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EXERCÍCIOS DE TOXICOLOGIA 1) Sobre a planta tóxica “samambaia-do-campo”, responda: a) Qual o princípio tóxico da planta? O princípio tóxico é o ptaquilosídeo, um glicosídeo presente no gênero Pteridium, tóxico tanto para humanos quanto para animais. Essa toxina possui efeito radiomimético, ou seja, imita o rádio, gerando depleção dos componentes sanguíneos da medula óssea. b) Citar os 3 quadros clínicos que a planta produz: Os quadros dependerão do período e da quantidade ingerida. A diátese hemorrágica é a forma aguda da intoxicação, afetando principalmente animais jovens, devido à ingestão de grandes quantidades em um curto período. Nesse caso, as toxinas afetam a medula óssea, gerando depleção dos componentes sanguíneos da medula óssea. Os sinais clínicos envolvem presença de petéquias na cavidade oral, vasos dos olhos sobressalentes e sangue intra-alveolar, hipertermia, dentre outros. O animal vai a óbito por choque hipovolêmico nesses casos e, ao coletar sua medula óssea, é possível identificar reposição por tecido adiposo. Ao ingerir pouca quantidade por mais de dois anos, os bovinos e bubalinos apresentam quadro de carcinoma das vias digestivas superiores. Nesse quadro, o animal forma massas, que podem formar metástases em outros órgãos. Nesses animais, há disfagia, regurgitação e dificuldade de entrada de alimento devido à massa, fazendo com que haja emagrecimento crônico. Não há tratamento, e na histologia é possível identificar pérolas. A hematúria enzoótica é o quadro no qual o animal também come poucas quantidades por período prolongado, mas a intoxicação gera sangue na urina de forma intermitente, provindos de nódulos na bexiga. Esse quadro ocorre devido à dilatação e congestão de vasos sanguíneos ou neoplasia destes, hemangiomas ou hemangiossarcomas. Além de sangue na urina, os animais apresentam perda de produção. c) Como é feito o diagnóstico de intoxicação pela planta? No caso da diátese hemorrágica, é preciso identificar, além do quadro, a presença da planta na propriedade e o histórico para uso de raticidas na propriedade, que também geral hemorragia generalizada. No caso de raticidas, pode-se coletar fígado e rim para fazer exame toxicológico e identificar. Considerando o carcinoma das vias digestivas superiores, é importante fazer diagnóstico diferencial para doenças caquetizantes como a tuberculose e actinobacilose, por meio de testes específicos. No caso de hematúria enzoótica, fazer diagnóstico diferencial com doenças que cursam com sangue na urina e congestão de vasos sanguíneos, como babesiose e intoxicação por cobre. A intoxicação por cobre é mais relevante em ovinos devido à sua deficiência em metalotioneína hepática, gerando crise hemolítica em sua forma crônica, que leva à IRA e pode gerar úlceras gástricas e intestinais (diferentemente da intoxicação pela planta). 2) Sobre a planta tóxica Senecio braziliensis, responda: a) Qual o princípio tóxico da planta? O princípio tóxico das espécies de Senecio sp. são os alcaloides pirrolizidínicos, também denominados de APs. Este tem importância principalmente em animais de produção, como bovinos, equinos, suínos e até ovinos, apesar destes últimos serem resistentes e comumente usados como forma de profilaxia em casos em bovinos. b) Descreva o quadro clínico-patológico da intoxicação: O princípio tóxico gera hepatotoxicidade, promovendo cirrose no fígado desses animais. Os alcaloides do grupo das pirrolizidínicas geram alterações na estrutura dos hepatócitos do fígado, consequentemente impedindo sua mitose. Dessa forma, a necrose leva à substituição por tecido fibroso nesse órgão, dando a aparência de “noz-moscada”. O fígado fica aumentado, e a vesícula biliar edemaciada. Sinais clínicos envolvem constipação, tenesmo, fezes secas e diarreia, agressividade, edema de barbela e membros, raramente fotossensibilidade, entre outros, podendo gerar quadro de encefalopatia hepática devido à concentração de amônia, não suportada pelo sistema nervoso. Na macroscopia, são identificados edema, ascite, e extensas áreas