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PSICOTERAPIA INFANTIL: GESTALT E ACP. Prof.ª. Ramila Ferrari 1 O AMBIENTE PARA O ATENDIMENTO • Sala de brinquedos ✓ Todo o material deve estar acessível à criança: ela escolhe com o que brincar. • Segura ✓ Tudo pode ser lúdico ✓ Tudo pode ser terapêutico (ex. barata na sala) • Um lugar que permita facilmente a mobilidade e a possibilidade de utilização de vários recursos. 2 Abordagem Centrada na Pessoa 3 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE • Atributos da criança: a tendência a atualizar suas potencialidades e uma capacidade de considerar como realidade o que percebeu da experiência (ou seja, compreende a realidade a partir exclusivamente do seu ponto de referencia interno). ✓ Ex.: choro no colo de estranhos. • Aos poucos a criança vai aprendendo a se diferenciar do outro, e o outro passa a ser percebido como independente dela: reconhece que sua forma de agir é singular, assim seu self vai se estabelecendo. 4 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE • À medida que vai constituindo sua noção de self: ela vai expressando-o nas suas relações pessoais e desenvolve a necessidade de ser considerada positivamente. ✓ Necessidade de ser considerada a partir de sua intenção de atualização das potencialidades e não a partir do seu comportamento! • Cuidador: importante que apresente as três atitudes necessárias ao desenvolvimento da personalidade: autenticidade, empatia e aceitação. 5 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE A ausência dessas atitudes faz com que a necessidade de ser considerada positivamente pela pessoa amada se torne uma força diretriz maior que o processo de avaliação interna da experiência. Aos poucos essa atitude deixa de estar pautada apenas em uma pessoa e se expande ao ponto de passar a fazer parte do modo de ser da pessoa, nas relações em geral. Como ajudar essas crianças a restabelecerem a confiança e o diálogo com seu referencial interno? 6 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Para Virgínia Axline, há duas dinâmicas de personalidade: • Crianças que confiam no seu referencial interno, avaliam, selecionam e escolhem a forma de interagir com o mundo, tomando como base um único objetivo: o de concretizar uma vida plenamente auto realizadora. 7 DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE Para Virgínia Axline, há duas dinâmicas de personalidade: • Crianças que não confiam no seu referencial interno, fundamentam seu plano de ação em determinados referenciais que estão em desacordo com sua forma de perceber e sentir a experiência. ✓ Comportamentos de agressividade, distanciamento afetivo, regressão, entre outros, frequentes nessas crianças - parece ser a confirmação de que não estão satisfeitas com a forma como estão vivendo. ✓ Atualização “incorreta”: atualiza o desejo de ser aceito e não o que sua experiência representa em si. Ex.: Cassorla, fala da tentativas desastradas dos filhos pedirem amor aos pais... O que gera mais distanciamento (possibilidade de tentativas de suicídio infância e adolescência). 8 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA 9 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA Principal objetivo: • Despertar na criança a compreensão do papel que ela tem no desenvolvimento de uma atitude auto realizadora. Se a criança aceitar a responsabilidade que acompanha a liberdade dessa autoridade, então será capaz de agir em acordo com seu referencial interno. 10 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA Para isso, é necessário que o lugar da ludoterapia seja: • Lugar da livre expressão • Sem seleção ou direção do brinquedo e do brincar por parte do terapeuta Através do brincar livremente a criança expressa o que quer fazer e o significado que o fazer tem para ela: essa escolha diz algo dela! E esse é o caminho que a conduzirá em direção à sua autonomia e realização. Livre expressão para que o psicoterapeuta se aproxime de quem é a criança e para que ela possa atualizar sua experiência. 