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C U R S O D E P Ó S - G R A D U A Ç Ã O E M ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA História da Educação Especial Inclusiva no Brasil: aspectos históricos, filosóficos e legais Professora: Simone Pereira Monteiro AULA 1: Visão Histórica e F i losóf ica da Pessoa com Deficiência dos primórdios até os dias atuais. COMO A SOCIEDADE TRATAVA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO DECORRER DOS SÉCULOS ? NOS PRIMÓRDIOS Os estudiosos apontam que a sobrevivência de uma pessoa com def ic iênc ia nos grupos primitivos era algo impossível tanto pelo ambiente que era d e s f a v o r á v e l q u a n t o p e l a dificuldade que esta pessoa traria para o grupo. EGITO ANTIGO A pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes classes sociais: faraó, nobres, altos funcionários, artesãos, agricultores, escravos. A arte egípcia demonstra a presença das pessoas com deficiência em diversos momentos da sociedade. Essa obra representa uma pessoa com deficiência física fazendo uma oferenda à deusa Astarte, da mitologia fenícia. Segundo os médicos especialistas Roma teve casos de poliomielite. ATENAS • Havia em Atenas um ritual de celebração do nascimento de uma criança, onde o pai erguia a criança para apresentá-la em culto aos deuses e aos parentes e amigos. A ausência do ritual simbolizava que a criança não sobreviveria e o próprio pai deveria exterminá-la. FONTE: http://dadoshistoricos416.blogspot.com/ ESPARTA Crianças com deficiência física ou mental (intelectual) eram consideradas subumanas. O costume era abandoná-las ou eliminá-las. O ato de lançar as crianças defeituosas em precipícios era comum. O pai era obrigado a levar a criança após o nascimento para ser examinada por uma comissão oficial de anciãos, onde um novo cidadão era reconhecido. Quando a criança era saudável era devolvida aos pais e esta ficava até os sete anos, após esta idade, o Estado tomava-a e a educava para ser um guerreiro. Quando a criança não aparentava saúde, os anciãos a lançavam em um abismo. FONTE: https://www.spiritusmundi.com.br/isto-e- esparta/ ROMA ANTIGA: A criança nascida com alguma mutilação ou considerada monstruosa era morta ao nascer, esta ação era respaldada pela lei. Crianças nascidas com má-formação, doentes ou anormais eram abandonadas em cestos de flores à margem do rio Tibre. Pessoas pobres ou escravos recolhiam e criavam esssas crianças, pois elas eram fonte de exploração por meio de esmolas. Havia rapto de crianças comuns para serem mutiladas e serem usadas como pedintes, pois a esmola era algo muito rendoso. Deficientes Mentais ( intelectuais) eram tratados como bobos ou levados para circos. GRÉCIA ANTIGA Em virtude de uma sociedade que cultuava o corpo e aos padrões atléticos, a pessoa que nascia com alguma deficiência era sacrificada ou escondida. FONTE: https://historiabruno.blogspot.com/2012/01/o- culto-ao-corpo-ao-longo-da-historia.html NA IDADE MÉDIA • A visão da sociedade era que a pessoa com deficiência possuia alma, por esta razão, posturas como eliminação, morte e abandono não era mais aceita. • As doenças mais graves, incapacidades físicas e má-formação congênita eram consideradas sinais da ira de Deus ou castigo de Deus. • As doenças ou deformidades era causadas pela ira de Deus ou presença de demônios, por essa razão o misticismo estava presente por meio de ritos misteriosos, misticismos e exorcismo. • A pessoa com deficiência era acolhida em igrejas e conventos; • Não havia distinção entre deficiente mentais (intelectuais) e loucos; • Haviuma conduta de fazer caridade para a pessoa com deficiência; • Caridade e castigo estavam presentes (Por um lado, a pessoa com deficiente recebia abrigo, alimento e proteção. Por outro lado recebia castigo pelas condutas imorais); • O Cristianismo promoveu a proteção-segregação; NA ERA MODERNA Iniciou-se o interesse pelos estudos sobre a deficiência em virtude dos avanços científicos; PARACELSUS e CARDANO THOMAS WILLIS ITARD Abade Eppée ESQUIROL MARIA MONTESSORI Defendiam a ideia que a deficiência mental era um problema médico por causas hereditárias ou congênitas, nomeando as pessoas por : cretinos, idiotas ou amentes. D e s c r e v e u a a