Buscar

2022 Excesso de exercício físico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 182 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 182 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 182 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Thiago Teixeira Guimarães 
Organizador 
 
 
 
 
 
 
 
 
Excesso de 
exercício físico? 
1° Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brazilian Journals Editora 
2022 
55219
Nota
https://www.brazilianjournals.com.br/ebooks.php?bk=5fRL4uc0p7b18GIY7y5sB2FKSa2hU366
2022 by Brazilian Journals Editora 
Copyright © Brazilian Journals Editora 
Copyright do Texto ©2022 Os Autores 
Copyright da Edição ©2022 Brazilian Journals Editora 
Editora Executiva: Barbara Luzia Sartor Bonfim 
Diagramação: Sabrina Binotti 
Edição de Arte: Sabrina Binotti 
Revisão: Os Autores 
 
 
O conteúdo do livro e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são 
de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o 
compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. 
 
 
Conselho Editorial: 
 
Profª. Drª. Fátima Cibele Soares - Universidade Federal do Pampa, Brasil. 
Prof. Dr. Gilson Silva Filho - Centro Universitário São Camilo, Brasil. 
Prof. Msc. Júlio Nonato Silva Nascimento - Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Pará, Brasil. 
Profª. Msc. Adriana Karin Goelzer Leining - Universidade Federal do Paraná, Brasil. 
Prof. Msc. Ricardo Sérgio da Silva - Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. 
Prof. Esp. Haroldo Wilson da Silva - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho, Brasil. 
Prof. Dr. Orlando Silvestre Fragata - Universidade Fernando Pessoa, Portugal. 
Prof. Dr. Orlando Ramos do Nascimento Júnior - Universidade Estadual de Alagoas, 
Brasil. 
Profª. Drª. Angela Maria Pires Caniato - Universidade Estadual de Maringá, Brasil. 
Profª. Drª. Genira Carneiro de Araujo - Universidade do Estado da Bahia, Brasil. 
Prof. Dr. José Arilson de Souza - Universidade Federal de Rondônia, Brasil. 
Profª. Msc. Maria Elena Nascimento de Lima - Universidade do Estado do Pará, Brasil. 
Prof. Caio Henrique Ungarato Fiorese - Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil. 
Profª. Drª. Silvana Saionara Gollo - Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Profª. Drª. Mariza Ferreira da Silva - Universidade Federal do Paraná, Brasil. 
Prof. Msc. Daniel Molina Botache - Universidad del Tolima, Colômbia. 
Prof. Dr. Armando Carlos de Pina Filho- Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Brasil. 
Prof. Dr. Hudson do Vale de Oliveira- Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia de Roraima, Brasil. 
Profª. Msc. Juliana Barbosa de Faria - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, 
Brasil. 
Profª. Esp. Marília Emanuela Ferreira de Jesus - Universidade Federal da Bahia, 
Brasil. 
Prof. Msc. Jadson Justi - Universidade Federal do Amazonas, Brasil. 
Profª. Drª. Alexandra Ferronato Beatrici - Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Profª. Msc. Caroline Gomes Mâcedo - Universidade Federal do Pará, Brasil. 
Prof. Dr. Dilson Henrique Ramos Evangelista - Universidade Federal do Sul e Sudeste 
do Pará, Brasil. 
Prof. Dr. Edmilson Cesar Bortoletto - Universidade Estadual de Maringá, Brasil. 
Prof. Msc. Raphael Magalhães Hoed - Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 
Brasil. 
Profª. Msc. Eulália Cristina Costa de Carvalho - Universidade Federal do Maranhão, 
Brasil. 
Prof. Msc. Fabiano Roberto Santos de Lima - Centro Universitário Geraldo di Biase, 
Brasil. 
Profª. Drª. Gabrielle de Souza Rocha - Universidade Federal Fluminense, Brasil. 
Prof. Dr. Helder Antônio da Silva, Instituto Federal de Educação do Sudeste de Minas 
Gerais, Brasil. 
Profª. Esp. Lida Graciela Valenzuela de Brull - Universidad Nacional de Pilar, 
Paraguai. 
Profª. Drª. Jane Marlei Boeira - Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Brasil. 
Profª. Drª. Carolina de Castro Nadaf Leal - Universidade Estácio de Sá, Brasil. 
Prof. Dr. Carlos Alberto Mendes Morais - Universidade do Vale do Rio do Sino, Brasil. 
Prof. Dr. Richard Silva Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia 
Sul Rio Grandense, Brasil. 
Profª. Drª. Ana Lídia Tonani Tolfo - Centro Universitário de Rio Preto, Brasil. 
Prof. Dr. André Luís Ribeiro Lacerda - Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil. 
Prof. Dr. Wagner Corsino Enedino - Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil. 
Profª. Msc. Scheila Daiana Severo Hollveg - Universidade Franciscana, Brasil. 
Prof. Dr. José Alberto Yemal - Universidade Paulista, Brasil. 
Profª. Drª. Adriana Estela Sanjuan Montebello - Universidade Federal de São Carlos, 
Brasil. 
Profª. Msc. Onofre Vargas Júnior - Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia Goiano, Brasil. 
Profª. Drª. Rita de Cássia da Silva Oliveira - Universidade Estadual de Ponta Grossa, 
Brasil. 
Profª. Drª. Leticia Dias Lima Jedlicka - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, 
Brasil. 
Profª. Drª. Joseina Moutinho Tavares - Instituto Federal da Bahia, Brasil 
Prof. Dr. Paulo Henrique de Miranda Montenegro - Universidade Federal da Paraíba, 
Brasil. 
Prof. Dr. Claudinei de Souza Guimarães - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
Brasil. 
Profª. Drª. Christiane Saraiva Ogrodowski - Universidade Federal do Rio Grande, 
Brasil. 
Profª. Drª. Celeide Pereira - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Brasil. 
Profª. Msc. Alexandra da Rocha Gomes - Centro Universitário Unifacvest, Brasil. 
Profª. Drª. Djanavia Azevêdo da Luz - Universidade Federal do Maranhão, Brasil. 
Prof. Dr. Eduardo Dória Silva - Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. 
Profª. Msc. Juliane de Almeida Lira - Faculdade de Itaituba, Brasil. 
Prof. Dr. Luiz Antonio Souza de Araujo - Universidade Federal Fluminense, Brasil. 
Prof. Dr. Rafael de Almeida Schiavon - Universidade Estadual de Maringá, Brasil. 
Profª. Drª. Rejane Marie Barbosa Davim - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Brasil. 
Prof. Msc. Salvador Viana Gomes Junior - Universidade Potiguar, Brasil. 
Prof. Dr. Caio Marcio Barros de Oliveira - Universidade Federal do Maranhão, Brasil. 
Prof. Dr. Cleiseano Emanuel da Silva Paniagua - Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologia de Goiás, Brasil. 
Profª. Drª. Ercilia de Stefano - Universidade Federal Fluminense, Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brazilian Journals Editora 
São José dos Pinhais – Paraná – Brasil 
www.brazilianjournals.com.br 
editora@brazilianjournals.com.br 
 
 
G963e Guimarães, Thiago Teixeira 
 
Excesso de exercício físico? / Thiago Teixeira Guimarães. São José 
dos Pinhais: Editora Brazilian Journals, 2022. 
181 p. 
 
Formato: PDF 
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader 
Modo de acesso: World Wide Web 
Inclui: Bibliografia 
ISBN: 978-65-81028-24-4 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001379 
 
1.Saúde. 2. Exercícios físicos. I. Guimarães, Thiago Teixeira. II. Da 
Silva, Daniel Costa Alves. III. Pinto, Elaine Cristina da Silva. IV. 
Rubini, Ercole da Cruz. V. De Amorim, Marcos Vinicios Craveiro. VI. 
Dutra, Patrícia Maria Lourenço. VII. Borges, Ricardo Moreira. VIII. 
Cevada, Thais. IX. Coelho, Wagner Santos. X. Título. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
http://www.brazilianjournals.com.br/
mailto:editora@brazilianjournals.com.br
ORGANIZADOR 
 
Dr. Thiago Teixeira Guimarães 
Formação: Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte – UERJ 
Instituição: Oficial Pesquisador – Instituto de Medicina Aeroespacial, Programa 
de Pós-Graduação em Desempenho Humano Operacional – Universidade da 
Força Aérea 
Endereço: Av. Marechal Fontenele, 1755, Campo dos Afonsos, Rio de 
Janeiro/RJ, 21740-001 
E-mail: thiagotguimaraes@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/4356552805912391 
 
AUTORES 
 
Daniel Costa Alves da Silva 
Formação: Especialista em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo – IBF 
Instituição: Base de Abastecimento da Marinha no Rio de Janeiro 
Endereço: Av. Brasil, 10500, Penha, Rio de Janeiro/RJ, 21012-350 
E-mail: danielcsilva1985@gmail.com http://lattes.cnpq.br/8842290913125462Elaine Cristina da Silva Pinto 
Formação: Graduanda em Educação Física e Bacharel em Produção Cultural – 
UFF 
Instituição: Grupo de Pesquisa em Educação Física e Esportes, Programa de 
Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde – 
Universidade Federal do Pampa (Uruguaiana/RS) 
Endereço: BR 472, Km 585, RS, 97501-970 
E-mail: elaineprocult@gmail.com http://lattes.cnpq.br/3735909468192107 
 
Dr. Ercole da Cruz Rubini 
Formação: Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte – UERJ 
Instituição: Grupo de Pesquisa em Ciência do Exercício e da Saúde 
(GPCES/UERJ) 
Endereço: Rua São Francisco Xavier, n 524, bloco F, nono andar, Maracanã, 
Rio de Janeiro/RJ, 20550-900 
E-mail: ercolerubini@yahoo.com.br http://lattes.cnpq.br/6098132628059461 
 
Marcos Vinicios Craveiro de Amorim 
Formação: Bacharelado em Educação Física – UNESA, com pós-graduação 
em Gestão e Marketing Esportivo – IBMEC/RJ 
Endereço: Rua Visconde de Mauá, 246, Caxias do Sul/RS, 95010-070 
E-mail: m.4morim@outlook.com http://lattes.cnpq.br/9146723724634439 
 