11 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA. 12 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA. 13 A LUDOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA. 14 15 Gestalt-Terapia 16 OBJETIVOS 17 “(...) conforme diz Oaklander (1992), de reencontrar a vivacidade e o contato pleno com o mundo por meio da desobstrução de seus sentidos, do reconhecimento do seu corpo, da identificação, aceitação e expressão de seus sentimentos suprimidos, da possibilidade de realizar escolhas e verbalizar suas necessidades, bem como de encontrar formas para satisfazê-las, além de aceitar-se como é na sua singularidade.” Aguiar, 2010 OBJETIVOS Método Propiciar Processo Fenomenológico Awareness Semidiretivo (experimentos) 18 “A metodologia empregada é a fenomenológica, que, com o auxílio de técnicas facilitadoras, visa proporcionar uma maior awareness da criança a respeito de si mesma e do mundo, expandindo e flexibilizando suas possibilidades de contato e, com isso, criando outras formas de ser e estar no mundo.” OBJETIVOS Awareness é a apreensão, com todas as possibilidades de nossos sentidos, da ocorrência do mundo dos fenômenos dentro e fora de nós. Esta apreensão se dá no presente, no aqui-e- agora; Mesmo quando lembramos de algo do passado, o lá-e-então, o ato de lembrar está se dando no presente. Embora a awareness seja sempre presente, o objeto dela pode pertencer a um outro tempo e espaço (Yontef, 1993). Não implica em compreensão, mas apenas na habilidade de se estar consciente de algo, sentir ou perceber. 19 O MÉTODO FENOMENOLÓGICO Uso de linguagem descritiva que se opõe à linguagem interpretativa e à prescritiva. Possibilita à criança construir gradativamente o significado do material que traz para a sessão, sem a interferência de qualquer a priori do terapeuta. 20 “A atitude fenomenológica é reconhecer e colocar entre parênteses (colocar de lado) ideias preconcebidas sobre o que é relevante. Uma observação fenomenológica integra tanto o comportamento observado quanto relatos pessoais, experienciais. A exploração fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais clara e detalhada do que é; e desenfatiza o que seria, poderia ser, pode ser e foi. (Grifo nosso)” (Yontef, 1998, p. 218 apud Aguiar, 2010). O MÉTODO FENOMENOLÓGICO Uso de linguagem descritiva que se opõe à linguagem interpretativa e à prescritiva. Não somente a psicanalítica! O psicoterapeuta concede significado ao material trazido pela criança, estabelecido a priori com base em um conhecimento teórico. 21 “A atitude fenomenológica é reconhecer e colocar entre parênteses (colocar de lado) ideias preconcebidas sobre o que é relevante. Uma observação fenomenológica integra tanto o comportamento observado quanto relatos pessoais, experienciais. A exploração fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais clara e detalhada do que é; e desenfatiza o que seria, poderia ser, pode ser e foi. (Grifo nosso)” (Yontef, 1998, p. 218 apud Aguiar, 2010). O MÉTODO FENOMENOLÓGICO Uso de linguagem descritiva que se opõe à linguagem interpretativa e à prescritiva. O psicoterapeuta determina formas específicas de uso dos recursos lúdicos pela criança para que ela possa resolver aquilo que traz como problema. 22 “A atitude fenomenológica é reconhecer e colocar entre parênteses (colocar de lado) ideias preconcebidas sobre o que é relevante. Uma observação fenomenológica integra tanto o comportamento observado quanto relatos pessoais, experienciais. A exploração fenomenológica objetiva uma descrição cada vez mais clara e detalhada do que é; e desenfatiza o que seria, poderia ser, pode ser e foi. (Grifo nosso)” (Yontef, 1998, p. 218 apud Aguiar, 2010). O MÉTODO FENOMENOLÓGICO Intervenções descritivas: Para a Gestalt – diferentemente da ludoterapia: não somente mera descrição do material trazido pela criança, mas também em forma de perguntas ou propostas - experimentos. Pode ser que a simples reflexão não seja suficientemente provocativa para que a criança vá um pouco além...23 • C: É um homem e uma mulher discutindo e uma menina debaixo de um coqueiro num dia de sol. 24 Descrição reflexiva do psicoterapeuta: Intervenção descritiva, mas com pequena modificação: Então você fez um desenho a respeito