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NUTRIÇÃO PARA EXERCÍCIO E O ESPORTE TEMA 2 - NUTRIÇÃO PARA PERFORMANCE - MÓDULO 1: Identificar os protocolos de macronutrientes na performance esportiva. Índice glicêmico: taxa de entrada na corrente sanguínea do carboidrato presente no alimento ingerido isoladamente num dado momento. Ele é avaliado pela presença de glicose especificamente na corrente sanguínea em uma população saudável. Para isso, emprega-se o pão de sal e/ou a glicose pura como referência. Carga glicêmica: estimativa da quantidade de carboidrato presente na porção média do alimento que impacta os níveis séricos de glicose. Isso não informa qual deles emagrece mais ou engorda menos, mas possibilita uma noção quantitativa da saciedade dos alimentos consumidos isoladamente. Emagrecimento: muitas pessoas apresentam hiperfagia justamente por priorizar alimentos de alto índice glicêmico. Performance ou hipertrofia: precisamos ser muito pontuais com atletas, já que, durante esse processo, geralmente há ganho de gordura. No entanto, esses ganhos poderão ser minimizados se houver um controle da prescrição dos alimentos e de suas combinações para influenciar o índice glicêmico da refeição. Geralmente, o consenso é que aqueles de alto índice glicêmico são ruins, pois eles ajudam a aumentar interleucinas e citocinas pró-inflamatórias do corpo, como TNF-α e IL-6. Além disso, eles não trazem uma saciedade, ou seja, fazem a pessoa querer se alimentar antecipadamente, o que pode gerar compulsão alimentar e hábitos piores. No entanto, quando falamos de objetivos atrelados à prática de atividade física, devemos ampliar nossas formas de interpretá-la. Para a hipertrofia, devemos aumentar as necessidades calóricas totais, já que se trata de um processo de aumento de massa corporal. No entanto, esse aumento será apenas do que for necessário para que isso se dê; caso contrário, também haverá um crescimento significativo das reservas de gordura. Carboidratos - supercompensação: principal fonte de energia rápida para o ser humano, porém seus estoques são limitados. Pode ser utilizado no metabolismo aeróbio e anaeróbio, quanto mais tempo os indivíduos ficarem em uma intensidade limítrofe entre baixa e média, mais carboidrato será requerido. A supercompensação deve ser testada em um momento fora da competição devido a seus possíveis efeitos colaterais, como, por exemplo, diarreia, mal-estar, náusea, dor muscular e até baixo rendimento, já que, a cada 1g de glicogênio armazenado, vêm juntos 2,7g de H₂O – ou seja, muito mais peso com que o atleta está acostumado. Ex: deve-se começar o treino 6 dias antes da competição. Nos 3 primeiros dias, os atletas mantêm o treino intenso e reduzem para 200 a 300g de carboidratos/dia. Do 4º ao 6º dia, o consumo passa para 500 a 600g de carboidratos/dia, e o treino fica leve. No 7º dia (competição), por cerca de 4 horas antes da competição e ao longo desse tempo, ele diminui ainda mais: de 200 a 300g. Essa estratégia pode favorecer em até 20% a performance de um atleta bem adaptado. Recomendações na performance esportiva: as quantidades específicas de carboidratos são baseadas na intensidade de treino, o que envolve variáveis como: tempo total de treino, velocidade de execução e força. Seu objetivo é manter as reservas do glicogênio muscular e do hepático sempre preenchidas. Recomenda-se de 60 a 75% do aporte total em carboidratos ou 8 a 12g/kg de peso/dia. O padrão é sugerir carboidratos de baixo a moderado índice glicêmico. Quando há uma ingestão de carboidratos (quadros de protocolos acima) abaixo do recomendado para uma performance, o metabolismo de gordura e os aminoácidos aumentam sua participação além do padrão. Esse fenômeno ocorre pelo fato de a demanda energética da atividade não ter mudado. No entanto, verifica-se que o principal substrato (carboidrato) diminuiu. O metabolismo tentará compensar isso fazendo mais lipólise e metabolização de gorduras, assim como proteólise e metabolização de aminoácidos em energia. Isso pode impactar negativamente na performance do atleta, pois tanto os aminoácidos quanto os lipídios levam mais tempo e utilizam mais oxigênio a fim de fornecer a energia que o carboidrato forneceria para aquela demanda. Como os aminoácidos não realizam uma reserva energética em nosso corpo, os músculos vão catabolizando proteínas contráteis para o metabolismo proteico no fornecimento de energia. Recomendações de proteínas e lipídios na performance: O ciclo de Krebs, bem como o metabolismo energético como um todo, é um conjunto de reações de transformação das cadeias químicas dos elementos provenientes dos macronutrientes. Carregados eletronicamente, esses elementos precisam, para liberar essa energia, ser modificados a cada etapa. Desse modo, eles transferem sua energia sob a forma reduzida de NADH E FADH2 na fosforilação oxidativa pela via aeróbica. Para comandar a maior ou menor necessidade de aminoácidos no fornecimento de energia, as vias principais precisam estar preenchidas com mais ou menos metabólitos de glicose e ter mais ou menos mitocôndrias por adaptação ao exercício. Desse modo, isoladamente, a suplementação de aminoácidos não consegue aumentar o fornecimento de energia. Os aminoácidos mais prescritos são a glutamina e o BCAA e os AA de cadeia ramificada. Além disso, a suplementação somente evita que a musculatura forneça esses aminoácidos, preenchendo apenas a parte que lhe cabe: suplementar de 20 a 30g de proteínas durante a prática de exercícios de longa duração (acima de 90 minutos, embora eles ultrapassem as 2 horas). Suplementos mantêm a performance, porém não a melhoram. Levando em consideração a divisão igualitária do total de proteínas, os protocolos delas para os atletas de alto rendimento variam de 1,2 a 2,0g por kg de peso/dia com intervalos entre 3 e 5h, o ideal é não ultrapassar os 40g de proteína por refeição, pois, neste caso, não há benefício. Por mais proteínas que tentemos absorver, temos um limite na utilização delas. Esse limite é mediado por: quantidade de reparos, reestruturação tecidual, fornecimento de energia. Quando se atinge o ápice de sua utilização, o excesso é excretado via renal, já que não fazemos reserva de proteína no organismo. Já os lipídios devem estar entre 20 e 35% do total do vet (valor energético total). A inclusão de triglicerídeos de cadeia média não se provou eficaz para a performance em atletas. Recomendação de micronutrientes para atletas onívoros e vegetarianos: Contudo, vale ressaltar que, para atletas, geralmente são encontradas deficiências de vitamina D, de ferro, de cálcio e de alguns antioxidantes devido à maior produção de EROs (espécies reativas de oxigênio ou subprodutos do metabolismo de gorduras). Independentemente do tipo de público, seja ele onívoro seja vegetariano, a prática regular de atividade física já aumenta naturalmente a produção de EROs, aumentando, com isso, o cansaço por uma menor quantidade de coenzima Q10 (ubiquinona), a suplementação se mostra benéfica no combate de EROs e no processo de produção de energia durante a atividade física, levando a maior preservação de células e mitocôndrias, bem como a diminuição do cansaço. As quantidades de precursores de Q10 na alimentação não chegam perto dos efeitos vistos pela suplementação. Os resultados têm se mostrado positivos com uma suplementação