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Crime impossivel

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AO EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUIS – MA 
Processo N° **** 
ADERBAL, já devidamente qualificado, vem, por intermédio de seu advogado infra-assinado, com fulcro nos artigos 396 e 396-A, ambos presentes no código de processo penal brasileiro, vem promover: 
RESPOSTA ESCRITA A ACUSAÇÃO 
Pelas razões de fato e fundamentos elencados a seguir 
1. DOS FATOS 
Em um famoso hospital do centro de São Luís, Maranhão, Aderbal, um enfermeiro com mais de 10 anos de experiência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é confrontado com uma reviravolta inesperada em sua vida profissional e pessoal. Edith, uma renomada atriz jovem e bela, é trazida para a UTI em estado crítico após um grave acidente de trânsito.
O que torna essa situação ainda mais complexa é o fato de Aderbal nutrir uma paixão platônica por Edith há muito tempo. Uma noite, enquanto o hospital estava relativamente tranquilo, Aderbal toma uma decisão chocante. Ele entra no quarto onde Edith está internada, com intenções libidinosas e conscientes, praticando atos indevidos e conjunção carnal com o corpo aparentemente imóvel de Edith, que estava em coma.
No entanto, o destino prega uma peça cruel. Um colega enfermeiro entra no quarto, testemunha a cena perturbadora e imediatamente chama os seguranças do hospital. Aderbal é detido inicialmente pela segurança privada do hospital e posteriormente pela polícia.
O delegado encarregado do caso inicia as medidas legais apropriadas e abre um inquérito policial para investigar a situação. Aderbal é liberado para responder em liberdade devido às suas circunstâncias pessoais e às peculiaridades do caso.
À medida que as investigações avançam, os peritos realizam uma análise detalhada do corpo de Edith. A descoberta é chocante: o sêmen de Aderbal é encontrado no corpo da vítima. No entanto, uma revelação ainda mais surpreendente emerge durante a perícia - Edith já estava morta cerca de duas horas antes dos atos praticados por Aderbal.
Diante dessas evidências, o promotor de justiça denuncia Aderbal pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A § 1º do Código Penal) perante a Décima Terceira Vara Criminal da comarca da Capital.
Aderbal, agora enfrentando graves acusações, toma a decisão de contratar um advogado. Ele alega que dois médicos, Carlos e Newton, bem como a enfermeira Andréia, podem testemunhar em sua defesa, pois estavam presentes no hospital e o conhecem desde o início de sua carreira na instituição.
2. DO MERITO 
a) Do crime impossível. 
Diante dos fatos apresentados, Aderbal é acusado de estupro de vulnerável, tratado no art. 217-A § 1º do Código Penal Brasileiro.
Art. 217-A do código penal – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 
§1° Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ator, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
Desta forma, como habilmente elencado pelo legislador no parágrafo elencado do dispositivo presente no código penal brasileiro, o crime configura-se quando a vítima se encontra em estado que a torna incapaz de oferecer resistência, porém a mesma ainda estaria viva. Entretanto, como exposto nos fatos acima tratados, a vítima, conforme com a perícia, já estava morta quando ocorreram os atos indevidos. 
Diante disso, não há quaisquer sombras de dúvidas que estamos diante da previsão do artigo 17 do código penal, que configura a situação em que ocorre crime impossível, sendo tutelado da seguinte forma. 
Art. 17 – Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
Resumindo o dispositivo elenca os casos quando o agente pratica atos que, por si só, não são capazes de produzir o resultado pretendido, ou seja, é impossível a consumação do delito. No caso em questão, o elemento essencial do tipo penal de estupro de vulnerável é a conjunção carnal ou a prática de ato libidinoso com a vítima em estado de vulnerabilidade, no caso, em estado de coma.
A jurisprudência brasileira tem entendido que, para configurar o crime de estupro de vulnerável, é indispensável que a vítima esteja em estado de inconsciência ou impossibilitada de oferecer resistência, o que não seria o caso de Edith, pois, segundo a perícia, ela já estava morta quando Aderbal praticou os atos.
