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Resumo de Farmacologia - Medusão de Farmacologia

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~ 
 
E aí pessoal, tudo bem? 
Vamos às considerações sobre o Resumo de Farmacologia: 
 
1. Diferentemente das outras disciplinas do 5º período que têm vários 
professores (como Microbio, Imuno, Parasito, etc.), a Farmaco não divide 
os módulos entre os professores de maneira cronológica. Com isso, os 
professores não esperam que o outro dê todo o seu conteúdo para que o 
próximo comece o seu, de modo que muitas vezes vocês terão aulas de 
diferentes professores sobre diferentes assuntos na mesma semana (ex.: 
ao invés de a Karina dar todo o módulo dela para que depois outro 
professor comece, pode ser que em uma mesma semana vocês tenham 
uma aula da Karina sobre SNA na Segunda-feira, uma do Válter sobre 
abuso de drogas na Terça-feira, e uma da Patrícia sobre Sedativos e 
Hipnóticos na Quarta-feira). Considerando isso, achei melhor dividir o 
resumo em 4 partes, sendo que cada parte corresponde às aulas 
ministradas por cada professor. Acho que dessa forma pode facilitar para 
vocês encontrarem cada uma das aulas. 
 
2. Como o resumo está dividido de acordo com as aulas que cada 
professor costuma dar, se eles resolverem inverter algum tema, pode ser 
que as aulas de um estejam na parte de outro. Se atentem em relação a 
isso. 
 
3. Todas as aulas foram feitas de maneira bastante fiel às aulas. 
Entretanto, eu não consegui acompanhar muito bem as aulas do Válter a 
partir da aula 3, e por isso os resumos 3-8 da parte dele foram feitos 
baseados nas aulas do Sanarflix e no Katzung (e devido a isso, muitas 
vezes não estão semelhantes às aulas). 
 
Um beijo e bons estudos para vocês ♥ 
Medusa 
 
Sumário 
AULAS DA PROFESSORA KARINA .............................................. 1 
FARMACOLOGIA GERAL ............................................................................................................ 2 
ABSORÇÃO............................................................................................................................... 12 
FARMACOCINÉTICA – ELIMINAÇÃO ........................................................................................ 25 
ELIMINAÇÃO RENAL ................................................................................................................ 38 
FARMACODINÂMICA ............................................................................................................... 45 
SNA – REVISÃO FISIOLOGIA ..................................................................................................... 65 
FARMACOLOGIA COLINÉRGICA ............................................................................................... 78 
AGONISTAS COLINÉRGICOS OU COLINOMIMÉTICOS .............................................................. 83 
ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS OU ANTICOLINÉRGICOS ....................................................... 94 
FARMACOLOGIA ADRENÉRGICA ........................................................................................... 104 
AGONISTAS ADRENÉRGICOS OU SIMPATICOMIMÉTICOS..................................................... 117 
ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS OU SIMPATICOLÍTICOS ..................................................... 128 
FARMACOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO .......................................................................... 133 
PRINCIPAIS MECANISMOS DE FÁRMACOS DO TGI ............................................................... 141 
INTRODUÇÃO - DISLIPIDEMIA ............................................................................................... 153 
CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS ..................................................................................... 164 
FÁRMACOS UTILIZADOS NAS DISLIPIDEMIAS - CONTINUAÇÃO ............................................ 176 
INTRODUÇÃO – HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ........................................................... 187 
TRATAMENTO DA HAS .......................................................................................................... 196 
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ..................................................................................................... 217 
AULAS DO PROFESSOR VALTER ............................................ 233 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................................... 234 
PRESCRIÇÃO MÉDICA ............................................................................................................ 241 
ABUSO DE DROGAS – USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ................................................. 251 
ÁLCOOL ETÍLICO .................................................................................................................... 278 
TERAPIAS ANTITROMBÓTICAS .............................................................................................. 286 
ANESTÉSICOS ......................................................................................................................... 311 
GLICOCORTICOIDES ............................................................................................................... 327 
DIURÉTICOS ........................................................................................................................... 336 
AULAS DA PROFESSORA PATRÍCIA ........................................ 347 
FORMAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS ...................................... 348 
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO ................................................... 358 
file:///C:/Users/josej/Downloads/Medusão%20de%20Farmacologia%20(GRANDE).docx%23_Toc78212478
file:///C:/Users/josej/Downloads/Medusão%20de%20Farmacologia%20(GRANDE).docx%23_Toc78212499
file:///C:/Users/josej/Downloads/Medusão%20de%20Farmacologia%20(GRANDE).docx%23_Toc78212508
SEDATIVOS-HIPNÓTICOS ....................................................................................................... 375 
DEPRESSÃO E ANTIDEPRESSIVOS .......................................................................................... 380 
DOENÇA DE PARKINSON ....................................................................................................... 399 
ANTIPSICÓTICOS .................................................................................................................... 417 
AULAS DA PROFESSORA RAÍSSA ........................................... 434 
FARMACOLOGIA DA INFLAMAÇÃO – RESPOSTA INFLAMATÓRIA LOCAL ............................. 435 
ANTI-HISTAMÍNICOS ............................................................................................................. 451 
INFLAMAÇÃO SISTÊMICA ...................................................................................................... 467 
AINEs ..................................................................................................................................... 489 
ARTRITE REUMATOIDE E GOTA ............................................................................................. 503 
ASMA ..................................................................................................................................... 514 
IMUNOSSUPRESSÃO.............................................................................................................. 534 
MEDIADORES LIPÍDICOS PRÓ-RESOLUÇÃO ........................................................................... 550 
FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA DAS VITAMINAS ............................................................... 561 
FARMACOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO – DIABETES MELLITUS E INSULINAS ................ 587 
ANTIDIABÉTICOS ORAIS/ ANTI-HIPERGLICEMIANTES ........................................................... 608 
DIABETES INSIPIDUS .............................................................................................................. 630 
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ANTIBIOTICOTERAPIA .................................................................... 645 
INIBIDORESDE PAREDE CELULAR ......................................................................................... 664 
INIBIDORES DE REPLICAÇÃO E DE TRADUÇÃO ...................................................................... 680 
file:///C:/Users/josej/Downloads/Medusão%20de%20Farmacologia%20(GRANDE).docx%23_Toc78212515
1 
 
 
AULAS DA PROFESSORA KARINA 
2 
 
FARMACOLOGIA GERAL 
Medusa – 86 
A fármaco(droga)logia(estudo) consiste no estudo de substâncias 
químicas que interagem com organismos vivos e provocam alterações no 
organismo. A toxicologia é uma ciência que estuda as drogas que causam 
efeitos tóxicos (não farmacológicos) no organismo. 
Droga: Toda substância externa que provoca alterações fisiológicas. Pode ser 
terapêutica ou induzir a uma doença (ex.: uso exacerbado de anfetaminas pode 
causar depressão em períodos de abstinência). 
Fármaco: É uma substância utilizada para fins terapêuticos, curativos, 
preventivos ou de diagnóstico. 
 
Medicamento: Produto farmacêutico acabado com uma ou mais substâncias 
químicas (princípios ativos), utilizado com uma finalidade definida. 
Remédio: Tudo o que é utilizado para cura ou tratamento de uma doença (ex.: 
acupuntura, massagem, conversas, etc.). 
 
Dose: Quantidade de fármaco por kg corpóreo 
OBS: Medicina Alternativa – Plantas Medicinais 
• Medicamento fitoterápico: possui tantos testes quanto os medicamentos 
tradicionais (medicina alopática). A indústria garante a eficácia do produto. 
• Produto tradicional fitoterápico: a sua produção não possui tantos testes 
quanto os medicamentos tradicionais, mas já é usado há mais de 30 anos pela 
população com uma determinada finalidade. A única obrigação da indústria, 
neste caso, é garantir que está presente uma determinada concentração do 
composto no remédio. 
• Chá: Não há dosagem da substância 
3 
 
FARMACOCINÉTICA 
 A farmacocinética é definida como a atividade que o organismo exerce 
sobre a droga, em quanto tempo age e em que quantidade. Enquanto isso, a 
farmacodinâmica consiste na atividade que o fármaco exerce sobre o organismo. 
 
A dose administrada deve ir para a corrente sanguínea, sendo então 
distribuída e chegando ao sítio de ação. Depois, deve retornar à corrente 
sanguínea para ser excretada (estas etapas da movimentação do fármaco 
correspondem à farmacocinética). Após chegar em seu sítio de ação, o fármaco 
passará a exercer seu efeito e provocar uma resposta clínica (sendo esta ação 
ativa do fármaco, a farmacodinâmica) 
 
4 
 
O estudo da farmacologia é importante para: 
• Se saber qual a posologia adequada do remédio, para saber-se quanto 
da droga chegará no alvo de ação e quanto tempo a droga permanecerá 
no organismo antes de ser excretada 
• Realizar reajuste posológico em situações especiais em função da 
resposta clínica (ex.: saber adaptar a posologia para um paciente com 
uma insuficiência renal) 
• Realizar pesquisas de novos medicamentos 
• Aumentar o sucesso terapêutico e diminuir o risco de efeitos adversos 
A farmacocinética é dividida em etapas concomitantes (ADME): 
Absorção, Distribuição, Metabolização e Eliminação. 
 
 
 
5 
 
ABSORÇÃO 
 Consiste na passagem do fármaco do local de administração para a 
corrente sanguínea. Como a administração de um medicamento pode ocorrer 
por diferentes vias (1ª aula do Valter), a absorção de um fármaco pode possuir 
variações. 
As diferentes velocidades de absorção são influenciadas pela via de 
administração: influencia na velocidade, na % de absorção do fármaco e na 
biodisponibilidade. 
É também influenciada pelo local de absorção. Os vários locais de 
absorção do fármaco também proporcionam diferentes velocidades de absorção. 
Quanto mais rápida a absorção, mais facilmente se alcança a concentração 
necessária do fármaco no sítio de ação. Dentre os principais locais onde o 
medicamento pode ser absorvido, estão: 
• Trato respiratório 
• TGI 
• Trato geniturinário 
• Pele 
• Regiões subcutânea (SC) e intramuscular (IM) 
• Medula óssea 
• Peritônio 
• Mucosa conjuntival 
Para que ocorra a absorção, é necessário que o fármaco passe pelas 
membranas celulares. A membrana celular é constituída por uma bicamada 
lipídica com proteínas inseridas, sendo que, por estas, são transportados 
fármacos, neurotransmissores, íons, além de servirem para ação de alguns 
determinados fármacos. Substâncias lipossolúveis atravessam facilmente a 
bicamada lipídica, bem como pequenas moléculas (gases, pequenas 
substâncias hidrofóbicas, pequenas moléculas apolares e pequenas moléculas 
polares). Todavia, moléculas grandes (mesmo as apolares) ou com carga iônica 
possuem uma maior dificuldade de passagem pela bicamada, necessitando de 
transportadores. A maioria dos fármacos é absorvida por difusão (transporte 
passivo). 
 