de 100 a 600mg de ubiquinona por dia. Já outros micronutrientes antioxidantes, como as vitaminas C e E, em especial, consumidos próximo do horário de – principalmente após – uma atividade física, têm se mostrado prejudiciais à recuperação muscular. O ácido alfalipoico, que é um ácido graxo de cadeia curta, tem se mostrado eficaz no combate aos excessos de EROS, regenerando as vitaminas C e E, assim como a glutationa (antioxidante endógeno formado pela junção de ácido glutâmico, cisteína e glicina). Já as antocianinas, de forma geral, têm sido eficientes na recuperação muscular. Ex: frutas vermelhas como cereja, romã, açaí e jaboticaba em sua casca tem antocianinas. Os alimentos ricos em nitrato, como, por exemplo,a beterraba, serão muito eficientes em performance se forem utilizados – mais comumente como suco – cerca de uma hora antes do treino devido à conversão de nitrato em óxido nítrico, um potente vaso dilatador. Isso permite uma maior circulação sanguínea e, consequentemente, uma oxigenação com menos esforço cardíaco. Alguns hábitos fazem depletar ou manter as reservas desses mesmos nutrientes do organismo: quantidade e qualidade dos sonos, alimentação orgânica, estilo de vida. PARAMETROS MÁXIMOS DE PRESCRIÇÃO Dietas atuais muito restritivas contribuem severamente para propiciar carências ou agravar aquelas preexistentes. O motivo é que muitos alimentos fontes de micronutrientes podem ser excluídos. Das dietas restritivas excludentes, destacam-se a paleolítica, o low carb e a cetogênica. Geralmente, essas dietas são movidas por propósitos estéticos, não levando em consideração a fisiologia e a bioquímica. Isso leva a desfechos insatisfatórios. Listaremos a seguir algumas sintomatologias ou sinais decorrentes disso: cansaço, queda de cabelo, diminuição da libido, unhas fracas e envelhecimento precoce. O público vegetariano, apesar de poder ter uma alimentação mais diversificada, tem se mostrado mais propenso à fragilidade óssea devido a valores baixos constantes de: vitaminas D e B12, minerais como zinco, cálcio e ferro e ômega 3. Para atletas normalmente se utiliza proteínas de 1,5 a 2,2 g/kg, carboidratos 5 a 12 g/kg e lipídeos deve ficar entre 20 a 35 % do VET. Por qual motivo se deve ofertar proteínas para o fornecimento de energia, além da manutenção ou da reestruturação de tecidos? - Todas as fontes de energia são utilizadas ao mesmo tempo. Como as de glicogênio são finitas, enquanto a energia, a base de gordura, demora mais para ser metabolizada, a lacuna criada pelas menores quantidade de glicogênio são preenchidas com mais aminoácidos. Logo, para que eles não venham da musculatura e influenciem negativamente no desempenho, devemos incluir no aporte proteico uma quantidade superior para esse propósito. O que aconteceria com um atleta que não atendesse às recomendações da ingestão de micronutrientes por muito tempo, e sim às de macronutrientes para o desempenho? - As funções de síntese proteica, fornecimento de energia e sistema imunológico são dependentes de micronutrientes. O organismo com uma deficiência deles diminuiria todas essas funções proporcionalmente ao longo do tempo. MÓDULO 2 – Aplicar protocolos em situações metabólicas específicas (bem como no público vegetariano). Hipertrofia x Síntese proteica: A síntese proteica diz respeito à formação de proteínas para criar uma célula ou simplesmente reparar um tecido sem aumentá-lo, mas não ocorre nela necessariamente a hipertrofia, já que ela é o aumento do volume celular. Qualquer pessoa que pratique atividade física faz síntese proteica, mas o que vai determinar se terá HIPERTROFIA é a união de alguns fatores: tipo de estímulo dado a musculatura, volume de treino, carga vs número de repetições e valor energético total vs quantidade total de proteínas e carboidratos. Deve-se estressar de maneira consistente a musculatura para a quantidade de estímulo ser compatível com o nível de hipertrofia esperado e possível. Para que isso ocorra, as variáveis mais comuns são: 1. Número de repetições 2. Carga 3. Porcentagem de 1 RM (uma repetição máxima) 4. Número de exercícios específicos por grupos musculares. Até 6 repetições, o percentual varia em torno de 85% de 1 RM para se gerar o efeito de força. Para a hipertrofia, elas seriam de 7 em diante, parando geralmente nas 12 repetições e utilizando cerca de 75% de 1 RM. Com essa carga, dificilmente se chega às 12 repetições – e essa é a ideia. Isso significa que o nível de estímulo está no limite para o esperado. Com isso, o nível de hipertrofia será o máximo possível e ainda aumentará a força, ainda que não se alcance também o máximo de força possível. Com repetições de maior número, como, por exemplo, 15, 20 ou 25, o percentual de 1 RM cai bastante para se conseguir chegar a esse número de repetições. Isso muitas vezes exige a resistência, a reabilitação de lesões ou o fortalecimento da região, mas também pode gerar um ótimo nível de hipertrofia, contanto que o volume de treino seja similar ao do exemplo anterior. Modificando as variáveis, esse volume determinará o nível dela. Outro ponto específico a ser levado em conta é o número de exercícios diferentes para o mesmo grupamento muscular. Para o aumento de até 454g de massa magra por semana (o máximo possível sem o uso do hormônio testosterona), é indicado incluir de 5 a 8kcal por cada grama almejado. Um iniciante na prática de musculação, neste caso, conseguiria hipertrofiar 454g a cada sete dias. Desse modo, o cálculo de 454 x 5 a 8kcal resultaria em 2270 a 3632kcal por semana de acréscimo, as quais, por sua vez, dariam de 324 a 519kcal a mais por dia no VET. - Mas como saber quanto se deve acrescentar para cada paciente/cliente? Levando em consideração que ele seja um iniciante, devem ser avaliados: histórico evolutivo, perfil corporal, dedicação ao treino, disponibilidade para treinar. Dessa maneira, vale começar o treino pensando em menos gramas de hipertrofia por semana como objetivo. No mês seguinte, pode-se fazer uma avaliação por intermédio do percentual de gordura para verificar o resultado do seu planejamento nutricional versus a dedicação do paciente (ou mesmo o metabolismo dele). Quanto mais treinado for seu cliente, menos hipertrofia será possível a cada mês. Da mesma maneira, será necessário haver mais cuidado com a distribuição de macro e micronutrientes, bem como com as fibras e a saciedade da dieta para o cliente se ater apenas ao que foi prescrito, não havendo um consumo ainda maior. Essa preocupação é devida, já que o ganho de gordura existente pode se tornar ainda maior. Recomendações de carboidratos e proteínas: em dias de exercícios na semana (feminino e masculino) de 5 a 7 g/kg/dia. Os protocolos de proteína para a hipertrofia variam de 1,2 a 2,2g/kg de peso/dia. O índice mais utilizado é o de 1,5 a 2,2g/kg de peso/dia, pois menos do que isso serviria mais para a manutenção da massa magra para praticantes já experientes. Essas recomendações são para pessoas que não usam hormônios. Para as pessoas que não usam hormônios, quantidades superiores a 2,2g/kg de peso/dia para a hipertrofia não têm benefício; porém, para aquelas que visam à redução de gordura corporal, consegue-se, com índices acima disso (chegando até a 2,5g/kg de peso/dia), poupar ao máximo a massa livre de gordura durante o processo de emagrecimento. Essas recomendações se baseiam nos