Dra. Patricia Maria Lourenço Dutra 
Formação: Doutora em Ciências Biológicas – IBCCF/UFRJ 
Instituição: Professora Associada – Faculdade de Ciências Médicas – UERJ 
Endereço: Av. Professor Manuel de Abreu, 444, PAPC, Vila Isabel, Rio de 
Janeiro/RJ, 20550-170 
E-mail: pmldutra@gmail.com http://lattes.cnpq.br/1617851661398279 
 
 
mailto:danielcsilva1985@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/8842290913125462
mailto:elaineprocult@gmail.com
http://lattes.cnpq.br/3735909468192107
mailto:ercolerubini@yahoo.com.br
http://lattes.cnpq.br/6098132628059461
mailto:m.4morim@outlook.com
mailto:pmldutra@gmail.com
Dr. Ricardo Moreira Borges 
Formação: Doutor em Química de Produtos Naturais – UFRJ, com pós-
doutorado – UGA (EUA) 
Instituição: Professor Associado – IPPN/UFRJ 
Endereço: Av. Carlos Chagas Filho, 373, bloco H, Ilha do Fundão, Rio de 
Janeiro/RJ, 21941-902 
E-mail: ricardo_mborges@ippn.ufrj.br http://lattes.cnpq.br/2002185460196639 
 
Dra. Thais Cevada 
Formação: Doutora em Ciências do Exercício e do Esporte – UERJ 
Instituição: Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) – USP 
Endereço: Av. Professor Mello Moraes, 65, Vila Universitária, São Paulo/SP, 
05508-030 
E-mail: thacevada@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/6766162058506703 
 
Dr. Wagner Santos Coelho 
Formação: Doutor em Ciências Biológicas – IBqM/UFRJ 
Instituição: Professor Adjunto – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste 
(UEZO) 
Endereço: Av. Manuel Caldeira de Alvarenga, 1203, Campo Grande, Rio de 
Janeiro/RJ, 23070-200 
Instituição: Docente – UNESA 
Endereço: Rua José Acúrcio Benigno, 116, Sans Souci, Nova Friburgo/RJ, 
28611-135 
E-mail: wagscoelho@hotmail.com http://lattes.cnpq.br/3423043184092414 
 
 
mailto:ricardo_mborges@ippn.ufrj.br
mailto:wagscoelho@hotmail.com
PREFÁCIO 
 
Em 2015 tive o prazer de conhecer o novo professor da disciplina Teoria 
e Prática da Natação, do curso de Educação Física da Universidade Estácio de 
Sá, campus R9 – RJ, o qual sou coordenadora desde 2014. Seu 
profissionalismo de imediato me chamou atenção, um rapaz jovem, 
preocupado em acertar e despertar nos estudantes interesse pela investigação. 
Com tanta criatividade e proatividade foi conquistando seu espaço e se 
tornando uma referência no curso. A cada semestre, mais e mais elogios 
chegavam à coordenação, pois as histórias contadas por ele sobre suas 
derrotas e fracassos despertaram nos seus alunos um sentimento de 
empoderamento e gratidão. Muitos que pensavam em interromper sua 
trajetória acadêmica foram salvos por esse gigante professor, chamado 
carinhosamente por seus alunos de “monstro”. A partir daí não parou mais... 
Formou um grupo de iniciação científica chamado GPEEx (Grupo de Pesquisa 
Excesso de Exercício), escreveu artigos, desenvolveu projetos, criou parcerias, 
recebeu prêmios, foi homenageado diversas vezes e agora está lançando essa 
obra inédita ao lado dos seus parceiros, alunos e colegas de trabalho. 
Este livro confronta os extremos do exercício, “inatividade física e 
excesso de exercício”, traz informações importantes sobre o overtraining em 
diferentes populações e seus marcadores, como por exemplo, escalas 
subjetivas e a variabilidade da frequência cardíaca. Discute, através de 
informações científicas, estratégias contra a exaustão, fala sobre vício e 
sistema límbico, aborda o esgotamento físico e mental. 
Convido você, atleta ou não atleta, treinador, preparador físico ou 
profissional de educação física e de outras áreas da saúde, para iniciar a leitura 
desta obra organizada pelo professor Thiago Guimarães, impulsionada por 
muita admiração de seus alunos. 
E a você Thiago, deixo aqui minha eterna gratidão, por todo trabalho 
realizado com excelência, no curso de Educação Física da Universidade 
Estácio de Sá – campus R9. 
Boa leitura a todos! 
 
 Ana Beatriz Moreira de Carvalho Monteiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Nos últimos anos, alguns questionamentos nortearam a minha busca 
pelo conhecimento nas ciências do exercício e esporte. O exercício físico 
sempre é benéfico? O excesso de exercícios físicos entre atletas é uma 
realidade? Do que se trata o overtraining? Qual a diferença entre overtraining e 
overreaching? Deve-se evitar exercícios extremos? Há uma linha tênue entre 
benefícios e prejuízos modulados pelo exercício físico? O excesso de 
exercícios físicos entre atletas de recreação é uma realidade? O exercício 
físico pode apresentar “efeitos colaterais”? Qual a origem do overtraining? 
Quanto mais exercício, melhor? No pain, no gain? Viver SEMPRE fora da zona 
de conforto? Existe algum tipo de relação paradoxal com o exercício físico? 
Qualquer coisa é melhor do que nada? Muita coisa é melhor que qualquer 
coisa? Quais são os benefícios e riscos potenciais de durações prolongadas, 
cargas extremas e frequência alta? Como evitar o overtraining? 
Este livro tem o objetivo de discutir e refletir sobre essas questões. 
Normalmente, os debates sobre os possíveis efeitos colaterais do exercício 
físico acontecem em outras áreas da saúde, como a fisioterapia e medicina, 
por exemplo, quando são tratados assuntos envolvendo lesões e 
desenvolvimento de doenças por estresse acumulado e repetitivo. 
Ao longo da minha graduação, três cursos de pós-graduação e 
mestrado, raríssimos foram os professores e disciplinas que debateram sobre 
excesso de exercício físico. No doutorado, onde investiguei especificamente 
esse tema e onde surgiu o Grupo de Pesquisa sobre Excesso de Exercício 
(GPEEx), alguns professores chegaram a me questionar: “em um mundo com 
pessoas cada vez mais sedentárias, como pode você falar mal do exercício?” 
Esse questionamento reflete um tremendo conflito de interesse. Fazendo uma 
analogia, consegue imaginar se todo pesquisador e profissional da área de 
farmacologia partisse da premissa de que a sua fórmula seria perfeita contra 
determinadas doenças? 
Há períodos de um programa de condicionamento ou treinamento onde 
o excesso de estresse provocado pelo exercício físico é desejável – isso 
mesmo! Porém, o profissional de educação física que desconhece a linha 
tênue entre seus riscos e benefícios potenciais, pode prestar um desserviço. 
Se uma pessoa que se exercita vive cansada, lesionada, apática, inflamada e 
dolorida, certamente, em algum momento, ela revisará o exercício enquanto 
prioridade, podendo aumentar as estatísticas de abandono e sedentarismo. 
Dentro das ciências do exercício e esporte diversas dificuldades 
metodológicas limitam o avanço sobre o entendimento do tema aqui tratado. 
Por exemplo, experimentos com humanos devem respeitar critérios éticos que 
protejam o bem-estar físico e emocional das pessoas, sendo necessária a 
utilização de modelos animais. Além disso, infelizmente, prevalece o paradigma 
de que apenas atletas de elite experimentam os sintomas da síndrome do 
overtraining. Ainda não há sequer um consenso sobre a terminologia mais 
adequada paracaracterizar o “descondicionamento paradoxal”. A própria 
literatura aponta a inexistência de um marcador único, objetivo, preciso e 
confiável, a partir de parâmetros fisiológicos e bioquímicos classicamente 
estudados, para o diagnóstico da exaustão crônica relacionada ao treinamento. 
Para se ter uma ideia, um comunicado especial publicado pelo Colégio 
Americano de Medicina do Esporte e Colégio Europeu de Ciências do Esporte, 
em 2013, afirma que o assunto é muitas vezes abordado de forma anedótica 
(evidências informais, relatos subjetivos e baseados no “ouvir falar”). 
O exercício físico por si só não faz milagres e uma boa execução de 
movimento não é garantia de sucesso. Se pensarmos que o esforço físico é 
mais um estímulo estressor na já agitada vida de algumas pessoas, uma 
importante precaução é o seu excesso. Afinal, “o estresse mata e o pior: não 
aparece no atestado de óbito.” Portanto, recomendações e prescrições 
consistentes dependem de uma melhor compreensão sobre seus mecanismos 
fisiológicos e funcionais. 
Com muita alegria, doutores, mestres, egressos dos nossos grupos de 
pesquisas e graduandos dedicaram parte do seu tempo precioso para propor 
reflexões sobre o paradoxo do excesso de exercício físico. 
O primeiro capítulo – PARADOXO: INATIVIDADE FÍSICA x EXCESSO 
DE EXERCÍCIO, serve para confrontar os dois extremos do espectro 
relacionado ao exercício. Sedentarismo e doenças crônicas não transmissíveis 
geram sofrimento, dependência funcional, gastos intangíveis e muitas mortes. 
Porém, cargas extremas, ao longo do tempo, podem impactar de forma 
negativa o funcionamento celular, gerando, inclusive, doenças crônicas não 
transmissíveis. 
No segundo capítulo – TERMOS E DEFINIÇÕES PARA O EXCESSO 
DE EXERCÍCIO, diferentes nomenclaturas são apresentadas, assim como 
possíveis condições que impactam o desenvolvimento de seus sinais e 
sintomas. O terceiro capítulo – PREVALÊNCIA, versa sobre a dificuldade de se 
encontrar estudos epidemiológicos relacionados à síndrome do overtraining 
entre diferentes populações. Há pesquisa mostrando que 64 % de corredores 
de elite já experimentaram pelo menos um episódio da síndrome. Isso é 
realmente muito relevante. 
O capítulo quatro – OVERTRAINING NO FISICULTURISMO, discute a 
vigorexia e diversos aspectos negativos dessa condição. O capítulo cinco – 
OVERTRAINING NO AMBIENTE MILITAR, reforça a necessidade de redobrar 
as atenções durante treinamentos extremos. 
O capítulo seis – ORIGEM DO OVERTRAINING: SISTEMA IMUNE, 
aborda um assunto que cada vez mais recebe atenção por parte da 
comunidade científica mundial. O sistema imunológico, na maioria dos cursos 
de graduação em educação física no Brasil, ainda não é trabalhado. 
Comentamos também resultados da minha pesquisa de doutorado, premiada 
no tradicional congresso brasileiro de medicina do esporte, em 2019. O capítulo 
sete – ORIGEM DO OVERTRAINING: ESTRESSE OXIDATIVO, explica uma 
importante hipótese relacionada aos possíveis efeitos colaterais do excesso de 
exercícios. 
O capítulo oito – ORIGEM DA FADIGA AGUDA: CÉREBRO, é muito 
importante para o entendimento da exaustão aguda, que certamente impacta a 
fadiga crônica. Como a percepção de cansaço é desenvolvida, estruturas 
críticas determinantes para a superação de limites, integração de áreas do 
encéfalo, controle de funções vitais. Conta com diversas informações 
provenientes da neurociência do exercício e serve também para refletirmos 
sobre dependência ao exercício, hedonismo, estado de fluxo. A intensa 
perturbação da homeostase é um processo comprometedor das funções 
fisiológicas, mas por que será que entusiastas dos esportes e atividades 
físicas, atletas de recreação, amadores e de elite, praticantes de modalidades 
“radicais” ou qualquer outra pessoa assídua nos exercícios, experimentam com 
frequência a sensação de exaustão e tornam a repetir, alguns diariamente, 
esses estímulos tão estressantes? Exercício sem prazer não favorece sua 
adesão, mas o vício em exercícios físicos é um tipo de dependência não 
química. Como trabalhar essa linha tênue? 
O capítulo nove – SINTOMAS CLÍNICOS DO EXCESSO DE 
EXERCÍCIOS, apresenta um caso concreto para discutir o monitoramento de 
cargas no esporte. O capítulo dez – VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA 
CARDÍACA, contextualiza uma importante e cada vez mais utilizada ferramenta 
biológica para ajudar a controlar a distribuição de cargas em programas de 
condicionamento ou treinamento. O capítulo onze – PERIODIZAÇÃO E 
ESTRATÉGIAS DE TREINAMENTO, serve como revisão sobre o assunto e 
tenta estabelecer um link entre as “atualidades” apresentadas nos capítulos 
anteriores e os conceitos norteadores da prescrição de clássicos autores. 
Finalmente, o capítulo doze – TÓPICOS ESPECIAIS: METABOLÔMICA, 
convida o leitor para uma área muito promissora nas ciências do exercício e 
esporte. 
Em nome de todos os colaboradores, desejo a você uma boa leitura e 
que o senso crítico despertado possa iluminar muitas tomadas de decisão! 
 
