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PNCEBT (Programa nacional de controle e erradicação da brucelose e tuberculose) Foi instituído pela IN n° 2, de 10 de janeiro de 2001 e revisado através da IN no 10, de 03/03/2017. Tem como objetivo reduzir a prevalência e a incidência de brucelose e tuberculose visando a erradicação através de medidas sanitárias. Ações: reduzir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, reduzir a prevalência e a incidência da brucelose e da tuberculose, criar um número significativo de propriedades certificadas como: livres de brucelose e tuberculose ou monitoradas para brucelose e tuberculose. Assim, é possível oferecer ao consumidor produtos de baixo risco sanitário e aumentar a competitividade da pecuária nacional. O PNCEBT visa o controle e erradicação da brucelose e tuberculose bovina e bubalina, causadas por bactérias das espécies Brucella abortus e Mycobacterium bovis, respectivamente. Outras espécies: • Suínos reprodutores tem algumas normas de certificação; • Ovinos e caprinos: importância epidemiológica: Brucella melitensis (não diagnosticada no Brasil) e Brucella ovis que causa epididimite ovina. O controle ocorre pelo Programa Nacional de Sanidade de Caprinos e Ovinos. Estratégias do PNCEBT: classificação das Unidades da Federação - UFs pelo grau de risco e definição de procedimentos de defesa sanitária animal de acordo com essa classificação. • Compulsórias: vacinação e exames negativos para GTA; • Adesão voluntária: certificação de propriedades livres. O PNCEBT introduziu a vacinação obrigatória contra a brucelose bovina e bubalina em todo o território nacional e definiu uma estratégia adesão voluntária de certificação de propriedades livres. Classificação das UFs: • A3 = risco desprezível • B3, A0, A1, A2 = risco muito baixo • B0, B1, B2 = risco baixo • C0, C1, C2, C3 = risco médio • D0, D1, D2, D3 = risco alto • E0 = risco desconhecido Brucelose: doença infecciosa crônica que acomete animais e o homem, o agente causador são bactérias do gênero Brucella (Bovinos e bubalinos: Brucella abortus). Essa doença causa enormes prejuízos econômicos e importantes problemas sanitários entre bovinos e bubalinos como: abortos, baixos índices reprodutivos, aumento do intervalo entre partos, menor produção de leite e morte de bezerros. Diminui 25% produção e 15% produção de bezerros. De cada 5 vacas infectadas: 1 aborta ou torna-se estéril. Tem uma diminuição do valor comercial dos animais das propriedades e em regiões endêmicas ocorre a desvalorização desses animais. Sinais clínicos: a principal manifestação clínica é o aborto, que ocorre no terço final de gestação (7º mês) devido ao desenvolvimento de placentite necrótica, sendo comum a retenção de placenta. Com o desenvolvimento de imunidade celular após o primeiro aborto, há uma diminuição de lesões de placentárias nas gestações subsequentes. Com isso, o aborto torna-se pouco frequente, aparecendo outras manifestações da doença, como o nascimento de bezerros fracos ou mortos. Bovinos machos adultos podem desenvolver orquite uni ou bilateral e epididimite. A brucelose pode ser uma causa de infertilidade em ambos os sexos. Também pode ocorrer artrite nos membros. Vacinas: no Brasil, as vacinas utilizadas são a B19 e a RB51, ambas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal – OIE. Por ser uma amostra lisa de Brucella abortus, a B19 induz a formação de anticorpos específicos contra o LPS liso e pode interferir no diagnóstico sorológico da brucelose. A persistência desses anticorpos está relacionada com a idade de vacinação. Nas fêmeas vacinadas com idade superior a 8 meses, há grande probabilidade de produção de anticorpos que perdurem e interfiram no diagnóstico da doença após os 24 meses de idade. Quando a vacinação ocorre até os 8 meses de idade, há redução de anticorpos rapidamente, não havendo interferência no resultado da testagem de fêmeas acima de 24 meses de idade. A vacina B19 é a recomendada para a vacinação de fêmeas bovinas e bubalinas da idade de 3 a 8 meses de idade, podendo ser substituída pela vacina RB51, na espécie bovina. A vacina RB51 é