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REDES I – REDES DE COMUNICAÇÃO E NORMAS AULA 6 Prof. Luis José Rohling 2 CONVERSA INICIAL Conforme vimos anteriormente, as redes de acesso evoluíram para atender à demanda dos usuários por novos serviços, principalmente de dados, como o acesso à internet. Essa demanda foi inicialmente atendida com a utilização de equipamentos que faziam a modulação dos sinais digitais para serem transmitidos através das linhas telefônicas, por meio das chamadas conexões discadas. No entanto, essas conexões, além de serem de baixa velocidade, ocupavam a linha telefônica, indisponibilizando o serviço de voz enquanto a linha era utilizada para o tráfego de dados. Além disso, esse tipo de conexão também apresentava um alto custo, pois os serviços eram cobrados pelo tempo de uso da linha telefônica, tipicamente no horário comercial, praticamente inviabilizando a utilização desse tipo de acesso naquele período. Na sequência foi desenvolvida a tecnologia integrated services digital network (ISDN), com a efetiva digitalização do acesso. Nessa tecnologia, era instalado o equipamento, na casa do assinante, que lhe permitia a utilização da linha telefônica para a comunicação de voz e de dados simultaneamente, que eram transmitidos em dois canais digitais de 64 kbps. E, quando não estava sendo utilizado o serviço de voz, era possível usar os dois canais para o tráfego de dados, obtendo-se uma banda total de 128 kbps. No entanto, essa tecnologia, em virtude de sua baixa velocidade, logo também se tornou obsoleta. A tecnologia que veio a substituir o ISDN, usando a infraestrutura da rede telefônica já implementada, foi a tecnologia assymetrical digital subscriber line (ADSL), conforme visto em nossas aulas anteriores. Essa tecnologia também permitia a utilização simultânea dos serviços de voz e de dados numa mesma linha, otimizando a rede de acesso, e com velocidades muito maiores do que o ISDN. No entanto, mesmo iniciando com uma velocidade nominal de 8 Mbps, a implementação da primeira versão do ADSL conseguia disponibilizar taxas muito menores, na ordem de 1 Mbps para muitos assinantes, em função da qualidade da rede telefônica existente. Dessa forma, as operadoras que construíram a sua infraestrutura de rede mais recentemente conseguiram atender os seus assinantes com velocidades muito maiores, chegando a lhes oferecer, atualmente, com as novas versões do ADSL, velocidades da ordem de 20 Mbps. No entanto, por melhor que seja a infraestrutura da rede telefônica com cabos de cobre, a versão mais recente do ADSL já está utilizando toda a largura 3 de banda possível do cabo telefônico e aplicando as mais modernas tecnologias de codificação e modulação dos sinais digitais, atingindo praticamente o limite dessa tecnologia em relação à largura de banda possível com emprego da rede telefônica convencional. Dessa forma, a solução para o aumento da capacidade das redes de acesso é a utilização das fibras ópticas nas redes de acesso, substituindo as redes metálicas. E, com a queda significativa dos custos de fabricação das fibras ópticas, essa tecnologia já se tronou economicamente viável, em substituição às redes telefônicas em par metálico. Dessa forma, as operadoras de telecomunicações já vêm trocando gradativamente as redes antigas pelas novas redes ópticas. A fibra óptica já vinha sendo utilizada na rede de acesso, porém, como o custo dessa tecnologia ainda era bastante elevado, ela era usada apenas para o acesso aos clientes corporativos que demandavam uma grande largura de banda ou uma grande diversidade de serviços, que poderiam ser entregues inclusive com os padrões plesiochronous digital hierarchy (PDH) e synchronous digital hierarchy (SDH). Assim, grandes clientes que demandavam, por exemplo, várias conexões do padrão E1 de telefonia, eram atendidos por meio de uma rede de fibra óptica, com a instalação de um modem óptico, que operava como um multiplexador PDH, disponibilizando as conexões E1 para o private automatic branch exchange (PABX) do cliente, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1 – Redes de acesso com uso de fibra óptica Fonte: Rohling, 2021. No entanto, como o custo dos equipamentos ópticos ainda representava um grande investimento, se comparado com o dos equipamentos do tipo high- Conexões digitais (E1) Rede de acesso em fibra óptica CENTRAL operadora N x E1 PABX cliente Modem óptico Modem óptico N x E1 4 bit-rate digital subscriber line (HDSL), por exemplo, que também eram utilizados para a conexão dos troncos digitais de telefonia, que eram os E1s, a rede digital somente era viável quando o assinante demandava vários E1s. Mas, com o surgimento das redes de dados, assumir os custos das conexões em fibra óptica se tornou algo viável, pois, com uma única conexão de rede, ou seja, com um único par de fibras, já era possível atender os diversos serviços, que, em redes metálicas, requereriam diversas conexões distintas, em função da limitação de largura de banda em cabos metálicos. A disseminação efetiva das redes de acesso com utilização de fibras ópticas ocorreu com o advento das tecnologias de redes ópticas passivas (PON), que viabilizaram a redução de custo dos equipamentos ópticos, bem como o compartilhamento da infraestrutura de cabos ópticos com diversos assinantes. Assim, nesta aula, estudaremos em detalhes a aplicação da tecnologia PON em redes de acesso. Além das fibras ópticas e cabos metálicos, o outro tipo de meio físico empregado nas redes de comunicação é o wireless. Assim, temos diversas tecnologias de redes sem fio, para soluções de redes de área alargada (WAN) das operadoras, tanto no backbone quanto nas redes de acesso. Assim, nesta aula também veremos algumas dessas tecnologias utilizadas nas redes, como as tecnologias satelitais e para redes metropolitanas. TEMA 1 – A TECNOLOGIA PON Uma PON é uma rede que utiliza como meio físico a fibra óptica, do tipo monomodo, em uma topologia ponto-multiponto (P2MP), com o emprego de divisores ópticos que caracterizam o termo rede passiva, pois fazem a divisão dos sinais sem a necessidade de alimentação para o seu funcionamento. A PON é uma rede que permite estabelecer a comunicação de dados de um único ponto de transmissão para vários pontos terminais de usuários, otimizando a infraestrutura da rede de acesso. Nas redes de acesso com par metálico, tipicamente nas redes ADSL, é necessária a instalação de armários externos que contenham os equipamentos ativos de rede, como o digital subscriber line access multiplexer (Dslam), e que necessitam de energia elétrica, além de ocuparem um espaço significativo. Assim, uma rede de acesso gigabit passive optical network (Gpon), pela sua característica passiva, apresenta um custo de implementação de infraestrutura muito menor para as operadoras, além 5 de um menor custo de operação da rede. Outra característica das redes ópticas passivas é que elas podem ser usadas para transmitir simultaneamente nas duas direções, com uma só fibra óptica, ou seja, para realizar a transmissão da central para os pontos finais dos usuários e dos usuários para o ponto central, que são os tráfegos chamados de downstream e de upstream, respectivamente. 