esbranquiçadas no fígado. A suspeita pode ser confirmada por meio de diagnóstico diferencial e pela histopatologia, com sinais de fibrose hepática, degeneração, necrose do órgão em geral. c) Quais os diagnósticos diferenciais dessa intoxicação? Diagnóstico diferencial para as Ateleias e Cestrum laevigatum. No caso das coreanas, também importante em bovinos, os sinais aparecem rapidamente, devido ao excesso de amônia, agressivo ao sistema nervoso central (gerando tremores e quadro de agressividade). No caso da família Fabaceae, o fígado cirrótico é uma consequência da doença cardíaca, podendo coletar o coração para identificar área de necrose, e verificar se o animal apresenta quadro de taquicardia e pulso venoso positivo. 3) Sobre a planta tóxica Senna occidentalis, responda: a) Qual o princípio tóxico da planta? O seu princípio tóxico ainda não foi determinado, mas são descritos casos de intoxicação em bovinos e suínos, devido à ingestão de sementes misturadas à ração ou mesmo a pasto, em casos onde a planta invasora se infiltra nas pastagens. b) Descreva o quadro clínico-patológico da intoxicação: A intoxicação ocorre de forma rápida (de 1 dia a 1 semana de evolução) a partir da ingestão principalmente de sementes, apesar de outras partes da planta como as folhas também serem capazes de intoxicar. Os animais apresentam quadro de fraqueza muscular, com prostração e permanência em decúbito esternal e lateral. A doença cursa com mioglobinúria e diarreias, além de vômitos no caso de suínos. A partir da necropsia, é possível identificar áreas pálidas no músculo, principalmente o pélvico, além de fígado aumentado com coloração marrom clara; e rins avermelhados. O exame histopatológico confirma as área de necrose, que torna estas áreas afuncionais, e é possível encontrar sementes da planta no rúmen dos animais. c) Quais os diagnósticos diferenciais dessa intoxicação? Os diagnósticos diferenciais são feitos considerando outras doenças que geram palidez no músculo, como a intoxicação por selênio e intoxicação por antibióticos ionóforos. Com relação aos antibióticos citados, o histórico é fundamental para identificar se a administração destes foram realizadas, pois também gera mioglobinúria. Já considerando a intoxicação por selênio, este intoxica principalmente animais jovens, principalmente equinos, gerando alopecia na crina e cauda desses animais. Em suínos, a diferença se dá através das lesões de medula espinhal e abortos, podendo identificar a macro e microscopia da medula, ou realizando exame toxicológico. 4) Sobre a planta tóxica Lantana camara, responda: d) Qual o princípio tóxico da planta? O princípio tóxico da Lantana sp. são os triterpenos, presentes em suas folhas, gerando lesão direta no fígado entre 2 e 7 dias. A L. camara é a mais tóxica, porém outras espécies também podem intoxicar. e) Descreva o quadro clínico-patológico da intoxicação: Plantas com substância tóxica para o fígado e suas estruturas fazem com que compostos vão diretamente para a corrente sanguínea após acúmulo no órgão. A filoeritrina provinda da forragem deveria ser metabolizada, mas não é devido a esse acúmulo, indo para a circulação sistêmica, gerando fotossensibilidade. Animais mais pigmentados são mais resistentes, porém animais brancos ou com porções brancas em seu pelo possuem estas porções intensamente ulceradas, o que gera perda de fluidos e eletrólitos e podem, por consequência, fibrosar e gangrenar, mas também servir como porta de entrada para infecções bacterianas. Na necropsia, o fígado fica com uma coloração mais cara e ictérico. No histopatológico, há proliferação de ducto biliar. f) Quais os diagnósticos diferenciais dessa intoxicação? O diagnóstico diferencial deve ser feito considerando outras lesões de fígado que gerem icterícia e hemoglobinúria, por exemplo, além de doenças de pele como sarnas. Considerando a intoxicação por Lantana sp., pode-se realizar dosagem de filoeritrina para confirmar diagnóstico.Em outras doenças de pele, é possível realizar raspados para identificar possíveis agentes.
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