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Fontes de Custeio da Seguridade Social Prevê o caput do Art, 195 da Constituição Federal que a Seguridade Social será financiada por toda a sociedade de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e pelas contribuições sociais. A doutrina assertadamente substitui o termo “financiamento” por “custeio”. Nesse sentido, entende-se por fonte de custeio os meios financeiros obtidos e destinados à concessão e à manutenção das prestações da Seguridade Social. Categorias das fontes de custeio: São fonte s diretas de custeio – As contribuições sociais que são cobradas de trabalhadores e empregadores, das receitas dos concursos de prognóstico, do importador de bens ou serviços do exterior e outras receitas elencadas no Art. 27 da lei 8.212/91. São fontes indiretas de custeio – Os impostos, que serão utilizados nas insuficiências financeiras do sistema, sendo pagos por toda a sociedade. Entretanto, merece destaque o (§4º do Art. 195) que ainda estabelece que poderão ser instituídas outras fontes de custeio desde que seja feita através de lei complementar e seja respeitada a não cumulatividade. (Art. 154, I) e a anterioridade da noventena (Art. 195, §6º), Espécies das fontes de custeio (Art. 195 da CF, Art. 22 da lei 8.212/91): 1) Contribuição social dos empregadores, da empresa e da entidade a ela equiparada, incidentes sobre: 1.1) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviços Nos termos do art. 15 da Lei n. 8.212/1991, considera-se empresa como sendo a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não. Equiparam-se a empresa, para os efeitos de custeio da previdência social, o contribuinte individual e a pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade. Existem, quatro contribuições que incidem sobre a folha de remuneração dos empregados, dos trabalhadores avulsos e dos contribuintes individuais que lhe prestem serviços. 1) a contribuição básica de 20% (art. 22, I e III, da Lei n. 8.212/91); 2) a contribuição para o seguro de acidente do trabalho (SAT) (art. 22, II, da Lei n. 8.212/91); A contribuição para o SAT está plenamente de acordo com o princípio da equidade na forma de participação do custeio, eis que baseada no risco social. Quanto maior o risco da atividade, maior deve ser a contribuição. Seguindo essa lógica de tributação, o art. 22, II, da Lei n. 8.213/91 prevê três possíveis alíquotas: Após o advento da Lei n. 10.666/2003, a legislação previdenciária tornou possível a flexibilização das alíquotas do SAT através do FAP - Fator Acidentário de Prevenção. A alíquota de contribuiçãode 1%, 2% ou 3% para o SAT poderá ser reduzida, em até cinquenta por cento, o u aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de frequência (apurada conforme informações da CAT), gravidade ( pensão por morte: peso de cinquenta por cento; aposentadoria por invalidez: peso de trinta por cento; e auxílio-doença e auxílio-acidente: peso de dez por cento) e custo ( nos casos de auxílio-doença, com base no tempo de afastamento do trabalhador, em meses e fração de mês; e – nos casos de morte ou de invalidez mediante projeção da expectativa de sobrevida do segurado, na data de início do benefício, a partir da tábua de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos). 3) a contribuição adicional do SAT para a aposentadoria especial (art. 57, § 6º, da Lei n. 8.213/91); A lei prevê três alíquotas (6%, 9% ou 12%), que são inversamente proporcionais ao período de trabalho necessário para a aposentadoria especial (15, 20 ou 25 anos). Incide somente sobre a folha de pagamentos do segurado especial. Obs: A aposentadoria especial tanto será financiada pela alíquota básica do SAT (1%, 2% ou 3%) como por seus respectivos adicionais (6%, 9% ou 12%). 4) a contribuição adicional das instituições financeiras (art. 22, § 1º, da Lei n. 8.212/91). As instituições financeiras previstas em lei, além da contribuição básica de 20% e do SAT (que, no mínimo, será de 1% sobre a folha), devem efetuar o pagamento de uma contribuição adicional de 2,5%. Obs: Ao contrário da contribuição do segurado (que está sujeita a um teto máximo), a contribuição da empresa sobre a folha não está sujeita a qualquer limitação. Assim, se um empregado tiver um salário de R$ 100.000,00, sua contribuição incidirá sobre no máximo R$ 5.645,80 (teto do salário de contribuição em 2018), enquanto a contribuição da empresa incidirá na sua remuneração total (R$ 100.000,00). 5) o faturamento: Existem duas importantes contribuições das empresas sobre a receita bruta: 5.1 ) contribuição para o Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público–PIS/PASEP – 0,65%. 5.2) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS 3%. 6) o lucro (CSLL) - sua alíquota varia entre 9% e 20% e a base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o Imposto de Renda. 7) dos trabalhadores (empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso): (Até 1.751,81 – 8%), (De 1.751 à 2.919,72 – 9%), (De 2.919,73 à 5.839,45 – 11%) Obs: A base de cálculo da contribuição da maioria dos segurados da previdência social é o salário de contribuição. Apenas o segurado especial, em virtude de sua situação peculiar (renda sazonal), contribui sobre uma base de cálculo diferente, nos termos do art. 195, § 8º, da CF/88 (resultado da comercialização de sua produção). Por força do art. 167, XI, da CF/88, a contribuição do empregador, empresa ou entidade a ela equiparada, assim como a contribuição dos segurados, destina-se especificamente à previdência social. 