efeitos do carboidrato em poupar musculatura. Como está em superavit calórico, ele proporciona o cenário anabólico perfeito, já que aumenta naturalmente a insulina (hormônio anabólico) responsável por favorecer o máximo de aproveitamento das proteínas da dieta e ainda proporciona a quantidade de energia rápida para atender à demanda do exercício que estimulará a hipertrofia. Muitas pessoas podem não estar acostumadas a dietas com maior densidade de carboidratos e, principalmente, maior volume alimentar. Por isso, é importante escolher alimentos com maior densidade de carboidratos e menos volume alimentar, como é o caso da batata-doce que acabou virando alvo de prescrições para esse propósito, já que se enquadra perfeitamente. Para haver hipertrofia, deve-se estar em superavit calórico e emagrecimento com déficit calórico. Uma boa estratégia no processo de emagrecimento, já que propicia a perda de volume e se assemelha à perda da massa magra, é o emprego da creatina. Ela ainda aumenta o volume celular por acúmulo de água na musculatura e ainda melhora a capacidade do treino. Uma estratégia muito comum é complementar a dieta com o consumo de: Maltodextrina: De quebra rápida e extremamente barata, ela possui um alto índice glicêmico. Waxy mayze: De quebra lenta e baixo índice glicêmico, ele é mais caro. Palatinose: Dissacarídeo de índice glicêmico 32 (ou seja, muito baixo),ela, ao lado da maltodextrina, é bastante utilizada por atletas de performance. Gel de carboidrato: Facilita o uso do carboidrato durante uma competição de corrida e, principalmente, de ciclismo por ser prático e não necessitar de água. Com cerca de 20 a 30g no sachê com mistura (ou não) de, principalmente, maltodextrina com palatinose, esse gel é facilmente transportado na vestimenta do atleta. VEGETARIANOS: as fontes de carboidratos são as mesmas, assim como o uso de suplementos de carboidratos funciona da mesma forma. As proteínas, porém, dificilmente conseguem ser atingidas de forma natural para a hipertrofia, já que o objetivo inclui, além da hipertrofia, um percentual de gordura baixo. Em muitos casos, as principais fontes vêm de leguminosas também ricas em carboidratos e com volume alimentar, tornando difícil a tarefa de se alcançar as quantidades de proteína sem ultrapassar em muito o VET. No entanto, tem aumentado a diversidade de alimentos vegetais fontes de proteínas (EX: proteína texturizada de soja ou a carne de soja). A absorção de proteínas vegetais não é tão alta quanto a de fontes animais; além disso, alguns aminoácidos estão em menor quantidade nos alimentos vegetais. Por mais que tenham todos, eles precisam estar em quantidades ótimas, não estando meramente presentes. As recomendações de carboidratos e proteínas para o público vegetariano são, portanto, as mesmas em quantidade, embora exista uma ressalva quanto à qualidade delas. Recomendações de lipídeos: Os lipídios, além de fazerem parte das estruturas de células e hormônios, também compõem parte das calorias do dia a dia. Porém, diferentemente de um atleta de endurance, o praticante de exercícios de força ou resistidos tem o gasto calórico bem mais baixo. Além disso, 1 grama de carboidrato tem 4 calorias, enquanto 1 grama de lipídio possui 9 calorias. Por conta disso, o excesso de gorduras também engordará se houver superavit calórico – isso sem contar que o esforço e o tempo que leva para os acil-coA (estrutura de dois carbonos estabilizados em uma coenzima A para sofrerem betaoxidação) dos triglicerídeos virarem energia são maiores que o carboidrato. - Mas então qual é a quantidade de lipídios diários que atende às funções de reestruturação celular e de produção de hormônios, entre outras, além de fornecer energia de forma controlada? Essa quantidade varia de 0,6 a 1g/kg de peso/dia, estando abaixo de 20% do VET. Ela, dessa maneira, não é interessante para a saúde. Nesse parâmetro, há o controle da quantidade de gordura, o que exige escolhas inteligentes das fontes alimentares ricas em gorduras. Muitas vezes, isso é interpretado como a necessidade do consumo de óleo em grande quantidade – e não de um alimento fonte, como, por exemplo, abacate, semente de gergelim, semente de abóbora, linhaça, chia etc. Um breve comparativo dessa má interpretação ou má indução por um mercado produtor diz respeito às fontes de fitoesteróis e fitoestanóis, compostos bioativos presentes em alimentos vegetais cuja estrutura é semelhante à do colesterol. Eles ajudam a reduzir os níveis de LDL colesterol, e sua recomendação diária é de 2g ao dia. O azeite tem sido propagado como uma das principais fontes alimentares, além de seu perfil lipídico de boa qualidade. No entanto, 100g dele contêm cerca de 225mg de fitoesteróis, enquanto o abacate, que possui em torno de 16% de gordura, conta com mais que o dobro dessa quantidade de compostos bioativos. Já as sementes de gergelim e de abóbora, que possuem cerca de 40% de gordura na sua composição e mais que o dobro de fitoesterol, contêm cálcio, ferro e magnésio em quantidades altas. Para os vegetarianos, a suplementação de ômega 3 se torna imprescindível, já que, mesmo havendo alimentos vegetais fontes, suas quantidades são muito baixas perto daquelas exigidas. Além disso, as conversões nas formas ativas são ainda piores, devendo ser mantido um índice entre 1,1 a 1,6g para um adulto. Outro tipo de gordura muito abordada ultimamente é o triglicerídeo de cadeia média (TCM). Como o nome diz, sua cadeia é menor que a dos triglicerídeos mais comuns. Desse modo, ele se tornaria uma excelente estratégia para a performance ou mesmo a hipertrofia por sua utilização ser mais simples. Ainda assim, alguns pontos devem ser levados em consideração antes da prescrição. Ao se aumentar o consumo de TCM, de fato ocorre um incremento na produção de energia por meio das gorduras, mas isso se dá de forma muito pequena e quase insignificante perto daquela necessária para sustentar o exercício em si. Outro ponto a ser analisado é o valor alto desse suplemento versus seu benefício. No entanto, seu uso em baixa quantidade para a performance é válido, já que os atletas exigem menos esforço para a entrega de energia, o que facilitaria na produção de energia. Essa quantidade geralmente se dá em módulos de 5g. O óleo de coco, por ter uma quantidade significativa de TCM, acabou sendo usado de forma indiscriminada, já que sua propagação prometia benefícios. No entanto, sua composição contém bastante gordura saturada, que, se for ingerida com frequência, terá relação com uma inflamação vascular – especialmente se seu usuário não se exercitar em seguida. Portanto, para se ter o máximo de hipertrofia, deve-se aumentar o aporte de carboidrato a fim de haver o máximo de energia rápida (carboidrato) para o máximo de estímulo no exercício. Além disso, poupa-se a musculatura e contribui-se com o cenário perfeito para o melhor aproveitamento proteico da dieta (síntese proteica e hipertrofia), complementando o VET com gorduras de qualidade de boas fontes alimentares de alimentos sólidos. Exemplo: J. F. K. é um homem de 33 anos que, pesando 78kg, pratica musculação 6 vezes por semana. Ele o faz de maneira intensa, gastando 300kcal, já que quer ter o máximo de hipertrofia. Para isso, J. F. K. deve utilizar o máximo dos protocolos de carboidratos para a frequência praticada na semana, ou seja, 7g/kg/dia. Isso daria 