1.1 A conexão da PON Na PON teremos também um concentrador das conexões dos usuários, que é a optical line terminal (OLT), que fará a conexão com as redes de dados. Porém, de maneira diferente das redes de acesso da tecnologia ADSL, uma única fibra atenderá diversos assinantes, na ordem de 128 ou até 256 usuários. Já no ADSL é necessário que seja disponibilizada uma porta para cada assinante, conforme mostrado na Figura 2. Figura 2 – Os acessos ADSL e PON Fonte: Rohling, 2021. A OLT poderá ter também diversas portas, como o concentrador Dslam, porém cada uma das portas poderáconectar diversos assinantes, com a DSLAM Linhas telefônicas Modem Modem OLT ONU ONU Fibras ópticas Splitter 6 utilização de divisores ópticos, que são os splitters. Assim, para o atendimento de 200 assinantes, necessitaríamos de um Dslam de no mínimo 200 portas, com a conexão de 200 linhas telefônicas entre os assinantes e a central ou o armário onde o Dslam está instalado. Com a tecnologia PON, precisaríamos de apenas duas portas da OLT, com duas fibras ópticas conectadas entre a central onde a OLT está instalada e os splitters, que estarão instalados próximos aos assinantes. E, na instalação do assinante, teremos a optical network unit (ONU), que fará a conexão com a rede local, sendo ela equivalente ao modem ADSL. 1.2 Os equipamentos PON Para a implementação da infraestrutura das redes de acesso do tipo PON temos então a fibra óptica e os divisores ópticos, que farão a conexão entre o equipamento instalado na central e os assinantes. Além dos componentes passivos, temos também os dispositivos finais ativos, que são necessários para a conexão com a rede de dados da operadora e com o terminal do usuário, que será o computador. Assim, temos dois elementos distintos que são a OLT e a optical network terminal (ONT). A OLT é o ponto central de conexão dos usuários da PON, instalado na central do provedor do serviço de telecomunicações e conectado a um switch central através de interfaces ethernet. A função básica da OLT é converter, enquadrar e transmitir sinais para a PON e coordenar o processo de multiplexação dos terminais ópticos de rede, que são as chamadas ONT. As ONT é que farão a transmissão do tráfego de upstream, que é realizado através de um meio compartilhado, sendo necessário um processo de gerenciamento das ONT. E as ONT também são chamadas de ONU. Essa é simplesmente uma diferença na terminologia adotada pelos dois principais órgãos de normas e padrões, sendo que o ITU-T usa o termo ONT e o IEEE designa o terminal do usuário como ONU. E a ONT é o dispositivo do sistema de PON instalado na extremidade oposta da rede, nas instalações do usuário, sendo ele um dispositivo ativo de rede, necessitando ser alimentado por uma fonte de energia elétrica. E a ONT incluirá, além da interface de conexão com a rede óptica, as portas ethernet, para a conexão do equipamento terminal de usuário ou da rede ethernet. Como as operadoras utilizam essa rede de acesso para o atendimento dos seus serviços de voz, as ONT poderão ter também uma interface para 7 conexão do aparelho telefônico do assinante, provendo o serviço de voz na mesma rede de acesso. Figura 3 – A conexão da ONT/ONU Fonte: Rohling, 2021. Atualmente, as ONT/ONU já incluem outras funcionalidades, como os modems ADSL, integrando um switch com portas ethernet para a conexão de diversos equipamentos via cabo de rede e também um roteador wireless fidelity (Wi-Fi), permitindo a conexão dos dispositivos sem fio, conforme mostrado na Figura 4. Figura 4 – A ONT/ONU Crédito: Artush/Shutterstock. Rede óptica ONU/ONT Ethernet Cordão telefônico Interface óptica Interface ethernet (RJ45) Interface de telefonia (RJ11) 8 Inclusive, a ONT/ONU, além do serviço de telefonia, poderá prover o serviço de TV por assinatura, ou seja, prover todos os tipos de serviços de telecomunicações, que são os serviços de voz, de dados e de vídeo. A multiplexação dos sinais de dados e de vídeo será feita utilizando o padrão wavelength division multiplexing (WDM), pelo qual teremos um comprimento de onda diferente para cada um dos serviços. O equipamento instalado na central da operadora, concentrando as conexões PON dos assinantes, que é a OLT, normalmente possui diversas portas ópticas, permitindo a expansão da rede. Inclusive, alguns equipamentos possuem portas do tipo small form pluggable (SFP), de modo que as interfaces ópticas, que apresentam um custo significativo, sejam adquiridas de acordo com a expansão da rede. Assim, por exemplo, uma operadora poderá iniciar a implantação da rede de acesso PON com uma OLT de oito portas, do tipo SFP, conforme ilustrado na Figura 5, adquirindo apenas os módulos ópticos para fornecer os serviços de acesso à medida que os assinantes contratem os serviços e a sua rede de acesso seja expandida. Figura 5 – A OLT Crédito: Vs_vadim/Shutterstock. Nesse exemplo, temos uma OLT com oito portas Gpon, do tipo SFP, permitindo a expansão da rede gradativamente. Assim, como cada interface óptica da OLT poderá atender até 128 ONT/ONU, com esse equipamento a operadora poderia atender até 1.024 assinantes, com a rede ocupada completamente. E, para a conexão com a rede de dados da operadora, temos as portas ethernet, para conexão de cabos unshield twisted pair (UTP), ou até mesmo fibra óptica, com as portas SFP ethernet. Para o atendimento do serviço de voz, com a rede de acesso PON, é utilizado o padrão de voz sobre protocolo de internet (VoIP). Assim, os pacotes de voz são encapsulados pela ONT/ONU e transmitidos, através da PON, até a 9 OLT. Na OLT, como esse tráfego está encapsulado em pacotes de protocolo de internet (IP), ele poderá ser roteado para uma das portas da OLT, realizando a separação desse tráfego, de maneira semelhante ao processo realizado nas redes ADSL. Inclusive, como o tráfego de cada assinante pode ser identificado na OLT, poderemos ter a utilização da rede de acesso PON compartilhada por diversos provedores de serviço, bastando para isso se fazer a configuração adequada da OLT. E, como a OLT possui diversas portas ethernet, conforme o exemplo anterior, os provedores de serviço poderão se conectar nessas portas, fazendo a separação adequada do tráfego. Figura 6 – A conexão da OLT Fonte: Rohling, 2021. Devido ao longo alcance da PON, da ordem de 20 km, não é necessária a instalação dos armários externos para acomodar a OLT e os equipamentos de rede, como ocorria com a rede de acesso ADSL. Assim, o provedor da PON poderá concentrar as OLT em uma construção centralizada, tal como ocorria nas redes telefônicas e, nela, poderá fazer a interconexão com as redes dos diversos provedores dos serviços de voz, dados e vídeo. Essa topologia centralizada otimiza o investimento em infraestrutura de todos os provedores de serviços de telecomunicações. OLT PON Ethernet Provedor 1 Provedor 2 Provedor 3 10 TEMA 2 – OS PADRÕES PON As primeiras implementações de redes ópticas de acesso empregavam o padrão PDH, com a utilização de transdutores ópticos, que eram os modems ópticos. No entanto, essa era uma topologia ponto a ponto, que exigia um par de fibras ópticas dedicadas entre a operadora e o assinante, o que representava um alto custo de investimento, tanto na rede óptica quanto nos equipamentos. Assim, a grande mudança apresentada pela tecnologia PON foi a mudança para uma topologia P2MP, o que otimizava o investimento na rede e nos equipamentos, pois o nó central compartilhava uma porta óptica para o atendimento de até 128 assinantes. Diversos padrões foram desenvolvidos, baseados nesse modelo P2MP, para as redes do tipo PON. Um dos primeiros padrões foi o Apon, que consistia na utilização do protocolo modo de transferência assíncrono (ATM) sobre a PON, pois o ATM já era utilizado para transmissões no backbone das operadoras. O Apon foi publicado em 1997 e adotado pelo ITU-T no padrão G.983.1, operando com uma banda simétrica de 155 Mbps, que foi aumentada para 622 Mbps em 2001. O outro padrão definido foi o broadband PON (Bpon), que não estava limitado ao protocolo ATM, ampliando a especificação para o processo de operação, administração, manutenção e provisionamento (OAM&P) da rede. O padrão Apon empregava a multiplexação WDM, sendo o tráfego de downstream transmitido no comprimento de onda de 1.490 nm e o tráfego