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Aula 2 - LEITURA: UM CONCEITO POLISSÊMICO. A LINGUAGEM VERBAL E A LINGUAGEM NÃO VERBAL: DISTINÇÕES E ARTICULAÇÕES

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ASPECTOS SEMIOLÓGICOS DO DISCURSO
LEITURA: UM CONCEITO POLISSÊMICO. A 
LINGUAGEM VERBAL E A LINGUAGEM NÃO 
VERBAL: DISTINÇÕES E ARTICULAÇÕES
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Observar a interação comunicativa do texto como comunicação verbal;
2. identificar o conceito polissêmico da leitura;
3. analisar as distinções e articulações das linguagens verbal e não verbal;
4. reconhecer a pluralidade significativa presente nos textos.
Você se lembra que, na aula anterior...
...convidamos você a fazer uma viagem e dissemos que ela seria longa? Pois é, a semiótica é lúdica e, de certa
forma, brincamos um pouco com ela. Vivemos num mundo da escrita, mas rodeado de imagens.
Saussure, em , propõe uma dicotomia entre língua e fala, e sobre a língua explica oCurso de Linguística Geral
seguinte:
Para nós, ela não se confunde com linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela,
indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de
convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos.
Saussure, em , propõe uma dicotomia entre língua e fala, e sobre a língua explica oCurso de Linguística Geral
seguinte:
Observando este conceito, percebemos que a linguagem se refere tanto ao verbal quanto ao não verbal e que a
leitura vai além das palavras.
Se falássemos que essa imagem é um texto há algum tempo, diriam que éramos loucos, não é?
NECESSÁRIO INSERIR O LINK DO VÍDEO
E no tempo do cinema mudo, não havia texto? Nem comunicação? Nem interpretação?
Gestos, imagens, sons, gritos, olhares ou expressões representam linguagem. É a linguagem não verbal. Nosso
pensamento, a forma de entendermos as coisas, o mundo, começa então a ter nas palavras a linguagem, o nome
das coisas existentes no mundo. Construímos na consciência, uma espécie de arquivo onde depositamos tudo o
que é ouvido e entendido. Guardamos ideias, significados, palavras e com essa base de dados nos expressamos
verbalmente pela fala.
E começamos a ler muito antes de sermos alfabetizados.
- -3
Lemos situações, gestos, objetos, palavras e até frases presentes incidentalmente em nossos percursos. A criança
desenvolve esta habilidade e é capaz ler anúncios, avisos que lhe são apresentados.
“O texto é um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas, sociais e cognitivas.” (BEAUGRAND,
1997)
O texto pode ser reconhecido como um tecido estruturado, uma entidade de comunicação e um artefato
sócio-histórico.
É uma reconstrução do mundo. Vejamos:
O conteúdo é aquilo que se diz ou descreve ou designa no mundo, mas o sentido é um efeito produzido pelo fato
de se dizer de uma ou outra forma esse conteúdo. O sentido é um efeito do funcionamento da língua quando os
falantes estão situados em contextos sócio-históricos e produzem textos em condições específicas. O contexto
diverso dos interlocutores provocou um ruído na comunicação.
O conteúdo da questão presente na fala do motorista ganhou sentido diferente na interpretação do falante local.
O conceito polissêmico, isto é, as possibilidades significativas diferentes, presentes numa mesma palavra da
língua, leva-nos a perceber a linguagem como uma atividade interacional que, segundo as intenções dos
participantes, realiza-se através de um conjunto de operações verbais.
A forma dos textos é importante para o sentido que lhe atribuímos a partir das intenções ou finalidades de
nossos atos comunicativos.
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Ao nos depararmos com essa mensagem em portarias, elevadores, lugares e situações diversas e sabermos que é
uma forma de vigilância, poderíamos nos sentir ofendidos, mas a forma como ela se apresenta ameniza o tom,
ainda mais acompanhada da carinha sorridente e a forma verbal “Sorria!!”. O constrangimento que poderia
causar já ficou descaracterizado e a intenção de vigiar, tomar conta ficou amenizado.
Vejamos mais um exemplo. Se tivéssemos:
A frase, também de vigilância, é polissêmica e pode equivaler a “você está sendo vigiado, observado” e ter a
conotação de “cuidado! Não faça nada errado!” Com o mesmo valor de “você está sendo filmado”, dependendo do
contexto em que é usada, essa segunda frase pode ou não ser bem acolhida pelo leitor, pois a intenção ainda
precisa ser decodificada.
O sentido é uma direção, pois mostra uma tendência para alguma coisa. Um texto pode tender à sua própria
coerência o que nos faz compreender o seu sentido. É o caso das frases analisadas em seus contextos. Podemos
concluir que o sentido designa um efeito de direção e de tensão mais ou menos conhecível de acordo com
determinada prática ou determinada situação.
Como vamos interpretar os signos?
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O signo em relação ao objeto tem um caráter vicário (que substitui outra coisa), ele age como uma espécie de
procurador do objeto. O signo na sua relação com o objeto é apenas um signo, pois nunca é completamente
adequado ao objeto, não se confunde com ele e nem prescinde dele.
Tudo que existe prevê leituras interpretativas, divagações, sensações. Ocupa um lugar no mundo, no tempo, é
referência para uma série de direções. Cada direção, é um referente, logo é um signo, essa propriedade de existir,
que dá o poder de ter função como signo, é sinsigno, singular. Todas as coisas que estão em rotação no mundo
possuem significados latentes, dependem do seu olhar interpretante.