de um homem e uma mulher discutindo e de uma menina debaixo de um coqueiro num dia de sol (Ludo) Então você fez um desenho onde dois adultos estão discutindo enquanto uma criança se encontra embaixo de um coqueiro num dia de sol (GT) “É um homem e uma mulher discutindo e uma menina debaixo de um coqueiro num dia de sol.” 25 “Em nenhum momento o psicoterapeuta acrescentou qualquer elemento que não tenha sido trazido pela criança, mas alterou sua maneira de descrever a situação enfatizando – ou, em outras palavras, tornando figura – a presença da polaridade adulto/criança e a dimensão temporal que os interliga com o uso do advérbio de tempo “enquanto”. Essa pequena modificação na intervenção poderia ser facilitadora o bastante para a criança produzir um pouco mais de material, uma vez que o psicoterapeuta não devolveu o que foi apresentado como ela forneceu, mas introduziu outra forma de configuração dos mesmos elementos, fazendo que isso soasse como novidade para a criança.” (Aguiar, 2010) O MÉTODO FENOMENOLÓGICO “Trabalhar na fronteira”: as intervenções devem estar de acordo com o nível de expansão da fronteira de contato do cliente. Tendência atualizante Resistências 26 “A facilitação da awareness vem da própria crença na capacidade de a criança descobrir por si, conosco, no próprio ato de brincar, os significados. Estes nem sempre precisam ser explicitados, podendo ser apenas vivenciados” (Vignoli, 1994, p.50). O MÉTODO FENOMENOLÓGICO Podemos ir expandindo as intervenções à medida em que sua percepção também vai se expandindo. Ela vai dando o direcionamento – apresentar o no à fronteira de contato. Entretanto, não permite que o psicoterapeuta apresente o novo assim: Parece que são papai e mamãe discutindo enquanto você fica de longe se protegendo debaixo de um coqueiro num dia de sol. 27 OS TRÊS NÍVEIS DE INTERVENÇÃO • Descrição • Elaboração • Identificação ou Integração 28 “É importante ressaltar que não estamos trabalhando com a noção de fases ou estágios que obrigatoriamente aconteçam dessa forma e nessa ordem. Em uma sessão é possível passar pelos três níveis. Em outro momento, ou com uma criança diferente, pode-se levar todo o processo terapêutico a percorrê-los. Em outras situações, pode- se chegar ao fim sem que trabalhemos dentro do nível da identificação.” Aguiar, 2010. DESCRIÇÃO •A terapia não está evoluindo? • Muitas vezes constata-se a “evolução” em outros ambientes. • “Só” o “encontro” pode em si ser terapêutico. 29 “O nível da descrição é o mais básico e provavelmente aquele em que começamos o trabalho com a grande maioria das crianças que vêm à psicoterapia. Estabelecer uma comunicação nesse nível é a única possibilidade que a criança fornece, de início, ao psicoterapeuta. Ele descreve seu comportamento, faz, na medida do possível, alguns questionamentos ao longo das brincadeiras e solicita que ela descreva suas produções. Não é raro permanecermos nesse nível durante muito tempo; isso não é bom nem ruim, apenas sinaliza aquilo que o cliente pode em determinado momento. Ao que tudo indica, quanto mais comprometida a criança, maior sua dificuldade de ultrapassar a descrição pura e simples, pois seus mecanismos de evitação de contato costumam ser mais elaborados e suas funções de contato, mais distorcidas. Um exemplo típico se dá quando o psicoterapeuta pede à criança que comente uma produção sua e ela descreve-a com meia dúzia de palavras, quando a descreve, e passa logo para outra atividade, responde a questionamentos com “Não sei”, não aceita nenhuma proposta do psicoterapeuta, faz de conta que não ouviu, ou ainda profere a frase bastante conhecida dos psicoterapeutas de crianças:“Vamos brincar de outra coisa?” – Aguiar, 2010. ELABORAÇÃO Por exemplo: se ela aceita manter o diálogo em relação à exploração do desenho. 