546g totais de carboidratos/dia. R: Na distribuição das refeições, o ideal seria colocar ao menos 300kcal de carboidratos mais perto do horário da prática da musculação para não lhe faltar energia rápida. Além disso, pode-se utilizar proteínas de 1,5 a 2,0g/kg/dia e gorduras de 0,6 a 1,0g/kg/dia. Lembrando que o que norteia no uso das proteínas é o grau de experiência na prática de musculação, nesse caso, que quanto mais tempo de experiência, mais se aproximará de 1,5 g/kg/dia e as gorduras ajudam a complementar e atingir a necessidade calórica diária. TEMA 3 – NECESSIDADES E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA POPULAÇÕES ESPECIAIS Módulo 1: Apontar as modificações e barreiras fisiológicas induzidas pela altitude e suas demandas dietéticas. O treinamento de altitude tem sido utilizado como estratégia preparatória por diversos atletas, especialmente aqueles envolvidos em exercícios de endurance, com o objetivo de aprimorar características fisiológicas, sobretudo o aumento da produção endógena de eritropoetina (EPO) em resposta à privação de oxigênio local. A EPO é um hormônio secretado pelos rins e pelo fígado, em menor concentração, em resposta ao aumento da demanda tecidual ao oxigênio (O2). Esse hormônio regula a síntese de células vermelhas na medula óssea, cujo processo é conhecido como hematopoiese. Dentre as principais funções atribuídas às hemácias, destaca-se sua capacidade de transporte de O2 via hemoglobina para contribuição aeróbica. As peculiaridades de tais ambientes interferem diretamente na capacidade esportiva quando comparada a atividades realizadas mais próximas ao nível do mar. Essas alterações geram grande dificuldade para a performance esportiva ou até mesmo para as condições naturais de vida, além de associarem-se à dificuldade de estabilidade nutricional. Dentre elas, listamos: estado de hipóxia, alta radiação solar, baixa temperatura, umidade relativa do ar reduzida, ventos intensos, instabilidade do terreno. A hipóxia hipobárica, que consiste num cenário de baixa pressão atmosférica do meio, gerando reduzidadensidade de O2 no ar (denominado rarefeito), é a característica mais relevante dessas interferências no desempenho, uma vez que afeta diversos sistemas do organismo. Aclimatação: desenvolvimento de mecanismos de adaptação fisiológica revertida pelas condições ambientais em que o indivíduo se encontra. É importante enfatizar que aclimatação e aclimatização não são sinônimas. Em atletas de elite, o processo de aclimatação na altitude moderada pode resultar em: reajustes positivos no controle hematológico, capacidade de tamponamento do equilíbrio ácido-básico muscular e melhor preservação energética no exercício. Modificações no metabolismo energético e status nutricional: Competições em grandes altitudes também são capazes de interferir na massa corporal total de atletas. Em alguns esportes, é notável redução de peso tanto durante a competição como nos dias de aclimatação. Diversos fatores conjugam tais condições, em especial aumento do gasto energético basal, modificações em compartimentos corporais, dificuldades absortivas do trato GI e anorexia induzida pela altitude. Por meio de regulação hormonal em cascata (hipotálamo-hipófise-adrenal) há secreção de adrenalina pela percepção dos receptores nervosos ao frio do ambiente. A adrenalina possui receptores localizados na membrana do tecido adiposo marrom, que desencadeiam liberação da proteína lipase hormônio sensível (LHS), que, por sua vez, tem papel fundamental na lipólise de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. Enquanto o glicerol é liberado da célula adiposa marrom em direção ao fígado para servir de substrato gliconeolítico, os ácidos graxos são enviados mediante transportadores carnitina-palmitoil-transferase (CPT) para sofrerem β-oxidação mitocondrial. Contudo, no espaço mitocondrial interno do adipócito marrom, diferentemente do que ocorre em uma série de outros tecidos, os ácidos graxos podem ser utilizados também como precursores termogênicos devido à capacidade de ativação de proteínas de desacoplamento (UCP) ou termogeninas, especialmente a UCP-1. O conteúdo de tecido adiposo marrom pode variar de acordo com a idade, local de nascimento, conteúdo adiposo e vários outros fatores condicionantes. Esse mecanismo é essencial para, por exemplo, recém-nascidos suportarem hipotermia pós-parto. Até o período ajustado de aclimatação, observa-se redução de cerca 1 a 2L de água do peso total. Curiosamente, ao contrário do que se espera, a desidratação em ambientes de grande altitude pode ser bastante severa. Uma das razões para este processo reside na inalação de ar seco acompanhada de hiperventilação respiratória. A frequência respiratória elevada em associação à redução da densidade do ar, diminuição da temperatura do ambiente e declínio da pressão parcial da água no ar é capaz de potencializar perda hídrica diária em quase 50%. A digestibilidade e a biodisponibilidade de alguns nutrientes, em especial do ferro, também são afetadas no cenário de hipóxia. Dentre os carboidratos, a absorção de monossacarídeos parece sofrer algum tipo de influência, principalmente em altitudes extremas. A d-xilose presente em alimentos de origem vegetal, leite, mel e frutas pode ser mal absorvida pelo intestino de indivíduos expostos a altitudes superiores a 5 mil metros. Acima desse nível, dificuldades de absorção de outros carboidratos e de lipídios, em geral, são comumente observadas. A exposição aguda à hipóxia, que pode variar de poucos minutos a horas, é capaz de acometer a função neuropsicológica regular, sendo observados efeitos de déficit de rendimento, tais como: dores de cabeça, vertigens, fraqueza generalizada, redução do tempo de reação, dificuldade na tomada de decisões, diminuição da memória a curto prazo, dificuldade de manter o estado de alerta. No que tange à exposição crônica, que considera um período de dias a semanas de manutenção da hipóxia, a privação contínua de O2 por tanto tempo é capaz de gerar remodelamento fisiológico em funções centrais. Nesse cenário, são listados efeitos como: distúrbios da realidade, enxaquecas, alucinações visuais e auditivas e isolamento social que pode se estabelecer por meses mesmo após retomada do convívio a nível do mar. Estratégias nutricionais em ambientes de altitude elevada: Os fatores que costumam levar à redução do apetite e consumo alimentar estão associados ao conjunto de sensações da doença da altitude (também denominada de doença aguda da montanha) e à diminuição do apetite como mecanismo de prevenção de fome visando à preservação e à subsistência humana. Diretrizes nutricionais em ambientes de altitude elevada: - Hidratação: A conjunção de perda de massa hídrica, demanda hídrica do treino e desafios ambientais requer maior reposição de fluidos em altitudes relevantes. Adicionalmente, a diminuição da sensação de sede e aumento de estímulo à diurese pode agravar a dificuldade de regulação de fluidos corporais. - Macronutrientes: O consumo ajustado de macronutrientes deve corresponder à necessidade de retenção de massa livre de gordura e à manutenção/ao incremento adaptativo das atividades fisiológicas. Na referência da preservação de tecido muscular é natural a busca pelo aumento significativo do consumo proteico. - Energia: As necessidades energéticas de atletas em