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aula 02

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AULA 2 
ENGENHARIA DO PRODUTO, 
QFD, FMEA E DOE 
Prof. Thiago Shoji Obi Tamachiro 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Ferramentas e métodos do projeto informacional e projeto conceitual 
As duas primeiras fases do Processo de Desenvolvimento de Produtos 
(PDP) são denominadas Projeto Informacional e Projeto Conceitual. Em resumo, 
elas envolvem as definições fundamentais de quais serão as características do 
produto final, a fim de satisfazer as necessidades dos clientes. 
No Projeto Informacional, o foco está em determinar os requisitos que o 
cliente deseja em um produto, cujas respostas podem ser encontradas por meio 
da ferramenta de Desdobramento da Função Qualidade (QFD, em inglês, 
Quality Function Deployment) e benchmarking. Além disso, é essencial obter um 
panorama de como a empresa está posicionada em relação aos seus 
concorrentes, analisando quais critérios são ganhadores de pedidos (critérios 
diferenciais da empresa) e os critérios qualificadores de pedidos (critérios que 
devem ser melhorados). Essa análise é realizada por meio de uma avaliação 
quantitativa com consumidores e, em seguida, os dados obtidos são utilizados 
para a construção de curvas de valor, que irão indicar os critérios que devem ser 
levados em consideração no desenvolvimento do produto. 
Com base nas definições de requisitos do produto definidas no Projeto 
Informacional, a etapa do Projeto Conceitual visa determinar qual é o melhor 
conjunto de soluções para o produto por meio de ideias obtidas por ferramentas 
e métodos como brainstorming, Análise Funcional, Matriz Morfológica e o 
método de seleção de materiais. 
Nesta etapa, estudaremos as ferramentas mais empregadas no Projeto 
Informacional: Desdobramento da Função Qualidade (QFD), Análise de Curvas 
de Valor e benchmarking, e as ferramentas e métodos do Projeto Conceitual: 
brainstorming, Análise Funcional, Matriz Morfológica e método de seleção de 
materiais. 
TEMA 1 – DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE (QFD) 
A primeira ferramenta do Projeto Informacional a ser estudada é o 
Desdobramento da Função Qualidade (QFD), também conhecida como casa da 
qualidade, ou “voz do cliente”. O QFD foi desenvolvido pela Mitsubishi, na cidade 
de Kobe (Japão). 
 
 
3 
De acordo com Akao (1990), o QFD tem como principal objetivo traduzir 
as necessidades dos clientes em características de qualidade para o produto ou 
serviço a ser desenvolvido. Com isso, sua utilização contribui para que a 
organização possa identificar a relação de “o quê” (requisitos do cliente) será 
desenvolvido, e “como” (características do produto) será desenvolvido. 
Para a análise da relação entre requisitos do cliente e as características 
do produto, é necessário construir a matriz QFD, apresentada na Figura 1. As 
definições de cada campo da matriz serão descritas em seguida. 
Figura 1 – Matriz QFD 
 
 
1. Requisitos do consumidor (“quês”): são os requisitos ou critérios de 
desempenho que os consumidores desejam de um determinado produto. 
A importância do requisito de desempenho é mensurada por uma nota de 
1 a 10, atribuída na coluna “importância para o consumidor”. 
2. Características do produto (“comos”): são os elementos e componentes 
do produto que permitirão operacionalizar os requisitos dos 
consumidores. 
3. Matriz de relacionamento: representa a relação entre os “quês” e os 
“comos”, sendo que essa avaliação é feita pela equipe de projeto; são 
utilizados símbolos que indicam a força de relacionamento. Por exemplo: 
caso o produto seja um aplicativo de celular, o requisito do consumidor 
 
 
4 
“segurança” terá uma forte relação com a característica do produto 
“verificação em duas etapas”. 
4. Matriz de correlação: semelhante à matriz de relacionamento, a matriz de 
correlação representa a relação entre as características de desempenho; 
a avaliação também é feita por símbolos que indicam a força de 
relacionamento. 
5. Notas competitivas: referem-se à avaliação de cada requisito do 
consumidor para o produto oferecido, e também para dois produtos 
concorrentes. Essa avaliação é feita com atribuição de notas de 1 a 5. 
6. Avaliação técnica do produto: representa a importância absoluta de cada 
característica do produto; é calculada pela soma dos produtos das notas 
de importância para os consumidores, e as notas de força da matriz de 
relacionamento. Com os resultados de importância absoluta, as 
características podem ser classificadas em ordem decrescente, obtendo-
se a importância relativa. Por fim, é realizada uma avaliação do grau de 
dificuldade técnica de alcançar um alto nível de desempenho em cada 
característica do produto. 
Com o objetivo de mostrar a aplicação da ferramenta, a Figura 2 
apresenta a matriz QFD para o exemplo de uma capa refletora para mochila. 
 