 
Thiago Teixeira Guimarães 
 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO 01 ............................................................................................................. 1 
PARADOXO: INATIVIDADE FÍSICA x EXCESSO DE EXERCÍCIO 
Thiago Teixeira Guimarães 
CAPÍTULO 02 ............................................................................................................. 6 
TERMOS E DEFINIÇÕES PARA O EXCESSO DE EXERCÍCIO 
Thiago Teixeira Guimarães 
CAPÍTULO 03 ........................................................................................................... 13 
PREVALÊNCIA 
Thiago Teixeira Guimarães 
CAPÍTULO 04 ........................................................................................................... 19 
OVERTRAINING NO FISICULTURISMO 
Marcos Vinicios Craveiro de Amorim 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001380 
CAPÍTULO 05 ........................................................................................................... 32 
OVERTRAINING NO AMBIENTE MILITAR 
Daniel Costa Alves da Silva 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001381 
CAPÍTULO 06 ........................................................................................................... 53 
ORIGEM DO OVERTRAINING: SISTEMA IMUNE 
Patrícia Maria Lourenço Dutra 
Thiago Teixeira Guimarães 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001382 
CAPÍTULO 07 ........................................................................................................... 74 
ORIGEM DO OVERTRAINING: ESTRESSE OXIDATIVO 
Wagner Santos Coelho 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001383 
CAPÍTULO 08 ........................................................................................................... 86 
ORIGEM DA FADIGA AGUDA: CÉREBRO 
Thiago Teixeira Guimarães 
Thais Cevada 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001384 
CAPÍTULO 09 ......................................................................................................... 104 
SINTOMAS CLÍNICOS DO EXCESSO DE EXERCÍCIOS 
Thiago Teixeira Guimarães 
CAPÍTULO 10 ......................................................................................................... 116 
VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA 
Ercole da Cruz Rubini 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001385 
CAPÍTULO 11 ......................................................................................................... 124 
PERIODIZAÇÃO E ESTRATÉGIAS DE TREINAMENTO 
Elaine Cristina da Silva Pinto 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001386 
CAPÍTULO 12 ......................................................................................................... 155 
TÓPICOS ESPECIAIS: METABOLÔMICA 
 Ricardo Moreira Borges 
DOI: 10.35587/brj.ed.0001387 
1 
CAPÍTULO 01 
PARADOXO: INATIVIDADE FÍSICA x EXCESSO DE EXERCÍCIO 
 
 
Thiago Teixeira Guimarães 
 
O engajamento em programas de exercícios físicos regulares e 
adequadamente orientados é reconhecido como determinante para a promoção 
e manutenção de saúde e qualidade de vida1; 2. Nos últimos anos, estudos vêm 
demonstrando que um estilo de vida moderadamente ativoestá associado à 
promoção da saúde e à prevenção de doenças1; 2; 3. Pessoas que praticam 
exercício físico por no mínimo 30 minutos, cinco dias por semana, em 
intensidade moderada podem reduzir em 14 % o surgimento de doença 
coronariana e em 20 %, no caso de 300 minutos por semana4. 
Embora a expectativa média de vida no mundo tenha aumentado, cada 
vez mais pessoas são acometidas por doenças crônicas não transmissíveis, 
como por exemplo, doenças cardiovasculares, diabetes, diversos tipos de 
câncer, transtornos mentais, dos ossos e das articulações5. Além de causarem 
sofrimento, dependência funcional, gastos intangíveis nos sistemas de saúde e 
redução da qualidade de vida, de acordo com a Organização Mundial da 
Saúde6, essas doenças são responsáveis por 58,5 % de todas as mortes 
ocorridas no mundo. No Brasil, constituem o problema de saúde de maior 
magnitude, correspondendo a 72 % das causas de mortes e 75 % dos gastos 
com atenção à saúde no Sistema Único de Saúde7. A inatividade física figura 
como uma das principais causas atribuídas à mortalidade3. As consequências 
clínicas da inatividade física são apresentadas na Tabela 1. 
 
 
 
2 
Tabela 1. Doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes no mundo decorrentes da 
inatividade física. 
 
Condições gerais Condições específicas 
Canceres 
 
Câncer de mama, câncer de cólon, câncer de 
endométrio, câncer de próstata, câncer de 
pâncreas, melanoma. 
 
Doenças cardiovasculares Hipertensão, claudicação intermitente (dor nas 
pernas ao caminhar), angina de peito, adesão e 
agregação plaquetária, aterosclerose, trombose, 
doença arterial coronariana, infarto do miocárdio 
(ataque cardíaco), insuficiência cardíaca, acidente 
vascular cerebral. 
 
Condições gastrointestinais 
 
Motilidade intestinal reduzida, prisão de ventre. 
 
Alterações do sistema 
imunológico 
 
Disfunção imunológica, inflamação crônica. 
Condições metabólicas 
 
Obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia, 
(desregulação do metabolismo lipídico), 
hipercolesterolemia, síndrome metabólica, 
formação de cálculos biliares. 
 
Desordens 
musculoesqueléticas 
 
Dor lombar, osteoporose e fraturas relacionadas, 
osteoartrite, artrite reumatoide. 
 
Desordens neurológicas 
 
Distúrbios de aprendizagem e memória, disfunção 
cognitiva, demência, depressão, transtornos de 
humor e ansiedade, neurodegeneração (tal como 
ocorre na doença de Alzheimer, doença de 
Huntington e doença de Parkinson). 
 
Doenças pulmonares 
 
Asma, doença pulmonar obstrutiva crônica. 
Sarcopenia 
 
Perda de massa muscular relacionada à idade. 
 
Redução da qualidade de 
vida 
 
Fragilidade física, diminuição do bem-estar 
psicológico, diminuição da capacidade para 
realizar tarefas diárias e interações sociais, 
diminuição da capacidade funcional, redução da 
independência, diminuição da mobilidade, 
aumento da susceptibilidade ao estresse 
psicológico, tempo de reação prejudicado, piora do 
equilíbrio, flexibilidade e agilidade. 
Fonte: O autor. 
 
Por outro lado, pessoas que se exercitam dez vezes acima de 150 
minutos semanais em intensidade moderada ou acima de 75 minutos semanais 
em intensidade vigorosa apresentam o mesmo risco de morte em relação a 
3 
pessoas pouco ativas fisicamente8. O exercício parece produzir benefícios à 
saúde em doses moderadas8. Ainda que o esforço intenso seja capaz de 
aperfeiçoar o desempenho e a saúde9; 10, cargas extenuantes de estresse físico 
e mental podem os comprometer. Atletas amadores, profissionais ou de 
recreação são frequentemente acometidos por desordens de origem 
metabólica, imunológica, neurológica, endócrina, cardiovascular, muscular e 
esquelética11; 12. 
A linha tênue entre prejuízos e benefícios de sucessivas sessões 
fatigantes de esforço não depende exclusivamente do entendimento de 
conceitos e princípios metodológicos do treinamento. O exercício físico pode 
apresentar uma relação paradoxal e sua prescrição consistente depende de 
uma melhor compreensão sobre seus mecanismos celulares11; 13; 14. 
 
4 
REFERÊNCIAS 
 
1 FIUZA-LUCES, C. et al.,, Exercise is the real polypill. Physiology (Bethesda), 
v. 28, n. 5, p. 330-58, Sep 2013. ISSN 1548-9221. Disponível em: < 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23997192 >. 
 
2 HEINONEN, I. et al.,, Organ-specific physiological responses to acute 
physical exercise and long-term training in humans. Physiology (Bethesda), v. 
29, n. 6, p. 421-36, Nov 2014. ISSN 1548-9221. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25362636 >. 
 
3 HALLAL, P. C. et al., Global physical activity levels: surveillance progress, 
pitfalls, and prospects. Lancet, v. 380, n. 9838, p. 247-57, Jul 2012. ISSN 1474-
547X. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22818937 >. 
 
4 SATTELMAIR, J. et al., Dose response between physical activity and risk of 
coronary heart disease: a meta-analysis. Circulation, v. 124, n. 7, p. 789-95, 
Aug 2011. ISSN 1524-4539. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21810663 >. 
 
5 HANDSCHIN, C.; SPIEGELMAN, B. M. The role of exercise and PGC1alpha 
in inflammation and chronic disease. Nature, v. 454, n. 7203, p. 463-9, Jul 
2008. ISSN 1476-4687. Disponível em: < 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18650917 >. 
 
6 ORGANIZATION, W. H. WORLD Health Organization: Non communicable 
Diseases (NCD) Country Profiles 2014. 
 
7 SAÚDE, M. D. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das 
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: 
Ministério da Saúde 2011. 
 