30 “Quando a criança aceita intervenções que vão além da descrição, como questionamentos e propostas de experimentos, atuamos no nível da elaboração. É nesse nível do trabalho fenomenológico que se localiza a grande maioria das técnicas gestálticas, tal como apresentadas em Oaklander (1980), Cornejo (1996), Zorzi (1991) e Lampert (2003). Como o próprio nome sugere, nesse nível, nossas intervenções têm o flagrante objetivo de desdobrar, esmiuçar, desenvolver e aprofundar aquilo que a criança traz ao espaço terapêutico.” – Aguiar, 2010. IDENTIFICAÇÃO OU INTEGRAÇÃO 31 “O último nível de trabalho a que nos referimos é o que denominamos de identificação ou integração. Ele consiste na apropriação, por parte da criança, dos conteúdos de sua brincadeira e em sua produção no espaço terapêutico. Em outras palavras, é quando a criança se identifica com o elemento do desenho, com o menino fantoche, com a escultura de argila, com o João Teimoso que só leva pancada – ou, no caso de nosso exemplo no início do capítulo, com a menina debaixo do coqueiro. Aguiar, 2010 IDENTIFICAÇÃO OU INTEGRAÇÃO 32 Nossa experiência demonstra que nem sempre mencionar tal identificação faz-se necessário. Muitas vezes, a partir da elaboração realizada por meio das intervenções técnicas do psicoterapeuta na linguagem lúdica, a criança reconfigura e ressignifica seu campo sem que a identificação precise ser verbalizada. Em outros momentos, ela só enuncia identificações claras na fase de término da psicoterapia, quando começa a efetuar “retrospectivas” de seu processo terapêutico.” Aguiar, 2010 PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS • Postura fenomenológica ✓ Abertura e interesse genuíno pelo que a criança traz ✓ Sem julgamentos baseados naquilo que o responsável traz, ou em um diagnóstico prévio ✓ Sem planos terapêuticos prévios ✓ Sem seleção prévia dos recursos lúdicos ✓ É a criança quem indica o caminho 33 PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS 34 “A exigência do psicoterapeuta de dar um sentido às brincadeiras da criança parece estar profundamente enraizada em uma perspectiva interpretativa que perpassa sua graduação e infiltra-se em sua prática, ainda que ele tenha escolhido desenvolvê-la com base em um paradigma diferente, como o da Gestalt-terapia. Dessa forma, ele precisa ficar atento à possibilidade de suspender o juízo de valores, a fim de manter uma postura fenomenológica na relação terapêutica, para que esta possa ser realmente terapêutica e não meramente recreativa ou educativa.” Aguiar, 2010 PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS O papel da confirmação ≠ de elogiar! 35 T.: Viu, fulano, você conseguiu. Lembra que quando chegou aqui você dizia que nunca ia conseguir amarrar o tênis? Você pedia a minha ajuda e, no início, nem queria experimentar. E quando escolheu experimentar experimentou uma vez, experimentou duas vezes e na terceira vez você conseguiu. Se você não tivesse tentado, não teria conseguido. Isso é confirmação em psicoterapia. Descrever um pouco do processo do menino, mostrando-lhe sua resistência em experimentar, assinalando sua escolha por arriscar, as tentativas que não foram bem-sucedidas e finalmente o momento em que ele conseguiu. Assim, o papel do psicoterapeuta na confirmação é de funcionar como um “espelho”, descrevendo à criança seu processo e confirmando suas potencialidades. PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS O papel da confirmação ≠ de elogiar! 36 • Além disso, a confirmação incide sobre todos os elementos apresentados pela criança, e não só por aqueles que o psicoterapeuta considera como “ganhos”; • Por isso, ao exercer a confirmação, o psicoterapeuta permite que a criança sinta-se de fato aceita e reconhecida em sua totalidade, com seus sentimentos, suas resistências e suas formas de expressão, e não apenas em algunsaspectos que possam vir a causar impacto positivo nele. PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS • A relação terapêutica ✓ Estabelecia essencialmente através de sua postura fenomenológica: capacidade de se pôr no lugar da criança e de confirmar a ela seu potencial. ✓ Regida pelos princípios básicos da aceitação, da permissividade e do respeito pela criança. ✓ Se o psicoterapeuta não for autêntico ou não estiver “presente” a relação pode não ser estabelecida: necessidade de ser bom terapeuta. ✓ Interesse genuíno por crianças. ✓ Importante ter convivido com crianças. ✓ Cuidado com o linguajar: nem infantilizado nem técnico. 