 
 
5 
Figura 2 – Matriz QFD para o exemplo da capa refletora para mochila 
 
 
Conforme a matriz construída na Figura 2, a equipe de projeto deve 
priorizar que o produto tenha as características “2x tecido refletivo” ((10 x 9) + (8 
x 3) = 114), “tecido elástico” (9 x 9 = 81) e “estojo para guardar o produto” ((8 x 
1) + (9 x 8) = 80) para conseguir atender aos requisitos dos consumidores. Com 
a definição de quais critérios são importantes para o produto, todo o 
detalhamento em termos dos materiais a serem utilizados, métodos de 
fabricação necessários, entre outros, são deixados para a próxima etapa do 
PDP, que corresponderá ao Projeto Conceitual. 
Em relação à matriz de correlação, foram encontradas apenas duas 
relações entre as características do produto: relação negativa entre “tecido 
elástico” e “bolsos laterais”, pois com o tempo os pesos dos itens guardados nos 
bolsos podem desgastar a elasticidade do tecido. A segunda relação, entre “2x 
tecido refletivo” e “tecido elástico”, é uma relação forte, pois ambas as 
características podem ser combinadas, caso não exista no mercado tecido 
refletivo com elástico disponível. 
Quanto à matriz de relacionamentos, todos os requisitos dos 
consumidores tiveram pelo menos uma relação com um dos critérios do produto, 
seja do tipo forte, médio ou fraco. Além disso, as células que ficaram em branco 
indicam que não foi encontrada nenhuma relação possível. 
 
 
6 
TEMA 2 – CURVAS DE VALOR E BENCHMARKING 
As curvas de valor e o benchmarking, são duas ferramentas do Projeto 
Informacional, que auxiliam a organização a comparar seus produtos e serviços 
aos de seus concorrentes, e tomar as decisões necessárias para se manter 
competitiva. Para entender o que são as curvas de valor, primeiramente serão 
definidos os conceitos de critérios ganhadores e qualificadores de pedidos. 
2.1 Critérios ganhadores e qualificadores de pedidos 
De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), uma forma útil de 
determinar os critérios competitivos de uma organização é por meio da divisão 
desses critérios em ganhadores e qualificadores de pedidos, cujas definições 
são: 
• Critérios ganhadores de pedidos: são os critérios que realmente 
contribuem para que o cliente enxergue o produto ou serviço de uma 
empresa como um diferencial em relação aos dos concorrentes. Por 
exemplo, o computador de uma determinada marca se diferencia por 
apresentar critérios superiores aos de seus concorrentes, como nitidez de 
imagem, capacidade de memória e suporte técnico especializado. 
• Critérios qualificadores de pedidos: são os critérios que apresentam 
deficiências no desempenho para a organização, e que os clientes não 
consideram como importantes. Nesse caso, indicadores estratégicos 
devem ser construídos para melhorar o desempenho dos critérios 
qualificadores. 
2.2 Construção das curvas de valor 
Ter o conhecimento de quais são os critérios ganhadores e qualificadores 
de pedidos contribuem para definir o valor percebido que o produto ou serviço 
está oferecendo, ou vai oferecer ao cliente. A Figura 3 ilustra dois exemplos de 
valores percebidos,tanto para produtos, no caso um console de videogame, e 
serviços, no caso de um restaurante. 
 
 
 
 
 
7 
Figura 3 – (a) Valor percebido de um console de videogame; (b) valor percebido 
de um restaurante 
 
 
 
 
 