8) sobre a receita de concursos de prognósticos (art. 26 da Lei n. 8.212/91). 9) do importador de bens ou serviços do exterior; 10) De acordo com o Art. 27 da lei 8.212, constituem outras receitas da Seguridade Social: I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; II - a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens; IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; VI - 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal; VIII - outras receitas previstas em legislação específica. Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de dezembro de 1974, deverão repassar à Seguridade Social 50% (cinqüenta por cento) do valor total do prêmio recolhido e destinado ao Sistema Único de Saúde-SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito. ________________________________________________________________________________ 11) Contribuição do Microempreendedor Individual = 5% sobre o salário mínimo 12) Contribuinte Individual (11% de 998,00 ) e (20% para a faixa compreendida entre R$ 954,00 à 5645,80). 13) Segurado facultativo - (11% de 998,00 ) e (20% para a faixa compreendida entre R$ 954,00 à 5645,80). 14) Segurado Especial - A contribuição do segurado especialé de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; 15) Contribuições substitutivas Para determinados contribuintes, o legislador optou por substituir a folha por outra base de cálculo. Os contribuintes beneficiados pela substituição são os seguintes: a) associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional: 5% (cinco por cento) da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos. b) empregador rural pessoa física: 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; c) agroindústrias (produtores rurais pessoas jurídicas): A contribuição devida pela agroindústria, definida como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às contribuições sobre folha, é de 2,5% (dois vírgula cinco por cento) destinados à Seguridade Social; 16) Contribuição do empregador doméstico A contribuição do empregador doméstico incidente sobre o salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço é de: 8% (oito por cento); e 0,8% (oito décimos por cento) para o financiamento do seguro contra acidentes de trabalho. Natureza Jurídica da Contribuição à Seguridade Social: A doutrina desenvolveu seis teorias que buscam definir a natureza jurídica da Contribuição Social: 1ª) Teoria do Prêmio de Seguro – Teoria defendida por Alberto Xavier, que menciona tratar-se de uma relação sinalagmática própria de qualquer relação contratual de seguro, em que uma prestação é realizada como contrapartida de uma prestação aleatória, devido pela ocorrência do risco assegurado. 2ª) Teoria do salário diferido – Segundo essa teoria, a contribuição social seria uma espécie de salário diferido, pois não seria pago imediatamente ao empregado, mas sim, adquirido no presente e a ser utilizado no futuro. 3ª) Teoria do salário social – De acordo com a teoria do salário social, seria a contribuição previdenciária um salário social posto que devido pela sociedade ao trabalhador. 4ª) Teoria do salário atual – A contraprestação do trabalho do empregado é retribuída pelo empregador mediante o pagamento de duas quotas: uma é entregue diretamente ao operário, constituindo-se em retribuição pelos serviços prestados; outra que é imediata e obrigatoriamente destinada aos fins da seguridade social. 5ª) Teoria Fiscal – A contribuição à seguridade social é uma obrigação tributária, uma prestação pecuniária compulsória paga ao ente público, com a finalidade de constituir um fundo econômico para o financiamento de serviço público. 6ª) Teoria da Exação Sui Generis – A contribuição social seria uma imposição estatal atípica; Decadência e prescrição no custeio Enquanto a decadência é a perda do direito de constituir o crédito tributário, a prescrição é a perda do direito de buscá- lo judicialmente (por meio de execução fiscal). Antigamente, os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/1991 previam que o prazo decadencial e o prazo prescricional eram de dez anos, contrariando o previsto no CTN (cinco anos). A controvérsia acabou chegando ao STF, que declarou a inconstitucionalidade dos prazos previstos na Lei n. 8.212/1991, nos termos da Súmula Vinculante n. 8: “São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto-lei n. 1.569/1977 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O principal fundamento da decisão está no art. 146, III, b, da CF/88. De acordo com o dispositivo constitucional citado, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre decadência e prescrição tributários. Vale dizer, cabe ao CTN (recepcionado como lei complementar), e não à Lei n. 8.212/1991, dispor sobre os prazos decadencial e prescricional. Atualmente, ambos os prazos (de decadência e de prescrição) têm fundamento no CTN e são de cinco anos. Logo, a Fazenda Pública possui cinco anos para constituir o crédito, por meio do lançamento de ofício (notificação de lançamento ou auto de infração), e cinco anos para cobrá-lo judicialmente depois de constituído.
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