n a t o m i a d o cérebro humano e a f i r m o u q u e a i d i o t i a e r a u m a a l t e r a ç ã o n a e s t r u t u r a d o cérebro. I n i c i o u o atendimento aos débeis ou d ef i c i e nte s mentais. T r a b a l h o u c i n c o a n o s c o m u m a c r i a n ç a s e l v a g e m encontrada n a f l o r e s t a A v e r y o n (FRANÇA). F u n d o u a 1 ° i n s t i t u i ç ã o d e surdo-mudo (1970) e criou um método de sinais. D i f e r e n c i o u a defieciência mental da doença mental. Desenvolveu um p r o g r a m a d e treinamento para crianças deficientes m e n t a i s e m i n t e r n a t o s e m Roma. EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL MARCO HISTÓRICO: 1854- Criação do Instituto dos Meninos Cegos, sob a direção de Benjamin Constant (INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT/RJ). 1857- Criação Instituto dos Surdos-Mudos, sob a direção do mestre francês Edouard Huet (INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS/ RJ). 1874- Criação o Hospital Juliano Moreira (BAHIA), dando início a assistência médica aos individuos com deficiência intelectual. 1887- Criação da Escola México (RJ), prestando atendimento à pessoas com deficiência física e intelectual. médico-pedagógica Duas vertentes psicopedagógica Período colonial Educação Especial no Brasil no Período Colonial Descaso do poder público As instituições foram criadas para atender os casos mais graves EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL • Constituição de 1891- instaurou o federalismo e definiu responsabilidade pela política educacional: aos estados e municípios do ensino primário ao profissionalizante, e à união, o ensino secundário e superior. • 1900 - 4° Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia (RJ), Carlos Eiras apresentou sua monografia intitulada: “A Educação e tratamento Médico-Pedagógico dos Idiotas”, que apontava sobre a necessidade pedagógica dos deficientes intelectuais, houve a criação dos serviços de Higiene Mental e Saúde Pública, posteriormente originando o Serviço de Inspeção Médico-escolar (preocupação com a identificação e educação). • 1929- Chegada de Helena Antipoff no Brasil. Brasil República Brasil República 1929 • Criação o Laboratório de Psicologia Aplicada na Escola de Aperfeiçoamento de Professores, em Minas Gerais. 1932 • Criação da Sociedade Pestalozzi (MG). 1939 • criação de uma escola para crianças excepcionais, na Fazenda do Rosário, Período de maior expansão no número de estabelecimentos de ensino especial para portadores de deficiência intelectual. • 1950 a 1959 • 1954 - criada a primeira escola especial da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), RJ, sob influência do casal de norte- americanos Beatrice Bemis e George Bemis que em visita ao Brasil tentavam estimular a criação de associações. • 1958- Houve o lançamento das campanhas nacionais para a educação de pessoas com deficiências: 1957 Campanha para Educação do Surdo Brasileiro (CESB) 1958 Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários Visuais (CNERDV) 1960 Campanha Nacional de Educação do Deficiente Mental (Cademe) • Aumento do número dos serviços de assistência; • A Lei 5.692 ( 1971), definia a clientela de educação especial (art. 9°), alunos que apresentassem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrassem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula, além dos superdotados; • I Plano Setorial de Educação e Cultural (1972-1974)- piorizava a educação especial e posteriormente houve a criação do o Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp) em 1973; • Em 1977 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, formalizando diretrizespara a ação no campo do atendimento a “excepcionais”, dispondo sobre atendimento integrado com ações complementares de assistência medico-psico-social e de educação especial, dispondo sobre diagnóstico, encaminhamento, supervisão e controle, reforçando enfim o caráter assistencial mais do que educacional do atendimento. • Ditadura militar • Com o fim do governo militar novas iniciativas surgiram no Brasil: • Em 1985 o Cenesp a elevado a condição de Secretaria de Educação Especial e é instituido um comitê nacional para traçar política de ação