 
De forma a classificar quantitativamente quais são os critérios ganhadores 
e qualificadores de pedidos, é realizada a construção de curvas de valor, cujos 
passos para sua elaboração são: 
1. Definir 10 critérios aplicáveis ao produto que sua organização fabrica e 
quer analisar; 
2. Eleger 2 principais concorrentes que fabricam produto semelhante ao de 
sua organização; 
3. Avaliar o desempenho do produto da sua organização e de seus 2 
concorrentes nos 10 critérios, atribuindo notas de 1 a 10; 
4. Selecionar 2 clientes-alvo para avaliação do produto, e solicitar que façam 
uma avaliação de expectativa de desempenho (valor percebido) dos 10 
critérios, atribuindo notas de 1 a 10; 
5. Realizar a tabulação dos dados e analisar os critérios de seus 
concorrentes que são superiores, e os que são inferiores; 
6. Análise: os critérios que estão acima ou igual à necessidade do cliente e 
da média do mercado, são os critérios ganhadores de pedido. Os critérios 
abaixo da necessidade do cliente ou da média do mercado, são os 
critérios qualificadores de pedido 
Para exemplificar a utilização dessa ferramenta, considere uma empresa 
que produz ventiladores e que irá lançar um novo modelo no mercado. Dessa 
forma, para identificar quais critérios de desempenho serão críticos para o 
projeto, a organização decidiu avaliar o modelo de ventilador atual comparando-
o a produtos semelhantes de dois concorrentes. O Quadro 1 apresenta a 
Valor 
percebido de 
um console 
de 
videogame 
Valor 
percebido de 
um 
restaurante 
Sabor da 
comida 
Preço 
acessível 
Atendimento 
Variedade 
de jogos 
Facilidade 
de uso do 
controle 
 Preço 
dos jogos Interatividade 
 Ambiente 
aconchegante 
 
 
8 
avaliação do produto da organização e dos concorrentes com base em 10 
critérios de desempenho considerados. 
Quadro 1 – Avaliação de desempenho dos ventiladores 
Critérios de 
desempenho 
Desempenho 
do produto da 
minha 
organização 
Desempenho 
do 
concorrente 1 
Desempenho 
do 
concorrente 2 
Média de 
desempenho 
do mercado 
Desempenho 
do melhor 
competidor 
Imagem da 
marca 
9 9 6 8 9 
Preço baixo 6 8 7 7.0 8 
Assistência 
técnica 
9 6 7 7.3 9 
Potência de 
ventilação 
9 8 7 8 9 
Baixo ruído 6 7 8 7.0 8 
Segurança 
do produto 
7 7 7 7.0 7 
Opções de 
velocidade 
10 8 8 8.7 10 
Baixo 
consumo de 
energia 
6 8 7 7 8 
Ajuste de 
altura 
7 5 7 6.3 7 
Tamanho do 
produto 
8 6 5 6.3 8 
Para analisar os dados do Quadro 1 de forma visual, foi construído o 
gráfico das curvas de valor (Figura 4) das avaliações de desempenho da 
organização, dos concorrentes e da média do mercado. 
 
 
 
9 
Figura 4 – Curvas de valor para o exemplo dos ventiladores 
 
 
 Percebemos, na Figura 4, que os critérios de desempenho superiores 
aos concorrentes e da média do mercado são assistência técnica, potência de 
ventilação, opções de velocidade e tamanho do produto. Esses critérios são, de 
fato, importantes de serem sustentados, porém os critérios que a organização 
deve priorizar a serem melhorados para o novo produto a ser desenvolvido, são 
os que estão abaixo de seus concorrentes: preço baixo, baixo ruído e baixo 
consumo de energia. 
A próxima etapa da análise é medir a expectativa de desempenho de dois 
clientes-alvo em relação aos 10 critérios já levantados. Sendo assim, o Quadro 2 
apresenta a avaliação dos clientes sobre os critérios de desempenho. 
 
 
 
10 
Quadro 2 – Avaliação da expectativa de desempenho dos clientes 
Critérios de 
desempenho 
Desempenho 
do produto da 
minha 
organização 
Avaliação de 
expectativa 
do cliente 1 
Avaliação de 
expectativa 
do cliente 2 
Desempenho 
do melhor 
competidor 
Média de 
desempenho 
do mercado 
Imagem da 
marca 
9 8 9 9 8 
Preço baixo 6 7 6 8 7.0 
Assistência 
técnica 
9 8 8 9 7.3 
Potência de 
ventilação 
9 9 8 9 8 
Baixo ruído 6 8 8 8 7.0 
Segurança 
do produto 
7 9 8 7 7.0 
Opções de 
velocidade 
10 9 9 10 8.7 
Baixo 
consumo 
de energia 
6 5 5 8 7 
Ajuste de 
altura 
7 6 7 7 6.3 
Tamanho do 
produto 
8 7 8 8 6.3 
Conforme a avaliação de expectativa de desempenho dos consumidores 
mostrada no Quadro 2, pode-se realizar a divisão dos critérios em ganhadores 
de pedido e qualificadores de pedido. Assim, utilizando a análise do passo 6, 
apresentada no início desse tópico, a divisão dos critérios ficará assim: 
• Critérios ganhadores de pedidos: imagem da marca, assistência técnica, 
potência de ventilação, opções de velocidade, ajuste de altura e tamanho 
do produto. 
• Critérios qualificadores de pedidos: preço baixo, baixo ruído, segurança 
do produto e baixo consumo de energia. 
Por fim, chegamos à conclusão de que os critérios qualificadores serão os 
priorizados pela organização, para que o novo modelo de ventilador a ser 
desenvolvido atenda às expectativas dos consumidores e melhore seu 
desempenho em relação à concorrência. 
2.3 Benchmarking 
Conforme visto no tópico anterior, a avaliação dos critérios depende de 
uma seleção dos potenciais concorrentes de uma determinada organização. 
Desse modo, para auxiliar a seleção e análise dos produtos dos concorrentes, 
podemos utilizar a ferramenta de benchmarking, que envolve: 
 