8 AREM, H. et al., Leisure time physical activity and mortality: a detailed pooled 
analysis of the dose-response relationship. JAMA Intern Med, v. 175, n. 6, p. 
959-67, Jun 2015. ISSN 2168-6114. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25844730 >. 
 
9 GOHIL, K.; BROOKS, G. A. Exercise tames the wild side of the Myc network: 
a hypothesis. Am J Physiol Endocrinol Metab, v. 303, n. 1, p. E18-30, Jul 2012. 
ISSN 1522-1555. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22535747 >. 
 
10 SOBRAL-MONTEIRO-JUNIOR, R. et al., Is the "lactormone" a key-factor for 
exercise-related neuroplasticity? A hypothesis based on an alternative lactate 
neurobiological pathway. Med Hypotheses, v. 123, p. 63-66, Feb 2019. ISSN 1532-
2777. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30696595 >. 
 
11 GUIMARÃES, T. T.; TERRA, R.; DUTRA, P. Chronic effects of exhausting 
exercise and overtraining on the immune response: Th1 and Th2 profile. 
Journal Motricidade, v. 13, n. 3, p. 69-78, 2017. 
5 
 
12 MEEUSEN, R. et al., Prevention, diagnosis, and treatment of the 
overtraining syndrome: joint consensus statement of the European College of 
Sport Science and the American College of Sports Medicine. Med Sci Sports 
Exerc, v. 45, n. 1, p. 186-205, Jan 2013. ISSN 1530-0315. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23247672 >. 
 
13 CADEGIANI, F. A.; KATER, C. E. Novel insights of overtraining syndrome 
discovered from the EROS study. BMJ Open Sport Exerc Med, v. 5, n. 1, p. 
e000542, 2019. ISSN 2055-7647. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31297238 >. 
 
14 GUIMARÃES, T. T. Paradoxo do exercício físico em excesso: linha tênue 
entre riscos e benefícios. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 6, 
n. 8,2016. 
 
 
 
6 
CAPÍTULO 02 
TERMOS E DEFINIÇÕES PARA O EXCESSO DE EXERCÍCIO 
 
Thiago Teixeira Guimarães 
 
Desde anos antes de Cristo, especula-se que o excesso de exercício 
físico impacta negativamente o desempenho e saúde. Hipócrates, Platão e 
Aristóteles alertaram não apenas para as possíveis complicações deletérias da 
inatividade física, como também para a cultura da dor sem moderação, uma 
realidade observada desde a antiguidade1. Os antigos ideais gregos, incluindo 
os relacionados ao exercício e saúde, influenciaram a cultura ocidental 
moderna e desempenharam um papel importante na prática da higiene 
preventiva1;2. 
Passados alguns séculos, ainda não existe um consenso sobre a melhor 
forma de se definir e diagnosticar os sintomas e complicações da exaustão 
crônica provocada pelo excesso/acúmulo de estresse provocado pelo exercício 
físico e fatores associados2. Overtraining, síndrome do overtraining, 
overreaching (funcional e não funcional), síndrome inexplicável do baixo 
desempenho (unexplained under performance syndrome), síndrome de 
burnout, esgotamento físico e mental, exaustão, supertreinamento, 
sobretreinamento, síndrome da fadiga crônica, síndrome de 
descondicionamento paradoxal, estafa, lesão por esforço repetitivo, overuse, 
distress (oposto de eustress) e deficiência de energia relativa no esporte (RED-
S) são termos recorrentes na literatura científica3; 4; 5. No senso comum parece 
prevalecer o paradigma de que apenas atletas de elite são suscetíveis aos 
sintomas da síndrome de overtraining. Porém o “descondicionamento 
paradoxal” não é uma exclusividade das ciências dos esportes e performance, 
e precisa ser repensado em outras áreas, sobretudo a da saúde6. 
Os sinais e sintomas que caracterizam a síndrome do overtraining são 
os transtornos de humor e ansiedade, depressão, apatia geral, instabilidade 
emocional, perda de apetite, distúrbio de sono, alterações hormonais, aumento 
da frequência cardíaca de repouso e aumento da vulnerabilidade a infecções e 
lesões, além de dores musculares e articulares7; 8; 9. Diferenças individuais no 
tempo de recuperação, capacidade de realizar e tolerar o esforço físico, além 
7 
de outros estímulos estressores não relacionados ao treinamento (sono, dieta, 
família, estudos, trabalho, lazer e outros) podem explicar porque cada 
praticante apresenta uma resposta diferente para uma mesma rotina ou 
planejamento de treinamento10. 
Uma importante definição de overtraining é o acúmulo de treinamento 
e/ou estresse sem treinamento que pode resultar, a longo prazo, no 
decréscimo da capacidade de desempenho, com ou sem sinais fisiológicos e 
psicológicos relacionados, além de sintomas de má adaptação, cuja 
restauração pode levar várias semanas ou meses3. Enquanto overtraining 
caracteriza um processo de treinamento intensificado, a expressão "síndrome" 
é utilizada para enfatizar a etiologia multifatorial de forma a reconhecer que o 
exercício (treinamento) não é necessariamente o único fator causal da 
síndrome11. 
Entretanto, o exercício físico, através de durações prolongadas, cargas 
extremas e/ou frequência elevada pode apresentar benefícios, caracterizando 
um paradoxo6; 12. Há uma linha tênue entre riscos e benefícios induzidos por 
excesso de exercício. Como benefícios potenciais, há praticantes que podem 
experimentar ativações no sistema límbico de recompensas cerebral, 
sensações de prazer e bem-estar, além de aumentos no gasto energético e 
reduções ou manutenções na distribuição da gordura corporal12; 13. Se a 
perturbação da homeostase for devidamente programada, monitorada e 
avaliada ao longo de um ciclo de treinamento, ainda que ocorra uma exaustão 
temporária induzida pelo excesso de treinamento, é possível reverter o status 
de esgotamento, recuperar a constância fisiológica interna e aprimorar o 
rendimento através da supercompensação de adaptações fisiológicas6. 
Overreaching é justamente a exaustão temporária seguida da 
supercompensação, porém, ao contrário do overtraining que requer meses, sua 
recuperação é relativamente fácil de ocorrer em curto prazo, entre uma a 
quatro semanas14, período conhecido como tapering ou polimento. 
Segundo o Colégio Europeu de Ciências do Esporte4, o overtraining 
pode ser resultado de dois estados diferenciados em relação ao desempenho: 
overreaching de curta duração, funcional, ou overreaching extremo, não-
funcional. O estado funcional é caracterizado por uma queda rápida no 
desempenho seguido por uma eventual melhora, em um processo que se 
8 
assemelha à teoria da supercompensação de adaptações fisiológicas4. Ainda 
de acordo com o posicionamento, no estado não-funcional, a queda na 
performance tem recuperação mais prolongada. Normalmente, é acompanhada 
de fadiga e alterações bioquímicas, imunológicas, fisiológicas e 
comportamentais4. O estado não-funcional desencadearia a síndrome do 
overtraining, que por sua vez afetaria negativamente diversos sistemas 
biológicos, sendo de recuperação muito lenta4. 
Apesar dos inúmeros esforços para tentar classificar operacionalmente 
os diferentes termos, a distinção entre o overreaching não-funcional e a 
síndrome do overtraining é muito difícil e depende do resultado clínico e 
diagnóstico por exclusão3; 6. Ainda assim, de acordo com um comunicado 
especial publicado pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte e Colégio 
Europeu de Ciências do Esporte em 2013, não existe evidência científica para 
se confirmar ou refutar essa sugestão3. 
No Reino Unido, o termo síndrome inexplicável do baixo desempenho 
(unexplained under performance syndrome – UUPS) tem sido adotado, ao 
invés de síndrome do overtraining, para descrever um episódio de baixo 
desempenho com fadiga persistente, ou seja, má adaptação. Esse constructo, 
síndrome inexplicável do baixo desempenho, reflete a complexidade da 
síndrome, a etiologia multifatorial e o supertreinamento ou um desequilíbrio 
entre a carga de treinamento e a recuperação pode não ser a principal causa 
do desempenho insuficiente15. A Tabela 2 apresenta um resumo sobre as 
definições de termos e seus significados. 
 
 
9 
Tabela 1. Resumo de definições relacionadas ao excesso de exercício físico. 
 
Termos Definições 
Supertreinamento 
ou 
overtraining 
Processo de treinamento intensificado com possíveis resultados 
como overreaching funcional, overreaching não funcional ou 
síndrome do overtraining3. 
Overreaching 
funcional 
Após a intensificação do treinamento ocorre o decréscimo do 
desempenho em curto prazo. Através de duas a quatro semanas 
de recuperação a supercompensação fisiológica promove a 
melhora do condicionamento quando comparada ao início do 
treinamento3. 
Overreaching não 
funcional 
Overreaching extremo, quando o treino intensificado continua e a 
recuperação não é adequada. Há estagnação ou redução do 
desempenho, assim como o surgimento dos primeiros sinais e 
sintomas fisiológicos de estresse prolongado. São necessárias 
semanas ou meses para se recuperar3. 
 
Síndrome do 
overtraining 
Em uma linha do tempo a síndrome do overtraining ocorre após o 
overreaching não funcional. É considerada uma síndrome por ter 
etiologia multifatorial, ampla variação entre indivíduos, 
inespecificidade, anedótica, não se restringindo apenas às 
variáveis clássicas do treinamento físico (frequência, duração e 
intensidade das sessões). Há evidências sobre outros fatores 
causadores como o estresse mental, alimentação e sono 
inadequados, por exemplo3. 
 
Síndrome 
inexplicável do 
baixo 
desempenho 
(unexplained 
underperformance 
syndrome) 
 
Adotado no Reino Unido, ao invés de síndrome do overtraining, 
para descrever um episódio de baixo desempenho com fadiga 
persistente, ou seja, mal adaptação. Reflete a complexidade da 
síndrome, a etiologia multifatorial e o supertreinamento pode não 
ser a principal causa do desempenho insuficiente15. 
Polimento 
(tapering) 
Descanso ativo, onde o volume de treinamento é reduzido de 1 a 
4 semanas antes do evento principal com o objetivo de se 
promover uma supercompensação de adaptações fisiológicas e, 
consequentemente, o desempenho14. 
Fonte: O autor. 
 