6 
 
Pequenas moléculas hidrofílicas podem passar por canais aquosos. 
Todavia, grandes moléculas hidrofílicas entram no interior da célula por meio da 
difusão facilitada. Neste processo, a proteína da membrana envolve a 
substância de interesse, criando um complexo lipossolúvel com esta e 
atravessando a membrana. Para que isto ocorra, é necessário que: 
• A substância a ser transportada possua afinidade com a proteína 
• Não ocorra a saturação do transportador (o que causaria uma limitação 
na velocidade de absorção) 
 
Existe a possibilidade de diferentes fármacos competirem pela mesma 
proteína. Neste caso, será transportado o fármaco que possuir maior afinidade 
com a proteína. 
Os fármacos também podem ser transportados contra o gradiente de 
concentração, por meio do transporte ativo. No transporte ativo, também pode 
ocorrer saturação do transportador e a proteína transportadora também escolhe 
transportar o fármaco com que mais tem afinidade (em caso de haver mais do 
que um presente). 
Nos casos de grandes moléculas, o fármaco pode ser endocitado e 
trazido para o interior da célula. Pode também ocorrer a pinocitose (com 
pequenas partículas), e na maioria destes casos grande parte do fármaco está 
solubilizado. A endocitose e exocitose são processos importantes na liberação 
de neurotransmissores e na endocitose de receptores de fármacos. 
 
7 
 
 Para ser facilmente absorvido, o fármaco deve estar em sua forma não 
ionizada. Grande parte dos fármacos fica em sua forma ionizada no organismo, 
o que auxilia com que o fármaco atue em um local específico (não seja absorvido 
até chegar no seu destino). 
 
Principais fatores interferentes na velocidade de absorção: 
Químicos: 
1. Natureza química (forma farmacêutica) 
A forma farmacêutica é a forma que o medicamento está ao ser administrado 
(ex.: sólida, líquida, semissólida, etc.). A diferença entre um comprimido e uma 
cápsula está na forma de liberar o fármaco da forma farmacêutica: enquanto o 
comprimido consiste em um pó comprimido (que, quanto mais comprimido, 
mais lentamente libera o fármaco no organismo), a cápsula consiste em um 
revestimento que se dissolve no estômago e libera o princípio ativo em forma de 
pó contido em seu interior. 
O comprimido desintegra-se em grânulos, os quais são desintegrados em 
pequenas partículas. As pequenas partículas podem ser melhor dissolvidas, 
deixando o fármaco em solução e, assim, ele pode ser absorvido. 
 
 Amassar comprimidos antes de ingeri-los nem sempre é algo que auxiliará 
em um efeito mais rápido. Por vezes, amassar o fármaco pode fazer com que 
ele seja absorvido mais rapidamente e, com isso, atinja o pico de toxicidade 
rapidamente. Além disso, se o comprimido possuir um revestimento 
gastroresistente, ele perde esta capacidade ao ser triturado. 
 Por vezes, realizar a medicação na forma de comprimidos garante que o 
fármaco seja absorvido mais lentamente e eliminado mais lentamente do que 
nas outras vias, fazendo com que o efeito no organismo seja prolongado. 
 Tablet revestido é uma forma farmacêutica gastroresistente que possui 
umacobertura que será dissolvida apenas no intestino. Os fármacos também 
8 
 
podem ser administrado na forma de solução, a qual não possui a necessidade 
de ser desintegrada, apenas dissolvida. 
OBS: não confundir forma farmacêutica (comprimido, capsula, tablet revestido, 
etc) com via de administração (oral, subcutânea, intravenosa, etc.) 
 
 A absorção de medicamentos administrados por via oral normalmente 
ocorre em nível intestinal, visto que o intestino possui maior variação de pH, 
maior tempo de permanência do alimento e maior área de absorção 
2. Peso molecular (tamanho da molécula) 
Caso a molécula seja muito grande, o seu transporte para dentro da célula é 
realizado por proteínas que possuam afinidade com o fármaco. 
3. Grau de solubilidade 
Nem todo fármaco é solúvel e estável. Devido a isso, por vezes ele pode ser 
alterado pela indústria farmacêutica para que alcance esse objetivo. O princípio 
ativo do medicamento pode estar ou não na forma de sal, podendo haver 
também aglutinantes, espessantes, açúcares, corantes, etc. Todos estes são 
excipientes que não possuem efeito no organismo (são inertes, mas estão ali 
para auxiliar que o princípio ativo tenha efeito). 
9 
 
Também deve-se atentar se as enzimas digestivas não vão digerir o princípio 
ativo do medicamento. Para isso, pode ser necessária a presença de uma 
película gastro-resistente. 
4. pH e grau de ionização 
Os fármacos são geralmente ácidos fracos ou bases fracas (os quais se 
dissociam parcialmente; ácidos e bases fortes são aqueles que se dissociam 
100%). 
O pKA consiste em uma constante de dissociação da molécula. É o pH no 
qual onde 50% do fármaco está em sua forma ionizada (I) e 50% na forma não 
ionizada (NI). A forma que atravessa as membranas plasmáticas é a forma não 
ionizada. 
Durante o TGI, há proporções diferentes entre a forma I e a NI, o que ocorre 
devido à variação de pH que ocorre no tubo digestório e também porque o 
medicamento vai sendo progressivamente absorvido (reduzindo a forma NI) 
Se o fármaco está fora de seu pKA, prevalece uma das formas (I ou NI): 
• Se o fármaco é um ácido fraco: se está em um pH inferior a seu pKA, o 
ácido HA fica predominante em sua forma não ionizada HA (não precisa 
liberar seu H+ pois já há muitos circulantes) 
 
• Se o fármaco é uma base fraca: se está em um pH superior a seu pKA, a 
base B fica predominantemente em sua forma não ionizada B (e não BH+, 
visto que há poucos H+ para receber os do meio) 
 
 A ingestão de antiácidos pode causar uma maior ou menor excreção de 
algum medicamento. Se for objetivada uma maior excreção, deve-se manter o 
medicamento em sua forma ionizada (para que assim ele não consiga ser 
absorvido, já que a forma absorvida é a não ionizada). Devido a isso, para se 
realizar uma maior excreção de um medicamento ácido, deve-se alcalinizar a 
urina do paciente com bicarbonato de sódio (para que assim a forma 
predominante seja a ionizada – linha azul). O contrário acontece ao se comparar 
a ingestão de aspirina (pKA ácido) e de aspirina C (com vitamina C): a vitamina 
C (ácido ascórbico) acidifica a urina, fazendo com que o fármaco ácido (pKA) 
10 
 
fique em sua forma não ionizada, sendo assim reabsorvido e permanecendo 
mais tempo no organismo. 
 Os diferentes pHs encontrados no sistema digestório fazem com que os 
diferentes fármacos sejam absorvidos em locais distintos (sendo o intestino o 
sítio de maior absorção). Há também a influência da solubilidade, do tempo de 
contato do órgão com o fármaco e também da quantidade da irrigação do local: 
 
 Apesar de ter influencia na absorção do medicamento, o pH não deve ser 
modulado visando uma melhor absorção. Para isso, deve-se escolher uma via 
que possibilite uma maior % de absorção do fármaco. A via de administração 
está relacionada com a área e com a velocidade de absorção do medicamento. 
 
Fisiológicos: 
1. Motilidade gástrica e intestinal 
Se o trânsito do esvaziamento gástrico for mais acelerado, o medicamento 
chega mais rapidamente no intestino e é melhor absorvido. Há alguns fármacos 
que aceleram e outros que desaceleram o esvaziamento gástrico. Alimentos 
líquidos exercem uma maior pressão na parede do estômago, favorecendo o 
esvaziamento gástrico. Enquanto isso, alimentos sólidos e gordurosos dificultam 
o esvaziamento gástrico. 
Como a grande maioria dos medicamentos é absorvida no intestino delgado, 
um menor trânsito intestinal faz com que o alimento permaneça durante mais 
tempo no intestino, ocasionando uma maior absorção. Um trânsito intestinal 
aumentado, portanto, causa uma menor absorção (que é o que ocorre, por 
exemplo, durante uma diarreia). 
 
2. Presença de alimento no estômago 
Enquanto os alimentos líquidos favorecem o esvaziamento gástrico (e com 
isso favorecem a absorção, já que o fármaco chegará mais facilmente ao 
intestino), alimentos sólidos e gordurosos retardam o esvaziamento. 
 
 
11 
 
3. Fluxo sanguíneo 
Quanto maior o fluxo sanguíneo, maior a absorção (o fármaco passa mais 
rápido do meio mais concentrado (luz intestinal) para o menos concentrado 
(sangue)). Massagens aumentam o fluxo sanguíneo, podendo ajudar a 
absorção. 
4. pH no sítio de absorção 
Determinados fármacos são projetados para que sejam absorvidos em um 
local ou em outro, dependendo do pH da região. 
 
 
Há medicamentos para determinada finalidade (ex.: alguns para retocolite 
ulcerativa) que são parcialmente degradados por bactérias do cólon para agir 
especificamente lá (elas quebram uma ligação do fármaco e assim ele é 
absorvido). 
 
 
Efeito Local x Efeito Sistêmico 
Efeito Local: Não é absorvido e não entra na corrente sanguínea, agindo apenas 
no local (ex.: antiácido para queimação estomacal – o paciente engole o 
medicamento, que não é absorvido e então é eliminado nas fezes). 
Efeito Sistêmico: É absorvido, caindo na corrente sanguínea e afetando então 
diversos tecidos 
12 
 
ABSORÇÃO 
Medusa – 86 
(continuação da aula anterior) 
Os fatores interferentes podem interferir na velocidade e na quantidade 
de absorção do fármaco. 
Pacientes que possuem doenças que ocasionem alteração do fluxo 
sanguíneo (acamados, choque, IC) possuem defasagens na absorção. 
 
