs. A proteína Gs é aquela que quando ligada ao GTP estimula a enzima de membrana Adenilato ciclase a produzir o segundo mensageiro celular AMPcíclico (AMPc). O hormônio pode ser o glucagon ou a adrenalina. A proteína efetora vai realizar a síntese do segundo mensageiro AMPc. Todo sistema está em repouso, a adenilato ciclase está inativa e a proteína Gs também, já que ela está associada ao GDP. Quando o hormônio se liga ao receptor, ocorre uma mudança conformacional no receptor (especialmente no domínio intracelular), afetando a interação do receptor com a proteína G. O receptor liga-se à proteína G, provocando uma mudança conformacional na subunidade Gsα, que vai trocar um GDP por um GTP ficando ativada. Uma vez ativada, a subunidade Gsα dissocia-se das subunidades Gβ e Gϒ. Com o GTP ligado, a subunidade Gsα move-se pela membrana até encontrar a Adenilato-ciclase mais próxima, ativando-a. A adenilato-ciclase, uma vez ativada irá sintetizar o segundo mensageiro AMPc a partir de seu substrato ATP. A Adenilato-ciclase é uma proteína integral de membrana. O seu sítio ativo está na parte intracelular, e a ligação dessa enzima com a subunidade Gsα da proteína G estimula a enzima a produzir AMPc a partir do ATP. A adenilato-ciclase remove os dois fosfatos terminais da ATP, e promove a formação de mais uma ligação entre o fosfato e a Ribose, formando o AMPc, que tem função de segundo mensageiro celular. Então a adenilato-ciclase promove a elevação dos níveis citosólico de AMPc. O estímulo pela Gsα é auto limitante, essa subunidade assume, num determinado momento, uma atividade GTPásica, hidrolisando o GTP a GDP ficando assim inativa. Uma vez inativada ela se dissocia da adenilato-ciclase, inativando-a. A Gsα reassocia-se ao dímero Gβϒ, reestabelecendo a proteína trimérica, e todo o sistema volta ao repouso novamente. A substituição de um GDP por um GTP e a atividade GTPásica da subunidade Gsα são moduladas por proteínas. Essas proteínas regulam a atividade da proteína G, determinando quanto tempo ela deverá ficar ativada ou não, mostrando a complexidade do processo. Função do AMPc O AMPc vai agir sobre a PKA. A PKA é uma enzima alostérica formada por duas subunidades regulatórias (R), contendo sítio alostéricos, e duas subunidades catalíticas (C), cada uma delas contendo sítio ativo. O complexo R é inativo, por ele possui, em cada subunidade regulatória, um domínio auto inibitório que bloqueia o sítio catalítico das subunidadescatalíticas. O AMPc é um ativador alostéricos da PKA. Quando o AMPc se liga às subunidades regulatórias, ele causa uma mudança conformacional afastando o domínio auto inibitório do sítio ativo das subunidades catalíticas, que se dissociam ficando ativadas, prontas para fosforilar os substratos intracelulares. As subunidades catalíticas, uma vez dissociadas e ativadas, vai atuar sobre diferentes enzimas e proteínas alvo citoplasmáticas. O complexo inativo da PKA não está solto na célula. Existe uma família de proteínas chamadas de Proteínas de Ancoragem da Cinase A (AKAP) que funcionam como um arcabouço multivalente, mantendo a PKA próxima a uma região ou estruturas específicas da célula. A AKAP5 mantém a PKA junto da Adenilato-ciclase, junto ao receptor β- adrenérgico e junto à fosfatase que defosforila as proteínas alvo, substratos da PKA. Isso é importante para agilizar a transdução de sinal e explica porquê sinais diferentes podem ser mediados por um único mensageiro celular. O único elemento que se dissocia desse arcabouço é a subunidade Catalítica da PKA quando essa estiver ativada. A adrenalina possui receptores β-adrenérgicos no fígado e no músculo, e o glucagon possui receptores no fígado. O glucagon e a adrenalina, por meio da ativação da proteína GS, ativam a Adenilato-ciclase, que vai produzir a partir do ATP o segundo mensageiro AMPc. O AMPc é um ativador alostérico da PKA. A PKA, mais especificamente a sua subunidade catalítica irá fosforilar e ativar a enzima fosforilase quinase. Esta enzima irá atuar sobre a enzima marcapasso da degradação do glicogênio, a glicogênio fosforilase. Ela será então Fosforilada e ativada pela fosforilase quinase. Desta forma, ocorrerá a degradação do glicogênio no fígado para a manutenção da glicemia e no músculo para fornecer glicose como combustível energético para as células musculares.