A abstração, isto é, o que se aproxima de uma lei, pois nos afasta do que primeiro lhe deu origem, é simbólico,
está sujeito a convenções. Assim aconteceu com as palavras, com as convenções sociais, com as leis de trânsito
ou do direito.
Cabe-nos agora o papel do interpretante, o terceiro elemento da tríade de Peirce. Vamos relembrar?
Na livraria, há um livro. No livro, há elementos a serem descobertos. Existe a possibilidade, mesmo que ainda
não se saiba o que está escrito.
Lá estão textos com palavras que carregam significados.
Temos aí um interpretante imediato, pois é interno ao signo.
É o potencial interpretativo do signo, ainda abstrato, mas que se pode concretizar no momento em que o leitor
abre e lê o livro.
Cada objeto possui um perfil capaz de gerar sua interpretabilidade.
O leitor entra no mundo do narrador.
O leitor abre o livro, fica atento, aventura-se
O leitor encontra a magia das personagens.
O leitor se interessa em ler outras obras do mesmo autor.
Efeitos de significado de um signo podem ser energéticos (ação física ou mental) ou lógicos (regra
interpretativa internalizada). Análise de textos.
“O Sonho Acabou.”
John Lennon, músico.
O sonho é uma experiência que possui significados distintos se for ampliado um debate que envolve religião,
ciência e cultura. Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de
sono. Recentemente, descobriu-se que até os bebês no útero têm sono REM (movimentos rápidos dos olhos) e
sonham, mas não se sabe com o quê. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido de
poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência.
- -6
“O Sonho Acabou.”
Paulo Cruz, padeiro.
O (português brasileiro) é um bolo tradicional semelhante à alemã. Ao contrário desta,sonho Berliner
normalmente recheada com doces vermelhos (morango, framboesa, etc.), é recheada com um doce amarelo
chamado creme pasteleiro. O recheio é colocado através de um golpe lateral, sendo sempre visível.
Observamos a compreensão em dois modelos:
• como decodificação, baseada na noção de língua como código;
• como inferência, baseada no processo de construção, numa atividade mais ampla e de base 
sociointerativa.
No verso de John Lennon, não se trata apenas de uma experiência de imaginação do inconsciente, e sim de algo
mais amplo como o término do grupo Os Beatles e toda uma construção de sucesso e vivência. É preciso inferir
uma época, uma cultura, uma paixão.
Vamos continuar analisando o significado de um signo. No caso do doce, é um uso metafórico,resultante de uma
comparação mental, portanto de uso simbólico.
“... quero enfiar a idéia, achar o rumorzinho forte das coisas, caminho do que houve e do que não houve. Às vezes
não é fácil. Fé que não o é.” (GUIMARÃES ROSA)
Ler um texto, integrando os vários níveis de sentidos, não é tarefa muito fácil, e a reflexão só será eficaz se vier
acompanhada de nossas experiências, de fatos significativos. É preciso identificar as pistas deixadas pelo autor,
perceber os rumores de que nos fala Guimarães Rosa.
Vamos começar a desvendar os textos!
Vamos abrir a porta e o espírito... precisamos de um olhar contemplativo: que significa estar disponível para os
nossos sentidos, desligar o automático do dia a dia e do imediatismo das respostas prontas. Os signos precisam
ser sentidos, percebidos qualitativamente. O sensível e o sensório precisam ser ativados e apreendidos.
Na charge, observa-se:
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• a temporalidade: o homem moderno e os problemas que o cercam;
• o nível social presente no modo de se vestir: provavelmente(?), um homem de classe média;
• as cores: preto/branco/azul acinzentado;
• a figura de um vulcão: metáfora.
Se nos detivermos mais no texto não verbal, vamos encontrar uma pluralidade interpretativa que pode se
adequar a um cidadão do mundo globalizado.
Vamos pensar num computador.
É um objeto com história própria. Todos os dias, sua dona, uma escritora, senta-se em frente a ele e trabalha
durante 10h com breves interrupções. Já está desgastado, afinal seu material tem sido castigado pelo uso, perdeu
seu brilho natural.
Foi resultado de uma produção em série, diferente, por exemplo, de um objeto artesanal, que é particular.
Portanto, o computador a que nos referimos, apesar de ter uma história, pertence a uma classe geral que lhe dá o
caráter de lei do fundamento do signo.
Como podemos partir do geral para a particularização, das regularidades da lei para os aspectos abstratos dos
fenômenos? Imagine alguém que, para demonstrar como funciona um computador, o apresentasse da forma ao
lado:
Temos aí um interpretante que, a partir das leis gerais, usou uma forma comparativa inusitada.
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A língua permite a pluralidade de significações e as pessoas podem entender o que não foi pretendido pelo
falante ou o autor do texto. Os sentidos são parcialmente produzidos pelo texto e parcialmente completados pelo
leitor (MARCUSCHI, 2008, p. 241).
O que vem na próxima aula
• Os elementos da comunicação: as funções da linguagem e a interpretação discursiva;
• o vínculo da Semiótica com a comunicação. Diferentes textos, imagens e objetos audiovisuais serão 
analisados em seus discursos sociais, ideológicos, culturalmente construídos;
• o desvelamento de discursos através da Semiótica aplicada.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Comparou formas verbais e não verbais da linguagem;
• esclareceu a importância da polissemia nos textos;
• observou a linguagem em sua pluralidade, produzida através de diferentes tipos de interação.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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