 
11 
• Selecionar o produto alvo; 
• Identificar os critérios de desempenho a serem avaliados, como 
funcionalidade, eficiência, estética, segurança, entre outros; 
• Escolher os concorrentes ou áreas internas para aplicar a ferramenta; 
• Coletar os dados de desempenho e performance dos produtos dos 
concorrentes; 
• Avaliar os pontos positivos e negativos dos produtos dos concorrentes, 
com suas devidas justificativas; 
• Adaptar e implementar as melhores práticas dos concorrentes, com a 
definição de metas e aceitação de toda a organização. 
TEMA 3 – BRAINSTORMING E ANÁLISE FUNCIONAL 
As ferramentas de brainstorming e Análise Funcional são utilizadas na 
etapa do Projeto Conceitual, para obtermos as primeiras ideias de como serão 
as características e componentes que farão parte do produto final. 
3.1 Brainstorming 
O brainstorming é uma forma tradicional de ideação, seja para fins de 
análise de causas de um problema, seja para encontrar soluções para produtos, 
processos e serviços. Essa ferramenta pode ser do tipo estruturado (cada 
membro da equipe sugere uma ideia por rodada), ou não estruturado (as ideias 
podem ser sugeridas de forma livre sem uma ordem de participação dos 
membros da equipe). Independentemente do tipo de brainstorming a ser 
empregado, Camargo e Ribas (2019) indicam algumas regras a serem aplicadas 
para obter êxito do uso da ferramenta: 
• Mesmo que seja utilizado o brainstorming do tipo não estruturado, quando 
uma pessoa estiver falando sua ideia, as demais devem permanecem em 
silêncio, para evitar dispersão; 
• Quanto mais ideias sugeridas, maior será a probabilidade de ter uma 
solução promissora; 
• Fica permitido que as ideias já sugeridas possam ser aprimoradas ou 
combinadas a outras ideias; 
• Não criticar ou julgar as ideias, pois pode desencorajar a participação dos 
demais colegas e limitar sugestões de ideias “fora da caixa”; 
 
 
12 
• Utilizar notas adesivas traz a sensação de que todas as ideias estão 
sendo levadas em consideração. 
3.2 Análise funcional 
A Análise Funcional tem a finalidade de identificar as grandezas 
funcionais (componentes do produto) por meio da decomposição das funções 
primárias e secundárias. A realização dessa análise permite que a equipe de 
projeto e os clientes entendam como cada componente irá contribuir para o 
produto final (e também poderá ser aproveitado para a elaboração do manual de 
instruções do produto na etapa de lançamento). 
Seguindo oexemplo do desenvolvimento da capa refletora para mochila, 
o Quadro 3 apresenta a Análise Funcional para as componentes que irão 
compor o produto final. 
Quadro 3 – Exemplo de Análise Funcional para a capa refletora para mochila 
COMPONENTES FUNÇÃO PRIMÁRIA FUNÇÃO SECUNDÁRIA 
Estojo Armazenar o produto Guardar na mochila 
Fecho do estojo 
Permitir que o tecido seja 
guardado no compartimento 
Proteger tecido de sujeira 
Tecido fluorescente 
Contribuir para que o usuário 
se torne mais visível 
- 
Tecido refletivo 
Contribuir para que o usuário 
se torne mais visível 
- 
Elástico 
Assegurar que o tecido não se 
solte durante o uso 
- 
Rede Armazenar garrafa de água - 
Bolso Guardar objetos do usuário - 
TEMA 4 – MATRIZ MORFOLÓGICA 
Com o levantamento de várias ideias de soluções obtidas no 
brainstorming, e com a descrição da finalidade de cada componente do produto 
na Análise Funcional, a próxima ferramenta a ser utilizada no Projeto Conceitual 
é a Matriz Morfológica, cujo objetivo é criar múltiplas combinações de 
parâmetros ou elementos do produto e, em seguida, avaliar cada combinação 
por meio de uma matriz de priorização. 
Para construir uma Matriz Morfológica, seguimos estes passos: 
1. Listar as componentes do produto; 
 