Efeito de primeira passagem 
É a perda do fármaco antes da chegada na circulação sistêmica. Neste 
processo, o fígado é um órgão importante. Como a via oral é a mais comumente 
utilizada, o fígado normalmente faz parte do trajeto do fármaco: do intestino, o 
fármaco vai para a circulação portal, indo ao fígado e depois para a circulação 
sistêmica. 
 
Além disso, pode haver perda da droga ativa sem ser via sistema 
hepático: se as enzimas digestivas degradam o medicamento (ex.: omeoprazol, 
que tem que ser gastroresistente para não ser degradado). Na via endovenosa, 
não há perdas da droga ativa, visto que ela já está na corrente sanguínea e não 
precisa ser absorvida. 
 
Biodisponibilidade 
É a quantidade de fármaco que chega intacto na circulação sistêmica, 
após a degradação local (se houver). O fármaco ingerido pela via oral nunca é 
13 
 
100% biodisponível, já que chega primeiro no sistema porta-hepático, sendo 
parte degradado e parte liberado para seguir na corrente sanguínea. 
A biodisponibilidade é medida pela relação entre a quantidade de fármaco 
que estaria presente na corrente sanguínea se fosse administrado pela via 
endovenosa (quando 100% da droga está na corrente sanguínea) e a 
disponibilidade dos fármacos ao se administrar por outra via (quantos % chega 
na corrente sanguínea por esta via). A que mais se aproxima da endovenosa é 
a sublingual (após passar pela mucosa, já cai na corrente sanguínea, possuindo 
uma biodisponibilidade próxima de 100%) 
 
 
• A administração por via IM pode doer porque demora para o musculo (que 
tem muita agua) absorver o medicamento lipossolúvel. 
14 
 
• Apesar da transdérmica não ter efeitode primeira passagem, não é 100% 
por outros motivos. 
Cálculo da biodisponibilidade: é mensurada por meio de um gráfico da 
quantidade do fármaco no organismo pelo tempo. Mede-se quanto tempo após 
a ingestão é necessário para chegar na concentração máxima (tmax e Cmax) e 
quanto tempo ele leva para ser eliminado. O cálculo da biodisponibilidade 
acontece através da área sob a curva explicada anteriormente, comparando as 
suas características na via ministrada e na via intravenosa (na qual se há certeza 
de que tudo foi biodisponibilizado). 
 
Bioequivalência 
Este cálculo é importante para testar a efetividade de medicamentos 
genéricos ou similares. Genéricos e similares possuem a mesma concentração 
e princípio ativo que o medicamento de referência (“originador”, que possui a 
patente de sua fabricação), mas podem possuir variações. 
Para se estudar a bioequivalência entre os medicamentos, deve-se levar 
em consideração três variáveis do gráfico da biodisponibilidade: a área sob a 
curva, a concentração máxima e o tempo máximo. Além disso, o 
medicamento deve possuir o mesmo princípio ativo que o de referência. 
15 
 
 
Um medicamento bioequivalente é aquele que possui o mesmo princípio 
ativo que o de referência, a área sob a curva semelhante em 80 a 125% da área 
do medicamento de referência, bem como a cmax semelhante e o tmax 
semelhante em 80 a 125% do medicamento de referência. 
 
O medicamento genérico consiste em um medicamento que deve ser 
bioequivalente ao medicamento de referência. O medicamento similar, 
entretanto, pode possuir algumas diferenças, não possuindo por vezes o tmax, 
a cmax ou a área sob a curva semelhantes ao de referência. Há na lista na 
ANVISA quais medicamentos similares são bioequivalentes e passam pelos 
mesmos testes que o de referência – mas nem todos os similares passaram por 
todos os testes como o de referência. 
Se o medicamento similar estiver na lista da ANVISA, pode-se trocar um 
de referencia por um similar. É permitida a troca de um de referência por um 
genérico. Todavia, não se pode trocar de um medicamento genérico para um 
similar e nem de um similar para outro similar. 
16 
 
 
Faixa de ação terapêutica: É uma faixa presente no gráfico da biodisponibilidade 
que mostra um intervalo entre uma concentração efetiva mínima e uma 
concentração máxima tolerada. A concentração plasmática deve estar dentro da 
faixa para que o fármaco tenha o efeito desejado. 
 
Se o medicamento estiver na faixa, tiver a mesma área sob a curva, mas 
não ter a cmax no tmax como descrito anteriormente, NÃO É BIOEQUIVALENTE 
– o medicamento fará efeito no paciente (podendo ser similar), mas não será 
bioequivalente. 
17 
 
 
 
 
Todavia, isso depende do fármaco, pois altas doses podem alcançar a 
concentração de intoxicação. Isto ocorre se a dose for superior à capacidade de 
eliminação (ultrapassa a cmáx tolerada). Deve-se trabalhar preferencialmente 
com fármacos que não fiquem tão próximos da cmax tolerada, pois a 
proximidade dela faz com que, se ocorrer qualquer problema na excreção do 
fármaco, seja alcançada uma concentração de intoxicação. 
18 
 
 
Ao atingir a cmax tolerada, há efeitos colaterais indesejáveis não 
toleráveis (ex.: uso de antineoplásicos – ultrapassa, por isso tem efeitos como 
quedas de plaqueta e imunossupressão, mas a dose acaba sendo necessária 
para evitar a morte do paciente pelo CA). Os efeitos colaterais que estão abaixo 
da cmax são os toleráveis (ex.: constipação devido ao uso de buscopan). 
 
19 
 
FARMACOCINÉTICA – DISTRIBUIÇÃO 
 Ao chegar na corrente sanguínea, o fármaco em seguida será distribuído 
para todo o organismo. Distribuição é o transporte reversível e dinâmico do 
fármaco absorvido para os diversos compartimentos do organismo. A 
distribuição vai do sangue para o tecido e do tecido para o sangue (para ser 
excretada) – por isso é um processo dinâmico e reversível. 
 
Do peso total de um ser humano, 60% é água. Desta água, 20% está no 
liquido extracelular, sendo 14% no interstício, 4% no plasma e 2% nos outros 
locais. O compartimento central do organismo é o plasma (é ele quem está no 
centro e distribui substâncias para os outros tecidos do organismo). O 
compartimento periférico são os outros tecidos do organismo. Há 
aproximadamente 4 litros de plasma em uma pessoa de 70 kg. 
 
20 
 
Como o sangue do plasma tem que ir para os tecidos novamente, é 
necessário que sejam tomadas todas as considerações acerca da passagem por 
membranas. Quando o fármaco chega na corrente sanguínea, parte do fármaco 
fica livre e parte fica na sua forma ligada à albumina ou à alfa-1-glicoproteína 
ácida. O fármaco na forma ligada é chamado de fármaco inerte (não consegue 
sair do vaso porque ficou muito grande – funciona como uma reserva da 
substância). 
FATORES INTERFERENTES NA DISTRIBUIÇÃO: 
1. Fluxo sanguíneo 
2. Taxa de perfusão 
3. Permeabilidade através da membrana 
a. Peso molecular 
i. Ex.: Ao se ligar com a albumina, não consegue atravessar a 
parede do vaso 
b. Coeficiente de partição óleo-água 
i. É necessário que o fármaco possua hidrossolubilidade para 
se dissolver no líquido intersticial e características 
lipossolúveis para atravessar as membranas – se é muito 
lipo, atravessa a membrana, mas não o interstício (a não ser 
que tenha um transporte que não a difusão passiva). 
c. pH e grau de ionização 
i. O ph intracelular e extracelular são diferentes: isso faz com 
que a ionização vá variando conforme o fármaco vai 
passando pelos locais. Pode acontecer o aprisionamento de 
um fármaco em determinado compartimento (se ele ficar 
muito ionizado no local, é difícil de sair de lá). 
4. Ligação dentro do compartimento (organotropismo) 
a. Alguns fármacos ficam concentrados em determinados 
órgãos/tecidos 
5. Ligação a proteínas plasmaticas 
6. Volume de distribuição 
 
1. FLUXO SANGUÍNEO 
O fluxo sanguíneo está diretamente relacionado à velocidade de distribuição: 
se aumenta-se o fluxo, aumenta-se a distribuição (assim como a absorção). Há 
alguns órgãos que são mais perfundidos (como os rins, fígado, pulmão, coração 
e cérebro – mas este tem a barreira hematoencefálica). As menores perfusões 
estão na pele, músculo em repouso e no tecido adiposo. 
Barreira hematoencefálica: nela, há zonas de oclusão (células estão 
extremamente unidas), dificultando a passagem do fármaco. É formada pela 
estrutura capilar: seu endotélio de células muito juntas e sua membrana basal. 
Um fármaco ionizado não é capaz de passar por ela, um lipossolúvel é capaz e 
os mediados por transportadores também. Se a proteína responsável pelo 
transporte do fármaco para fora do capilar se esgotar, ou houver alguma 
21 
 
substancia que compete com o fármaco em sua ligação, podem haver falhas no 
transporte (não transportar ou transportar errado). Como o espaço para 
passagem é muito pequeno, apenas a forma livre consegue passar (a inerte é 
muito grande). 
O mesmo ocorre na membrana placentária (também há seletividade dos 
fármacos) e na zona de gatilho quimiorreceptora. A zona de gatilho 
quimiorreceptora é uma região no SNC anterior à chegada ao centro do vômito; 
ela apresenta uma falha da barreira hematoencefálica – há fármacos que não 
atravessam a barreira, mas atuam no SNC (nesta zona). Nesta zona, há 
receptores dopaminérgicos, os quais também estão presentes em outras áreas: 
área nigroestriatal e área mesolímbica e mesocortical. Devido a isso, se for 
ministrado um fármaco que se liga a um receptor dopaminérgico, ele se ligará às 
3 áreas, agindo nas 3. Ex.: Se é ministrado um fármaco para Parkinson para agir 
na área nigroestriatal, o medicamento pode causar vômitos também. Isto pode 
ser controlado ao se ministrar medicamentos antihemeticos que não passam 
pela barreira hematoencefálica, porque assim vão passar apenas pela falha e 
agir só na zona de gatilho. 
Alguns antimicrobianose antifúngicos não atravessam a barreira 
hematoencefálica em pacientes saudáveis, mas em algumas doenças 
conseguem atravessar (como em meningites). Durante o processo infeccioso, 
há a passagem de células de defesa pela parede dos vasos, deixando frestas 
pelas quais o fármaco passa. No gráfico, é possível observar que a concentração 
do fármaco em pacientes com meningite é semelhante à encontrada no sangue, 
mostrando que o medicamento é capaz de atravessar a barreira. 
 