deupstream no comprimento de onda de 1.310 nm. Esse padrão já suportava o envio de broadcast de vídeo, utilizando o comprimento de onda de 1.550 nm. Atualmente, temos dois padrões que são utilizados nas soluções de mercado, que são o Epon, que é um padrão do IEEE com downstream e upstream simétricos de 1,25 Gbps; e o Gpon, que é um padrão do ITU-T, com 2,5 Gbps de downstream e 1,25 Gbps de upstream. Porém, como no Brasil as operadoras de telecomunicações sempre adotaram os padrões do ITU-T para as tecnologias, seguindo o padrão europeu, para a tecnologia PON foi adotado o padrão Gpon. 2.1 A arquitetura PON Conforme vimos anteriormente, as PON utilizam uma arquitetura P2MP, com uso dos divisores ópticos, chamados de splitters, para dividir o sinal 11 transmitido de uma única OLT até os usuários finais. E esses mesmos divisores também irão agrupar o tráfego de subida, que é chamado de upstream, dos usuários finais em direção à OLT. Essa arquitetura foi padronizada em 1998 por intermédio da especificação ATM-PON G.983.1. Hoje, o padrão ITU-T G.984 para Gpon substituiu o padrão ATM, uma vez que o ATM não é mais utilizado. A arquitetura da rede formada pelos cabos ópticos empregava a nomenclatura adotada pelas redes de cabos metálicos, formadas pelos cabos- tronco para a conexão das centrais com os armários de distribuição, onde ocorria a ramificação da rede, através dos cabos da rede de distribuição, até as caixas de emenda, sendo o acesso final do assinante feito por meio do cabo chamado de cabo drop, que conectava o assinante à caixa de emenda. Da mesma forma, uma PON tem como ponto inicial uma OLT, instalada na sede de origem do provedor de serviços, também designada como central office ou headend. Após esse ponto o cabo-tronco de fibra óptica segue até um divisor passivo (splitter), juntamente com uma fibra de backup, se for implementada uma redundância. As fibras da rede de distribuição, então, se conectam aos cabos de acesso de clientes, que podem estar localizados em armários de rua ou em caixas suspensas em postes. As fibras de acesso do cliente, também chamadas de cabos drops, fornecem a conexão do usuário final e são conectadas à ONT/ONU. Normalmente, temos dois divisores ópticos entre a OLT e os assinantes, implementando dois níveis de divisão, chegando ao total de 128 ONT/ONU por porta de OLT. O número de maneiras pelas quais o sinal OLT de downstream é dividido antes de chegar ao usuário final é a razão de divisão (split ratio), que poderá ser, por exemplo, de 1:32 ou de 1:64. Para chegarmos a 128 assinantes por porta, poderíamos ter um primeiro nível de divisão de 1:4, cujo splitter estaria posicionado entre o cabo-tronco e a rede de distribuição; e um segundo nível de divisão, de 1:32, cuja saída será conectada aos cabos drops, que farão o acesso até a residência dos assinantes. E, nesse exemplo, teríamos então um primeiro splitter de 1:4 e mais quatro splitters de 1:32, totalizando os 128 acessos de assinantes. 12 Figura 7 – A arquitetura PON Fonte: Rohling, 2021. 2.2 A multiplexação PON Conforme vimos anteriormente, a rede de acesso PON utiliza a multiplexação por divisão de comprimento de onda, chamada de WDM, que é utilizada para separar os fluxos de dados com base no comprimento de onda. Dessa forma, teremos um comprimento de onda para a transmissão dos dados de downstream, enquanto outro comprimento de onda é usado para transportar dados de upstream. Esses comprimentos de onda dedicados, que são representados pela letra grega lambda (λ), variam, dependendo do padrão PON em uso, e podem estar presentes simultaneamente numa mesma fibra. Além disso, os padrões PON também utilizam um terceiro comprimento de onda para o downstream dos sinais de vídeo. Cabo-tronco Splitter OLT ONU ONU ONU 13 Figura 8 – Multiplexação PON Fonte: Rohling, 2021. Dessa forma, o tráfego de downstream emprega a multiplexação WDM para transmitir o tráfego de dados e de vídeo através do mesmo meio físico, utilizando comprimentos de onda diferentes. E os dois tipos de tráfego são enviados no modo de comunicação de broadcast, ou seja, o tráfego é enviado pela central para todos os assinantes, não havendo nenhum mecanismo de separação do tráfego na camada física. Com isso, como o tráfego de dados é enviado em broadcast para todas as ONT/ONU, esses dispositivos é que farão a filtragem dos pacotes de dados, de acordo com o identificador de cada ONT/ONU, o que é um processo que já faz parte do funcionamento do protocolo PON, que atribui um identificador exclusivo a cada ONT/ONU. Para o tráfego de upstream de dados, é utilizado o processo de multiplexação por divisão de tempo, que é o time division multiple access (TDMA). Essa tecnologia é empregada para alocar a largura de banda de upstream para cada usuário final, por um intervalo de tempo específico. E esse processo é gerenciado pela OLT, evitando colisões de dados nos divisores PON ou na OLT, que poderiam ocorrer se as diversas ONT/ONU fizessem a transmissão de dados ao mesmo tempo. Splitter OLT ONU ONU ONU Downstream de dados (λ1) Broadcast de vídeo (λ3) 14 Figura 9 – O upstream na PON em TDMA Fonte: Rohling, 2021. Ao receber o tráfego da rede, a OLT irá identificar a origem de cada quadro recebido, de acordo com o identificador inserido pelas ONT/ONU, fazendo o encaminhamento adequado do tráfego. Esse mecanismo permite a utilização da multiplexação TDMA de maneira muito mais eficiente, pois é possível alocar dinamicamente as janelas de tempo de transmissão para as ONT/ONU de acordo com a demanda de tráfego a ser enviado para a OLT. No modo padrão do TDMA isso não era possível, pois, para alteração das janelas de tempo, seria necessário reconfigurar praticamente toda a rede, como no caso da configuração dos canais E1 de telefonia, utilizados para a comunicação entre as centrais privadas (PABX) e as centrais das operadoras. TEMA 3 – O PADRÃO GPON Conforme vimos anteriormente, temos atualmente dois padrões PON, que são o Epon e o Gpon, sendo que o adotado pelas operadoras de telecomunicações no Brasil é o Gpon, seguindo o padrão ITU-T adotado para as demais tecnologias de telecomunicações no país. O padrão Gpon está descrito nas recomendações G.984.x do ITU-T, sendo que o encapsulamento adotado é o Gpon encapsulation method (GEM), que permite suportar outros protocolos, tais como ATM, ethernet e time division multiplex (TDM), em quadros síncronos de 125 μs. Com esse tipo de encapsulamento, era possível, desde as primeiras versões, manter a compatibilidade com as tecnologias anteriores, tais como o ATM e o TDM, utilizando a rede Gpon como uma rede de transporte para outros serviços que utilizavam essas tecnologias legadas. Porém, a principal utilização Tempo = t1 Tempo = t2 Tempo = t3 15 das redes Gpon é para o tráfego ethernet, permitindo a conexão dos assinantes para a navegação na internet, pois o protocolo utilizado nas redes de área local (LAN) dos assinantes é o ethernet. 3.1 A proteção da rede Entre as especificações do ITU-T para o padrão Gpon temos a especificação G.984.1, que apresenta as características gerais da rede Gpon, sendo que a proteção prevista para a rede é a operação no modo duplex, com redundância na rede óptica da OLT até o splitter, que será do tipo 2:N. Assim, teríamos duas fibras ópticas conectadas à entrada de cada divisor óptico, de forma que, caso ocorra a falha de um caminho, teremos uma segunda fibra óptica como reserva, para a continuidade da transmissão. Como as fibras operam em full-duplex, a OLT detectaria a falha, pois a fibra óptica ativa não receberia mais o tráfego de upstream, fazendo então a comutação da transmissão do tráfego de downstream para a outra fibra óptica.Figura 10 – A proteção 2:N Fonte: Rohling, 2021. Temos também a especificação G.984.2, que descreve a subcamada physical medium dependente (PMD) e as características de transmissão do Gpon, baseada no uso da fibra óptica do tipo G.652. 