37 PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS BÁSICOS 38 “(...) antes de qualquer outro experimento, a própria relação terapêutica já constitui um experimento em si. O que é realmente terapêutico é como o psicoterapeuta reage ao comportamento e às diversas formas de ser da criança e se posicionar. (...) Elas chegam à psicoterapia com padrões relacionais e formas de ação e reação estereotipadas e cristalizadas e, por isso, com expectativas bastante certas a respeito das formas de agir do psicoterapeuta. Na medida em que descobrem, muitas vezes atônitas, que ele se posiciona de outra forma nessa relação, inevitavelmente, em sua busca de autorregulação na relação terapêutica, precisarão se posicionar de modo diverso – o que, por si só, já possibilita mudanças, tanto na forma de comportar-se dessa criança como na sua maneira de encarar o mundo. Se nos reportarmos à visão de ser humano relacional, constataremos que de fato não poderia ser diferente: se nos construímos na relação, será também pela relação que nos reconstruiremos, e a relação terapêutica é o espaço privilegiado para que isso aconteça.” Aguiar, 2010 ACEITAÇÃO, RESPEITO E PERMISSIVIDADE • Em geral a criança é trazida à terapia porque os adultos querem modificá-la. • Assim, uma das sensações que experimenta nesse momento é de não ser aceita. • A aceitação do psicoterapeuta parece ser fundamental para o processo, já que este será um dos grandes diferenciais da relação terapêutica em face a outras relações estabelecidas pela criança. ✓ Teoria paradoxal da mudança: mudar não é tentar ser diferente, mas aceitar aquilo que podemos ser a cada momento, com nossos limites e possibilidades. 39 ACEITAÇÃO, RESPEITO E PERMISSIVIDADE • A aceitação permitiria uma maior awareness a respeito desses limites e possibilidades. O que por si só já seria uma mudança, colocando-nos em uma posição mais confortável para escolher o que fazer. 40 “Em psicoterapia infantil, a aceitação da criança como um todo por parte do psicoterapeuta é crucial para que ela possa também aceitar a si mesma. Apenas no momento em que puder se perceber aceita sem restrições, independentemente do que pense, sinta ou faça, é que ela se permitirá expressar, examinar e apropriar-se de todos os seus sentimentos e necessidades sem precisar utilizar os mecanismos de deflexão, projeção e retroflexão (Polster, 1979).” – Aguiar, 2010. ACEITAÇÃO, RESPEITO E PERMISSIVIDADE • Respeito e permissividade • O terapeuta deixa claro para a criança que respeita sua capacidade de tomar decisões próprias e de fazer escolhas e mantém firmemente esse princípio. • Não deve tentar apressar a terapia. 41 “A questão da permissividade implica a real possibilidade de a criança ser o centro de sua psicoterapia, escolhendo aquilo que quer fazer e os recursos que vai utilizar para isso e opinando a respeito da participação ou não do psicoterapeuta na atividade. Ele precisa ficar bastante atento ao que é permitido a fim de emitir mensagens claras para a criança e poder honrar aquilo que foi dito.” – Aguiar, 2010. LIMITES • Devem obedecer o critério da integridade: da criança, do terapeuta e do ambiente. • Devem ser diferenciados de regras, valores ou humores do psicoterapeuta. • A mobilização pessoal do terapeuta pode gerar limites injustificados e prejudiciais ao processo da criança: “só pego o pincel se você pedir por favor”. • Ao invés de não permitir alguma expressão ou atividade o terapeuta deve oferecer um alternativa e explicar o motivo da impossibilidade. A ênfase deve ser dada a alternativa e não ao que está sendo limitado. • Entretanto, os limites do próprio enquadre da psicoterapia já caracterizam a vivencia de uma série de limites. ✓ Hora do término ✓ Impossibilidade de levar um brinquedo pra casa ✓ Ser atendida antes do horário 42 Aguiar, 2010 LEITURA SUGERIDA 43 REFERÊNCIAS Aguiar, L. Gestalt-Terapia com crianças: teoria e prática. São Paulo: Summus, 2015 Bacellar, A. A psicologia humanista na prática: reflexões sobre a abordagem centrada na pessoa. Ed. Unisul, 2009 44
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