 
13 
2. Listar os possíveis princípios de solução (meio de fabricação, forma de 
fixação etc.) para cada componente; 
3. Criar combinações com os princípios de solução; 
4. Criar critérios de desempenho para avaliar as combinações dos princípios 
de solução; 
5. Avaliar cada combinação de acordo com os critérios de desempenho por 
meio de uma matriz de priorização, atribuindo notas 3 (solução atende ao 
critério de desempenho), 1 (solução atende parcialmente o critério de 
desempenho), ou 0 (solução não atende ao critério de desempenho); 
6. A combinação que obtiver a maior pontuação será a eleita para compor o 
produto final. 
Para exemplificar a construção da Matriz Morfológica, o Quadro 4 
apresenta a lista de componentes e os princípios de solução para o produto 
capa protetora para mochila 
Quadro 4 – Princípios de solução para as componentes da capa protetora para 
mochila 
COMPONENTE 
PRINCÍPIOS DE SOLUÇÃO 
1 2 3 4 
 A – Estojo Fixada a 
capa com 
cola 
Solto (capa 
separada do 
estojo) 
Fixada a capa 
com velcro 
Fixada a capa 
com costura 
B – Fecho do estojo Zíper Botão Elástico Barbante 
C – Tecido fluorescente Costurado Colado Velcro - 
D – Tecido refletivo Costurado Colado Velcro - 
E – Elástico que 
envolve a capa 
Costurado Passado Sem elástico - 
Após os princípios de solução para cada componente terem sido 
levantados, foram criados, de forma aleatória, oito combinações para o produto 
final: 
• Combinação 1: A-1, B-1, C-1, D-1, E-1 
• Combinação 2: A-2, B-1, C-3, D-1, E-1 
• Combinação 3: A-3, B-4, C-2, D-2, E-2 
• Combinação 4: A-2, B-3, C-1, D-1, E-2 
• Combinação 5: A-4, B-3, C-2, D-1, E-1 
• Combinação 6: A-2, B-4, C-2, D-2, E-2 
• Combinação 7: A-3, B-3, C-3, D-3, E-3 
• Combinação 8: A-4, B-2, C-1, D-1, E-1 
 
 
14 
Com as combinações montadas, são estabelecidos critérios para avaliar 
cada uma delas. A avaliação das combinações é mostrada no Quadro 5. 
Quadro 5 – Avaliação das combinações dos princípios de soluções 
CRITÉRIOS COMBINAÇÕES DOS PRINCIPÍOS DE SOLUÇÕES 
1 2 3 4 5 6 7 8 
Custo 1 3 3 3 1 3 3 3 
Estética 1 3 0 3 1 1 1 3 
Durabilidade 1 3 1 3 1 1 1 1 
Usabilidade 3 1 3 3 3 3 3 3 
Segurança 3 3 3 3 3 3 3 3 
Adaptável 3 3 3 3 3 3 3 3 
Total 12 16 13 18 12 14 14 16 
Conforme a pontuação obtida no Quadro 5, a combinação eleita para 
composição do produto final será a 4 (A-2, B-3, C-1, D-1, E-2), ou seja, a capa 
protetora da mochila será composta pelos seguintes componentes e seus 
respectivos princípios de solução: 
• Estojo: solto (capa separada do estojo); 
• Fecho do estojo: elástico; 
• Tecido fluorescente: costurado; 
• Tecido refletivo: costurado; 
• Elástico que envolve a capa: passado. 
TEMA 5 – MÉTODO DE SELEÇÃO DE MATERIAIS 
O Método de Seleção de Materiais de Ashby (2019), empregado na etapa 
do Projeto Conceitual, tem como objetivo auxiliar na seleção dos materiais que 
irão compor o produto final, levando em consideração os aspectos técnicos de 
propriedades de tais materiais, processos de fabricação e do projeto do 
componente. 
O método de Ashby (2019) é composto de quatro etapas: 
1. Tradução: envolve as definições de função (O que o produto faz?), 
restrições (O que obrigatoriamente o produto deve cumprir e quais itens 
são desejáveis?), objetivo (O que deve ser maximizado ou minimizado?), 
 