conjunta, destinada a aprimorar a educação especial e a integrar, na sociedade, as pessoas com deficiências, problemas de conduta e superdotados. • A Constituição de 1988 assegurou que a educação de pessoas com deficiência deveria ocorrer, preferencialmente na rede regular de ensino e garantiu ainda o direito ao atendimento educacional especializado. Os alunos com deficiência que tinham acesso a escola possuiam duas alternativas: a escola especial filantrópica que não assegurava a escolarização ou a classe especial nas escolas públicas estaduais que mais servia como mecanismo de exclusão do que de escolarização. Constatava-se currículos que limitavam o aluno e focava na sua deficiência; Era usada uma didática infantilizada; As atividades eram centradas na repetição; Era proporcionado uma educação inferior, sem a preocupação de desenvolver sua potencialidade; Até a década de 90 Q U A L T E R M O D E V O USAR AO ME REFERIR A U M A P E S S O A C O M DEFICIÊNCIA? PORTADOR DE DEFICIÊNCIA ? CEGUINHO? ESPECIAL ? CRETINO ? MANCO ? ALEIJADO ? DEFEITUOSO ? SURDINHO? DEFICIENTE ? DOENTINHO? COXO ? ANORMAL ? INCAPACITADO? SURDO-MUDO ? IDIOTA ? RETARDADO MENTAL ? MONGOLÓIDE? NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS ? INVÁLIDO ? EXCEPCIONAL? IMBECIL? PARALÍTICO ? NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS? TERMO ADEQUADO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA ASPECTOS HISTÓRICOS, POLÍTICOS E IDEOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA VISAM PRINCÍPIO DE IGUALDADE MUDANÇA DE PARADIGMA G A R A N T I R O S D I R E I T O S H U M A N O S D O S E X C L U Í D O S SOCIALMENTE SÉCULO XVIII E XIX FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX A PARTIR DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX * Modelo escolar segregacionista; * Concepção Organicista ( baseado na homogeneização das pessoas de acordo com suas caracter ís t icas biológicas); * Modelo de educação baseado em institucionalização; * Visão patologica da deficiência; * Modalidade substitutiva da educação; * Surgimento das escolas especiais e das classes especiais (Educação segregada); *Início de um paradigma de Integração Instrucional - quando a pessoa com deficiência era matriculada na classe comum uma vez que “tivesse condições de acompanhar a turma” (alunos com deficiência física, sensorial e intelectual); * Era visado oferecer aos alunos com deficiência condições de vida diária o mais semelhante possível de vida do restante da sociedade; * O c o r r e u a d e f e s a d o paradigma da inclusão como uma ação política, cultural, social e pedagógica; * V i s a v a o f i m d a discriminação, a garantia dos direitos humanos e igualdade, valorizando a diversidade; * Posturas discutidas como em vez de a escola ter que se adequar às necessidades do d iscen te , es te é que deveria se adequar à escola, em termos de estrutura física, pedagógica e administrativa. BASE FILOSÓFICO- IDEOLÓGICA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL “A deficiência passa a ser tratada internacionalmente na perspectiva da abordagem dos direitos humanos, ou seja, como uma patologia social produzida em consequência da organização social e da relação entre o indivíduo e a sociedade, cuja responsabilidade sobre e s s a s p e s s o a s s i n g u l a r e s s e r i a p o r m e i o d a reconstrução de políticas públicas de Educação Especial, entendidas como ações afirmativas em defesa da diferença e da divers idade humana, v isando à superação dessas mesmas desigualdades e injustiças através da el iminação de práticas pedagógicas discriminatórias e excludentes”. (Sassaki, 2005) Documentos oficiais e eventos internacionais Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (1975) Declaração de Cuenca sobre novas tendências na Educação Especial (1981) Ano Internacional das Pessoas Deficientes (1981) Programa Mundial de Ação relativo às Pessoas com Deficiência (1982) Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência (1983-1992) A Unesco e a Educação na América Latina e Caribe (1987-1997) Conferência Mundial de Educação para Todos (1990) Normas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência (1993) Declaração de Cartagena de Índias, as Políticas Integrais para