Ademais, a perícia técnica revelou que Edith já estava morta cerca de duas horas antes dos atos praticados por Aderbal. Dessa forma, é inquestionável que, no momento da conduta de Aderbal, não havia a possibilidade de consumação do crime de estupro de vulnerável, já que a vítima não estava em estado de vulnerabilidade, sendo impossível o resultado pretendido.
b) Desclassificação do crime 
Diante do cenário apresentado, em que Aderbal é acusado inicialmente pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A § 1º do Código Penal Brasileiro), a análise cuidadosa dos elementos fáticos e legais sugere a possibilidade de desclassificação do crime para uma conduta de menor potencial ofensivo.
A desclassificação de um crime ocorre quando a conduta inicialmente descrita na denúncia não se amolda integralmente ao tipo penal imputado ao réu. No caso de Aderbal, a perícia técnica revelou que Edith já estava morta cerca de duas horas antes dos atos praticados por ele. Portanto, a ausência do elemento essencial do tipo penal, ou seja, a condição de vulnerabilidade da vítima no momento da conduta, sugere a desclassificação do crime de estupro de vulnerável para uma infração penal de menor potencial ofensivo, como vilipêndio a cadáver (art. 212 do Código Penal Brasileiro) ou outro delito que se enquadre na situação concreta.
A desclassificação é respaldada pelo princípio da legalidade, que exige a estrita observância dos elementos descritos na lei para a configuração do delito. No caso em questão, a impossibilidade de consumação do estupro de vulnerável em razão da morte prévia da vítima afasta a subsunção da conduta de Aderbal ao tipo penal em questão.
Além disso, é crucial considerar a proporcionalidade da pena em relação à gravidade da conduta. A desclassificação para um crime de menor potencial ofensivo é fundamental para assegurar que a pena aplicada seja proporcional à conduta efetivamente praticada por Aderbal. Isso está em conformidade com os princípios constitucionais da proporcionalidade e da individualização da pena.
Portanto, diante das evidências apresentadas e em consonância com o princípio da legalidade, é justificável pleitear a desclassificação do crime imputado a Aderbal para uma infração penal de menor potencial ofensivo. Tal medida garante não apenas a adequação da punição à gravidade da conduta, mas também preserva os direitos e garantias fundamentais do acusado, conforme estabelecidos pela Constituição Federal e pelo ordenamento jurídico brasileiro. Recomenda-se que a defesa de Aderbal apresente esses argumentos perante o juízo competente, solicitando a desclassificação do crime e a aplicação de uma pena proporcional e justa ao caso concreto.
3. DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer de Vossa Excelência os seguintes pedidos: 
a) Requer o recebimento da presente defesa preliminar como resposta à inicial acusatória. Reitera-se o pedido de análise detida das teses aqui apresentadas, pautadas na legalidade e nos princípios fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro.
b) Preliminarmente, requer a absolvição sumária de Aderbal, com fulcro no art. 397 do Código de Processo Penal, diante da atipicidade da conduta imputada, conforme fundamentação apresentada no parecer jurídico. Caso não seja acolhida a absolvição sumária, requer a desclassificação da imputação para o crime de vilipêndio a cadáver (art. 212 do Código Penal) em virtude da impossibilidade de consumação do estupro de vulnerável, conforme análise técnica realizada nos autos. Reitera-se o pedido de reconhecimentoda atipicidade da conduta, bem como a aplicação de pena proporcional e justa, respeitando os princípios constitucionais e legais que regem o sistema penal brasileiro.
c) Requer a intimação das testemunhas arroladas, a saber, os médicos Carlos e Newton, bem como a enfermeira Andréia, para comparecerem a este juízo a fim de testemunharem em defesa de Aderbal. Os mencionados profissionais estavam presentes no hospital no momento dos fatos e podem corroborar com a idoneidade e o caráter do acusado, bem como com a situação de Edith quando Aderbal foi surpreendido no quarto. Suas declarações são essenciais para esclarecer os eventos que cercam este caso e para assegurar a justa solução do processo.
Nestes termos, pede-se e aguarda deferimento.
Local e data 
ADVOGADO
OAB

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