Forma livre e forma ligada 
22 
 
A quantidade que vai estar na forma ligada depende da característica do 
fármaco e da afinidade que ele possui com as proteínas plasmáticas. Se for 
ligado 90% ou mais com a proteína plasmática, é considerado um fármaco de 
ligação forte. Quando esta ligação é inferior a 90%, se considera que o fármaco 
se liga fracamente às proteínas plasmáticas. 
Exemplo (supondo um fármaco com ligação forte): como a parte livre é a 
parte distribuída, após ela entrar no tecido, os 90% que ficaram ligados e não 
entraram no tecido agora mudam o equilíbrio para que esteja 10% livre e 90% 
ligado novamente – por isso a parte ligada é chamada de reserva. Isso é 
importante pois a parte que será metabolizada no fígado e excretada é a parte 
livre. Quanto mais fortemente ligada, mais tempo demora para a droga ser 
distribuída e metabolizada. 
 
O ph dos fármacos interfere na afinidade com a albumina. Se houver 2 
fármacos com afinidade com a albumina, mas um deles tiver mais afinidade, o 
outro será “deslocado” e ficará livre, sendo mais facilmente absorvido. Este fator 
pode causar um efeito tóxico se o fármaco que ficar livre possuir uma pequena 
janela terapêutica (que é a diferença entre a concentração mínima efetiva e a 
concentração máxima tolerada) e ele for fortemente ligado às proteínas. 
Exemplo: 
 
 
 
 
Fatores que interferem na relação de o fármaco estar livre ou ligado 
23 
 
• Saturação proteica: raramente acontece, pois a quantidade de fármaco 
tem que ser muito alta para acabar com a albumina. Apenas ocorre em 
casos de hipoalbuminemia, como na síndrome nefrótica, em intensas 
proteinúrias, na cirrose, no CA, em queimaduras, em desnutrição, etc. 
• Concentração de proteínas plasmáticas em situações patológicas (como 
na síndrome nefrótica mencionada acima) 
• Interações farmacológicas (ex.: acido acetilsalicílico acetila um 
aminoácido da albumina, de modo que ela muda sua estrutura e fica mais 
difícil de outros fármacos ligarem). 
Volume aparente de distribuição 
Consiste na quantidade de fármaco que não está presente na corrente 
sanguínea, mas sim distribuída nos tecidos. Avalia a extensão da distribuição do 
fármaco além do plasma (nos tecidos) – não é possível saber em que tecido 
está, mas sim que não está no plasma. Isso é importante para a determinação 
da dose e da posologia (se ele está muito no tecido, tem muita forma livre – se 
tem muita forma livre, pode ser muito excretado: o que é importante para o 
estabelecimento da faixa de ação terapêutica). 
É entendido como o volume necessário para conter a quantidade total do 
fármaco no organismo na mesma concentração presente no plasma (o tanto 
dissolvido nos tecidos tem que ser igual ao do plasma). É calculado se dividindo 
a dose no tecido (em mg) pelo tanto de fármaco que está no plasma. 
 
Exemplo: Se a concentração do plasma é 5 mg/l, e dentro do tecido há 20g, ele 
tem que estar em 4l (20/5 = 4). Quanto maior o volume de distribuição, mais ele 
está distribuído (mais entrou no tecido e menos ficou no sangue - mesmo se 
estiver acumulado em apenas um local, só interessa que não está no plasma). 
 
24 
 
Exemplo 2: Se há 600 mg no tecido e a concentração plasmática é de 120 mg/l, 
o tanto de volume que deveria ter é 5Litros (600/120 = 5l). 
 O volume de distribuição não é necessariamente o quanto em litros há 
dentro do corpo, mas é uma informação que diz sobre quão rápida é a 
distribuição do fármaco (ex.: o do diazepan é 140 L, querendo dizer que 
rapidamente ele vai pra dentro do tecido – se houver 10g dentro do tecido, quer 
dizer que há apenas 0,07g/L no plasma, mostrando que quase nada fica no 
plasma e a maioria é rapidamente absorvida). 
Para alcançar um alto volume de distribuição aparente, o fármaco deve 
possuir fraca ligação com proteínas, possuir uma grande fração não ionizada 
e/ou ser lipossolúvel, estando mais no tecido do que no vaso, possuindo uma 
distribuição rápida. Para um baixo volume de distribuição aparente, o fármaco 
deve possuir alta ligação com proteínas, ser hidrossolúvel, ser uma grande 
molécula (alto peso molecular) e/ou possuir uma grande fração ionizada – nestes 
casos, está mais no vaso que no tecido, possuindo uma distribuição lenta. 
Pode haver proteínas nos tecidos que também se ligam com os fármacos 
(ex.: no tecido adiposo há uma proteína que segura o fármaco nesse 
compartimento). Neste caso, para voltar para a corrente sanguínea, ele também 
tem que estar livre. Esse armazenamento pode ocorrer no tecido ósseo, adiposo, 
etc. Estes locais funcionam como um depósito farmacológico. 
 Se há muito do fármaco no tecido, há pouco no sangue: desta forma, há 
pouco para ser eliminado – conclui-se que o volume de distribuição interfere no 
tempo de meia vida do fármaco, pois influencia se ele será mais facilmente ou 
mais dificilmente eliminado. 
 
 
 
 
25 
 
FARMACOCINÉTICA – ELIMINAÇÃO 
Medusa - 86 
 A eliminação abarca dois processos farmacocinéticos: 
• Biotransformação: Consiste na eliminação da ação do fármaco no 
organismo (da sua capacidade em provocar alterações fisiológicas – o 
fármaco é modificado estruturalmente e a sua ação tem fim). Pode 
acontecer em diversos locais, mas ocorre principalmente no fígado 
• Excreção: A retirada (saída) do fármaco do organismo. Pode acontecer 
em diversos locais, mas ocorre principalmente no rim. 
 
BIOTRANSFORMAÇÃO 
 A capacidade das moléculas de ser parte hidrossolúvel e parte 
lipossolúvel também é importante para a excreção. O fármaco deve ser 
lipossolúvel para sair do tecido (passar pela membrana) e hidrossolúvel (para 
ser eliminado pelos rins). A conversão das características lipossolúveis da 
substância para hidrossolúveis ocorre no fígado (devem estar mais hidrofílicas 
para serem eliminadas). Normalmente, conforme vão ocorrendo estas 
transformações, os metabólitos são modificados para uma menor atividade 
farmacológica. 
 Conforme estes processos vão acontecendo, vai havendo perda da 
atividade do fármaco, ou a atividade vai sendo modificada para uma menor 
resposta farmacológica. 
 
REAÇÕES DE FASE 1 E 2 
 Estas reações ocorrem com um fármaco lipofílico, para se tornar 
hidrofílico. As reações de fase 1 são mais simples e acabam 
expondo/revelando um grupo funcional da molécula do fármaco. São 
reações enzimáticas (hidrólise, oxidação ou redução) em que a enzima deixa 
aparente uma hidroxila, um grupamento sulfeto ou um grupamento amina, para 
que, na reação de fase 2 ocorra a adição de um grupamento a essa nova 
molécula (processo de conjugação). 
 
26 
 
 Certos grupamentos também podem ser conjugados na fase 1, mas 
geralmente isto ocorre na fase 2. Há fármacos que vão diretamente sofrer a fase 
2. Há outros que não passam por nenhuma das fases e são eliminados – este 
último caso ocorre se o fármaco for de característica hidrossolúvel. Como os 
fármacos são eliminados pelo rim, se o paciente tiver uma insuficiência renal, 
deve-se ajustar a dose e a posologia. 
 
 Estas fases podem ocorrer concomitantemente. Há determinadas 
enzimas que participam de cada uma das fases: 
• Fase 1: oxidases da família do citocromo P450 (CYP450), que são 
enzimas microssomais 
• Fase 2: há 2 enzimas importantes: a que adiciona o grupamento 
glicuronideo e a glutationa transferase. 
 Normalmente, o fármaco vai ficando cada vez mais polar para ser 
eliminado. 
A formação de um metabólito glicuronideo(conjugação com um ácido 
glicurônico) normalmente resulta em perda total da atividade do fármaco. Há 
exceções (ex.: a morfina com ácido glicurônico fica até mais potente). 
 
Enzimas da reação de fase 1: 
 Há aproximadamente 12 famílias do citocromo P450 e também as suas 
subfamílias. As famílias são o nome (ex.: na 2D/6, é a região 2D) e as subfamílias 
são a região após a barra (ex.: na 2D/6, a região /6). São todas oxidases, sendo 
que a maioria delas não é tão especifica (metabolizam diversas substâncias). 
São enzimas microssomais (vêm do retículo endoplasmático e ficam retidas 
em um microssomo). 
27 
 
As principais formas (que metabolizam cerca de 75% dos fármacos) são: 
• Isoforma 3A4/5: Quase metade dos fármacos disponíveis no mercado são 
metabolizados por esta enzima. 
• Isoforma 2D/6 
• Isoforma 2C8/9 
Se houver alteração no conteúdo enzimático, haverá alteração na 
metabolização dos fármacos (podendo ser tanto favorecendo o metabolismo – e 
assim eliminando mais rápido e não atingindo o efeito desejado – ou diminuindo 
o metabolismo – acumulando-se a droga, fazendo com que seja atingida a cmax 
tolerada e causando quadro de intoxicação). 
Além das enzimas microssomais, há as enzimas não microssomais 
responsáveis pela fase 1 também: 
• MAO (monoaminoxidase): enzima responsável pela degradação de 
catecolaminas 
o Há fármacos que modulam a MAO (ex.: antidepressivos - são 
inibidores de MAO) 
• Álcool desidrogenase: realiza metabolismo do álcool 
• Pseudocolinesterase: degrada acetilcolina; está presente na corrente 
sanguínea. 
o Inseticidas interferem na pseudocolinesterase. Medicamentos para 
o Alzheimer também interferem. 
 