elaborada com uma amostra de Brucella abortus rugosa atenuada, e por isso não induz a formação de anticorpos anti-LPS liso, não interferindo no diagnóstico sorológico da doença. Ações da DSA: é obrigatório a vacinação contra Brucelose entre fêmeas (bovinas e bubalinas) entre 3 e 8 meses, estados classificados como A não precisam vacinar! Obrigatório: Vacinação contra Brucelose - É obrigatória a declaração de vacinação junto à SDA local. Marcação lado esquerdo da cara: B19 marca o algarismo final do ano de vacinação e a RB51 é marcada com um V. Exclusão da marca em fêmeas destinadas ao Registro Genealógico (identificadas) e fêmeas identificadas individualmente por um sistema padronizado pelo serviço veterinário estadual e aprovado pelo DSA. Vacinas vivas atenuadas: vacinadores devem usar EPIs e ser feita por MV cadastrado ou MV oficial. Proibido: vacinação de machos, fêmeas acima de 8 meses com B19 e bezerras acimas de 8 meses não vacinadas deverão regularizar vacinação com a RB51. Testes oficiais para o diagnóstico da Brucelose: Diagnóstico indireto: • Antígeno Acidificado Tamponado (AAT): rotina • 2-Mercaptoetanol (2-ME): confirmatório • Teste de Polarização Fluorescente (FPA): teste único e confirmatório • Fixação de Complemento (FC): confirmatório • Anel em Leite (TAL): monitoramento Realizar em: fêmeas com idade igual ou superior a 24 meses + B19, fêmeas com idade igual ou superior a 8 meses + RB51 ou não vacinadas, machos com idade igual ou superior a 8 meses + reprodução, teste negativo 15 dias + ou – e aborto em 30 a 60 dias para refazer teste. Também fazer em outras categorias. Notificação obrigatória em casos de positivos ou inconclusivos. Testes de rotina: Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT): coletado por MV habilitado ou MV oficial, realizado por MV habilitado, MV oficial ou laboratório credenciado no MAPA. • Reação não aglutinante: negativo • Reação aglutinante: positivo – qualquer aglutinação é considerado positivo. Em caso de @ positivo: abate sanitário/eutanásia ou teste confirmatório Esse teste uma um antígeno (suspensão inativada de Brucella abortus corada com Rosa de Bengala - diluída 8% em solução tampão pH 3,65) e soro sanguíneo. A maioria dos soros de animais bacteriologicamente positivos apresenta reação a essa prova. Teste confirmatório: 2-Mercaptoetanol (2-ME): feito em animais reagentes ao teste do AAT, coletado por MV habilitado ou MV oficial e realizado por laboratório credenciado (Lanagros). Soroaglutinação lenta em tubo (SAT ou PL): Infecção crônica e ativa (IgG e IgM) ou vacinação recente ou infecção recente (IgM) 2-ME: mercaptoetanol degrada IgM e detecta apenas IgG • Reação completa: translúcido • Reação incompleta: parcialmente translúcido • Reação negativa: opaca, turva – sem grumos Inconclusivo: • Reteste em 30 a 60 dias com 2-ME, se for positivo ou inconclusivo = positivo. • Novo teste em 30 dias (fixação de complemento ou teste de polarização fluorescente) • Abate sanitário ou eutanásia Teste de Polarização Fluorescente (FPA): feito em animais + ao teste do AAT ou inconclusivos ao teste do 2-ME (milipolarização = mP) • Resultado negativo: menos de 10 mP acima da média dos controles negativos; • Resultado inconclusivo: de 10 a 20 mP acima da média dos controles negativos; • Resultado positivo: mais de 20 mP acima da média dos controles negativos. Inconclusivo: • Reteste em 30 a 60 dias (FPA) - positivo ou inconclusivo = positivo; • Novo teste em 30 dias com FC; • Abate sanitário ou eutanásia. Fixação do Complemento (FC): utilizado em animais reagentes ao teste do AAT ou inconclusivos ao teste do 2-ME, indicada para o trânsito internacional de animais. Permite, com eficiência, distinguir entre títulos vacinais e títulos por infecção natural.Ring teste ou teste do anel do leite (TAL): mistura de amostras de leite de vários animais, assim detecta rebanhos infectados e monitora rebanhos livres. Baseia-se na ligação Ag-Ac: Ag corados com hematoxilina fica coloração azul/Ac presentes no leite. • Resultados falso-positivos: leite ácido, mastites ou colostro; • Não reagente: se a intensidade da cor do anel for menor que