De uma forma geral, independentemente da definição operacional, 
diferentes causas têm sido associadas ao baixo desempenho: lesões 
musculoesqueléticas como traumas, tendinopatias e estresses ósseos; causas 
fisiológicas como sobrecarga funcional, alteração do ritmo biológico após 
mudanças do fuso horário em longas viagens de avião (jet lag), sono 
insuficiente, gravidez, calor, frio, altitude,desidratação; infecções do trato 
respiratório superior e inferior, doença semelhante à gripe, 
diarreia/gastroenterite, febre, asma, alergias; deficiências nutricionais de 
10 
proteínas, carboidratos, minerais, vitaminas (por exemplo, D), deficiência de 
ferro (anemia), doença celíaca; outras condições como menorragia, abuso de 
anti-inflamatório não esteroidal, abuso de drogas, concussão, estresse mental, 
ansiedade e depressão15. 
É muito difícil determinar crenças e hábitos, baseando-se 
exclusivamente no tipo de conhecimento científico, compatíveis com o 
desenvolvimento do esgotamento físico e mental. Pode-se sugerir, a partir de 
observações empíricas, investigações futuras sobre alguns comportamentos e 
circunstâncias: 
• Temor do destreinamento; 
• Excesso de motivação e resiliência; 
• Vício pelo exercício; 
• Treinamento não periodizado; 
• Estresse mental; 
• Restrição dietética (ainda que com o treino em volume reduzido); 
• Restrição de sono (ainda que com o treino em volume reduzido); 
• Achar que todos reagem da mesma forma ao estresse; 
• Crer que apenas a inatividade física gera prejuízos; 
• Desconhecer os efeitos colaterais do exercício; 
• Excesso de confiança e soberba; 
• Drogas que mascaram a fadiga e exaustão; 
• Desconhecimento conceituais; 
• Negligência profissional; 
• Dismorfismo corporal e vigorexia; 
• Monotonia e strain (tensão) não monitorados; 
• Pressão de patrocinadores, treinadores e competições. 
11 
REFERÊNCIAS 
 
1 ALBANIDIS, E. Exercise in Moderation. Health Perspective of Hellenic 
Antiquity. Nikephoros, v. 26, p. 33-62, 2013. 
 
2 KLEISIARIS, C. F.; SFAKIANAKIS, C.; PAPATHANASIOU, I. V. Health care 
practices in ancient Greece: The Hippocratic ideal. J Med Ethics Hist Med, v. 7, 
p. 6, 2014. ISSN 2008-0387. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25512827 >. 
 
3 MEEUSEN, R. et al., Prevention, diagnosis, and treatment of the overtraining 
syndrome: joint consensus statement of the European College of Sport Science 
and the American College of Sports Medicine. Med Sci Sports Exerc, v. 45, n. 
1, p. 186-205, Jan 2013. ISSN 1530-0315. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23247672 >. 
 
4 ______. Prevention, diagnosis and treatment of the Overtraining Syndrome - 
ECSS Position Statement "Task Force'. Eur J Spor Sci, v. 6, n. 1, 2006. 
 
5 CADEGIANI, F. A.; KATER, C. E. Hypothalamic-Pituitary-Adrenal (HPA) Axis 
Functioning in Overtraining Syndrome: Findings from Endocrine and Metabolic 
Responses on Overtraining Syndrome (EROS)-EROS-HPA Axis. Sports Med 
Open, v. 3, n. 1, p. 45, Dec 2017. ISSN 2199-1170. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29222606 >. 
 
6 ______. Novel insights of overtraining syndrome discovered from the EROS 
study. BMJ Open Sport Exerc Med, v. 5, n. 1, p. e000542, 2019. ISSN 2055-
7647. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31297238 >. 
 
7 KELLMANN, M. Preventing overtraining in athletes in high-intensity sports 
and stress/recovery monitoring. Scand J Med Sci Sports, v. 20 Suppl 2, p. 95-
102, Oct 2010. ISSN 1600-0838. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20840567 >. 
 
8 MATTA MELLO PORTUGAL, E. et al., Neuroscience of exercise: from 
neurobiology mechanisms to mental health. Neuropsychobiology, v. 68, n. 1, p. 
1-14, 2013. ISSN 1423-0224. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23774826 >. 
 
9 REARDON, C. L.; FACTOR, R. M. Sport psychiatry: a systematic review of 
diagnosis and medical treatment of mental illness in athletes. Sports Med, v. 40, 
n. 11, p. 961-80, Nov 2010. ISSN 1179-2035. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20942511 >. 
 
10 FREITAS, D.; MIRANDA, R.; BARA FILHO, M. Marcadores psicológico, 
fisiológico e bioquímico para determinação dos efeitos da carga de treino e do 
overtraining. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 11, n. 4, p. 457-465 
2009. 
12 
11 MEEUSEN, R. et al., Hormonal responses in athletes: the use of a two bout 
exercise protocol to detect subtle differences in (over)training status. Eur J Appl 
Physiol, v. 91, n. 2-3, p. 140-6, Mar 2004. ISSN 1439-6319. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14523562 >. 
 
12 GUIMARÃES, T. T.; TERRA, R.; DUTRA, P. Chronic effects of exhausting 
exercise and overtraining on the immune response: Th1 and Th2 profile. 
Journal Motricidade, v. 13, n. 3, p. 69-78, 2017. 
 
13 GUIMARÃES, T. T. Paradoxo do exercício físico em excesso: linha tênue 
entre riscos e benefícios. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 6, 
n. 8, 2016. 
 
14 HALSON, S. L.; JEUKENDRUP, A. E. Does overtraining exist? An analysis 
of overreaching and overtraining research. Sports Med, v. 34, n. 14, p. 967-81, 
2004. ISSN 0112-1642. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15571428 >. 
 
15 LEWIS, N. A. et al., Can clinicians and scientists explain and prevent 
unexplained underperformance syndrome in elite athletes: an interdisciplinary 
perspective and 2016 update. BMJ Open Sport Exerc Med, v. 1, n. 1, p. 
e000063, 2015. ISSN 2055-7647. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27900140 >. 
 
 
 
13 
CAPÍTULO 03 
PREVALÊNCIA 
 
Thiago Teixeira Guimarães 
 
 A prevalência dos sintomas do excesso de treinamento é raramente 
estudada, mas estima-se que 60 % dos maratonistas, 50 % dos jogadores de 
futebol e 33 % dos jogadores de basquete já os experimentaram1. Dentre os 
corredores de elite 60 % das mulheres e 64 % dos homens indicaram ter 
experimentado pelo menos um episódio de overtraining, enquanto para a não 
elite a ocorrência foi verificada em 33 % de corredores. Nadadores colegiais 
que completaram um ciclo de treinamento relataram uma prevalência média de 
10 % (variação de 7 % a 21 %) de sinais e sintomas de overtraining2, mas outro 
estudo longitudinal com nadadores britânicos revelou que 29 % desenvolveram 
overtraining pelo menos uma vez, com o risco positivamente relacionado ao 
nível de habilidade3. Em um estudo com nadadores universitários dos Estados 
Unidos, verificou-se que 91 % da amostra que desenvolveu a síndrome do 
overtraining durante sua primeira temporada de treinamento colegial foi 
diagnosticada com a síndrome do overtraining novamente em um ou mais dos 
três anos seguintes de treinamento4. 
 O excesso de exercício físico parece não acometer apenas atletas de 
alto rendimento. Com frequência, programas de condicionamento físico para 
pessoas que não objetivam a competição envolvendo exercícios de endurance, 
força e velocidade também provocam danos e efeitos colaterais agudos ou 
crônicos indesejáveis5; 6; 7. O estresse severo provocado pelo esforço físico no 
ambiente não competitivo também pode levar a complicações extremas, como 
no estudo de caso apresentado em 2011, durante o congresso anual do 
Colégio Americano de Medicina Esportiva 8. Três dias após uma sessão de 
exercícios intensos, baseada no método CrossFit®, um homem de 33 anos, 
previamente assintomático e fisicamente ativo, experimentou um quadro de 
rabdomiólise, síndrome grave que pode levar ao óbito e ocorre devido à morte 
das fibras musculares, que liberam seu conteúdo para a corrente sanguínea, 
provocando insuficiência renal aguda, letargia, fraqueza, náuseas e tontura, por 
exemplo8. 
14 
 Entre crianças e adolescentes, o sucesso de jovens atletas pode ser 
definido por convites para competições nacionais ou internacionais, ou para 
bolsas de estudo. Apesar de apenas 0,02 % a 0,5 % dos atletas do ensino 
médio continuar a participar em nível profissional, o número de jovens atletas 
que se torna especialista em único esporte continua a crescer9. O aumento da 
dedicação a regimes intensos de treinamento apresenta desafios físicos, 
emocionais e cognitivos ao jovem atleta que podem colocar em risco a saúde 
geral9. Não é do nosso conhecimento a existência de dados na literatura que 
permitam uma discussão mais aprofundada sobrea epidemiologia do 
supertreinamento nessa população. 
Entre iniciantes, um dos tipos mais comuns de danos sofridos, através 
de observações empíricas, é a dor muscular de início tardio fora de controle. A 
dor muscular de início tardio é caracterizada como uma sensação de 
desconforto na musculatura esquelética, que ocorre algumas horas após o 
exercício físico, desencadeada por processo inflamatório a partir de 
sobrecargas não habituais1011. Especula-se que a dor seja um importante fator 
para reduzir a adesão ao exercício nessa população, contribuindo ainda mais 
para a inatividade física. 
 No imaginário social entre treinadores e atletas de competição, o estado 
de supertreinamento, seus sinais e sintomas deletérios à saúde são condições 
não muito aceitas, afinal de contas, prevalece a cultura “no pain, no gain”. Além 
disso, o temor do destreinamento que acomete atletas e treinadores, resulta 
em contínua e precoce realização de sessões adicionais de treinamento físico 
estabelecendo condição inflamatória crônica semelhante à observada entre 
indivíduos obesos e em pacientes com diabetes melitus tipo 2 (DM-2), que 
configura as bases para o desenvolvimento da resistência à insulina e da 
disfunção do endotélio vascular12; 13. 
Apesar de controverso o assunto em função de dados ainda 
inconsistentes, o exercício de endurance praticado por pessoas com diferentes 
níveis de aptidão física pode induzir o remodelamento patológico de estruturas 
do coração e artérias adjacentes14. Maratonas, ultramaratonas, triátlons, 
corridas de bicicleta muito longas, podem causar sobrecarga aguda de volume 
nos átrios e ventrículo direito, com reduções transitórias na fração de ejeção do 
ventrículo direito e elevação de biomarcadores cardíacos. Cronicamente, o 
15 
estresse repetitivo pode resultar em fibrose do miocárdio, fibrilações e 
arritmias14. 
Embora haja evidências de que o exercício físico intenso possa 
promover o desempenho e a saúde15; 16, e seja considerado uma “polipílula”17 
capaz de promover inúmeros benefícios biológicos e funcionais, não se pode 
descartar a existência de uma linha tênue entre seus riscos e benefícios. 
Existem efeitos colaterais, inclusive entre as populações mais frágeis 
fisicamente, ainda que estudos epidemiológicos sejam escassos. Sinais e 
sintomas de overtraining, rabdomiólise, dores e lesões musculoesqueléticas, 
síndrome da mulher atleta envolvendo distúrbios na alimentação, ciclo 
menstrual e densidade mineral óssea18, doenças crônicas não transmissíveis, 
infecções bacterianas e virais (doenças transmissíveis)19 são alguns exemplos 
de seus efeitos colaterais. 
Como exemplo de que sintomas de exaustão física e mental não 
acometem exclusivamente a população de atletas de alto rendimento, um 
estudo envolvendo 186 universitários de diversas áreas da saúde evidenciou 
que o grupo de insuficientemente ativos apresentou maior pontuação no 
Questionário de Sintomas Clínicos do Overtraining em relação aos grupos de 
moderadamente ativos e superativos6. Os autores sugerem que existem 
questões relacionadas ao desenvolvimento da síndrome do overtraining que 
não são justificadas exclusivamente pela frequência, intensidade, duração e o 
intervalo das sessões de exercício físico6. Dados ainda não publicados pelos 
mesmos autores, de dois diferentes estudos com universitários do curso de 
medicina e militares, respectivamente, revelaram resultados semelhantes. 
Existe ainda a recomendação de que pacientes com doenças neuromusculares 
de caráter crônico, progressivo e muitas vezes inexorável, necessitem de uma 
abordagem com enfoque no gerenciamento da fraqueza muscular, e não no 
incremento da força, para evitar o estado de overtraining20. 
Um programa de condicionamento ou treinamento físico, portanto, se 
mal gerenciado pode provocar sinais e sintomas de exaustão ou esgotamento 
físico e mental, lesões celulares e funcionais, redução da adesão ao exercício 
físico e, consequentemente, aumento das estatísticas de inatividade física e 
doenças crônicas não transmissíveis21; 22. A Tabela 3 apresenta um breve 
16 
comparativo entre os potenciais riscos e benefícios do exercício físico em 
excesso. 
 