Enzimas da reação de fase 2: 
• Glutationa transferase: É importante na detoxificação 
• Enzima que faz adição do grupamento do glicuronídeo. A adição de 
um glicuronideo diminui a atividade do fármaco na maioria das vezes. 
 
Ex.: Biotransformação do ácido acetilsalicílico: Já no estômago, há a hidrolise 
(tornando-se ácido salicílico) (1). Parte dele será absorvido e parte será ligada a 
proteínas plasmáticas para ser distribuída (2). 90% de sua concentração está na 
forma ligada. Parte dele já será excretada na urina (10%, dependente de pH) em 
sua forma inalterada (3). Do ácido salicílico, há a formação de metabólitos 
glicuronideos (4) e adição do grupamento glicina (4) (que facilita a eliminação do 
ácido acetilsalicílico). 
28 
 
 
 A alimentação pode interferir no pH urinário, interferindo no processo de 
reabsorção de fármacos nos rins (visto que o pH influencia em que fração estará 
predominantemente o fármaco, ionizada – não sendo reabsorvida – ou não 
ionizada – sendo reabsorvida). 
Ex2: Biotransformação do paracetamol. A dose normal causa a formação do 
metabólito sulfeto, de um glicuronideo e de um intermediário reativo (1). A 
glutationa transferase é a principal enzima responsável por realizar a 
detoxificação (retirada dos intermediários reativos produzidos no metabolismo 
do oxigênio), de modo que a glutationa transferase desativa este intermediário 
reativo, eliminando-o nos rins (2). O paracetamol pode causar hepatotoxicidade 
se tomado excessivamente (dose alta ou constantemente), pois forma em 
excesso os glicuronideos, o sulfato, e o intermediário reativo. Se houver 
diminuição da concentração da glutationa ou a sua saturação (3) (todas estas 
enzimas estarem sendo utilizadas devido a um uso prolongado de paracetamol), 
demorará mais tempo para que os intermediários reativos sejam eliminados. 
Acumula-se então um metabolito reativo em excesso (4), não havendo glutationa 
suficiente para eliminá-lo: culmina em uma hepatotoxicidade (5). 
29 
 
 
A hepatotoxicidade pode ocorrer também devido a um consumo 
exacerbado de álcool combinado com o paracetamol. Isto ocorre pois no 
30 
 
metabolismo de ambas as substâncias está envolvida uma mesma isoforma de 
uma enzima do citocromo P450: a isoforma 2E1. Com isso, ambas as vias de 
metabolização vão concorrer pela mesma enzima, fazendo com que seja 
alcançada uma saturação dela e a depuração do intermediário reativo do 
paracetamol demore mais para ocorrer, culminando em um efeito hepatotóxico. 
 
 
 
FATORES QUE AFETAM A BIOTRANSFORMAÇÃO 
• Idade 
o Redução do volume hepático 
o Redução do fluxo sanguíneo hepático (15-45%) 
o Redução na atividade de algumas enzimas microssomais 
(CYP450) 
• Fatores genéticos e características metabolizadoras individuais 
• Fatores patológicos relacionados ao fígado e desnutrição 
• Fatores ambientais (exposição a poluentes) 
• Interação medicamentosa (+ importante) 
o Indução enzimática 
o Inibição enzimática 
Idade 
 Deve-se levar em consideração RNs e pacientes idosos. Idosos vão tendo 
diminuição do tamanho do fígado, do fluxo sanguíneo (em 15-45%) e da 
capacidade de produção de enzimas metabolizadoras (é um processo natural do 
organismo). A TFG também vai sendo diminuída (aos 50 anos – há uma redução 
de 25%; aos 75 anos – 50%). 
 Em um RN a termo, demora-se aproximadamente 8 semanas para que 
ocorra o metabolismo semelhante/parecido com o adulto. Com 6 meses, a 
eliminação do recém nascido é o dobro da do adulto (e depois se altera 
novamente). 
 Como nestes casos é diminuída a metabolização do medicamento, se ele 
ficar muito no organismo, pode passar a interferir em outros locais. 
31 
 
Ex.: Diazepan: se o paciente utiliza o medicamento há vários anos, é necessário 
realizar a adaptação da dose conforme a idade vai avançando, pois a 
metabolização pode estar menor, e com isso o fármaco estar se acumulando no 
organismo. Quando em excesso, um dos efeitos do diazepan é o acometimento 
da memória. 
 
Fatores genéticos e características metabolizadoras individuais 
 Há isoformas em que há polimorfismos genéticos. Devido a isso, há 
pacientes classificados como metabolizadores rápidos ou metabolizadores 
lentos. Como consequência, alguns pacientes podem precisar de uma dose 
maior ou menor do medicamento (dependendo do polimorfismo da enzima). 
Ex.: Polimorfismo na 2D6 em um paciente que faz uso de codeína. A codeína 
precisa ser biotransformada para ter efeito analgésico – no caso em que há o 
polimorfismo, ela não consegue ser biotransformada, de modo que ela não causa 
o efeito desejado no paciente. 
 
Fatores patológicos relacionados ao fígado e desnutrição 
 Doenças como cirrose, insuficiência hepática e desnutrição (influencia 
também na distribuição) influenciam na metabolização dos fármacos. 
 
Fatores ambientais 
 A fumaça do cigarro e o CO (monóxido de carbono) modificam o 
metabolismo hepático na quantidade de enzimas produzidas. 
 
Interação Medicamentosa 
 Ocorre quando um fármaco A interfere na concentração de uma enzima 
que metaboliza um fármaco B, aumentando ou diminuindo a concentração desta. 
• Indução enzimática: 
Imagine um fármaco ativo A e um B. Um fármaco A induz a maior 
formação de determinada enzima, a qual metaboliza o fármaco B. Se ingerir 
o fármaco B, ele será metabolizado mais rápido (porque o A fez ter mais 
enzimas) e eliminado mais rápido – necessita aumentar a dose ou a sua 
frequência de administração para que ele tenha efeito (alcance a 
concentração desejada). Isso só acontece se a enzima que A induziu o 
aumento seja a que metaboliza B. 
32 
 
 
• Inibição enzimática 
 Pode acontecer por uma competição; por um fármaco que se liga/inibe a 
enzima de degradar outro; e em situações nas quais o fármaco interfere em 
fatores ou cofatores enzimáticos. 
 Suponha-se um fármaco A e um fármaco B. O fármaco A, por um dos 
mecanismos citados acima, realiza a inibição enzimática do fármaco B. A 
diminuição de enzimas capazes de metabolizarem B faz com que o fármaco B 
não seja metabolizado e fique mais tempo no organismo (podendo até mesmo 
alcançar a Cmax tolerada). Neste caso, deve-se diminuir a dose e diminuir a 
frequência de administração (tomar mais distanteum do outro). O fármaco que 
vai ser metabolizado mais rapidamente é o que tem maior afinidade pela enzima. 
 
Ex.: Ciclosporina é imunossupressor, sendo utilizado, por exemplo, em casos de 
transplantes (para evitar a rejeição). Com este efeito, o organismo fica 
susceptível a ter um quadro infeccioso (por fungos, por exemplo). 
33 
 
• Ao se tomar um antifúngico (itraconazol), que é um inibidor enzimático da 
enzima que metaboliza a ciclosporina, há uma diminuição da 
metabolização da ciclosporina e seu acumulo no organismo, o que pode 
levar a um quadro indesejável de nefrotoxicidade. 
• Se for utilizada Erva de São Joao, que é um indutor enzimático da enzima 
que metaboliza a ciclosporina, aumenta-se o metabolismo da 
ciclosporina, de modo que ela é rapidamente degradada e eliminada, 
havendo então uma suspensão do efeito imunossupressor e causando-
se uma rejeição ao transplante (que foi o motivo que levou ao uso da 
ciclosporina). 
 
 Há alguns anticonvulsivantes que aumentam a sua própria metabolização 
(exigem reajuste periódico). Nestes casos, o próprio fármaco realiza indução 
para si mesmo (normalmente isso não acontece, sendo geralmente um fármaco 
A que interfere na concentração da enzima que metaboliza um fármaco B). 
• A enzima que A induz o aumento da produção não necessariamente é a 
que o metaboliza ex.: droga A induz o aumento de 2D6 mas é 
metabolizada pela enzima 3A4/5. 
 Em nem toda indução ou inibição enzimática haverá a necessidade de 
adaptação da posologia: se ainda estiver dentro da faixa terapêutica, não há a 
necessidade de adaptação. 
 
 
34 
 
PRÓ-FARMACO 
 É uma substancia inativa que, ao ser metabolizada no organismo, dará 
origem ao fármaco/forma ativa. Dentre os motivos que levam o fármaco a ser 
ministrado assim, estão as possibilidades de o fármaco não atravessar a barreira 
hemato-encefálica em sua forma ativa ou não ser solúvel na forma ativa, sendo 
ministrado então na forma de pró-fármaco. 
 A questão de inibição e indução enzimática será o contrário com o pró-
fármaco. A indução levará a um aumento do efeito: causará um aumento da 
metabolização que causa a transformação da pró-droga em droga ativa (levando 
a um aumento da concentração plasmática e chegando a um efeito exagerado e 
tóxico). Nestes casos, é necessário diminuir a dose ou a frequência (é o 
contrário). 
 
 No processo de inibição enzimática, não é possível que ocorra a 
transformação do pró-farmaco na forma ativa, havendo pouca concentração da 
forma ativa na corrente sanguínea e menor efeito. Para corrigir, deve-se trocar 
de fármaco utilizado, dando um fármaco ativo ao invés de uma pró-droga. 
 
35 
 
A dopamina não é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. Por 
isso, é ministrada a pro-droga (levodopa), pois ela consegue atravessar a 
barreira, sendo convertida em dopamina no SNC (é utilizada em casos de 
Doença de Parkinson). 
Se o paciente possuir um problema hepático, é preferível se prescrever 
um fármaco em forma ativa (para que não seja necessária a sua metabolização 
hepática e se alcance melhor efeito no organismo). Ex.: Prednisona → 
Prednisolona (se houvesse insuficiência hepática, prescrever a prednisolona 
diretamente por ser a droga ativa). 
 