a da coluna de leite; • Reagente: se intensidade da cor do anel for igual ou maior que a da coluna de leite. Tuberculose: doença infecciosa crônica que acomete animais e o homem (zoonose), o agente causador são bactérias do gênero Mycobacterium - bovinos e bubalinos: Mycobacterium bovis É uma doença crônica sem sinais clínicos alarmantes, com prejuízos econômicos: mortalidade, queda da eficiência produtiva (10 a 25%) - ganho de peso/produção de leite, condenação de carcaças no abate, descarte precoce e eliminação de animais com alto valor zootécnico e perda de prestígio e credibilidade. Manutenção da doença no rebanho depende: tipo de exploração, práticas zootécnicas e sanitárias e densidade populacional (mais frequente: rebanhos leiteiros – estabulados e bovinos de corte em confinamento/condições de aglomeração). Patogenia: em 90% dos casos, a transmissão do M. bovis se dá por aerossóis durante o contato direto entre animais infectados e sadios. O animal infectado pode eliminar o agente em secreções respiratórias e vaginais, sêmen, fezes, urina e leite. O trato digestivo também é uma porta de entrada da tuberculose bovina, principalmente em bezerros alimentados com leite proveniente de vacas com mastite tuberculosa e em animais que ingerem água ou forragens contaminadas. A aquisição de animais infectados constitui a principal forma de introdução da tuberculose nos rebanhos. • 1ª fase: aerossóis contaminados com o microorganismo e vai para os alvéolos pulmonares. Destino do MO depende da virulência do microrganismo, carga infectante e resistência do hospedeiro. • 2ª fase: microrganismos que não foram eliminados – ocorre a multiplicação das micobactérias e destruição de macrófagos. • 3ª fase: início com o término da multiplicação do MO (2 – 3 Semanas após infecção) e reação de destruição dos próprios tecidos do hospedeiro para conter o crescimento intracelular das micobactérias causando uma necrose caseosa. Sinais clínicos: geralmente a infecção tem evolução crônica e muitas vezes não são observados sinais clínicos, mesmo quando há envolvimento de vários órgãos. Em estágios mais avançados pode ocorrer febre, inapetência, fraqueza e emagrecimento progressivo. Animais com comprometimento pulmonar podem desenvolver tosse, dispneia, hiperplasia de linfonodos. O envolvimento do trato gastrointestinal pode ocasionar diarreia intermitente e constipação e também pode causar mastite e infertilidade. Medidas preventivas: o produtor deve ter o cuidado de adquirir apenas animais negativos ao teste intradérmico para tuberculose, na ausência de teste, solicitar antes da compra dos animais e realizar a identificação e eliminação de animais infectados de acordo com o PNCEBT. Não existe vacina nem tratamento para a tuberculose bovina, portanto a prevenção da entrada da doença é a chave do controle. Testes diagnósticos para Tuberculose: Testes alérgicos de tuberculinização intradérmica: feito em bovinos e bubalinos ≥ 6 semanas e fêmeas prenhes (testadas 15 dias antes ou depois do parto ou aborto com reteste 60 e 90 dias pós-parto ou aborto). Só pode ser realizado por MV habilitado ou MV oficial. Tuberculina é usada no teste de tuberculinização intradérmica, é um derivado proteico purificado (PPD) : PPD Bovino - Mycobacterium bovis e PPD Aviário - Mycobacterium avium. Animais positivos demonstram reação inflamatória local. Testes de rotina: teste cervical simples, teste da prega caudal e teste cervical comparativo. Teste confirmatório: teste cervical comparativo. Teste de rotina: Teste Cervical Simples (TCS): faz uma tricotomia, deve-se medir espessura da pele com cutímetro antes e fazer a inoculação intradérmica da PPD bovina (0,1 mL) na região cervical ou escapular, do mesmo lado de todos os animais da propriedade. Após 72 ± 6h: fazer uma nova medição com cutímetro. Interpretação do TCS: Cálculo: medida pele após – medida da pele antes = ΔB Animais inconclusivos e positivos: teste confirmatório após 60 a 90 dias com teste cervical comparativo. Fica a critério do MV: pode ser considerado positivo vai para sacrifício ou destruição. Teste da Prega Caudal (TPC): rotina exclusiva do gado