 
15 
e as variáveis livres (Quais parâmetros a equipe de projeto poderá alterar 
livremente?). 
2. Triagem: consiste em realizar um filtro para descartar todas as opções de 
materiais que não se submetem às restrições estabelecidas. 
3. Classificação: seu objetivo é identificar os melhores materiais que podem 
ser empregados no produto após a realização da triagem. 
4. Documentação: pesquisa em catálogos, artigos, base de dados 
especializadas e de fornecedores, informações e histórico dos materiais 
que classificados na etapa anterior, para dar subsídios para a seleção do 
melhor material para o produto. 
Para exemplificar a aplicação do método de seleção de materiais, 
considere que uma panela será projetada; a equipe de projeto pretende definir o 
material a ser utilizado. Desse modo, a primeira etapa consiste em descrever os 
requisitos do projeto conforme feito no Quadro 6. 
Quadro 6 – Função, restrições, objetivo e variáveis livres 
Função (O que o produto vai fazer?) Preparar alimentos 
Restrições (O que obrigatoriamente o produto 
deve cumprir e quais itens são desejáveis?) 
Ter elevada condutividade térmica; não ser um 
material que possa ser prejudicial à saúde; 
desejável: ser de baixo custo e ser leve. 
Objetivo (O que deve ser maximizado ou 
minimizado?) 
Maximizar a condutividade térmica. 
Variáveis livres (Quais parâmetros a equipe 
de projeto têm a liberdade para alterar?) 
Cor e tipo da alça da panela. 
O próximo passo é realizar uma listagem de possíveis materiais para o 
produto. Como critério de busca, foram utilizados dados de condutividade 
térmica de diversos materiais (Quadro 7), pois essa propriedade é uma das 
restrições obrigatórias para o produto. 
 
 
 
16 
Quadro 7 – Condutividade térmica para diversos materiais 
MATERIAL CONDUTIVIDADE TÉRMICA (W/m.k) 
Liga de alumínio 1100 (recozida) 222 
Teflon (PTFE) 0,25 
Liga inoxidável 304 (recozida) 16,2 
Cobre eletrolítico tenaz 388 
Ferro fundido G1800 46 
Vidrocerâmica (Pyroceram) 3,3 
Vidro, borossilicato (Pyrex) 1,4 
Fonte: Elaborado com base em Callister; Rethwisch, 2013. 
Conforme os dados do Quadro 7, foram selecionados os quatro materiais 
que possuem os valores mais altos de condutividade térmica: cobre eletrolítico 
tenaz, liga de alumínio 1100, ferro fundido G1800 e liga inoxidável 304. Com a 
classificação desses materiais, partimos para a etapa de documentação, a qual 
envolve a realização de uma pesquisa para verificar qual material é o mais 
adequado para o produto. Sendo assim, o resultado da pesquisa foi a seguinte: 
• Cobre eletrolítico tenaz: as panelas feitas desse material são caras e são 
mais pesadas do que as outras opções. Além disso, recomenda-se que o 
cobre seja misturado a outro metal para evitar possíveis contatos do 
material com os alimentos. 
• Liga de alumínio 1100 (recozida): as panelas de alumínio são leves, de 
baixo custo, resistentes e possuem alta condutividade térmica. 
• Ferro fundido G1800: as panelas de ferro fundido contribuem para 
aumentar os níveis de ferro no organismo, além de serem resistentes e 
antiaderentes. 
• Liga inoxidável 304 (recozida): as panelas inox são leves e resistentes à 
corrosão e à ferrugem, porém apresentam baixa condutividade térmica. 
Com base nos dados de condutividade térmica, aliada à pesquisa sobre 
osmateriais, podemos concluir que o material mais adequado aos requisitos de 
projeto para a panela é a liga de alumínio 1100 (recozida). 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
AKAO, Y. Quality Function Deployment. Boston: Productivity Press, 1990. 
ASHBY, M. Seleção de materiais no projeto mecânico. 5. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2019. 
CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: 
uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. 
CAMARGO, R.; RIBAS, T. Gestão ágil de projetos. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019. 
ROSENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma 
referência para a melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006. 
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