 
CLEARANCE – ELIMINAÇÃO: DEPURAÇÃO DE FÁRMACOS E 
METABÓLITOS 
 A depuração é o parâmetro farmacocinético fundamental que descreve a 
eliminação. A eliminação pode ser feita por meio da: 
• Eliminação biliar e circulação entero-hepática 
• Excreção fecal 
• Excreção renal (a principal) 
• Eliminação pulmonar 
• Outras formas: saliva, leite materno, suor, lágrimas. 
 
CL total = CL hepático + CL renal + CL pulmonar + CL outros 
(a eliminação total considera as diferentes formas de eliminação de fármaco) 
 
A depuração define a taxa de eliminação do fármaco. É calculada por: 
Depuração = Cp (concentração plasmática) x CL total 
 
O clearance é o principal parâmetro na administração de fármacos a 
longo prazo. É calculado da seguinte forma: 
 
O volume de distribuição interfere no tanto que será eliminado (se Vd é 
maior, tem pouco no sangue, sendo menos eliminado). OBS: a fórmula é 
invertida, não dá para tratar como grandezas diretamente proporcionais como 
está mostrando (ex.: se aumenta o Vd, o CL diminui, e não aumenta). 
 
36 
 
Eliminação biliar e circulação entero-hepática 
 Há fármacos que não são metabolizados no fígado e são eliminados pela 
bile. Primeiramente, o fármaco é ingerido por VO (1), e, ao chegar ao intestino 
(2), é absorvido e levado para o fígado (metabolismo de 1ª passagem) (3). Por 
vezes, o fármaco que chega ao fígado é então transformado em uma substância 
polar para ser excretado pelos rins (7). Todavia, outros são conjugados com 
ácido glicurônico (3) e parte é eliminada pela bile (4), voltando para o intestino 
em seguida (5). 
Ao chegar ao cólon, o fármaco fica novamente apolar (6). Isso ocorre pois 
algumas enzimas produzidas por bactérias enterais quebram o grupamento 
glicuronideo, de modo a fazer com que o fármaco volte a ter uma certa atividade 
e se torne lipofílico. Deste modo, o fármaco é reabsorvido e continua a fazer feito 
no organismo durante mais tempo. 
 
 A eliminação biliar geralmente acontece quando o fármaco é muito 
lipossolúvel – passa pelo fígado, não sendo capaz de ocorrer uma modificação 
para que ele alcance uma hidrossolubilidade suficiente para ser eliminado na 
corrente sanguínea, sendo então excretado com a bile. Apenas uma pequena 
fração fica na forma polar (hidrossolúvel), sendo que o restante fica na forma 
lipofílica. 
37 
 
 O fármaco fica nesta circulação e vai sendo eliminado aos poucos, 
possuindo efeito prolongado no organismo. 
 
Excreção renal 
 É dividida em 3 etapas: 
1. Filtração glomerular: só é filtrado o fármaco em sua forma livre. Há 
influencia também do peso molecular (tamanho) – moléculas muito 
grandes não são filtradas. 
2. Secreção ativa do fármaco: no TCP. Há gasto de energia contra um 
gradiente de concentração – utiliza-se proteínas de transporte (devido a 
isso, pode haver problemas de competição entre os fármacos). 
3. Reabsorção passiva do fármaco: no TCD e no TCP. Vai do local mais 
concentrado (lúmen em que forma a urina) para o local menos 
concentrado (sangue). Substâncias lipossolúveis são as que conseguem 
ser reabsorvidas, assim como o fato de ser ionizada ou não ionizada (o 
que é influenciado pelo pH da urina). 
 
Eliminação do fármaco = metabolismo + excreção 
Principais fatores interferentes na eliminação renal: próxima aula. 
OBS: Contraceptivos orais podem passar por este processo. Ao se tomar 
antibióticos e atacar as bactérias da micorbiota intestinal, não é produzida a enzima 
para quebrar o glicuronideo, de modo que o contraceptivo não consegue voltar a ser 
ativo, sendo eliminado ao invés de voltar para a circulação (perde seu efeito). 
 
38 
 
ELIMINAÇÃO RENAL 
Medusa - 86 
Fatores interferentes: 
1. Filtração Glomerular 
a. Fração livre do fármaco 
• Só é filtrado o que está na forma livre 
b. Peso molecular 
• A molécula não pode ser muito grande (senão não 
consegue ser filtrada) 
c. Fluxo sanguíneo 
• Se está diminuído (ex.: em uma ICC), há menor TFG. Se 
está aumentado, há maior TFG. 
d. TFG – Clearance de creatinina (variável com a idade). Levar em 
consideração que: 
• Começa a diminuir com 20 anos, chegando a 50% da 
efetividade aos 75 anos. Está aumentada na gestante. 
• Creatinina: praticamente totalmente filtrada e quase não 
reabsorvida. Realiza-se a relação entre a creatinina urinária 
e a plasmática para se obter o clearence da creatinina 
• Idosos vão possuindo a sua concentração de creatinina 
diminuída naturalmente 
• Se alterada a TFG, há alteração na eliminação do fármaco. 
 
2. Secreção Tubular Ativa 
a. Transportadores (OCT, OAT) – proteínas que possibilitam que 
substâncias com determinada carga sejam eliminadas. 
i. OCT: Transportadoresde cátions orgânicos 
ii. OAT: Transportadores de ânions orgânicos 
b. Saturação e Competição (fármaco excretado ou reabsorvido) 
i. Problemas sobre as proteínas transportadoras dos íons: 
1. A proteína pode ficar saturada (limitando a 
eliminação do fármaco) 
2. Quando há competição entre substâncias/fármacos 
que são eliminados pela mesma proteína. 
a. Ex.: ácido úrico é constantemente eliminado 
por OAT. Se começa a tomar diurético como 
Furosemida, ela começa a competir pela 
mesma proteína (OAT), de modo que o ácido 
úrico passe a ser retido na corrente sanguínea 
para que a furosemida seja eliminada. Há 
urocemia como efeito colateral. 
 
3. Reabsorção tubular passiva 
a. pH da urina 
39 
 
i. Como para ser absorvido o fármaco deve estar na forma NI, 
para ser eliminada a molécula deve estar ionizada. O pH 
influencia nessa dinâmica de mudar a quantidade ionizada 
e não ionizada 
ii. Ex.: Se o medicamento possui um pKA ácido (como o 
Fenobarbital mostrado abaixo), ao ser colocado em um pH 
alcalino, ele ficará mais em sua fração ionizada, possuindo 
uma maior depuração e eliminação 
 
Doenças que interferem na eliminação renal: 
1. ICC, choque cardiogênico e choque séptico: devido à diminuição do fluxo 
sanguíneo, há diminuição na eliminação renal 
2. Insuficiência Renal: Importante ser considerada no momento de administrar o 
fármaco, analisando se ele possui majoritariamente excreção renal. Deve-se 
levar em consideração a TFG do paciente e se o fármaco possui uma pequena 
janela terapêutica (se possuir, qualquer pequena alteração na concentração para 
cima leva a um efeito tóxico). Além disso, se o fármaco for de grande fração 
polar, há eliminação direta pelo rim (não passa pelas fases 1 e 2 da 
biotransformação) – se estiver comprometido por uma insuficiência renal, não 
vai ser eliminado e vai começar a ser acumulado. Deve haver um ajuste da 
dosagem de acordo com a função renal (observada pelo clearance da creatinina, 
que diz sobre a TFG). Um exemplo de fármaco que possui eliminação direta pelo 
rim (em grande parte) é a digoxina. 
 
Tempo de meia vida 
 Tempo necessário para que uma grandeza se reduza à metade. É 
importante para saber quando se vai alcançar a concentração plasmática de 
equilíbrio e para contar o período de tempo necessário para que o fármaco seja 
eliminado do organismo. 
40 
 
 
 Em 3,3 tempos de meia vida, há 90% do fármaco eliminado do organismo 
(1 tempo:50%;2 tempos:75%; 3 tempos:87,5%, e assim por diante). Um fármaco 
geralmente é eliminado totalmente do organismo em média após 4 a 6 meia-
vidas. 
 Toda vez que se altera o tempo de ½ vida, altera-se o tempo para ser 
alcançada a concentração de equilíbrio plasmático (equilíbrio na quantidade 
entre o fármaco que está entrando e o fármaco que está saindo – mantido dentro 
da faixa terapêutica) e o tempo para eliminação. 
 Na concentração de equilíbrio plasmático, o gráfico da eliminação é igual 
ao da absorção (se for invertido). Isso ocorre pois também se leva de 4 a 6 meia 
vidas para se chegar na concentração de equilíbrio plasmático. Isso ocorre 
seguindo-se a seguinte lógica do exemplo abaixo: 
• Dia 1: se ingere 100g do fármaco, mas ao decair a ½ vida, o saldo total é 
de 50g. 
• Dia 2: se ingere mais 100g do fármaco, que se somarão aos 50g do dia 
anterior, resultando em 150g. Ao decair a ½ vida, o saldo total é de 75g. 
• Dia 3: se ingere mais 100g do fármaco, que se somarão aos 75g do dia 
anterior, resultando em 175g. Ao decair a ½ vida, o saldo é de 87,25g, e 
assim por diante. 
 
41 
 
 Isso descrito acima só ocorre se for mantida a ingestão do fármaco. Se 
ela for cessada, o fármaco será eliminado em 4-6 tempos de ½ vida 
A concentração plasmática de equilíbrio é inversamente proporcional à 
depuração (se diminui a eliminação do fármaco, a concentração plasmática de 
equilíbrio aumenta). A depuração é o Clearance total: considera todas as formas 
de eliminação do fármaco, não só a renal. 
 