Tabela 1. Paradoxo do exercício físico em excesso: linha tênue entre riscos e benefícios de 
durações prolongadas, intensidades extremas e/ou frequências elevadas21; 22. 
 
Benefícios potenciais Riscos potenciais 
Ativação do sistema límbico de 
recompensas do cérebro; 
 
Prazer, sensação de bem-estar; 
 
Aumento do gasto calórico, redução da 
gordura corporal; 
 
Overreaching funcional. 
 
 
Overreaching não funcional, síndrome do 
overtraining, lesões celulares e 
funcionais; 
 
Remodelamento patológico do coração e 
arritmias; 
 
Tríade da mulher atleta*; 
 
Perda de desempenho e saúde; 
 
Redução da adesão ao exercício e 
desenvolvimento ou agravamento de 
doenças transmissíveis e doenças 
crônicas não transmissíveis. 
*Para o Comitê Olímpico Internacional (consenso de 2014), o conceito “deficiência de energia 
relativa no esporte” (Relative Energy Deficiency in Sport – RED-S) seria mais adequado 
porque: (1) o fenômeno clínico não é exclusividade das três condições (tríade) decorrentes dos 
distúrbios na alimentação, ciclo menstrual e densidade mineral óssea; (2) trata-se de uma 
síndrome, algo mais complexo, que afeta múltiplos aspectos fisiológicos, psicológicos, da 
saúde física e mental, além do desempenho; (3) sua complexidade é tamanha que atletas de 
diferentes idades e do sexo masculino também podem ser acometidos23. Fonte: O autor. 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
 
1 ARMSTRONG, L. E.; VANHEEST, J. L. The unknown mechanism of the 
overtraining syndrome: clues from depression and psychoneuroimmunology. 
Sports Med, v. 32, n. 3, p. 185-209, 2002. ISSN 0112-1642. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11839081 >. 
 
2 RAGLIN, J. S.; MORGAN, W. P.; LUCHSINGER, A. E. Mood and self-motivation 
in successful and unsuccessful female rowers. Med Sci Sports Exerc, v. 22, n. 6, p. 
849-53, Dec 1990. ISSN 0195-9131. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2287264 >. 
 
3 MATOS, N. F.; WINSLEY, R. J.; WILLIAMS, C. A. Prevalence of nonfunctional 
overreaching/overtraining in young English athletes. Med Sci Sports Exerc, v. 43, n. 
7, p. 1287-94, Jul 2011. ISSN 1530-0315. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21131861 >. 
 
4 SINGER, R. N.; MURPHEY, M.; TENNANT, L. K. Handbook of research on sport 
psychology. New York: MacMillan, 1993. 
 
5 CADEGIANI, F. A.; KATER, C. E. Novel insights of overtraining syndrome 
discovered from the EROS study. BMJ Open Sport Exerc Med, v. 5, n. 1, p. 
e000542, 2019. ISSN 2055-7647. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31297238 >. 
 
6 GUIMARÃES, T. et al., Comparação entre diferentes quantidades de exercício 
no rendimento acadêmico e desenvolvimento de sinais de overtraining. Revista 
Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 12, n. 
76, 2018. 
 
7 ROGERO, M. M.; MENDES, R. R.; TIRAPEGUI, J. Aspectos Neuroendócrinos e 
Nutricionais em Atletas com Overtraining. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 49, n. 3, 
2005. 
 
8 MATTHEW, J.; HADEED, K. S.; KUEHL, D. L. Exertional Rhabdomyolysis After 
Crossfit Exercise Program. ACSM's 58th Annual Meeting and 3rd World Congress 
on Exercise is Medicine. 2011 
 
9 SOLOMON, M. L.; WEISS KELLY, A. K. Approach to the Underperforming 
Athlete. Pediatr Ann, v. 45, n. 3, p. e91-6, Mar 2016. ISSN 1938-2359. Disponível 
em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27031317 >. 
 
10 FOSCHINI, D.; PRESTES, J.; CHARRO, M. A. Relationship between physical 
exercise, muscle damage and delayde-onset muscle soreness. Rev. Bras. 
Cineantropom. Desempenho Hum, v. 9, n. 1, 2007. 
 
11 TRICOLI, V. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Rev 
Bras Cien Mov, v. 9, 2001. 
 
12 RIZVI, A. A. Cytokine biomarkers, endothelial inflammation, and atherosclerosisin the metabolic syndrome: emerging concepts. Am J Med Sci, v. 338, n. 4, p. 310-
18 
8, Oct 2009. ISSN 1538-2990. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19726972 >. 
 
13 MORAES, R. Fisiologia do exercício. 1. Rio de Janeiro: SESES/Estácio, 2016. 
305 
 
14 O'KEEFE, J. H. et al., Potential adverse cardiovascular effects from excessive 
endurance exercise. Mayo Clin Proc, v. 87, n. 6, p. 587-95, Jun 2012. ISSN 1942-
5546. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22677079 >. 
 
15 GOHIL, K.; BROOKS, G. A. Exercise tames the wild side of the Myc network: a 
hypothesis. Am J Physiol Endocrinol Metab, v. 303, n. 1, p. E18-30, Jul 2012. ISSN 
1522-1555. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22535747 >. 
 
16 SOBRAL-MONTEIRO-JUNIOR, R. et al., Is the "lactormone" a key-factor for 
exercise-related neuroplasticity? A hypothesis based on an alternative lactate 
neurobiological pathway. Med Hypotheses, v. 123, p. 63-66, Feb 2019. ISSN 1532-
2777. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30696595 >. 
 
17 FIUZA-LUCES, C. et al., Exercise is the real polypill. Physiology (Bethesda), v. 
28, n. 5, p. 330-58, Sep 2013. ISSN 1548-9221. Disponível em: < 
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23997192 >. 
 
18 JAVED, A. et al., Female athlete triad and its components: toward improved 
screening and management. Mayo Clin Proc, v. 88, n. 9, p. 996-1009, Sep 2013. 
ISSN 1942-5546. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24001492 >. 
 
19 CAMPBELL, J. P.; TURNER, J. E. Debunking the Myth of Exercise-Induced 
Immune Suppression: Redefining the Impact of Exercise on Immunological Health 
Across the Lifespan. Front Immunol, v. 9, p. 648, 2018. ISSN 1664-3224. 
Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29713319 >. 
 
20 ORSINI, M. et al., Doenças neuromusculares: rediscutindo o "overtraining". 
Fisioterapia e Pesquisa, v. 21, n. 2, 2014. 
 
21 GUIMARÃES, T. T. Paradoxo do exercício físico em excesso: linha tênue entre 
riscos e benefícios. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 6, n. 8, 
2016. 
 
22 GUIMARÃES, T. T.; TERRA, R.; DUTRA, P. Chronic effects of exhausting 
exercise and overtraining on the immune response: Th1 and Th2 profile. Journal 
Motricidade, v. 13, n. 3, p. 69-78, 2017. 
 
23 MOUNTJOY, M. et al., The IOC consensus statement: beyond the Female 
Athlete Triad--Relative Energy Deficiency in Sport (RED-S). Br J Sports Med, v. 48, 
n. 7, p. 491-7, Apr 2014. ISSN 1473-0480. Disponível em: < 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24620037 >. 
 
 
 
19 
CAPÍTULO 04 
OVERTRAINING NO FISICULTURISMO 
 
 
Marcos Vinicios Craveiro de Amorim 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
De acordo com a definição descrita pela própria Federação Internacional 
de Fisiculturismo e Fitness (IFBB), trata-se de uma modalidade esportiva 
institucionalizada em que atletas treinam para desenvolver seus músculos com 
harmonia e equilíbrio, sendo necessário reduzir ao menor percentual de 
gordura corporal possível, assim como evitar a retenção hídrica subcutânea, 
para que se torne visível sua definição e volume muscular1. 
O Fisiculturismo, em inglês Bodybuilding, tem por finalidade a estética, 
sendo praticada em diversas categorias, onde os critérios e julgamentos 
subjetivos são: volume, simetria, proporção e definição muscular. Para que se 
atinjam tais objetivos, faz-se uso, principalmente, do treinamento de 
resistência1. 
Figuras 1 e 2 – Atletas de fisiculturismo premiados em competição promovida pela IFBB nas 
suas respectivas categorias. 
 