Pessoas com Deficiências na Região Ibero-Americana na Colômbia (1992) Conferência Hemisférica de Pessoas com Deficiências em Washington/EUA (1993) Declaração de Santiago (1993) Declaração de Salamanca (1994) Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999) O Compromisso de Dakar (2000) A educação inclusiva sob enfoque ético-político possibilita a garantia do acesso, a permanência, a participação e o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes público-alvo do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na escola comum a fim de eliminação das barreiras pedagógicas, arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais. A diversidade tem sido encarada pela sociedade ao longo dos séculos c o m o u m a a m e a ç a e por tal motivo atitudes de excluir, eliminar, oprimir, segregar têm sido realizadas, pois tais pessoas são vistas como ameaça e rotuladas como d o e n t e s e i n c a p a z e s . l o n g a t r a j e t ó r i a m a r c a p o r m e d i d a s c a r i t a t i v a s e a s s i s t e n c i a l i s t a s , q u e m a n t i v e r a m a s p e s s o a s c o m d e f i c i ê n c i a i s o l a d a s n o s e s p a ç o s d a f a m í l i a o u e m i n s t i t u i ç õ e s d e c o n f i n a m e n t o . INVISIBILIDADE CONVIVÊNCIA SOCIAL A conquista de direitos pelas pessoas com deficiência pode ser dividida em duas fases distintas: Envolvimento das famílias e profissionais dedicados ao atendimento. Participação direta das pessoas com deficiência Atuação das associações da sociedade civil para reivindicar os direitos das pessoas com deficiência na agenda política MODELO BIOMÉDICO DA DEFICIÊNCIA MODELO SOCIAL DA DEFICIÊNCIA A deficiência encarada como consequência de uma doença ou acidente, e provoca no indivídou alguma incapacidade que deve ser superada por um tratamento e reabilitação. Está associado à integração social e a pessoa com deficiência necessita de esforços para atender aos padrões sociais. O modelo tem como foco a limitação funcional da pessoa , desco n s i d e ran d o as b ar re i ras n a sociedade. As políticas públicas integracionistas restritas à saúde, assistência social e educação especial em escolas segregadas. Contrapõe o modelo biomédico de deficiência. É baseado nas condições de interação entre a pessoa com deficiência e a sociedade. Vê a pessoa com deficiência como um sujeito de direito, autônoma e independente, podendo exercer o seu direito de escolha. A sociedade oferece o suporte necessário para a pessoa com deficiência exercer sua cidadania, tendo que eliminar todas as barreiras existentes. A deficiência é um conceito em evolução, de caráter multidimensional, e o envolvimento da pessoa com deficiência na vida comunitária depende de a sociedade assumir sua responsabilidade no processo de inclusão, visto que a deficiência é uma construção social. Esse novo conceito não se limita ao atributo biológico, pois se refere à interação entre a pessoa e as barreiras ou os elementos facilitadores existentes nas atitudese na provisão de acessibilidade e de tecnologia assistiva como resultado das políticas públicas (MAIOR, 2016). Apesar do avanço de escolarização das pessoas com deficiência nas escolas regulares inclusivas, persiste a defesa das escolas especiais principalmente para alunos com deficiência intelectual e múltipla, pois parte da sociedade ainda considera o antigo modelo de atendimento mais adequado e usa sua força política para persistir segregada (MAIOR, 2017, p. 34). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Correa, Maria Angela Monteiro. Educação Especial. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2006. 207 p. • BARBOSA, FIALHO E MACHADO. Educação inclusiva: aspectos históricos, políticos e ideológicos da sua constituição no cenário internacional. • GUGEL, Maria Aparecida. A pessoa com deficiência e sua relação com a história da humanidade. Disponível em: http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/PD_Historia.php • GUGEL, Maria aparecida. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis:Obra Jurídica, 2007. • Maior. Movimento político das pessoas com deficiência: reflexões sobre a conquista de direitos (MAIOR, 2017)
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