Fatores que afetam o tempo de meia vida: interferem no tempo para se 
alcançar a concentração plasmática de equilíbrio. A concentração plasmática de 
equilíbrio é o que é objetivado nos tratamentos a longo prazo (se for menos do 
que ela, não tem a ação terapêutica; se for mais do que ela, tem efeito tóxico). 
1. Volume de distribuição 
a. Envelhecimento causando diminuição da massa muscular: distribui 
menos o fármaco, ficando mais no sangue e sendo eliminado mais 
rapidamente: diminui a meia-vida. 
b. Obesidade: há mais tecido adiposo. Se o fármaco for lipossolúvel, 
ficará mais distribuído e menos no sangue, aumentando o volume 
de distribuição. Como não está no sangue, não é eliminado: 
aumenta o tempo de meia vida 
c. Presença de líquido patológico: Há mais um líquido para que o 
fármaco seja distribuído: aumenta o volume de distribuição. Se não 
está no sangue, tem dificuldade para ser eliminado, aumentando o 
tempo de meia vida 
2. Depuração 
a. Indução do p450: fármaco é metabolizado mais rapidamente, 
sendo eliminado mais rápido e diminuindo o tempo de ½ vida 
b. Inibição do p450: contrário do acima, aumenta o tempo de ½ vida 
c. ICC: Relacionado ao aporte de fluxo sanguíneo: quanto menos 
sangue estiver chegando ao fígado e aos rins, menos fármaco 
estará sendo metabolizado – há portanto maior tempo de meia vida 
d. Insuficiencia hepática e renal: o mesmo do acima 
Todos estes fatores interferem no ajuste posológico, necessitando 
alteração da dose e da frequência de acordo com a alteração do tempo de ½ 
vida. 
 
PROCESSO DE DEPURAÇÃO 
A depuração permite calcular a velocidade de administração necessária 
para atingir a dose alvo (concentração plasmática de equilíbrio: quando a taxa 
de entrada do fármaco é igual à taxa de saída). A depuração consiste na retirada 
de toda ação e de toda concentração de fármaco no organismo. 
Depuração = (metabolismo + excreção)/fármaco no plasma 
42 
 
REGIMES POSOLÓGICOS 
 
A – Dosagem ideal: começa a tomar as doses, sendo que apenas a partir da 
segunda começa a ter o efeito terapêutico. Apenas a partir da terceira começa a 
estar dentro da faixa terapêutica totalmente. Em média de 4 a 6 meia-vidas (após 
4 a 6 doses), é alcançada a concentração de equilíbrio plasmático. 
C - Dosagem tóxica: A concentração ultrapassa a faixa terapêutica, trazendo 
efeito tóxico. Pode ocorrer, por exemplo, em pacientes com alguma doença que 
interfira na eliminação (ex.: insuficiência hepática/renal/cardíaca) 
D – Dosagem subterapêutica: não se alcança a faixa terapêutica com as 
dosagens administradas. Pode estar havendo uma indução enzimática 
B - Dose de ataque: é utilizada em fármacos de tempo de meia vida longo, 
quando se é desejado que o medicamento possua ação rápida em determinada 
situação. A dose de ataque é usada para se chegar mais rápido na 
concentração plasmática de equilíbrio. Após ela, deve-se manter a 
concentração plasmática de equilíbrio por meio de doses de manutenção. 
• A velocidade de administração não interfere no tempo de 1/2 vida do 
fármaco, mas faz com que se chegue mais rapidamente ou mais 
lentamente à concentração de equilíbrio plasmático. Se for administrada 
a mesma quantidade, mas em um indivíduo administra lentamente e no 
outro mais rapidamente: será mudada a concentração plasmática de 
equilíbrio, e não a meia vida – o que está sendo administrado mais 
lentamente, está sendo eliminado em uma velocidade semelhante à da 
administração, o que faz com que ele demore mais para se alcançar a 
concentração plasmática de equilíbrio. O que está sendo administrado 
43 
 
mais rapidamente não consegue ser eliminado na mesma velocidade, 
chegando na concentração plasmática de equilíbrio mais rapidamente. 
Dose de ataque = (Vd x Conc plasmática desejada)/biodisponibilidade do 
fármaco. 
 
Após se realizar a dose de ataque e se chegar na faixa terapêutica, há as 
doses de manutenção (o que é necessáriopara se manter o fármaco na faixa 
terapêutica – são dadas em menor concentração do que na de ataque). Na dose 
de ataque, é administrado em maior concentração para não se esperar todo o 
tempo de meia vida necessário para se chegar na faixa terapêutica. 
 
REGIMES POSOLÓGICOS 
 Esquemas específicos: 
• Semelhantes a infusões contínuas: estratégia em que se visa dar 
menores doses da medicação em mais do que uma vez ao dia, para evitar 
grandes oscilações na concentração. 
o Em vermelho, foi dada uma dose maior, mas apenas 1 vez ao dia: 
causou uma maior variação, podendo ultrapassar a concentração 
máxima tolerada e causar efeitos tóxicos. Em azul, foi dada uma 
menor dose, mas 2 vezes ao dia: houve menor variação, havendo 
menor chance de se atingir a concentração máxima tolerada. No 
caso azul, houve uma situação semelhante a uma infusão 
contínua, causando menores oscilações. 
o O problema do esquema azul é que menores doses mais vezes ao 
dia normalmente significam menor adesão ao tratamento. Para 
solucionar este problema, deve-se ministrar fármacos de liberação 
44 
 
prolongada (precisando tomar apenas 2 vezes ao dia, não 
causando grandes oscilações) 
 
• Dose simples fixa: casos em que se toma um medicamento em dose 
única devido a algum desconforto esporádico, não sendo objetivado que 
o fármaco permaneça durante um maior período de tempo no organismo. 
Resulta em um único pico na concentração (linha azul abaixo). É o que 
acontece com medicamentos que tomamos em apenas uma dose devido 
a uma dor de cabeça, cólica menstrual, etc. 
 
45 
 
FARMACODINÂMICA 
Medusa – 86 
 
 A farmacodinâmica estuda o mecanismo de ação dos fármacos e seus 
efeitos no organismo. Trabalha a interação do fármaco com o alvo de ação. 
 Não existem fármacos 100% ideias. O fármaco ideal apresentaria: 
• Seletividade: se ligaria apenas a um alvo de ação específico. 
• Eficácia: é a capacidade de produzir um efeito terapêutico. A partir do 
momento que o fármaco se liga ao seu alvo de ação, deve provocar uma 
resposta no organismo e produzir o efeito desejado. Como os fármacos 
não possuem 100% de seletividade, muitas vezes há reações adversas. 
O ideal seria que estas reações adversas não ocorressem. 
• Segurança: quanto menos efeitos adversos provocados, maior a 
segurança do fármaco. 
• Efeito reversível: o ideal seria que todos os fármacos possuíssem um 
antídoto para que, caso houvesse um efeito adverso tóxico/prejudicial, 
houvesse um antídoto para se retornar o organismo à normalidade. 
• Fácil administração: os pacientes não aderem facilmente a um 
tratamento se a via de administração for difícil. A VO é uma das vias de 
maior comodidade para a administração dos fármacos 
• Baixa interação: com outros fármacos, alimentos, etc. Quando a 
interação for baixa, haverá maior biodisponibilidade do fármaco também. 
 
AFINIDADE E EFICÁCIA 
• Afinidade: tendência de ligação do fármaco ao seu alvo. Quanto maior a 
afinidade, mais fácil será a ligação do fármaco ao alvo e mais facilmente 
ocorrerá uma resposta farmacológica. 
• Eficácia: capacidade do fármaco, uma vez ligado ao seu alvo 
farmacológico, de ativar ou inibir uma resposta, ou seja, de produzir o 
efeito terapêutico desejado. 
 
TIPOS DE AÇÃO DOS FÁRMACOS 
Fármacos de ação inespecífica 
 Não há ligação a um alvo molecular, de modo que o seu efeito depende 
das propriedades físico-químicas da substância (como solubilidade, grau de 
ionização, poder de oxirredução e tensão superficial). 
Ex.: mecanismo de ação de anti-ácidos. Este medicamento simplesmente altera 
o pH estomacal, mas não se liga a nenhum alvo em específico. 
 
46 
 
Fármacos de ação semi—específica 
 Possuem alvo de ação, mas ele não é tão diferenciado como nos 
fármacos de ação específica. 
Ex.: ação sobre íons. Há alguns fármacos que agem sobre alguns íons, mas 
muitas vezes não especifica o íon em si, e sim apenas a sua valência. Exemplo 
disso é o quelante de cálcio. Este medicamento possui especificidade por cátions 
divalentes (com isso, ele não quela apenas o cálcio, mas também o magnésio e 
qualquer outro cátion divalente). Age sobre íons divalentes, mas não diferencia 
exatamente qual o íon. 
 
Fármacos de ação específica: 
 São os mais estudados e mais comuns. Estes fármacos possuem alta 
seletividade pelo alvo. A atividade farmacológica depende da interação da 
substância com o sítio de ligação. 
 
ALVOS FARMACOLÓGICOS 
 Há 4 tipos de alvos farmacológicos proteicos para a ação dos 
fármacos: 
 
A. Receptores 
São os alvos mais importantes. Os fármacos que se ligam a receptores são 
divididos em agonistas ou antagonistas. 
• Agonista: fármaco que provoca determinados efeitos intracelulares ao se 
ligar ao receptor. 
47 
 
• Antagonista: fármaco que não provoca efeitos intracelulares ao se ligar ao 
receptor. Normalmente é administrado para impedir o efeito de um 
agonista (ocupa o receptor para o agonista não se ligar). 
o Ex.: Buscopan (principio ativo: escopolamina) 
 
B. Canais iônicos 
Há tanto fármacos que são bloqueadores de canais iônicos, quanto fármacos 
que modulam a abertura e o fechamento de canais iônicos. 
 
C. Enzimas 
Há fármacos que se ligam a enzimas e fazem com que elas parem as suas 
atividades (inibem a enzima). 
Ex.: Aspirina (se liga na ciclo-oxigenase de maneira irreversível e a enzima 
fica inibida, não conseguindo mais ter a sua ação de transformar ácido 
araquidônico em prostaglandina, prostaciclina e tromboxano) 
Há fármacos que funcionam como um falso substrato, de modo que passam 
a agir como inibidores competitivos da enzima. Assemelha-se a um substrato, 
mas quando se liga à enzima, inibe-a. Alguns fármacos se ligam a enzimas e a 
enzima acaba produzindo outro metabólito diferente (que não é utilizado pelo 
organismo ou que possui outra ação farmacológica). 
Há também os pró-fármacos: substâncias inativas que, ao serem 
metabolizadas no organismo, produzirão o fármaco ativo. 
Ex.: Enalapril vira enalaprilat, que inibe a ECA. 
 
D. Transportadores 
A partir da ligação do fármaco no transportador, ele deixa de transportar o 
que estava normalmente transportando. 
Ex.: Diuréticos de alça se ligam à proteína transportadora responsável pela 
excreção de ácido úrico. Devido a isso, os pacientes que tomam diuréticos de 
alça acabam tendo a excreção de ácido úrico prejudicada. 
 