Fonte: Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness (http://ifbb.com) 
http://ifbb.com/
20 
A prática da musculação de forma recreativa, tão difundida e 
amplamente praticada pelas academias ao redor do mundo, também pode, 
obviamente, resultar no desenvolvimento muscular. Portanto, pode-se concluir 
que o Fisiculturismo é um degrau profissionalizado dentre os praticantes do 
treinamento de resistência e que seus assuntos pertinentes possuem alta 
relevância, não se tratando apenas de um nicho quando relacionado tal treino 
também à prática da musculação amadora. 
Neste capítulo, será explorada a preocupação exacerbada em relação à 
estética corporal, que representa a base do Fisiculturismo, através de estudos 
científicos sobre seus possíveis impactos na saúde da população. Brevemente, 
além disso, serão abordados seus fatores associados, como o estresse 
psicológico, personalidades que induzem autoimagem negativa, efeitos sobre a 
massa muscular e as reações fisiológicas aos exercícios desmedidos. 
Quanto ao Overtraining, a aderência entre a modalidade esportiva alvo 
deste capítulo e a síndrome vai além da crença de que os excessos de treinos 
resultam em melhores resultados. Ou seja, a errônea ultrapassagem da linha 
tênue entre benefícios e prejuízos não se dá somente pela busca em atingir um 
nível competitivo acima dos demais. 
 
2. VIGOREXIA COMO PRECURSORA DO OVERTRAINING 
 
 A imagem corporal representa a forma como uma pessoa pensa e sente 
sobre si mesma, sendo influenciada por inúmeros fatores que constroem 
valores emocionais acerca de suas próprias características físicas. Ao haver 
uma distorção da imagem corporal em um sentido negativo, enaltecendo, 
assim, sempre algum atributo físico que cause incômodo à pessoa, pode-se 
criar uma insatisfação corporal exacerbada2; 3. 
 Esse excesso de preocupação incidindo em qualquer característica vista 
como algo negativo no corpo corresponde ao Transtorno Dismórfico Corporal. 
A Dismorfia Muscular, também conhecida como Vigorexia, apresenta-se, 
assim, como um subtipo, especificamente quando o alvo de insatisfação é a 
massa muscular e a gordura corporal. Pessoas com esse transtorno em 
particular adotam comportamentos sempre voltados a promover o físico 
desejado, como o exercício compulsivo e dieta restrita, podendo, inclusive, 
21 
submeterem-se também ao uso indiscriminado de esteroides anabolizantes. 
Com isso, o impacto em suas vidas pode afetar prejudicialmente a rotina social 
e ocupacional4; 5. 
 Os sentimentos de baixa musculosidade em homens e suas 
consequências começaram a ser estudados há pouco mais de vinte anos, 
quando pesquisadores procuraram correlacionar o excesso de preocupação 
nesse aspecto e possíveis impactos na saúde. A maioria de suas conclusões 
aponta até hoje resultados maléficos significativos, onde essa condição faz 
com que a rotina diária dessas pessoas seja tomada por comportamentos que 
objetivam o crescimento e desenvolvimento muscular, como o treinamento de 
resistência, dieta rica em proteínas e uso de recursos ergogênicos ilícitos5; 6. 
Cabe ressaltar que existem parâmetros que incorrem sobre a 
composição corporal, regulados pela individualidade biológica. Mesmo que 
todo o potencial genético seja atingido, o desenvolvimento da massa muscular 
ainda pode não ser o suficiente para atender às expectativas. Sendo assim, um 
fisiculturista ou um praticante recreativo do treinamento de resistência pode 
almejar um físico que possivelmente jamais poderá ser atingido7; 8. 
Existem algumas investigações científicas voltadas a observar e 
interligar grupos de fisiculturistas e traços de preocupações obsessivas em 
manter um físico com predominância de Mesomorfia e baixo percentual de 
gordura corporal, representando o ápice do perfeccionismo em relação à 
estética. Um deles sublinhou que justamente praticantes desse esporte se 
sentem menores e mais fracos em relação a outros grupos, como praticantes 
Fitness, por exemplo, demonstrando maior prevalência de um complexo de 
inferioridade, mesmo que não represente a nítida realidade4. 
Ainda sobre esse estudo, não houve distinção no que diz respeito ao 
envolvimento em sessões intensivas de treinamentos na comparação de 
grupos de fisiculturistas e praticantes do treinamento de resistência recreativos. 
Assim, ambos os grupos são suscetíveis a experimentar emoçõesnegativas ao 
não alcançar o desenvolvimento muscular planejado e ansiedade ao expor 
essa suposta fragilidade em situações de contato social4. A baixa autoestima, 
menor atividade sexual e depressão podem também estar relacionados à 
Vigorexia2; 9. 
22 
A necessidade de alguns atributos são tradicionalmente impostos ao 
homem como parte de sua aceitação na sociedade. Força física e mental, 
competência e dominância são condicionantes para a afirmação de sua 
identidade. O exercício físico, sob essa ótica, só reforça ainda mais a busca por 
uma posição sólida de destaque social. O insucesso nessa afirmação pode 
criar comportamentos desesperados e compensatórios, como uma obsessão 
por desenvolver seus músculos6; 10. 
Corroborando com isso, outros estudos transcreveram que a adoção de 
exercícios físicos desmedidos e dietas restritas podem ser originadas por 
pressões socioculturais, uma vez que a boa forma é vinculada à autoestima e 
felicidade. A sociedade, com isso, cria um padrão de imagem corporal que é 
difundido através das relações interpessoais contemporâneas. Assim, a 
tecnologia faz com que cada vez mais pessoas sejam hipersensibilizadas por 
imagens com pessoas felizes e corpos perfeitos2; 11. 
 Treinos com cargas elevadas e intervalos de recuperação curtos podem 
ocasionar fadiga extrema e perda de desempenho esportivo, quadro 
denominado Síndrome de Overtraining (SOT). Essa condição pode ser predita 
através de estados relacionados, o Overreaching Funcional e Overreaching 
Não Funcional, que se diferem, principalmente, no período de incidência dos 
sinais e sintomas e na restauração do desempenho12; 13, mesmo sendo difícil 
estabelecer uma definição inquestionável e limites precisos entre eles14. 
Volume e intensidade excessivos compondo as sessões de exercícios, o 
que exige grande demanda de energia, em junção com uma dieta voltada ao 
baixo aporte de calorias, dificultando a restauração fisiológica pós-treino, são 
atribuídos aos principais gatilhos da SOT. Os comportamentos são 
incompatíveis e acarretam respostas anormais do organismo12; 13. 
Uma das razões da dificuldade em notar características relativas à 
Vigorexia é que a preocupação das pessoas em praticar exercícios físicos e se 
engajar em uma dieta saudável pode ser vista como indicadores positivos de 
atenção com a saúde, sem perceberem os prejuízos que isso pode causar se 
submetidos de maneira obsessiva. Em decorrência de um sentimento de 
vergonha em relação à sua forma física, elas podem também buscar 
distanciamento social, o que dificulta ainda mais em se observar traços desse 
transtorno e sua influência negativa no bem-estar6. 
23 
O Questionário do Complexo de Adonis é amplamente utilizado como 
um instrumento de investigação da Vigorexia pela comunidade científica, já que 
possui validação para tal. Sua composição é direcionada a apontar, por 
exemplo, quanto tempo a pessoa se dedica a exercícios físicos para melhorar 
sua aparência, assim como possui questões sobre dieta restritiva e 
comportamentos que exprimem, possivelmente, fobia social2; 15. 
 
3. ESTRESSE PSICOLÓGICO OCASIONADO PELA INSATISFAÇÃO DA 
IMAGEM CORPORAL E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE 
 
O estresse é comumente utilizado para manifestar emoções negativas, 
como irritação, descontentamento e fadiga. Na realidade, esse termo 
representa qualquer alteração psicológica e fisiológica em decorrência de 
ambientes desafiadores, como o contato social, por exemplo. Cabe ressaltar 
que as reações condizem com a individualidade de cada um, baseado na forma 
de interpretar determinadas situações16; 17; 18. 
A experiência estressante é uma situação corriqueira e tudo depende do 
controle que se exerce sobre suas consequências e reações. O estresse pode 
ser muito útil ao fornecer motivação e desafio no cumprimento de uma tarefa, 
enxergando-o pelo lado positivo. Em contrapartida, pode ser problemático se 
assimilado de maneira negativa perante exigências ambientais. Assim, a 
pessoa assume uma posição de elemento ativo ao eleger a melhor estratégia 
condizente à solução do problema16; 19. 
Em resposta ao estresse há uma estimulação neurofisiológica, na qual a 
pessoa fica em estado de atenção e vigília e interpreta a experiência com 
euforia ou fúria. Nesse sentido, o estímulo estressor é um fator preponderante 
na maneira em que a experiência é sucedida, porém nem sempre estímulos 
negativos provocam reações negativas. Na verdade, a base emocional irá 
determinar reações que exprimem desconforto ou não16; 20. 
Fisiologicamente, o estresse pode alterar de forma exacerbada as 
atividades do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HPA), o Sistema Nervoso 
Autônomo e o Sistema Imunológico, em que, possivelmente, podem ser 
observadas através de níveis hormonais, como, por exemplo, o Cortisol16; 21. 
24 
Outro hormônio sensível e que pode ter sua atividade basal alterada é a 
Testosterona22. 
O estresse pode ser mensurado de forma subjetiva, através de uma 
avaliação psicométrica, como a aplicação de questionários, ou objetivamente 
através de marcadores fisiológicos, obtidos em tecidos ou fluidos, como 
sangue, urina e saliva16; 21. 
Assim, a percepção de uma situação estressante pode depender da 
personalidade de cada pessoa, sendo diversas também em suas reações 
biológicas subsequentes. Portanto, identificar individualidades que provocam 
respostas fisiológicas excessivas pode ter importância na manutenção da 
saúde22. 
 