de corte. Usa 0,1 mL de PPD bovina de 6 a 10 cm da base da cauda, no esmo lado em todos os animais da propriedade. Não poderá ser utilizado em animais cuja finalidade seja a reprodução! Após 72 ± 6h: comparação dos lados (prega inoculada com a prega do lado oposto) por avaliação visual e palpação. Animais reagentes: qualquer aumento de volume Teste confirmatório após 60 a 90 dias, se positivo = abate sanitário ou eutanásia Teste confirmatório: Teste Cervical Comparativo (TCC): utilizado para animais reagentes ao TPC, com reações inconclusivas no TCS. realizado de rotina em propriedades certificadas como livres. É feita a inoculações das tuberculinas PPD aviária e PPD bovina via intradérmica (0,1 mL) na região cervical ou escapular com distância de 15 a 20 cm entre as inoculações. Faz uma tricotomia e na região é medida a espessura da pele antes da inoculação - PPD aviária (cranialmente) e PPD bovina (caudalmente). Após 72 ± 6h: mede a espessura pós aplicação. Interpretação do TCC: Cálculo: espessura da pele pós aplicação – espessura antes (T. bovina) = ΔB Espessura da pele pós aplicação – espessura antes (T. aviária) = ΔA Animais inconclusivos poderão: ser submetidos à um segundo TCC após 60 ou abate sanitário/eutanásia Animais com dois resultados inconclusivos são considerados reagentes positivos! Animais reagentes positivos para Brucelose ou Tuberculose: marcação com ferro candente no lado direito da face e deverão ser sacrificados em até 30 dias: os animais deverão, preferencialmente, ser encaminhados ao abate sanitário em estabelecimento com SIF ou como alternativa poderão ser eutanasiados na propriedade. Certificação de estabelecimento livre de brucelose: feito por adesão voluntária, com todas as fêmeas (3 - 8 meses) vacinadas e dois testes de rebanho negativos consecutivos com intervalo de 6 a 12 meses, é dispensado na compra inicial de prop. certificada. Ingresso de novo animal: 1º teste durante 30 dias antes do embarque e 2º teste até 60 dias após com intervalo mínimo de 30 dias se isolados e se não isolados faz 2 testes durantes 60 dias antes (30 dias de intervalo). Manutenção: teste de rebanho negativo intervalo máximo de 12 meses. Suspensão temporária: se tiver detecção de foco e retorno com 2 testes negativos consecutivos no intervalo de 30 a 90 dias, sendo 1º de 30 a 90 dias após abate do foco +. Certificação de estabelecimento livre de tuberculose: animais com dois testes de rebanho negativos consecutivos, sendo bovinos e bubalinos a partir de 6 semanas de idade com intervalo de 6 a 12 meses. Dispensado na compra inicial de prop. Certificada. Ingresso de novo animal: 1º teste durante 60 dias antes do intervalo mín. de 60 dias se isolados e 2º teste até 90 dias após. Não isolados: 2 testes 90 dias antes (60 dias de intervalo) Manutenção: teste de rebanho negativo intervalo máximo de 12 meses Suspensão temporária: detecção de foco e retorno com 2 testes negativos no intervalo de 90 a 120 dias = 1º de 60 a 90 dias após o abate do foco +. Saneamento de estabelecimento de criação com foco de brucelose: testes com intervalo de 30 a 90 dias, sendo o 1º até 90 dias após o abate sanitário ou eutanásia. Recomenda-se a vacinação das fêmeas acima de oito meses com a RB51. Saneamento de estabelecimento de criação com foco de tuberculose: • Leite ou misto: testes a partir de 6 semanascom intervalo de 60 a 90 dias, sendo o 1º até 90 dias após o abate sanitário ou eutanásia. • Corte: 1º teste em fêmeas acima de 24 meses e machos reprodutores até 90 dias após o abate sanitário ou eutanásia. Controle de transito de bovinos e bubalinos: GTA: vacinação obrigatória contra brucelose, fêmeas em idade de vacinação devem ser imunizadas, atestado negativo de 60 dias e teste para tuberculose é obrigatório para animais de idade igual ou superior a seis semanas. Aglomerações: atestado de negativo para brucelose e tuberculose, exceto em casos de propriedade certificada Destinados a feira ou esporte: podem ser dispensados dos testes negativos dependendo das condições sanitárias do estado Trânsito internacional de animais, sêmen e embriões: Código Sanitário dos Animais Terrestres (OIE)