 
 
 
 
 
48 
 
RECEPTORES 
Há 4 subtipos de receptores: 
 
 
Tipo 1: Canais iônicos controlados por ligantes 
Os receptores de tipo 1 são os canais iônicos controlados por ligantes. É 
um receptor de membrana. A partir do momento em que há a ligação do princípio 
ativo ou do neurotransmissor, há processos de hiperpolarização ou 
despolarização, levando aos efeitos celulares. 
Ex.: Receptor nicotínico e acetilcolina. A transmissão de impulso nervoso 
rapidamente libera acetilcolina, que se liga ao receptor nicotínico na placa motora 
e causa despolarização, causando a contração do músculo esquelético. Os 
canais iônicos possuem mecanismos de ação extremamente rápidos (ocorrendo 
em cerca de milissegundos). O receptor nicotínico é um receptor pentamérico 
(formado por 5 subunidades) 
 
49 
 
Os receptores são formados por subunidades (ex.: o receptor nicotínico é 
formado por 5, sendo então pentamérico). As subunidades podem ser α, β, γ ou 
ε. A grande maioria dos receptores possui a subunidade alfa e a subunidade 
beta. Há alguns receptores nicotínicos que apenas apresentam a subunidade 
alfa. 
A acetilcolina se liga à subunidade alfa. Se o receptor for formado por 
duas subunidades alfa, são necessárias 2 acetilcolinas para abri-lo. Quando o 
canal é aberto, entra sódio e sai potássio. Isto leva a célula a um processo de 
despolarização, causando uma excitação neuronal. Estes receptores nicotínicos 
estão presentes na placa motora, nos gânglios, na adrenal e no SNC. 
 
Há tanto canais iônicos controladospor ligantes (que são os receptores) 
quanto os controlados por voltagem (controlados por variações no potencial de 
membrana – não são receptores). 
 
Tipo 2: Receptores acoplados à proteína G (metabotrópicos) 
Os receptores acoplados à proteína G estão muito presentes no SNA. São 
também conhecidos como metabotrópicos devido a utilizarem sistemas com a 
presença de segundos mensageiros. O receptor também está presente na 
membrana. É heptahelicoidal (passa 7 vezes pela membrana). 
Próximo ao receptor, há a proteína G. Quando o fármaco se liga ao 
receptor, este último sofre uma mudança conformacional, ativando a proteína G. 
Quando ativada, a proteína G pode agir sobre canais iônicos (que alteram a 
excitabilidade e levam a efeitos celulares) ou sobre enzimas (que vão levar à 
ativação ou à modulação da atividade do segundo mensageiro, provocando a 
fosforilação de proteínas, a liberação de cálcio, ou outras atividades, que levam 
a efeitos celulares). 
50 
 
 
Toda a cascata de reações e segundos mensageiros demora um pouco 
mais para ocorrer, se comparado aos receptores de tipo 1. Enquanto os do tipo 
1 demoram milissegundos para ter o efeito final, os de tipo 2 demoram segundos 
para alcança-lo. 
Após ser ativada, a proteína G pode ter ação sobre canais iônicos ou 
sobre enzimas. Ao agir sobre um canal iônico, ela pode tanto ativar quanto 
inibir um canal. Ex.: Ativar abertura de canal de K+, causando hiperpolarização/ 
inibir a abertura de um canal de cálcio. 
 
O mecanismo geral da proteína G ocorre da seguinte forma: o receptor 
está inicialmente em estado de repouso. A partir do momento em que há um 
agonista se ligando ao receptor, há uma mudança conformacional no receptor, 
que faz com que ative a proteína G. Esta mudança consiste na troca do GDP 
pelo GTP. A partir do momento em que ocorre esta mudança, a proteína G passa 
por um processo de dissociação: ela é composta por 3 subunidades (alfa, beta 
e gama), e quando ocorre a troca do GDP pelo GTP, ocorre a separação de 
subunidades. A subunidade alfa se solta e vai então ativar a enzima. Quando 
51 
 
ocorre esta ativação, a subunidade alfa provoca a hidrolise do GTP, de modo 
que ele volte a ser GDP e todo o receptor volte a ficar no estado de repouso. A 
proteína G é recomposta após a lise do GTP. A subunidade alfa pode tanto ativar 
quanto inibir a enzima. 
 
Subtipos da subunidade alfa: 
O que define qual é a enzima que será ativada/inibida é o tipo da 
subunidade alfa (pois é ela que se desloca para ativar a enzima). 
 
• Alfa GI: inibe a adenilato ciclase, diminuindo o AMPc e levando a 
determinadas ações no organismo 
• Alfa GS: ativa a adenilato ciclase, aumentando AMPc e ativando a 
proteína cinase de tipo A, levando à fosforilação de proteínas. 
52 
 
 
• Alfa GQ: ativa a fosfolipase C, que quebra o bi-fosfato inositol, gerando o 
tri-fosfato inositol e o diacilglicerol. O tri-fosfato inositol atua sobre o 
retículo endoplasmático, abrindo canais de cálcio intracelulares. O 
diacilglicerol ativa proteína cinase do tipo C ativa (a qual, junto do cálcio, 
realiza a fosforilação de algumas proteínas). 
o Cálcio intracelular: leva à contração da musculatura lisa 
parassimpática. 
▪ Acetilcolina, ao se ligar em receptor muscarínico, causa 
contração da musculatura lisa visceral via esse sistema 
▪ Mediadores adrenérgicos, ao se ligarem em receptores alfa-
1 adrenérgicos presentes no sistema simpático, causam 
vasoconstrição por meio desse mecanismo. 
 
 
53 
 
 Muitas vezes, um mesmo mediador/fármaco causa ações opostas. 
Exemplo disso é a adrenalina, que causa efeitos diferentes ao se ligar a um 
receptor alfa-2 e ao se ligar a um receptor beta-1. Ao se ligar no alfa-2, causa 
inibição da adenilato ciclase, e ao se ligar no receptor beta-1 causa ativação da 
adenilato ciclase. Muitas vezes, o organismo é controlado por uma ação 
integrada de receptores que têm efeitos opostos. 
 
 
Tipo 3: Receptores ligados a quinases 
Este tipo de receptor também está ancorado à membrana. Todavia, ele 
possui 2 domínios: um domínio extracelular (onde se liga o fármaco), que está 
conectado a um domínio intracelular (normalmente, é o domínio intracelular que 
leva ao desenvolvimento de uma cascata de reações bioquímicas que provocam 
os efeitos celulares). Este tipo de receptor está conectado a uma enzima. 
Ex.: receptores da insulina, de fatores de crescimento e de citocinas 
 
Este mecanismo pode demorar horas para atingir o seu efeito final. 
54 
 
O mecanismo geral dos receptores ligados a quinases ocorre da 
seguinte forma: primeiramente, um fármaco/mediador se liga ao domínio 
extracelular. Depois disso, ocorre a dimerização do complexo receptor + ligante. 
A partir do momento em que há a duplicação, ocorre uma auto-fosforilação de 
resíduos de tirosina. Quando ocorre essa fosforilação, há a ligação de uma 
proteína aceptora ao domínio intracelular. A partir do momento em que ocorre a 
ligação do aceptor (que possui domínio SH2) ao resíduo fosforilado, o aceptor 
passa a ser fosforilado e há o desencadeamento de uma cascata de reações, as 
quais levam ao processo de transcrição gênica e de síntese de proteínas. 
 
 
Tipo 4: Receptores nucleares 
Diferentemente dos outros receptores que estão na membrana, este está 
dentro da célula. Para o fármaco chegar até o receptor, ele deve ter 
características de lipossolubilidade para atravessar a membrana plasmática. 
Ex.: receptores relacionados com hormônios da tireoide, com estrogênio e 
esteróides. 
Pode demorar horas, dias ou semanas para ter o efeito. O principio ativo 
precisa possuir característica de lipossolubilidade e não pode ser muito grande, 
já que ele se difunde através da membrana para encontrar receptor intracelular 
(o qual pode estar tanto no citoplasma quanto no interior do núcleo). 
O mecanismo geral dos receptores nucleares ocorre da seguinte 
forma: a partir do momento em que ocorre a ligação do princípio ativo com o 
receptor, ocorre uma mudança conformacional no receptor (uma proteína 
55 
 
repressora do processo de transcrição gênica se solta dele). Ao se soltar, o 
receptor agora é capaz de ir para o núcleo, sofrer um processo de dimerização, 
se conectar ao DNA e conseguir alterar ou positivamente ou negativamente o 
processo de transcrição gênica. 
 
 
 
 
(saindo agora dos tipos de receptores e voltando a outras características dos 
receptores em si) 
INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR 
 O gráfico abaixo é de dose-efeito ou dose-resposta. A partir do momento 
em que o fármaco se liga ao seu receptor, causa um determinado efeito no 
organismo. 
Esse efeito pode sofrer influência de outras substâncias. Pode haver uma 
resposta aumentada se, junto do agonista, estiver sendo ministrado um ativador 
alostérico. O ativador possui o seu próprio sítio de ligação na molécula. Quando 
ele se liga, facilita a ligação do agonista. Juntos, eles aumentam ou melhoram a 
resposta farmacológica no organismo. 
Todavia, há também os inibidores alostéricos. Ao se ligarem aos 
receptores, os inibidores alostéricos provocam uma mudança conformacional 
que diminui a afinidade do agonista pelo receptor. Os inibidores competitivos 
são substâncias que competem com o agonista pelo mesmo sítio de ligação no 
receptor, e sua ligação causa uma resposta diferente no organismo. 
56 
 
 
 
Agonistas e antagonistas 
 O agonista é um ligante (um fármaco) que, ao se ligar ao receptor, é 
capaz de ativar os mecanismos celulares e produzir um efeito (resposta). 
 O antagonista é um ligante (um fármaco) que, ao se ligar ao receptor, 
não é capaz de ativar os mecanismos celulares e produzir um efeito (resposta 
intracelular). Ele reduz a ação do agonista. 
 Quem promove o efeito é o agonista. Quem impede o efeito é o 
antagonista. 
 
57 
 
Sobre a imagem acima: 
• No primeiro desenho observa-se a situação fisiológica: um químico 
natural, intrínseco

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