4. PERSONALIDADES QUE INDUZEM AUTOIMAGEM NEGATIVA 
 
A personalidade determina padrões de comportamentos característicos 
para cada pessoa, sendo que algumas se mostram mais suscetíveis a 
sentimentos pessimistas. Alguns estudos foram desenvolvidos para identificar 
interações entre estímulos e respostas com a personalidade, no intuito de 
poder estimar o nível de estresse do ser humano16; 23. 
Alguns tipos de personalidade podem ao longo do tempo desenvolver 
um apoio psicológico capaz de suportar o estresse, por maior que ele seja, 
contornando-o ao lidar com positividade determinadas situações. Por outro 
lado, existem tipos que são mais vulneráveis e predispõem pessoas a 
apresentarem transtornos mentais e dificuldades em se adequar aos eventos 
desafiadores16; 24. 
Estudos objetivando avaliar respostas fisiológicas em decorrência de 
agentes estressores foram desenvolvidos, especificamente medindo o Cortisol 
e alterações cardiovasculares com individualidades comportamentais. Por 
exemplo, seus achados significativos associaram baixa autoestima com 
atividades hormonais adrenocorticotróficas anormais16; 25. 
A resposta ao Cortisol parece ser bem aceita pela ciência ao prever se 
um estímulo estressante causará ou não uma resposta desmedida. Fatores 
fisiológicos e estruturas encefálicas determinam o modo de pensar e agir do 
ser humano, indicando traços de personalidade que irão interagir com o 
25 
estresse e provocar respostas exageradas, ou não. Por exemplo, uma menor 
resposta ao Cortisol pode fazer com que a pessoa se sinta mais confiante e 
aceita socialmente. Já a alta reatividade pode provocar uma autopercepção 
negativa16; 26. 
 
5. ESTRESSE PSICOLÓGICO E MASSA MUSCULAR 
 
Existe a correlação entre o excesso de estresse e a redução da massa 
corporal magra27; 28; 29, que tem como um de seus componentes a massa 
muscular, apesar de, a nível molecular, os mecanismos específicos 
responsáveis não estarem bem esclarecidos. Entre os efeitos desfavoráveis 
desses achados sobre o organismo seria um maior acúmulo de energia nos 
adipócitos e um enfraquecimento dos músculos, tornando-os mais suscetíveis 
à fadiga e lesão27. 
Um aumento na secreção de glicocorticoides pela glândula adrenal, em 
consequência de uma hiperatividade do eixo HPA, pode ocasionar em uma 
alteração na composição corporal, compondo um conjunto de fatores 
justamente em decorrência do estresse, apresentando-se, assim, como um 
moduladorneuroendócrino importante27; 28; 30. 
Reforçando, outros estudos também concluíram que o estresse 
prolongado pode incitar acúmulo de gordura abdominal, podendo, inclusive, 
desenvolver um quadro de obesidade e suas complicações associadas, como 
as doenças crônicas não transmissíveis28; 29. 
 
6. REAÇÕES FISIOLÓGICAS AOS EXERCÍCIOS DESMEDIDOS 
 
Alguns mecanismos fisiológicos são instaurados para o início e 
manutenção do desempenho esportivo, em que são responsáveis por estimular 
fontes energéticas. No sistema endócrino, um deles eleva as concentrações 
séricas de hormônios, como Cortisol e Hormônio do Crescimento, 
metabolizando, respectivamente, Aminoácidos e Ácidos Graxos, possuindo 
uma função crucial no suporte à demanda de energia31. 
Em condições normais, os treinamentos de resistência que objetivam 
ganho de força e hipertrofia muscular, desenvolvidos para que sejam intensos 
26 
e densos, com intervalos de recuperação curtos, são os que mais elevam de 
forma aguda as concentrações do Cortisol, Hormônio do Crescimento e 
Testosterona31; 32. 
As lesões teciduais provocadas pela sobrecarga mecânica desses 
treinos induzem tais respostas hormonais responsáveis pelas adaptações 
fisiológicas. Esses hormônios anabólicos e catabólicos têm as funções de 
reparação, remodelamento e hipertrofia muscular, evolvendo processos de 
síntese e degradação do tecido proteico33; 34; 35. O Cortisol, especificamente, 
atua também como um anti-inflamatório31; 34. Assim, a atuação dos hormônios 
secretados prepara o tecido muscular para suportar gradativamente maiores 
cargas, aumentando a demanda metabólica33; 34. 
Essas respostas hormonais podem servir de parâmetro para medir a 
eficiência de um estímulo no processo de treinamento, sendo suas magnitudes 
diretamente proporcionais ao esforço físico exigido. Sua importância prática se 
orienta na readequação do estímulo caso sejam identificadas respostas agudas 
distintas das utilizadas como base e suficientemente necessárias para induzir o 
processo de adaptação fisiológica positiva, ou para observar o excesso31. 
Um dano estrutural na fibra muscular provido pelo exercício causa, 
inicialmente, um processo inflamatório, sendo que uma degeneração intensa 
no local pode permitir o extravazamento anormal de constituintes celulares 
para a corrente sanguínea33; 36. Assim, exercícios físicos extenuantes que 
incitam perda de integridade e acentuada lise do tecido muscular podem 
desencadear um quadro gravemente nocivo à saúde, como a insuficiência 
renal aguda, denominado Rabdomiólise37. 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O Fisiculturismo representa o ápice da busca pelo atributo estético dos 
atletas, associado à hipertrofia muscular e baixo percentual de gordura 
corporal. Esse esporte é difundido no mundo inteiro e desperta atenção 
também de grande parte da população que não possui o interesse de 
competição. 
Trata-se de pessoas que objetivam usufruir da consequente boa 
aparência física decorrente de treinamentos específicos, associando boa 
27 
imagem corporal com o sucesso pessoal. O problema ocorre quando há um 
exagero, tanto em relação à distorção da autoimagem, quanto à adesão em 
dietas excessivamente restritivas e exercícios desmedidos, mesmo o 
crescimento muscular estando submetido aos parâmetros da individualidade 
biológica. 
Esse quadro característico à Vigorexia pode ocasionar riscos à saúde e 
qualidade de vida dessas pessoas, referente, principalmente, ao alto nível de 
estresse psicológico em decorrência do seu descontentamento quanto à 
aparência física. A literatura aponta fatores ambientais atrelados, como a busca 
pela aceitação social. 
No âmbito biológico, esse agente perturbador, o estresse, quando 
exacerbado, pode impactar também a composição corporal através da redução 
da massa magra, sendo prejudicial à própria busca incessante pelo 
desenvolvimento muscular. Além disso, respostas fisiológicas podem resultar 
em um recorrente estado de atenção e vigília, baseado na mobilização de 
substratos energéticos oriundos também do catabolismo do tecido proteico, 
sobretudo concomitante aos treinos extenuantes e dietas restritas, como 
consequências. 
A adesão ao treinamento sem o devido controle de suas tantas variáveis 
para que haja a necessária adaptação fisiológica gradativa estaria relacionada 
à consequente dor muscular e dano tecidual, que, em casos extremos, 
representam efeitos maléficos ao organismo. Seja no esporte ou na prática 
recreativa de exercícios, a sobrecarga não deve exceder limites. 
 
28 
REFERÊNCIAS 
 
1. IFBB - International Federation of Bodybuilding and Fitness. Disponível em: < 
http://ifbb.com >. Acesso em: mai. 2020. 
 
2. ROMÁN, P. A. L.; RUIZ, A. G.; PINILLOS, F. G. Versión Española del 
Cuetionario del Complejo de Adonis; Un Cuestinario para el Análisis del 
Dimorfismo Muscular o Vigorexia. Nutrición Hospitalaria. Espanha, v. 31, n. 3, 
p. 1246-1253, mar. 2015. ISSN 1699-5198. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25726219/ >. 
 
3. MUTH, J. L.; CASH, T. F. Body-Image Attitudes: What Difference Does 
Gender Make? Journal of Applied Social Psychology. Estados Unidos, v. 27, n. 
16, p. 1438-1452, ago. 1997. 
 
4. CEREA, S. et al., Muscle Dysmorphia and its Associated Psychological 
Features in Three Groups of Recreational Athletes. Scientific Reports. Itália, v. 
8, n. 1, p. 8877, jun. 2018. ISSN 2045-2322. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29891927/ >. 
 
5. POPE Jr., H. G. et al., Muscle Dysmorphia: An Underrecognized Form of 
Body Dysmorphic Disorder. Psychosomatics. Estados Unidos, v. 38, n. 6, p. 
548-557, dez. 1997. ISSN 0033-3182. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9427852/ >. 
 
6. TOD, D.; EDWARDS, C.; CRANSWICK, I. Muscle Dysmorphia: Current 
Insights. Psychology Research and Behavior Management. Reino Unido, v. 9, 
p. 179-188, ago. 2016. ISSN 1179-1578. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27536165/ >. 
 
7. HOLLENSTED, M. et al., Genetic Insights into Fetal Growth and Measures of 
Glycaemic Regulation and Adiposity in Adulthood: A Family-based Study. BMC 
Medical Genetics. Dinamarca, v. 19, n. 1, p. 207, dez. 2018. ISSN 1471-2350. 
Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30514227/ >. 
 
8. HORIKOSHI, M. et al., Genome-wide Associations for Birth Weight and 
Correlations With Adult Disease. Nature. Reino Unido, v. 538, n. 7624, p. 248-
252, out. 2016. ISSN 1476-4687. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27680694/ >. 
 
9. PAXTON, S. J. et al., Body Dissatisfaction Prospectively Predicts Depressive 
Mood and Low Self-Esteem in Adolescent Girls and Boys. Journal of Clinical 
Child and Adolescent Psychology. Austrália, v. 35, n. 4, p. 539-549, dez. 2006. 
ISSN 1537-4424. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17007599/ >. 
 
10. CONNELL, R. W.; MESSERSCHMIDT, J. W. Hegemonic Masculinity: 
Rethinking the Concept. Gender and Society. Austrália, v. 19, n. 6, p. 829-859, 
dez. 2005. 
 
29 
11. ELGIN, J.; PRITCHARD, M. Gender Differences in Disordered Eating and 
its Correlates. Eating and Weight Disorders. Estados Unidos, v. 11, n. 3, p. e96-
101, set. 2006. ISSN 1590-1262. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17075236/ >. 
 
12. CADEGIANI, F. A.; KATER, C. E. Hypothalamic-Pituitary-Adrenal (HPA) 
Axis Functioning in Overtraining Syndrome: Findings from Endocrine and 
Metabolic Responses on Overtraining Syndrome (EROS)—EROS-HPA Axis. 
Sports Medicine. Brasil, v. 3, n. 1, p. 45, dez. 2017. ISSN 1179-2035. 
Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29222606/ >. 
 
13. MEEUSEN, R. et al., Prevention, Diagnosis, and Treatment of the 
Overtraining Syndrome: Joint Consensus Statement of the European College of 
Sport Science and the American College of Sports Medicine. Medicine and 
Science in Sports and Exercise. Bélgica, v. 45, n. 1, p. 186-205, jan. 2013. 
ISSN 0195-9131. Disponível em: < 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23247672/>.

Continue navegando

Outros materiais