3.2 A rede ODN Splitter OLT ONU ONU ONU 2 x FO 16 A infraestrutura de rede do padrão Gpon é chamada de optical distribution network (ODN), em que o tráfego poderá ser no modo duplex, realizando a transmissão e a recepção na mesma fibra, ou simplex, utilizando fibras e demais componentes, tais como os divisores ópticos, separados, com uma estrutura para a transmissão e outra para a recepção. Assim, como poderíamos ter duas fibras separadas, temos duas especificações distintas para o tráfego de downstream, que são: • transmissão com uma única fibra: utiliza a terceira janela óptica, no comprimento de onda de 1.480 nm a 1.500 nm; • transmissão com duas fibras: utiliza a segunda janela óptica, no comprimento de onda de 1.260 nm a 1.360 nm. No entanto, em ambos os casos, o upstream é feito no comprimento de onda de 1.260 nm a 1.360 nm. O padrão ITU-T permite a utilização de duas taxas distintas para a transmissão da OLT para as ONU, que são 1.244,16 Mbit/s e 2.488,32 Mbit/s. Assim, para propiciar maiores velocidades de conexão para os assinantes e para otimizar o investimento realizado na construção das redes, normalmente as operadoras utilizam a taxa de downstream de 2,5 Gbps. Assim, com uma taxa de 2,5 Gbps, em uma rede com 128 assinantes, teremos uma velocidade média de acesso da ordem de 20 Mbps, o que é praticamente a taxa máxima do ADSL. Além disso, como o tráfego dos assinantes tem um perfil característico das redes IP, que é o tráfego de rajada, as operadoras oferecem o serviço de acesso à internet através das redes Gpon com velocidades de conexão da ordem de 100 Mbps, em função dessa característica. Além disso, teremos também um tratamento estatístico do tráfego na OLT, de acordo com a demanda do tráfego gerado pelos clientes, para o dimensionamento do tráfego entre a OLT e o backbone de internet. Dessa forma, na prática, provavelmente os assinantes não perceberão a “limitação” de 20 Mbps, obtendo sempre os 100 Mbps durante a utilização da rede. O padrão Gpon também prevê diversas taxas para o tráfego de upstream, que são 155,52 Mbit/s, 622,08 Mbit/s e 1.244,16 Mbit/s. No entanto, assim como no caso do downstream, as operadoras deverão utilizar a maior taxa disponível para o upstream, que é de 1,25 Gbps. Figura 11 – As taxas na rede PON 17 Fonte: Rohling, 2021. No padrão G.684.2 temos também a especificação dos principais parâmetros para a PON, incluindo a recomendação da fibra óptica do tipo G.652, a atenuação máxima de rede de 20 dB a 30 dB, de acordo com a classe de transmissão do laser utilizado, e uma distância máxima de 20 km entre a OLT e as ONU. Dessa forma, é recomendável que as operadoras elaborem projetos de rede para garantir que a atenuação da rede, incluindo os cabos ópticos, emendas, conectores e divisores ópticos, não ultrapasse o nível máximo de atenuação especificado para os equipamentos utilizados. E, de outra forma, caso a área de cobertura seja muito extensa, o que fará com que as redes sejam muito longas, talvez seja necessário avaliar a utilização de equipamentos com níveis maiores de transmissão, para garantir o alcance da rede. Caso o nível do sinal óptico sofra uma atenuação maior do que a especificada, a ONT/ONU poderá não mais identificar os sinais corretamente, ou seja, a rede deixará de funcionar, diferentemente do ADSL, em que temos uma perda da capacidade de transmissão em função da distância, mas não a interrupção do serviço. 3.3 O quadro Gpon Na especificação G.984.2 temos a descrição do cabeçalho Gpon, chamado de physical layer overhead, que acomoda os diversos processos físicos do Gpon, sendo que o tamanho do cabeçalho dependerá da velocidade de transmissão de upstream, que será de 24 bytes para a transmissão em 2,5 Gbps. A recomendação G.984.3 especifica a camada de convergência, o que inclui a estrutura do quadro Gpon transmission convergence (GTC), mostrado na Figura 12, a operação do protocolo TDM, que é utilizado para o upstream, o mecanismo de alocação de banda e o processo de ativação da ONU. 2,5 Gbps OLT ONU ONU ONU 1,25 Gbps 18 Figura 12 – Os quadros PON O controle de largura de banda de upstream das ONU/ONT é implementado de duas maneiras distintas, que são a atribuição estática e a atribuição dinâmica, sendo que, nesses dois casos, todas as configurações são realizadas sempre na OLT. Na operação com a atribuição estática, a largura de banda será limitada ao valor atribuído a cada ONT/ONU, de acordo com a configuração realizada na OLT, sendo que essa configuração é atribuída a cada ONT/ONU quando de seu processo de inicialização. Outra forma de controle de tráfego de upstream é a alocação dinâmica de banda, que considera a demanda de tráfego das ONT/ONU, utilizando as atualizações de dynamic bandwidth report upstream (DBRu) para alocação das janelas de tempo do processo de multiplexação TDMA. Assim, a ONT/ONU deverá reportar à OLT a demanda de tráfego a ser transmitido, e a OLT poderá então alocar mais intervalos de tempo para a transmissão das ONT/ONU que tenham essa demanda. Entretanto, essa é uma configuração que dependerá do modelo de negócio da operadora, pois a alocação dinâmica de banda poderá ser um serviço diferenciado oferecido pela operadora. Como a transmissão da OLT para as ONT/ONU é feita em broadcast, conforme vimos anteriormente, no processo de downstream a OLT envia o tráfego para as ONT/ONU utilizando o GEM port-ID para identificar os quadros. Assim, ao receber os quadros, as ONT/ONU poderão filtrar o tráfego recebido, comparando a informação contida no cabeçalho do quadro com o seu próprio GEM port-ID, processando os quadros que contiverem o seu endereço e descartando os demais quadros. 19 Para a transmissão das ONT/ONU para a OLT, o tráfego de upstream será enviado de acordo a alocação de banda, para os diferentes alloc-ID, que empregam o processo de multiplexação no tempo. E essa alocação dos intervalos de tempo ocorrerá conforme especificado pela OLT, no processo de mapeamento de banda realizado pela OLT e transmitido para as ONT/ONU. E cada ONU utilizará o GEM port-ID para identificar os quadros das diferentes conexões lógicas. No cabeçalho dos quadros, para identificação das ONT/ONU temos o ONU-ID, que é um identificador de 8 bits, atribuído à ONT/ONU no processo de inicialização da conexão à rede, sendo que o ONU-ID é único e permanece válido até que a ONU seja desligada, desativada pela OLT ou passe ela mesma para o modo desativado. TEMA 4 – AS TECNOLOGIAS DE WMAN A cobertura das redes metropolitanas (MAN) pode ser realizada com as tecnologias em cobre, com o ADSL, com as tecnologias em fibras ópticas, com o Gpon e também com as tecnologias de redes metropolitanas sem fio (Wman), tal como as redes celulares e também com o worldwide interoperability for microwave access (WiMAX). O WiMAX fornece banda larga sem fio para terminais fixos e móveis, baseado nos padrões IEEE 802.16-2004 e IEEE 802.16-2005 para redes sem fio, sendo considerado como uma tecnologia de quarta geração (4G). É um padrão para Wman desenvolvido pelo grupo IEEE 802.16 e é adotado pelo European Telecommunication Standard Institute (ETSI) e pelo grupo High Performance Radio Metropolitan Area Network (HiperMAN). Embora o termo WiMAX seja mais recente, o padrão 802.16 existe desde o final da década de 1990, primeiro com a adoção do padrão 802.16 (10-66 GHz) e depois com 802.16a (2-11 GHz). O WiMAX é uma tecnologia de banda larga sem fio que apresenta várias melhorias em relação ao Wi-Fi e ao universal mobile telecommunicationservices/high speed downlink packet acess (UMTS/HSDPA). O Wi-Fi pode ser utilizado para fornecer