altitude elevada costumam variar de 4 mil até mesmo a 9 mil Kcal ao dia, como observado em ultramaratonistas de provas nórdicas. De modo geral, a indicação de consumo de energia gira em torno de 55 Kcal por Kg de massa corporal ao dia. Para atender demanda energética individual, é necessário levar em consideração: - Micronutrientes: O aumento substancial do estímulo à hematopoiese demanda alterações nas concentrações de hemoglobina nos eritrócitos. Em atletas com distúrbios no metabolismo do ferro, seja por deficiência/insuficiência na ingestão, seja por outras possibilidades, o rendimento, a adaptação e a estada em grandes altitudes são significativamente agravadas. Recomenda-se monitoramento da ferritina sérica de 4 a 10 semanas antes da exposição à hipóxia. As referências para ferritina variam de acordo com o sexo: homens devem apresentar medidas superiores a 40 μg/L, e mulheres acima de 30 μg/L. De maneira ampla, a dieta desses atletas deve ser composta de fontes alimentares, não necessariamente suplementares, de vitamina C, vitamina E, betacaroteno, selênio, zinco, magnésio e compostos fenólicos encontrados no cacau, uva roxa, erva mate, cúrcuma e camellia sinensis (utilizada para preparo do chá verde, chá preto, chá vermelho e chá branco). Ex: Indivíduos que buscam competir em altitudes relevantes devem, prioritariamente, se preparar para enfrentar condições desafiadoras de desempenho. Do ponto de vista nutricional, a atenção ao melhor construto de reservas nutricionais ocorre por meio do atendimento à demanda energética, hídrica, de macro e de micronutrientes. Para indivíduo de 53 Kg, sexo feminino, 1,58 cm de altura e 37 anos é correto afirmar que: R: O consumo hídrico na altitude costuma exigir ingestão a partir de 4 litros de água ao dia. A ingestão de proteínas, embora difícil, deve atingir valores hiperproteicos em torno de 1,6g/Kg de peso ao dia. No caso da atleta em questão, algo em torno de 85g/dia. Para facilidade na formulação da necessidade energética diária, considera-se demanda a partir de 55 Kcal/Kg de peso ao dia. Assim, no caso da atleta sua demanda seria de valores a partir de medida aproximada de 2900 Kcal. Em relação à ingestão glicídica, indica-se medidas a partir de 6g de carboidratos por Kg/dia, ou seja, no caso em questão, um valor aproximado de 315g/dia. Ainda, deve-se recomendar consumo pré-treino (até 1h antes) de 1,2 a 1,5g de carboidratos/Kg peso/dia, e pós-treino (até 30 min, no máximo) a partir de 1,2g/Kg de peso/dia, aproximando ambos os valores de 65g. A ingestão lipídica, embora importante em altitude, deve atingir consumo máximo de até 1,9g/Kg peso/dia, ou (no caso da atleta) 100g/dia. Módulo 2: Características clínicas e demandas fisiológicas em crianças e adolescentes. Os próximosdois quadros classificam as características dos estágios de maturação sexual para meninos e meninas, respectivamente. Já o terceiro quadro classifica por fases da puberdade os estágios de maturação sexual. Independentemente da demanda esportiva, alguns micronutrientes devem receber atenção especial entre crianças e adolescentes. O próximo quadro elenca referências bioquímicas de vitaminas e minerais na infância e puberdade. Os dois próximos quadros apresentam referências bioquímicas para diagnóstico de distúrbios do metabolismo do ferro ou indicadores de anemia para crianças e adolescentes, respectivamente. Avaliação nutricional Infanto-Juvenil associada ao esporte: Para obtenção dos valores de percentual de gordura em adolescentes, especificamente para homens, é necessária classificação de estágio de maturação sexual e étnica. Como referência, a tabela a seguir apresenta classificação nutricional do percentual de gordura para adolescentes de acordo com o gênero: Nutricionalmente algumas considerações são relevantes no que diz respeito a atletas infanto-juvenis quando comparados com adultos: requerimentos de crescimento vertical e puberal demandam considerada ingestão proteica, desenvolvimento mineral óssea demanda aumento da ingestão de cálcio, alto custo metabólico/energético em relação à massa corporal, maior taxa de oxidação lipídica, desidratação, taxa e conteúdo de suor/eletrólitos distintas. O quadro a seguir resume as demandas nutricionais de energia e de macro e micronutrientes entre crianças e adolescentes. Ex: Determine diagnóstico nutricional de adiposidade para adolescente do sexo feminino, de 16 anos de idade, nadadora e que apresenta as seguintes medidas: peso, 48 Kg; estatura, 165 cm; DCT de 12 mm e DCPm de 7 mm. R: De acordo com os dados fornecidos é possível realizar equação baseada em diversas fórmulas, como nas equações de Slaughter para mulheres: 1,33 x (DCT + DCSE) – 0,013 x (DCT + DCSE)2 – 2,5 ou % de Gordura = 0,61 x (DCT + DCPm) + 5,1 % de Gordura = 0,61 x (DCT + DCPm) + 5,1 % de Gordura = 0,61 x (19) + 5,1 % de Gordura = 16,7 %. A atleta apresenta valores normais de massa de gordura absoluta para crianças/adolescentes do sexo feminino, levando em consideração seu respectivo ponto de corte. Ex: As necessidades naturais de crescimento associadas aos requerimentos energéticos e nutricionais do esporte intensificam cuidados referentes à avaliação nutricional de crianças e adolescentes. Assim, dentre os principais micronutrientes para acompanhamento nutricional bioquímico infanto-juventil, destacam-se: R: Os elementos associados à regulação hormonal e ao metabolismo ósseo, como vitamina A, vitamina D e cálcio, juntamente com vitaminas de participação direta no metabolismo energético aeróbico e no estímulo orexígeno se destacam nesse período de vida. Módulo 3 – Planejamento esportivo e dietético da mulher atleta: A regulação central das atividades hormonais em mulheres se dá por meio da interação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Gonadal (HHG). Esse eixo depende necessariamente das concentrações de hormônio estrogênio no sistema corporal para que a ovulação aconteça. Em suma, a glândula hipotalâmica secreta ou inibe o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) de acordo com o aumento ou diminuição de estrogênio. O GnRH tem receptores localizados na hipófise (ou pituitária), que por sua vez, em movimento de cascata, secreta tanto hormônio folículo estimulante (FSH) como hormônio luteinizante (LH). Em resposta aos hormônios hipofisários, os ovários aumentam a liberação de estrogênio, especialmente estradiol. A priori, o estradiol inibe a síntese de LH e FSH quando se encontra em concentrações mais reduzidas, gerando controle de feedback negativo. Contudo, ao atingir pico de secreção, o estradiol desencadeia um aumento significativo de liberação de hormônios hipofisários, culminando nas funções foliculares ovarianas de desenvolvimento de células germinativas (ovócitos), ovulação e fertilização (CHRISTENSEN et al, 2012). O estradiol é sintetizado, em mulheres, nas células de Leydig encontradas no córtex adrenal e, principalmente, nos ovócitos ovarianos. Entretanto, cabe ressaltar que sua síntese é originada a partir da cascata hormonal oriunda da progesterona-testosterona, mesmo em mulheres. Por meio de enzimas conhecidas como aromatases, a testosterona é convertida nos três tipos de hormônios estrógenos: estradio, estriol e estrona. Tanto a presença de progesterona como dos hormônios estrógenos são capazes de gerar características e efeitos fisiológicos marcantes no corpo