Prévia do material em texto
Centro Universitário Unifipmoc/Afya – Bacharelado em Medicina 5° Período - 2023.2 Turma 28 Acadêmica: Magny Emanuele Lima Ramos SOI V - TICS SEMANA 4 – DUCHENNE E BECKER Montes Claros – MG Setembro/2023 Quais as diferenças entre as Distrofias de Duchenne e Becker? Qual a etiologia? Qual paciente é mais acometido (qual patologia é mais severa)? As distrofias musculares são doenças hereditárias com fenótipos variados, podendo ser lentas ou rapidamente progressivas. Esse grupo de doenças afeta, sobretudo, o músculo esquelético e cardíaco. Comumente, possuem na biópsia muscular um padrão de necrose e regeneração muscular. As distrofias musculares de Duchenne e Becker (DMD e BMD são distúrbios de herança recessiva ligadas ao cromossomo X. A doença ocorre devido a uma mutação do gene da distrofina, uma proteína localizada junto ao sarcolema que atua na manutenção da integridade da membrana da fibra muscular. A ausência dessa proteína leva a uma necrose progressiva do músculo, com perda da marcha independente na adolescência, cardiomiopatia, insuficiência respiratória, morte prematura nos indivíduos afetados e deterioração contínua das fibras musculares (necrose muscular) com substituição do tecido muscular por gordura e tecido conjuntivo. Na DMD ocorre uma deficiência total da distrofina, por outro lado, na DMB a deficiência é parcial, produzindo um quadro mais leve. Nas distrofinopatias, os primeiros marcos do desenvolvimento são atingidos e a marcha ocorre normalmente, na maioria dos casos. A DMD possui início entre 3 e 5 anos, podendo haver queixas pediátricas de quedas frequentes, dificuldade para levantar, correr e subir escadas. Ao exame físico, observa-se fraqueza simétrica, inicialmente na musculatura pélvica. A marcha é anserina e o paciente assume uma posição de hiperlordose, havendo também sinal de Gowers positivo e hipertrofia de panturrilhas. A perda da marcha voluntária ocorre normalmente entre 9 e 12 anos de idade. Alguns fatores, como o aparecimento de deformidades nos membros inferiores, o aumento do peso corporal, a imobilização prolongada e quadros depressivos contribuem para a perda da capacidade de deambulação. Com a progressão da doença, ocorre comprometimento dos membros superiores e da musculatura respiratória. A escoliose e as retrações musculares se tornam mais evidentes após o uso de cadeira de rodas. Aproximadamente 30 a 50% dos pacientes com DMD possuem deficiência intelectual e o comprometimento cardíaco se torna mais evidente com a progressão da doença. Em grande parte dos pacientes na segunda década de vida, as insuficiências cardíaca ou respiratória levam à morte. A DMB possui manifestações clínicas mais brandas, com início após os 5 anos de idade e perda de deambulação aos 16. Os pacientes podem apresentar quadros clínicos semelhantes ao da DMD, com hiperlordose, marcha anserina e fraqueza muscular nas porções proximais dos membros inferiores. O comprometimento cardíaco é maior, e os óbitos ocorrem entre a segunda e terceira década de vida. Com o passar do tempo, a fraqueza muscular desencadeia um quadro respiratório com tosse fraca e ineficaz para a higiene das vias aéreas, propiciando infecções pulmonares de repetição. Os óbitos ocorrem normalmente por complicações pulmonares, aspiração de corpo estranho e obstrução de vias aéreas. Nesse sentido, a DMD é mais frequente, ocorre mais cedo e é mais grave que a BMD, havendo também uma menor expectativa de vida para o paciente. Ambas afetam principalmente indivíduos do sexo masculino. A prevalência da DMD é de 1:3300 nascidos do sexo masculino e prevalência da BMD varia desde 1:18000 a 1:31000 de nascidos masculinos. A deficiência mental é mais comum na DMD e o comprometimento cardíaco ocorre nos dois tipos de distrofia. O diagnóstico diferencial deve incluir as sarcoglicanopatias, sendo essencial o rastreio de portadores do sexo feminino na família. Referencial teórico: TRATADO DE PEDIATRIA: Sociedade Brasileira de Pediatria,4ª edição, Barueri, SP: Manole, 2017.