conexões sem fio de internet e uma rede de alta velocidade, porém com uma grande limitação em relação ao alcance da rede, da ordem de somente dezenas de metros. A tecnologia UMTS é baseada no padrão de terceira geração (3G) GSM, que, com o HSDPA, que é um protocolo de 20 comunicação 3G, permite também uma alta velocidade e capacidade de transferência de dados. No Quadro 1 temos uma comparação entre essas tecnologias. Quadro 1 – Tecnologias de acesso sem fio Wi-Fi WiMAX UMTS/ HSDPA Padrão IEEE 802.11 IEEE 802.16 IMTS 2000 Largura de canal Fixo de 20 Mbps Variável até 28 Mbps Variável até 20 Mbps Fixo de 5 MHz Banda 2,4-5,2 GHz 10-66 GHz 2-11 GHz 2 GHz Taxa de dados 300 Mbps 240 Mbps 70 Mbps 14 Mbps Alcance 100 m 15 km 7 km 50 km Multiplexação TDM TDM/FDM TDM/FDM FDM 4.1 A evolução do WiMAX O primeiro padrão WiMAX foi publicado em 1988, pelo grupo de trabalho do IEEE intitulado IEEE 802.16. Esse primeiro padrão empregava o método de transmissão chamado de line of sight (LOS), que necessita de uma visada direta entre o transmissor e os receptores. Esse padrão foi desenvolvido para ser utilizado em sistemas de banda larga sem fio, operando em uma transmissão ponto a ponto ou no modelo P2MP. A faixa de frequência designada para operação desse primeiro padrão IEEE 802.16 foi a faixa de 10 GHz a 66 GHz. O próximo padrão para o WiMAX foi o IEEE 802.16a, publicado pelo IEEE em janeiro de 2003. Um dos avanços implementados nesse padrão foi a inclusão do modelo de comunicação chamado de non-line of sight (Nlos). Nesse modelo, a comunicação entre o transmissor e os receptores não necessita de visada direta, o que permite o acesso de muitos mais receptores, aumentando a cobertura da rede em relação à quantidade de usuários, pois teremos uma quantidade muito maior de dispositivos terminais que poderão se conectar à rede, mesmo não havendo visada direta com o transmissor. 21 O padrão seguinte foi o IEEE 802.16-2004, que suportava as aplicações fixas, sendo chamado de WiMAX fixo ou IEEE 802.16d. Esse padrão empregava a multiplexação 256 orthogonal frequency division multiplexing (OFDM) e 2.048 OFDMA, na camada física, suportando o modo de comunicação Nlos. A sua taxa de transmissão de dados poderia variar de 1 Mbps a 75Mbps, utilizando apenas uma portadora. O padrão seguinte publicado para o WiMAX foi o IEEE 802.16e-2005, lançado em dezembro de 2005 e que também fornecia suporte para os serviços móveis, o que representava um grande avanço no atendimento aos usuários. Por isso, esse padrão também foi conhecido como mobile WiMAX, usando também a multiplexação scalable orthogonal frequency division multiple access (Sofdma) na camada física, com múltiplas portadoras. 4.2 A arquitetura do WiMAX Os dois componentes básicos da arquitetura do padrão WiMAX são a estação-base (BS) e a camada chamada de security sublayer (SS). Para garantir a interoperabilidade entre os equipamentos dos diversos desenvolvedores de tecnologia, foi criado o WiMAX forum do Network Working Group (NWG). A arquitetura do WiMAX é baseada no modelo de rede de serviços IP, suportando os terminais fixos e móveis. E a sua arquitetura de rede é dividida em três partes, que são a estação móvel (MS), a BS e a rede de serviços de acesso (ASN): • MS: é a estação portátil utilizada pelos assinantes para acessar as redes; • BS: fornece a interface da conexão sem fio, realizando o controle de tráfego; • ASN: consiste em uma ou várias BS e um gateways ASN (ASN-GW) e provê o suporte à mobilidade e a escalabilidade da rede. Figura 13 – A arquitetura do WiMAX 22 Fonte: Rohling, 2021. Temos ainda a chamada rede de serviços de conectividade (CSN), que inclui o provedor de serviços, chamado de network service provider (NSP), que irá fornecer a conectividade à rede IP, bem como a implementação de mecanismos de qualidade de serviço (QoS), de segurança e de roaming. 4.3 As camadas do WiMAX No modelo de sistema aberto de interconexão (OSI) de sete camadas, o WiMAX está posicionado nas camadas 1 e 2, que são a camada física e a camada de enlace de dados. Na camada física, o WiMAX pode operar com uma única portadora ou no modelo multiportadoras. A camada de enlace de dados segue o padrão ethernet, sendo dividida em duas subcamadas, que são a camada logical link control (LLC) e a camada medium access control (MAC). Porém, no caso do WiMAX temos ainda a divisão da subcamada MAC em três outras subcamadas, que são as camadas service specific convergence sublayer (SSCS), common part sublayer (CPS) e a camada security sublayer (SS). A camada física, também representada por physical layer (PHY), é responsável pela transmissão da sequência de bits, pelo controle de energia, pelo processo de modulação e demodulação dos sinais. Essa camada é que fornecerá a conexão entre os dispositivos de comunicação, ou seja, entre os dispositivos móveis, que são identificados como MS, e os da base BS. A camada física do WiMAX utiliza as técnicas de transmissão OFDM e OFDMA para o processo de multiplexação e o time division duplex (TDD) e o frequency division duplex (FDD) para a comunicação duplex. As principais características da camada física do WiMAX são: 23 • Multiplexação OFDMA escalável: o WiMAX utiliza o OFDMA como uma técnica de acesso múltiplo. No modo Nlos com múltiplos canais, o OFDM tem um desempenho superior devido à estrutura simples do seu transceptor, que utiliza o espectro de forma eficiente, em face da subcanalização de tempo e de frequência. • Operação duplex com o TDD: o WiMAX, no modo fixo, emprega o TDD para a operação duplex e, no modo móvel, utiliza o TDD/FDD. A operação com o TDD é mais eficiente do que com o FDD em serviços de internet móvel e também mais adequado a técnicas avançadas de utilização de antenas de comunicação. • Técnica avançada de antenas (multiple input multiple output – Mimo e beam forming – BF): o WiMAX utiliza técnica avançada de antena para melhorar a cobertura e o throughput, sendo que também usa o Mimo, tal como tecnologias mais atuais de redes Wi-Fi, e, portanto, os usuários têm uma taxa de dados mais alta do que a do sistema single input single output (Siso). A cobertura celular também é aprimorada com uso de BF. • Flexibilidade na reutilização das frequências: utilizando a subcanalização, uma codificação de baixa taxa de dados, com técnicas de aumento e de redução da potência de transmissão, o WiMAX permite também uma reutilização flexível das frequências de transmissão. A camada MAC irá fornecer a interface entre camada física e camada de transporte. Naquela camada temos o controle dos níveis de energia, que são classificados como normais, em repouso ou ociosos. E outras atribuições da camada MAC são o suporte ao serviço de entrega e uma gestão eficiente da mobilidade. Além disso, ela é dividida em três subcamadas, que são as camadas SSCS, CPS e SS, detalhadas a seguir: • Subcamada SSCS: é independente e garante a transmissão de dados de camadas superiores, juntamente com a QoS e a alocação de largura de banda. O IEEE 802.16 específica duas subcamadas que são subcamada de convergência para redes ATM e subcamada de convergência para redes de pacotes. • Subcamada CPS: é responsável pelo acesso múltiplo, juntamente com o acesso ao sistema, o gerenciamento de largura de banda e a QoS. No canal de downlink a SS recebe as mensagens e, no canal de uplink, define 24 as permissões de largura de banda não solicitadas, os procedimentos de polling e o processo de contenção. • Subcamada SS: é a subcamada responsável pela autenticação dos dados, pela troca segura de chaves, pela criptografia entre o assinante e a BS e pela integridade dosistema. As principais características da camada MAC do WiMAX, que lhe proporcionam alta eficiência e flexibilidade, são: • Transmissão