de mulheres nos diferentes ciclos da vida. Regulação hormonal feminina no esporte: A atividade física de elite pode desencadear distúrbios do equilíbrio do ciclo menstrual em atletas do sexo feminino, gerando até mesmo interrupção do processo, situação denominada de amenorreia. Juntamente com desequilíbrios bioquímicos, emergem manifestações clínicas como: fadiga, depressão, intolerância ao frio, perda de esmalte dentário, fraqueza generalizada. Esse conjunto de sintomas é resultado de: 1. Dieta cuja disponibilidade energética é insuficiente 2. Baixo peso corporal 3. Baixo conteúdo adiposo (inferior a 8%) 4. Treinamento extremamente intensos 5. Privação do sono 6. Baixos níveis de leptina 7. Hipersecreção hormonal induzida pelo estresse psicológico, físico, circadiano e/imune A sensibilidade hipotalâmica pode ser alterada tanto pela redução de estrogênio como pelo estresse gerado por competição energética endógena. O déficit extremo de liberação de GnRH gera consequências como: retardo da menarca em adolescentes, desequilíbrio ou cessão do ciclo menstrual em mulheres adultas. Neste cenário, a interrupção natural das cascatas hormonais femininas impacta diretamente a funcionalidade estrogênica, podendo ocasionar: aumento da incidência de lesões, perda mineral óssea, baixo rendimento esportivo. Bioquimicamente, em atividades extenuantes que englobam grande volume e intensidades de treino, nota-se o aumento das concentrações de hormônios catabolizantes, como cortisol e adrenalina, ao mesmo tempo em que há redução de LH. - A redução da disponibilidade energética no organismo diminui a circulação de insulina e somatomedina C (IGF-1), enquanto aumenta o cortisol. - A diminuição da atividade de IGF-1 impacta negativamente a secreção hormonal em cascata do eixo HHG, enquanto a presença corticosolêmica inibe a secreção específica de GnRH. - Essa combinação resulta no prolongamento da fase folicular ovariana em função da ausência de pico estrogênico ou de surto de LH. Níveis baixíssimos de LH desencadeiam retardo da menarca puberal e desenvolvimento intermitente de amenorreia. Ainda, em contraste com a atividade do eixo HHG, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) apresenta significativa ação em resposta à falta de disponibilidade energética. A síntese de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) inibe ainda mais a secreção de LH enquanto estimula a produção de corticotrofina (ACTH), catecolamínicos (como adrenalina) e glicocorticoides (como cortisol) importantes para lipólise e gliconeogênese. A reduzida concentração de estrogênio e progesterona impactam: A capacidade de manutenção da fisiologia óssea. O desenvolvimento de potência e força muscular. O controle da termorregulação corporal durante o exercício e em off exercício. Demais desequilíbrios funcionais estrogênicos. O gráfico a seguir apresenta uma cadeia de eventos que podem levar ao desenvolvimento da tríade da mulher atleta. Necessidades nutricionais na tríade da mulher atleta: - Monitoramento da ingestão energética versus GEAF para se evitar baixa disponibilidade e desequilíbrios entre os eixos HHG e HHA. - Determinar etiologia exata da amenorreia. - Encaminhar adolescentes portadores de amenorreia primária para acompanhamento médico a fim de evitar perda de desenvolvimento e crescimento vertical. - Realizar triagem de distúrbios alimentares. - Averiguar se a atleta se encontra abaixo do ponto de corte energético (menos de 30 kcalpor Kg de massa magra). Para atletas cuja margem de ganho de peso necessita de maior controle, duas abordagens parecem ser interessantes no ressurgimento do ciclo menstrual sem prejudicar o ajuste da composição corporal ótima: · Oferta aditiva de 350 Kcal ao dia no plano alimentar calculado em conjunto com um dia inteiro (na semana) de repouso de treinamentos (aumento do consumo vs redução do gasto). · Aumento de 5 Kcal por Kg de massa magra atual no plano alimentar calculado. Por fim, os principais micronutrientes que devem ser considerados são aqueles que comumente sofrem da restrição energética total. Destacando-se atenção às vitaminas do complexo B pela participação no metabolismo energético aeróbico; vitaminas e minerais envolvidos na hematopoiese (ferro, folato, cobalamina); e micronutrientes do metabolismo ósseo (magnésio, cálcio e vitamina D). Ex: De maneira bastante simplificada, o processo de tríade está majoritariamente associado ao quadro hipocalórico dietético ligado ao GEAF elevado. A regulação destes processos em conjunto com monitoramento das manifestações clínicas e indicadores de baixo peso são capazes de, em pouco tempo, reequilibrar a saúde feminina. Ex: Os hormônios catabolizantes inibem a secreção em cascata do eixo HHG, reduzindo tanto GnRH, como LH, FSH e estrogênio total. Metabolicamente, o cortisol é responsável por aumentar a degradação de lipídios (principalmente nos adipócitos) e proteínas musculares, além de servir como regulador da gliconeogênese hepática/renal. MÓDULO 4 – Estresse oxidativo e envelhecimento celular A atividade física quando aguda e espaçada ou intensa e extenuante também é capaz de gerar quantidades relevantes de ERON (Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio). Como condição de combate aos radicais livres, tanto nosso corpo como a dieta humana são capazes de apresentar elementos antioxidantes para defesa do estresse oxidativo. Alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento: - O aumento do estresse oxidativo intensifica a necessidade de antioxidantes, como vitamina C, E, betacaroteno, zinco, selênio, magnésio e fenólicos. - A diminuição da densidade mineral óssea associada à redução da biodisponibilidade de cálcio aumentam requerimentos dietéticos de vitamina D e cálcio. - A sarcopenia e perda de massa muscular reduzem a demanda energética total. - A imunossupressão induz ao aumento da demanda de antioxidantes, vitamina do complexo B e proteínas. Na velhice observa-se o desenvolvimento da síndrome da fragilidade do idoso, em que é possível identificar a deterioração da densidade mineral óssea e da massa muscular esquelética associada ao aumento de adiposidade, principalmente central. Na velhice observa-se o desenvolvimento da síndrome da fragilidade do idoso, em que é possível identificar a deterioração da densidade mineral óssea e da massa muscular esquelética associada ao aumento de adiposidade, principalmente central. Em relação ao acompanhamento bioquímico é indicada a medição de nutrientes relacionados ao metabolismo ósseo, em especial da vitamina D, do magnésio e do cálcio. Além disso, é importante medir valores de fosfatase alcalina sérica (FA) e, eventualmente, de osteocalcina (SIDDIQUE et al, 2017). Relevância clínica em distúrbios nutricionais em idosos: - Desnutrição: em idosos costuma estar associada com (degeneração da recuperação cicatricial, depleção cognitiva e da função respiratória e muscular, aumento do risco de infecções em diversos tecidos, diminuição da imunoproteção, aumento do risco de mortalidade). Dentre as condições clínicas para origem da desnutrição em idosos destacam-se: Na abordagem nutricional bioquímica, recomenda-se medição, de maneira combinada com os indicadores antropométricos, clínicos e dietéticos para melhor diagnóstico do estado de depleção nutricional, dos níveis séricos de (GAVRAN et al, 2019) · Albumina (risco quando abaixo de 3,5mg/dL); · Leptina; · Eritrograma (principalmente hemoglobina); · Colesterol total (risco quando abaixo de 160 mg/dL). Obesidade: Recomendações nutricionais para idosos engajados em esportes: Ex: Diante dessas condições, como o nutricionista deve proceder na avaliação nutricional da condição de fragilidade do idoso? R: Especificamente na avaliação nutricional combinada de sarcopenia, osteoporose e degeneração psiconeural é fundamental buscar indicadores além daqueles medidos na antropometria, com destaque para observação dietética de elementos do metabolismo do tecido ósseo. Ainda, verificar estado inflamatório geral por PCR, conteúdo proteico de longo prazo (por albuminemia) e enzimas de participação direta no metabolismo ósseo (FA), pois costumam, de maneira integrada, indicar risco de debilitação geral do idoso. Ressalta-se que nutricionistas não têm autonomia laboral para requisição de exames de imagem. A combinação de exercícios aeróbicos e anaeróbicos é capaz de melhorar a função oxidativa e valências esportivas em idosos. O consumo proteico, de forma geral, deve ser maior em idosos que praticam exercícios físicos em função da alteração do turnover de proteínas induzido pelo exercício. Porém, o ajuste de calorias e de carboidratos, principalmente, não deve ser superestimado para não gerar aumento da concentração adiposa. A análise, portanto, deve relevar a intensidade e duração do treinamento. TEMA 4 – RECURSOS ERGOGÊNICOS E DOPING Módulo 1: Na conjuntura esportiva, ergogênese pode ser atribuído como uma técnica ou substância utilizada com propósito de aprimorar o rendimento atlético, melhorando valências esportivas como velocidade, potência, força, resistência ou hipertrofia muscular. Agentes ergogênicos mecânicos: Qualquer tipo de equipamento ou ferramenta utilizada durante o exercício com a finalidade de melhorar valências esportivas pode ser considerado como agente ergogênico mecânico. Agentes ergogênicos farmacológicos: hormônios esteroides androgênicos, hormônio do crescimento, anfetaminas e eritropoetina. Agentes ergogênicos psicológicos: A sensação de bem-estar pessoal, em uma condição confortável e motivadora, pode ampliar a capacidade atlética em indivíduos engajados em esporte. Alguns fatores psicológicos parecem melhorar consistentemente o resultado esportivo, tais como a realização de treinos com estímulos sonoros ou competir em ambientes agradáveis (como equipes de esportes coletivos que participam de partidas sob seus domínios locais). Agentes ergogênicos fisiológicos: A adaptação ou os métodos de treinamento no esporte são considerados recursos ergogênicos fisiológicos, uma vez que a padronização de séries individualizadas e a execução de exercícios em ambientes diversos − com variações de temperatura, umidade relativa do ar e altitude − geram mudanças fisiológicas nos sistemas corporais, destacadamente nos sistemas muscular e cardiovascular. A adaptação fisiológica induzida por condições ambientais é denominada de aclimatação. Agentes ergogênicos nutricionais: Usualmente, os agentes ergogênicos nutricionais são denominados de suplementos nutricionais ou alimentares, e podem ser segmentados em diferentes classes, geralmente tipificadas de acordo com sua estrutura e origem. A Quadro 1 apresenta os principais tipos de suplementos nutricionais consumidos por indivíduos esportistas, apresentando exemplos e suas proposições: Para que nutricionistas e médicos tenham predisposição em orientar o consumo de suplementos nutricionais, alguns critérios de análise devem ser levados em consideração. O Quadro 2 elenca os principais fundamentos que devem ser considerados para eventual prescrição ou descarte dos suplementos nutricionais. SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS PRA ATLETAS: resolução RDC no 18, de 27 de abril de 2010, dispõe sobre regulamento técnico aprovado denominado “Alimento para atletas”, tipificando os seguintes itens subclassificáveis: 1. Hidroeletrolíticos: sódio, potássio, magnésio, fosfato e cloreto, esses hidroeletrolíticos devem possuir conteúdo energético provenientes de carboidratos que não sejam a base de amido ou pólios. 2. Energéticos:deve prover conteúdo nutricional capaz de preparar ou recuperar atletas a base de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), alguns produtos podem ser adicionados de vitaminas, minerais e outros nutrientes. 3. Proteicos: Os suplementos proteicos para atletas devem procurar atender a demanda de ressíntese de proteínas estimulada pelo exercício físico, aumentando a presença de aminoácidos essenciais na corrente sanguínea. A segurança e a eficiência para veiculação do produto no mercado são determinadas de acordo com o Score químico de Aminoácidos Corrigidos por Digestibilidade Proteica (PDCAAS, em inglês Protein Digestibility Corrected Amino Acids Score). O PDCAAS mede a relação entre o processo digestivo de biodisponibilização de aminoácidos e sua demanda em humanos. A escala varia de 0 a 1, sendo proteínas que se aproximem de PDCAAS valor 1 com melhor grau de qualidade. De acordo com a Anvisa, os suplementos de origem proteica devem ter PDCAAS superiores a 0,9. 4. Substitutos parciais de refeições: Também conhecidos como MRS (do inglês, Meal Replacement Supplements), os substitutos de refeições buscam oferecer conteúdos nutricionais que encaixem nas demandas fisiológicas e esportivas de atletas. Esses produtos devem possuir concentrações variadas dos macronutrientes. Vale ressaltar que o conteúdo proteico deve ter valor de PDCAAS acima de 0,9. 5. Creatina: A creatina é um tipo de aminoácido bastante distinto dos aminoácidos essenciais e dos biológicos. Isso porque sua síntese é feita a partir de aminoácidos que fazem parte do ciclo da ureia, principalmente. Sua característica mais importante é sua capacidade de combinação com o fosfato presente na biomolécula energética de adenosina trifosfato (ATP) para formação de composto fosfocreatina (PCr), que serve como substrato energético imediato para esportes de explosão muscular, geralmente muito intensos e de curta duração. Embora existam várias maneiras de apresentação química da creatina, a Anvisa determina que a veiculação seja especificamente para forma de alta pureza mono-hidratada. 