de dados baseada em conexão, com mecanismo de classificação e de QoS por conexão. Dessa forma, a tecnologia WiMAX permite definir os parâmetros de QoS a serem aplicados a cada tipo de transmissão, de acordo com a sua classificação, tal como a diferenciação básica entre dados, voz e vídeo. • Transmissão programada e mecanismo flexível de alocação de largura de banda: a camada MAC fornece o mecanismo que propicia flexibilizar a largura de banda, com base nas solicitações de largura de banda enviadas pelos terminais. Assim, caso um terminal tenha uma demanda maior de dados a serem transmitidos, poderá fazer a solicitação, à BS, de uma maior largura de banda. • Economia de energia com a operação no modo de repouso/ocioso: para reduzir o consumo de energia, a camada MAC vai para o modo de repouso, podendo também comutar para o modo ocioso, quando não há tráfego a ser transmitido, isso permitindo reduzir-se o consumo de energia da MS. • Serviço de multicast e de broadcast: o WiMAX poderá receber os serviços de multicast e de broadcast mesmo quando estiver no modo ocioso. E, para a implementação da segurança, o padrão WiMAX utiliza o protocolo extensor authentication protocol (EAP), que garante a segurança da transmissão de dados entre os MS e a BS apenas para os terminais autorizados. 4.4 Vantagens do WiMAX O WiMAX oferece alguns recursos importantes em termos de serviços, em comparação com outros serviços de banda larga, principalmente com o ADSL. Alguns recursos oferecidos pelo WiMAX são: 25 • Alta taxa de dados: o WiMAX fornece uma taxa de dados extremamente alta, de até 75 Mbps ao operar com largura de banda de 20 MHz, muito maior que os 20 Mbps do ADSL. • Camada física baseada em OFDM: com a utilização do OFDM na camada física, o WiMAX tem uma maior imunidade à interferência dos sinais externos. • Escalabilidade: o OFDM utiliza o método baseado em fast fourier transform (FFT), que permite a escalabilidade da largura de banda e da taxa de dados. • Modulação adaptativa e codificação (AMC): maximiza o throughput com a variação do canal, além de suportar várias técnicas de modulação e de correção de erros como o forward error correction (FEC). • OFDMA: com a utilização da multiplexação OFDMA, que emprega a técnica de acesso múltiplo, teremos uma melhora significativa da capacidade do sistema de transmissão. • QoS: a camada MAC do WiMAX foi projetada para suportar os parâmetros de QoS, permitindo-se garantir a qualidade dos serviços ofertados pela operadora. TEMA 5 – A COMUNICAÇÃO SATELITAL Outro sistema de comunicação empregado em rede sem fio são as tecnologias satelitais, que possibilitam implementar as redes de alcance global, também chamadas de wireless WAN (WWAN). Há diversas tecnologias e aplicações em redes WWAN via satélite, de acordo com a cobertura necessária e a demanda de serviços. Uma das maiores limitações das comunicações via satélite é o tempo de propagação do sinal, o que limita a utilização dessa tecnologia para as aplicações chamadas de tempo real, principalmente nas redes de voz. Por outro lado, em sistemas de comunicação que empregam a transmissão em broadcast, essa certamente é a tecnologia mais eficiente, pois pode atingir uma cobertura continental, sendo que outros sistemas, tais como o WiMAX visto anteriormente, terão uma cobertura metropolitana, no máximo. Assim, uma das aplicações que empregavam os sistemas satelitais desde o início foi a transmissão de sinais de televisão, que utiliza o broadcast como método de transmissão. 26 A comunicação via satélite possui dois componentes principais que são o elemento terrestre, que pode ser do tipo fixo ou móvel, que fará a transmissão e a recepção das informações; e o elemento espacial, que é principal componente do sistema, que é o próprio satélite. Um link típico de comunicação via satélite envolve a transmissão de um sinal de uma estação terrestre, também chamado de uplink, até um satélite. O satélite então receberá o sinal e o amplificará, fazendo a transmissão novamente em direção à Terra, onde o sinal será recebido e amplificado pelas estações e terminais terrestres. Figura 14 – A comunicação via satélite Fonte: Rohling, 2021. Os receptores de satélite no solo podem incluir os equipamentos de satélite para recepção residencial, chamados direct to home (DTH), os equipamentos de recepção móvel em aeronaves, os telefones via satélite e os dispositivos portáteis. 5.1 A evolução da tecnologia de satélites O primeiro satélite artificial foi lançado pela União Soviética, em 1957, e era chamado Sputnik 1. Ele tinha apenas 58 cm de diâmetro, com 4 antenas, e levava 96 minutos para completar uma volta completa na órbita terrestre. Ele ficou em operação por apenas 22 dias, até que sua bateria se esgotasse, contabilizando apenas 3 meses em órbita. Atualmente, com o desenvolvimento 27 da tecnologia de energia solar, os satélites têm como fonte de energia permanente os seus próprios painéis solares. Em 1958 foi lançado o primeiro satélite a transmitir sinais de voz, pelo Project Signal Communication by Orbiting Relay Equipment (Score) do governo dos EUA. Nas décadas de 1950 e 1960 foram desenvolvidas as tecnologias que tornaram os satélites de comunicação comercial possíveis, quando foram determinados os requisitos necessários de energia para transmitir sinais para os satélites, em várias órbitas da Terra. Com a criação da National Aeronautics and Space Administration (Nasa), em 1958, vários projetos de satélites foram então desenvolvidos, levando a uma evolução contínua dessas tecnologias, passando-se inclusive de sistemas de comunicação passiva para sistemas ativos. O primeiro satélite de comunicações ativo capaz de implementar comunicações bidirecionais foi o Telstar 1, desenvolvido pela Bell Labs, lançado em órbita baixa da Terra em 1962, sendo o primeiro satélite a transmitir imagens de televisão ao vivo entre a Europa e a América do Norte. O Telstar 1 também transmitiu a primeira comunicação telefônica via satélite, entre o presidente da AT&T, então em Andover, Maine, e o presidente dos EUA Lyndon Johnson, que estava em Washington. O primeiro satélite em órbita geossíncrona, que é uma órbita que tem um período de 24 horas, mas está inclinado para o equador, foi lançado em 1963 pela Hughes Aircraft e foi o Syncom 2. Em seguida foi lançado o Syncom 3, que foi o primeiro satélite em órbita geoestacionária, lançado em 1964 e que transmitiu os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, para os Estados Unidos, sendo aquele o primeiro grande evento esportivo transmitido via satélite. O desenvolvimento da indústria de comunicações via satélite nos Estados Unidos se iniciou com a aprovação da Lei de Satélites de Comunicações, em 1962, que autorizou a formação da Communications Satellite Corporation (Comsat), que era uma empresa privada que representaria os Estados Unidos em um consórcio internacional de comunicações via satélite, chamado de Intelsat. O consórcio internacional Intelsat foi formado em 1964, com 11 signatários, que eram Áustria, Canadá, Japão, Holanda, Noruega, Espanha, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos, Vaticano e Alemanha Ocidental. Assim, em 6 de abril de 1965 foi lançado o primeiro satélite Intelsat, o Early Bird, também chamado Intelsat 1, projetado e construído na Hughes Aircraft Company. Esse foi então o primeiro satélite comercial operacional, que fornecia serviços 28 regulares de telecomunicações e de radiodifusão entre a América do Norte e a Europa. Posteriormente foram lançados os satélites Intelsat 2B e 2D, em 1967, cobrindo a região do Oceano Pacífico, e o Intelsat 3 F-3, lançado em 1969, cobrindo a região do OceanoÍndico. Assim, os satélites da Intelsat em órbita geoestacionária forneceram uma cobertura quase global. Dessa forma, 19 dias depois que o Intelsat 3 F-3 foi colocado sobre o Oceano Índico, ocorreu o pouso na Lua, que foi transmitido ao vivo, através dessa rede global de satélites Intelsat, para mais de 600 milhões de telespectadores. Figura 15 – O satélite Intelsat VI Crédito: Everett Collection/Shutterstock. Também a União Soviética desenvolveu sua tecnologia de satélites, com a série Molniya, satélites que foram lançados em uma órbita altamente elíptica para permitir que eles chegassem às regiões mais ao norte do país. O primeiro satélite dessa série, o Molniya 1, foi lançado em 1965, sendo que, em 1967, seis satélites Molniya já forneciam cobertura para toda a União Soviética e, ainda em 1967, o desfile anual na Praça Vermelha foi transmitido para todo o país através da rede de satélites. Além da União Soviética e dos Estados Unidos, outros países também passaram a construir e operar seus próprios sistemas nacionais de satélite, tais como o Canadá, que lançou o seu próprio satélite de 29 comunicações em 1972, o Anik 1. Assim, a partir dessa época, muitos outros países seguiram o exemplo do Canadá e também lançaram seus próprios satélites. 5.2 A estrutura do satélite Um satélite é basicamente um sistema de comunicações totalmente autônomo, com a capacidade de receber os sinais da Terra e retransmitir esses sinais de volta, com a utilização de um transponder, que consiste em um receptor e em um transmissor de sinais de rádio integrados. Um satélite tem que suportar a aceleração durante o processo de lançamento e o ambiente espacial hostil, onde pode estar sujeito à radiação e temperaturas extremas. Além disso, tem uma vida operacional projetada para durar até 20 anos, devendo ainda ser leve, construído de materiais duráveis, já que o custo de lançamento de um satélite é bastante caro. Os satélites devem também operar com uma confiabilidade muito alta, maior do que 99,9%, permanecendo no vácuo do espaço e sem a perspectiva de um processo de manutenção ou de reparo. Os principais componentes de um satélite são o sistema de comunicação, que inclui as antenas e os transponders que recebem e retransmitem sinais; o sistema de energia, que inclui os painéis solares que lhe fornecem energia; e o sistema de propulsão, que inclui os foguetes que impulsionam o satélite. Um satélite precisa de seu próprio sistema de propulsão para chegar à posição no espaço onde ficará em órbita, fazendo as correções ocasionais necessárias para manter a sua posição correta, pois um satélite em órbita geoestacionária pode desviar-se até 1 grau a cada ano. Essa manutenção da posição orbital de um satélite é chamada de manutenção da estação, e as correções feitas usando os propulsores do satélite são chamadas de controle de atitude. A vida útil de um satélite é determinada pela quantidade de combustível que ele possui para alimentar seus propulsores, sendo que, quando esse combustível acaba, o satélite pode se deslocar para o espaço e ficar fora de operação, tornando-se um detrito espacial. Já um satélite que fica em órbita tem que operar continuamente, durante toda a sua vida útil, necessitando de uma fonte de energia para poder operar seus sistemas eletrônicos e para a transmissão dos sinais de comunicação. A principal fonte de energia é a luz solar, captada pelos painéis solares do satélite e armazenada nas baterias embarcadas para fornecer energia ao sistema quando a luz solar é bloqueada pela Terra. 30 Há também o sistema de rastreamento, telemetria e controle (TT&C), que estabelece uma comunicação bidirecional entre o satélite e a central de controle, o que permite que uma estação terrestre rastreie a posição de um satélite e faça o controle da sua propulsão, o controle térmico e de outros sistemas do satélite, monitorando sua temperatura, tensões elétricas e outros parâmetros importantes. 5.3 A operação dos satélites Quanto ao posicionamento em relação à sua distância da superfície terrestre, os satélites operam em três órbitas diferentes, que são a órbita baixa da Terra (LEO), a órbita média da Terra (MEO) e a órbita geoestacionária ou geossíncrona da Terra (GEO). Os satélites de LEO estão posicionados a uma altitude entre 160 km a 1.600 km; os satélites de MEO operam de 10.000 km a 20.000 km; e os satélites GEO estão posicionados a 35.786 km acima da Terra, onde completam uma órbita em 24 horas e, portanto, permanecem fixos sobre um ponto. Com a cobertura obtida por cada tipo de posicionamento, bastam três satélites GEO para fornecer uma cobertura global, enquanto são necessários 20 ou mais satélites LEO ou 10 ou mais satélites MEO para cobrir toda a Terra. Além disso, a comunicação com satélites em LEO e MEO requer o rastreamento de antenas no solo, para garantir uma conexão perfeita com os satélites. O sinal que é encaminhado através de um satélite GEO leva aproximadamente 0,22 segundos para ser transmitido da superfície terrestre até o satélite e retornar, mesmo viajando à velocidade da luz. Dessa forma, este atraso representa um problema para aplicações tais como serviços de voz e de telefonia móvel. Portanto, a maioria dos serviços móveis e de voz geralmente utilizam os satélites LEO ou MEO para evitar os atrasos de sinal resultantes da latência inerente aos satélites GEO. Assim, os satélites GEO são geralmente usados para transmissão e aplicações de dados, devido à maior área da superfície terrestre que eles podem cobrir e porque nesse caso a latência não causa maiores problemas. Os sistemas de comunicações via satélite utilizam a faixa de frequência de 1 GHz a 50 GHz para transmitir e receber sinais. As faixas de frequência, ou bandas, são identificadas por letras, que são as bandas L, S, C, X, Ku, Ka e V, da menor para a maior frequência. Os sinais na faixa inferior, que são as bandas L, S e C, são transmitidos com menores níveis de potência e necessitam de 31 antenas maiores. Para os sinais transmitidos nas bandas superiores, que são as bandas X, Ku, Ka e V, são necessários menores níveis de potência, sendo utilizadas antenas menores, com até 45 cm de diâmetro, para a recepção dos sinais. Dessa forma, o espectro de banda Ku e de banda Ka são ideais para a transmissão direta para os assinantes, que é o sistema DTH, permitindo a comunicação de dados de banda larga e as aplicações de telefonia e de dados móveis. A União Internacional de Telecomunicações (ITU) regulamenta as comunicações via satélite, recebendo as solicitações para o uso dos espaços de frequência dos sistemas satelitais e emitindo as devidas autorizações de uso das frequências disponíveis, de acordo com a região de cobertura. A cada dois ou quatro anos o ITU organiza a Conferência Mundial de Radiocomunicação, que é responsável por atribuir as frequências disponíveis às diversas aplicações, nas várias regiões do mundo. Além do ITU, a agência reguladora de telecomunicações de cada país também será responsável pela fiscalização e garantia da aplicação das regulamentações do ITU e conceder as licenças aos usuários das várias frequências. No Brasil, o órgão regulador que define a alocação e licenciamento de frequências é a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 5.4 Os serviços via satélite O avanço da tecnologia de comunicação via satélite permitiu o fornecimento de vários serviços para as emissoras de TV, provedores de serviços de internet (ISP), governos e outros setores. Existem basicamente três tipos de serviços de comunicação que são providos por meio dos satélites: os serviços de telecomunicações, os serviços de broadcast e a comunicação de dados. Nos serviços de telecomunicações temos as comunicações telefônicas e os serviços prestados para as empresas de telefonia, bem como para os provedoresde redes sem fio, móveis e celulares. Os