6. Cafeína: Prescrição dietética de suplementos nutricionais por nutricionista: Especificamente para nutricionistas, a Lei no 8.234/1991, que regulamenta a profissão, em seu artigo 4o e inciso VII, permite que suplementos nutricionais possam ser prescritos para contemplar o planejamento dietético. Essa lei deve seguir o regulamento atualizado pela Resolução no 656/2020, do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). A prescrição de suplementos por nutricionistas pode incluir: nutrientes, substâncias bioativas, enzimas, prebióticos, probióticos, produtos apícolas (como mel, própolis, geleia real e pólen), novos alimentos e novos ingredientes e outros autorizados pela Anvisa para comercialização − isolados ou combinados −, bem como medicamentos isentos de prescrição à base de vitaminas e/ou minerais e/ou aminoácidos e/ou proteínas isolados ou associados entre si. Outros pontos dessa resolução devem ser destacados: Módulo 2 – Turnover proteico e demanda nutricional do exercício Em média, as recomendações para consumo de proteínas entre esportistas adultos seguem a seguinte orientação, segundo a American College of Sports Medicine (2016): Exercícios de Endurance: 1,2 a 1,6g de proteína por kg de peso ao dia Exercícios de força, potência ou hipertrofia: 1,4 a 2,0g de proteína por kg de peso ao dia Fisiculturistas: na fase de bulking, 1,4 a 2,0g de proteínas por kg de peso ao dia e na fase de cutting, 2,0 até 3,1g de proteínas por kg de peso ao dia. Síntese proteica muscular (SPM): aumento da construção de proteínas estruturantes da fibra muscular que participam de uma série de funções e atividades, como na formação de energia aeróbica (caso de proteínas mitocondriais) ou na contração muscular (caso de proteínas miofibrilares). Hipertrofia muscular: É um resultado do aumento do volume muscular considerando o tamanho adquirido pelas fibras que compõem o tecido. O acréscimo pode ser resultado de maior presença de proteínas, água e até mesmo glicogênio, gerando aumento significativo da célula. Suplementação de proteínas e derivados no esporte: é fundamental que as proteínas ingeridas sejam consideradas de alto valor biológico/completas, ou seja, contendo todos os AAE (aminoácidos essenciais). Os AAE são aqueles aminoácidos que são incapazes de serem sintetizados pelo corpo, sendo dependentes da ingestão alimentar para sua biodisponibilidade: treonina, metionina, valina, leucina, isoleucina, fenilalanina, triptofano, tirosina, histidina. Whey protein concentrado: 29 a 89% de proteína concentrada de WP acompanhada de carboidratos (como lactose) e lipídios. Whey protein hidrolisado: Proteínas de WP que foram previamente hidrolisadas para melhor digestão e absorção de peptídeos e aminoácidos provenientes do WP. No mercado, os suplementos de WP concentrados e isolados apresentam variação do grau de hidrólise. Quando maior o % de hidrólise, mais digerível e rapidamente absorvível é o produto. Whey protein isolado: A partir de 90% de concentração de proteínas WP. Remoção total ou parcial de carboidratos e lipídios (dependendo do grau de isolamento). Ovoalbumina: A ovoalbumina (OA) consiste no componente majoritário de todo ovo (54% das proteínas da clara) e tem elevado valor nutricional pela sua excelente distribuição de aminoácidos, especialmente BCAA, aminoácidos aromáticos e cisteína. Além disso, assim como o WP, a OA é uma proteína de alta digestibilidade, tornando-se excelente fonte proteica para indivíduos que almejam rápida recuperação ou presença de AAE no sangue para SPM pós-exercício. Proteinas vegetais: Os alimentos vegetais, em sua maioria, apresentam limitação no perfil disponível de aminoácidos. Isso torna seu conteúdo proteico de menor qualidade e valor biológico, quando comparados às demais proteínas de origem (ou derivadas de) animais. Entretanto, isso não significa que não é possível manter uma dieta dentro do espectro do vegetarianismo em combinação com elevada demanda esportiva. Segundo Rogerson (2017), para que vegetarianos obtenham capacidade de oferta proteica adequada, será necessário: escolher fontes proteicas de melhor qualidade, como a soja; ou combinar fontes proteicas limitantes em aminoácidos para que elas se completem, tornando a soma total da ingestão proteica vegetal combinada condizendo com a necessidade fisiológica induzida pelo exercício. Creatina: A suplementação de creatina na forma mono-hidratada (CM) consiste em um dos 5 suplementos considerados de maior nível de evidência e grau de recomendação pela American College of Sports Medicine. Há vasta publicação científica apontando para efeitos ergogênicos, principalmente, ganho de força, hipertrofia e potência muscular. A prescrição de CM deve ser protocolada para manter segurança de ingestão dietética e não desenvolver concentrações significativas de creatinina (seu metabólito nitrogenado), o que, eventualmente, poderia aumentar o risco de dano renal. Glutamina: A suplementação de creatina na forma mono-hidratada (CM) consiste em um dos 5 suplementos considerados de maior nível de evidência e grau de recomendação pela American College of Sports Medicine. Há vasta publicação científica apontando para efeitos ergogênicos, principalmente, ganho de força, hipertrofia e potência muscular. A prescrição de CM deve ser protocolada para manter segurança de ingestão dietética e não desenvolver concentrações significativas de creatinina (seu metabólito nitrogenado), o que, eventualmente, poderia aumentar o risco de dano renal. Arginina e nitrato: A discussão sobre a finalidade de ingestão ou prescrição de arginina e glutamato costuma ser conjunta, em função de ambos terem ação predisponente de cenário de hemodilatação. Nesse cenário, há constatação de maior chegada de sangue, oxigênio e nutrientes à fibra muscular, melhorando suas valências esportivas e, consequentemente, o desempenho físico. BCAA: De modo geral, as fontes de carnes, ovos e leites e derivados fornecem cerca de 15a 20 g de BCAA em 100 g de fonte alimentar. Bioquimicamente, os BCAA têm papel de grande importância no metabolismo energético intramuscular esquelético, em especial na transaminação com cetoácidos de cadeia ramificada (BCKA) e glutamato, gerando a amônia como subproduto dessa reação. Além disso, níveis controlados de BCAA no sangue interferem diretamente sob o estado de fadiga central durante o exercício físico. Isso ocorre pois existe uma competição na barreira hematocefálica neural entre BCAA e aminoácidos aromáticos (AAA), com destaque ao triptofano. As doses de suplementação de BCAA recomendadas para redução de indução à fadiga central são de 0,03 a 0,05 g/kg de peso por hora de treinamento ou 2-4g/h de treino, ingerida preferencialmente na proximidade ou durante o exercício. O consumo pós-treino pode ser indicado, contato que exista cuidado na ingestão conjunta de proteínas completas − se o interesse for de aumento da SPM e levando em consideração que fontes proteicas dietéticas de alto valor biológico já contêm concentração razoável de BCAA. Módulo 3 – lipólise, oxidação lipídica e emagrecimento: o excesso de provisionamento energético através da dieta resulta na produção de lipídios de armazenamento conhecidos como triglicerídeos (TG). A síntese de TG ocorre pela união de 3 ácidos graxos livres e uma molécula de glicerol. A ingestão exagerada de quaisquer macronutrientes é capaz de desenvolver mecanismos de produção de substratos para formação dos TG. Inicialmente, o hipotálamo (localizado no sistema nervoso central) secreta o hormônio liberador de corticotrofina (CRH) em resposta ao deficit energético interno. O CRH, por sua vez, é enviado à hipófise, que recebe mensagem química hormonal e, em sequência, secreta corticotrofina ou hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Em seguida, o ACTH é enviado para as glândulas adrenais e desencadeia produção hormonal local de diversos agentes catabolizantes, especialmente glicocorticoides como o cortisol e catecolamínicos como a adrenalina. Tanto o cortisol como a adrenalina são hormônios que deflagram cascatas catabolizantes nas reservas nutricionais corporais. Dentre as consequências da liberação de adrenalina e cortisol, observa-se principalmente: Aumento da proteólise do tecido muscular esquelético: intuído de aumentar a presença de aminoácidos plasmáticos para o metabolismo energético. Aumento da lipólise do tecido adiposo: suprimento de ácidos graxos para oxidação e produção energética aeróbica.