serviços de broadcast, também chamados de serviços de radiodifusão, incluem a transmissão de sinais de rádio e de televisão entregues diretamente aos assinantes e dispositivos móveis. Os serviços de televisão por satélite, do tipo DTH, são recebidos diretamente pelos assinantes, sendo que a programação das redes de TV a cabo é entregue às estações locais e afiliadas, em grande parte, via satélite. Os satélites também desempenham um papel 32 importante na entrega de programação para celulares e outros dispositivos móveis, como assistentes digitais pessoais e laptops. O outro tipo de serviço que pode ser atendido via satélite são as comunicações de dados, que envolvem a transferência de dados de um ponto para outro, demandadas pelas corporações e organizações que necessitam que os seus dados corporativos sejam trocados entre suas várias localidades. Esse serviço de comunicação de dados através da rede de satélites utiliza os terminais chamados de very small-aperture terminal (Vsat). E, com o crescimento da internet, uma quantidade significativa de tráfego de internet é transmitido através das redes satelitais e, assim, os ISP são dos maiores clientes dos serviços via satélite. A tecnologia de comunicações via satélite também é frequentemente usada durante desastres naturais e emergências, quando os serviços de comunicação terrestre ficam indisponíveis. Assim, os equipamentos de satélite móveis podem ser implantados em áreas de desastres, fornecendo os serviços de comunicação de emergência. Uma grande desvantagem técnica dos satélites, particularmente daqueles em GEO, é um atraso inerente na transmissão. Embora existam maneiras de compensar esse atraso, isso torna algumas aplicações que exigem transmissão em tempo real, como as comunicações de voz, não ideais para a rede satelital. FINALIZANDO O desenvolvimento dos padrões de comunicação óptica, durante muitos anos, visando atender a demanda das redes de backbone das operadoras, certamente contribuiu para o rápido avanço das PON. Além disso, os profissionais das áreas de engenharia das operadoras também já acompanhavam a implementação das redes ópticas, tanto no backbone quanto na rede de acesso, para os grandes clientes. Assim, as operadoras já contavam com uma equipe técnica que dominava as técnicas de instalação, operação e manutenção de uma infraestrutura de redes ópticas, não tendo nenhuma dificuldade adicional na implementação e operação das PON. A tecnologia PON também levou a um aumento da concorrência de mercado, permitindo que provedores de serviços de acesso à internet construíssem suas próprias redes de acesso, principalmente nas regiões onde não havia interesse, por parte das grandes operadoras, de fazê-lo, pois 33 normalmente estavam focadas em atender locais onde já possuíssem uma grande base de assinantes e onde concentravam o seu investimento em redes ópticas. Assim, a tecnologia PON permitiu que muitas cidades menores, em regiões mais distantes das grandes cidades, também tivessem acesso ao serviço de banda larga, com taxas na ordem de 100 Mbps, sendo que anteriormente conseguiam no máximo um acesso ADSL na ordem de poucos megabits por segundo. Outro conceito amplamente difundido na área de telecomunicações é o de redes convergentes, que já tinha sido implementado na camada de rede, com a convergência dos serviços para o protocolo IP, tal como com o VoIP, porém, ainda apresentava algumas limitações em relação às redes de acesso. Dessa forma, a tecnologia ADSL conseguiu entregar os serviços de dados de banda larga com a mesma infraestrutura que era utilizada para o serviço de voz, porém apresentando uma limitação em relação ao serviço de TV por assinatura. Para o serviço de TV em redes ADSL, é necessária a utilização do mecanismo de multicast IP, além da demanda por uma alta largura de banda, o que torna o processo de gerenciamento da rede muito mais complexo, além de gerar uma maior demanda de largura de banda tanto da rede de acesos quanto da rede da operadora, na interconexão dos Dslam com o ponto central de distribuição dos sinais de TV. Já a rede de cabo coaxial, que foi construída para atender os serviços de TV por assinatura, também passou a oferecer o serviço de voz e de banda larga. Porém, essa tecnologia também apresenta algumas limitações em relação ao serviço de dados, pela sua característica de sua transmissão intrínseca utilizar o mecanismo de broadcast. Portanto, com a utilização da tecnologia Gpon, é possível a utilização da rede de acesso efetivamente como uma rede convergente, permitindo-se fornecer o serviço de dados, na ordem de 100 Mbps, o serviço de voz, com o padrão VoIP que já é utilizado na rede das operadoras de telecomunicações, e o serviço de TV por assinatura, com a multiplexação WDM, usando-se um comprimento de onda para a transmissão dos sinais de vídeo. Além disso, temos ONU disponíveis no mercado para as mais diversas necessidades dos assinantes, permitindo a entrega de todos os serviços, além dos recursos para o tráfego de dados, tais como roteamento, conectividade da rede local com portas ethernet e Wi-Fi, e também de segurança, com funções básicas de firewall. 34 E, para as regiões remotas onde são necessários os serviços de telecomunicações, temos também as tecnologias satelitais, principalmente das redes de dados. Dessa forma, temos os serviços de banda larga que são fornecidos nos grandes centros, com redes de cabos coaxiais, ADSL e Gpon, também disponibilizados para as regiões remotas, com as tecnologias via satélite. As tecnologias satelitais também são utilizadas para os serviços de broadcast de TV por assinatura, pois permitem uma cobertura muito maior do que a das tecnologias com cabos metálicos ou ópticos. E também temos a demanda por serviço de dados via satélite para sistemas que exigem uma alta disponibilidade de conexão, em detrimento da largura de banda ou até mesmo como uma solução de contingência. Assim, muitas redes corporativas que dependem da conectividade da rede de dados para operações de missão crítica empregam mais de uma tecnologia de acesso, sendo uma delas uma conexão via satélite, para usufruir da alta disponibilidade desse tipo de rede. Portanto, a escolha da melhor tecnologia para a conectividade das redes corporativas deve sempre levar em conta a disponibilidade, o desempenho e o custo dos diversos serviços. Também deve ser verificado o nível de serviço de cada tipo de serviço contratado, o que é chamado de service level agrément (SLA). Assim, uma conexão à internet, mesmo utilizando uma rede da acesso ADSL, poderá apresentar um SLA bastante diferente, com custos mensais também muito diferentes, que podem chegar à ordem de dez vezes mais, para uma mesma largura de banda, em função da disponibilidade anual garantida e do tempo máximo de reparo em caso de falha. Por exemplo, serviços com um maior SLA, para o mercado corporativo, estabelecem tempos de reparo da rede em até 4 horas, e serviços no padrão residencial estabelecem tempos de reparo de até 48 horas. Assim, como uma empresa atualmente não pode ficar sem conectividade por dois dias, pois isso causaria um impacto significativo na sua operação, é necessário avaliar o serviço mais adequado à conexão que se deseja, incluindo as alternativas de redundância, para se garantir a disponibilidade da conexão de dados, em caso de falha de uma das conexões. Portanto, a definição de uma melhor tecnologia de conexão deverá considerar os riscos de uma falha de um dos serviços e o impacto dessas falhas para refletir- se sobre a relação custo-benefício das diversas opções de mercado, identificando-se então a solução ideal e financeiramente viável em cada caso. Conversa inicial FINALIZANDO
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